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“É muito grave quando um jovem pensa que estudar não serve para nada”, avisa António Branco, reitor da Universidade do Algarve

WiFi4Media - Tecnologia algarvia à conquista do mundo

JOÃO LUM rumo ao estrelato comALGARVE «Atmosfera» INFORMATIVO #26 1


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ATUALIDADE

WIFI4MEDIA

JOÃO LUM

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Algarve Informativo #26 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Foto de capa: Daniel Pina Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 As notícias que marcam o Algarve em algarveinformativo.blogspot.pt

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OPINIÃO

POUPAR POUCO NÃO É O MESMO QUE GASTAR MUITO…

DANIEL PINA Editor/Jornalista

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rimeiro que tudo, não sou economista. Estudei micro e macroeconomia durante vários anos no ensino secundário e na universidade, mas não sou economista. Aliás, cedo percebi que, embora tivesse jeito para os números, faltava-me a paciência para lidar com eles durante todas as horas de todos os dias para o resto da vida, pelo que decidi seguir a via de marketing e comunicação do curso de Organização e Gestão de Empresas tirado no ISCTE, em Lisboa. E da vertente da comunicação até descobrir a paixão pelo jornalismo foi um pequeno passo e tem sido essa a minha atividade profissional há mais de 15 anos. Serve esta pequena introdução para explicar que, quando li uma notícia num prestigiado jornal nacional a dizer que as famílias poupam pouco e que gastam quase tudo em consumo, fiquei logo com dois pensamentos na retina: em primeiro lugar, não é preciso ser um especialista na matéria para saber que poupar pouco não significa necessariamente que se gasta muito ou que se está a consumir mais; em segundo lugar, é fácil verificar como um título menos conseguido pode transmitir logo uma ideia errada às pessoas antes mesmo delas lerem o artigo. Quem teve tempo para ler mais que as «gordas» do título, ficou a saber que, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas referentes ao primeiro semestre deste ano, as famílias portuguesas estão a cortar na poupança, que atingiu um dos níveis mais baixos de sempre, ao mesmo tempo que canalizam a esmagadora maioria do rendimento disponível para consumo (95,8 por cento). Dizem que os valores são semelhantes aos de 2008, ano em que rebentou a famigerada crise financeira internacional. Até aqui

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tudo bem, é a simples constatação de dados estatísticos e não vou colocar em causa a sua veracidade. Já não concordo quando os supostos responsáveis pelo estudo dizem que as famílias portuguesas voltaram ao seu modo de vida tradicional, gastando quase todo o rendimento em consumo e dedicando cada vez menos valores à poupança. Ora vamos lá a pôr alguns pontos nos «i’s». Se calhar, antes de afirmarem que os portugueses voltaram a gastar o seu dinheiro de forma descontrolada e que não colocam nada de lado para dias piores, era melhor tentar perceber se a queda da poupança não se deve, essencialmente, à queda dos rendimentos dos próprios agregados familiares e ao aumento da esmagadora maioria das despesas fixas mensais. E não estou a falar em despesas ligadas ao típico consumismo, a luxos e bens supérfluos, mas sim de bens e serviços de primeira necessidade. Sejamos honestos e esqueçamos o discurso politicamente correto que tanto agrada aos senhores importantes da União Europeia. Os salários caíram na generalidade das profissões, fosse por cortes diretos nos vencimentos, porque os aumentos não acompanharam a taxa de inflação ou por causa do aumento da carga fiscal sobre as famílias através do IRS e da tal sobretaxa que era para ser temporária e parece que se tornou permanente. E depois há as tais prestações sociais a que muitos portugueses tinham merecido direito, por exemplo os abonos de família, e que de repente desapareceram porque os governantes tinham que cortar na despesa pública e mexeram nos escalões de rendimentos. Portanto, se nos esquecermos dos políticos, nomeadamente dos governantes e dos deputados

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dinheiro que ganhamos mal chega para pagar aquilo que é imprescindível. Portanto, por favor, lá porque a poupança caiu para mínimos históricos, segundo os vossos registos estatísticos, não digam logo que o tuga voltou a ser malandro e que quer viver acima das suas possibilidades sem pensar no futuro nem medir as consequências dos seus atos. Se calhar, a justificação é bem mais fácil: se ganhamos menos dinheiro e pagamos mais euros por aquilo que precisamos para viver, então é natural que se consiga poupar menos. Percebido, senhores das estatísticas? E se cometi para aqui alguma gaffe nesta análise rabugenta, desculpem lá qualquer coisinha, é que não sou economista profissional.

da Assembleia da República, e dos administradores das grandes empresas, públicas ou privadas, a quase totalidade dos portugueses passou a levar menos dinheiro para casa ao fim do mês de trabalho. Ou, pior do que isso, passaram a não levar nada porque perderam os empregos ou viram as suas empresas ir à falência, umas vezes por sua causa, outras por causa de decisões tomadas por terceiros, normalmente pelos tais senhores de fato e gravata que não contam para estas estatísticas tenebrosas. Percebido, senhores das estatísticas? A maior parte de nós, simples cidadãos, começou pura e simplesmente a ganhar menos. Agora, a outra parte desagradável, aquela que sentimos na pele todos os dias. Os preços aumentaram em tudo e mais alguma coisa, desde as contas da eletricidade, água, gás e telefone, às compras do supermercado, às idas aos restaurantes, às consultas dos hospitais, aos medicamentos nas farmácias, aos bilhetes dos transportes públicos, às mensalidades dos filhos dos infantários, seja por causa da subida da taxa do IVA, seja porque o aumento do custo das matérias-primas implicou a subida dos preços dos bens, seja porque o Estado privatizou vários serviços e os novos donos das empresas quiseram ganhar mais dinheiro e as tarifas dispararam. E por falar nos infantários, não nos esqueçamos que os cortes desmedidos do Governo na Educação gerou menos vagas no ensino público e muitos pais foram obrigados a colocar os filhos em infantários privados, que não são nada baratos. E também não nos esqueçamos das vacinas que deixaram de ser comparticipadas, e por aí adiante. Mas depois os nossos governantes mostram-se preocupados com a queda das taxas de natalidade e dizem-nos para ter mais filhos. E depois com que dinheiro é que os criamos e educamos? Percebido, outra vez, senhores das estatísticas? A maior parte de nós, simples cidadãos, começou, pura e simplesmente, a pagar mais por aquilo que já comprávamos antigamente, pelos bens e serviços de primeira necessidade. Não nos metemos, feitos loucos, a gastar rios de dinheiro em automóveis topo de gama, em vivendas luxuosas, em geringonças de última geração. Se calhar até gostávamos de fazer isso, mas o pouco

DANIEL PINA (…) Ora vamos lá a pôr alguns pontos nos «i’s». Se calhar, antes de afirmarem que os portugueses voltaram a gastar o seu dinheiro de forma descontrolada e que não colocam nada de lado para dias piores, era melhor tentar perceber se a queda da poupança não se deve, essencialmente, à queda dos rendimentos dos próprios agregados familiares e ao aumento da esmagadora maioria das despesas fixas mensais. E não estou a falar em despesas ligadas ao típico consumismo, a luxos e bens supérfluos, mas sim de bens e serviços de primeira necessidade (...)

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ENTREVISTA

“É muito grave um jovem pensar que estudar não serve para nada”, avisa António Branco, reitor da UAlg

A Universidade do Algarve iniciou mais um ano letivo num clima de franco otimismo em relação ao futuro e, entre a 1ª e a 2ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, 1239 novos alunos entraram para esta instituição de ensino que continua a reformular a sua oferta educativa de maneira a melhor responder às necessidades do mercado e da região onde se encontra inserida. Em rota ascendente segue igualmente o número de alunos estrangeiros que elegem a academia algarvia para tirar o ensino superior, os centros de investigação e o corpo docente continuam superativos na produção de trabalhos e conteúdos e os pedidos de parceria das entidades públicas e empresas privadas superam em muito a capacidade de resposta da UAlg. Contudo, o reitor António Branco deixa o aviso de que as universidades portuguesas já reduziram ao máximo os seus custos e que o Governo deve inverter o seu paradigma de cortar o financiamento do ensino superior a torto e a direito, sob pena de se prejudicar a qualidade da formação que se está a dar às novas gerações. Texto e Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #26

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ENTREVISTA

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ano letivo 2015/2016 arrancou ao longo do mês de setembro e a Universidade do Algarve foi notícia por registar um aumento de 19 por cento do número de candidatos colocados na 1ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, superando o crescimento verificado no ano transato (14 por cento) e tendo um desempenho bastante mais agradável do que a média nacional, que se ficou pelos 11,4 por cento. A Universidade do Algarve continuou a crescer na 2ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior e, feitas as contas, são 1239 os novos alunos que iniciaram a sua caminhada no ensino superior na academia algarvia. No final das duas fases de acesso, a UAlg apresenta uma taxa de ocupação de 85 por cento das vagas oferecidas para 2015/16, superando o registo de 2014/15 (74 por cento) e aproximando-se da média nacional do presente ano (89 por cento). Destaque igualmente para a evolução do número de cursos com a totalidade das vagas preenchidas, que subiu de 7, em 2013/14, para 27 em 2015/16. As vagas não ocupadas baixaram também de 366, em 2014, para 200 em 2015 (-45 por cento), pelo que

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ficaram apenas por colocar 15 por cento das vagas iniciais, contra 26 por cento em 2014/15 e 43 por cento em 2013/14. Ora, como a Universidade do Algarve, à semelhança dos restantes estabelecimentos de ensino superior, não padece dos eternos problemas com a colocação de docentes, uma vez que a gestão desses recursos humanos é da sua exclusiva competência, pode-se dizer, sem grande receio de estarmos enganados, que o reitor António Branco tem todos os motivos para estar satisfeito com o arranque deste ano letivo. “Estes indicadores deixam-nos muito contentes, é o segundo ano consecutivo em que mais candidatos ao ensino superior nos escolhem e a Universidade do Algarve precisava disso. O início de aulas é sempre bastante complicado, porque envolve operações a vários níveis, mas, no geral, as coisas estão a correr bem”, afirma o responsável máximo pela UAlg. Isso não significa que tudo seja um mar de rosas e a verdade é que a academia algarvia sofreu, nos últimos quatro, cinco anos, o maior corte jamais verificado na dotação orçamental do ensino superior e todos os reitores das universidades e presidentes dos politécnicos têm frequentemente avisado que pode já se ter 10


