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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 15 de agosto, 2020

CAPICUA TROUXE «MADREPÉROLA» A TAVIRA MOTOGP A CAMINHO DE PORTIMÃO | 3.º ANIVERSÁRIO DA STARTUP PORTIMÃO 1 ALGARVE INFORMATIVO #261 MUSEU ZERO APRESENTOU IAN | VITORINO E ZÉ FRANCISCO NO «VERÃO EM TAVIRA»


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28 - MotoGP a caminho de Portimão

56 - Capicua trouxe «Madrepérola» a Tavira ALGARVE INFORMATIVO #261

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OPINIÃO

98 - Jovens expõem no IPDJ

112 - Mirian Tavares 114 - Ana Isabel Soares 116 - Alexandra Rodrigues Gonçalves 118 - Vera Casaca 120 - Júlio Ferreira 122 - Nuno Campos Inácio 126 - Augusto Pessoa Lima

48 - Espaço Coworking em São Brás 86 - Zé Francisco e Vitorino no «Verão em Tavira»

20 - Nova escultura em Almancil

38 - Aniversário da StartUp Portimão 11

72 - Museu Zero levou IAN a Tavira ALGARVE INFORMATIVO #261


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«VOO» DE STEFAN RADU CRETU «ATERROU» EM ALMANCIL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oi inaugurada, no dia 8 de agosto, no Jardim das Comunidades, em Almancil, a obra itinerante «Voo», do escultor romeno Ștefan Radu Crețu, numa parceria entre o Instituto Cultural Romeno, a Embaixada da Roménia na República Portuguesa, a Câmara Municipal de Loulé, a Junta de Freguesia ALGARVE INFORMATIVO #261

de Almancil e a DOINA – Associação de Imigrantes Romenos e Moldavos no Algarve. O arranjo escultórico instalado no coração da vila de Almancil é uma reinterpretação moderna do famoso «Pássaro no espaço» de Constantin Brancusi, o mais conceituado escultor romeno do século XX. O momento foi assinalado com bastante alegria por Vítor Aleixo, 20


presidente da Câmara Municipal de Loulé, por considerar que esta obra de arte representa muito mais do que o objeto em si. “Estamos numa terra com

uma forte presença de emigrantes romenos e ninguém deixa a sua terra natal – onde tem os seus antepassados, raízes e cultura – de ânimo leve. São sempre razões bastante fortes que levam as pessoas a procurarem ser felizes noutros lugares, com a certeza de que nunca têm uma vida fácil. Por muito que as autoridades se esforcem por acolher, integrar e abraçar as comunidades migrantes existentes em Portugal, há sempre 21

coisas que faltam fazer para que haja um tratamento humano, de igualdade e respeito pela individualidade das pessoas”, admitiu o autarca louletano. Para Vítor Aleixo, “cada pessoa é

um mundo que se deve respeitar, ainda mais nas vidas complicadas e apressadas que levamos e em que nem damos uns pelos outros”. Por isso mesmo, mostrou-se satisfeito por os romenos residentes em Almancil puderem desfrutar, no Jardim das Comunidades, de uma obra de arte criada por um seu conterrâneo, o mesmo sucedendo com os alunos das ALGARVE INFORMATIVO #261


Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, Ștefan Radu Crețu e Maria Militão, Diretora do Agrupamento de Escolas de Almancil

escolas que ali se encontram em redor.

“Isso é um elemento fortemente pedagógico e integrador, de construção de uma comunidade plural e coesa. Não concebo o exercício das minhas funções sem trabalhar todos os dias para que a comunidade à nossa volta seja viva na sua diversidade e respeitadora na sua pluralidade, que saiba aceitar, compreender e contribuir para o todo, porque somos todos pecinhas preciosas de um todo mais precioso ainda”, frisou. ALGARVE INFORMATIVO #261

O presidente da Câmara Municipal de Loulé lamentou as barreiras que vê serem erguidas por esse mundo fora,

“fruto de ódios e incompreensões que deploramos e estes são momentos de afirmação de que é possível fazer muito mais no diaa-dia das nossas comunidades”. Vítor Aleixo agradeceu ainda à DOINA pelo papel que tem realizado em Almancil, “não só com os meninos

romenos, mas de todas as nacionalidades, como deve ser”. “Ao longo dos anos, a associação 22


tem ajudado todos aqueles que lhe vão bater à porta a solicitar os seus serviços. A DOINA faz muita falta a Almancil e pode continuar a contar com a Câmara Municipal de Loulé e com a Junta de Freguesia de Almancil”, assegurou. Quanto à obra de arte em si, Vítor Aleixo lembrou que um pássaro é sinónimo de liberdade, por voar para qualquer lado e servir de comunicação entre todos os seres. “Uma

liberdade que queremos que perdure sempre entre nós, pois vivemos tempos cinzentos. Desfrutem deste magnífico jardim, conversem, passeiem, comuniquem uns com os outros. Saiam de casa, vejam menos televisão, tenham o

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prazer do c0nvívio entre a comunidade”, apelou o autarca. As obras de Ștefan Radu Crețu são enigmas para o intelecto. Construídas com base em princípios físicos fáceis de decifrar, preservam uma dose de obscuridade que intriga e convida a múltiplas interpretações. "Trata-se de

uma instalação que aborda o tema mitológico da ave de fogo e que alude propositadamente à «Maiastra» de Constantin Brancusi, pela sua estilização e abstração. Por ser um tema interpretável e com versões semelhantes em muitas culturas, o pássaro Fénix é associado ao Sol, contudo aparece sempre de maneira diferente, em várias

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formas, nuances de cor e tamanhos, de tal modo que a sua imagem permanece sempre enigmática. «Voo» (Cinnyris geométrica) tornase, dessa forma, um esboço tridimensional, uma ficção visual na qual o fogo do renascimento é substituído por uma luz estroboscópica com efeito onírico ao escurecer. A forma do pássaro é enquadrada por um desenho tridimensional que simula um origami, realçando desse modo a silhueta do protótipo, não desenvolvida, como um ato de reformação", explica o escultor. A obra já pôde ser apreciada anteriormente em duas exibições de sucesso em Portugal, no Parque Marechal ALGARVE INFORMATIVO #261

Carmona no centro de Cascais (2018) e no jardim do Centro Cultural de Redondo (2019), chegando agora a Almancil. Ștefan Radu Crețu licenciou‐ se pela Universidade de Artes de Cluj, Departamento de Cerâmica, Vidro e Metal. Entre as suas exposições mais importantes estão: International Kinetic Art Exhibit and Symposium, Boynton Beach Florida USA (grupo, em 2017; 2Possible Evolution, Victoria Art Center, Bucareste (individual), em 2017; Resolução sobre uma capital cultural, Galeria Calina Timişoara (grupo), em 2016; A Idade da Pedra da Tecnologia Emocional, Calina Gallery, Timișoara (individual), em 2015; Transformation, Museu Beelden aan Zee, Haia, Holanda (grupo), em 2014; Oestridae Dominant, Projeto 1990, Piața Presei Libere, Bucareste (individual), em 2013; Paratarrasius hibridus, 418 Gallery, Bucareste (individual), em 2013 . 24


