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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 16 de maio, 2020
ALEXANDRA DIOGO:
“NÓS É QUE MUDAMOS AS COISAS, NÃO SÃO ELES”. «CENAS NA RUA» | «À BORDA D’ÁGUA O QUE VÊS?» 1 ALGARVE INFORMATIVO #248 «SAGRAÇÃO DA RIA» | «SAIA DE RODA» | «LIBERDADES»
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60 - «À Borda d’Água o que vês?»
38 - «Cenas na Rua» ALGARVE INFORMATIVO #248
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OPINIÃO 114 - Paulo Cunha 116 - Adília César 118 - Ana Isabel Soares 120 - Fábio Jesuíno 122 - Vera Casaca 124 - Júlio Ferreira 128 - Augusto Pessoa Lima
102 - «Liberdades»
76 - «Sagração da Ria»
14 - UAlg promove Dieta Mediterrânica
90 - «Saia de Roda» 9
28 - Folha de Medronho ALGARVE INFORMATIVO #248
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UNIVERSIDADE DO ALGARVE INTEGRA PROJETO PARA APROXIMAR O MEDITERRÂNEO DO PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #248
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Universidade do Algarve faz parte da candidatura «iHERITAGE ICT Mediterranean platform for UNESCO cultural heritage», na área da inovação e transferência de conhecimento, que tem por objetivo desenvolver tecnologias de realidade aumentada, realidade virtual e aplicações móveis que possibilitem a melhoria da experiência de visita ao patrimonial cultural reconhecido pela UNESCO. O projeto é encabeçado pela Regione Siciliana – Assessorato del Turismo, dello Sport e dello Spettacolo, sendo que as ações a levar a cabo pela Academia algarvia terão como elemento patrimonial a Dieta Mediterrânica, numa equipa que integra investigadores de três dos seus centros de investigação: ALGARVE INFORMATIVO #248
Alexandra Rodrigues Gonçalves, docente da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) e investigadora do Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-Estar (CinTurs); Mauro Figueiredo, docente do Instituto Superior de Engenharia (ISE) e investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA); Mirian Tavares, docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) e investigadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC); e Bruno Silva, docente da Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC) e também investigador do CIAC. Em conversa com o Algarve Informativo, a líder de equipa, Alexandra Rodrigues Gonçalves, confirma o papel preponderante que a 16
Universidade do Algarve irá ter numa das dimensões desta candidatura que pretende, “criar propostas que
possam tornar o Mediterrâneo num espaço onde seja mais sustentável viver”. “Não só que as comunidades possam conhecer e preservar melhor os seus recursos, mas também que quem nos visita tenha práticas que promovam esse respeito pelo ambiente e pelos recursos culturais e patrimoniais, usufruindo deles de uma forma que nos permita legá-los às gerações futuras”, explica a docente. É esse desenvolvimento sustentado do turismo, associado ao património, que está na base da candidatura do i-Heritage
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ao programa ENI CBC MEDITERRANEAN SEA BASIN PROGRAMME 2014-2020, que tem financiamento europeu aprovado de 3 milhões, 486 mil e 858,35 euros. A outra componente associada ao projeto passa pelo desenvolvimento tecnológico de soluções que vão ao encontro das novas tendências de consumo. “É uma relação entre
ambiente e património cultural e novas tecnologias, com vista a um turismo mais sustentado para o futuro. Temos hoje bem presentes as dificuldades criadas pelo facto de não podermos viajar, das fronteiras estarem fechadas, e esta será uma forma nova de se conhecer o nosso património, embora nunca possa
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Alexandra Rodrigues Gonçalves
substituir a visita presencial”, refere a entrevistada. Proteger o património da humanidade é outro dos pilares da candidatura, isto é, património dos países da Bacia do Mediterrâneo que têm valor mundial, “que ultrapassa as suas fronteiras”, salienta Alexandra Rodrigues Gonçalves, acrescentando que, por agora, no Algarve, apenas a Dieta Mediterrânica vai de encontro a esse predicado. “Nesse
sentido, vamos desenvolver um itinerário virtual, uma visita online da Dieta. Existe a candidatura dos Lugares da Globalização, que envolve alguns elementos físicos, mas, para já, apenas temos classificado na UNESCO este Património Imaterial da ALGARVE INFORMATIVO #248
Humanidade. E temos um parceiro empresarial associado, porque outro objetivo da candidatura é gerar patentes, fomentar-se comércio em torno deste património, por via da tecnologia”. Desenvolvimento sustentável não é um termo recente, apostar no património cultural também não é nenhuma novidade, porém, esta candidatura a fundos europeus pisca, e muito, os olhos a uma nova geração que lida naturalmente com tecnologias de ponta no seu dia-a-dia. “Aqui com
a particularidade de estarmos a lidar com um património cultural imaterial, o que implicará um esforço adicional da nossa parte 18
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de conseguir promover uma visita que combine elementos físicos com elementos imateriais da nossa cultura. Pormenores que, nós próprios, por vezes nem nos apercebemos deles, por fazerem parte do nosso ADN, do nosso estilo de vida. A ideia é criar uma proposta virtual sedutora que incite a um estilo de vida mais sustentável e preservador dos recursos associados ao Mediterrâneo, indo muito ao encontro dos grandes objetivos da sustentabilidade defendidos pelas Nações Unidas”,
do género no mercado, visitas online, experiências virtuais, portanto, como é que este projeto poderá ser diferenciador dos restantes, questionamos. “Essa diferenciação
vai ter que ser cimentada ao longo do processo, ainda estamos na fase inicial da candidatura. Quando se avançar para o estudo do suporte tecnológico, para o desenvolvimento dos conteúdos e para os mecanismos de comunicação, certamente que haverá engenho para se criar algo distinto”, acredita a docente da
frisa Alexandra Rodrigues Gonçalves.
Universidade do Algarve, lembrando que, na sua equipa, criatividade e conhecimento técnico não faltam. “É
Diga-se, em abono da verdade, que já existem alguns programas ou produtos
um grupo multidisciplinar que terá toda a capacidade para
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mostrar a diferença daquilo que é o nosso Algarve, por um lado, mas do próprio Mediterrâneo. Temos uma forma de estar e de viver que, por vezes, fica um pouco esbatida na promoção turística, portanto, há que reforçar e transmitir esses traços do nosso ADN. A verdade é que, onde os outros países estão, se calhar nós já devíamos estar também, e é esse esforço que vamos começar agora a fazer. A ambição é sempre muito grande, vamos ver se conseguimos alcançar
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os objetivos propostos, num projeto que envolve também a Itália, Jordânia, Líbano, Egito e Espanha”, declara a líder de equipa.
ALGARVE PRECISA TORNAR-SE NUMA «SMART DESTINATION» O projeto é ambicioso e, para a componente a cargo da Universidade do Algarve, existe um financiamento de 180 mil euros, num bolo total que ronda os 3,5 milhões de euros. Portanto, muito do que será feito é da
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responsabilidade dos outros parceiros envolvimentos e essa interligação, o trabalho em conjunto, tem agora um adversário de peso, o distanciamento ditado pelo covid-19. “Já trabalhamos
em rede com estes países no âmbito de outros projetos, como são o caso da Rota Omíada e do «Best Med», e cada parceiro vai desenvolver uma componente que diz respeito a algum património mundial, pelo que vamos chegar a propostas de visita em realidade aumentada diferentes daquelas que estão hoje a circular no mercado e que se baseiam bastante em museus ou monumentos específicos”, antevê Alexandra Rodrigues Gonçalves.
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A congregação dos diversos contributos não deverá ser, depois, demasiado complicada, porque, conforme referido pela docente e Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve, os envolvidos já se conhecem de outros projetos e cada parceiro vai focar-se em componentes diferentes.
