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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 20 de junho, 2020
HUGO PEREIRA:
“LAGOS NÃO SE VAI DEIXAR VENCER PELO MEDO, VAMOS GANHAR ESTA BATALHA”. DIA DA CIDADE DE OLHÃO | «REGRESSO AO FUTURO» NA ASSOCIAÇÃO 289 1 ALGARVEENCANTADA INFORMATIVO #253 JÚLIO RESENDE | «SWEET HOME EUROPA» | LENDA DA MOURA
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10 - Dia da Cidade de Olhão
52 - «Regresso ao Futuro» na Associação 289 ALGARVE INFORMATIVO #253
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OPINIÃO 110 - Mirian Tavares 112 - Ana Isabel Soares 114 - João Ministro 116 - Júlio Ferreira 118 - Augusto Pessoa Lima 34 - «Águas do Algarve»
88 - Lenda da Moura Encantada
74 - Teatro na Tomás Cabreira
100 - «Sweet Home Europe»
42 - Júlio Resende 7
20 - Hugo Pereira ALGARVE INFORMATIVO #253
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OLHÃO FESTEJOU O DIA DA CIDADE COM A INAUGURAÇÃO DE ESCULTURAS EM DUAS ROTUNDAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina lhão assinalou, a 16 de junho, o seu Dia da Cidade de forma diferente, mais contida, sem grandes manifestações populares, em virtude da pandemia que se vive. Mas a data não podia passar em claro, recordando merecidamente os homens que lutaram contra a ocupação francesa, há 212 anos, assim nascendo a Vila de Olhão da Restauração. Por isso, neste dia foram inauguradas duas ALGARVE INFORMATIVO #253
esculturas: uma de José Carlos Almeida e António Faustino, em homenagem às mulheres que durante décadas trabalharam e foram a espinha dorsal da indústria conserveira, colocada junto às fábricas da Faropeixe e Conserveira do Sul; a outra, um cavalomarinho, concebido pela designer Isa Fernandes e executado pelo artista Alexandru Groza, erguida na rotunda em frente ao Real Marina Hotel. Antes disso, porém, assistiu-se ao tradicional toque do hino nacional e 10
hastear das bandeiras no edifício da Câmara Municipal de Olhão, após o que a comitiva visitou as novas instalações da Polícia Municipal de Olhão, o requalificado Largo do Grémio e as obras da EB1 N.º 5. A manhã terminou com a habitual sessão solene, durante a qual foram distinguidos funcionários da autarquia, bem como os melhores alunos do concelho. E foi nessa ocasião que António Miguel Pina lembrou que, em pleno século XXI, “quando todo o
mundo se unia para erradicar as grandes divergências políticas, territoriais e sociais, responsáveis nalguns países por guerras, mortes e fome, quando a humanidade discutia e estudava soluções para resolver problemas graves, como a sustentabilidade ambiental, fomos
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todos surpreendidos por um vírus que rapidamente se alastrou aos quatro cantos do mundo”. O presidente da Câmara Municipal de Olhão evidenciou que, perante esta pandemia, os portugueses estão a viver momentos e desafios tão graves como os da vida, da saúde, nas relações e convívios familiares, na dignidade no emprego, nos salários e rendimentos, nas empresas. “Felizmente, graças a
um exemplar comportamento dos olhanenses, somos um dos concelhos do Algarve onde o covid-19 tem uma presença pouco significativa. Dia-a-dia tomamos todas as medidas necessárias para ajudar a solucionar os problemas daqueles que, de forma direta ou
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indireta, sofreram com esta pandemia. Estivemos atentos aos cidadãos mais carenciados, nomeadamente os sem-abrigo e utentes das cantinas sociais, através da distribuição de mais de duas mil refeições. Disponibilizamos também durante este período os balneários da EB 2.3 João da Rosa, fornecendo aos utentes todos os produtos necessários à sua higiene”, recordou o autarca olhanense. Muitas outras medidas foram sendo tomadas nestes três meses, como o pagamento faseado das rendas de habitação social ou das faturas da água até 12 mensalidades; a isenção do pagamento de taxas de ocupação da via pública e publicidade; a oferta a todos os funcionários e colaboradores das IPSS do concelho de viseiras, máscaras protetoras ALGARVE INFORMATIVO #253
e gel desinfetante; ou o pagamento das rendas de espaços concessionados de forma faseada. “E vamos iniciar
agora a entrega de máscaras protetoras a todos os olhanenses, três por cada cidadão. São mais de 120 mil unidades adquiridas pela Câmara Municipal para proteger a nossa comunidade”, enfatizou António Miguel Pina, não esquecendo que Olhão participou, juntamente com todos os municípios algarvios, na angariação de fundos para a aquisição de material médico, ventiladores e outros equipamentos de proteção individual, aumentando assim a capacidade do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve para receber e tratar os doentes contaminados com covid-19. “E nunca deixamos de
trabalhar, nem de atender todos 12
os munícipes que precisavam dos nossos serviços. Para tal, e de modo a garantir a segurança de todos, dotámos as nossas instalações de equipamentos regulamentares de higiene, bem como adquirimos os materiais de proteção individual necessários. Foi um investimento de cerca de meio milhão de euros”, salientou o edil. Apesar das consequências da pandemia, a Câmara Municipal de Olhão concluiu a requalificação da Avenida 5 de Outubro, do Largo do Grémio e suas zonas envolventes, bem como da Horta do Pádua e Bairro 18 de Maio. Fizeram-se também melhoramentos na rede viária e foi terminado o parque de
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estacionamento da Rua Gonçalo Velho,
“entre outras dezenas de pequenas obras que rondaram um investimento total superior a 1 milhão e 200 mil euros”, sublinhou António Miguel Pina. Neste período iniciaram-se igualmente as obras de construção da sede da Banda Filarmónica, da Ecovia Fase A – Bias/Olhão, da requalificação da Escola EB1 N.º 5 e dos jardins Pescador Olhanense e Patrão Joaquim Lopes.
“As infraestruturas do loteamento municipal do Porto de Recreio também já estão em curso, o mesmo acontecendo com a obra do Parque de Lazer e Estacionamento em Moncarapacho, envolvendo uma
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verba superior a cinco milhões de euros. Em fase de concurso para adjudicação e início de obras estão os projetos de requalificação da EB 2.3 Paula Nogueira e dos espaços públicos da Urbanização Custódia Mendes, da construção do Parque Convívio/Infantil de Pechão, da construção de habitação a custos controlados, da Ecovia Fase B – Olhão/Faro e do Centro de Recolha Oficial do Animal do Município de Olhão, entre outras empreitadas. Tudo isto somado, são mais de 11 milhões de euros”, frisou o presidente da Câmara Municipal de Olhão, durante a Sessão Solene do Dia da Cidade. O autarca falou ainda da criação da Polícia Municipal de Olhão e da colocação
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do sistema de videovigilância na baixa da cidade, do apoio que continua a ser concedido aos clubes desportivos do concelho, ao fomento da prática desportiva em todas as faixas etárias, das obras de beneficiação no parque escolar de Olhão. “E entregamos
tablets a cerca de 1.300 alunos, para além de um kit de material pedagógico a mais de dois mil alunos do 1.º ciclo, num investimento superior aos 500 mil euros”, indicou António Miguel Pina. “Colocar Olhão no mapa como um concelho de oportunidades e atrair mais investimento é a nossa estratégia desde que iniciamos este projeto há seis anos. Atualmente, existem negociações com vários investidores cujo
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António Miguel Pina
interesse no nosso concelho é grande, nomeadamente para a construção de unidades hoteleiras. A empresa internacional que adquiriu o grupo dos Hotéis Real mostrou muito interesse em ampliar o Real Marina Hotel e em fazer outros investimentos em Olhão. Foram criados cerca de 40 novos estabelecimentos de restauração/hotelaria e cerca de 100 15
novos alojamentos locais iniciaram a sua atividade. Deram entrada nos nossos serviços mais de 15 novos processos de loteamentos e mais de 600 licenças de obra, comunicações prévias e autorização de utilização”, revelou. António Miguel Pina reconheceu, entretanto, que muitos dos projetos municipais que arrancaram em ALGARVE INFORMATIVO #253
2019/2020 sofreram atrasos significativo devido à pandemia, no entanto, há o desejo de se concluir, até final desta legislatura: o lançamento do concurso para a criação de novas linhas na rede de transportes urbanos, ampliação de estacionamento e regulação das zonas tarifadas; e o projeto de requalificação da Avenida 16 de junho e do Porto de Pesca.