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AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE FAZ A «DOBRADINHA» E JUNTA MOTOGP À FÓRMULA 1 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, continua em «estado de graça» e, depois da confirmação de que vai ser palco de um Grande Prémio de Fórmula 1, a 25 de outubro, viu agora ser oficializado que vai receber a 14.ª e ALGARVE INFORMATIVO #261

derradeira prova do Campeonato do Mundo de MotoGP, entre 20 e 22 de novembro. Uma prova com um aliciante extra, uma vez que teremos um português, Miguel Oliveira, a lutar pelos lugares cimeiros, algo que não sucede, por exemplo, na Fórmula 1. O regresso da MotoGP a Portugal é, segundo Jorge Viegas, presidente da 28


Jorge Viegas, presidente da FIM - Federação Internacional de Motociclismo

FIM – Federação Internacional de Motociclismo, o culminar de um longo «namoro» com a Dorna Sports (promotora do Mundial de Velocidade) e o circuito de Portimão. Aliás, em 2017, foi assinado um contrato que previa que o Autódromo Internacional do Algarve fosse o circuito reserva e a pista algarvia já esteve quase a entrar no campeonato quando houve um problema com a sua congénere de Silverstone. “Portugal

tem seguido uma política acertada em relação ao confinamento e desconfinamento progressivo e, na FIM, temos tido um controlo 29

completo em relação a toda a gente que coloca os pés na paddock nestas corridas, o que vai acontecer também em Portimão. Não posso estar mais contente, sendo português, por ter uma prova a fechar o Mundial no meu país”, afirmou Jorge Viegas, que é, inclusive, algarvio, não escondendo também a alegria por estar um português envolvido na luta pelos lugares do pódio. “Para nós, será

também uma forma de meter mais o motociclismo no mapa ALGARVE INFORMATIVO #261


Manuel Marinheiro, presidente da Federação de Motociclismo de Portugal

mediático, até porque, na minha opinião, as corridas da MotoGP são muito mais interessantes do que a Fórmula 1”. Mais orgulhoso não poderia estar Manuel Marinheiro, presidente da Federação de Motociclismo de Portugal, pelo regresso do MotoGP a Portugal, para o que foram fundamentais o Governo Português e o Município de Portimão, mas, sobretudo, “o Paulo Pinheiro e o

Jorge Viegas, cada um deles dentro da sua estrutura”. “Nos tempos excecionais que vivemos, o motociclismo retomou a atividade antes de todos os outros desportos. ALGARVE INFORMATIVO #261

E trazemos os eventos para Portugal porque os conseguimos realizar com sucesso e com retorno económico, para o turismo, restauração, hotelaria e comércio. Teremos sete ou oito provas de Campeonato do Mundo em Portugal, porque não baixamos os braços e porque temos a certeza de que o desporto é essencial à nossa economia”, defendeu o dirigente. Isilda Gomes deverá ser, entretanto, uma das autarcas mais invejadas de Portugal por esta altura, com Portimão 30


Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão

a acolher as duas provas rainhas dos desportos motorizados no espaço de poucas semanas. Um facto que é extremamente importante, não só para este concelho, mas para toda a região e país, e a edil portimonense não poupou elogios a Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar e do Autódromo Internacional do Algarve. “Sinto-me uma criança

com uma bola colorida nas mãos, estou feliz com todos estes acontecimentos, e acredito que muitas mais pessoas partilham deste sentimento. Tudo se está a conjugar como uma tempestade 31

perfeita e isso só se consegue com bastante trabalho”, afirmou a presidente da Câmara Municipal de Portimão, lembrando ainda que o Governo Português se empenhou, desde a primeira hora, para tornar estes sonhos numa realidade. “Não é

fácil ter a Fórmula 1 e o MotoGP e queremos manter estas provas em 2021. Aliás, sendo o Jorge Viegas algarvio, fará, certamente, tudo o que for possível para que o MotoGP regresse a Portugal. Um algarvio nunca renega as suas ALGARVE INFORMATIVO #261


Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo Internacional do Algarve e da Parkalgar, S.A.

raízes e defenderá sempre o seu Algarve até ao limite”. A autarca portimonense não negou, porém, a enorme responsabilidade que advém do Autódromo Internacional do Algarve acolher estes dois grandes prémios, mas deixou a garantia de que o Município continuará a apoiar, naquilo que for possível, estas provas. “Porque

isso é nossa obrigação. Cabe a todos ALGARVE INFORMATIVO #261

nós trabalhar para que esta infraestrutura tenha sucesso. Somos todos corresponsáveis e ninguém se pode pôr de fora, seja o Governo, a Autarquia, os promotores privados ou as associações responsáveis por estes desportos”, avisou Isilda Gomes, deixando ainda o repto para que Paulo Pinheiro continue a sonhar. 32


João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto

“Quando queremos, os sonhos tornam-se uma realidade. Na altura, diziam que ele era um louco por querer ter um autódromo em Portimão, mas, se calhar, precisávamos de muitos mais loucos destes no Algarve”.

OBJETIVO É TER FÓRMULA 1 MOTOGP EM 2021 Com o coração dividido em dois estará, antevê-se, Paulo Pinheiro, um fervoroso 33

adepto de Valentino Rossi e um profundo admirador de Miguel Oliveira, dois dos candidatos à vitória no circuito algarvio a 22 de novembro. “Foram 12

anos a trabalhar para, finalmente, colhermos os frutos. Foi um carrossel de dificuldades, com momentos difíceis, outros bons, mas hoje é um dia de pura alegria. E o MotoGP tem, para nós, um gostinho especial”, assumiu o responsável pelo Autódromo Internacional do Algarve. “Em 2004, ALGARVE INFORMATIVO #261


Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo

fomos com uma «carrinha dos ciganos» para o Campeonato do Mundo, toda a gente gozava connosco, e uns anos depois estávamos a lutar pelos campeonatos. Ainda hoje detemos o recorde de mais vitórias numa só época, portanto, alguma coisa boa fizemos. No fim, já eramos uma referência”, recordou, emocionado. Diz um ditado inglês que «a preparação é a mãe da vitória», e assim tem sido o percurso do Autódromo Internacional do ALGARVE INFORMATIVO #261

Algarve, com Paulo Pinheiro a declarar que “a sorte não existe”. “A sorte

é trabalhar e, quando trabalhamos, colocamo-nos na posição de aceitar aquilo que ela nos dá. Vamos aproveitar esse dia fantástico de termos o MotoGP em Portimão, com o Rossi e o Miguel Oliveira, e tudo faremos para que seja impossível dizer «não» a Portimão. O nosso objetivo é termos, em 2021, Fórmula 1 e MotoGP e, 34


normalmente, quando queremos uma coisa, conseguimos tê-la”, avisou, antes de passar a palavra a João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto. “Há duas

semanas celebramos, aqui em Portimão, o regresso da Fórmula 1 a Portugal, ao fim de 24 anos, e agora estamos a repetir o feito, com o MotoGP, após um interregno de oito anos, e muito disso se deve ao Paulo Pinheiro. Mas também ao Jorge Viegas, que nos orgulha imenso por presidir à FIM, e ao Manuel Marinheiro, presidente da Federação de Motociclismo de Portugal, pois devemos ser dos países que mais eventos internacionais acolhemos”, destacou o governante. Elogios deixou também João Paulo Rebelo a Miguel Oliveira, que luta de igual para igual com os melhores do mundo, como bem ficou demonstrado no dia 9 de agosto, ao conquistar a sexta posição no Grande Prémio de MotoGP da República Checa, logo atrás, precisamente, do icónico Valentino Rossi. “Estou

convencido que, em Portimão, o Miguel se vai querer superar e dar uma grande alegria a todos os portugueses. Sabemos que é muito difícil voltarmos a ter o MotoGP em Portugal em 2021, não devemos estar aqui a criar expetativas que depois possam ser goradas, mas é possível e seria algo espetacular para o nosso país. A Champions 35

League está a começar, vamos ter a Fórmula 1 e o MotoGP em outubro e novembro, respetivamente, e o desporto tem demonstrado que é possível retomar a normalidade, com comportamentos responsáveis. E estes artistas merecem ter público nas bancadas, sem colocar em causa a saúde pública, a saúde de todos”. Já Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo, realçou o impacto económico de Portugal acolher mais um evento desportivo de escala mundial e assegurou que a tutela estará sempre ao lado de visionários, sobretudo daqueles que têm um nível elevado de execução dos seus sonhos.

