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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 23 de maio, 2020
MÁKINA DE CENA APRESENTOU O INQUIETANTE «20:20 PSICOSE» TAVIRA, A PRINCIPAL DO REINO DO ALGARVE | FESTA DA ESPIGA 1 INFORMATIVO #249 [UM] UNIMAL | E-NXADA | DANÇA CONTEMPORÂNEA ALGARVE DE SETÚBAL
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26 - Festa da Espiga de Salir
76 - Academia de Dança Contemporânea de Setúbal ALGARVE INFORMATIVO #249
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OPINIÃO 114 - Paulo Bernardo 116 - Mirian Tavares 118 - Ana Isabel Soares 120 - Fernando Esteves Pinto 122 - Augusto Pessoa Lima
14 - Edifício da Saúde em Loulé
102 - «UM [unimal]
90 - «E-Nxada» em Tavira
42 - «A Principal do Reino do Algarve - Tavira nos séculos XV e XVI» 7
60 - «20:20 Psicose» ALGARVE INFORMATIVO #249
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Vítor Aleixo, Jamila Madeira e Paulo Morgado
CENTROS DE SAÚDE DE LOULÉ, ALMANCIL E QUARTEIRA VÃO SER AMPLIADOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Jorge Gomes Município de Loulé apresentou, no dia 15 de maio, três projetos que vão reforçar a prestação dos cuidados de saúde à população, num investimento que ultrapassa os 4,2 milhões de euros, designadamente o novo Edifício da Saúde ALGARVE INFORMATIVO #249
de Loulé e as requalificações das Extensões de Saúde de Almancil e Quarteira. A cerimónia, que teve lugar no Cineteatro Louletano, contou com a presença da Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, que homologou a celebração do contrato interadministrativo para a obra de Loulé, assinado pelo presidente da Câmara Municipal de 14
Loulé, Vítor Aleixo, e pelo presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Paulo Morgado. De entre as quatro valências que terá o novo Edifício da Saúde de Loulé, realce evidente para a criação do primeiro Centro de Saúde Universitário de Portugal. O equipamento comportará igualmente as novas instalações da sede de Agrupamento de Centros de Saúde Algarve 1 – ACES Central, a Unidade de Saúde Familiar Lauroé, que serve 13 mil e 700 utentes, e a Unidade de Cuidados na Comunidade – UCC Gentes de Loulé, a maior da região, que ficará dotada de instalações mais amplas e modernas. No total, a obra representa um investimento na ordem dos 3 milhões e 700 mil euros, dos quais 65 por cento serão suportados pela autarquia louletana e os remanescentes 35 por cento ficarão a cargo da ARS Algarve. A abertura do
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lançamento concursal para a execução da obra deverá acontecer até ao final de maio e o edifício poderá ser uma realidade dentro de dois anos. A Extensão de Saúde de Almancil será ampliada para a zona onde se encontra atualmente o edifício da Junta de Freguesia, o que permitirá a duplicação da sua área. A intervenção passará pela criação de oito gabinetes médicos, entre outros espaços, num investimento orçado em 325 mil euros. No que toca ao Centro de Saúde em Quarteira, nascerá um novo bloco com cerca de 200 metros quadrados, onde serão criados sete novos gabinetes médicos e uma sala de tratamentos, num investimento que ronda os 200 mil euros. De referir que os projetos de ampliação das Extensões de Saúde de Almancil e Quarteira se encontram ainda em fase de estudo prévio.
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A construção de um edifício para a saúde na cidade de Loulé tem sido “um processo longo e difícil”, de acordo com Vítor Aleixo, que não tem dúvidas de que este será um dos investimentos mais valorizados e aguardados pelas gentes louletanas. “Se há coisas que
aprendemos com esta pandemia é que vale a pena apostar no sistema de saúde e, particularmente, no Serviço Nacional de Saúde. Felizmente que, em Portugal, temos tido a sorte – uma sorte que deu também muito trabalho – de não estarmos numa situação tão grave como noutros países, porque temos ALGARVE INFORMATIVO #249
lidado razoavelmente bem com esta crise de saúde pública”, frisou o presidente da Câmara Municipal de Loulé. “Temos que voltar a
robustecer, a revitalizar, a dotar o SNS de novos investimentos e infraestruturas e é isso mesmo que estamos hoje aqui a fazer”. Vítor Aleixo aproveitou ainda a cerimónia, “curta e singela”, para enaltecer a mobilização da sociedade civil louletana para enfrentar a covid-19, não esquecendo todos os profissionais de saúde nesta sua homenagem.
“Continuamos com um grande problema pela frente, não 16
sabemos como esta situação vai evoluir, mas temos estado à altura das exigências. E esta política do Município de Loulé em apostar na saúde dos seus concidadãos vai traduzir-se também na reabilitação das Extensões de Saúde de Almancil e Quarteira, fruto de muita colaboração com a Administração Regional de Saúde do Algarve e correspondendo ao desejo de se criarem as melhores condições de trabalho possível para os seus profissionais e, acima de tudo, para servir melhor os seus utentes”, sublinhou o autarca que, como se 17
adivinhava, falou igualmente do projeto ABC Loulé Active Life Health & Research, que se concretizará em Loulé e Vilamoura. “Corresponde à nossa
visão estratégica de apostar fortemente na ciência, neste caso da investigação científica, e na área do envelhecimento ativo e no bem-estar da população, e terá a capacidade de inovar, de atrair jovens investigadores com ambição de progredir nas suas carreiras e de constituir uma alavanca importante para potenciar a construção do futuro Hospital Regional”, entende o responsável autárquico. “Não ALGARVE INFORMATIVO #249
chegam o turismo e a agricultura – que tem cada vez mais peso na economia regional – precisamos de abrir novos setores, um deles ligado à investigação científica e a políticas de bem-estar, que casam na perfeição com a atividade turística do Algarve. Acreditamos que o ABC gerará frutos muito bons para todos nós”. Apesar do otimismo, Vítor Aleixo voltou ALGARVE INFORMATIVO #249
a lembrar que o processo do Edifício da Saúde de Loulé vai longo e ainda não chegou ao fim, tendo-se iniciado, em junho de 2010, com a assinatura de um protocolo entre Rui Lourenço e Seruca Emídio, na época presidentes da Administração Regional de Saúde do Algarve e da Câmara Municipal de Loulé, respetivamente, após o que ficou vários anos «na gaveta». “Como
sempre, é o Partido Socialista que investe nas funções essenciais do 18
Estado Social. A orientação política mudou em Portugal e esse projeto de investir no SNS foi interrompido, até que um novo ciclo público foi inaugurado pelo PS e, em 2016, fomos buscar o protocolo à gaveta e voltamos a trabalhar nele. Têm sido muitos os obstáculos e dificuldades, mas em Loulé não nos falta energia e, felizmente, meios financeiros para investir o dinheiro 19
público onde ele é mais necessário e para usufruto dos nossos concidadãos”.