“É um mundo novo por explorar e o certo é que, devido ao isolamento imposto pela pandemia, em poucas semanas todos nos transformámos em consumidores digitais. Há muita força nesta candidatura para se produzirem coisas diferentes, aplicações moveis, realidades 22
virtual e aumentada em torno do património cultural. Quem não se adapta, fica para trás, e a Universidade do Algarve tem demonstrado que está na liderança destas novas tendências”, destaca a entrevistada. Entretanto, no que toca à tecnologia de ponta, Alexandra Rodrigues Gonçalves assegura que Portugal e o Algarve não ficam atrás dos restantes países envolvidos. “Nunca as questões do
digital e virtual estiveram tanto na mesa e o Algarve precisa tornar-se cada vez mais numa «smart destination» e apostar nestas novas componentes. Hoje, percebemos que os destinos massificados, com
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grandes quantidades de turistas, não vão voltar a acontecer tão depressa, pelo que é o momento de investir e trabalhar em novas formas de desenvolvimento do nosso turismo, território e tecnologia. E até do modo de negócio, porque daqui certamente que vão nascer novas oportunidades”, sublinha. “Há sempre imagens associadas aos destinos turísticos que vão continuar a predominar, como são as praias do Algarve, mas temos outras vantagens competitivas, advindas do mosaico cultural que somos, da qualidade do ar e do mar, de uma envolvente que
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continua muito preservada. São dimensões do Algarve que temos que mostrar, porque há que repensar naquilo que temos feito até à data. A crise em que estamos a entrar resulta, em grande parte, da dependência excessiva de um modelo que se criou ao longo de 30 anos”. E Alexandra Rodrigues Gonçalves não tem dúvidas de que as novas tecnologias são um segmento de mercado com imenso potencial de desenvolvimento no Algarve. “Não precisa de indústria
pesada ou de grandes espaços físicos, nem sequer de solos férteis. Apenas necessita de mentes criativas e de capacidade tecnológica instalada”, entende. ALGARVE INFORMATIVO #248
Quanto ao projeto que motivou esta conversa em concreto, confirma que será fundamental o apoio de outras entidades, entre as quais a Região de Turismo do Algarve, que é um parceiro associado da candidatura. “Cada país
vai desenvolver propostas associadas aos patrimónios mundiais que possuem, nós iremos focar-nos na Dieta Mediterrânica, com brochuras de realidade aumentada com conteúdos que já existem em várias estruturas municipais e turísticas. É um aspeto que iremos trabalhar nos próximos meses, num projeto que terá que ficar concluído em 36 meses”, finaliza Alexandra Rodrigues Gonçalves .
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“NÓS É QUE MUDAMOS AS COISAS, NÃO SÃO ELES”, DEFENDE ALEXANDRA DIOGO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #248
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m período de desconfinamento, e enquanto não reabre portas ao público, o Cineteatro Louletano preparou uma programação online para os meses de maio e junho para dar palco e voz aos artistas e associações culturais do concelho de Loulé. E foi nesse âmbito que o Algarve Informativo rumou, no dia 12 de maio, a casa dos líderes da Folha de Medronho, Alexandra Diogo e João de Mello Alvim, para assistir à gravação do seu contributo para a referida programação. “Quando falaram
connosco, sentimos que já havia muita coisa a circular online, em termos de espetáculos de dança e teatro e de atuações musicais. Acreditamos que, nesta fase, fazem mais sentido os debates, ainda que, no futuro, até penso que continuarão a justificar-se os eventos culturais online”, referiu Alexandra Diogo, após a conclusão da recolha de imagens para o vídeo da Folha de Medronho. Claro que o online não substitui a experiência presencial, apressa-se a afirmar a atriz, porque não é possível existir e transmitir, via internet, toda a energia característica de uma peça de teatro, espetáculo de dança ou concerto de música ao vivo. “A presença do
público é algo grandioso, indispensável, indissociável de qualquer espetáculo”, recorda. No que toca ao contributo da Folha de Medronho, a estrutura optou por não ALGARVE INFORMATIVO #248
partilhar nenhuma das suas produções com o público e com os seus colegas de profissão, “a quem agradecemos
tudo aquilo que estão a fazer para nós todos e que nos possibilita «sair», por instantes, de casa”. “Vivemos um momento histórico em que ninguém sabe, com certeza, que futuro nos espera e que caminho teremos que percorrer para termos, sequer, um futuro, independentemente de qual ele seja. Uma coisa é certa, temos que ser nós todos a trilhar esse caminho. Se calhar, temos hábitos de vida que nos conduziram a este lugar, que nos fizeram chegar a um momento que, de repente, nos fez parar à força”, desabafa a entrevistada. As atenções e esforços estão, por enquanto, concentrados na questão da saúde pública, na descoberta de um antiviral e de tratamentos eficazes para o covid-19, mas convém ir pensando nos cenários pós-pandemia e é isso que preocupa Alexandra Diogo.
“Devemos pensar, de igual forma, e com o mesmo empenho e seriedade, nas coisas boas e nas coisas más que nos acontecem. Não podemos entrar na euforia do «vai ficar tudo bem», porque, se calhar, isso não vai suceder tão facilmente. Aliás, já nem tudo estava bem e por isso é que estamos onde estamos. Foi com essa abordagem que decidimos 30
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contribuir para a programação online do Cineteatro Louletano”, sublinha a dirigente. Uma abordagem que é feita a partir das mudanças que estão subjacentes às várias possibilidades de futuro que se colocam à Humanidade, pensamentos que implicam muita leitura e reflexão. “Acima de
tudo, exigem um tempo que nós, normalmente, todos os dias, nos queixamos de não ter. Dizemos que nunca temos tempo para nada. Agora – não por nossa vontade, é verdade – temos tempo para parar e pensar nos comportamentos que devemos adotar para não nos vermos constantemente em situações como a que vivemos atualmente”, apela Alexandra Diogo. “Infelizmente, noto que cada vez existe menos a memória. A memória, tanto a minha, que tenho 53 anos, como aquela que nos fica através de leituras, de coisas que sucederam há séculos ou milénios, que nos fazem pensar na natureza do ser humano. Um ser humano que é capaz de realizar coisas tão fantasticamente boas, como más. Vivemos numa «casa comum» e, para que o mundo tenha futuro, são necessárias mudanças comportamentais da parte das pessoas, mas que as altas instâncias também estejam dispostas a implementar algumas alterações. E, para tal, provavelmente todos nós, ALGARVE INFORMATIVO #248
enquanto indivíduos, temos que mudar, mas também exigir essas mudanças”, defende.
É MAIS IMPORTANTE «SER» DO QUE «TER» Em tempo de crise mundial, de pandemia, toda a gente opina, os especialistas e os cidadãos comuns, uns com conhecimento de causa, outros nem tanto, é como se costuma dizer, todos somos «treinadores de bancada» a ditar as nossas sentenças, a criticar o que foi mal feito, a apregoar o que tem de ser feito. Resta saber se, após ultrapassarmos o drama da covid-19, a tal memória não vai falhar, se vamos todos regressar ao antigamente, cometer novamente os tais erros que agora tão fortemente criticamos. Pensamentos do jornalista que, como se adivinha, são partilhados pelos membros da Folha de Medronho. “As
pessoas vão querer esquecer esta fase má que estamos a viver para retomar rapidamente a normalidade, mas penso que isso não será possível. E, sinceramente, se a normalidade for exatamente igual àquilo que era antes da pandemia, então isso é algo que não desejamos. Tanto faz se somos mais novos ou mais velhos, temos todos que refletir”, frisa Alexandra Diogo. “Temos vivido, até aqui, querendo ignorar à força uma série de coisas erradas que vínhamos fazendo. O 32
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desrespeito constante pelo meio ambiente, o desrespeito constante pelo ser humano, o desrespeito constante pela vida animal, proporcionavam-nos coisas que, à partida, pareciam que nos davam imenso prazer, normalmente aquilo que era material. Contudo, se calhar é mais importante «ser» do que «ter», porque vivemos num equilíbrio ecológico bastante complexo. A vida é uma máquina fantástica, todavia, se falha um pequeno elo neste circuito todo, ficamos sem nada”, alerta. Caso não se alterem comportamentos, ALGARVE INFORMATIVO #248
não se aprenda com os erros cometidos, Alexandra Diogo teme que esteja em causa a própria sobrevivência da Humanidade. “Não é uma
questão de ceticismo, fatalismo ou negatividade. A Folha de Medronho faz este apelo num sentido positivo”, esclarece. “Eu sou uma mulher de fé. Não falo num sentido religioso, mas continuo a ter fé na Humanidade e no Homem. Se assim não fosse, há três anos não teria reiniciado uma associação, mas acho que as artes performativas têm a responsabilidade de transmitir dados às pessoas, mostrar-lhes 34
coisas que as façam pensar. Não queremos dar respostas, queremos, sim, que elas se questionem. Claro que há muitos de nós que vão esquecer tudo isto rapidamente e regressar ao «ter» em vez do «ser», ao nunca estarem satisfeitos com aquilo que têm. E isso, curiosamente, faz com que aquilo que acabámos de obter já não nos sirva para nada, porque já queremos outra coisa qualquer, e nem sequer retiramos prazer das coisas”, lamenta a entrevistada. Perde valor o tempo, as conquistas, tudo aquilo que possuímos, na opinião de Alexandra Diogo, salientando que o ser humano não sabe, de facto, lidar com o tempo. “Tenho fé que haja muitos de
nós que não vão esquecer isto que estamos a passar e que comecem a pensar, espero eu, naquilo que cada indivíduo pode realizar, a cada momento, para se alterarem comportamentos e posturas perante a vida e o planeta. E, assim, uns quantos de nós vão compreender que há mudanças importantes para operar para que consigamos dar futuro à Humanidade e a esta «casa comum» em que vivemos”, indica a atriz, adiantando que o contributo da Folha de Medronho para a programação online do Cineteatro Louletano tem todas estas considerações em mente. “Queremos
chamar a atenção das pessoas, que 35
pensem sobre o assunto. As imagens que apresentamos não são agradáveis, mas descrevem o mundo em que vivemos e estão diretamente relacionadas com o momento atual. Pretendemos que as pessoas se questionem como é que chegamos até aqui, como é que permitimos que tal sucedesse, e que cada indivíduo pense no que pode fazer de diferente a partir de agora. E nós é que podemos mudar as coisas, não são «eles». Falamos sempre nos «eles», nas entidades, nos poderes, mas eu nem sequer sei quem «eles» são”, dispara Alexandra Diogo. Música de Keith Jarrett, U2 e Nina Simone, imagens impactantes deste mundo, textos de Eduardo Galeano e José Luís Peixoto e da própria Folha de Medronho, testemunhos de pessoas de outros continentes que estão, de alguma forma, relacionadas com esta associação cultural, tudo isso se vai poder assistir nos canais online do Cineteatro Louletano dentro de alguns dias, “porque são as causas que
fazem mover a Folha de Medronho, fazendo-se perguntas, conversando-se uns com os outros”. “O que nos interessa é que as pessoas pensem sobre as coisas e encontrem as suas respostas”, finaliza Alexandra Diogo.