“O impacto esperado a curto prazo é muito positivo, especialmente se a prova tiver público, assim a situação pandémica evolua favoravelmente. Depois, a médio e longo prazo, há um retorno incrível, porque uma prova destas tem uma projeção internacional tremenda. São mais de 430 milhões de pessoas a ver a prova, que será transmitida para mais de 200 países. O investimento equivalente necessário para se passar a imagem de que Portugal está pronto, que está aberto ao turismo, seria muito difícil de concretizar”, reconhece Rita Marques .

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STARTUP PORTIMÃO FESTEJOU TRÊS ANOS DE ESPÍRITO EMPREENDEDOR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina StartUp Portimão comemorou, no dia 10 de agosto, o seu 3.º aniversário com a apresentação pública de dois guias de apoio a empreendedores e investidores que pretendam apostar neste concelho do barlavento algarvio, numa sessão que contou com a participação da presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, e do Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do ALGARVE INFORMATIVO #261

Consumidor, João Torres. Uma incubadora e centro de negócios que era um sonho antigo da autarca portimonense que se concretizou a partir do momento em que a Parkalgar disponibilizou um espaço para esse efeito no Autódromo Internacional do Algarve. “Precisamos ter

capacidade para sonhar, mas também para empreender, para concretizar os nossos sonhos. Claro que isso não é fácil, há que lutar, mas temos que dar 38


Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão

oportunidades aos jovens e menos jovens, àqueles que não possuem recursos para ter um espaço próprio para as suas empresas”, referiu Isilda Gomes. A par de Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar, a presidente da Câmara Municipal de Portimão agradeceu a Luís Matos Martins e restante equipa da «Territórios Criativos», “pelo impulso

extraordinário que têm dado a este espaço” e deixou o apelo a que as instituições do Algarve acarinhem os empreendedores que estão, na StartUp 39

Portimão, a criar empresas e postos de trabalho. “O objetivo de todos eles

é, daqui a algum tempo, conseguirem instalar-se num espaço próprio e é fundamental que surjam novas ideias e propostas. Não podemos estar permanentemente a conviver com o mesmo, há que criar e recriar, e às vezes fico espantada com aquilo que aqui se faz”, reconheceu Isilda Gomes. “O caminho faz-se caminhando e, na medida das nossas possibilidades, ALGARVE INFORMATIVO #261


Luís Matos Martins, da «Territórios Criativos»

estamos completamente dedicados a estas áreas do empreendedorismo, porque são autênticas rampas de lançamento. E são estes passos que vamos dando no dia-a-dia que vão mudando também o tecido empresarial do Algarve”. Sendo consensual que o Algarve não pode viver exclusivamente do turismo, há que criar, de forma pensada e ponderada, novas áreas de negócio, mas Isilda Gomes alerta que isso não acontece de um dia para o outro, nem que será um processo fácil. “Mas podemos fazer um

upgrade ao turismo e às empresas de serviços ligados ao turismo. ALGARVE INFORMATIVO #261

Temos que inovar, oferecer algo diferente, para conquistar os turistas. Praias bonitas há em muitas partes do globo, provavelmente até em destinos mais baratos que o Algarve. Agora, praias bonitas, qualidade de vida, simpatia, acolhimento, segurança, tudo em simultâneo, já é mais difícil de encontrar”, salientou a autarca. “Saibamos explorar as nossas mais-valias e retirar daí aquilo que precisamos para melhorar a qualidade de vida dos nossos concidadãos. O que pretendemos é que, de facto, os algarvios e os portugueses 40


colham os frutos dos sucessos no turismo”, entende Isilda Gomes. “Sustentabilidade é o que todos desejamos. E chegamos lá com diálogo e debate e, sobretudo, trabalhando em rede. Se cada um olhar apenas para si, nunca alcançaremos bons resultados. O mundo inteiro está a atravessar uma fase complicada, mas acredito que o Algarve será das primeiras regiões a recuperar. A experiência diz-nos que, quando a situação económica fica má, a primeira coisa onde as pessoas cortam é nas férias, contudo, quando o cenário se começa a inverter, a primeira coisa que as pessoas desejam é descansar, viver um período diferente”, finalizou a presidente da Câmara Municipal de Portimão. Presente no aniversário esteve, como referido, o Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, declarando de imediato que “o Governo é grato a

quem procura fomentar um ecossistema de empreendedorismo no nosso país”. “Portimão é um Município amigo dos seus cidadãos e dos milhões que visitam este território anualmente, mas também, e cada vez mais, das atividades económicas. E há que agradecer também a quem disponibilizou este espaço, porque as condições físicas de trabalho são 41

muito importantes para o sucesso dos ecossistemas de empreendedorismo e inovação, para as experiências de coworking”, indicou o governante. João Torres chamou igualmente a atenção para a necessidade de um associativismo empresarial dinâmico, porque, “nos momentos de maior

dificuldade, o Estado, as entidades, as autoridades públicas, precisam ter intervenientes fortes com quem dialogar, para podermos encontrar as melhores soluções”. “E precisamos de empreendedores que acreditem no presente e no futuro. De empresários que ganhem as oportunidades. Mesmo nos momentos mais difíceis, nunca é boa altura virar as costas aos obstáculos que enfrentamos”, defendeu o Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor. “Unidos, mais do que

nunca, é que podemos ajudar a nossa comunidade a vencer e, em Portimão, muitos exemplos têm sido dados de que, mesmo num contexto singular e excecional, é possível olharmos para o futuro com otimismo”. O governante destacou ainda o papel central que o comércio e os serviços desempenham na atividade económica nacional, lembrando que o comércio é ALGARVE INFORMATIVO #261


o setor mais empregador em Portugal. E garantiu que o trabalho que as incubadoras de empresas desenvolvem é muito importante “para conferir um

futuro ainda mais vigoroso para atividades que se confrontam, hoje, com os desafios da digitalização e da sustentabilidade”. “As empresas do comércio, que são tipicamente micro e pequenas empresas, precisam de aproveitar as oportunidades emergentes da digitalização e da sustentabilidade, dois grandes desígnios perante os quais todos nós, portugueses, europeus, cidadãos do mundo, teremos que nos adaptar e encontrar novas e inovadoras soluções para continuarmos a crescer. Por isso, o comércio foi, desde a primeira hora, particularmente apoiado no âmbito desta crise, porque é um sector que faz parte do nosso passado, mas também do nosso presente e futuro. Nesta crise sentimos a maisvalia dos estabelecimentos de comércio, de serviços e de restauração para as nossas vidas”, enfatizou João Torres.