“Na habitação social, a cargo da empresa municipal Fesnima, continuamos a trilhar o caminho que foi traçado há dois anos e cujo sucesso é visível, quer nas obras de recuperação de algumas habitações devolutas, quer na requalificação do edificado. A atribuição por concurso de casas e a atualização e cobrança de rendas estão a decorrer dentro dos parâmetros dos regulamentos aprovados. Na Ambiolhão, continuamos a investir no ALGARVE INFORMATIVO #253
saneamento básico e abastecimento de águas, com obras de ampliação e melhoramento da rede, no último ano, na ordem dos 4.7 milhões de euros. Nos Mercados Municipais, vamos iniciar as obras de requalificação do Mercado de Moncarapacho, num investimento superior a 300 mil euros”, anunciou. “Não comemoramos o 16 de junho como gostaríamos, porém, fica a promessa de que, de hoje a um ano, e se todos continuarmos a ser responsáveis connosco e com o próximo, vamos comemorar a dobrar: a expulsão das tropas invasoras de Napoleão em 1808 e a expulsão do covid-19 em 2020”, terminou António Miguel Pina .
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“LAGOS NÃO SE VAI DEIXAR VENCER PELO MEDO, VAMOS GANHAR ESTA BATALHA”, GARANTE HUGO PEREIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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a data em que se realizou a conversa com o presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira tinha muitos motivos para estar satisfeito com o comportamento dos lacobrigenses na luta contra a covid-19. Bastou, porém, algumas horas para o cenário mudar por completo, em resultado de uma festa ilegal ocorrida em Odiáxere e que já causou várias dezenas de infetados com o novo coronavírus. Mas, antes disso, em três meses de covid-19 no Algarve, contavam-se apenas quatro casos no concelho, apesar do foco inicial ter acontecido na vizinha cidade de Portimão. “Os quatro casos foram
rapidamente tratados e apenas uma pessoa teve um ligeiro tratamento hospitalar. Evitou-se que o contágio se alastrasse, fruto do excelente trabalho de quem está na linha da frente e de todos aqueles que souberam cumprir com as regras do confinamento emanadas pelo Governo, pela Direção-Geral de Saúde e pela Câmara Municipal. Antecipamos cenários, impedimos possíveis focos de contágio em espaços públicos, isso permitiu-nos ter êxito nesta luta e gostávamos que assim continuasse a ser durante esta fase de desconfinamento”, referiu Hugo Pereira. Esse desejo, infelizmente, não se veio a concretizar e, de repente, Lagos tornouse no centro das preocupações do ALGARVE INFORMATIVO #253
Algarve, com a referida festa ilegal a gerar infetados de vários pontos da região. Uma situação que comprovou as dificuldades de se combater um inimigo invisível e desconhecido. “A
vida de um autarca é ter problemas diferentes todos os dias e encontrar formas de os resolver, mas ninguém estava preparado para isto. Chegavamnos pela televisão cenários assustadores de outros países onde a covid-19 teve efeitos muito intensos, onde não houve capacidade inicial de responder eficazmente à pandemia. Em Portugal, a situação não está controlada, mas houve uma grande proatividade para se atenuar os efeitos. Lagos foi, penso eu, o primeiro município português a fechar as praias, porque, com o encerramento progressivo dos espaços públicos e comerciais, acabavam por ser dos poucos locais onde as pessoas se podiam concentrar”, exemplifica o edil lacobrigense. Preocupado com o falso sentimento de segurança que levava, de facto, a maiores concentrações de pessoas nas praias do concelho, o executivo municipal tomou essa difícil decisão,
“sabendo que íamos ser criticados por isso”, admite Hugo Pereira, recordando que o mesmo sucedeu aquando do Dia do Trabalhador, data que coincidia, 22
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precisamente, com a passagem do Estado de Emergência para o Estado de Calamidade. “Proibimos a utilização
dos parques de merendas e espaços semelhantes onde habitualmente se juntavam famílias e grupos para os piqueniques do 1 de Maio. Íamos tentando perceber onde estavam os maiores perigos e atuávamos rapidamente com o interesse maior da comunidade em mente”, sublinha o presidente da Câmara Municipal de Lagos, que cedo percecionou qual seria o impacto da pandemia nas contas públicas, mas também das famílias e ALGARVE INFORMATIVO #253
empresas do concelho. “A nossa
primeira preocupação foi a saúde das pessoas, depois logo se trataria do problema financeiro, mas tentamos que a pandemia viral não provocasse uma mega pandemia económica”. Para se combater a covid-19 foram criadas, no concelho, Zonas de Apoio à População e locais para rastreios e colheita de testes ao coronavírus, foram adquiridos equipamentos de proteção individual para as unidades de saúde, proteção civil e forças de 24
autoridade e funcionários públicos, realizaramse testes aos docentes e pessoal não docente do ensino secundário e pré-escolar, assim como aos funcionários das instituições particulares de solidariedade social. Uma bateria de testes que, entretanto, teve que ser repetida, e mesmo alargada a praticamente toda a população, em resultado do surto atual de covid-19 em Lagos.
“Dependendo do tamanho e da duração da pandemia viral, compreendemos que existia um forte risco de pandemia económica, daí surgindo o «Lagos Apoia», um programa para injetar, na economia local, apoios financeiros e aplicar reduções e isenções de taxas e impostos. Entre isenções na fatura da água, rendas sociais e de espaços municipais, de reforço das verbas destinadas ao pagamento do arrendamento urbano privado, fins de derrama e redução das taxas de IRS ou IMI no final do ano, procuramos, dentro 25
das nossas possibilidades, devolver ao concelho alguma folga financeira”, indica Hugo Pereira, uma verba que rondará, acrescenta, cerca de três milhões e meio de euros. “Mas ainda falta
perceber o tamanho real do buraco económico que a covid-19 está a provocar ao concelho e como ultrapassá-lo nas várias vertentes”. E como, naquela data, Lagos era um dos concelhos mais seguros do Algarve no que toca à pandemia, existia igualmente a intenção de transmitir essa resiliência e tranquilidade aos mercados emissores de visitantes, quando se está à porta de mais um Verão. “Ainda
recentemente consideraram a Meia-Praia como uma das 10 praias mais seguras da Europa para se gozar as férias de Verão”, recorda o entrevistado.
COVID-19 NÃO AFETA GRANDES OBRAS MUNICIPAIS De volta aos números, Hugo Pereira confirma que Lagos é um dos concelhos portugueses com orçamento municipal mais robusto, fruto do seu extenso mercado imobiliário e das receitas de IMT daí advindas. No entanto, caso a pandemia se prolongue durante muito mais tempo, o autarca antevê uma diminuição das receitas financeiras a rondar os 50 por cento, comparativamente a 2019. “Ainda
não estamos a pensar em revisões ALGARVE INFORMATIVO #253
orçamentais, mas prevemos uma quebra da receita anual de 15 milhões de euros, entre aquilo que deixamos de cobrar e aquilo que devolvemos à economia local, para além dos cerca de 600 mil euros gastos a combater diretamente o coronavírus”, frisa, garantindo, todavia, que nenhuma obra projetada para 2020 e 2021 está em causa. “Tudo estava
devidamente orçamentado e com financiamento comunitário assegurado, obras sempre a rondar os dois ou três milhões de euros, com quase 2/3 do valor provenientes da União Europeia”. Refira-se que todo este trabalho foi facilitado, mesmo num quadro de pandemia, porque não existiu qualquer instabilidade política durante estes meses, seja no plano regional, como no local. “Penso que mostramos que o
Algarve é uma região diferente, unida, com os assuntos a serem tratados de forma conjunta e solidária pelos 16 municípios. Há uma linha condutora no seio da AMAL que domina as decisões, que depois podem sofrer alguns ajustes consoante a realidade de cada concelho”, assegura Hugo Pereira, declarando que, em Lagos, a oposição também tem estado sempre ao lado do executivo municipal. “As reuniões de
câmara têm sido todas presenciais, aproveitando o espaço do auditório, onde dizemos claramente o que aconteceu e o que está projetado ALGARVE INFORMATIVO #253
fazer. Tentou-se, e conseguiu-se, que o plano final de atuação fosse um documento aprovado por unanimidade”, destaca o entrevistado. Como a economia não podia estar em stand-by por muito mais tempo, avançou-se então para o necessário desconfinamento, com todos os perigos que tal pudesse originar e que causavam alguma apreensão em Hugo Pereira. “Continuamos todos os
dias a sensibilizar a população de que isto ainda não acabou, que o risco persiste, ainda mais sendo 26
Lagos um destino muito procurado por turistas nacionais e estrangeiros. E, assim que começarem a chegar os visitantes, os riscos são maiores”, avisava o edil lacobrigense, temores que se viriam a confirmar com a realização da festa ilegal em Odiáxere e que colocou o nome de Lagos de novo na ribalta, desta vez por maus motivos. “Se tivermos que dar
um passo atrás, não sei o que poderá acontecer em termos económicos. Assim que se abrirem as fronteiras terrestres e aéreas, e não se realizando testes à entrada, como eu gostaria que acontecesse, 27
é natural que os focos de problemas possam aumentar. Se forem cumpridas todas as normas de segurança, os riscos de contágio nos restaurantes, hotéis, lojas, praias, tornam-se menores, e temos dinamizado campanhas de sensibilização junto dos empresários locais, de toda a população nesse sentido. O desconfinamento tem que existir, as pessoas precisam voltar às ruas, frequentar lojas, supermercados, centros comerciais, restaurantes, as ALGARVE INFORMATIVO #253
praias têm que voltar a ser usadas, mas tudo com conta, peso e medida”, apela.