EM ALMANCIL E QUARTEIRA NÃO HÁ LUGAR PARA SENTAR MÉDICOS E ENFERMEIROS Para Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do ALGARVE INFORMATIVO #249
Algarve, a pandemia que o mundo vive teve o condão de demonstrar, a todos, que não existe economia sem saúde,
“uma evidência que não era partilhada, até há alguns meses, por boa parte do planeta”. “Um vírus muito pequeno transformou, em poucas semanas, o mundo, e vai continuar a transformar, porque vieram para ficar um conjunto de alterações nas nossas vidas”, assumiu. Nesse sentido, investir na saúde das pessoas tornou-se fundamental para todos os governos, sociedades e empresas e os serviços de saúde, “que
eram vistos como algo auxiliar, tornaram-se em algo central”. O dirigente defende, portanto, um SNS robusto e organizado com capacidade de resposta para esta e para as calamidades que se vão seguir. “Desengane-se
quem pensa o contrário. No passado já houve pandemias e o futuro vai trazer outras idênticas a esta, portanto, tenho que felicitar a visão que a Câmara Municipal de Loulé tem, e de que outras autarquias por esse país fora também partilham, de investir na saúde das pessoas. É claro que, para termos um SNS mais robusto, com melhores e mais profissionais e instalações, é necessário que o poder local seja um parceiro do poder central e regional. Esta cooperação é crucial e, em Loulé, isso materializa-se, por exemplo, no novo Edifício da Saúde”, destaca ALGARVE INFORMATIVO #249
Paulo Morgado, elogiando igualmente os investimentos a realizar em Almancil e Quarteira, as duas freguesias com maior crescimento populacional do concelho de Loulé e onde, neste momento, “não temos lugar para
sentar os médicos e os enfermeiros”. “Loulé é um dos concelhos onde há mais habitantes sem médico de família. Temos 11 médicos a fazer a sua especialidade de Medicina Geral e Familiar no concelho e se todos eles aqui ficarem, o problema fica resolvido. Mas não temos onde os sentar”, evidencia o presidente da ARS Algarve.
TODOS OS CENÁRIOS FORAM ANTECIPÁVEIS A cerimónia finalizou com as palavras de Jamila Madeira, Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, que esteve presente quando foram colocados os primeiros contentores na Unidade de Saúde Familiar Lauroé, “já lá vai um tempo bastante considerável”, recordou a louletana com um sorriso.
“Loulé tem à sua frente um autarca persistente, determinado, incansável na defesa dos interesses dos seus cidadãos e acredito que, daqui a dois anos, estaremos cá os dois a inaugurar mais uma obra ao serviço dos utentes e de todos os cidadãos que dela precisem. Queremos construir um Serviço Nacional de 20
Saúde que, de facto, sirva os utentes, que sirva o propósito para que foi pensado quando António Arnaut o concebeu. E temos a noção clara que só humanizando e reforçando a capacidade de resposta, mas, sobretudo, criando uma rede de cuidados de saúde primários que permita antecipar todos os problemas de saúde que os cidadãos enfrentam, é que conseguiremos ter depois uma resposta ao nível hospitalar e das
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diferentes terapêuticas em condições”. Segundo a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, é com este tipo de parcerias, dinâmicas e alavancagens que o Ministério de Saúde quer fazer mais e melhor, porque o levantamento das necessidades, em conjunto com cidadãos e autarcas, é determinante para se melhor resolverem os problemas existentes. “Às vezes há
obras bastante simples, mas que fazem a diferença para os utentes, que permitem tornar
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toda a lógica de saúde numa realidade mais eficaz e o cluster de saúde numa oportunidade. Só assim conseguiremos construir um futuro mais sólido”, salienta Jamila Madeira. “Mas também com muito trabalho de formiguinha, antecipando os problemas, construindo cenários, perspetivando soluções. Vivemos uma pandemia que não tem terapêutica, que ainda não tem vacina, onde ainda existe muito desconhecimento, e era preciso minimizar todos os impactos junto da população, para que, no dia seguinte, possamos sorrir e dizer ALGARVE INFORMATIVO #249
que o pior já passou. E os resultados positivos de Portugal só foram possíveis graças a uma dedicação abnegada da parte de todos os profissionais de saúde”, elogiou a louletana. Um empenho que se estendeu a todas as autarquias portuguesas, incansáveis na construção de soluções e na antecipação de cenários, “alguns,
os mais extremos, que, felizmente, ainda não tiveram que ser ativados”. “E temos que agradecer a todos os voluntários que permitiram o reforço desta rede e que possibilitaram que 22
chegasse ao hospital apenas aquilo que é hospitalar. Por isso, podemos dizer que o CHUA – Centro Hospitalar e Universitário do Algarve foi, talvez, um dos melhores a ultrapassar os problemas que até agora enfrentamos no âmbito da covid-19 em todo o país. Até agora, todos os cenários foram antecipáveis e o nosso desempenho permite-nos, igualmente, que sejamos bem vistos junto da comunidade internacional e que possamos olhar para o futuro com outro alento e energia. Da mesma forma que atravessamos estes desafios, vamos conseguir atravessar os seguintes, que não 23
são menos complexos”, alerta Jamila Madeira. “Vivemos numa região que depende do turismo, o setor económico que provavelmente foi o mais afetado pela pandemia, mas estamos a passar por isto com excelentes resultados. Agora, temos que transmitir esses sinais de segurança e confiança a quem nos costumava visitar. Mas temos todos que estar alerta, pois cabe a cada um de nós mudar o paradigma durante esta fase de desconfinamento e não baixar a guarda”, apelou a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde .
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Recordar a Festa da Espiga em Tempo de pandemia Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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espeitando as recomendações das entidades competentes, e com um forte sentido de responsabilidade, a Junta de Freguesia de Salir e a Câmara Municipal de Loulé alteraram o formato da 53.ª Festa da Espiga, que se iria realizar a 21 de maio, Dia do Município de Loulé, adaptando-a à nova realidade que estamos a viver. Desta forma, a festa mais tradicional e emblemática desta freguesia foi assinalada em dois momentos diferenciados e inovadores: «A Espiga vai a sua casa», em carros alegóricos; e «A ALGARVE INFORMATIVO #249
Espiga em direto», por meio digital. Deste modo, no dia 21 de maio, decorreu, na parte da manhã, a iniciativa «A Espiga vai a sua casa», com dois carros alegóricos a percorrerem toda a freguesia. Da parte da tarde foi possível assistir, através da página de Facebook da Junta de Freguesia de Salir, aos concertos de Filipa Nobre, André Catarino, Diogo Ramos e Gonçalo Tardão, na iniciativa «A Espiga em direto». Mas, nas páginas do Algarve Informativo, recordamos também a Festa da Espiga com imagens das duas últimas edições.
“Com o mesmo empenho das 28
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edições anteriores e certos que será uma Festa da Espiga diferente, uma vez que não poderemos estar juntos, não quisemos deixar de estar presentes”, sublinhou a comissão organizadora, manifestando a ambição e entusiasmo de que, em 2021, tudo decorra com a normalidade esperada e endereçando a todos os intervenientes na organização da festa, aos patrocinadores e comércio local, uma palavra de esperança para o futuro e agradecimento pelo apoio ao longo destes anos. A Festa Espiga de Salir teve a sua ALGARVE INFORMATIVO #249
primeira edição a 23 de maio de 1968 e foi organizada pelo então presidente da Junta de Freguesia, José Viegas Gregório, uma das figuras mais emblemáticas da região. Anualmente, centenas de pessoas deslocam-se a Salir no Dia da Espiga, que marca o início da época das colheitas, para apreciar o artesanato, a gastronomia, o folclore, a etnografia e a poesia popular. Graças à notoriedade alcançada pelo evento, a Câmara Municipal de Loulé decidiu passar a comemorar o Dia do Município na Quinta-Feira da Espiga . 30
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«A PRINCIPAL DO REINO DO ALGARVE» RECORDA OS 500 ANOS DA CIDADE DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Museu Municipal de Tavira reabriu, no dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, com a inauguração da exposição «A Principal do Reino do Algarve – Tavira nos séculos XV e XVI», realizada com investigação multidisciplinar e fundamentação científica, educativa e didática e que procura explicitar, de forma sintética e acessível, as razões políticas, sociais, económicas e culturais que levaram D. Manuel I a elevar Tavira a cidade em março de 1520. Foi elaborada com a colaboração de duas dezenas de especialistas que participaram em dois seminários preparatórios, assim como com o apoio de diversos museus, bibliotecas e arquivos portugueses. ALGARVE INFORMATIVO #249
Nesta exposição, o visitante pode encontrar documentação histórica, cartas régias, livros e cartografia antiga, mapas e plantas, objetos de medição, obras de arte dos séculos XV e XVI, instrumentos de navegação e réplicas de naus, uma cota de malha e diverso armamento militar, a reprodução de uma das tapeçarias de Pastrana, entre muitos outros elementos informativos. “Há uma
cidade mais antiga no Algarve, Silves, ainda do período islâmico, mas, após a conquista dos Cristãos e da fundação da nacionalidade, Tavira foi, de facto, a primeira do Algarve a ser elevada à condição de cidade”, explicou Jorge Queiroz, Diretor do 44
Museu Municipal de Tavira, acrescentando que a exposição começou a ser passado há mais de três anos para assinalar “a feliz coincidência de
estarmos todos vivos quando uma cidade completa meio milénio de existência”. A realização de dois seminários foi bastante importante para a recolha de muita da informação presente nesta mostra, bem como no seu catálogo,
“que comporta várias disciplinas e o somatório de diversos conhecimentos”, prosseguiu Jorge Queiroz, adiantando que «A Principal do Reino do Algarve – Tavira nos séculos XV
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e XVI» está dividida em sete elementos distintos, aproveitando as muitas salas existentes no Palácio da Galeria. Por isso, logo à entrada, é possível ver a reprodução da Carta de Elevação de Tavira a Cidade por D. Manuel I, e a sua posterior confirmação por D. João III.
“Optamos por não trazer muitos documentos originais para a exposição porque a própria iluminação lhes pode provocar danos. São documentos que fazem parte do Património Nacional e todos os cuidados são poucos, mas temos aqui vários originais”, refere, antes de recordar os seis reis da segunda dinastia que
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João Pedro Rodrigues, Ana Paula Martins e Jorge Queiroz
passaram por Tavira – D. João I, D. Duarte, D. Afonso V, D. João II, D. Manuel I e D. Sebastião – o que atesta a importância que Tavira tinha na época.