NOVOS GUIAS PARA EMPREENDEDORES E INVESTIDORES O ponto alto do terceiro aniversário da StartUp Portimão foi a apresentação dos guias «Portimão é Opção» e «Um Mergulho em Portimão», o primeiro ALGARVE INFORMATIVO #261

vocacionado para os investidores, o segundo para os empreendedores. Em «Portimão é Opção» está reunida informação com vista a apoiar investidores que queiram vir para o concelho de Portimão, fornecendo uma visão global das infraestruturas de apoio disponíveis, oportunidades culturais, custo de vida, gastronomia e acessibilidades, sem esquecer as belezas naturais da região. Ao mesmo tempo, identificam-se possibilidades de negócio, startups, estabelecimentos comerciais e indústrias. Já «Um Mergulho em Portimão» constitui um manual prático, de consulta rápida, com contactos e dicas úteis para empreendedores, que vão desde como gerir o tempo e energia, a temáticas mais técnicas relacionadas com a preparação de um pitch ou a elaboração de um plano de negócios e até de um mapa financeiro. “Para

além disso, disponibiliza exercícios desenhados para instigar os empreendedores a refletir sobre si próprios enquanto empreendedores e sobre aspetos intrínsecos ao negócio, como os riscos associados, os aspetos legais, o perfil dos investidores e a angariação de parceiros”, notou Luís Matos Martins. “Acredito que um empreendedor de sucesso poderá ser um investidor, porque temos a tendência de querer retribuir ao mundo aquilo que recebemos. Depois, há aqueles que têm mais sucesso a investir 42


João Torres, Secretário de Estado do Comércio, dos Serviços e dos Direitos do Consumidor

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em negócios do que a empreender e outros que têm mais capacidade para empreender do que para investir”, sublinhou ainda o líder da «Territórios Criativos». Como é tradicional, o aniversário serviu também para se fazer um pequeno balanço do que tem sido a atividade da StartUp Portimão, a funcionar desde 2017 em instalações localizadas no Autódromo Internacional do Algarve e contando neste momento com 20 startups incubadas (física e virtualmente), 80 por cento das quais na área das Smart Cities.

“A estrutura agrega mais de 45 parceiros regionais, nacionais e internacionais, que contribuem para que o ecossistema empreendedor seja cada vez mais uma realidade na

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região algarvia. E os números destes três anos são elucidativos, com 130 iniciativas realizadas, quase 200 horas de formação e mais de 40 mentores, além de 13 alumni, contando atualmente com 26 postos de trabalho”, descreveu Luís Matos Martins. Olhando para o futuro, e numa estratégia concertada com o Município de Portimão, o objetivo passa, de acordo com Luís Matos Martins, pela diversidade para outras áreas económicas, para além do Turismo, o setor de maior relevância na região.

“Também está prevista uma interação efetiva e consistente com a massa crítica e os empresários locais, através da

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organização de encontros estratégicos com players das várias áreas do tecido económico. Uma das principais apostas será o posicionamento além-fronteiras da Startup Portimão, através da disseminação dos guias do empreendedor e do investidor em inglês e de parcerias internacionais, contando para o efeito com a GEN Portugal, que passará a estar presente no nosso dia-a-dia”, revelou ainda o responsável da «Territórios Criativos». Global Entrepreneurship Network (GEN) que é a maior rede de empreendedorismo mundial, gerindo uma plataforma de projetos e programas em 170 países, com o objetivo de facilitar o processo de início e crescimento um negócio, para qualquer 45

pessoa e em qualquer lugar. Promovendo uma colaboração e iniciativas globais entre empreendedores, investidores, investigadores, governo e organizações de apoio empresarial, a GEN trabalha para fomentar ecossistemas empreendedores que criem mais empregos, consciencializem as pessoas, acelerem a inovação e fortaleçam o crescimento económico.

“Estão igualmente pensadas a realização do 2.º Bootcamp em inglês e a angariação de startups estrangeiras para a incubadora, sendo que já atualmente 25 por cento dos empreendedores são oriundos de outros países”, concluiu Luís Matos Martins .

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David Gonçalves, Marlene Guerreiro, Vítor Guerreiro, Madalena Féu e Acácio Martins

MUNICÍPIO DE SÃO BRÁS CRIA ESPAÇO COWORKING PARA AJUDAR OS JOVENS A GANHAREM ASAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina om inauguração inicialmente prevista para 21 de março, mas adiada devido à pandemia da covid19, abriu finalmente portas, a 12 de agosto, Dia Internacional da Juventude, o Espaço Coworking de São Brás de Alportel, com a presença da Delegada ALGARVE INFORMATIVO #261

Regional do Instituto do Emprego e Formação Profissional, Madalena Féu. Localizado na Avenida da Liberdade, o espaço tem capacidade para acolher até cinco jovens do concelho que pretendam aventurar-se no mundo do trabalho com projetos próprios, e que ali podem usufruir de apoio administrativo e receção de 48


correspondência, equipamento de projeção para formações e outras atividades, espaço de arquivo, sala de reuniões, copa e arrumos, wc acessível e placa de identificação exterior.

“Posteriormente, iremos abrir outro espaço, também aqui na Avenida da Liberdade, com características um pouco diferentes, mas que vai de encontro ao mesmo objetivo: promover a criatividade e inovação no nosso concelho”, revelou Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Incentivar e motivar a juventude local para aplicar todo o seu potencial tem sido uma «batalha» ganha pela autarquia sãobrasense, com Vítor Guerreiro a falar de cidadãos bastante ativos e participativos.

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“São uma força de dinamismo que impulsionam, em muito, o nosso concelho e que são motivo de inspiração para todos. Estamos sempre de portas abertas para receber os projetos inovadores que eles nos apresentam. Todos sabemos que vivemos tempos difíceis, com uma crise que ainda agora começou e que não se adivinha que termine tão cedo, mas os jovens têm uma enorme capacidade para inovar e os sãobrasenses também têm demonstrado uma enorme resiliência, pelo que acredito que, a curto e médio prazo, iremos conseguir dar a volta por cima e ultrapassar estes momentos

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complicados para a economia e para a comunidade”, declarou Vítor

conjunto desde o início da pandemia”, enalteceu Vítor

Guerreiro.

Guerreiro, antes de passar a palavra a Marlene Guerreiro, a «mãe» do Espaço Coworking de São Brás de Alportel. “É

Com lotação atual para cinco projetos, o Espaço Coworking de São Brás de Alportel poderá, no futuro, ver a sua capacidade aumentada, consoante a evolução da pandemia e os critérios de distanciamento social em vigor, com o propósito, reforçou o autarca, de dinamizar ainda mais a economia do concelho. “Pensamos de uma forma

positiva, não podemos baixar os braços com os problemas que existem, e temos muitos projetos para colocar em marcha, para benefício da nossa população e comunidade. E estamos bastante felizes pela forma como a comunidade se uniu e trabalhou em ALGARVE INFORMATIVO #261

um momento especial para todos nós, mesmo que não possamos celebrar da forma que gostaríamos. Este é um sonho tornado realidade para tornar realidade os sonhos dos sãobrasenses. A nossa vontade é que aqui consigam crescer muitos projetos, que seja o empurrão e a oportunidade que, às vezes, fazem falta para um jovem ou alguém com mais experiência e que, naquele momento, precisa de ajuda”. 50