ENTREVISTA ultrapassado o limite a partir do qual pode estar em causa a sobrevivência, com um mínimo de saúde, destas instituições. “Nós temos correspondido, ao longo destes anos, ao esforço que nos foi pedido, no sentido de ajustarmos as nossas formas de trabalhar aos problemas financeiros que o país atravessava. Claro que a Universidade do Algarve não corre o risco de fechar mas, se não houver uma inversão de política de financiamento do ensino superior, pode-se perder qualidade no trabalho que estamos a fazer e pode haver ruturas em determinados serviços ou cursos”, analisa o entrevistado, preocupado. “Algumas instituições estarão no limite, outras já terão mesmo passado dele, mas resta-nos esperar pelo resultado das eleições para ver qual será a postura dos nossos governantes”. Uma situação grave que afeta cada universidade de forma diferente, mas que pode assumir contornos mais sérios no caso da Universidade do Algarve, pelo elevado número de alunos e pelos diferentes polos que possui, António Branco, reitor da Universidade do Algarve mas António Branco chama a atenção para outros fatores a que, por vezes, não dos cortes orçamentais por via das receitas oriundas de parcerias de investigação”, se dá a devida importância. “Quando os indicadores de crise económica e social atingem esclarece o entrevistado. Portugal, o Algarve ressente-se mais do que as António Branco indica que a maior parte dos outras regiões, mas também me dizem que, serviços prestados pela Universidade do Algarve quando há recuperação do país, que o Algarve incidem sobre organismos públicos, com também recupera mais. No entanto, estamos a destaque para as câmaras municipais, e que falar de uma crise muito longa e grave e isso também eles sofreram pesadamente os efeitos influenciou as decisões que as famílias tiveram da crise. “Ou seja, foi uma dupla crise: a geral do que tomar na hora de enviar ou não os seus país, traduzida num financiamento muito abaixo filhos para o ensino superior. Para além disso, o do que seria desejável e normal; e a crise Algarve não é uma região industrializada, ao específica de uma região bastante deprimida e passo que há outras instituições que têm à sua que não teve capacidade para nos ajudar a volta um conjunto de elementos da sociedade ultrapassar este período. Temos que estar em civil que lhes permitiram alguma compensação alerta redobrado, porque esta situação não é 11

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ENTREVISTA comportável por muito mais tempo”, salienta, um cenário ainda mais agravado pela perceção com que as famílias foram ficando nos últimos anos de que ter um «canudo» já não é garantia de ingressar no mercado de trabalho. “Um dos erros estratégicos que se cometeu em Portugal foi estabelecer uma ligação muito direta e próxima entre o ter-se um diploma do ensino superior e a empregabilidade, porque as sociedades mais desenvolvidas sabem que isso só acontece em algumas profissões específicas, como é o caso dos médicos e outras. Depois, quando se verifica, em determinados momentos, uma queda muito grande na oferta de empregos, as pessoas fazem a mesma relação, mas no sentido inverso, ou seja, se não há emprego, não vale a pena estudar mais”, aponta o reitor. À conversa no seu gabinete nas Gambelas, António Branco lembra que, nas sociedades modernas, a educação é encarada como um instrumento de desenvolvimento humano, daí que seja frequente ver pessoas a exercer funções que não têm nada a ver com a sua formação académica, como, por exemplo, licenciados em Humanidades a gerir instituições financeiras. O reitor reconhece, igualmente, que estudar é caro, apesar do ensino ser tendencialmente gratuito e das propinas do ensino público serem substancialmente inferiores às do ensino privado. “Mas, num momento de crise, é perfeitamente possível que as famílias não tenham condições para colocar os seus filhos a estudar, por mais vontade que tenham. Não se trata apenas das propinas, são os livros, as deslocações, a alimentação e alojamento. Infelizmente, tenho visto muita tristeza nos olhos dos alunos do ensino secundário das escolas que visitei e isso é gravíssimo para um país. Um jovem triste significa a perda dum potencial humano, duma capacidade de criação, e se isso não existe nos jovens, quem é que a vai ter para renovar a nossa forma de viver e

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ENTREVISTA pensar”, questiona António Branco, inquieto com esta «depressão social» que vai ganhando força em Portugal. “É muito grave um jovem pensar que estudar não serve para nada. Para além do mais, apesar das crises, os indicadores continuam a dizer que um jovem com diploma do ensino superior entra mais depressa no mercado de trabalho numa área qualificada, simplesmente isso demora mais tempo a acontecer. No meu tempo, isso era imediato, mas nós éramos uma elite”.

Universidade e região lado a lado Ora, como se não bastasse toda esta conjuntura de crise internacional e de queda acentuada dos recursos financeiros das famílias portuguesas, o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho chegou mesmo a aconselhar os jovens licenciados no desemprego a emigrarem, a partirem para outros países em busca de melhor sorte, um conselho que não caiu nada bem no seio da sociedade e António Branco admite que pode, inclusive, ter contribuído para agravar ainda mais o estado de «depressão social» que se vive em Portugal. “Essa perceção, felizmente, está a mudar, mas também se estão a criar ofertas formativas com características muito diferentes das tradicionais licenciaturas, designadamente formações de dois anos oferecidas pelas escolas politécnicas que permitam uma inserção mais rápida dos jovens no mercado de trabalho. Espero é que isso não seja uma forma de descriminar pessoas em função das suas capacidades e do meio socioeconómico de onde vêm e de levar as instituições do ensino superior a formar empregados acríticos ou força de trabalho. A função das universidades não é essa, mas sim formar seres pensantes, que sejam capazes de ir para os locais de trabalho, para as associações, para as câmaras

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ENTREVISTA municipais, para «mexer» nas coisas e gerar mudança”, considera. Um aspeto positivo da crise, porque tudo tem o seu lado positivo, é que acabou por acelerar o processo de reestruturação das universidades portuguesas, depois de anos a fio a observar-se cursos com poucos ou nenhuns inscritos ou, por outro lado, a gerar sucessivas fornadas de desempregados, porque o mercado de trabalho nessas áreas educativas já estava saturado. “As instituições constataram, logo a partir de 2006, que o número de candidatos ao ensino superior estava a decrescer por questões demográficas do próprio país, mas não sou muito defensor da ideia que às vezes se transmite de que as crises são oportunidades. Sou daquelas pessoas que prefere olhar para o copo meio cheio do que para o copo meio vazio, mas a crise só é uma oportunidade se for ao encontro de qualquer coisa que já era sentida pelas instituições e levar ao acelerar dos processos de reforma interna. Acho que dizer ‘ainda bem que a crise veio, senão isto não era feito’, é absolutamente lamentável”, frisa António Branco, concordando que não podem continuar a existir cursos sem alunos. Diga-se de passagem que a Universidade do Algarve nem foi daquelas que mais sofreu com este problema, porque muito cedo colocou o olhar na região onde está inserida e criou cursos ligados ao turismo, à hotelaria, aos serviços, ao mar, ou seja, de acordo com a procura do mercado, para além dos cursos mais tradicionais e genéricos. “A UAlg é eclética como qualquer outra, com características semelhantes às de Lisboa, Coimbra ou Porto e com a missão de ter um leque bastante abrangente de ofertas e não condicionadas à região, porque recebemos estudantes do

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país inteiro e de outras 79 nacionalidades. Cursos relacionados com o mar não existem apenas na Universidade do Algarve, encontram-se até em zonas do país que não têm o mar por perto. Todavia, é verdade que algumas áreas que desde muito cedo foram criadas na UAlg cresceram mais depressa porque o Algarve tem condições naturais que proporcionaram esse maior desenvolvimento”, analisa António Branco, satisfeito também pelo facto da academia algarvia conseguir atrair diversos centros de investigação internacionais para a região. Neste plano concreto, o entrevistado destaca o papel do antigo reitor João Guerreiro, que criou um gabinete específico para a captação de investigadores e estudantes internacionais. O resultado dessa antecipação é que, hoje, a Universidade do Algarve conta com 600 a 700 estudantes estrangeiros em regime de mobilidade e aposta agora em atrair alunos para tirar as suas formações completas na região. “Mas, mais uma vez, isso sucede porque o Algarve tem condições de vida muito especiais. Não nasceu por acaso o nosso slogan «Estudar onde é bom viver», da mesma forma que

podíamos dizer «Investigar onde é bom viver». Estamos a aproveitar as condições que o Algarve oferece como uma mais-valia para a escolha da nossa universidade em detrimento de outras e parece que essa ideia está a passar, pois o número de estudantes e investigadores que querem vir para a UAlg está a aumentar”, observa, de sorriso nos lábios, aproveitando para agradecer o «passa a palavra» dos exalunos e investigadores que, entretanto, regressaram aos seus países de origem. “São os nossos melhores embaixadores”, reforça. Como estamos a falar em números, António Branco indica que a Universidade do Algarve é a sétima do país em termos de dimensão global, com perto de nove mil alunos. Contudo, quando se olha para a percentagem de alunos internacionais, a UAlg dispara no ranking para o terceiro posto, superando instituições até maiores do que ela. E se pensarmos nos trabalhos que realiza em parceria com as forças vivas da região, sejam entidades públicas ou empresas privadas, também não deverá andar muito longe dos lugares cimeiros. “Estamos a falar da única universidade de Portugal que foi criada pela Assembleia da República, por

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unanimidade, e por proposta dum conjunto de personalidades algarvias que não desistiram enquanto não conseguiram tornar esse desejo numa realidade. Isso faz com que o Algarve compreenda que a UAlg existe porque assim a região o quis e gera-se uma dinâmica e uma relação muito própria e afetiva entre as duas partes. Depois, à medida que se compreendeu o impacto que a criação da universidade teve no desenvolvimento regional, todos começaram a olhar para nós como um bem e que tem impacto no desenvolvimento de atividades longe da instituição”, justifica António Branco.

Governo tem que apoiar mais o ensino superior Esta relação de grande empatia e afetividade que existe entre os algarvios e a Universidade do Algarve estende-se igualmente a muitos alunos que vieram de outras zonas do país e que depois acabaram por se fixar na região. Apesar desta

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realidade ser evidente, António Branco quis ir mais além e iniciou um périplo por todos os concelhos, consciente de que, quando se tomam as coisas por adquiridas, elas tornam-se num hábito e perdem fulgor. “A Universidade tem que dar passos para renovar essa relação afetiva e o resultado que obtemos é um nível de desafios que nos são colocados e que nem sempre temos capacidade para lhes dar resposta. São projetos de todos os tipos, da