“NÃO QUEREMOS QUE A CULTURA DESAPAREÇA DAS NOSSAS VIDAS” À conversa antes dos feriados do 10 e 11 de junho, Hugo Pereira confessava-se preocupado com alguns focos de contágio por falta de cumprimento das ALGARVE INFORMATIVO #253
regras, com manifestações nas ruas menos bem controladas e festas de desconfinamento. E foi precisamente uma dessas festas que veio colocar por terra o trabalho meritório que vinha sendo realizado em Lagos ao longo de três longos meses. “Não é fácil
meter 10 milhões de portugueses a cumprir com as normas definidas, mas era importante que tal acontecesse”, defende o autarca, mesmo que isso signifique um Verão bem mais calmo em termos 28
lhes garantia algum retorno financeiro, este não vão poder dinamizá-los. Por isso, a câmara municipal irá ajudar a suportar os custos com os nadadoressalvadores. Umas com mais, outras com menos lotação, mas todas as praias de Lagos vão ter condições de segurança para o seu usufruto, desde que sejam respeitadas as regras estabelecidas”, afirma o edil lacobrigense. E se, na Meia-Praia, com perto de 11 mil lugares, não deverá haver problemas, no extremo oposto temos a Praia do Camilo, sempre muito concorrida e que, este ano, terá uma lotação de 40 lugares na maré-cheia e 60 à maré-vazia. “Ou haverá uma
culturais e de animação noturna.
“Tivemos o cuidado, em conjunto com a Polícia Marítima, a Agência Portuguesa do Ambiente e os concessionários, para que todas as praias do concelho estivessem em pleno no dia 6 de junho para o arranque da época balnear. Temos consciência das dificuldades dos empresários, porque grande parte dos divertimentos que proporcionavam nas praias, e que 29
efetiva não procura pelo local, ou não sei como se vai gerir essa situação. Estará lá o assistente de praia para sensibilizar para o cumprimento da bandeira verde, vermelha ou amarela, e há o reforço da fiscalização por parte da Polícia Marítima por via dos Fuzileiros, caso não se respeite os limites de ocupação e o distanciamento”, declara Hugo Pereira. Já alguns eventos-âncora do Verão lacobrigense tiveram mesmo que ser cancelados, como a Feira da Arte Doce, que em 2020 seria constituída por cinco dias e apresentava um cartaz musical de grande nível, ou o Banho 29, que também atrai vários milhares de ALGARVE INFORMATIVO #253
pessoas. “Estamos a tentar perceber
como ultrapassar todos os constrangimentos por forma a que haja alguma cultura. Desde o início da pandemia que temos uma rúbrica online com artistas locais, mas vamos estudar a hipótese dos concertos drive-in no Estádio Municipal, no antigo Campo de Futebol da Trindade ou no Recinto das Feiras. Não queremos que a cultura desapareça das nossas vidas”, justifica Hugo Pereira. “O que queremos é que a confiança retorne nesta nova realidade a que temos todos que nos adaptar”. Nesta nova realidade prosseguem, então, as tarefas do dia-a-dia de uma câmara municipal, depois de um mandato de 2013-2017 em que a grande obra foi a retoma económica e financeira do concelho e da própria autarquia. Já para 2017-2021, fruto de uma situação financeira sustentável, foram muitas as obras colocadas no programa eleitoral e é isso que tem sido cumprido. “Muitas
obras não tinham sequer projeto em curso, depois houve que tentar arranjar financiamento, para que, em final de 2019, início de 2020, se avançasse para o terreno. Com a chegada da covid-19 em março, a cidade «fechou» as portas, mas a Câmara Municipal nunca deixou de trabalhar”, destaca o entrevistado. “Todos os procedimentos administrativos foram concluídos em março e abril e, assim que foi ALGARVE INFORMATIVO #253
possível desconfinar, as obras arrancaram. Assim aconteceu com a Escola da Luz, a Estrada da Luz, o Cemitério de Bensafrim, o Mercado do Levante, e os trabalhos da Estrada da MeiaPraia e da Ponta da Piedade deverão começar em breve. Se tudo correr bem, até ao Verão de 2021 estará tudo finalizado, mas sem qualquer intuito eleitoral. Não se faz o projeto para uma escola de três milhões de euros em três dias, nem para uma estrada em que se tiveram que desanexar partes privadas, nem para construção de habitação a custos controlados”, esclarece o autarca em final de conversa, não sem antes voltar a apelar ao civismo e bomsenso de toda a população nos tempos que se vivem. “Há três meses tudo
isto era muito inesperado e não sabíamos o que fazer. Hoje, o problema é menos desconhecido e estamos melhor preparados para o combater. O facto de a Câmara Municipal ter uma situação financeira estável também permitiu que nada faltasse, que tivéssemos as «armas todas prontas» para enfrentar a covid-19. Temos que viver um dia de cada vez, com cuidado e esperança. Lagos não se vai deixar vencer pelo medo, vamos ganhar esta batalha” . 30
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«ÁGUAS DO ALGARVE» ESTÁ CADA VEZ MAIS «VERDE» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e «Águas do Algarve» «Águas do Algarve» tem plena consciência de que as energias limpas são aliadas do ambiente e que preservam os recursos esgotáveis, garantem a manutenção dos ecossistemas e reduzem a incidência na emissão de gases poluentes responsáveis pelo efeito estufa, entre tantos outros benefícios. Por isso, a empresa responsável pelo fornecimento de água, em alta, no Algarve, pretende fazer parte desta equação, “contribuindo para a ALGARVE INFORMATIVO #253
manutenção do bem-estar da sociedade de modo geral e para a preservação do ambiente investindo progressivamente em energia renovável”, explica a portavoz da «Águas do Algarve», Teresa Fernandes. Deste modo, a «Águas do Algarve» tem vindo a evoluir no que respeita à Energia Verde e eficiência energética, destacando-se, tanto na mobilidade elétrica, como na produção de energia renovável. Exemplo disso é que, a nível nacional, e de acordo com dados de 34
abril do corrente ano fornecidos pela REN – Redes Energéticas Nacionais, as fontes de energia renovável contribuíram com 72,10 por cento do total da geração de eletricidade. “A «Águas do Algarve»
desenvolveu um plano de gestão de energia tendo como pressupostos a maximização do aproveitamento energético dos ativos e recursos endógenos e a racionalização dos consumos e visando melhorar o seu desempenho energético. Trata-se de um Plano de Eficiência e de Produção de Energia (PEPE) que agrega um largo conjunto de medidas de eficiência energética e de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, com o objetivo de reduzir os consumos, aumentar a produção própria e
melhorar as condições de aquisição de energia elétrica”, refere Teresa Fernandes. Na área da mobilidade elétrica, a empresa adquiriu 16 viaturas elétricas, 14 ligeiras de passageiros e duas ligeiras de mercadorias, que percorreram, em 2019, cerca de 310 mil e 419 quilómetros. A utilização das viaturas elétricas implicou um consumo de energia elétrica de 40.196 kWh, o que correspondem à emissão de 19 toneladas de CO2 para a atmosfera. A substituição das viaturas convencionais por elétricas permitiu, assim, evitar uma emissão de 49 toneladas de CO2 para a atmosfera. E, em 2019, foi obtida a Certificação de toda a frota automóvel de viaturas de serviço da empresa.