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A vice-presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel lembrou que é tão importante ajudar alguém que está a começar o seu trajeto, como apoiar aqueles que necessitam de apoio para recomeçar. Quanto a este espaço, abriu as suas portas, pela primeira vez, em março de 2008, na altura como Espaço Internet São Brás de Alportel, que esteve aberto durante cerca de uma década. Com o decorrer do tempo, e com a massificação do acesso à internet, o espaço começou a ser menos procurado, daí que o executivo municipal tenha decidido reconvertê-lo num local onde, sobretudo os mais jovens, possam ter o seu primeiro ponto de trabalho e sede fiscal de empresa. “O projeto nasceu

com uma forte vertente social, mas depois foi-se integrando numa ALGARVE INFORMATIVO #261

estratégia mais virada para o empreendedorismo”, indicou Marlene Guerreiro, recordando que o projeto «Jovens Seguros – Famílias Felizes», que está a ser desenvolvido no concelho, integrado no Contrato Local de Segurança do Ministério da Administração Interna, também foi uma das etapas percorridas até se chegar a este Espaço Coworking. “Na

sua primeira edição contámos com a ajuda da Associação In Loco, estamos agora a terminar a terceira edição e com imensa vontade de prosseguirmos o trajeto. Este espaço é pequeno, mas pode tornar realidade sonhos muito grandes e, para isso, desejamos trabalhar em estreita ligação com as diversas entidades 52


regionais que promovem o empreendedorismo. Queremos ter aqui um espaço de mentoria, de apoio e trabalho em rede, e que os nossos cinco empreendedores estejam cá relativamente pouco tempo. Não queremos que eles ganhem raízes, mas asas”, afirmou Marlene Guerreiro. Com esse propósito, o contrato assinado com os empreendedores tem a duração de seis meses, sendo que, no primeiro mês, estes não têm quaisquer custos pela sua presença no Espaço Coworking de São Brás de Alportel. Nos meses seguintes terão que pagar uma verba considerada acessível pelos promotores do espaço, em contratos que

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podem ser renovados até dois anos e, em casos excecionais, até três anos. “É

uma casa para empreendedores, com horários flexíveis, que pode ser usada consoante o talento de cada jovem e o modelo de cada negócio. Disponibiliza um conjunto de serviços que são simples, mas importantes, para que tenham sucesso. Se, há uns anos, pensávamos que este espaço poderia ser interessante, hoje, no contexto que vivemos, pode ser determinante na vida de alguém”, sublinhou Marlene Guerreiro .

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CAPICUA TROUXE «MADREPÉROLA» A TAVIRA

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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adiante e em constante diálogo com o público, assim esteve Ana Matos Fernandes, mais conhecida no meio artístico como Capicua, no dia 8 de agosto, no Parque do Palácio da Galeria, em Tavira. A Licenciada em Sociologia e Doutorada em Geografia Humana viajou do Porto até às margens do Rio Gilão para dar a conhecer o seu mais recente trabalho discográfico, «Madrepérola», editado no início do ano, naquela que terá sido, provavelmente, a ALGARVE INFORMATIVO #261

primeira apresentação ao vivo dos novos temas. A rapper não escondeu a alegria de voltar a atuar após quase seis meses de interregno ditados pela pandemia e fez questão de ir explicando ao público que esgotou o espaço o significado das suas canções. Porque, de facto, elas têm bastante sumo, não são uma coleção das habituais palavras de ordem de quem se mexe no rap e hiphop. E, após anos de concertos com o repertório dos discos anteriores, Capicua fez, em 2020, um «reset» e, 58


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com o novo disco, tem também uma nova formação e um novo cenário. «Madrepérola» é um álbum de canções, com muitas vozes convidadas e bastante mais dançável, e isso comprovou-se em ALGARVE INFORMATIVO #261

Tavira, com a portuense a desafiar constante o público a dançar, ainda que sentados, elogiando as várias coreografias a que ia assistindo. Um concerto cinco estrelas, com Capicua magistralmente acompanhada pelos 60


músicos D-One, Virtus, Luís Montenegro e Sérgio Alves, mas também pelas vozes marcantes de Inês Pereira e Joana Raquel. E, a par da vertente musical, também visualmente o espetáculo 61

ganhou uma nova identidade, com muita luz, texturas e brilho, numa alusão à iridescência da madrepérola e à policromia dos encantos subaquáticos. ALGARVE INFORMATIVO #261


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IAN

apresentou novo disco Em Tavira Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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s Claustros do Convento do Carmo, em Tavira, foram palco, no dia 12 de agosto, de mais um concerto de música eletrónica promovido pelo Museu Zer0, desta feita com a violinista Ianina Khmelik. O projeto «IAN» é o trabalho a solo desta música russa que faz parte da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, tendo lançado, em 2019, dois EP’s. O seu primeiro disco de longa duração vai ver a luz do dia nas próximas semanas e foi uma mistura de música eletrónica, «trip hop» e «hip hop» que se escutou nesta noite em Tavira, em que não faltaram, inclusive, versões de dois temas do guitarrista Jimmy Hendrix. 75

A excelente música de IAN foi acompanhada pela projeção constante de imagens, umas de arte digital, outras referentes aos videoclips dos temas lançados no passado, enquanto a russa cantava e tocava violino e piano. Uma boa surpresa para quem não conhecia a moscovita que reside em Portugal desde os 15 anos, já depois de ter vencido, em 1995, o 2.º Prémio do Concurso para Jovens Músicos de Moscovo, passando pela Alemanha para estudar na Holdstadt Schulle. Em Portugal, estudou na Escola Profissional de Música de Espinho, de onde saiu, em 2002, para a licenciatura em Violino na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo (ESMAE), no Porto . ALGARVE INFORMATIVO #261


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VITORINO E ZÉ FRANCISCO ENCANTARAM PALÁCIO DA GALERIA, EM TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Tavira

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programa cultural «Verão em Tavira» prossegue cheio de força e, no dia 7 de agosto, o Parque do Palácio da Galeria acolheu a apresentação do projeto «A Sul», com Vitorino Salomé e o tavirense Zé Francisco. Acompanhados por seis músicos, a dupla viajou pelas canções mais marcantes de Vitorino, como «Menina estás à janela» ou «Queda do Império», assim como pelos temas do músico e compositor Zé Francisco, tendo sido ainda recriadas canções intemporais do repertório de Zeca Afonso. ALGARVE INFORMATIVO #261

Um espetáculo caloroso numa noite quente de Verão, com uma plateia bastante entusiasmada de várias gerações e que preencheu por completo a lotação do espaço, adaptada para respeitar as normas de segurança da Direção-Geral de Saúde para eventos ao ar livre em tempos de covid-19. E, como tem sido habitual ao longo deste programa dinamizado pela Câmara Municipal de Tavira, o valor da bilheteira reverteu a favor da aquisição de equipamentos de proteção individual para as instituições de solidariedade social do concelho . 88


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IPDJ ACOLHE EXPOSIÇÃO COLETIVA DE PINTURA E FOTOGRAFIA DE SETE JOVENS ARTISTAS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Irina Kuptsova ALGARVE INFORMATIVO #261