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ENTREVISTA área social, de câmaras municipais, de estudos económicos, de investigação aplicada a empresas e isso é sentido pela própria comunidade estudantil. Sabem que chegam a uma universidade com uma identidade bastante marcada, com uma identidade geográfica muito interessante e que está completamente aberta a uma região que tem, ela própria, uma identidade também bastante forte”, indica o reitor, que não é natural do Algarve mas aqui fixou residência em 1991. “Vim parar a um sítio que se transformou na minha casa, que é a Universidade, mas a região também se tornou na minha casa”. Outro aspeto que António Branco aponta é que a Universidade do Algarve é o segundo maior empregador da região, com 1200 a 1300 funcionários, ficando apenas atrás da Câmara Municipal de Loulé. Depois, sendo uma entidade suprarregional e supramunicipal, sempre que é necessário resolver discordâncias regionais acentuadas, a UAlg é um parceiro que pode ajudar a olhar para os problemas de outra perspetiva. “Temos capacidade de mais facilmente demonstrar que há mais convergência do que divergência e que é possível avançar-se com projetos com elevado grau de convergência onde, antes, parecia que ela não existia”, afirma, um papel aceite pela região provavelmente porque a Universidade do Algarve é um dos poucos casos em que todos os algarvios, do extremo do sotavento à ponta oposta do barlavento, remaram para o mesmo lado com vista à sua criação. “Foi notável como a região se conseguiu unir em torno do mesmo objetivo, independentemente das cores partidárias e das inúmeras diferenças que existem dentro dela. Somos, de facto, um dos projetos comuns mais importantes do Algarve”. Uma instituição fundamental para a região e que, apesar dos fantasmas da crise e dos cortes orçamentais, parece estar a regressar à sua melhor forma, com o número de alunos inscritos

a aumentar em dois anos consecutivos. António Branco prefere, contudo, ser mais cauteloso nesta análise e entende que a Universidade do Algarve precisa de mais estudantes para atingir um patamar que lhe garanta alguma saúde financeira. “Todavia, não conseguimos fazer tudo e não temos controlo sobre a dotação orçamental que o governo nos atribui. Somos um organismo de estado, estamos a cumprir uma missão em nome desse estado – o ensino público – porém, a dotação orçamental que nos chega, neste momento, já só paga 75 por cento dos vencimentos. E não estou a incluir a água, a luz, a vigilância, a limpeza, todos esses gastos comuns”, revela. “Há qualquer coisa nisto que é perturbante porque, se somos um organismo público, a dotação devia, pelo menos, cobrir estes gastos fixos. Nós fazemos o trabalho que temos que fazer, estamos a obter alguns resultados que nos deixam satisfeitos, mas que ainda não são suficientes, estamos a realizar uma reforma interna da instituição, a fechar uns cursos, a fundir e a criar outros, mas há um limite para o que está ao nosso alcance”, salienta, esperançado que os governantes que saiam das eleições legislativas do dia 4 de outubro assumam uma postura diferente em relação ao ensino superior. Entretanto, alheios a todas estas preocupações, caloiros, académicos e veteranos andavam numa roda vida porque decorria a receção aos caloiros da Universidade do Algarve .

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OPINIÃO

OS REPRESENTANTES DO POVO

PAULO CUNHA

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antando um destes dias com um amigo brasileiro e assistindo de soslaio a um debate entre os líderes de duas forças partidárias, eis que ele me lança a seguinte questão: “Qual será a razão pela qual, servindo as eleições que se avizinham para eleger os deputados de cada região de Portugal, a maioria da imprensa concentra apenas a sua atenção nos debates entre os secretários gerais dos partidos representados na Assembleia da República?”. Fazia-lhe confusão não ver os candidatos regionais a discutir e a dirimir as suas opiniões e visões estratégicas para a região que, pretensamente, irão representar e defender, pois é neles que o eleitor deveria fazer recair - ou não - o peso do seu voto?!... Apelando à minha capacidade sintética/analítica, tentei explicar-lhe as idiossincrasias de um povo ainda jovem no que à democracia diz respeito. Efetivamente ele tinha razão, a maioria dos portugueses acabam por ver estas eleições apenas como a oportunidade de escolher um primeiro-ministro que terá então a incumbência de constituir o governo do país, e não a de, em primeira instância, escolher os seus representantes na «nossa» Assembleia. É difícil explicar a um estrangeiro que muitos dos candidatos que aparecerão de carinha laroca e produzida nos panfletos que encherão as caixas de correio e povoarão os «outdoor» à beira estrada plantados, nunca foram «tidos nem achados» quanto aos problemas, questões e

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assuntos da região pela qual se candidatam; que alguns nem dessa região são, passando nela apenas o tempo necessário para que os mais incautos e crentes fiquem com a sua imagem na retina; que alguns «cabeças de lista» assumam os cargos para logo de seguida saírem para «irem à vida», dando assim lugar a figuras apagadas, impreparadas e totalmente desconhecidas da população que os elegeu; que o dever de obediência à disciplina de voto do partido se sobreponha aos soberanos e inalienáveis direitos das populações que esses deputados deveriam representar na «Casa da Democracia»; que sendo um dos Parlamentos mais povoados na Europa, os muitos assentos não correspondem proporcionalmente a parlamentares que decidam a favor de quem os elegeu. Enfim… O Portugal do poder. E como final de conversa ainda lhe presenteei com outra característica muito própria do «Portuga»: exige, reclama, barafusta… mas sempre nas alturas despropositadas e nos sítios inapropriados. Se não vejamos… Vós, que comigo partilhais esta minha reflexão, sabeis por acaso o nome de todos os deputados da vossa região que cessaram funções e que no último mandato vos representaram no hemiciclo parlamentar? Não… Bem me parecia! Depois de eleitos os representantes, os representados caem no esquecimento. Obviamente, porque só é respeitado quem se faz respeitar! .

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OPINIÃO

Crónicas dos emergentes*

CAPÍTULO 2: HONRA E GLÓRIA

EDGAR PRATES

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raga, 21 de Fevereiro de 2005. “Depois de uma análise aos resultados eleitorais só consigo dizer isto. Ontem vivemos um pacto diabólico: temos um filósofo político a comandar Portugal. Multiplicou-se a memória curta dos portugueses. Portugal é visto pelos estrangeiros como um dos mais iletrados e mal-educados da Europa, sem honra nem glória. Só lá faltava Guterres que poucos anos antes descreveu Portugal como sendo um pântano; voltámos aos tempos do Romantismo Português, bem feudal, à boa maneira do Bordalo Pinheiro. Vamos voltar a andar a cavalo, a comer na cantina e a viver de esmola. Vive seguro só quem trabalha confortavelmente para o Estado ou que proceda a atos quase ilegais contra o Estado. Passámos de orgulhosamente sós para sós sem orgulho. Vasco da Gama teve coragem como poucos e chegou à Índia. Não lhe faltou nada a ele nem a Portugal. O que é feito dos verdadeiros Portugueses hoje?" Estava eu já no estrangeiro, exilado em liberdade, deslocando-se entre a República Checa e os Estados Unidos, com ansia de triunfo e conquista, a ver coisas novas que se passavam no mundo, a lidar com gente empreendedora dos cinco continentes, a deixar marco por terras forasteiras, para onde me enviou esse filósofo português sem o saber, por contradição aos princípios dos quais somos feitos há quase 900 anos, longe da nação e sem poder olhar o nosso imenso Mar. Ao saber das notícias, conclui que era evidente que o país onde nasci estava em rota de colisão iminente. Fizeram sentido as palavras desse grande amigo a quem um dia lhe correu mal uma decisão de investimento: "Os negócios são como as mulheres. Se as amas fazes tudo por elas.

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Mas se elas não te amam, tu estás feito”. Há que ter visão. Demonstrar coragem. E ser coerente nas decisões. Uns dias antes de um ato eleitoral, no âmbito de cargos de ação comunitária de juventude, dei uma entrevista à revista generalista Algarve Mais, onde se publicou os meus pontos de vista em relação às futuras eleições legislativas de 2005. Apelei a uma mudança. Afinal, ninguém entendeu a mensagem. Fiquei descansado porque passei a mensagem. Mas fiquei preocupado pela quantidade de gente que na altura não compreendeu do que se estava a falar. Era tao evidente a problemática em questão, que mais cedo ou mais tarde o povo iria ver as consequências de determinadas escolhas numa época tao crítica da história. Viviam-se tempos de decisões importantes no contexto de uma nova Europa a 27. Portugal não quis evoluir e fazer face aos desafios de um mundo onde várias economias emergentes acordaram quase simultaneamente um pouco por toda a parte esfomeadas de crescimento económico. Na sua grande maioria, as economias emergentes não se preocuparam em desenvolver-se através da criação de Estados Sociais, basicamente porque não havia nada para dar. Em muitos países emergentes nem sequer existia uma fração dos planos de apoio social em vigor tradicionalmente nos países mais ricos da Europa. Essas economias emergentes tinham como objetivo crucial a redução do peso do Estado na economia como forma de atrair investimento estrangeiro sustentado a longo prazo. Portugal desde há várias décadas que tentava erguer-se de todo o aparato que resultou depois do assassinato do rei D. Carlos em 1908; com os resultados de Fevereiro de 2005 acabara realizar-se 20


OPINIÃO

um pacto com o Diabo: a implementação de uma filosofia socialista que visou instituir planos de ação social bem além das suas possibilidades financeiras, com o objetivo de afunilar poder, cujo tiro saiu pela culatra em face da crise mundial que era bem previsível pelos economistas internacionais, e ignorada em Portugal. Não demorou muito para que se gerasse um descontentamento geral que resultou no aumento da criminalidade e uma tremenda falta de confiança a vários níveis, que fez fugir os investidores, as empresas e os jovens para fora de portas. Logicamente, a estratégia medíocre de uns gerou oportunidade para outros: várias economias emergentes ultrapassaram economias com dívidas soberanas pesadas como era o caso de Portugal, que se viu gradualmente a perder competitividade no ranking de confiança dos investidores e do desenvolvimento económico. Este era o cenário que já se antevia quando 10 novos países do Leste Europeu entraram para a União Europeia em 2004 de uma assentada (República Checa, Polónia, Eslováquia e Hungria na liderança da preferência dos investidores), seguidos de mais dois em 2007 (Roménia e Bulgária, que fecharam o caminho aos Russos no Mar Negro naquela que foi a cartada final da NATO na nova Europa, ficando-se a Moldávia, Ucrânia e Bielorrússia pelo meio como zonas de fronteira com perigos previsíveis). Em simultâneo, os resultados vindos da Asia demonstravam uma evolução galopante no crescimento económico da região mais populosa do mundo, com a China e a Índia na pole position (dois pilares dos 4 BRIC’s, aos quais se junta a Rússia e o Brasil), seguidos de perto pelos quatro tigres asiáticos (Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Singapura) e outros leopardos do Sudeste Asiático em forte crescimento como a Malásia, Tailândia, Vietname, Filipinas e Indonésia, alguns dos quais incluídos nos planos de investimento global da Goldman Sachs denominado como «N-11», ou seja, Next Eleven: os próximos 11. Não é necessário ser-se um guru em Economia ou Finanças. Ao juntar-se os quatro países BRIC e os 11 países N-11, verificou-se que desses 15 países, eram 12 os que se encontravam num eixo desde o Mar Negro nos confins do Leste Europeu ate ao Oriente e Sudeste Asiático. A escolha destas nações pelas maiores potências financeiras globais teve em conta a estabilidade macroeconómica, maturidade politica e abertura a novas políticas de comércio e investimento e, claro está, a qualidade da educação. A publicação do estudo económico em 2003 pelo banco de investimento Goldman Sachs demonstrou

isso mesmo. Certamente haveria profissionais ao serviço do país que foram pagos para exercer funções de responsabilidade ao longo dos últimos anos. Com um Primeiro-Ministro eleito em Portugal na posse de um diploma universitário que se provou ser falso e uma sociedade obcecada pela facilidade do crédito, com apoio de rendimentos de inserção social e programas sociais nunca vistos, num panorama de ante crise global que se avizinhava, com tigres, leopardos e ademais, sedentos de desenvolvimento dos seus mercados emergentes, era de prever; apesar da abundância de «novas oportunidades», milhares de jovens recémlicenciados em Portugal saíram gradualmente em massa. Era previsível. E não foi preciso que um membro do governo tivesse sugerido aos jovens para sair; bastantes já tinha saído muito antes disso. E a tendência era para aumentar. Como disse uma vez o Cristiano Ronaldo «até um cego via que era golo». Foi preciso esperar alguns anos para se compreender a gravidade da situação e finalmente ter a coragem para desencadear um processo de correção dos erros efetuados ao longo das «décadas da liberdade» que acabou por aprisionar milhares de portugueses dentro e fora, numa época da qual não existe memória. Infelizmente, cederam tarde os culpados e com custos enormes para o país, porque nunca se pensou que gente dita tão idónea e defensora das liberdades pudesse aproveitar-se do sistema de forma tão chocante, revelador da forma mais mesquinha de poder que o Homem pode demonstrar. Afinal, o «monstro» acerca do qual já se falava nos anos 90 era real; em 2001 estava de «tanga»; e em 2005 começou a comer tanto, que morreu de ganância a meio caminho, deixando o nosso castelo destruído com as portas abertas. Quem afinal deixou entrar o monstro e multiplicar-se durante tanto tempo, foi uma questão que me inquietou sempre que eu viajava ao serviço das empresas multinacionais em trabalho: perguntavamme o que se passava em Portugal. A resposta era: “Somos um povo global há mais de 500 anos, a crise vai e vem, mas nós ficamos sempre”. Certos lugares ditos emergentes eram verdadeiras potências de sucesso a médio termo, com indicadores positivos como as baixas taxas as empresas, incentivos ao emprego e mão-de-obra qualificada. Só lhes faltava uma coisa: aquela capacidade global de ver as problemas e oportunidades do topo do prisma, pelo que a inovação não era o ponto forte nas economias do Leste Europeu; mas era sem dúvida um fator importante de desenvolvimento nas economias da Ásia . * continua na próxima edição 21