“Inclusive, D. João II ficou a morar em Tavira durante vários meses, porque Portugal estava a tentar construir a Fortaleza da Graciosa, algo que não chegou a ser concretizado. E, no regresso da tomada de Ceuta, em 1415, o Rei, os Príncipes, D. Nuno Álvares Pereira, todas essas figuras, vieram por Tavira e aqui foi atribuído o Ducado de Coimbra a D. Pedro e o Ducado de Viseu a D. Henrique. A primeira ALGARVE INFORMATIVO #249
medida de Centralização e da criação de um estado moderno aconteceu em Tavira”, salienta. Uma segunda sala aborda toda a componente da expansão marítima e da construção naval, com caravelas, instrumentos náuticos, quadros e outros artefactos, com Jorge Queiroz a enaltecer a postura dos diversos museus que acederam a emprestar parte do seu espólio para «A Principal do Reino do Algarve – Tavira nos séculos XV e XVI». “Não se trata aqui
apenas da história de Tavira, mas de todo o país e do peso que 46
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Portugal teve no Mundo na Época dos Descobrimentos. E, nessa sala, destaque para os Cortes-Reais, uma família de navegadores, um deles o descobridor da Terra Nova, do atual Canadá, assim como uma série de cartas náuticas que demonstram, de certa forma, que a cartografia portuguesa era a mais importante do mundo naquele tempo. Aliás, houve um espião italiano que veio a Lisboa para tentar copiar uma Carta Náutica para levar para o Duque de Ferrara”, conta Jorge Queiroz. Na componente militar, o Diretor do Museu Municipal de Tavira realça, de imediato, uma cota de malha datada do século XV/XVI, para além das armaduras do Rei Francisco I de França e do mapa 49
das praças portuguesas do norte de África. “Do ponto de vista estético,
a cota de malha não tem uma grande beleza, mas é de um simbolismo enorme. E temos cá uma das tapeçarias de Pastrana, descobertas no princípio do século XX, que foram encomendadas, por D. Afonso V, a uma oficina na Flandres”, indica, passando, de seguida, para a terceira sala, que incide sobre a economia e a sociedade da época. “Recorda, por
exemplo, a Feira Real, instituída por D. João II no século XV, que passou de mês e meio para três meses de duração, porque eram tantos os comerciantes que rumavam a Tavira nessa ocasião. ALGARVE INFORMATIVO #249
O historiador Alberto Iria fala, inclusive, de mais de 200 navios ancorados no Porto de Tavira, uma informação que terá que ser confirmada, mas que dá uma ideia clara do movimento naval que aqui existia”. O urbanismo de Tavira está visível na quarta sala da exposição, com os principais monumentos e a Planta de Ferrari, a mais antiga de Tavira, do século XVI. “Os edifícios estão todos cá,
felizmente que ainda não desapareceram”, apontou Jorge Queiroz. A arte está na quinta sala, “com quadros perfeitamente excecionais” cedidos pelo Museu Nacional de Évora, pelo Museu de Faro e pela Paróquia de Tavira, onde se incluem os quatro Painéis de Santiago. Já o Renascimento e a Contra Reforma estão ALGARVE INFORMATIVO #249
em destaque na sexta sala da mostra, dois movimentos importantes do século XVI. “Por um lado, tivemos
um momento de grande expansão das ciências, artes, cultura e educação; por outro, a Contra Reforma, consequência do Concílio de Trento, que instituiu a Inquisição e que levou muita gente a fugir de Portugal. Essa foi uma das causas da decadência de Portugal, Espanha e Itália nesse período, ficamos sem figuras bastante importantes. Em Tavira, o Frei Valentino da Luz foi queimado nas fogueiras, em Lisboa, no século XVI, por ter algumas ideias avançadas. A nossa história é feita de luzes e sombras e não podemos abordar apenas os aspetos positivos e que 50
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nos orgulham, mas também chamar a atenção para aquilo que se fez de mal”. «A Principal do Reino do Algarve – Tavira nos séculos XV e XVI» chega ao fim com uma sala criada a pensar nas crianças, que faz um resumo da história de Tavira daquela época e onde se encontram, inclusive, dois tronos, para um Rei e para uma Rainha, onde os mais novos podem assinar as Cartas de Elevação de Tavira a Cidade. “A exposição foi construída
de uma forma bastante pedagógica e educativa, para ser o mais acessível possível às pessoas. É para elas que trabalhamos e esperamos que possam usufruir da mostra”, declarou Jorge Queiroz, com orgulho. Um orgulho partilhado, como é óbvio, por Ana Paula Martins, presidente da Câmara ALGARVE INFORMATIVO #249
Municipal de Tavira. “Queremos dar
a conhecer a importância de Tavira nos séculos XV e XVI, tanto ao público em geral, como aos mais jovens. O objetivo é que os tavirenses fiquem ainda mais orgulhosos da sua terra”, sublinha a autarca. Uma exposição que agora pode ser visitada, de terça a sábado, entre as 9h30 e as 14h30, sendo que a abertura do Museu Municipal de Tavira se encontra condicionada aos aspetos de segurança individual e lotação máxima nas salas, de acordo com as normas emanadas pela Direção-Geral de Saúde.
“As escolas estão fechadas, pelo que vamos tentar prorrogar o prazo da exposição, de modo a que as crianças a possam ver. 52
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Vamos falar com as entidades que nos emprestarem os materiais para ver se isso é possível”, explica Ana Paula Martins. Quanto ao menor mediatismo que Tavira teve na história do Algarve, quando comparado com Silves, Lagos e Faro, a presidente de câmara fala de algumas «brancas» de investigação.
“Tavira ficou um pouco esquecida, mas foi a principal do Reino do ALGARVE INFORMATIVO #249
Algarve naqueles séculos. Temos um património histórico e cultural vastíssimo que é facilmente observável na cidade e esta exposição vem consolidar o peso que Tavira teve na história de Portugal, e no período mais áureo da nossa nação, durante os Descobrimentos” . 54
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MÁKINA DE CENA APRESENTOU O INQUIETANTE «20:20 PSICOSE» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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oulé festejou, a 21 de maio, o seu Dia do Município e do programa comemorativo fez parte a vídeo-performance «20:20 PSICOSE» protagonizada pela Mákina de Cena. Uns dias antes, o Algarve Informativo deslocou-se à sede da associação para acompanhar as gravações deste inquietante trabalho inspirado em «4:48 psicose» de Sarah Kane, desta feita com Conceito e Interpretação de Carolina Santos, Direção de Fotografia e Realização de João Catarino e Sonoplastia e Produção de Marco Martins. 63
«20:20 PSICOSE» foi a resposta ao convite lançado pelo Cineteatro Louletano para integrar a programação online preparada no âmbito do 90.º aniversário deste equipamento cultural. E, na sua génese, está o último texto escrito por Sarah Kane, no contexto de uma longa depressão.