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Direção Regional do Algarve do IPDJ, na Rua da PSP, em Faro, acolhe, até 31 de agosto, duas exposições de jovens artistas, inserido nas comemorações do Dia Internacional da Juventude, assinalado a 12 de agosto. A primeira, «Entre o belo e o hediondo», é uma mostra coletiva de Olavo Costa, Joana Costa, Beatriz Martins, Lúcia Fernandes, Maria Eduarda e Catarina Moreira, jovens estudantes universitários que se reuniram e, em diferentes abordagens, procuram representar o que existe entre o belo e o hediondo. Interpretando o belo como aquele ideal clássico de uma beleza inimaginável e inatingível, pelo ser humano, e o hediondo, como aquilo que é repulsivo, nojento e inflige dor nos sentidos. “O

posicionamento destas obras no ALGARVE INFORMATIVO #261

espectro que vai do belo ao hediondo cabe à interpretação racional e emocional do espectador, que deve procurar dentro de si mesmo e chegar às suas conclusões, pois, o que habita nesta zona cinzenta, que é balizada por dois conceitos tão antónimos, existe sem uma definição fixa”, explicam. «2020, so far», é uma exposição de fotografia de Glantosz que pretende mostrar a sua visão e a sua realidade relativamente ao ano de 2020, passando uma mensagem positiva e de confiança relativamente ao mundo das artes, mundo pelo qual sempre teve um grande fascínio. Glantosz é um jovem estudante do ensino secundário, em Faro, que utiliza a fotografia como forma de expressão desde tenra idade. 100


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OPINIÃO Do risco do silenciamento no tal «lugar da fala» Mirian Tavares (Professora Universitária) Who am I? Am I then this one today and tomorrow another? Dietrich Bonhoeffer á uns anos participei dum Congresso em Pelotas, cidade do extremo sul do Brasil, organizado por um grupo feminista, bastante atuante, da Universidade local. Fui falar sobre o corpo na História da Arte. A maior parte das apresentações era mais militante e tratava de temas relacionados, diretamente, com questões políticas. Houve uma participação grande de diversas mulheres indígenas, de países vizinhos como o Paraguai, o Uruguai e a Argentina. Pela primeira vez, dei-me conta de que o discurso feminista, que aparentemente congrega todas as questões das lutas das mulheres, não era, efetivamente, inclusivo. As mulheres indígenas não se reviam num discurso, originário do Hemisfério Norte, fruto de intelectuais que enfrentavam problemas que não eram os seus. Não negavam a importância dos diversos movimentos que, afinal, lhes deu vez e voz. Mas as suas vivências continham demasiadas particularidades que as reivindicações gerais não ALGARVE INFORMATIVO #261

abrangiam. Nesse caso, alguém poderia reclamar o tal «lugar da fala» – só eu mesma sei de mim e das minhas contingências. Parece uma aceção óbvia – ninguém calça os meus sapatos como eu. Ninguém pode habitar a minha pele, portanto, o direito de falar sobre as minhas questões cabe apenas a mim. Assim sendo, as mulheres indígenas que estavam naquele congresso, graças a um discurso universal que exige a igualdade de direitos entre os géneros, não se sentiam representadas pelo discurso que, afinal, deu-lhes espaço, e lugar, para a sua fala. A ideia de relacionar os discursos, e os seus emissores, aos lugares de poder, foi herdada da análise do discurso de vertente francesa, que recupera, nos anos 60, o papel da ideologia na e da língua. Autores como Pierre Bourdieu, Michel Foucault e Judite Butler reconhecem e denunciam, nas suas obras, as relações de poder presentes nos diferentes tipos de discurso, que varia de acordo com os seus enunciadores e, também, é afetado pela posição ocupada pelo enunciador aquando do discurso. A filósofa brasileira Djamila Ribeiro atualizou o conceito de 112


«lugar da fala» levando-o para o campo das lutas sociais, sobretudo em relação às situações de opressão secular sofridas por grupos, minoritários ou não, a quem lhes foi negado um lugar da fala: por serem mulheres, negros, homossexuais, pobres, migrantes, etc. De facto, é muito importante termos noção do valor dos discursos e do poder que lhes pode ser conferido. É importante que todos possam ser ouvidos em pé de igualdade, sem dúvida. Mas há que se evitar os excessos. As mulheres indígenas que se queixavam dos discursos das feministas, reconheciam que, graças a esses discursos, elas podiam estar naquele espaço a reivindicar atenção ao caso particular de cada uma delas. Li, noutro dia, um texto muito interessante sobre a questão do lugar da fala, escrito por um homem, branco e homossexual, numa plataforma dedicada às questões raciais no Brasil, dirigida por ativistas do movimento negro. No fundo, o que ele defendia era um discurso mais democrático e inclusivo e menos separatista e individualizante, pois, se apenas os negros podem falar de questões raciais e apenas as mulheres podem falar de machismo, saímos do lugar da fala para a autoridade da fala, que pode transformar-se num argumento falacioso. Como disse Walt Whitman, sou amplo, contenho multidões. Ninguém deveria ser reduzido a um lugar único, porque são várias as circunstâncias que me definem. Sou brasileira, professora universitária, nascida no Nordeste, descendente de portugueses, índios e judeus, tenho dupla nacionalidade e vivi muitas vidas em vários lugares. Sofri mais preconceito por ser do Nordeste do Brasil, 113

Foto: Victor Azevedo

entre brasileiros, que por ser brasileira a viver em Portugal. Preferia não sofrer preconceito algum. O meu lugar da fala é aquele que defende o fim do preconceito de qualquer espécie, independentemente de eu ser potencialmente um alvo. Como disse o autor do texto sobre as armadilhas do lugar da fala, “não me basta ser uma bicha feliz no capitalismo”, a mim não me basta ser uma professora respeitada no meu universo, mas que o respeito seja extensivo a todos e todas. Se não tomarmos algum cuidado, vamos cancelar a cultura pelo simples facto de ela não ser produzida por mim e a minha medida. E não nos podemos esquecer de que os terraplanistas e os familiares, divulgadores de fake news no whatsapp, também reivindicam o seu lugar da fala. Estamos imersos num universo palavroso e, apesar de tantas revindicações, já quase não nos ouvimos. Parece que estamos a falar sozinhos .

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OPINIÃO Do Reboliço #97 Ana Isabel Soares (Professora Universitária) uantos gatos terão passado pelo Moinho Grande? Dos cães há memória, até contagem, nomes para recordar, quer os de casa, quer os da rua, mesmo os do monte vizinho (os que, quando apanham quieto o campo à volta do Moinho Grande, vão ao cheiro, curiosos, e fazem mesmo que o guardam, correndo, os quatro ou os cinco, às vezes mais, a vigiar cada um dos troços da estrada: o mais pequenino, uma cadelinha, sabe pôr-se em pé nas patas de trás e ganhar altura para fazer alcançar mais longe a vista). Dos cães tem o Moinho muito boa memória. Mas dos gatos, nem nada: é como se fossem todos o mesmo ser felino. Nunca foram contados e todos, por inúmeros, são apenas um. Igualmente desnomeados indivíduo a indivíduo, são nisso iguais às aranhas, às formigas, aos pardais, papafigos ou outros invasores menos benquistos. Gozam de um estatuto só um nadinha diferente destes, mas qualquer coisa serão, entre inseto, cão e ave. Talvez estejam mais próximos das aranhas, sim, porque para alguma coisa servem: assim como as aranhas para caçar as moscas, são eles para caçar os ratos. Porém, quando já estão desertas de grãos as seiras, vazias as mós e ALGARVE INFORMATIVO #261