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EDIFÍCIOS CLASSIFICADOS DE FARO COM NOVAS PLACAS INFORMATIVAS

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o mês em que se comemora o dia Mundial do Turismo, o Município de Faro assinala a efeméride com a colocação de sinalética nos edifícios classificados do concelho, com mais de 40 placas informativas. Através destes novos suportes, os turistas e visitantes passam a poder conhecer de imediato a sua denominação, bem como uma breve descrição da história dos monumentos e algumas curiosidades, em três idiomas. Associada a esta informação passa ainda a existir um código «Qrcode», através do qual se poderá aceder de imediato à informação complementar existente na página de internet do Município de Faro, na área do turismo, nomeadamente a sua classificação, fotos do

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interior, cronologia, curiosidades e usos atuais. A informação turística pode ser consultada em http://www.cm-faro.pt/menu/469/turismo.aspx, área de conteúdos que foi recentemente reorganizada, após o estabelecimento de uma nova estratégia promocional assente na promoção de Faro enquanto Património Natural e Faro Património histórico. Foram aí disponibilizados aos utilizadores do site informações mais objetivas, claras e completas, no que diz respeito aos temas «Natureza», «Património», «Percursos e Itinerários de visita», «Como chegar», «Onde dormir», «Onde comer», «Faro com vida», «Sugestões» e «Informação de apoio ao turista» .

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ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE LAGOS JÁ TEM PROJETOS ESCOLHIDOS

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fase de votação do primeiro Orçamento Participativo de Lagos, que decorreu entre os dias 15 de Agosto e 17 de Setembro, chegou ao fim, tendo sido apurados três projetos, no valor global de 150 mil euros, que irão agora integrar o Orçamento Municipal para o ano de 2016. Os projetos mais votados, a que será afetado um valor individual de 50 mil euros, contemplam intervenções nas áreas do saneamento, do transporte de munícipes com mobilidade reduzida e a criação de um cemitério para animais domésticos. Assim, no orçamento municipal de 2016, além da criação de um local específico para os donos que desejem proporcionar aos seus animais de estimação um destino com dignidade e qualidade, será contemplada a ligação à rede de saneamento pública da zona da Cova da Zorra/Sitio dos Castelos, bem como a aquisição de uma viatura para transporte destes munícipes com mobilidade reduzida e sem

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suporte familiar e/ou idosos, visando facilitar o seu acesso a serviços de saúde, tratamento de questões burocráticas e legais, atividades da vida diária e/ou participação em atividades de ocupação e lazer. Estiveram em votação 17 projetos, devidamente validados pela equipa técnica da autarquia, através do preenchimento de um boletim próprio disponibilizado nos locais de voto, tendo sido possível a todos os cidadãos residentes no concelho de Lagos maiores de 18 anos votar nas propostas da sua preferência. Recorde-se que o Orçamento Participativo pretende incentivar a cidadania ativa, promovendo a participação e envolvimento dos cidadãos nas dinâmicas de governação local e na definição de prioridades, e garantir a sua intervenção no processo de decisão sobre a afetação de recursos às políticas públicas municipais .

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LOULÉ PARTICIPOU NA SEMANA EUROPEIA DA MOBILIDADE

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Autarquia de Loulé integrou mais uma vez a Semana Europeia da Mobilidade, efeméride ambiental cuja temática, nesta edição, foi subordinada ao tema «Escolhe. Muda. Combina.», com o propósito de promover a multimodalidade e incentivar as pessoas a refletirem sobre a variedade de meios de transporte que têm à sua disposição e sobre a melhor forma de os combinarem entre si, numa viagem que se pode tornar mais rápida, agradável e sustentável. A iniciativa decorreu de 16 a 22 de setembro, período para o qual o Município organizou um conjunto de atividades que, conjuntamente com Concelho Global, EM e a Inframoura, consistiu na distribuição de folhetos de sensibilização ambiental subordinados à Mobilidade Sustentável e à temática da SEM 2015, nos quais encontravamse incorporados vouchers com ofertas promotoras dos diferentes meios de locomoção que o munícipe teve à sua disposição durante as comemorações da efeméride. De destacar que, no dia 22 de setembro, Dia Europeu Sem Carros, cuja data foi assinalada com o encerramento da Praça da República ao trânsito motorizado, entre as 9h e as 17h, no qual foram dinamizadas diversas atividades durante toda a manhã, direcionadas para o público em geral e em especial para o público escolar, que contou com mais de 100 participantes da EB1 n.º 3 e 4 de Loulé e utentes da Associação UNIR. Nestas atividades marcaram presença a equipa Unidade de Cuidados na Comunidade Gentes de Loulé do Centro de Saúde de Loulé, com ações de sensibilização na ótica da mobilidade física e da mobilidade com limitações, da alimentação saudável e do tabagismo. A Guarda Nacional Republicana, no âmbito da Escola Segura contou com um Peddy Paper de sensibilização numa vertente inspiradora em ruas seguras, educação para a cidadania rodoviária bem como, uma mobilidade sustentável. De forma a incentivar o exercício físico, alguns ginásios da cidade - o CrossLift, a Soberanis e o Centro de Yoga de Loulé. Marcaram também presença empresas de comércio local do Concelho com oferta de serviços de aluguer de bicicletas, nomeadamente, a

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S Bikes e a Bike a Wish. E ainda, promovendo o entusiasmo e prática do exercício físico, foi disponibilizado pela Câmara de Loulé um circuito insuflável com carrinhos a pedal. Ainda neste local, mas no período da tarde, foi realizada uma medição acústica em contínuo com o objetivo de se avaliarem os níveis sonoros no centro da cidade para posteriormente se caracterizar o ambiente sonoro no local e se proceder a eventuais medidas de atenuação e/ou minimizadores dos limites regulamentares estabelecidos, em caso de necessidade. No âmbito de uma iniciativa do Projeto Dar Cor à Cidade, no Bairro de Santa Luzia, em Loulé, teve lugar um workshop de pintura de grafitis subordinado à SEM 2015 e mobilidade sustentável, dinamizado em colaboração com a Associação Artística Satori e destinado ao público mais jovem. A Autarquia editou materiais de sensibilização sobre a mobilidade sustentável, através dos quais procurou sensibilizar para a mobilidade sustentável, impulsionando a utilização de meios de transporte mais sustentáveis, nomeadamente «Entra… que eu levo-te?, slogan que foi colocado nos transportes urbanos de Loulé e Quarteira. Foi também, editado n.º 12 da Newsletter LC Sustentável, subordinada às alterações climáticas e projeto ClimAdaPT.Local e à SEM 2015 .

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CÂMARA DE LOULÉ QUER CRIAR PARQUE URBANO E AGRÍCOLA JUNTO À RIBEIRA DO CADOIÇO

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Câmara Municipal de Loulé vai adjudicar a elaboração de um projeto para a criação do Parque Urbano e Agrícola de Loulé, na encosta sul da cidade. Requalificar e consolidar a paisagem no sentido da sua transformação num local de usufruto público direcionado para as funções urbanas de recreio, lazer, cultura e desporto, aliando o retomar e dinamização da atividade agrícola numa perspetiva de economia produtiva, são os principais pontos em que assenta este projeto. Com uma área de intervenção aproximada de 54,5 hectares, o local desenvolve-se em anfiteatro sobre uma paisagem de características agrícolas, com vistas para a orla costeira, tendo como pano de fundo, a norte, o perímetro amuralhado da cidade. É constituída por terrenos agrícolas particulares servidos por caminhos públicos e atravessados por linhas de água. Na área de intervenção do Parque, a vegetação e os elementos construídos, de que se destacam os caminhos, os muros de contenção e os sistemas de rega, preservam ainda a estrutura da típica paisagem agrícola do barrocal algarvio, às portas da cidade construída. Memória, Herança e Criação são os conceitos subjacentes a esta intervenção que irá prosseguir os seguintes objetivos: valorizar da estruturação existente, tirando o máximo de partido das circunstâncias favoráveis encontradas no terreno; assegurar a manutenção do uso agrícola

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como forma de valorização da paisagem agrícola típica do Barrocal algarvio, e da sua requalificação e consolidação para integração no parque urbano; garantir o reforço das principais ligações com a cidade e com o espaço circundante, evitando uma fratura espacial e social; assegurar a implementação de uma alternativa viária que atravesse toda a área de intervenção para facilitar um mais célere acesso entre a zona sul poente e a zona sul nascente da cidade. A intervenção prioritária será nas áreas públicas (caminhos públicos), que permitirá que o Parque comece a assumir forma no território. Numa área estimada de 65 mil metros quadrados, prevê-se que as obras tenham um custo de 480 mil euros. Já o projeto será elaborado em 140 dias e terá um valor de 50 mil euros .