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CENAS NA RUA AQUECERAM NOITES DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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ascido em 2005, o Festival Internacional de Teatro e Artes na Rua de Tavira «Cenas na Rua» é um dos principais certames do género levado a cabo em território nacional, não apenas pela sua duração, cerca de duas semanas, mas também pela variedade de espetáculos de diversas origens, direcionado para todos os públicos e idades. Os espetáculos intimistas e visuais têm uma ALGARVE INFORMATIVO #248
forte interação com o público e realizam-se normalmente no Pátio do Palácio da Galeria e na Praça da República. No dia 4 de julho de 2017, várias dezenas de pessoas juntaram-se no Pátio do Palácio da Galeria para assistir a «Mythos», do Teatro Extremo, um espetáculo de inspiração clownesca para toda a família e com interpretação de Bibi Gomes, Fernando Jorge Lopes e Rui Cerveira. Tratou-se de uma criação original, com direção artística de 40
Joseph Collard, clown belga cofundador da companhia «Les Funambules» e que integra o elenco do espetáculo «Ovo» do Cirque du Soleil. Na génese da ação estava uma conferência sobre a Mitologia, com os personagens a fazerem uma «viagem», em tom de comédia, em demanda da curiosidade e da imaginação universal, glosando os mitos universais e urbanos para expor a condição humana na nossa sociedade contemporânea. No dia seguinte foi a vez de centenas de pessoas vibrarem, na Praça da República, com «Vincles» do Circ Bover, de Palma de 41
Maiorca. Os espanhóis conceberam este espetáculo de circo contemporâneo quando celebraram, em 2015, a primeira década de existência como companhia e, a partir de simples canas de bambu, conseguem transmitir a elegância e técnica das artes circenses numa montagem totalmente diferente. Os elementos cénicos transformam-se com as emoções, surgindo diferentes números de circo que demonstram ao público como, partindo do essencial, de elementos simples, se pode chegar à sofisticação artística e técnica . ALGARVE INFORMATIVO #248
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ALUNOS DA «INCORPORA» BRILHARAM NO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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a noite de sábado e na tarde de domingo, dias 17 e 18 de junho de 2017, respetivamente, o Teatro Lethes, em Faro, esgotou por completo para se assistir a «À borda d' água o que vês?», que marcou o final do ALGARVE INFORMATIVO #248
ano letivo de 2017/2017 da Escola de Dança Incorpora. Inspirado no célebre almanaque da vida «Borda d’Água», os jovens pupilos de Filipa Rodriguez (dança contemporânea) e Eduarda Corradini (ballet) interpretaram diversas coreografias com tremendo talento, num espetáculo surrealista com muita imagem e movimento. 62
Com dramaturgia de Filipa Rodriguez e coreografias de Filipa Rodriguez e Eduarda Corradini, a conceção visual esteve a cargo da OVA – Orquestra Visual Algarve, numa produção da Curioso Aplauso Associação Cultural, da qual Filipa Rodriguez é a vice-presidente da direção. “No primeiro período damos 63
essencialmente a técnica, no segundo introduzimos exercícios de expressão criativa e da componente do imaginário e, no terceiro período, começamos a treinar as coreografias para o espetáculo. Os alunos são de ALGARVE INFORMATIVO #248
Faro, Almancil, Quarteira, Estoi, nota-se um grande interesse dos jovens algarvios na dança”, comentou Filipa, já depois de ter descido o pano no final do segundo espetáculo. Neste género de atividades, o «passa a palavra» é sempre a melhor publicidade, daí que o número de alunos venha a aumentar de ano para o ano, o que obrigou, inclusive, a escola de dança a mudar de instalações neste último ano letivo. E a maioria dos pais envolve-se mesmo a sério nesta paixão dos filhos, não se limita a ir levar e buscar os filhos às aulas, assegura a professora de dança contemporânea. “Compreendo que
nem todos possam ter o mesmo grau de empenhamento por causa das suas profissões, mas estão sempre presentes nas atuações. Dos alunos, há aqueles que, quando chegam, dizem logo que querem ser ALGARVE INFORMATIVO #248
bailarinos profissionais. Para outros, é apenas uma forma de ocupar o tempo e de trabalhar o corpo”, observava Filipa Rodriguez. Do sonho à realidade, depois tudo depende da dedicação de cada um, mas a entrevistada entende que cada vez há mais oportunidade de trabalho nesta área. “A mentalidade de que
a dança é uma profissão sem futuro está a mudar gradualmente, mas sabemos que as coisas chegam sempre com algum atraso a Portugal”, reconheceu a professora, adiantando que o tempo de férias ainda não tinha chegado para os alunos. “Vão ter
vários workshops de dança e teatro, porque o nosso objetivo é criar uma companhia multifacetada que produza 64
espetáculos combinando a dança contemporânea com o teatro físico. Os alunos sabem que, se quiserem 65
ser bailarinos clássicos, do ballet puro, esta não é a escola mais indicada”, avisava . ALGARVE INFORMATIVO #248
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ALUNOS DA TOMÁS CABREIRA DERAM VIDA À «SAGRAÇÃO DA RIA» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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ob a direção de Ana Filipa Antunes e Manuel Neiva, o Anfiteatro do Parque Ribeirinho de Faro recebeu, nos dias 18 e 19 de julho de 2017, os alunos do segundo ano dos cursos profissionais de «Intérprete de Dança Contemporânea» e de «Artes do Espetáculo – Interpretação», o equivalente ao 11.º ano de escolaridade, do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, de Faro, para protagonizarem «Sagração da Ria». A obra foi inspirada no espetáculo «A Sagração da Primavera», de Vaslav Nijinsky, de 1913, com música do compositor russo Igor Stravinsky, e nas posteriores adaptações feitas de dança moderna (de Maurice Béjart, em 1959) e de dança contemporânea (Pina Bausch, em 1975), e pretendia dar um novo significado, reinterpretar, através de ALGARVE INFORMATIVO #248
processos de contextualização geográfica, cultural e artística, os conceitos da terra, paixão e morte, quer em universos pessoais, como coletivos. Partindo destes conceitos, mas depois tendo por base a Ria Formosa, despoletou-se um processo de pesquisa conceptual e coreográfica onde se colocaram as questões «como é que jovens algarvios perspetivam algumas vivências em torno da sua herança ambiental e cultural?», «como é que o corpo de cada um e de um coletivo se inscreve e escreve, a partir de técnicas corporais, em ambientes arquitetónicos pretensamente naturais?» ou «que possibilidades metamorfósicas pode o corpo perseguir para representar uma simbiose entre a natureza e o 78