Balanço da Produção de Eletricidade de Portugal Continental (abril de 2020). Fonte: REN 35
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Olhando para a área da produção de energia elétrica renovável, está prevista a instalação, até final de 2020, de mais 13 centrais fotovoltaicas com uma potência instalada unitária superior a 100 kW, que permitirão produzir perto de 4,4 GWh/ano, a acrescentar aos 2GWh que atualmente a empresa já produz nas suas 60 centrais fotovoltaicas. “Também
como complemento, continuam em estudo mais duas grandes centrais fotovoltaicas (perto dos 500 kW de potência unitária a instalar em duas grandes instalações de consumo intensivo energético que entraram em serviço ainda no decorrer de 2018. Atualmente deu-se por concluída a ampliação da central fotovoltaica da ETA de Alcantarilha, com mais 186 kW de potência ALGARVE INFORMATIVO #253
instalada, e foi iniciada a construção de mais uma ampliação desta central em 45 kW, aproveitando o espaço disponível na cobertura de um novo edifício em construção na sequência da introdução de mais um órgão de tratamento na ETA de Alcantarilha”, revela Teresa Fernandes, acrescentando que também entrou em serviço mais uma noval central fotovoltaica na ETAR de FaroOlhão, com 50 kW para produzir em regime de auto consumo. Assim sendo, e após a concretização destes projetos, ainda em estudo, a «Águas do Algarve» produzirá perto de 8GWh por ano, o que representará uma autonomia energética perto dos 10 por cento dos consumos totais de energia 36
elétrica da empresa e uma poupança de recursos financeiros da ordem dos 800 mil euros /ano, para além de evitar a emissão anual de 3.760 toneladas de CO2 para a atmosfera. Foi igualmente iniciada a implementação de um plano de redução de consumo de energia reativa que implicará a intervenção em 48 instalações e que representam um custo anual em energia reativa da ordem dos 47 mil euros. “O investimento previsto
ascende a 115 mil euros, o que permitirá recuperar o investimento em cerca de dois anos e meio”, sublinha Teresa Fernandes. Ainda de acordo com a porta-voz da «Águas do Algarve», foi aprovada e candidatada, no âmbito do PPEC – Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de energia elétrica, a implementação de nove medidas de eficiência energética, entre as quais se destaca a substituição integral de toda a iluminação artificial por iluminação baseada na tecnologia LED. Também no alinhamento com a estratégia nacional para a neutralidade
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carbónica a atingir no ano de 2050, a «Águas de Portugal» anunciou um projeto para a concretização na neutralidade energética em 2030, onde a «Águas do Algarve» também está inserida. “O projeto permitirá que
a empresa venha a alcançar a neutralidade de emissões, produzindo a sua própria energia a partir de fontes renováveis, através da instalação de centrais de produção de energia hidroelétrica nas suas condutas de água, eólica e fotovoltaica, retirando ainda partido do armazenamento nos reservatórios de água existentes, assim como no contínuo aumento da eficiência energética ao nível dos processos e das infraestruturas das suas próprias instalações. É uma verdadeira aposta na sustentabilidade ambiental, social e económica, reduzindo a exposição da
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Evolução da Produção Elétrica em Portugal Continental. Fonte: REN
empresa ao mercado energético”, declara Teresa Fernandes. A «Águas do Algarve» tem como objetivo, até 2030, tornar-se o primeiro operador regional do setor da água energeticamente neutro, reforçando a sua eficiência energética, produzindo energia elétrica a partir de fontes renováveis, resultando na eliminação 38 mil toneladas de emissões de CO2.
“Verifica-se que, a nível nacional, a maior utilização dos recursos endógenos e renováveis portugueses para a produção de eletricidade tem alterado a composição do mix de produção de eletricidade em Portugal e tem, consecutivamente, desempenhado um papel cada vez mais determinante na satisfação do consumo”, aponta Teresa Fernandes. “Nos próximos anos prevê-se que a ALGARVE INFORMATIVO #253
eletricidade renovável continue a influenciar a descarbonização da sociedade portuguesa, motivada pela previsão de aumento da produção de energia elétrica de origem renovável. As energias renováveis possuem um impacto ambiental significativamente inferior ao das tecnologias convencionais de energia com base em combustíveis fósseis. É inquestionável que a energia alternativa contribui para a manutenção e a preservação do ambiente e que é a melhor alternativa para garantir um futuro mais sustentável, num planeta que se pretende limpo e verde, quer para as nossas gerações atuais, bem como para as vindouras”, defende a porta-voz da «Águas do Algarve» .
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JÚLIO RESENDE COM MUITOS PROJETOS NAS MANGAS PARA O PÓSPANDEMIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #253
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Foto: Tomรกs Monteiro
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fastado dos palcos há alguns meses devido ao covid-19, como sucede com a generalidade dos artistas portugueses, Júlio Resende aproveitou este período para «revisitar» o material que se ia acumulando nas gavetas e para refletir sobre quais os próximos passos a dar ALGARVE INFORMATIVO #253
numa carreira que leva já 13 anos e sete discos concebidos em nome próprio. E a decisão do consagrado pianista olhanense é que se vai dedicar em exclusivo à sua carreira a solo de compositor de canções, de performer, de criativo e de criador de bandas sonoras, dando seguimento às recentes colaborações com os canais de streaming Netflix e HBO ou com marcas como o Azeite Gallo, para a 44
Júlio Resende começou a tocar piano aos quatro anos e aos 10 já compunha as suas próprias canções. Na onda do jazz lançou três discos e é mesmo o mais jovem músico português a gravar para a prestigiada editora «Clean Feed» («Da Alma», 2007; «Assim Falava Jazzatustra», 2009; «You Taste Like a Song», 2011). Seguiu-se o apelo do fado, em 2013, gravando «Amália por Júlio Resende», no qual «convida» a voz de Amália Rodrigues para um dueto (im)possível do tema «Medo». Um disco que mereceu a distinção de CHOC DISC 5***** na revista francesa «Clássica». Também de fado editou, em 2015, o seu primeiro disco ao vivo, «Fado & Further», registado no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo como convidada de luxo Sílvia Pérez Cruz, que interpreta «Lágrima», «Pare Meu» e «Cucurrucucu Paloma». E é nesse ano que iniciou igualmente uma parceria com Salvador Sobral, sendo coprodutor do seu disco de estreia, «Excuse Me».
qual interpretou a banda sonora da campanha dos 100 anos. “A quarentena
ajudou-me a maturar o material antigo, mas também apliquei a energia a desenvolver novas obras estéticas e conceitos e o resultado são muitos projetos, mais do que aqueles que se podem lançar nos prazos normais”, revela Júlio Resende, com um sorriso. 45
Muito adepto das experiências, Júlio Resende deambulou depois para a poesia enquanto essência inspiradora da composição, desafiando o médico psiquiatra e sexólogo Júlio Machado Vaz para a gravação de «Poesia Homónima por Júlio Resende e Júlio Machado Vaz - Poemas de Eugénio de Andrade e Gonçalo M. Tavares», em 2016. O sonho cumprido de juventude chega, em 2017, com a criação do projeto «Alexander Search», uma banda de rock pensada e formada por Júlio Resende, que canta poesia inglesa de Fernando Pessoa, com música da ALGARVE INFORMATIVO #253
sua autoria. Nova exploração dá-se, em 2018, com a criação de uma fábula, uma relação benigna entre homem e máquina a que chamou «Cinderella Cyborg», na qual o olhanense mistura o acústico do piano e do contrabaixo, com as eletrónicas dos pads, chips ou sintetizadores. Agora, Júlio Resende despede-se, artisticamente, de Salvador Sobral, com quem partilhou várias tournées por muitos países da Europa, alguns discos e projetos nos últimos cinco anos. E o regresso pós-pandemia será desafiador para o algarvio, com novas parcerias nas mais variadas áreas artísticas, a aposta na carreira em Espanha, cujo público há muito o acolheu, e um novo projeto editorial - «Júlio Resende plays…» - que estreará em setembro, onde vai interpretar versões de temas que o inspiram e de músicos que são ídolos de sempre. Canções essas que serão lançadas em exclusivo nas plataformas digitais. “Algumas têm a ver com um
projeto de pianista a solo que desenvolvi durante a quarentena, outras coisas são mais divergentes. Serão «viagens» por várias sonoridades, porque eu gosto de explorar, e com muito boa gente ao meu lado. Vai ser bom prosseguir este percurso musical com os meus amigos”, refere Júlio Resende, adiantando que as bandas sonoras são um fenómeno mais recente e que até nem estava nos planos. “Na HBO
participei numa série bastante bonita de uma realizadora espanhola e, na Netflix, está uma ALGARVE INFORMATIVO #253
interpretação minha e do Salvador Sobral no filme «Elisa e Marcela». A questão da publicidade implica rever limites e conceções, também é um desafio muito interessante enquanto compositor e músico. Seja agora, ou quando era miúdo, a minha vontade é continuar sempre a 46
aprender, a desenvolver novas competências. Quando somos jovens queremos ter bandas, e tive algumas, mas nunca imaginei tudo o resto que me tem acontecido nestes anos”, admite o olhanense. Sem pensar demasiado no futuro, Júlio Resende prefere olhar para o quotidiano e para os projetos que tem 47