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MARCO FORTES APADRINHOU REGRESSO DO ATLETISMO A LOULÉ

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atleta olímpico Marco Fortes esteve, no dia 22 de setembro, no Estádio Municipal de Loulé, para apadrinhar o regresso da modalidade do atletismo à cidade, desta feita sob a égide da Escola do Centro Desportivo de Quarteira. Numa iniciativa integrada no programa «Loulé Cidade Europeia do Desporto 2015», este constitui um momento importante para revitalizar um desporto que teve uma história em Loulé e que regressa agora com uma forte componente de formação, até porque são muitas as crianças e jovens interessados nesta modalidade. O momento contou com a participação do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, e assistiu-se ainda a um importante debate de memórias, com a presença e intervenção de algumas das mais notáveis figuras, dirigentes e atletas, que a partir de 1975 formam os grandes impulsionadores da modalidade. Quando se escreve a história de um dos momentos mais marcantes do atletismo em Loulé, salvo uma outra razão pontual, a modalidade está ligada aos movimentos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, tendo o Louletano Desportos Clube, e uma mão cheia de

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mulheres e homens como os grandes mentores. Faziam-se os primeiros quilómetros na terra batida e no alcatrão irregular, mas tendo como pano de fundo o desporto «Direito do Povo» como letra da Constituição da República Portuguesa, e uma grande vontade de se correr à frente da matriz da própria escola, pelo imperativo dos movimentos desportivos, que floresciam pelas ruas e pelos bairros da então vila de Loulé. Com a entrada em funcionamento desta Escola, os treinos neste polo de Loulé do Centro Desportivo de Quarteira decorrem às terças e sextas-feiras, das 18h30 às 19h30, no Estádio Municipal, mas o clube vai manter a sua atividade em Quarteira com o mesmo horário. Refira-se ainda que durante a manhã do dia 22 de setembro, Marco Fortes foi o convidado de mais uma sessão da rubrica «Individualidades na Escola», que decorreu na Escola Básica 2,3 Padre João Coelho Cabanita, em Loulé, e durante a qual os alunos tiveram a oportunidade de conviver com este atleta que se destaca no lançamento do peso, abordando os principais momentos do seu percurso desportivo . 30


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LOULÉ É LÍDER NACIONAL NOS PROJETOS E BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS

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Município de Loulé voltou a ser distinguido com o Galardão ECOXXI (Bandeira Verde) como reconhecimento das boas práticas sustentáveis e qualidade ambiental, conquistando, pela quinta vez, a liderança a nível nacional entre os 43 municípios concorrentes ao prémio atribuído pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). Esta distinção teve lugar na passada sexta-feira, dia 18 de setembro, em Sesimbra, na cerimónia de divulgação dos resultados do Programa ECO XXI 2015, que contou com a presença de representantes da Autarquia louletana. Desta forma, Loulé, em 2015, voltou a ver reconhecidos os seus projetos, iniciativas e boas práticas ambientais, obtendo um Índice ECO XXI 2015 de 85,6 por cento. Este feito foi alcançado pela quinta vez, sendo a quarta consecutiva, pois já em 2014, 2013, 2012 e 2009, Loulé também conseguiu posicionar-se no topo da classificação nacional. O Galardão ECOXXI nasceu de um projeto iniciado em 2005 pela ABAE e é atribuído com base numa candidatura que tem como principal objetivo galardoar os municípios portugueses que demonstrem um desempenho positivo em 21 indicadores de desenvolvimento sustentável, assim como, reconhecer o esforço desenvolvido na implementação a nível municipal de medidas pró-ambientais, com especial ênfase na Promoção da Educação Ambiental, Participação Pública e Agenda 21 Local, Emprego, Ordenamento do Território e Ambiente Urbano, Cooperação com a Sociedade Civil em Matéria de

Ambiente e Desenvolvimento, Áreas Classificadas e Conservação da Natureza, Produção, Recolha e Valorização de Resíduos Urbanos, Qualidade da Água para Consumo Humano e Qualidade dos Serviços de Águas Prestados aos Utilizadores, Mobilidade Sustentável, Valorização do Papel da Energia, Qualidade do Ambiente Sonoro, Agricultura Sustentável e Desenvolvimento Rural, Turismo Sustentável, entre outros. Abaixo de Loulé, mas igualmente com resultados superiores a 80 por cento, ficaram os municípios de Cascais, Águeda, Santo Tirso e Vila Nova de Gaia. À semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, a Bandeira Verde ficará hasteada no edifício dos Paços do Concelho, ao longo do ano, como símbolo máximo de um trabalho em prol do desenvolvimento sustentável, evidenciado na concretização de medidas, ações e políticas de sustentabilidade. Loulé recebeu igualmente uma Medalha e Diploma .

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ENTREVISTA

Tecnologia de ponta criada por algarvios está a espalhar-se por esse mundo fora Cada vez se fala mais em startups e empreendedorismo em Portugal e, apesar dos dois termos estarem na moda, nem todas as empresas conseguem dar o passo decisivo de uma boa ideia teórica para um bom produto ou serviço na realidade. E se pensarmos no Algarve, região tipicamente associada ao turismo, ao lazer, às praias e ao golfe, menos se imagina que aqui possam surgir casos de sucesso no ramo das novas tecnologias. A Wifi4Media de Paulo Bernardo, Eduardo Monteiro, Hélio Cabrita e Paulo Rosa demonstra precisamente o contrário, pegando numa situação corriqueira nos dias atuais – a ligação das pessoas a redes gratuitas de Wi-Fi – e introduzindo um software de ponta que permite traçar os perfis dos utilizares dos espaços públicos ou comerciais e assim direcionar a publicidade transmitida nesses locais de forma mais direta, personalizada e eficiente. Um produto «made in Algarve», por algarvios, mas que já se encontra em alguns países africanos, no Canadá, no México e no Brasil. Entrevista: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #26

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ENTREVISTA

PAULO BERNARDO: (…) “Nestas coisas das tecnologias, quando se misturam cabeças pensantes, pode aparecer algo completamente novo dum dia para o outro. Nós trabalhamos bastante com o feedback dos nossos clientes e, na nossa maneira de ver, as tecnologias existem para facilitar a vida às pessoas. O problema é que fazer algo fácil é difícil, dá menos trabalho fazer coisas complicadas” (…) Eduardo Monteiro, Paulo Bernardo e Hélio Cabrita, três dos sócios da WiFi4Media

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ENTREVISTA

Paulo Bernardo numa reunião de negócios no Brasil

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s últimos meses têm sido um verdadeiro corrupio para Paulo Bernardo, da Wifi4Media, e não estamos a falar de viagens de Faro para Lisboa e Porto, mas sim para o continente africano e para o outro lado do Atlântico. Na bagagem, para além da roupa e dos produtos de higiene pessoal, leva um serviço inovador que alia a internet por Wi-Fi à publicidade direcionada, um produto que, como diz com orgulho, é feito no Algarve, por algarvios, na empresa que tem com os sócios Eduardo Monteiro, Hélio Cabrita e Paulo Rosa. “Basicamente, é um software que gere redes Wi-Fi e que se transforma num novo veículo de comunicação e publicidade entre o dono dessa rede, seja um centro comercial, um supermercado, um hospital, uma estação de metro e por aí adiante, e quem a está a utilizar. Recolhem-se dados de quem se liga ao Wi-Fi, traça-se um perfil dos utilizadores e transmitese informação específica para eles. O smartphone passa a ser um amigo virtual que temos no nosso bolso e as marcas conseguem saber que tipo de cliente frequenta determinado estabelecimento e com que regularidade, quanto tempo lá passa e em que zonas é que fica mais tempo”, explica o empresário e antigo responsável do núcleo do Algarve da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. “Imagine-se alguém que está sempre num

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centro comercial à hora do almoço e um objetivo pode ser tentar que ele volte também da parte da tarde, dizendo-lhe que há uma happy hour ou promoção”. A esta faceta do programa informático junta-se uma outra, a gestão dos ecrãs publicitários que estão espalhados por tais espaços públicos ou zonas comerciais, de modo a conciliar as campanhas difundidas com os dados recolhidos. Ou seja, sabendo-se que tipo de cliente frequenta o espaço mediante os seus hábitos de utilização da rede Wi-Fi, transmite-se os anúncios mais adequados ao seu perfil. Esse perfil de cliente pode ser traçado com base nas informações inerentes aos típicos cartões de fidelização das cadeias de supermercados ou em simples questionários que as pessoas têm que responder antes de aceder livremente à rede de internet. O software da Wifi4Media vai, todavia, mais longe e consegue detetar o número de identificação de cada equipamento, o idioma que ele está a utilizar e o respetivo sistema operativo. “É uma espécie de jogo de «toma lá, dá cá» em que o espaço faculta internet gratuita e o utilizador retribui com algumas informações pessoais. É um processo totalmente legal e o software permite igualmente armazenar os dados transferidos para, no caso de ser cometido algum crime, serem facultados às forças de segurança”, adianta Paulo Bernardo.

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ENTREVISTA demorou três anos a ganhar corpo, eu tenho a Perante o olhar interrogativo do jornalista, experiência da Psicologia, o Eduardo e o Hélio Paulo Bernardo explica que, quando um traziam a componente das novas tecnologias, e estabelecimento comercial, uma entidade, uma começamos a estudar, juntamente com o Paulo empresa, um espaço público, disponibiliza uma Rosa, as formas de comunicação, rede Wi-Fi, está, inadvertidamente, a abrir uma condicionamento e visualização do consumo. porta para quem quiser entrar no seu sistema Investimos bastante na investigação, temos aqui informático ter acesso a todos os dados ali cerca de 20 programadores e não encontro, em guardados. Mas como o software da Wifi4Media Portugal ou no resto do mundo, muitas soluções é completamente seguro nesse aspeto, e para simplificar o que parece ser bastante complicado, deste tipo”, destaca Paulo Bernardo. lançamos um exemplo concreto. Assim, Isso não quer dizer que não existam programas percebendo-se que, num determinado local, só para gerir redes Wi-Fi, simplesmente são criadas estão ligados à rede Wi-Fi aparelhos com sistema Paulo Bernardo e Paulo Rosa na Tailândia operativo IOS e no idioma japonês, não valerá muito a pena estar a fazer publicidade a telemóveis Android ou a qualquer outro produto na língua portuguesa. “Verificando que a maioria dos frequentadores é de origem nipónica, transmitimos anúncios em japonês ou com legendas nessa língua. Normalmente, os utilizadores de IOS são pessoas com poder de compra mais elevado, portanto, é outro fator de segmentação de mercado. Tudo isto é extremamente aliciante para as marcas”, assegura o entrevistado. pelos fabricantes para poderem vender os seus Uma tecnologia com asas para voar próprios equipamentos, ao passo que a solução apresentada pela WiFi4Media não está dependente de nenhuma marca. Em simultâneo, Depois das explicações em termos leigos, o o seu rácio qualidade/preço permite-lhes entrar software em questão parece ser de fácil em diversos mercados internacionais, através da compreensão e, como acontece com tantos celebração de parcerias com empresas locais. programas informáticos que surgem de um momento para o outro, até nos perguntamos por “Exportamos licenças e depois acompanhamos no terreno os nossos franchisados, sobretudo que razão já não existia nada do género. Neste durante a fase de arranque e de posicionamento caso concreto, a necessidade de viabilizar e melhor rentabilizar redes Wi-Fi foi aumentando à do negócio. Depois as coisas correm por elas próprias, mas sempre com o nosso apoio de medida que a sua utilização se tornou investigação e desenvolvimento e na vertente generalizada. “Quando chegamos a algum lado, antes de dizermos «bom dia» já estamos a pedir comercial”, indica Paulo Bernardo, que ainda a semana passada esteve no sul do Brasil, entre a senha da rede e, face a esta realidade, São Paulo e Florianópolis. tentamos arranjar um modo de transformar o Mas foi Toronto, no Canadá, que deu o pontapé Wi-Fi num canal de comunicação. A ideia de saída à internacional desta empresa algarvia, 35