humano?». Deste modo, o projeto traduziu-se numa oportunidade de formação e de criação na fusão de duas linhas de pensamento-ação, entre a essência de algumas versões do espetáculo «A Sagração da Primavera» e a valorização cultural da Ria Formosa, em que se entende o corpo como instrumento e objeto de múltiplos discursos e representações simbólicas. Por detrás do curso está uma formação de 600 horas que procura ser uma aproximação ao que poderá vir a ser a vida profissional de alguns destes adolescentes. Quanto ao processo criativo, a primeira decisão foi a escolha do palco, ou seja, o Anfiteatro do Parque Ribeirinho de Faro, um espaço esplendoroso ao livre com a Ria Formosa como pano de fundo. “Cruzamos as
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influências da música de «A Sagração da Primavera» com as coreografias muito características da Pina Bausch, mas abstraindonos desses dois mundos e situando a ação na Ria Formosa”, explicou Manuel Neiva. “Houve uma investigação coletiva sobre a formação da Ria, da sua fauna e flora, conjugando depois elementos da história original. Depois, inspirámo-nos na versão da Pina Bausch por se tratar de dança-teatro, é onde os dois cursos se podem ligar”, acrescentou Ana Filipa Antunes. De salientar que «A Sagração da Primavera» tem uma narrativa muito própria, com rituais ligados à Terra e à
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Água, culminando num sacrifício, que depois foi combinada com histórias respeitantes à Ria Formosa trazidas pelos próprios alunos dos dois cursos profissionais, até nascer «Sagração da Ria». “Desenvolvemos várias etapas
com objetivos específicos e o ALGARVE INFORMATIVO #248
espetáculo foi crescendo aos poucos, normalmente até sem o acompanhamento da música. E os alunos foram eles próprios construtores, criadores, foi um trabalho de equipa, uma 80
memórias de infância que partilhavam. Isso serviu para motivar mais os alunos, para se identificaram imediatamente com algo que, depois de construído, pode parecer abstrato”, confirmou Manuel Neiva. Uma performance com perto de 45 minutos que arrancou numerosas palmas do público que, num belo final de tarde, assistiu a «Sagração da Ria». Quanto ao futuro, é como tudo na vida, não há certezas de nadas. “Infelizmente,
neste momento, não há mercado de trabalho para todos em nenhuma atividade. Quem não se aplicar, não vai a lado nenhum. Se eles quiserem ir mais além, têm potencial para o conseguir”, comentava Ana
cocriação, embora dirigida por dois professores”, indicou Ana Filipa Antunes. “Algumas fases de movimentos, coreografias, foram concebidas a partir de fotografias que eles nos traziam, ou de 81
Filipa Antunes. Manuel Neiva observou igualmente que o interesse pela área artística é transversal a todos estes alunos e compreende que alguns deles criem expetativas de rumar, depois de concluído o 12.º ano, para uma escola superior de dança ou curso de teatro. “O certo é que
todos levam competências e outros saberes para o resto da vida, mesmo que depois não prossigam uma via artística” . ALGARVE INFORMATIVO #248
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SAIA DE RODA LEVOU FESTAS TRADICIONAIS AOS MAIS PEQUENOS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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mês de março de 2017 arrancou, no Teatro das Figuras, em Faro, com mais um espetáculo no âmbito do seu Serviço Educativo, mais concretamente «Saia de Roda», da responsabilidade das atrizes Ana Lúcia Palminha e Suzana Branco, que tem como intuito apresentar às crianças dos três aos cinco anos quatro festividades tradicionais de Portugal, entre as quais a Festa da Pinha, de Estoi. O tema, de grande riqueza a nível estético, simbólico e social, inspirou fortemente a dupla para a criação de uma narrativa teatral muito dinâmica e apelativa destinada a um público bastante específico e que, infelizmente, tem perdido o contato real com estas tradições. “O convite surgiu
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da parte do Serviço Educativo do Teatro Maria Matos, em Lisboa, e houve um apaixonamento imediato pela etnografia portuguesa, que pegamos através das festas tradicionais do nosso país. Se calhar, nos sítios mais pequenos, as crianças estão habituadas a ir a festas e ainda têm esse imaginário presente nas suas mentes, mas, nas zonas mais urbanas, tal já não acontece”, declarou Ana Lúcia Palminha. Aceite o desafio, houve que adaptar o conteúdo para o público-alvo, nomeadamente alunos do pré-escolar, mas sem perder o sentido de comunidade subjacente às festas, o ato das pessoas se reunirem e celebrarem,
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que varia de local para local.
“Normalmente coincidem com os ciclos do tempo, a Primavera, Verão, Outono e Inverno. As pessoas juntam-se para celebrar as colheitas, para comemorarem, para eliminarem os seus medos, para lidarem com as suas frustrações, em conjunto. As festas tradicionais também nos lembram esta forma de estar em comunidade, em que todos estamos uns com os outros para celebrar e construir”, salientou Suzana Branco. Uma forma de estar que se tem diluído com o passar das décadas, ao mesmo 93
tempo que muitas festividades vão perdendo o seu cariz mais popular e tradicional e se assumem como verdadeiros cartazes turísticos, acontecimentos mediáticos com objetivos económicos para alcançar.
“Estes contextos antigos surgem na peça de uma forma estilizada, mas falamos sobre eles para que as crianças fiquem com esse registo na memória. Contamos, por exemplo, que o avô nos dizia que havia festa depois de se trabalhar, de se semear e cultivar a terra. Infelizmente, hoje, o ritmo é muito mais acelerado e a ligação com a natureza é feita de ALGARVE INFORMATIVO #248
uma forma mais industrializada, mas é importante «semear» novamente estes valores”, referiu Ana Lúcia Palminha, acreditando que o «Saia de Roda» é uma boa maneira de levar esse universo às crianças. Com as quatro estações do ano como pano de fundo, foram então selecionadas quatro festividades que abrangessem, o melhor possível, o Portugal Continental de Norte a Sul, uma tarefa que não foi nada fácil, garantiu Suzana Branco. “O
nosso país é riquíssimo em tradições, mitos e lendas e procuramos completar um ciclo anual de festas de modo a que ninguém sentisse que ficava de fora. Temos a Festa da Pinha, de Estoi; a dos Círios, da Nazaré; a da ALGARVE INFORMATIVO #248
Coca, de Monção; e os Caretos, de Lazarim. As miniaturas de máscaras que usamos na peça foram esculpidas pelo filho do Senhor Adão, um dos artesãos dessa terra”, contou a atriz. Escolhidos os conteúdos, passou-se ao ensaio, à experimentação, ao descobrir como colocar quatro festas tão ricas numa só encenação e com linguagem acessível aos mais pequenos e que conseguisse cativar a sua atenção ao longo de 45 minutos.