“Reutilizamos a sua poética do sofrimento enquanto linguagem universal e inteligível por todos. Motivada pela dificuldade e estranheza dos tempos que vivemos, por uma nova forma de existência dependente da ALGARVE INFORMATIVO #249
interação e comunicação imaterial ou distanciada, e por uma acrescida dificuldade em discernir tudo o está a acontecer, pelo acesso massivo a tanta e tão contraditória informação”, explica Carolina Santos, que tem aqui mais uma interpretação extremamente sólida e impactante. «20:20 PSICOSE» surge, então, após um longo e confuso silêncio, “como uma
resposta ao desafio de trabalhar com outros pressupostos, mais ajustados ao presente (como a ausência física de público), e aproveitar as possibilidades expressivas e estéticas específicas ALGARVE INFORMATIVO #249
que a edição de vídeo permite”, prossegue a atriz. E a performance tem ainda mais razão de ser no cenário que vivemos atualmente porque a depressão é uma realidade. “Haverá,
neste preciso momento, muitas pessoas num sofrimento profundo, sem que ninguém saiba, ou sem acesso a ajuda profissional, e certamente não apenas por causa da Covid-19. Nesta performance, escolhemos universalizar a dor de existir e a nossa finitude (ou mortalidade), com recurso à narrativa não linear de Kane e ao fluxo de consciência de alguém que sente tudo ao 64
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mesmo tempo, oscilando entre memórias fragmentadas e inconstantes e a distorção da realidade”, descreve Carolina Santos.
mudanças necessárias para uma possível cura do mundo é uma tarefa herculiana, provocando perigosos estados de ansiedade e levando a depressões profundas”,
Deste modo, sem pretender analisar o passado nem o futuro, “e sem separação do eu e do outro”, em «20:20 PSICOSE» a Mákina de Cena assume que todo o planeta está doente.
alerta, sem esquecer o atual panorama em que vive a arte. “Com a Covid-19,
“A realidade, sem os filtros egocêntricos da nossa sociedade, afigura-se cruel, porque existem demasiadas variantes frágeis e ignoradas que seremos obrigados a retificar para que fique mesmo tudo bem”, justifica Carolina Santos. “Integrar de uma só vez todas as 67
ficamos em casa, e vemos o quanto o Todo se sobrepõe ao Eu, o quão impreparados estamos para lidar com o que foge ao nosso controlo. E questionamos o nosso papel, em tantos sentidos... A impotência é avassaladora”, admite, preocupada. Como se apresenta, então, a Arte no meio disto, questiona a Mákina de ALGARVE INFORMATIVO #249
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Cena. Entre a sobrevivência dos seus fazedores e a necessidade de criar, de continuar a existir mesmo na adversidade, que formas e que conteúdos surgem? “Este é um exercício criativo
sobre quais os limites de um objeto artístico feito exclusivamente para o online, para o agora que todos vivemos, sem o calor do público presente. «20:20 PSICOSE» é, entre outras coisas, um combate muito pessoal e um manifesto anti-medo. Podemos dizer o que estamos a
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dizer? É preciso dizer? Conseguimos fazê-lo com poucos recursos? Criação e sobrevivência…? Preocupa-nos o conteúdo ou o invólucro? A quantidade de visualizações? Podia continuar com as perguntas, porque elas surgem em catadupa e são muito poucas (ou nenhumas) as respostas… Só o tempo as trará”, conclui Carolina Santos .
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ACADEMIA DE DANÇA DE SETÚBAL APRESEN Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #249
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Academia de Dança Contemporânea de Setúbal subiu ao palco do Teatro Lethes, em Faro, nos dias 23 e 24 de fevereiro de 2018, com um espetáculo interpretado pela Pequena Companhia com direção artística de Marina Sarmento. A estrutura foi fundada, em 1982, por Maria Bessa e António Rodrigues, que a dirigiram entre 1982 e 2003, com o intuito de desenvolver um ensino de acordo com os princípios orgânicos inerentes a todas as formas de movimento. O objetivo foi, desde o início, dar aos alunos a possibilidade de adquirirem a proficiência necessária ao desempenho ALGARVE INFORMATIVO #249
da profissão de bailarino e torná-los aptos para competir no mercado internacional, independentemente das características próprias de uma companhia de dança profissional, mantendo presentes e desenvolvendo as suas potencialidades criativas. O ensino simultâneo desde o primeiro ano de técnica de dança moderna, dança clássica e improvisação têm constituído uma mais-valia na prossecução destas metas. Prova disso são os bailarinos profissionais formados pela Academia de Dança Contemporânea de Setúbal que têm ingressado em companhias profissionais de características clássicas ou contemporâneas, bem como os prémios com que foram distinguidos em coreografia . 78
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COMPANHIA ERVA DANINHA RECRIOU CICLO AGRÍCOLA NO «CENAS NA RUA» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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nserido no 14.º Festival Internacional de Teatro e Artes na Rua – «Cenas na Rua», a Companhia Erva Daninha, do Porto, trouxe até Tavira, em 2018, a sua «E-Nxada», um espetáculo de circo contemporâneo que remete o espetador para a ruralidade, a sua desconstrução e o imaginário, sob um ponto de vista urbano e contemporâneo. No Jardim do Coreto assistiu-se, então, a uma investigação artística, através da relação do corpo e do objeto, em cruzamento com a instalação plástica, composição sonora e iluminação. «E-Nxada» é uma alusão poética ao ALGARVE INFORMATIVO #249