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ENTREVISTA

Paulo Bernardo em Boston, nos Estados Unidos da América que se encontra igualmente no México e no continente africano, na zona entre a Namíbia e Moçambique. “Em Portugal, pela tecnologia que temos, crescemos bastante e a nossa solução está praticamente em todos os centros comerciais das diferentes cadeias, nos hipermercados Continente, no Metro de Lisboa, em unidades hoteleiras, no Oceanário, em marinas, nos ferries de Troia. Realmente, só nos falta estar nos aviões”, realça, não escondendo o orgulho de uma tecnologia feita totalmente no Algarve, por algarvios ou por alunos que saíram da Universidade do Algarve, estar a ter sucesso por esse mundo fora. Convém referir que a empresa já existia há alguns anos, se bem que direcionada para outros produtos informáticos, e a chegada de Paulo Bernardo, que tinha acabado de sair da Globalgarve, coincidiu precisamente com o grande boom das redes Wi-Fi. “Juntamos os meus conhecimentos da psicologia e das tecnologias com o know-how deles da informática e desenvolvimento de software e assim nasceu uma ideia interessante”, diz o

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entrevistado, respondendo que, atualmente, nada é inviolável e tudo está sujeito a ser copiado. “Aliás, quando um produto é copiado, é bom sinal, quer dizer que existe mercado para ele. A nossa vantagem é que criamos uma coisa que não existia em mais lado nenhum, portanto, estamos um passo à frente, mas basta olhar para a constante guerra entre a Apple e a Samsung para percebermos que nada é seguro ou exclusivo durante muito tempo. E se um software, por ser muito bom, condicionasse o aparecimento de outros, então não tinha surgido mais nenhum sistema operativo a seguir ao Windows”, entende Paulo Bernardo.

Algarve podia ser a Silicon Valley da Europa À primeira vista pode causar alguma estranheza o facto deste programa de ponta ter nascido no Algarve, uma região sobejamente conhecida pelo turismo, as praias, o sol, os campos de golfe, as unidades hoteleiras de cinco estrelas, a saborosa 36


ENTREVISTA gastronomia, mas não pela sua apetência pelas novas tecnologias. Contudo, a equipa da WiFi4Media é basicamente toda formada no Algarve, por algarvios ou por pessoas que decidiram aqui fixar-se. Ou seja, mão-de-obra qualificada não falta nesta área. Depois, o Algarve está ligado a praticamente todo o mundo através do Aeroporto de Faro, a que se junta o bom clima, a tranquilidade, a hospitalidade, a segurança, portanto, tem todas as condições para receber empresas deste ramo e Paulo Bernardo lamenta que nada se faça para que isso se torne uma realidade. “Os nossos políticos e decisores, Portugal e, eventualmente, a própria Europa, sempre olharam para o Algarve como um resort turístico que funciona três meses e que no resto do ano não interessa muito. A nossa ligação aérea Faro-Lisboa ainda não é a melhor ou a mais barata, mas conseguimos viajar daqui para qualquer parte do mundo, via Londres ou Frankfurt, e não aproveitamos nada disso. Mesmo a promoção turística podia ser complementada com visitas às universidades e aos centros de investigação que existem no Algarve”, critica. Ninguém está aqui a defender a vinda para o Algarve de indústria pesada ou de fábricas nocivas para o ambiente e que pudessem prejudicar a imagem de qualidade da região, uma vez que as empresas dedicadas às novas tecnologias e à informática praticamente necessitam apenas de uma ligação de alta velocidade e fiabilidade à internet. Também não nos parece muito descabido dizer que um programador informático provavelmente prefere trabalhar no seu computador com uma vista paradisíaca para a Ria Formosa ou para uma praia deslumbrante do que fechado entre quatro paredes, seja num gabinete individual ou num cubículo. “É que temos

todas as características para podermos ser um Silicon Valley europeu. Temos boa conetividade, uma universidade de topo, ambiente agradável para se viver, habitação disponível, escolas e unidades de saúde públicas e privadas, boas ligações ao mundo. Não se pode dizer que falta nada ao Algarve para sermos um local de investigação e desenvolvimento”, garante o entrevistado, um pouco irritado. Contudo, e para tristeza de Paulo Bernardo, Portugal teima em não olhar devidamente para a Europa e para o espaço lusófono, limitando-se a ficar à espera que os aviões aterrem no Aeroporto de Faro e que os turistas gastem no Algarve o dinheiro que trazem para gastar. “Recebemos cerca de cinco milhões de turistas por ano e, se conseguíssemos manter aqui cinco mil por ano, que viessem criar a sua empresa e emprego, ao fim de uma década tínhamos uma massa crítica bastante simpática no Algarve. E presumo que não seja muito difícil fazer isso, só que, com os hábitos e vícios que existem, não se muda nada e vai-se repetindo o que se fez no passado”, lamenta. E como o mercado nacional é reduzido e tem pouca margem para crescer, a WiFi4Media depressa percebeu que tinha que internacionalizar-se, que sair da sua zona de

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ENTREVISTA conforto sem receios. “Os empresários portugueses têm que compreender que o nosso país é fantástico, mas somos apenas 10 milhões de consumidores, e estou a falar de produtos de primeira necessidade, noutras áreas os clientes são bastante menos. Não podemos ter medo das nossas fronteiras geográficas ou de barreiras linguísticas”, defende Paulo Bernardo, que leva sempre produtos nacionais nas suas viagens para o estrangeiro para oferecer a quem o recebe. “Se não tivesse havido a crise que houve, e que ainda persiste, eu ia vender produtos a Portimão e andava todo feliz porque já me estava a «internacionalizar», já estava a sair de Faro. Hoje, não podemos estar condicionados a limites e barreiras e quase todos os negócios que fazemos são assinados no escritório de Lisboa, onde está o Paulo Rosa. O Algarve e Portugal são bons sítios para produzir, mas precisamos de mais mercado e temos que Paulo Bernardo nos escritórios de Faro ir atrás dele onde ele existir”. Não basta, assim, ter uma boa ideia, produto De olhos postos no futuro, e sem medo, então, ou serviço, há que ir à luta, sair para crescer, de abraçar os desafios que se colocam no dia-aacima de tudo não ficar à espera que nos dia, Paulo Bernardo, Eduardo Monteiro e Hélio venham bater à porta. Depois, conforme Paulo Cabrita entendem que este produto ainda tem Bernardo avisa, uma excelente ideia pode não bastante margem de crescimento no caminho de funcionar em mercados pequenos, precisa, de individualizar o mais possível os utilizadores das facto, de uma maior dimensão para se tornar redes de Wi-Fi. “O ideal é ter quase uma viável, algo que já transmitia aos mais jovens televisão única para cada pessoa, que recebe a quando estava na ANJE. “Eu posso ter uma loja informação dos produtos que realmente lhe com 10 metros quadrados a vender legos, um produto que ninguém precisa, no meio de Nova interessam. O amigo virtual que tenho no bolso vai-me ajudando a consumir melhor, a Iorque, São Paulo ou Tóquio e ganho dinheiro economizar e a divertir-me”, aponta, porque há sempre alguém que vai comprar acrescentando que há mais produtos em fase legos. Aqui em Faro, posso ter um espaço embrionária de investigação para se alcançarem fantástico para vender qualquer coisa e não melhorias em produções agrícolas ou industriais consigo sobreviver porque o mercado é e minimizar os custos de funcionamento. diminuto”, exemplifica. “Há que ter consciência “Nestas coisas das tecnologias, quando se que sair é um risco, que dá mais trabalho, misturam cabeças pensantes, pode aparecer temos que nos adaptar à cultura para onde algo completamente novo dum dia para o vamos, há formas de vender num país que não outro. Nós trabalhamos bastante com o funcionam noutro, há características do feedback dos nossos clientes e, na nossa produto que têm que ser afinadas para alguns maneira de ver, as tecnologias existem para países. No entanto, não podemos ter medo de facilitar a vida às pessoas. O problema é que dar esse passo, aliás, é um erro se não o fazer coisas fáceis é difícil, dá menos trabalho fizermos, porque somos bons em qualquer parte do mundo”. fazer coisas complicadas” .

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JOÃO LUM rumo ao estrelato com «Atmosfera» O Algarve não é escasso em projetos musicais de qualidade e foi na mais recente edição do Festival F que tomamos contato com João Lum, um farense que cresceu com as cantigas no coração, estreou-se a solo com «Mil Cores» e promove agora o segundo álbum de originais, «Atmosfera». A Boxmusic Studios, em Faro, foi a local de conceção deste trabalho discográfico, mas a meta são as estrelas, com temas positivos que falam do dia-a-dia e de muito amor. E depois de ouvir os temas, cantados no nosso belo português, estamos certos de que só é preciso um combustível extra para voar ainda mais alto. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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ENTREVISTA

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epois de assistirmos ao concerto de João Lum no Festival F, no início do mês de setembro, o encontro seguinte com o farense de 32 anos aconteceu na Boxmusic Studios, onde foi gravado o segundo álbum de originais de nome «Atmosfera», em parceria com o amigo e colega Nuno Soares. O sucessor de «Mil Cores» foi colocado à venda em julho, mas o single de apresentação viu a luz do dia logo no início de 2015, um cheirinho do que estaria para chegar

preferir escrever letras na língua de Camões e estava o caminho traçado sem grandes alaridos. “Mas não tenho nada contra com quem canta em inglês, a música é uma forma de expressão e cada um canta como quiser”, esclarece João Lum, que muito novo demonstrou interesse pela música e começou a estudar piano, passando, mais tarde, para a guitarra, o baixo e a bateria. “O meu pai foi vocalista numa banda algarvia nos anos 60 e 70, os «Flux», chegaram a gravar dois discos pela Valentim de Carvalho, na altura

mais tarde. A partir daí, foi andar de norte a sul de Portugal a promover o disco, tarefa que não é fácil para nenhum artista, exceção feita para os ditos «dinossauros». Um trabalho que segue a mesma receita de sucesso do primeiro, originais cantados em português, sempre, talvez por não gostar de ouvir a sua voz em inglês, uma escolha assumida desde que se meteu nesta vida ainda adolescente. Junte-se a isso o facto de Nuno Soares também

ainda era a Disco Sete. Nasci com o bichinho cá dentro, a paixão foi crescendo de forma gradual e, por volta dos 12, 13 anos, formei uma daquelas típicas bandas de garagem, já com o Nuno Soares. Tivemos os «Alta Tensão» e os «Stereo» e, em 2010, optamos por ser apenas «João Lum»”, conta o entrevistado. Depois de completado o ensino secundário, o percurso de João Lum sempre esteve ligado à música, uma opção que contou com o apoio da