“Optamos por alternar a partitura do espetáculo entre ações físicas, em que não há palavra e onde tudo é contado através do corpo; e uma outra vertente onde 94
contamos as nossas memórias, como se fossemos umas meninas que tivessem passado por essas festas. Para tal, falamos com algumas crianças para compreender o que é que lhes fica mais na memória, o que as entusiasma mais”, descreveu Ana Lúcia Palminha. “No fundo, é um conjunto de memórias e de sensações, mas sempre com as mensagens do avô bem presentes, porque as festas não acontecem em qualquer altura, têm o seu momento certo”, reforçou Suzana Branco. Finalmente, com o público confortavelmente sentado em almofadas, no chão, as luzes acenderam-se e, no
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meio do palco, está um amontoado de tecido, do qual florescem as duas atrizes, como que por artes mágicas. É o pontapé de saída para uma sucessão inebriante de peripécias, umas físicas, outras com palavras, de vestir peças de roupa e acessórios, de colocar adereços no espaço cénico, de retratar situações, dragões, cantares e dançares. “O nosso objetivo é que
o projeto possa viajar com facilidade e que caiba em qualquer sítio, tanto em cima de um palco, como no exterior, numa biblioteca, numa sala de jardimde-infância, num espaço polivalente duma aldeia. Esta escala mais intimista é muito importante para nós, queremos uma relação mais próxima com o
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público e sermos livres para atuarmos em qualquer local”, indicou Ana Lúcia Palminha. E o facto do público ser de palmo e meio não retira responsabilidade ao espetáculo, assegurou prontamente Suzana Branco. “São os mais críticos
de todos os espetadores. Quando não gostam fazem imenso barulho, percebemos logo que não estão connosco, que não estão a acompanhar o enredo. Não é de admirar que muitos encenadores façam testes com crianças para verificarem se a peça está no ponto certo”, comentou, confessando a ALGARVE INFORMATIVO #248
vontade de avós e netos se juntarem na plateia para assistir ao «Saia de Roda». “A peça tem uma
linguagem artística com a função de suscitar curiosidade e de conectar o espetador, para que ele queira saber mais. Há todo um mundo cultural no nosso país em redor destas festas e que, hoje em dia, não é tão falado e, sem público, sem pessoas interessadas nele, corre-se o risco dele desaparecer”, avisou Suzana Branco. “Felizmente, o espetáculo tem sido bastante bem acolhido por programadores culturais e instituições, há uma curiosidade 96
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«LIBERDADES»
EXPLICOU O 25 DE ABRIL AOS MAIS NOVOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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IBERDADES foi mais uma peça da responsabilidade do VATe – Vamos Apanhar o Teatro da ACTA, com a particularidade de, em 2017, ser levada a cena no Teatro Lethes, ao invés de no autocarro de dois pisos pertencente ao serviço educativo da Companhia de Teatro do Algarve. Assim, de 23 a 26 de maio, muitas crianças, professores e familiares tiveram a oportunidade de assistir a esta encenação de Jeannine Trévidic que teve como fonte de inspiração os livros «O 25 de Abril Contado às Crianças… E aos Outros», de José Jorge Letria e «O Tesouro», de Manuel António Pina e que foi interpretado pelas atrizes Elisabete Martins e Sara Mendes Vicente. “É um
espetáculo que faz sempre sentido ALGARVE INFORMATIVO #248
para assinalar a data desta revolução tão importante para Portugal. Normalmente, andamos pelas escolas da região com o intuito de falar com as crianças sobre a ditadura, o antes e o depois, e foi um desafio muito grande condensar tudo isso em 35 minutos. É um tema que está, temporalmente, bastante longe dos nossos jovens, mesmo que os pais ou avós contem histórias desse tempo”, referiu Jeannine Trévidic, no final de uma concorrida sessão logo pelas 10 horas. Para concretizar este objetivo, os elementos da ACTA que participaram no projeto questionaram-se, a eles próprios, o que é a Liberdade – pois 104
também eles já nasceram num Portugal pós-25 de abril – e às crianças, que não fazem ideia das dificuldades que se viviam no Antigo Regime e do muito que se conquistou desde então. “É termos
liberdade de expressão, viajar, ouvir todo o tipo de música, andarmos na rua com a roupa que quisermos, falarmos com quem nos apetecer. Como trabalhamos com as escolas e, a seguir ao espetáculo, ainda há uma pequena conversa, tivemos que resumir bastante a história da Revolução”, explicou a encenadora. O humor foi uma das ferramentas utilizadas para se chegar a um «Liberdades» bastante apelativo,
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dinâmico, leve e bem-disposto, de forma a conseguir captar a atenção das crianças e a verdade é que a fórmula resulta, a ver pelas inúmeras perguntas que elas disparam mal terminou a peça e Jeannine Trévidic, Elisabete Martins e Sara Mendes Vicente se sentaram para uma conversa informal. “Houve
pessoas que morreram para nós podermos estar aqui a falar desta forma e essa importância e seriedade estão presentes na peça. Usamos várias técnicas, sombras e objetos: o candeeiro como símbolo do interrogador, a luz que incidia fortemente sobre as pessoas; a mala como símbolo da PIDE, onde estariam
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documentos importantes; os bigodes para personificar os investigadores e censores”, descreveu a responsável do serviço educativo da ACTA. O espetáculo, entretanto, foi exatamente igual ao que normalmente anda em itinerância no autocarro do VATe, embora, ali, o palco seja bastante mais reduzido. “É uma peça para se
ver ao perto, intimista. Nem convém alargar muito o espaço de cena, porque os objetos são bastante pequenos e com diversos pormenores. A banda sonora é outro complemento essencial, um ator extra, incluindo várias entrevistas sobre o que é a ALGARVE INFORMATIVO #248
liberdade”, referiu Jeannine Trévidic. “Perguntamos qual é o som da liberdade, o seu cheiro, a que ela sabe, e as respostas assemelhamse a um poema. Estamos a falar do passado e, de repente, viajamos para o presente e o próprio público reflete sobre essas perguntas”. Quanto ao VATe, desde o início que tem marcado a diferença por ir ter com as pessoas, aos locais onde vivem, aos sítios onde estudam, em vez de simplesmente abrir as portas do Teatro Lethes ao público local. “É um
serviço educativo móvel, um teatro com rodas, uma ideia super interessante que se conseguiu 106
colocar em prática com a ajuda de todas as autarquias do Algarve. O autocarro tem custos elevados e há sempre vários pormenores para afinar antes de partimos, mas, quando chegamos, é sempre muito engraçado. Estacionamos o teatro à porta da casa das pessoas”, indicou, com um sorriso. No que toca à programação, Jeannine Trévidic esclarece que pretende ir ao encontro de temáticas importantes para o público escolar, nomeadamente dos alunos do 1.º ao 4.º ano, até para ajudar os professores a abordarem certos assuntos como o 25 de abril, o bullying, a solidão, a violência entre jovens casais. “E
queremos que eles tomem contato com o teatro e com as várias
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técnicas que se podem utilizar, tais como formas animadas, objetos, sombras, bonecos de luva. Assim, habituam-se a ver diferentes tipos de representação”, destacou a entrevistada. “Falamos também do palco, da régie, dos camarins, da plateia e da teia, do que é ser encenador ou ator. É importante que não tenham medo de fazer perguntas, que se questionem, porque isso significa que estiveram com atenção. Às vezes, as pessoas vão ao teatro, não percebem nada do que estiveram a ver, batem palmas e vão-se embora. Nós queremos quebrar essa barreira”, frisou .
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OPINIÃO Navegando à vista e empurrando com a barriga Paulo Cunha (Professor) s palavras corretas nem sempre são agradáveis. As palavras agradáveis geralmente não são corretas. Os homens bem informados jamais discutem. Os que discutem estão mal-informados. O sábio não é necessariamente instruído. O instruído não é necessariamente sábio. O sábio nada possui, nada mantém na memória, mas serve a todos e com isso tudo possui. Já que continuamente se dá a todos, no fim, conquista o que nunca desejou”. Ao ler o «Livro do Caminho Perfeito», escrito no séc. VI ou V a.C. pelo funcionário público e pensador chinês Lao Tsé, facilmente se percebe que o autor defendia os valores universais, manifestando uma atitude positiva e construtiva perante a vida em sociedade. Num período de exacerbação e ostentação materialista, de evidentes desequilíbrios sociais, económicos, financeiros, ambientais e outros, que o novo coronavírus veio relembrar e expor, é interessante constatar que já antes do nascimento de Cristo, do oriente, nos chegavam sábios conselhos e avisos. Será que os cerca de dois meses de confinamento forçado terão ALGARVE INFORMATIVO #248
proporcionado os necessários momentos de introspeção, reflexão e meditação sobre as razões que nos trouxeram até aqui? Não basta proferir que depois desta crise mundial tudo irá ser diferente. Se não tivermos a capacidade de mudar interiormente, restar-nos-á apenas adaptar os nossos comportamentos a um chamado «novo normal», onde o «novo» é o vírus que, por medo, precaução e defesa, nos fez mudar os nossos comportamentos em relação aos outros. E depois de encontrada a imunização a este último vírus pandémico, será que ficaremos também imunes aos vírus comportamentais que ao longo dos séculos nos têm tornado cada vez mais desumanos? Em 2015, numa Ted Talk, Bill Gates (fundador da Microsoft e filantropo) enumerou medidas para o combate eficaz a uma pandemia: a criação e fortalecimento de sistemas de saúde fortes nos países pobres; a preparação de militares e médicos para uma guerra virológica; a realização periódica de testes; a aposta na investigação e desenvolvimento na área das vacinas e dos diagnósticos. Cinco anos passaram e, como se costuma dizer, tais conselhos «caíram em saco roto», até porque o 114