presentemente em mãos. E «Cinderella Cyborg» atesta precisamente a sua capacidade e vontade em continuar a evoluir. “Sempre disse que as
máquinas produzem sons que não existem no mundo real e que, combinados com o coração dos humanos, dão origem a coisas belíssimas. Hoje, curiosamente, um vírus permite-nos ter uma ALGARVE INFORMATIVO #253
ligação mais humana a partir das máquinas. Conseguimos conversar com os nossos amigos, ver-lhes a cara, falar de mil e uma coisas, fazer concertos via streaming. Obviamente que as máquinas têm que ser bem usadas, não devem incomodar os almoços e jantares e as conversas cara-acara, mas encerram múltiplas possibilidades”, sublinha o olhanense. Quanto à pandemia que se vive, não hesita em dizer que
“está a ser drástica para todos os artistas”. “A roda começou agora a andar, mas preocupame saber que muitos colegas da área musical estão a passar por grandes dificuldades financeiras e isso não lhes permite criar projetos que depois ajudem o próprio país. As políticas efetivas de apoio à cultura precisam ser criadas o mais depressa possível. Os músicos esforçaram-se para consolar as pessoas nestes momentos difíceis, assim como outras classes de profissionais, que têm tentado tudo para que isto seja menos grave. A missão é de todos nós, mas a iniciativa maior cabe aos políticos”, entende em final de conversa. E, acrescenta, não faltará muito para voltarmos a ver Júlio Resende em cima de um palco . ALGARVE INFORMATIVO #253
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ASSOCIAÇÃO 289 REABRIU COM MOSTRA COLETIVA «REGRESSO AO FUTURO» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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A. Pedro Correia
Associação 289 reabriu as suas portas, no dia 13 de junho, com a exposição coletiva «Regresso ao Futuro», por acreditar que, “depois do período de
confinamento forçado e de alguma incerteza ainda presente na crise pandémica que vivemos, temos de prosseguir o caminho da criatividade, do conhecimento e da cultura”. “Se a saúde pública e a vida em sociedade ainda provocam alguma angústia em relação ao futuro, queremos, enquanto associação de artistas, afirmar a arte como construção de uma ALGARVE INFORMATIVO #253
sociedade mais humanista e prosseguir a nossa atividade de divulgação artística. Apesar desta parcial paralisia social, a criatividade nos ateliers dos artistas não parou, temos novas obras no domínio das artes visuais para apresentar e precisamos de voltar ao contacto com o público, porque é nesse encontro que acontece a cultura e criamos futuro”, explica a direção da associação. A 289 reativou, deste modo, a vertente expositiva do Solar das Pontes de Marchil, situado à entrada da cidade de Faro, para regressar ao diálogo com a sociedade e para voltar a percorrer o 54
Ana André
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Bertílio Martins
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BASAP
caminho interventivo da arte contemporânea. “Para tal, decidimos
realizar uma exposição coletiva com um número alargado de artistas sediados na região algarvia e alguns convidados nacionais, de forma a afirmarmos vibrantemente o entusiasmo de viver a experiência da criatividade artística como festa e vanguarda da cultura”, indicam os responsáveis pela associação, que, devido às questões de saúde pública decorrentes ALGARVE INFORMATIVO #253
Black Mendes
da pandemia, reformulou as suas atividades no que toca à frequência do público, de modo a cumprir com as diretivas das autoridades de saúde e para que artistas e público possam usufruir do espaço e da exposição em segurança. Assim sendo, o uso de máscara e higienização das mãos serão obrigatórios, havendo gel desinfetante para as mãos à entrada do espaço. A exposição estará patente ao público 56
Ana Rostron
até 26 de julho, de sexta-feira a domingo, das 15h às 19h. Participam os artistas A. Pedro Correia, Ana André, Ana Rostron, André Sancho, Andreia Rafael, Angelo Gonçalves, BASAP, Bertílio Martins, Black Mendes, Bruno Grilo, Christine Henry, Corpo Atelier, Dina Palma Dias, Edgar Massul, Fernando Amaro, Fernando Brazão, GAT.UNO, Gustavo Jesus, Hélder de Sousa, Isabel Baraona, Joana R. Sá, João Ferreira, João Timóteo, Jorge Mestre Simão, Jorge Pereira, José Jesus, Leandro Marcos, Luiza Schaefer, Mafalda 57
Santos, Manuel Baptista, Margarida Soares, Maria José Oliveira, Marta Pedroso, Miguel Cheta, Miguel Neto, Milita Doré, Patrícia Garrido, Patrícia Serrão, Paulo Serra, Pedro Cabral Santo, Pedro Cabrita Reis, Raymond Dumas, Régis Vincent, Rodrigo Rosa, RoMP, Rúben Gonçalves, Rui Sanches, Ruy Otero, Susana de Medeiros, Susana Gaudêncio, Tânia Simões, Teresa Segurado Pavão, Tiago Batista, Vasco Marum Nascimento, Vasco Vidigal, Vilma Correia e Xana . ALGARVE INFORMATIVO #253
Fernando Amaro
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Gustavo Jesus
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Christine Henry
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Fernando Brazão
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Edgar Massul
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Hélder de Sousa
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João Ferreira
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Vasco Vidigal
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Margarida Soares
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Mafalda Santos
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Maria José Oliveira
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Patrícia Garrido
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Paulo Serra
Tânia Simões
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Raymond Dumas
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ALUNOS DA TOMÁS CABREIRA NUMA PEÇA COM SEXO, RELIGIÃO … E MUITA MENTA!! Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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s alunos da turma 1.º B do Curso de Artes de Espetáculo, vertente Interpretação, da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, estrearam-se em palco, no dia 18 de janeiro de 2018, com a divertidíssima peça «Vamos ser tão ALGARVE INFORMATIVO #253
despedidos!!», perante um auditório repleto de colegas e de professores deste estabelecimento de ensino da capital algarvia. Já é habitual os estudantes terem uma apresentação no final de cada módulo lecionado e este trabalho em concreto surgiu a partir de uma improvisação levada a cabo pelos jovens na sala de aula, “que
foi tão disparatada e engraçada 76
que os desafiei a escreverem uma descrição do dia-a-dia das personagens que tinham interpretado”, explicava a professora Rosa Vieira Guedes, minutos antes das portas abrirem e do público entrar. O resultado foram textos bastante hilariantes e depressa ficou a intenção de 77
os levar a cena, por chocarem com uma série de valores muito atuais. “Por um
lado, a Igreja enquanto instituição em falência, por outro, a ideia de que as terapias só resultam em casos de vícios em álcool ou drogas. Aqui, eles propuseram outro conjunto de adições muitíssimo divertidos”, indicou a ALGARVE INFORMATIVO #253
docente, acrescentando que os textos originais dos alunos apenas tiveram alguns retoques superficiais. “Foram
cruzar. Tentámos encontrar, em conjunto, modos de fazer essa colagem”, contou Rosa Vieira Guedes,
pouquíssimas coisas cortadas, porque existiam alguns palavrões ou situações que podiam chocar as pessoas”.
e o resultado final foi, de facto, bem conseguido. Uma obra totalmente criada em horário escolar, comenta ainda a entrevista, não tendo sido necessário realizar grandes ensaios.
Quanto à história, embora cada pedaço tenha sido escrito de forma isolada pelos diferentes alunos, possui um fio condutor, uma vez que as personagens frequentam sítios semelhantes. “É um
género da narrativa do filme «Crash» do Paul Haggis, de 2004, em que as pessoas não têm nada a ver umas com as outras, mas, por qualquer motivo, acabam por se ALGARVE INFORMATIVO #253
“Só os espetáculos é que acontecem fora do horário das aulas, porque alguns têm lugar à noite”. O cenário é o mais simples que possa haver, um fundo negro, mas a situação foi diferente ao nível do guarda-roupa e adereços, revela a professora. “Ao
longo dos cinco anos de existência deste curso fomos 78
guardando coisas, outras são dos alunos, minhas, dos pais, inclusive um empréstimo da Cruz Vermelha, a t-shirt do bombeiro que é viciado em fogos”, descreveu Rosa Vieira Guedes, confessando que as expetativas eram enormes antes da estreia absoluta destes jovens alunos. “É um curso
profissional que dá equivalência ao 12.º ano e que exige aproveitamento ao longo dos três anos e a apresentação de uma prova pública. E todos eles estão aqui por sonharem seguir uma carreira de ator”, assegurou a entrevistada, embora reconheça que, há cinco anos, alguns alunos poderiam seguir este caminho por pensarem que seria um modo mais simples de concluir o ensino secundário.
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Cinco anos de trajeto em que alguns alunos já se formaram, então, em Artes de Espetáculo na Tomás Cabreira, com o passo seguinte a variar consoante os casos. “Alguns foram para Escolas
Superiores de Teatro em Lisboa e Coimbra, temos uma jovem em Londres, outros ingressaram em cursos diferentes no ensino superior, porque a sobrevivência está em primeiro lugar. Nós explicamos que a vida de ator não é fácil e que nem todos têm a sua oportunidade. Depois, como em tudo na vida, há uns que têm consciência disso, outros, se calhar ainda não”, considerou Rosa Vieira Guedes, em final de conversa .