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ENTREVISTA família. Curiosamente, o pai acabou por desligarse da música, tirar um curso de psicologia e é disso que faz vida há mais de três décadas. “A vida dá sempre voltas, subsistir só da música é complicado e ele quis seguir a sua outra paixão. Talvez por saber dessas dificuldades, produzo também para outros artistas, bandas e «dj’s» na Boxmusic Studios”, indica, facetas que acabam por notar-se na sua própria música, onde se misturam os «samplers» com ambientes envolventes e a irreverência das guitarras com melodias fortes. Sobre a passagem de banda para cantor a solo, foi uma transição pacífica e decidida em comum, por facilitar a gestão do próprio grupo. “Se o Tony Carreira mudar todos os dias de baterista, ninguém nota. Acaba por ser mais fácil quando é apenas uma pessoa que dá o rosto pelo projeto, tendo depois o suporte da banda. No meu caso, o Nuno Soares é também guitarrista e o David Sousa é o teclista e um dos donos do estúdio de gravação, e nós três constituímos o núcleo duro”, explica João Lum, não negando que, como o projeto é em nome individual, a responsabilidade também é maior. “É um risco que se assume, mas também sou eu que trato da produção dos álbuns e toco alguns dos instrumentos. Não é uma dor de cabeça”, garante. Se as letras são da responsabilidade de Nuno Soares, as músicas nascem da cabecinha de João Lum e, por isso, «Atmosfera» acabou por ser composto um pouco à distância, uma vez que o guitarrista vive atualmente em Lisboa. “O Nuno enviava-me uma letra cantada por ele, depois eu punha a minha voz por cima, outras vezes mandava-lhe eu uma melodia para ele encaixar uma letra. Não foi um processo fácil”, reconhece, mas a verdade é que o disco foi feito em bom tempo e com temas bastante agradáveis e que abordam essencialmente imagens positivas e o amor. “Quem ouve música tem que se sentir bem-disposto e relaxar, tem que se identificar com o que está a ouvir. Por isso, transmitimos mensagens positivas, de força e incentivo. Outros temas falam de amor, uns casos mais tristes, outros mais alegres, e tentámos que houvesse um fio condutor ao longo de todo o álbum”. «Atmosfera» que começou a dar nas vistas logo pelo próprio vídeo do single de

apresentação, produzido pela «New Light Pictures» com o intuito de ser diferente de tudo o que existia no panorama nacional.

Sem promoção, não há talento que se aguente Falta de tempo ou local para gravar é algo de que João Lum não se pode queixar, fruto de terem o seu próprio estúdio, junto ao Estádio de São Luís, em Faro, o que evita viagens constantes a Lisboa para os álbuns irem ganhando corpo. “Temos o mesmo material, seja hardware ou software, que os outros e é menos esse dinheiro que se investe no projeto. Aqui estamos em casa, gravamos à hora que quisermos e estamos em estúdio o tempo que for necessário, sem estarmos a olhar para o relógio porque as horas são pagas a peso de oiro”, indica, não pensando que as desculpas de antigamente para as bandas algarvias terem menos sucesso continuem a ter razão de ser no século XXI. “Há 20 anos acreditava nessa história porque os produtores e promotores de eventos, quando sabiam que um grupo era do Algarve, colocavam-no logo de parte, o que não lhes faltavam era bandas mais próximas. Hoje, quando se tem qualidade, o sucesso aparece, seja o artista de que parte do país for”, defende, dando o exemplo concreto do igualmente farense Diogo Piçarra, de Áurea, de Silves, ou Viviane, de Olhão. A qualidade é o que interessa, mas João Lum reconhece que, graças às novas tecnologias de comunicação, a música chega muito mais depressa às pessoas que interessa, mesmo que se encontrem do outro lado do mundo. “Envia-se um link e tem-se logo acesso à história, às músicas, a todo o material de promoção. Depois, se houver interesse da parte das editoras, já tem que haver reuniões presenciais, ou temos que ir às rádios e programas de televisão, mas as viagens também são muito mais rápidas”, adianta o entrevistado. Neste contexto, o problema de não haver mais projetos algarvios de dimensão nacional deve-se a outros aspetos. “A banda é para tocar ao vivo e gravar em estúdio. No entanto, para além dos músicos que nos acompanham, é fundamental existir uma equipa de promoção e de agenciamento que trabalhe permanentemente em conjunto com o 43

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ENTREVISTA artista/banda. A malta grava um disco, não planeia os passos seguintes e depois toca uma vez ou duas na Marina ou na Praia de Faro, faz um ou outro bar na baixa e acabou. Gastaram muito dinheiro a gravar o disco, a tirar fotografias para a capa, a imprimir os CD’S e os livrinhos e aquilo não chega a lado nenhum”, observa. Para evitar que tal aconteça, o conselho de João Lum é simples: investir menos dinheiro no CD, sem prejudicar a qualidade do produto final, e contratar um empresário que promova o trabalho e que arranje entrevistas nas rádios, televisão e imprensa. “A semana passada estive na SIC Internacional, antes disso foi a TVI, temos que andar com regularidade nos diversos canais e não pode ser o artista a tratar desses assuntos. Se eu enviar um e-mail para um canal, se calhar nem ligam, mas se for alguém que lida com essa malta há muitos anos e que tem vários artistas

para levar aos programas, é tudo mais fácil”, frisa, lamentando que, no Algarve, ainda falte afinar mais essa aresta. “Grava-se um disco e depois dispara-se para todos os lados, mas sem grandes resultados práticos”. Uma estratégia que é ainda mais pertinente nos tempos que correm e onde os artistas podem tornar-se fenómenos de popularidade antes mesmo de terem qualquer coisa gravada em suporte físico, mas o sucesso nunca é garantido, alerta João Lum. “Pode-se ter um bom tema que, em dois ou três dias, têm 500 mil visualizações no You Tube, isso desperta o interesse de uma editora mas, se calhar, o artista só tem aquela música ou o resto não tem a mesma qualidade. A Mia Rose teve um tema que andou na berra algum tempo, mas estive com ela na Noite Branca de Loulé e disse-me que as coisas não estão fáceis para ninguém. Há muito pouca gente a viver realmente da música, ao contrário do que se possa pensar. Só estão bem aqueles que andam nisto há bastante tempo, que têm uma carreira consolidada e que, quando lançam um disco, têm logo 30 ou 40 espetáculos agendados”, avisa, adiantando que os cachets que se praticam atualmente também não dão para viver desafogadamente. A verdade, porém, é que são raros os que se tornam «dinossauros» da música, ao passo que os músicos e bandas que duram um verão ou um ano são às mãos cheias, bastando olhar para os projetos que nasceram de séries e concursos televisivas e que rapidamente saem de moda. “Os «D’zrt» foram um tremendo sucesso, mas os outros dos «Morangos com Açúcar» desapareceram completamente. E com quem ganha concursos é o mesmo problema. O Diogo Piçarra foi bastante inteligente na forma como lidou com a vitória nos Ídolos, porque foi estudar para Inglaterra mas nunca parou de lançar vídeos no You Tube, mesmo de covers gravados em casa, e isso faz com que as pessoas te continuem a seguir. Bastava ter estado sossegado quatro ou cinco meses e era esquecido”, salienta João Lum. De facto, e sem fazermos batota com uma pesquisa rápida pelo Google, muito dificilmente nos lembramos de quem

Fotografia: Luís Rocha

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ENTREVISTA venceu os Ídolos nos últimos anos, ou podemos ter um rosto na memória, mas sem um nome para lhe associarmos. “O João Pedro Pais e a Sara Tavares ainda apanharam os bons tempos das editoras mas, de há quatro ou cinco anos para cá, o investimento que fazem nos artistas caiu a pique. Aproveitam-se dos artistas quando estão na berra e depois viram atenções para a cara bonita que se segue”, desabafa o farense, sublinhando que, em alguns casos, o melhor é mesmo avançar rapidamente para uma edição de autor para não se perder o fôlego. “Antes de ter lançado o «Tu e Eu», o Diogo fez um single, o «Volta», que teve um milhão e tal de visualizações, sem editora nem nada”, exemplifica. Percebe-se então que, no mundo feroz em que vivemos, os músicos precisam de uma equipa na retaguarda que trate da promoção e agenciamento, mas também é certo que os artistas já não podem pensar apenas em compor canções e melodias, pois há uma série de pormenores importantes para cativar e manter a atenção nos fãs, nomeadamente nas redes sociais e plataformas digitais. “Eu não meto coisas novas todos os dias na página do Facebook mas, pelo menos uma vez por semana, tem que haver algo de diferente, nem que seja partilhar um tema ou um videoclip antigo. Os fãs gostam dessa atenção, sentem que não nos esquecemos deles, e fazer um «post» dura 10 ou 20 segundos”, aponta, uma realidade bem diferente daquela com que conviveu o pai, lembra João Lum com um sorriso. “É tão mais fácil chegar às pessoas que se torna complicado gerir tudo. Nos anos 60, 70, gravava-se o disco, punha-se a tocar nas rádios, não era preciso assessoria de comunicação, o manager até podia ser um amigo com um número de telefone. Talvez, daqui a 10 ou 15 anos, as coisas se tornam outra vez mais simples”. Discos pouco se vende, portanto, os músicos sobrevivem dos espetáculos ao vivo e, consoante

as carreiras, dos direitos de autor, mas isso obriga a que os temas passem com frequência nas rádios e que os artistas sejam uma presença constante nos programas de televisão, o que não está ao alcance de todos. “Ainda há quem goste de ter o CD e de abrir o booklet para ver as letras e as fotografias mas, por exemplo, os carros novos já nem sequer têm leitor de CD, é tudo à base de Pen’s e mp3. Se calhar, daqui a uma década, já nem existe o CD, vendem-se as pens com as músicas em mp3 e o booklet em formato digital para se ver no computador”, antevê o entrevistado. Ou seja, como é dos concertos que os artistas respiram, não podem ficar «fechados» nas suas terras ou imediações. “Há festinhas em aldeias a que não ligamos muito mas que apresentam grandes artistas, portanto, não se pode olhar apenas para os festivais de topo e os estádios e pavilhões. É mais uma razão para se ter um manager com uma boa lista de contatos”, considera o entrevistado. Algarvio e farense de coração, João Lum reconhece que as frequentes idas a Lisboa são essenciais para ter sucesso, mas o êxito é, ele próprio, uma das maiores incertezas nesta atividade. “Quando estamos a gravar, as coisas têm que resultar bem e, depois, é maximizar o potencial de cada disco. Lançamos o primeiro videoclip no início do ano, está na hora de gravar o segundo e ainda há matéria para explorar até ao próximo Verão. No final de 2016 poderá haver notícias sobre o terceiro álbum”, adianta em final de conversa . 45

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RECONSTRUÇÃO DE POLIDESPORTIVO OPÕE CÂMARA DE OLHÃO AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

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Câmara Municipal de Olhão manifestou a sua preocupação pela forma como o Ministério da Educação se tem demitido da responsabilidade de proceder à necessária reconstrução do polidesportivo exterior da Escola EB 2,3 João da Rosa, na cidade de Olhão. De acordo com o presidente António Miguel Pina, a tutela defende que deve ser a autarquia olhanense a proceder a essas obras, opinião com a qual não concordam o edil, o órgão de gestão da escola e

os pais dos alunos que frequentam este estabelecimento de ensino. “A verba disponibilizada pelo Ministério da Educação para as escolas EB 2,3 do concelho – 20 mil euros cada – é transferida para as mesmas através de um protocolo celebrado entre a Autarquia e os órgãos de gestão. Ora, este valor, tal como está estabelecido, destina-se a pequenas obras de manutenção como, por exemplo, pinturas de paredes, arranjos de serralharia e canalização, reparação de tetos e telhados, substituição de vidros e espelhos, reparação de mobiliário e de equipamentos de