trabalho da terra por meio de um objeto/alfaia ancestral que relaciona o homem com a paisagem. Parte-se, depois, do ritual, do esforço e da resistência para, simbolicamente, apresentar um tradicional ciclo agrícola, composto pelos momentos de cavar, semear, germinar, regar e colher. Por via da desconstrução da enxada alude-se ao espírito da materialidade rural para o contexto urbano, crescentemente imaterial/evanescente nos tempos modernos. Por isso, importa recordar as origens, a importância da agricultura na fixação dos povos, o seu desenvolvimento e a relação do homem com a natureza . 92
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FESTIVAL DANCE, DANCE, DANCE TROUXE A FARO, EM 2018, UM [UNIMAL] DE CRISTINA PLANAS LEITÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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etembro é mês de muita dança no Teatro das Figuras, em Faro, com o Festival Dance, Dance, Dance a arrancar, em 2018, com UM [unimal], com Direção Artística e Coreografia de Cristina Planas Leitão e interpretação de Anaísa Lopes. O solo foi desenvolvido a partir da ideia de Sobrevivência e materializa-se pela fisicalidade da Marcha. “Trabalha-se a
noção de corpo arquivo e de corpo que carrega uma história através da dança. A marcha desdobra-se em movimentos que derivam do caminhar e que se revelam no binómio danças de resistência/resistência na dança”, explicou a coreógrafa à conversa com o público no final do espetáculo. ALGARVE INFORMATIVO #249
Através de instruções ao vivo, transmitidas à intérprete durante toda a peça por via de auriculares, abordamse conceitos como autoria, autoridade, liberdade e liderança. “Não me
interessava fazer uma peça política, mas em que eu estudasse vários tipos de dança e os começasse a «secar», a perceber a forma como eles se podiam transformar no movimento do caminhar. Marchar é um movimento de manifestação, mas também de controlo. Queria também falar do que é persistir nesta profissão e em cima do palco, e da ideia de uma violência que está quase banalizada”, referiu Cristina Planas Leitão. “Em palco 104
temos um corpo quase androide, um corpo máquina que se vai tornando mais humanizado através do cansaço, que é bastante visível à medida que a peça vai avançando”. Havendo um roteiro pré-definido para UM [unimal], o que não é fixo é o tempo em que cada passagem acontece, esclarece a coreógrafa, sendo que os derradeiros 15 minutos são mais abertos, menos programados, com palavras diferentes a despoletarem reações distintas à intérprete. “Existe uma
partitura fixa, mas vou gerindo os tempos de entrada em função daquilo que ela vai fazendo em palco. Tudo começou com a construção do vocabulário que vou usando no diálogo com a personagem, que é interpretada
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por três bailarinas diferentes, de acordo com as datas. São três mulheres com um corpo muito feminino, mas a peça tem movimentos que podem ser entendidos, de facto, como bastante masculinos. Na verdade, a peça é um ensaio assistido, é como se estivéssemos a treinar, mas com um público pela frente”. UM [unimal] foi uma coprodução da Culturgest Lisboa, Teatro Municipal do Porto, Festival Dance Dance Dance e Teatro Aveirense que contou com o apoio financeiro da Direção Geral das Artes e da Fundação Calouste Gulbenkian, bem como o apoio institucional do Ministério da Cultura, através da Direção Regional de Cultural do Norte/Casa das Artes .
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OPINIÃO Associação Algarve Paulo Bernardo (Empresário) Algarve tem pouco mais de 73 mil empresas, para uma população de 400 mil habitantes, são muitas empresas. O Algarve representa uma parte considerável das receitas do turismo em Portugal. O Algarve, no que eu sempre chamarei de Região de Turismo do Algarve, tem as seguintes associações, que por estarem lá, presumo que são as mais importantes: AIHSA - Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve; AHETA - Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve); ACRAL - Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve); APAVT Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo; NERA - Núcleo Empresarial da Região do Algarve; CEAL Confederação dos Empresários da Região do Algarve; Rota Vicentina - Associação para a Promoção do Turismo de Natureza; Algarve Golfe - Associação Regional de Golfe do Sul; e Algarve Anima - Associação de Empresas de Animação Turística do Algarve. Presumo que estas nove associações tenham como associados a maior parte das 73 mil empresas do Algarve.
Industrial do Funchal, que, aquando da sua fundação, em janeiro de 1836, se chamava Associação Comercial e Industrial do Funchal. Hoje, tem o estatuto de Instituição de Utilidade Pública e também é Câmara de Comércio e Indústria da Madeira (CCIM), gere o seu próprio «Enterprise Europe Network», para além de, em conjunto com o Governo Regional da Madeira, terem criado a Agência de Promoção da Região Autónoma da Madeira.
Durante os tempos em que trabalhei na Madeira, e foram muitos meses durante alguns anos, conheci uma associação chamada ACIF - Associação Comercial e
Não será porque a Madeira tem esta associação com quase 200 anos que é uma Região Autónoma. Ou julgam que temos mais força com nove associações, não
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Atualmente, tem associadas cerca de 800 empresas (comércio 42 por cento, serviços 29 por cento, turismo 18 por cento, indústria 11 por cento). Tem hoje, e por todos os motivos atrás referidos, uma implantação em toda a Região Autónoma da Madeira. Como é do conhecimento geral, o Algarve e a Madeira são as maiores regiões turísticas de Portugal, por isso, falar no tecido associativo em comparação. Assim, faz sentido falar nos diferentes modelos de organização associativa. Podem dizer que a Madeira tem apenas uma com muito poder, porque a Madeira é uma Região Autónoma, contudo, a mesma existe desde 1836.