paradas, sem alimento que atraia os ratos, o que há para um gato perseguir? Há, certo, os figos das figueiras (ah!, que os ratos vão aos figos, os danados, correm com as aranhiças patinhas pelos troncos finos das figueiras e agarram-nos para os meter à boca!). Mas não é negócio que chame. Há no monte do Moinho Grande uma bichana gata. Deu em aparecer por ali na Primavera, prenha de bichos. Três ou quatro vezes por dia deixava-se ver: quase sempre de manhã saía do mesmo buraco na parede muito gasta da garagem; uma ou outra vez vinha do barracão que, nos tempos do moleiro velho, foi pombal. Durante a grande parte o dia, não se deixava ver. Ao entardecer, vinha sentar-se perto de quem ali houvesse, mas guardava distâncias de segurança e suspeição. Se a chamavam, dengosos, soprava, e só se aproximava de gente humana quando estivesse no limite da fome: então, miava uns gemidos breves e baixos, como quem sentisse vergonha de pedir. Era nada mais do que focinho, olhos grandes, ossos e a barriga alongada, o único bocado de carne percetível naquele corpo – e tudo carne que dela não era, mas dos filhos, que lha levariam quando dela se fossem – e assim foi. Na altura em que percebeu que estaria prestes a parir, deve ter ela percebido que ter os filhotes 114


Foto: Vasco Célio

no monte do Moinho Grande implicaria deitar àquela terra mais bocas do que a dela com que dividir o pouco sustento que, por alguma sorte, ia catando: o habitual nos gatos do monte era sustentarem-se sozinhos, com algum pássaro ou roedor; no tempo do moleiro e da sua mulher, ainda tinham a sorte de raspar o que sobrasse de uma refeição – agora, raro. A gata desapareceu. Esteve semanas sem que a vissem. Chegaram a dá-la por morta: “Isso para aí ficou na estrada”. “Não... era demasiado ladina para se deixar atropelar. Foi com os filhos. Sumiu-se”. Tanto tempo esteve ausente, que foi esquecida. Começou, 115

entretanto, a rondar o moinho outro felino: um macho com ares de siamês, em branco e preto, bem nutrido e mais manhoso do que a gata esquiva. Mas, ao contrário da gata, passava mesmo de passagem, era só curiosidade o que o trazia, ou distração: não foi uma nem duas vezes que, no meio da corrida entre a seara e a estrada, saltando por cima da mesa da rua, se surpreendeu a olhar para um rosto de gente e a achar que a presença de pessoas era tão estranha como a sua própria presença ali . * Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. Escrevo a partir desse olhar canino. ALGARVE INFORMATIVO #261


OPINIÃO Obrigada Jornal da Noite Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) enho a certeza que não sou a única que sente uma total deceção em relação às notícias/jornal da noite. Parece que desde há muito deixaram de se importar genuinamente com o propósito de manter os cidadãos informados. Em vez de notícias relevantes, somos maioritariamente bombardeados com informações em grande parte medíocres. Ora, passamos do rabo da Georgina Rodriguez – que mais pertence a uma revista cor de rosa – para segmentos de 10 minutos de futebol – quem joga, contratos e bate-bocas ordinários entre treinadores. Não estaríamos nós melhor com secções de 1o minutos relacionadas com civismo, tecnologia, saúde, geografia e cultura? É que não é o mesmo ter uma «peça» e ter um segmento de várias peças. Poderíamos cultivar o nosso país de outra forma, afinal, deve ser o momento do dia em que quase todos os olhos se encontram colados à televisão. Sim claro, temos as «grandes reportagens» nos diversos canais, que realmente são bons trabalhos de ALGARVE INFORMATIVO #261

investigação e abordam temas pertinentes. Contudo, não são o suficiente. Tendo em conta que os Jornais da Noite são, para muita gente, o «único» contato diário com informação, seriam estes de melhor proveito se nos oferecessem uma maior robustez e seleção daquilo que partilham com milhões de portugueses. Assim, foi com grande espanto e agrado que tenho visto os «Grandes Romances do Século XX», uma espécie de mini-documentário, agora incluído às quartas-feiras, no Jornal da Noite da SIC. Esta semana ficámos a conhecer o romance de Alfred Hitchcock com Alma. Como descrito: “Ela era a assistente, sempre na sombra, mas era muito mais do que isso. A sua opinião era muitas vezes decisiva para o grande realizador. Completaram-se no cinema e na vida. Alfred Hitchcock e Alma Reville estiveram casados quase 60 anos”. Não só foi interessante conhecer a simbiose destes dois, mas compreender melhor a carreira de um dos maiores e melhores realizadores da história: o mestre do suspense. A semana passada o programa foi sobre o ator Jimmy, ou James Dean. Uma alma talentosa e torturada até ao seu final precoce. Há umas semanas foi 116


sobre Orson Wells. Tem sido um programa muito interessante e que recomendo. Pois ficamos a conhecer a vida pessoal de grandes artistas, e como esta impactou a sua vida profissional. Seria maravilhoso termos mais programas destes todas as noites, onde pudéssemos conhecer mais artistas, falar sobre as suas obras e percursos. Nem toda a gente vai ao cinema, nem toda a gente vai ao teatro, tal como mencionei, o Jornal da Noite, poderia tornarse numa peça vital para colmatar esta lacuna. Assim que acredito que, por vezes, em relação à cultura, mais vale ser em doses pequenas e oferecerem-nos pequenas pepitas de ouro como estas do que 117

terapia de choque assim por dizer. É que às vezes 10 minutos fazem toda a diferença . ALGARVE INFORMATIVO #261


OPINIÃO Os museus em tempo de Pandemia, um potencial por cumpir Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve) edifico conceptual que tem alicerçado o conceito tradicional de museu mudou. O objeto de arte continua no centro da narrativa apresentada nestes equipamentos, utilizando os factos e os elementos que lhe estão associados para a construção da nossa cultura artística. Todavia, as paredes do edifício foram derrubadas e através dos seus programas culturais, da investigação desenvolvida e da interpretação, constituindo-se crescentemente como referências na construção das identidades sociais e como plataformas para um diálogo aberto com as comunidades.

era digital e interagir em múltiplas plataformas, num esforço de envolver novas audiências e atrai-las para visitar o lugar.

O museu dá-nos oportunidades únicas de desenvolvimento pessoal, contribuindo para o pensamento, para as competências criativas e até para uma melhor compreensão dos outros, da sua forma de pensar e agir.

O estudo da UNESCO demonstra que nem todos os continentes tiveram a capacidade de adaptação, pela utilização de recursos digitais previamente desenvolvidos (museus virtuais, coleções online, exposições online), pela digitalização de atividades nos períodos de emergência (concertos e conversas online), pelo aumento da atividade nas redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, como meios para oferecer conteúdos específicos, até com envolvimento das

O museu sem paredes ou barreiras O museu anunciado é digital e interativo. Existem numerosos exemplos de museus que estão a fazer esforços para alcançar a ALGARVE INFORMATIVO #261

Os museus enquanto destinos culturais foram particularmente afetados com a Pandemia e um Relatório da UNESCO de maio de 2020 revela que 90% fecharam e 10% reconheceram que podiam não voltar a reabrir *. Os museus, tal como um número expressivo de equipamentos culturais, consagram as receitas geradas pelos seus visitantes nos seus orçamentos para o desenvolvimento de atividades, que agora ficaram sem efeito. Neste ponto os museus de propriedade privada serão aqueles que apresentam maiores fragilidades **.