senhor tem dinheiro, é inteligente, é visionário, mas não tem o poder que é concedido aos políticos. Meia década volvida e com o coronavírus SARS-COV-2 na boca de meio mundo, o outro meio lembrou-se de perguntar ao profeta Bill Gates o que deverá então ser feito. Lembra-nos então que (resumidamente): “Esta doença trata-nos a todos de igual forma. Algo que afeta uma pessoa afeta também outra. A saúde é preciosa. A vida é curta. Os produtos essenciais são a comida, a água e os remédios, não os luxos. A unidade familiar e o lar são vitais. O nosso verdadeiro trabalho é cuidar, proteger e beneficiar uns dos outros. Necessitamos de manter os nossos egos sob controlo. O poder do livre arbítrio está nas nossas mãos. Devemos ser pacientes e não entrar em pânico. Aprender com os erros pode propiciar um novo começo. Estamos doentes porque a nossa casa (Terra) está doente. Após cada dificuldade segue-se um período de acalmia. Em vez de ver o coronavírus como um grande desastre, devemos vê-lo como um grande corretor”. Conselhos, a meu ver, sensatos e que revelam grande clarividência e humanismo. Espero, sinceramente, que alguém os acate! Tendo muitos países sido «apanhados com as calças na mão», relativamente a um vírus que já era aguardado por muitos cientistas atentos às medidas que deviam ter sido tomadas e não o foram, é fácil, hoje, perceber que as prioridades dos estadistas e dirigentes foram outras. Usando a expressão metafórica «empurrar com a barriga», que sugere uma atitude preguiçosa, negligente e que não envolve muito esforço consciente e organizado, constatamos agora que, muitos andaram a 115
navegar à vista no que diz respeito ao que é realmente importante. Nunca a expressão «navegar à vista» fez tanto sentido, observando os comportamentos erráticos de certos governantes e decisores. Depois de passar o cabo Bojador, por causa dos baixios que entravam pelo mar dentro, no século XV, os nossos navegadores afastavam-se muito, deixando de ver a costa. Esta forma de seguir rotas marítimas tomou a designação genérica de «navegar à vista», ou seja, de acordo com as circunstâncias, sem ciência e sem risco de maior. Não foi (nem deverá continuar a ser) a estratégia na planificação e gestão das vidas de quem mais queremos e amamos. Por isso, oiçamos e aprendamos com quem sabe e nos dá a garantia de manter vivo e são o nosso maior património: os nossos pais e filhos. Tudo farei para que assim seja! . ALGARVE INFORMATIVO #248
OPINIÃO A primeira manhã do tempo Adília César (Professora) SÍFISO Recomeça… Se puderes Sem angústia E sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade. E nunca saciado, Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar e vendo O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças… Miguel Torga*, in Diário XIII, s/d
ode a Poesia ser uma forma de ver o mundo? De que mundo estamos a falar? “Há mais Mundos”, já o dizia José Régio no seu livro de contos; há muitos mundos – um por cada ser humano – que por sua vez se compartimentam noutros, de acordo com as percepções face ao real e ao imaginário. O meu lugar-mundo é permeável e sensível aos sonhos e às tragédias de todos os mundos – os meus ALGARVE INFORMATIVO #248
e os dos outros. Sou a sonhadora racional que se quer conhecer através de todas as possibilidades até ao limite do impossível, questionando o seu contributo em relação ao próximo, inventando novas formas de intervenção através do poema. A Poesia dá a conhecer o mundo do poeta que escreve e se dá a ler, numa perspectiva de punição existencial na procura do seu lado mais negro. A punição, o castigo e o alívio andam de mãos dadas e recriam o mundo, acordando outros mundos em nós e mostrando que não estamos sós nos momentos difíceis. A Poesia é mais uma forma de questionamento que poderá resultar em epifania. E aí, sim, alcançamos algum conhecimento do mundo que nos rodeia e novas maneiras de intervir. O mundo que nos rodeia é, na actualidade, um ambiente pandémico, escuro, confinado. Ou seja, voltado para dentro apesar da exacerbada utilização das redes e plataformas virtuais que vieram substituir as relações humanas presenciais. A peste amedronta e traumatiza, mas não paralisa. Hoje, tal como noutras épocas pandémicas, a humanidade sabe que os indivíduos são capazes de transformar a sociedade cultural, económica e ética, apesar de se focarem numa «celebração do presente», como já o disse Bruna Vargas. Existe um apelo inequívoco à produção artística 116
como uma tentativa de racionalizar o trauma perpetrado pela intensidade emocional deste momento trágico que agora vivemos. Em cada dia que acorda connosco, o mundo é pandémico e a arte também, enquanto expressão viva das vicissitudes. Em cada dia, a primeira manhã do tempo é a primeira manhã deste mundo novo, talvez admirável pela forma criativa como experimentamos novas formas de vida e novos modos de sobrevivência. Somos actores e espectadores numa peça de teatro sempre improvisada, com a coragem de actuar, em presença, até ao fim. O poema Sífiso de Miguel Torga é um hino melancólico à vida, um apoio espiritual e estético nesta demanda diária e global pejada de inconstâncias. A vida enquanto nascimento, experiência e morte é uma condenação, uma aventura de constantes recomeços. Se o mundo é uma armadilha ampla que ameaça de modo tão concreto e doentio a nossa sobrevivência, como podemos encará-lo de frente? Tal como o rei Sífiso, carregando o rochedo até ao alto da colina, no Inferno, durante toda a eternidade, apesar do rochedo rolar encosta abaixo sempre que estivesse prestes a chegar ao cume? Ou como seres detentores do nosso destino, ainda que por vezes infernal, usufruindo das sucessivas oportunidades que a vida oferece, em busca de realização pessoal e solidária para com os que mais precisam? A Arte e muito concretamente, a Poesia, enquanto expressão de liberdade criativa, podem trazer lucidez ao caos humano, à insanidade da besta. O poema não é uma simples imagem dos acontecimentos, mas também um mapa de prospecção da 117
nossa própria humanidade. O poema apela à consciência e à moral, ao traço distintivo da nossa espécie: temos plena consciência da nossa loucura. E mesmo que nos sintamos infelizes, temos também a satisfação intrínseca de nos sabermos livres e saudavelmente loucos. *Miguel Torga [S. Martinho de Anta/Vila Real, 1907 - Coimbra, 1995]. Nome literário do médico Adolfo Rocha. Poeta, ensaísta, dramaturgo, romancista e contista. Cultivou a escrita autobiográfica num extenso «Diário» (escrito entre 1932 e 1994) e em «A Criação do Mundo». Além de poeta, é também conhecido pelos contos, muito estudados no ensino. Foi o primeiro autor lusófono a receber o Prémio Camões, em 1989.
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OPINIÃO Do Reboliço #84 Ana Isabel Soares (Professora) que sabe o Reboliço das canções dos homens? Nas manhãs abertas, ainda ele estica a pele por cima do corpo, patas estendidas e focinho para longe a desenrodilhar o sono, já a mulher do moleiro anda em lavadeira, encharcando as rodilhas da casa, roupas de gente, lenços de assoar – e vem do tanque onde ela está a melodia. É diferente do som que ouve aos melros, à estridência das andorinhas, aos pardelhos que esvoaçam a limpar o céu da mosquitagem que o sol despertou. É diferente da voz do homem a meter-se com ele, “Preguiçoooooso”, ou a bradar aos moços “Carrega-me aquelas sacas!”, “Já bandejaste aquela ali?”. É grossa e alta a voz do moleiro ali na rua, as ordens, às ordens do trabalho. Dentro do moinho e dentro da casa, adapta-se o volume; na casa, então, o homem pouco diz (e dentro do moinho só o necessário, se está num piso e quer que o ouçam no outro; as falas da labuta são mais olhadas que ditas, mais de gestos que de vozes, são um riso, interjeições). O pensar articulado em palavras corre-lhe é dentro da cabeça. Só nos anos do fim da vida, o moinho parado, o trabalho terminado, que cada pessoa tem a sua ALGARVE INFORMATIVO #248
conta e não há como passar dela, é que o fio do pensamento escorreu para fora em voz, e como falava, e como falou! O Reboliço bem via e o ouviu, se o levavam pela cidade, a contar de quem habitava atrás de cada porta, dos negócios que tivera com beltrano e fulano, de quantos eram a família de sicrano, de episódios em que aquela gente se vira. O Reboliço bem lhe ouvia a voz a perguntar “Como será que fazem as nuvens...?”, ou a duvidar que tivesse realmente sucedido ter alguém pisado o chão da lua, e argumentar como não poderia ter sido, com a mesma convicção com que demonstrava um cálculo matemático (nos dias do moinho, sinal da ação daquele homem era também a parede do umbral toda rabiscada a lápis, das contas ao peso, ao cereal, aos preços da farinha). A voz do moleiro não se limitou a persistir depois de o corpo lhe ditar a ele ordem de paragem: amplificou-se, estendeu-se, engrandeceu-se: mesmo entaramelada, frustrando a velocidade das ideias, aguerria-se até vingar a enunciação, e não descansava enquanto não. Não era, porém, de cantorias. O Reboliço não entende nada de cantigas de gente: com o canito ninguém canta, ele não canta a ninguém. Mas sabe à mesma o que é cantar: reconhece que se assemelha ao 118
Foto: Vasco Célio
que ouve fazerem nas manhãs abertas os pássaros, as cigarras, as asas dos besouros. O som que o Reboliço percebe vir do poço onde foi buscar verdura para o comer, ou do tanque, a vibração no ar que a mulher lança enquanto esfrega no sabão a água e os panos, é em vivacidade, em tons de alegria que ouve subir. É assim que ele percebe, é sempre assim que percebe 119
enquanto a mulher canta “Ai, vida da minha vida, ai vida do meu viver. Para que quero eu a vida, se eu nasci para morrer” . * Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.