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MOURA ENCANTADA CONTINUA A SER VISTA NAS MURALHAS DO CASTELO DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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nserido nos festejos do Dia do Município de Tavira e dos Santos Populares, a «Armação do Artista» voltou a realizar, na noite de 23 de junho de 2018, um ensaio em torno da lenda da Moura Encantada, no Castelo de Tavira. Foi o sexto ano que esta estrutura cultural promoveu a envolvência da própria comunidade no ato criativo e o resultado foi, de facto, de grande qualidade, para satisfação das centenas de pessoas que encheram o espaço a céu aberto, sob a luz das estrelas, em frente ao imponente monumento da cidade do Rio Gilão.
cidadela mourisca da Cidade de Tavira, à meia-noite da noite de São João aparece, sobre o terrado da muralha do Castelo de Tavira, uma formosa moura, ansiando pelos amores de um cavaleiro que lhe possa quebrar o encanto. Dizse que a jovem era a filha de AbenFabila, o governador mouro que fugiu aquando da conquista de Tavira pelos cristãos liderados por D. Paio Peres Correia. Antes disso, porém, encantou a filha para que os soldados dela não abusassem, com a promessa de regressar para reconquistar a cidade e a resgatar. Contudo, tal nunca veio a acontecer.
O enredo começa numa normal sala de aulas, onde uma professora explica aos seus alunos a antiga crença de que na
A lenda conta igualmente a história de D. Ramiro, cavaleiro cristão que se apaixonou pela moura encantada,
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precisamente numa noite de S. João, pela sua extraordinária beleza, mas também pela infelicidade da sua situação. Perdido de amores, resolveu subir ao castelo para a desencantar, mas a escala dos muros demorou tanto que, quando finalmente chegou ao topo, já o sol brilhava no céu e tinha passado a hora de se almejar o desencanto. A frustração do jovem cavaleiro foi de tal ordem que batalhou com tremenda fúria os mouros, mas 91
nunca chegou a reencontrar a sua moura encantada. Ainda hoje a noite de São João é bastante festejada em Tavira e, mal se escutam as 12 badaladas, todos recordam a moura encantada que surgirá dos muros do Castelo de Santa Maria. E assim aconteceu, novamente, em 2018, com a história a ser interpretada por um extenso elenco composto por Ana Bundaru, Andreia ALGARVE INFORMATIVO #253
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Miranda, António Costa, Ana Palmeira, Carla Ferreira, Carlos Silva, Celso Candeias, Clara Soares, Cristina Martins, Débora Caldas, Francisca Esteves, Frederica Esteves, Hélder Pires (músico), Henrique Vicente, Isadora Santos, Irina Marques, Joaquim Santos, Jorge Pereira, Leonardo Fortes, Lourenço Brito da Mana, Liliana Viegas (cantora), Lurdes Horta, Maria João, Maria Luísa Francisco, Maria Nunes, Maria Odete Correia, Noémia Veríssimo, Paula Gomes, Pedro Antunes (músico), Pedro Viegas, Rita Silva, Rui Cabrita, Santiago Beldade, Samira Pires, Samuel Viena, Sara Martins, 93
Sidónio Fortes, Tái Pindsls, Teresa Afonso, Valentim Fortes, Vanessa Palma, Vera Beldade, Verónica Palma, Violeta Weitz e Vítor Martins. A Direção Artística, Texto e Encenação estiveram a cargo de Vítor Correia, sendo que a música da «Lenda da Moura Encantada» é da autoria de Paulo Barrosa. A Cenografia foi de Ângelo Gonçalves, a Montagem Cenográfica de Ângelo Gonçalves, Celso Candeias e Vítor Correia, o Desenho de Cena de Vítor Correia e o Desenho de Luz e Som de Stelmo Barbosa . ALGARVE INFORMATIVO #253
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«SWEET HOME EUROPA» FOI A CENA NO TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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e onde vimos e para onde estamos a ir?” é o pensamento subjacente a «Sweet Home Europa», um texto original de Davide Carnevalli, traduzido por Tereza Bento e encenado por João Pedro Mamede, que foi a cena, no dia 30 de junho de 2018, no Teatro Municipal de Portimão, numa produção do Teatro Nacional Dona Maria II.
sentimos o tremor da sua estrutura, sendo-nos revelada a sua singularidade. Davide Carnevali descreve o extremo em que o Velho Continente se encontra, o crepúsculo, talvez o sítio de onde podemos ver melhor de onde vimos e para onde estamos a ir, numa visão cáustica do sonho europeu”, explicou o encenador.
Nesta fábula interpretada por João Vicente, Isabel Costa e João Pedro Mamede, o amor é o ato político que calibra o bem-estar económico da comunidade; cada indivíduo, a memória de um povo; o capital, o prato na mesa. “«Sweet Home Europa» é um
projeto da Europa em crise, em que ALGARVE INFORMATIVO #253
Na obra, o dramaturgo italiano fala de uma Europa que aceita estrangeiros e refugiados e que os integra, para logo depois os abandonar e desprezar, enredo que é protagonizado pelos três atores num estrado inclinado com pregos no chão. No cenário apenas se vislumbram, para além dos pregos no 102
chão, uma mesa azul e duas cadeiras, mas também flores amarelas de papel espalhadas pelo chão que simbolizam um jardim. E é nesta envolvência que dois homens e uma mulher vão representando várias personagens anónimas, com música clássica interpretada, ao vivo, num piano no canto esquerdo do palco, quase escondido. Ao longo da peça estão em colisão constante o interior e o litoral, a pesca e a agricultura, as diferentes culturas e religiões, mas abordam-se também os
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problemas das mulheres dos tempos modernos, os salários inferiores aos seus colegas masculinos, a igualdade ilusória, aparente, que depois não se concretiza no mundo real. “Em suma,
retrata-se uma Europa que todos acolhe, mas que joga para o lixo quem não lhe interessa, um cenário bem atual pela problemática dos refugiados, mas que também já se vislumbrou noutros momentos da sua história”, reforçou o encenador .
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OPINIÃO Amor em tempos de confinamento Mirian Tavares (Professora) Florentino Ariza tenía la respuesta preparada desde hacía cincuenta y tres años, siete meses y once días con sus noches. -Toda la vida -dijo. Gabriel García Márquez i El Amor en los tiempos del Cólera, de García Márquez, há muitos anos. Trabalhava numa livraria, a D. Quixote, que era um paraíso para leitoras ávidas como eu: duas salas abarrotadas de livros, sobretudo romances, que aprendi a arranjar nas estantes e a conhecer de cor suas lombadas, editoras, géneros. Um vendedor deu-me de presente o livro do García Márquez que devorei rapidamente. Quem já o leu sabe que é uma história de amor desmesurada, típica novela, ou romance folhetinesco, que o autor escreveu pouco tempo depois de ganhar o Nobel de Literatura. Um homem que espera pelo amor da sua vida durante 53 anos, 7 meses e 11 dias com suas noites. Tudo muito bem registado– cada encontro, breve, e o grande e terrível desencontro. Mas ele espera e, como todo romance de amor desmesurado, consegue, no fim, ficar com a sua amada. O que me pergunto é se o amor duraria os 53 anos, 7 meses e 11 dias se ela tivesse dito sim ao seu pedido de casamento. Se em vez de ALGARVE INFORMATIVO #253
desencontros tivesse havido um encontro e ambos se tornassem um casal banalíssimo de uma banal cidade colonial sul-americana. Provavelmente não haveria o romance de García Márquez, porque os amores banais, quotidianos, feitos de encontros felizes, são muito bons na vida real, mas como plot não rendem uma grande narrativa. Um conto, talvez. Ou uma peça do Edward Albee – ácida, acutilante e, ao mesmo tempo, terrivelmente banal. E o final feliz, neste caso, é dúbio: dificilmente é final e raramente é feliz, pois retrata a vida mesma. As histórias de amor que acontecem, que vivemos (se temos sorte), de forma mais ou menos natural e que dão certo, que perduram, cujas personagens se encontram logo no início e já não querem se largar, têm pouco atrativo para os escritores em geral. Nem para manchetes de jornais servem. Agora, passada a fase mais dura do confinamento, lemos que o número de pedidos de divórcio aumentou bastante. Mas não lemos as histórias dos que resistiram a todos os percalços, um ao lado do outro, dia após dia, numa prisão 110
domiciliar agravada, algumas vezes, pela omnipresença dos filhos, dos gatos, dos cães, papagaios ou de um familiar próximo – uma mãe, um tio, uma avó. Ou talvez aqueles que resistiram à dura batalha travada no quotidiano, a sós, com eles mesmos, sem mais ninguém, focados um no outro. Minha mãe dizia que se queremos conhecer alguém, temos de primeiro comer um quilo de sal com ele. É preciso estar junto, habitando os mesmos espaços, preparando as refeições e dormindo na mesma cama, noite após noite, para saber verdadeiramente quem é o outro que escolhemos para partilhar connosco a vida. E nem sempre essa descoberta é prazenteira, ninguém é perfeito quando visto em carne e osso e sangue e fluidos e dores e medos. A perfeição é pertença dos que não ficam, daqueles por quem alguém espera 53 anos, 7 meses e 11 dias e noites. Mas, para mim, amar a imperfeição do outro é a prova maior de um verdadeiro amor: amá-lo na sua plenitude, com seus humores, nos dias bons e maus. E foram esses os que resistiram ao confinamento. Claro há os que continuam, como nas peças de Edward 111