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cozinha, reparações do sistema elétrico ou limpeza, entre outras, necessárias ao bom funcionamento das escolas”, esclarece António Miguel Pina. Ora, a reconstrução do polidesportivo da EB 2,3 João da Rosa envolve verbas elevadas (na ordem dos 45 mil euros), pelo que, caso essa despesa seja assumida pela Câmara Municipal de Olhão, não haverá condições, durante dois anos, para proceder às sempre necessárias obras de manutenção. Outra alternativa seria retirar verbas destinadas às outras escolas do concelho, que assim seriam igualmente afetadas pela posição adotada pelo Ministério da Educação. “A situação seria bastante grave, entrando as escolas numa espiral de degradação já que, como é fácil de perceber, é fundamental fazer manutenções contínuas preventivas para que não surjam problemas mais graves e com forte impacto no funcionamento dessas instalações. E, voltamos a referir, não é esse o objetivo do protocolo celebrado entre a Câmara Municipal de Olhão e o órgão de gestão da escola. O assunto já foi alvo de discussão no Conselho Municipal de Educação que, por maioria, também entendeu que esta é uma obra da responsabilidade da tutela”, frisa António Miguel Pina, que apela ao bom senso do Ministério da Educação “para que proceda, com a maior brevidade possível, à reconstrução de um espaço que é de extrema importância para os alunos desta escola” .

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MUNICÍPIO DE SILVES INTRODUZ VÁRIAS MELHORIAS NO NOVO ANO LETIVO

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elhorias nos espaços escolares, compra de mobiliário e equipamento diverso, aumento nos apoios aos transportes dos alunos e inovações no que concerne a materiais informáticos e segurança, são algumas das apostas da Câmara Municipal de Silves, feitas para preparar o novo ano letivo que hoje se inicia ou previstas para serem executadas ao longo do mesmo. A autarquia, que integra a Rede de Cidades Educadoras e tem nesta área uma da suas mais importantes prioridades, está empenhada na melhoria dos espaços escolares e efetuou, ao longo do ano letivo passado, diversas intervenções e melhorias nas escolas EB 1 e Jardins de Infância do concelho, caso das que foram executadas na Portela de Messines e no Enxerim. Investimentos avultados em mobiliário e equipamento básico foram igualmente feitos noutros estabelecimentos de ensino, que agora abrem portas, estando preparado um concurso que prevê a reparação e manutenção de equipamentos e que se traduz num investimento de 20 mil euros. Prepara-se também um outro concurso para requalificações, que ascenderá a 30 mil euros. A área da informática e da segurança (alarmes) também será alvo de investimento ao longo deste ano letivo. Outra das áreas trabalhadas pela autarquia e que agora terá impacto positivo junto das

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comunidades escolares prende-se com a realização de sessões de educação e de formação alimentar, integradas no concurso para o catering das escolas. No que concerne aos transportes escolares, área vital num concelho com a dimensão do de Silves, os apoios foram alargados a todos os alunos que frequentem cursos CEF, vocacionais e profissionais, bem como aos que se matriculam nos cursos articulados, integrados e supletivos. Também são apoiados até ao 12.º ano os alunos que frequentem no concelho os cursos CEF, vocacionais e profissionais. Foram definidos critérios de atribuição de ajudas e de transporte de modo a alargar o apoio dado a alunos e famílias. Nesse sentido, elaborou-se um novo regulamento de transportes, tornandose o serviço mais eficaz e eficiente. Com a preocupação de colaborar com as famílias, foram preparadas normas de funcionamento da Componente de Apoio à Família – Atividades de Animação e Apoio à Família, visando uma gestão mais eficiente de recursos. Para além disso, prestar-se-ão apoios económicos a núcleos familiares mais carenciados, a que se juntará a atribuição de bolsas de estudo a alunos do concelho que frequentem o ensino superior, cujo processo está em curso. No âmbito da contratação de pessoal que está sujeita a fortes restrições por parte da Administração Central, a autarquia finalizou os concursos para a admissão de seis assistentes operacionais e três animadores que foram já colocados nas escolas do concelho. Novidade absoluta é a apresentação, até ao final do mês de setembro, de um documento com a oferta educativa para o ano letivo 2015/2016, situação que acontece pela primeira vez na história da autarquia e a criação de um grupo de trabalho para a elaboração do «Projeto Educativo Local», factos que revelam uma forte aposta na dinamização de parcerias com diversas entidades, aposta essa que tem vindo a dar frutos e que tem permitido a realização de ações inovadoras para a comunidade escolar .

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CRECHE DE BUDENS JÁ ESTÁ EM FUNCIONAMENTO

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nova Creche de Budens abriu portas no dia 21 de setembro, constituindo o único equipamento único no concelho que se destina ao apoio à primeira infância, tendo capacidade para 66 crianças. A receção de boas-vindas e a visita a este espaço escolar por parte dos pais decorreu no passado dia 18 de setembro e, para recebelos, estava o presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares, a vereadora da educação, Rute Silva, a presidente da Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo, Maria do Carmo Silva, e a respetiva equipa de profissionais que vai acompanhar as crianças. O edifício é constituído por seis salas de atividades, das quais duas destinam-se a crianças de 1 a 2 anos – duas para crianças com 2 a 3 anos e duas salas de berçário. O uso e gestão da

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Creche construída na Rua Eiras de Cima, em Budens, é da responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo como estipulado no protocolo assinado pela Câmara Municipal e a referida instituição em 2010. Apesar do documento ter sido outorgado em 2010, só agora é possível proceder à abertura da Creche, uma vez que foi necessário, por um lado, proceder a algumas intervenções para resolver o problema com a falta de acesso e, por outro, obter o licenciamento do edifício por parte do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social. A abertura deste equipamento só foi possível após a celebração de acordos de colaboração entre a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo e a Câmara Municipal de Vila do Bispo, bem como entre a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo o Instituto de Segurança Social que permitem o apoio às famílias do concelho de menores rendimentos .

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FRENTE RIBEIRINHA DE VRSA VAI TER NOVA ÁREA DE REABILITAÇÃO URBANA

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Câmara Municipal de Vila Real de Santo António vai avançar com a criação da Área de Reabilitação Urbana (ARU) da Frente Ribeirinha da cidade, na zona compreendida entre a Docapesca e a Foz do Rio Guadiana, pondo fim à degradação nestes pontos. “A medida permite finalmente dar início à requalificação de uma das áreas mais nobres do município, devolvendo o Rio Guadiana à cidade e pondo fim aos anos de degradação por falta de investimento do Estado e do IPTM nestas matérias”, defende Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA. “Depois de termos criado a primeira ARU do país no Centro Histórico de VRSA, cujo êxito da medida permitiu a revitalização urbana e comercial da zona pombalina, vamos agora iniciar uma das maiores operações de requalificação urbana da cidade, permitindo atrair investimento, gerar emprego e desenvolver o setor marítimoturístico”, prossegue o autarca. A implementação da ARU da frente ribeirinha de VRSA atribui à área um conjunto significativo de incentivos para facilitar o investimento e a reabilitação urbana, permitindo aos proprietários de terrenos privados o acesso facilitado a um

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conjunto de benefícios e incentivos fiscais e financeiros. De forma a fasear as operações de requalificação, a nova ARU será dividida em cinco unidades de intervenção: zona industrial norte; zona da muralha; porto de recreio; zona habitacional e turística do Lazareto; e zona da Ponta da Areia, junto à foz do Guadiana. Com estas medidas, pretende-se a deslocalização dos setores industriais que foram crescendo junto à foz do Guadiana, sediando-os na futura zona industrial norte da cidade. Ao mesmo tempo, prevê-se a reformulação de todo o espaço pedonal, assim como a criação, a sul, de uma zona turística de elevados padrões urbanísticos. A nova ARU de VRSA foi já aprovada em reunião de Câmara e será agora submetida à Assembleia Municipal, dando origem à criação de uma Operação de Requalificação Urbana para esta área, no prazo de três anos. Com este conjunto de operações, a autarquia entende estarem criadas as condições para iniciar o desenvolvimento sustentado de todas as potencialidades ambientais, paisagísticas, económicas e turísticas das margens do Rio Guadiana .

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GRUPO 4H ADQUIRIU HOSPITAL SÃO GONÇALO DE LAGOS

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grupo 4H teve por base a Tecnifar, uma referência das empresas portuguesas na área da Saúde, fundada em 1969 e com capital 100 por cento nacional. A Tecnifar, uma empresa familiar desde a sua fundação e que vai já na terceira geração de colaboradores e acionistas, diversificou as áreas de negócios e, para além da área dos medicamentos, nos últimos anos investiu nas áreas de diagnóstico e imagem, consumer health e, em dezembro de 2014, comprou o Hospital S. Gonçalo de Lagos. O novo grupo de saúde emprega mais de 500 pessoas, tem um volume de negócios aproximado de 40 milhões de euros e marca presença em todo o território nacional. Com a criação do grupo 4H, os acionistas pretendem reforçar a competitividade das empresas que o integram e aumentar ainda mais a presença internacional, através da representação, licenciamento ou distribuição do seu portefólio de produtos e serviços para diversos países da Europa, Ásia e África. O grupo 4H engloba quatro áreas de negócio: a Tecnifar, Tecnifar Consumer Health, IMAG e

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Hospital S. Gonçalo de Lagos. A Tecnifar produz, comercializa e distribui medicamentos, próprios ou patenteados por empresas de investigação reconhecidas e apresenta uma oferta de produtos de prescrição médica para terapêuticas relacionadas com o Sistema Nervoso Central, diabetes, Sistema Cardiovascular, sistema respiratório e saúde da mulher, entre outras áreas. A Tecnifar Consumer Health é uma referência na venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, dispositivos médicos, suplementos alimentares e produtos naturais. A IMAG, fundada em 2011, realiza mais de 200 mil diagnósticos anuais e conta com 12 unidades de diagnóstico e terapêutica distribuídas pelo país. Todas as unidades estão certificadas pela norma ISO 9001:2008, com um índice de satisfação plena superior a 90 por cento. Já o Hospital S. Gonçalo de Lagos presta serviços clínicos na área médica e cirúrgica, em internamento e ambulatório, disponibilizando atendimento permanente, consultas externas e meios complementares de diagnóstico e tratamento. Atualmente, conta com 30 especialidades médicas e valências, urgências, e 28 camas para internamento. Após adquirir em dezembro de 2014 o Hospital de São Gonçalo de Lagos ao Grupo Lusíadas, o grupo 4H já investiu mais de 800 mil euros em equipamentos de diagnóstico e terapêutica e foram recrutados mais de 20 colaboradores especializados, incluindo 10 médicos. Espera-se que o número anual de utentes ultrapasse os 100 mil, sendo cerca de 50 por cento estrangeiros . 54


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