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OPINIÃO Estar e comunicar online tornou-se essencial para as empresas Fábio Jesuíno (Empresário) er uma presença e comunicar na internet nunca ganhou tanta importância como agora na vida das empresas, neste novo mundo. A pandemia de covid-19 causou um clima de incerteza quanto ao futuro das empresas, gerando uma aposta no digital sem precedentes. Tornou-se essencial para qualquer organização ter uma estratégia digital, que permita continuar a comunicar e a vender.
permitindo que sejam mais inovadoras e que tenham processos mais eficientes a todos os níveis, destacando-se o aumento da produtividade e dinamismo. Com um grande número de empresas a entrarem no online, a concorrência vai ser mais competitiva, por este motivo, é importante que sejam implementadas estratégias digitais profissionais, onde os fornecedores destes serviços devem ser escolhidos pela sua experiência e criatividade, fatores fundamentais para bons resultados.
Vivemos uma nova experiência social, onde a maioria da população mundial está ou esteve em confinamento em casa e com restrição de contatos sociais, o que faz com que o tráfego da Internet atinja níveis recordes com as redes sociais em grande destaque devido a sua grande utilização. As empresas tiveram de se reinventar rapidamente, criando condições para sobreviverem, muitas recorreram ao teletrabalho e focaram-se em desenvolver formas de comunicar online, principalmente nas redes sociais e melhorando ou criando as suas presenças online.
Através de vários meios digitais, muitas empresas tiveram de recorrer ao teletrabalho para se manterem em funcionamento. Depois de vivenciarem esta experiência, algumas descobriram que o trabalho remoto é mais vantajoso, evitando deslocações e otimizando o tempo. Com menos deslocações vai diminuir a poluição das grandes cidades e permitir que os funcionários estejam localizados em qualquer lugar com acesso a internet, prevendo-se a sua deslocação para zonas do interior.
A aposta do online vai trazer novas realidades ao mundo empresarial, ALGARVE INFORMATIVO #248
Estar online vai trazer grandes desafios e oportunidades neste mundo novo para as empresas .
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OPINIÃO A vulnerabilidade de um Artista Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) o outro dia encontrei uma ilustração algures no Instagram que mostra três cartazes, que dividem três filas de pessoas. À falta de melhor tradução, temos a fila d’ «os que criticam», d’ «os que falam» e d’ «os que fazem» (en. critic, talker, doer). Na categoria d’ «os que criticam» apresenta-se uma fila infindável, a fila d’ «os que falam» está reduzida a metade e a fila d’ «os que fazem» parece estar às moscas. Achei esta ilustração muito adequada ao que se passa na vida dos artistas e fez-me refletir. Será que criticar é mais fácil? Será que para criticar os outros apenas temos de nos sentar confortavelmente no nosso trono, como se fôssemos uns reis, enquanto na arena os gladiatores (artistas) lutam, transpiram, sangram, para nosso bel-prazer? Assim que não nos agradam, em vez de pedirmos que saiam da arena de cabeça erguida, partilharmos aos quatro ventos as nossas opiniões negativas como se fôssemos os donos da verdade.
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E quando falamos? Falamos, falamos e nada fazemos. Aqui também incorremos no perigo de sonharmos demais, produzirmos mil ideias imateriais, mas sermos incapazes de execução. Há uma frase do americano Les Brown que diz que o cemitério é o local mais rico da terra, pois é onde se encontram os sonhos nunca cumpridos, os livros por escrever, as canções por serem cantadas… Agora, porque é que é tão difícil encher a terceira fila? A fila dos «fazedores», «feitores», «praticantes», «realizadores». Arrisco a dizer que esta gente pertence a uma estirpe que precisa de ter muita coragem, quase como se fossem dotados da capacidade de atirar o coração a uma parede e sobreviver. Não, não se enganem, coragem não é a ausência de medo, é sentir medo, mas avançar na mesma. Criar arte parece concomitante com o nascimento do Homo sapiens, ou seja, parecemos estar genética e socialmente predispostos a criar arte. Mas custa desenvolver a determinação, a disciplina e, acima de tudo, a pele grossa para expor em praça pública uma parte do nosso ser. Falo por mim, acho que é mais fácil caminhar 122
despida na rua do que mostrar um filme meu. Quando mostramos a nossa arte, quer seja na escrita, na realização, na interpretação, fotografia, música, pintura, escultura, dança, etc., ficamos vulneráveis, pois expomos a nossa essência. Sabemos que ficamos sujeitos à possibilidade de zombaria, julgamento e opiniões de outros. E como se isto não fosse suficiente, ainda nos autotorturamos com dúvidas. “E se isto não for bom? Será que presta? Será que é fraco?”. Mas a vulnerabilidade não tem de ser considerada uma fraqueza, podemos encontrar poder e força na criatividade, na autenticidade e nas nossas singularidades. É aqui que reside a magia. Se me permitem duas humildes sugestões, tentem cultivar os seguintes conceitos: 1. Mais vale fazer que do que falar; 2. Poderão haver críticas negativas, e depois? É mesmo assim! Crescemos. 123
Só com esta mentalidade iremos encontrar uma maior liberdade e força na nossa criatividade. E criar é humano. ALGARVE INFORMATIVO #248
OPINIÃO Reflexões, opiniões e demais sensações… Deus não tem nada a ver com isto!? Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) lturas há em que me sinto tentado a escrever sobre coisas maiores, coisas superiores, coisas que me e vos transcendem, em qualquer minuto da minha e da vossa reduzida vida. Por isso, começo por pedir misericórdia, caso esta crónica chegue ao destino errado. O problema é que não sei precisar qual é o verdadeiro nome do destinatário, o que implica não saber o destino, confusos? Espero que não. Isto, pois, se eu simplesmente enviasse a «deus», esta crónica poderia chegar às mãos de zeus, mitra, thor, sheeva, baal e tantos outros «deuses» que o Homem ao longo da história criou. Mas afinal, qual é o teu verdadeiro nome? Espero sinceramente que a tua omnipresença permita que pelo menos tenhas conhecimento do que aqui escrevo, aliás, não será novidade, porque já te transmiti diretamente. De outra coisa também eu sei, é que, para que além de escrever por linhas tortas, tu também lês. Aqui repito, o que já em inúmeras situações te confrontei, mesmo sabendo que não terei resposta.