Foto: Victor Azevedo
Albee, juntos, mas separados, cozinhando ódio em lume brando. Mas estes dão belos contos, ou dramas consideráveis. Prefiro falar dos banais, que se amam em presença. Dos que sobreviveram com o outro e pelo outro. Dos que não rendem manchetes de jornais . ALGARVE INFORMATIVO #253
OPINIÃO Do Reboliço #89 Ana Isabel Soares (Professora) redondo o socalco onde assenta o cilindro do Moinho Grande. O Reboliço já ouviu aos homens falarem de moinhos de água, engenhos dentro de casas como a que conhece do monte, mas dentro de rios, de ribeiras, de água a correr. Já soube também de moinhos de vento que são volumes triangulares: casinhotas de madeira, assentes na terra por uma espécie de estaca que é veio a correr por uma das arestas e sobre o qual todo o edifício se movimenta para orientar o velame na direção certa do vento, aquela que fará que ele nas velas dê e leve dele a força às mós que têm no interior. (Fê-lo imaginar um tempo longo como seriam essas caixas de fósforos, de pouco mais que a altura de um homem e meio, assentes em zonas borrascosas e sujeitas, tão frágeis, à bruta natureza que os ventos tantas vezes com eles trazem. O mesmo pasmou com os de água: como pode um engenho habitar a inconstância de um aquático edifício? Há moinhos sentados no meio do leito, estremunhados que despertam entre a fúria dos lençóis onde, meses a fio, pensaram dormir em paz. Outros, mais confortavelmente instalados nas margens da água, fazem pender um rosário de alcatruzes em oração constante. A água corre, sobe a
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roda dos alcatruzes, que a vão recolhendo e rejeitando, e é a força desse ficas-não-ficas imparável que vai para as pedras, que vai para o grão. Há – houve, que é raro falar-se deles no tempo presente: antes ouve o Reboliço referirem-se os homens ao que havia, que já esteve, que sucumbiu, que caiu em ruína ou em ruína se levantou). Aquilo que causa ao bicho espécie e curiosidade é a diferença que imagina haver na comparação com o moinho que conhece, o Moinho Grande. O cotejo que pode ocular, orelhal, faral e patalmente fazer é com os dois moinhos do monte ali ao lado, dois tocos velhos, dois punhos a que a lepra do tempo foi comendo os dedos, a pele, o vigor. Se perto deles se aventura, e raramente o faz, por temor e respeito, faz disparar a escandalosa exibição de latidos, uivos e ranger de mandíbulas dos seus parentes mais avolumados: dois cães, como se fossem as almas revoltadas de cada um dos velhos moinhos, acorrentados a cada uma das torres, mostram e fazem soar alta a fúria da degradação. Ao lado deles, outras carcaças esmorecem: velhas latas que já foram carros, bidons de óleo, alfaias desarmadas: no metal a desfazer-se em ocre óxido raspa o vivo metal das correntes – o rumor que corrói é ruído a ampliar o terror. Raro os 112
Foto: Vasco Célio
vista, o Reboliço, faz-lhe dó na memória a grandeza antiga daqueles moinhos, mais pequenos que o dele, mas de medida igual na pose e no trabalho. A um já não resta senão a torre, em pedras agora expostas; o outro ostenta ainda o cone do telhado, sobreviverá algum tempo mais, antes de lhe desabarem as cáries da parede. Na casa do monte do Moinho Grande, o Reboliço passa horas a contemplar um 113
retrato de antigamente: alinhados, como um mínimo coro de homens, os três moinhos alçam as velas e, nas brancuras triangulares que a fotografia imobiliza, ouve-se o vento, ouve-se o soluço do grão enquanto a farinha exulta . * Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.
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OPINIÃO A miragem João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) ivemos numa realidade farta de miragens. Miragens essas, cabalmente disfarçadas, maquilhadas e dadas ao consumo geral da sociedade que as haure sem pensar sequer em duvidar sobre a veracidade das mesmas. Isto, claro, num sentido geral. Há quem desconfie, conteste e refute. E os chamados fundamentalistas e obsessivos. Os chatos. Talvez me inclua aqui, nesta gama de pessoas que não se limitam a aceitar por adquirido tudo aquilo se publica e se promove como sendo uma verdade incontestável. Vejam, por exemplo, o que se passa na área ambiental.
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Somos regularmente brindados com prémios, distinções e «bandeirolas» enaltecendo o nosso desempenho ambiental. São as belas praias, respectivos apoios e qualidade das águas (Bandeira Azul), são os «bons» comportamentos municipais (programa ECOXXI), a Dieta Mediterrânica (UNESCO) ou o nosso desempenho no combate à desertificação («Campeões das Zonas Áridas» da Comissão Nacional de Coordenação de Combate à Desertificação). Temos também os prémios na área da sustentabilidade atribuídos a hotéis e empreendimentos. ALGARVE INFORMATIVO #253
Aqui encontramos casos verdadeiramente curiosos, como recentemente aconteceu a um projecto ainda em construção, alvo no passado de numerosas queixas internacionais pelos terríveis impactos ambientais, mas que já pode vangloriar-se de ser reconhecido como o «Melhor Projecto Residencial Sustentável de Portugal», pela European Property Awards. Enfim, o absurdo a atingir níveis surpreendentes. Se nalguns casos os prémios são justos e reflectem a realidade do território, na grande maioria «não bate a bota com a perdigota». Bom testemunho disso é o recente relatório publicado pelo INE sobre o Índice Sintético de Desenvolvimento Regional, referente ao ano 2018, no qual o Algarve surge na pior posição nacional no que à Qualidade Ambiental respeita. Aliás, na conjugação global de todos os índices, o Algarve surge também no grupo das piores regiões, com desempenhos abaixo da média nacional em todos os indicadores. Um registo que muito merecia uma reflexão por parte dos dirigentes da região. Podemos discordar dos critérios e parâmetros utilizados nesta avaliação. É esse o subterfúgio daqueles que procuram negar os resultados. Mas a matemática não dá para grandes 114
devaneios opinativos, quando ainda por cima já se aplica há vários anos da mesma maneira e por igual em todo o território nacional. Mas se este relatório surpreende os mais distraídos, os que, como eu, estão atentos ao que se passa na região, nem por isso. Basta, por exemplo, consultar regularmente os projectos em discussão pública em sede de Avaliação de Impacte Ambiental e concluir que pouco mudou nos últimos 30 anos no Algarve. A quantidade de projectos imobiliários, alguns megalómanos - como a surreal Cidade Lacustre de Vilamoura - que ali constam são muitos. Em escassas semanas, milhares de novas camas estiveram - e estão - para aprovação no Algarve. Uma maré de betão em progresso, quase sempre em zonas sensíveis, ao arrepio de tudo o que se anda a defender ao nível do combate das alterações climáticas, da protecção de solos agrícolas, da paisagem e da biodiversidade ou da poupança de água. E muitos ainda estão por surgir, nomeadamente o da Praia Grande em Silves ou do Vale do Freixo em Loulé. Se tudo isto ainda não vos elucidou sobre quão forte é o compromisso ambiental da região, deixem-me, por último, adicionar mais um exemplo: a instalação de grandes pomares de peraabacate em regime intensivo. Basta circular na A22 e ver os trabalhos herculeanos de despedrega que continuam em curso para instalar novas explorações desta fruta. São dezenas e dezenas de hectares de fruta tropical, grande consumidora de água, numa região que, como sabemos, água é recurso que pouco dispõe. 115
O Algarve tem de decidir o que pretende para o futuro. Se é para desbaratar «à vontade do freguês» que o assuma. Seria mais honesto e transparente. Se é para ganhar prémios ambientais, então seja coerente e ponha em prática tudo aquilo que consta nas dezenas de planos, estratégias, programas, convenções, directivas e mais um par de botas em torno do desenvolvimento sustentável. Mas que o faça de forma séria, pois, de acordo com o mencionado relatório do INE, nem ambiente, nem economia e nem coesão. E, no final, nem desenvolvimento, apenas uma miragem do que poderíamos ser . fontes: https://www.portugal2020.pt/content/indicesintetico-de-desenvolvimento-regional