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conhecem o ditado «dividir para reinar»? Já repararam que, sendo o Algarve a maior Região de Turismo do Pais, não tem qualquer tempo de antena, a TAP não voa para aqui internamente, quanto mais fazer voos para a Europa ou para o continente americano, não merecemos ter um São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, para Faro. Só olhamos para o umbigo de nós mesmos. Se cada uma das nove associações se coloca como defensora dos interesses do Algarve em vezes dos seus próprios interesse, não é difícil entenderem-se e 115
criarem uma grande associação regional, que mostre a quem está de fora que o Algarve é uma região unida sobre uma única associação que defende os interesses de quem cá desenvolve a sua atividade económica e, por conseguinte, de quem cá vive. Julgo que estamos a chegar ao ponto de não retorno, ou arrepiam caminho agora ou, no máximo, nos próximos 10 anos, desaparecem e são engolidas pelas associações de abrangência nacional, e aí, para alem de termos os políticos que só olham para Lisboa, passamos também a ter as associações a fazer o que Lisboa manda mais do que fazem hoje. Percam o orgulho e juntem-se, a bem do Algarve! . ALGARVE INFORMATIVO #249
OPINIÃO O retorno do recalcado Mirian Tavares (Professora) “It is precisely because our bodies are the new enclaves of biopower and because our apartments are the new cells of biovigilance that it is more urgent than ever to invent new strategies of cognitive emancipation and resistance”. Paul B. Preciado á dias li um texto do escritor e filósofo espanhol Paul B. Preciado que refletia sobre a obra de Foucault, Vigiar e Punir, em tempos de pandemia. O texto é muito mais do que uma reflexão, ou releitura da obra de Foucault, é uma reflexão inteligente e bem articulada sobre o mundo em que vivemos – seus limites, fronteiras, conexões e desconexões. Preciado especializou-se nas questões relacionadas com o desejo, a submissão, a aceitação de padrões previamente estabelecidos pela sociedade e mesmo pela anatomia. Paul nasceu Beatriz e com a ajuda de químicos tornou o seu corpo compatível com o seu desejo. Nesse processo escreveu um livro sobre aquilo que ele denomina de fármaco-pornografia: o papel da indústria farmacêutica e da manipulação do desejo, feita pela sociedade, refletem-se no nosso quotidiano. Dormimos com a ajuda de fármacos, ficamos acordados com a ajuda ALGARVE INFORMATIVO #249
de fármacos e, nalguns casos, sem os fármacos, não somos seres desejantes, fisiológica ou psiquicamente. A pornografia direciona e categoriza as pessoas em classes, de acordo com seus desejos, mais ou menos confessados. Vale a pena ler o ensaio de Preciado sobre o criador da Playboy, Hugh Hefner. Entre aulas, reuniões e leituras, assisti a um vídeo do Gregório Duvivier, no Youtube, em que ele refletia, ironicamente, sobre a ideia de «leveza». Também de forma inteligente e bem articulada, e com muito sentido de humor, Duvivier fala de uma música, levinha, que ele cantarolava quando queria sentir-se feliz. A música, de Tom Zé, diz o seguinte: Menina amanhã de manhã Quando a gente acordar Quero te dizer Que a felicidade vai Desabar sobre os homens Um convite explícito à felicidade, em forma de samba, muito leve. Até que o Duvivier descobriu que a letra, tão «pra 116
cima», tinha sido inspirada na época mais pesada da Ditadura no Brasil – o país que ia dar certo, onde todos eram felizes e quem não o amasse, deveria abandoná-lo. A felicidade era uma obrigação do Estado, não um estado de contentamento. Celebramos, talvez cedo demais, o fim das ditaduras e entramos alegremente na desvairada democracia neoliberalizante. Que, por sua vez, também nos obriga, à sua maneira, a sermos felizes – através de Foto: Victor Azevedo medicação, de sobreexposição de nós mesmos em batalhas das quais, quase sempre, o dono momentos felizes, em momentos do corpo não ganha. E é por isso que fotografáveis e partilháveis. gostei de ter lido o texto de Preciado porque ele afirma que é exatamente Falava, noutro dia, sobre o «retorno do porque nossos corpos são os novos recalcado», este conceito Freudiano que enclaves do biopoder e as nossas casas se refere a tudo aquilo que empurramos converteram-se em células de para dentro de nós, para um lugar escuro e videovigilância, que é preciso resistir e fechado, dentro de nós mesmos, porque inventar novas estratégias de aquilo nos incomoda, perturba, emancipação. traumatiza. Porque aquilo contém desejos que não nos parecem exibíveis, ou Talvez a leveza seja um caminho neste vivenciáveis, ou dores com as quais não processo. A leveza do Gregório Duvivier, conseguimos lidar. Tinha pensado em que alia o humor à reflexão, mas que não escrever um texto leve, a falar do deixa de clamar pela nossa capacidade de confinamento dos corpos, mas também resistir. O recalcado, tudo aquilo que dos espíritos, das mentes, de nós mesmos. durante anos ninguém teve coragem de dizer ou de assumir, está a bater à nossa Já pensaram porque é que falamos: “meu porta diariamente, através de corpo?” Como se o corpo fosse uma comentários, posts, imagens. Não vale a entidade à parte e fosse necessário pena negar sua existência. Temos de afirmarmos esta pertença a cada instante? reconhecê-la para que possamos varrer Se calhar falamos “meu corpo” porque essa onda de ódio e de obscuridade para sabemos que no fundo ele não nos pertence, que a última barreira, limite, muito longe de nós . fronteira ultrapassada entre a sociedade e o sujeito, é o corpo, onde decorrem 117
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OPINIÃO Do Reboliço #85 Ana Isabel Soares (Professora) s codornizes cantam como se abrissem o bico debaixo de água, como se o meio da seara fosse o interior de um aquário e os trinados fossem chamados (leves, breves, suaves) de socorro, mas o afogamento não significasse um sofrer por aí além de aflito. Devem ser surdas, pensa o Reboliço – ia passando na estrada quando ouviu uma. Aproximouse, pata ante pata, mas parou, que sentiu o trigo a estremecer mais do que o vento o faria (ou seria a aragem a fazer soar as ervas a estalar, agora secas, sob o peso canino do corpo). Era só uma codorniz que ali estava, e só se espantou já o bicho estava em cima dela, duas ou três espigas de distância e nada mais. O bicho diverte-se na brincadeira: ouve o cantar dos pássaros e avança. Aproximase, alenta o passo, detém-se, achega-se, suspende de novo uma pata, dá o avanço que faz espoletar o voo – e então vem o gozo de ver levantar no ar a máquina de voar: o barulho das asas na seara, a seara a abrir-se e a fechar-se enquanto o volume da ave dela se desprende, as asas do pássaro, abrindose, a levar para o céu o som do restolhar do trigo, o susto no coração dela, o salvar-se, o pousar no cabo elétrico mais ALGARVE INFORMATIVO #249