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Porquê todo o sofrimento? Alguns, depois de ler, vão argumentar que não obtive resposta por não ter fé suficiente! Será que já existe um meio, que possa medir a minha e a fé de tanta gente que me rodeia? Um Homem equilibrado tem fé e razão. O fundamentalista só tem fé, mas uma fé doentia, essa fé cega que é a sabedoria do ignorante. Se tenho de pedir perdão, tudo bem, aqui humildemente o faço! Mas tenta compreender que este é um desabafo como tantos outros. Sempre nos ensinaram que nos tinhas criado à tua imagem e semelhança, que nos amavas muito, que tinhas isto tudo controlado. Mas devo dizer-te que, quanto mais tempo vivemos, quanto mais olhamos à nossa volta, quanto mais nos chegam notícias, como as de domingo passado, os desenvolvimentos macabros e das crianças que das mais variadas formas sofrem e morrem, mais percebo que... há qualquer coisa de errado. Isto não está bem, isto assim, está mal feito! Há no planeta coisas que escapam ao poder do Homem, coisas acima das suas forças e capacidades, coisas que só algo 124
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sobrenatural pode resolver, coisas que só estão ao alcance do poder de um «deus». Para com os amigos, há que ser verdadeiro e direto. Se isto é o melhor que consegues fazer, confesso que cada vez me impressionas menos. Resultados, como o da Valentina e de milhares de outras «Valentinas» espalhadas pelo Mundo, não podem fazer parte do currículo de um ser supremo bom, justo e perfeito. Talvez, e só talvez, te estejas nas tintas para isto tudo. O que não é nada que me espante, e que explica muita coisa. Meu caro, é difícil assistir ao sofrimento das pessoas, mas de crianças ainda mais é dilacerante. É difícil segurar aquele nó que aperta a garganta quando tentamos imaginar a dor daquela mãe. Quem é pai, como eu e tu, entende melhor esta revolta, sempre que nos entra pela casa dentro, sem pedir licença, casos de crianças negligenciadas ou, pior, maltratadas. Quando a coisa vai mais longe nem adjetivo, tal é a repulsa que sinto por tais atos, por tais monstros. Sabes bem, que eu poderia estar aqui, num interminável texto a tentar passar esta ideia, e por isso vou me centrar em poucas, como a violação (algumas feitas por pessoas(?) que falam em teu nome), a fome, o assassinato, a doença e a morte. Tentei, juro que tentei, abordar este tema o mais tarde possível, mas não consegui, tinha que compartilhar esta dor, que me rasga o peito de uma forma que não consigo explicar. E se fosse com um familiar nosso? com os nossos filhos? ALGARVE INFORMATIVO #248
Um amigo crente dizia-me ontem que "deus não tem nada a ver com isto". Eu acho que, se não tens, devias. Que multiplicar pães e transformar água em vinho, já foi chão que deu uvas, agora a urgência é real, não dá para metáforas. A luta contra o mal nunca está ganha, como se vê. Então e o Bem? Que força terá, ao dia de hoje? Desculpa, mas só posso ver as coisas desta forma, só consigo imaginar o olhar de uma criança pedindo ajuda, num momento de dor e horas de agonia: vazio de esperança, incrédulo, só cheio de tristeza, provavelmente rezando entre dentes, à espera de ti para a salvar. Sabes, por acaso, a quantidade de seres humanos, cheios de amor para dar, gostavam e desejavam ser pais de uma «Valentina» e não podem? Sabes quantos destes «monstros» existem por aí no Mundo que criaste em seis dias e que diariamente fazem mal aos seus filhos e aos filhos dos outros? Alguma coisa está definitivamente errada aqui! Eu acredito que és justo e bom, que não és castigador nem tirano. Tens na terra um representante que merece a tua ajuda, que de vez em quando abala o poder instituído há séculos. Ele também espera de ti, resoluções e soluções para mudar uma igreja que não é mais que um detonador de ódios. Um Papa Francisco, acusado de heresia pelos seus, só porque crítica a postura, comportamentos e combate a ostentação da Igreja que 126
lidera. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres”. Uma igreja que não se bate pelos direitos humanos. Espero bem que Francisco não tenha o mesmo fim que o teu filho teve, quando se opôs ao poder estabelecido na altura. O resultado já todos sabemos, foi crucificado por ter sido condenado, em primeiro lugar, pela religião oficial. Foi condenado como blasfemo e subversivo. A minha educação foi naturalmente, Católica Apostólica Romana, fui batizado e casado e na pouca catequese a que assisti, ensinaram-nos que és castigador, que não se pode brincar contigo, que não és muito tolerante e que, para merecermos um bilhete só de ida para o céu, não podíamos ousar dizer uma piada que fosse envolvendo a religião. Portanto, a imagem que nos tentaram passar é que tu, «deus», és um Homem de barbas, com o sobrolho franzido, sempre pronto a dar-nos uma reguada ou a castigar-nos, o que é, no meu entender, uma imagem aterradora de quem é pai e exemplo de amor. Com a formação do meu pensamento autónomo fui percebendo que a Igreja é feita pelos homens para os homens, o que quer dizer que é falível. Conheço muitos não católicos, não crentes, não nada, que têm uma postura de vida bem mais pegada ao teu modelo, ao que desejavas para este Mundo, do que muitos dos que batem no peito e falam em teu nome. Ao perceber isto começou a fazer-me cada vez 127
mais confusão frases do tipo "deus (não) quer isto ou aquilo", "deus diz ...", "deus pensa assim ou assado". Em resumo, faz-me espécie que alguém fale por ti assumindo que quer ou não determinada coisa e que se sente ofendido com uma atitude, com uma opinião ou piada. Só o termo «temer a deus» é qualquer coisa que contraria esse teu amor paternal. Os filhos devem respeitar, não temer! Tudo isto para quem ousar em brincar ou usar o teu nome em vão? E os outros? Aqueles que matam, que maltratam, que violam em nome da igreja? Aqueles «monstros» que fazem uma criança sofrer durante 13 horas? Meu caro, é mau de mais para ser trabalho teu! Por isso, e considerando que és «deus», omnisciente e inteligente, que o sentido de humor é uma coisa boa e sinal dessa inteligência, parece-me lógico concluir que também te ris contigo próprio. Por isso (e segundo alguns, correndo o risco de levar com um raio na cabeça) estou convicto que tudo isto que temos assistido na nossa sociedade, é «merda» feita por um estagiário com um problema de atitude, que deixaste no comando desta coisa, enquanto estás a criar outros Mundos por esse Universo. Se estás a ler estas linhas, peço que regresses o mais rapidamente possível, há muito que este estagiário merece estar em layoff, ou um valente pontapé no seu todoo-poderoso cu, para bazar daí para fora . ALGARVE INFORMATIVO #248
OPINIÃO Desde a torrada à cataplana Augusto Pessoa Lima (Cozinheiro, Consultor e Formador) emos ouvido, um pouco por todo o lado, que o mundo mudou e nada será como dantes, o que acho perfeitamente inadequado e mesmo perigoso. Estas afirmações só cabem na cabeça dos arautos da desgraça, dos que querem continuar a amealhar com o infortúnio alheio, que nos fazem crer que existem coisas absolutamente necessárias sem as quais não poderemos viver. Claramente que os culpados são os governos que permitem toda esta informação negativa, que através do medo, imposto por notícias tóxicas, toma conta de nós e nos faz ainda mais isolados e afetados pela indiferença e que, pelo uso do comodismo, nos torna escravos em nome próprio e de vontades antissociais. Eu acredito que devemos beneficiar do desconforto da imposição de estarmos inoperacionais por um tempo, e de o aproveitar para repensar o futuro. E em sociedade e em nação, isso faz-se conscientemente, com formação e imposição, onde os governos adotam medidas justas e aprovam ajudas, para além de justas, obrigatórias, para que ALGARVE INFORMATIVO #248
possamos atravessar o deserto de forma segura, mas esperançosa de, no final, encontrarmos luz, factos, e não um oásis de deceções, previsões e angústias. Em termos nacionais e regionais, deveríamos elogiar os esforços de gentes e agentes que teimam em valorizar a terra e a agricultura. Um bom gestor não coloca todos os trunfos numa só jogada. O Algarve é terra de sonho, de lazer, de descoberta, de sol e de turismo, mas não só. É território de gente boa e dinâmica no plano do uso da terra e da transformação, a par do nosso vizinho Alentejo, de chão bom, a perder de vista, vazia de tudo, menos de esperança. O País cresceu em oferta gastronómica e na esteira do sucesso do vizinho espanhol, crescemos na última década em dinamismo, empreendedorismo, valorização do que é nosso, do que foi herdado, sempre amado. Mas há uma tendência institucional, nata, para complicar o fácil, desmotivar o sonhador, dificultar o trabalho de quem acredita e sabe poder fazer bem. E sempre que isto acontece, surgem os oportunistas que vão ocupando espaços estratégicos em nome de uma realidade que jamais existirá e isso mina aquilo que mais se deve desejar, a Qualidade 128
do que é nosso, do que nos representa, do que deveria ser acarinhado e incentivado por leis e políticos. Todas as cidades e províncias deveriam ter um plano diretório de necessidades, urbanístico no que diz respeito às quotas de comércio vário, de zonas de lazer, de produção e espaços de restauração. Para uma população flutuante de x milhares, quantas padarias precisamos? Quantos restaurantes e cafés? Quantas casas? A restauração estava, está podre. É urgente mudar. E este confinamento obrigatório, as medidas impostas e o medo, fecharam restaurantes e empresas, mas não as oportunidades de repensar os projetos, de nos educarmos e de aprendermos. Deveria servir para a mudança de atitudes, de luta contra a corrupção e o oportunismo. Soluções há sempre e em quantidade, mas nós temos o mau costume de sermos mais papistas que o papa e de impormos regras descabidas ou de tal forma estrangulatórias que só beneficiam os intrusos, pondo em causa a Qualidade do território. 129
Para além do selo «Free Covid», interessava haver um Carimbo que representasse um Algarve de Qualidade, onde desde a torrada à cataplana se servisse qualidade, da rua do morador mais singelo ao condomínio mais abastado, se mostrasse limpeza, da obra maios pequena à maior, se visse isenção e necessidade. Se cada estrangeiro que nos visitasse daqui saísse com total agrado, rendido à nossa qualidade, teríamos a certeza de que, mesmo em momentos de desfortúnio, saberíamos que o amanhã existe, repleto de esperança .
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