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OPINIÃO - Reflexões, opiniões e demais sensações… Todas as vidas importam! (sejam elas brancas, negras, amarelas, cor de rosa, vermelhas, lilases ou rosa às bolinhas) Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) sta história do vandalismo cobarde e anónimo contra estátuas, agressões a pessoas e destruição de património, deixou-me perplexo. Algumas das imagens que vemos diariamente na TV, não são simples e legítimos protestos, são crimes e nada têm a ver com a luta pacífica contra o racismo. De repente, criticar certas atitudes, comportamentos e as suas consequências, é considerado uma atitude racista. E parece que a atitude correta a se ter com a destruição de património, de lojas, restaurantes e residências, não é criarem-se medidas coercivas para que isso não aconteça com a frequência de um piquenique. Parece que a atitude correta é criticar o Estado e o seu regime social porque promove a segregação, desfavorece os mais pobres, e incita a fenómenos deste género e, quando se tratam de membros de partidos e deputadas da República, tudo bem, desde que sejam de negros, porque o mesmo discurso na voz de um branco, um amarelo, cor de rosa, vermelho, lilás ou um rosa às bolinhas, já é racismo! Muita gente ainda não percebeu que continuam ALGARVE INFORMATIVO #253
infelizmente a ser instrumentalizados por grupos radicais, que se aproveitam para fazer avançar uma agenda que, não só não ajuda a resolver problemas, como os intensifica. Numa entrevista recente, um jovem cuja pigmentação é mais acentuada e que lhe dá uma cor próxima do negro, diz que tinha sido preso por andar a assaltar carros, e a gritar para a câmara «Eu sou português! Não são só os brancos que têm direitos!» e quer-me parecer que anda por aqui muita gente equivocada. O facto de ser português dá-lhe algum direito especial para destruir propriedade privada? Não me lembro de ter visto isto escrito na nossa Constituição, mas se lá está, avisem-me para eu finalmente implodir por aí umas coisitas. Se for um negro a levar umas punhadas por ter feito algo errado, estamos perante um caso de violência racial, se for um branco, um amarelo, cor de rosa, vermelho, lilás ou um rosa às bolinhas a levar as mesmas punhadas, não há problema? Com tanta gente meio iludida, para não dizer burra, algo me diz que a extrema direita vai, infelizmente, nas próximas eleições legislativas, passar a ser a segunda ou 116
terceira maior força política em Portugal. Não digam que não avisei, tenham juizinho. É que este excesso de zelo de não querer parecer ou ser racista está a embotar o espírito de muita gente. As minorias precisam de ser respeitadas, é um facto, mas enquanto respeitarem as regras da sociedade onde se inserem, mas não só para as minorias, as regras são iguais para todos. Todo o cidadão (seja agente da autoridade ou não) que comete um crime, como o que foi alvo George Floyd deve ser punido severamente e de forma exemplar, sejam eles brancos, negros, amarelos, cor de rosa, vermelhos, lilases ou rosa às bolinhas. Entendem? Claro que somos diferentes, porque somos diversos. Somos diferentes e isso é maravilhoso. As nossas diferenças e diversidade é o que dá vida e sabor à 117
democracia. É o coentro, a salsa, o sal, a pimenta, que dá o toque fundamental a um prato extremamente saboroso. Assim são as culturas, as pessoas, as etnias, as ideias, as religiões: o tempero que dá o grande toque especial à nossa democracia. Pessoalmente estou-me nas tintas para a cor da pele. O que me chateia solenemente é a histeria dos supostos defensores das minorias. Até parece que, por serem minorias, têm que ter um tratamento preferencial e distinto da maioria, independentemente da cor de sua pele. Continuamos a ter este péssimo hábito de dividir o mundo em dois géneros ou duas cores e atribuir a cada uma as suas virtudes e os seus defeitos, tentando infrutiferamente vislumbrar um sentido nas ações da «cor ou género oposto». A própria designação é insidiosa, e remete para uma linha fronteiriça que não está lá, sugerindo que um género deverá sempre marrar contra o outro, o que normalmente acontece. Para mim é algo tão irritantemente artificial como a linha do horizonte: já alguém alguma vez segurou a linha do horizonte firmemente, com ambas as mãos? Eu já, mas o medronho era de má qualidade e o barco balançava muito. Pessoalmente, acho que andamos todos a fazer género quando insistimos neste Tratado de Tordesilhas racial, dividindo o mundo ao meio, metade para ti, metade para mim, e depois passamos a vida empoleirados na cerca a tentar perceber o que está do outro lado e a tentar provar, ou comprovar, as diferenças. O racismo e preconceito (seja ele qual for) estão diretamente ligados à falta de inteligência, é uma perda de tempo tão estúpida e vã quanto o sexismo que, decididamente, não fazem o meu género.
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OPINIÃO O que não deve, como cliente, fazer II Augusto Pessoa Lima (Cozinheiro, Consultor e Formador) aja em conformidade Leia bem a ementa, pergunte como é feito o prato que escolheu, antes de pedir. Informe do que não gosta ou não pode comer. Por norma, e num restaurante que preze pelo bom serviço, o tempo de preparação, confecção e serviço de entrega é executado em tempos pré definidos e o comportamento do cliente e do empregado de mesa são muito importantes, sobretudo entre pratos.
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Não se permita comer contrariado uma coisa que não pediu. Não estará a ajudar ninguém. Nunca reclame depois de ter comido, tudo. Se não estava bom, porque comeu? A reclamação só funciona se for no momento. Depois não, nem surte efeito, nem você terá razão. Opte por chamar sempre o responsável de sala ou mesmo pedir a presença do cozinheiro responsável pela cozinha. Mas faça-o com serenidade, sem chamar atenção demasiado para si próprio. – Pensar que sabe tudo Porque não sabe, mesmo! Em dúvida, pergunte, informe-se, questione. Deixo algumas dicas: ALGARVE INFORMATIVO #253
Os animais depois de mortos, esquartejados e vendido em peças, não têm qualquer sangue, pois ele corre nas veias apenas quando está vivo, certo? Existem Carnes vermelhas – as que provêm de mamíferos, e Carnes brancas – as que vêm das aves e dos peixes, mariscos, gastrópodes (como a lapa e o burrié) e cefalópodes (como o polvo e o choco). Todas têm Mioglobina, uma proteína que ajuda a Hemoglobina presente no sangue a transportar o oxigénio e responsável pela coloração vermelha das carnes, brancas incluídas e de peixes também, exemplo do atum. Por não ter uma cor avermelhada, o porco é muitas vezes e erradamente chamado de carne branca. A mioglobina aumenta consoante o exercício e atividade que o animal tem. Posto isto, por favor, jamais diga que “a vaca ainda estava viva” ou que “a carne está em sangue”. Existem Peças de carne e Cortes de carne. Os Cortes foram pensados em extrair o melhor da peça, permitindo obter carnes cozinhadas com mais ou menos humidade no seu interior. Em se tratando de carnes vermelhas, a tal Mioglobina, presente nos fluidos naturais, estará mais presente em alguns cortes. Agora já ficou a saber – não peça um tornedó Bem passado. Seria como pedir um copo de água e lhe dessem apenas o copo. Não faz sentido! Peça antes um bife, baixinho. 118
Num outro exemplo, demasiada gente crê que os alimentos, de um modo geral, nos restaurantes, são servidos mal cozidos, pois gostam deles extremamente bem cozinhados, ou seja, arruinados. Cozer demasiado o arroz, tiralhe a graça e a magia conseguida entre o crocante e o cremoso, e o sabor. Sobre os legumes, que perdem consistência e cor, principalmente os que detêm a proteína verde, a clorofila, quando demasiado cozinhados, interessa saber que devem ser cozidos para que se mastiguem, sem serem rijos em demasia. Genericamente, podemos dizer que legumes moles, perderam os nutrientes e sem cor, perderam as vitaminas. Num restaurante onde se pratique uma cozinha sabedora, o pimento terá a cor do pimento, e o feijão-verde, será verde, vivo, não acastanhado. E as massas? Que maçada ver tanta reclamação. Os italianos, especialistas em comer e cozinhar massas, se viram na obrigação de criar uma regra que não degenerasse a sua confecção e conceberam o termo Al dente – ponto de cozedura em que a massa (leia-se o alimento), deve estar cozido de forma que se possa mastigar sem esforço, não em demasia, como um puré. Evidentemente que perceber qual o ponto de cozedura realmente certo, 119
textura e demais apontamentos requer tempo, estudo e visita a muitos restaurantes. Isto tudo e o seu gosto particular, claro. – Não se apodere do que não é seu Não ocupe mesas e cadeiras sem antes ter perguntado, se pode. Não haja como se estivesse em sua casa. Peça licença, por favor e agradeça. Se gosta de ser bem tratado, comece por dar o exemplo. A mesa e a sala de restaurante não são sala de leitura, recreio ou ponto de encontro onde pode fazer chamadas, ler o jornal ou fumar um cigarro. Não leve nada que não seja seu. Isso é roubo. Peça, vai ver que por vezes temos surpresas agradáveis .
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