próximo, a vigilância, o minúsculo coração a bater, a bater, a bater com a força de um falcão. Abrir e fechar é o que fazem as asas dos pássaros, as espigas altas do trigo. Avançar e parar é o que faz o Reboliço. Descer e subir, voar e pousar, e o bicho leva o tempo a ver os movimentos e os contrários deles. Tanta atenção põe na atenção, que chega a confundir-se (quando o sol está forte, confunde-selhe o que vê, sem precisar de mais). No outro dia, passeava entre as encostas de declive pouco que há à volta do monte do Moinho, estradas que já foram antigas e hoje – porque só as pisam as patas leves do canito ou o arrastar dos escaravelhos rebenta-bois, a que chamam, por engano, vacas-louras – são nada mais do que um carreiro de ervas e flores com maior desbaste em cada um dos lados, mais algumas pedras alinhadas a denunciar o passo de um colono romano (chamado assim, mas talvez enganosamente também, que nas paragens onde para o Reboliço o mais dos servos do império que terão passado viriam do Sul, de Puglias ou de Sicílias, e de Roma-cidade não hão de ter sequer sentido o cheiro). Passeava vendo além as encostas e numa delas, batida à hora pelo sol, o que viu foi ramagens de esteva muito brilhantes de 118
Foto: Vasco Célio
verde, com as pétalas das flores já maduras a soltarem-se do olho da flor, da haste, e a descer devagarinho, fazendo um caminho de vaivém na queda lenta, para um lado, para o outro, interrompendo a descida e resvalando para outras folhas do arbusto resinoso, mas retomando o resvalo e perdendo-se no chão. Admirava o bicho aquela chuva sem ruído, e ia chegando mais perto do lugar onde se precipitavam as pétalas de esteva – foi quando viu que não havia ali 119
nenhuma das flores brancas que julgava ter visto: e não subiam as pétalas, mas movimentavam-se para um lado e para o outro, chegavam mesmo a subir o declive e a intercetarem-se umas às outras. Um rebanho de cabras brancas pastava, lento, e caíam elas para cima – ou para onde lhes desse a erva mais frescura que comer . * Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #249
OPINIÃO Mundo Velho Vida Nova Fernando Esteves Pinto (Escritor) “Antes, a questão era descobrir se a vida precisava de ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado”. Albert Camus ão quero exagerar, mas neste tempo em que nada está a salvo o esforço de viver significa que o passado não nos deu quaisquer garantias de que a vida é real. Agora estamos a viver coisas diferentes, e nelas ficamos perdidos numa terrível limitação de estados mais felizes se comparados com o modelo de vida a que estávamos habituados. Temos uma certeza: não foi o ser humano que mudou; nem sequer a nossa história no plano racional; o desejo de viver continua a ser forte, apreciativo, extraordinariamente normal. Assim também procuro identificar o não sentido da existência humana: a vida inventada de cada dia. A energia de viver tem os seus mistérios: a consciência de que estamos a consumir um tempo recordativo e a encher a cabeça com inseguranças e costumes absurdos para remodelar a realidade. Esta impressão traçando outras realidades contrasta ALGARVE INFORMATIVO #249
com o ofício de viver quase de improviso e promove comportamentos fantasiados na estranheza e na indefinição. Não há realidades que se ajustem de igual modo à história das nossas relações com os outros. Realidade é conflito, subjugação; está alicerçada na natureza humana, e tudo nela regressa sob novas formas de interiorização. Para evitar as indefinições deste tempo ameaçado de incivilidade, a vida terá de examinar a realidade revelada a esta nova existência involuntariamente normal e consolidada no curso dos nossos dias. Vamos viver mais distanciados uns dos outros; mais cuidados e atentos com as relações, frágeis e vencidos pelas normas que definem uma sociedade transformada num parque de convívio artificial. Estou a ver o cenário: uma realidade vazia a ser reconstruida com o desconforto cerimonial de recriar outros estados de felicidade possíveis.
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Viver com serenidade e sem grandes agitações. Escolher a melhor semente para plantar a cada dia, e esperar o momento da colheita: uma sensação de realidade imprevisível e inautêntica. Cultivar multidões já não faz sentido neste mundo. Desempenhamos outro papel educadamente: a auto-realidade 121
pública. Um alívio imenso para os seres solitários, os discretos e os reservados; as pessoas não podem simplesmente invadir o espaço único de todas as vidas. Penso serenamente: o recomeço de uma vida é um passo estranho perante uma nova realidade . ALGARVE INFORMATIVO #249
OPINIÃO O futuro dos restaurantes ou os restaurantes do futuro? Augusto Pessoa Lima (Cozinheiro, Consultor e Formador) Turismo precisa de Restaurantes, assim como os Restaurantes precisam de todos, do Turismo, do Manuel e do José. Mas o que os Restaurantes precisam mesmo é de Restauradores, não de donos de tudo, a brincar aos restaurantes. Os Restaurantes precisam de gente Dedicada e Profissional, de pessoas que gostem de cozinhar e servir a nossa serra, o barrocal e o litoral, os vinhos, os engenhos e as artes. De Cozinheiros de alma grande, que a talho de faca e colher de pau se entreguem por paixão, não obrigação, e de empregados de mesa que de alma cheia, levem na bandeja o coração e que vistam a razão de trabalhar na restauração, Servir, não de servilismo, submissão, mas de gozo de assistir aos que nos visitam, e de dar o que melhor temos, Tradição. O Turismo, interno ou de fora que venha salivando, porque ouviu falar, de boca cheia, que ali se faz uma excelente ALGARVE INFORMATIVO #249
cataplana e acolá um galo estufado, que primeiro foi marinado, selado e depois cozinhado, e servido sem a falta da hortelã, do sorriso e da história. E quem não gosta de uma boa história? O turismo precisa de salas de comer, onde se devorem ementas cantadas ou bem escritas, limpas, como do bom dia com todos os dentes. O Turismo não precisa de febras e bifes em seis versões nem de confusões. Os restaurantes não precisam de cheiro a batata-frita, em cabelos sem proteção, nem de nuggets para calar crianças maleducadas, de pés nas cadeiras, nem de choros e gritos, correrias e atropelos, de birra e sem educação, protegidos por adultos que pensam que mandam nisto tudo. Os Restauradores não precisam de ser reféns de péssimos empregados, nem os empregados precisam de patrões prepotentes, de trabalhar horas sem horizonte, só com um dia de folga, que só serve para descansar os ossos moídos, sem lazer, nem tempo para a família. 122
O Turismo não precisa de restaurantes feios, porcos e maus, nem muitos, sem identidade. Não precisa de Restaurantes cheios, com mau serviço, que turistas peçam por favor para ser servidos e voltem a pedir por favor para pagarem. Não precisa de esplanadas manhosas com cheiro a esgoto, nem de mesas mancas e cadeiras imundas. Precisa que, do início ao fim, o ato de comer, seja prazer. 123
O Turista de dentro e de fora, precisa de Qualidade e de ter orgasmos, e de comida uau, de comer bem, de comer experiências, histórias, mares e rias, memórias. Os Restaurantes precisam de trabalhar sem opressão fiscal, não precisam que o estado seja o sócio lambão. Precisa de mudanças hoje, para que haja futuro amanhã . ALGARVE INFORMATIVO #249
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #249
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