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equipas dos museus), ou até pela criação de projetos originais e especiais, para este período de encerramento total (ex. «cocktail with the curators» na Frick Collection, em Nova Iorque). África emerge como o continente com maior ausência de actividades online. Nas actividades programadas pelos museus existe, à semelhança de outras áreas da cultura, um número significativo de profissionais que trabalha em regime de prestações de serviços, que viram a sua actividade desaparecer neste período de isolamento total, sem que tenha acontecido uma transferência para uma oferta digital ou reprogramação. A nível institucional e associativo assistiuse igualmente, a nível global, a uma mobilização do ICOM (Conselho Internacional dos Museus) e da Ibermuseos, e de outras organizações internacionais, para a oferta de um número superior a 800 atividades de webinars, 119

reuniões, conversas, que procuraram discutir o futuro, os desafios colocados pelo Covid-19, mas também outras temáticas do sector. Os museus possuem um poder fundamental no campo cultural que se deseja reforçado. Os museus são ferramentas principais de educação, de promoção de bem-estar das populações, de preservação da memória cultural e artística, mas são também promotores principais da diversidade e da inclusão, pelo que, a sua ação presente e futura deve reinventar-se e integrar a dimensão digital. O reencontro com a cultura e com os museus é necessário, pois são um bem essencial da Humanidade . * UNESCO (2020) Museums around the World in the face of Covid-19. 31 p. ** O estudo é de âmbito mundial e incluiu todos os continentes.

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REFLEXÕES, OPINIÕES E DEMAIS SENSAÇÕES… Sem stress… Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) pesar da consternação que a coisa gerou na altura, Darwin tinha razão quando afirmou que o homem descendia do macaco – basta olhar à nossa volta na rua para a fronha de alguns mamíferos para se dissipar qualquer sombra de dúvida sobre esta questão. Agora parece que Darwin se espetou ao comprido na teoria da «sobrevivência do mais apto». Há sensivelmente 350 mil anos atrás surgiu neste planeta, mais concretamente na África Oriental, uma espécie hominídea designada por Homo sapiens. O termo deriva do latim «homem sábio» ou «homem que sabe» e é utilizado para designar cientificamente o homem moderno. Este se difere das demais espécies do Reino Animal pela presença de autoconsciência, racionalidade e sapiência e é a única espécie viva de primata bípede que pertence ao gênero Homo (não confundir com o detergente para lavar roupa). Pelo nome poderia deduzir-se que era francês, mas não (se bem que quando ALGARVE INFORMATIVO #261

olho para alguns «avecs» me vem à cabeça os primeiros Homo Sapiens). Estes nossos antepassados tinham uma vida lixada: vestiam-se com peles de animais, viviam em condições precárias, não tinham canalização, não viam tv, não tinham telemóvel e as hipóteses de carreira eram diminutas, viviam no máximo até aos 40 anos, mas ainda assim os primeiros Homo Sapiens não tinham stress. Não existem registos de descobertas de um Homo Sapiens arcaico stressado. Viriato, o Che Guevara lusitano, e o seu grupo de amigos pastores, fez a vida negra ao Império Romano nos Montes Hermínios, utilizando calhaus e um tipo de combate que na altura se chamava «toca e foge» (hoje chama-se «guerrilha») não se conhecendo quaisquer sintomas de stress. É certo que se enervava de vez em quando, mas nada que uns murros no tampo da mesa não resolvessem. O stress é um sintoma que parece ausente da nossa história. Inexplicavelmente. Seria de supor que embarcar numa casquinha de noz em direção ao nada durante meses criasse 120


António da Silveira, cercado pelos turcos em Diu: «Fiquem sabendo que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António da Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos vossos canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem não os tenha!». Delicioso. Podemos romanticamente acreditar que tudo isto não era mais que coragem, bravura e temeridade. Mas a realidade é que desde os primórdios que somos uma cambada de inconscientes sempre de peito feito, para o que der e vier, sem stresses.

stress; ou defender um império numa altura em que o total da população não excedia o milhão e meio de pessoas: os poucos gajos que ficavam a defender os postos avançados em África, na Índia ou no Brasil contra os ataques dos holandeses, dos espanhóis ou dos corsários ingleses, deveriam ter um bocadinho de stress. Mas não. Veja-se como exemplo a resposta do capitão 121

Stress foi coisa de que nunca se ouviu falar até há poucos anos. Por tudo isto é que fico surpreendido que hoje em dia se fique com stress à mínima contrariedade: Está calor – stress; está frio – stress; esqueci da máscara – stress, perdi o autocarro – stress; o elevador nunca mais chega – stress; não tenho bateria no telemóvel – stress; o sinal nunca mais passa de vermelho para verde – stress; o empregado nunca mais vem – stress; mas que mariquice vem a ser esta? Está tudo com falta de problemas? Querem lá ver que tenho que me stressar antes de ir de férias? . ALGARVE INFORMATIVO #261


OPINIÃO 500 anos depois da sua fundação, quanto vale Ferragudo? Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) em esta questão a propósito da intervenção que a Administração dos Portos de Sines e do Algarve pretende realizar na bacia do Arade, com o objectivo de possibilitar o acesso ao porto de Portimão de navios de cruzeiro com até 334 metros de comprimento e 8,33 metros de calado. Como qualquer obra ou investimento, a concretização deste projecto não pode ser liminarmente aceite ou rejeitada, sem uma avaliação de custo/benefício, não apenas por parte do dono da obra, mas das comunidades mais afectadas. É esse exercício, feito a partir da visão de um cidadão comum, que pretendo realizar no presente artigo, que não pretende ser mais do que um contributo para o tema em debate. Vamos por pontos: 1 – Portimão e Ferragudo devem a sua fundação e desenvolvimento à actividade portuária, no caso de Portimão mais virada para a vertente ALGARVE INFORMATIVO #261

comercial e, no de Ferragudo, para a vertente marítima e piscatória. Foi assim até ao terceiro quartel do Século XX, quando a actividade turística passou a dominar a economia local e regional, afastando o homem do rio e do mar. Tendo em atenção essa vertente histórica e as condições naturais do rio, seria natural o surgimento de um grande projecto portuário no Arade, que fizesse do seu estuário um porto comercial de dimensão mundial, concorrente a outros portos citadinos do Mediterrânio ou do Norte da Europa, como o terá sido nos períodos romano, islâmico e medieval. No entanto, não é de um projecto dessa dimensão inovadora que estamos a falar, mas apenas na manutenção dos serviços já existentes. Não se pretende criar um porto de mercadorias, linhas de ligação marítima para o transporte internacional de passageiros, nem sequer um porto de cruzeiros, porque esse já existe. O que se pretende com este projecto é apenas que o porto de cruzeiros possa passar a receber navios com 355 metros de comprimento, em vez dos 215 metros que recebe actualmente. 2 – Ter condições para acolher navios de cruzeiro de maiores dimensões não 122


significa, necessariamente, que as operadoras e os agentes estejam disponíveis para fazer de Portimão um porto de escala privilegiado para navios maiores do que aqueles que recebe actualmente. Ainda que o estudo aponte para a recepção de 500 mil passageiros por ano a partir de 2033 e para uma receita anual de 30 milhões de euros, tal estudo não consegue prever o impacto que a actual pandemia e as previstas para o futuro terão na indústria de cruzeiros, quando é do conhecimento público que algumas empresas já faliram, entre elas empresas que faziam escala em Portugal. 3 – Certo é que, para possibilitar a entrada destes navios de cruzeiro de maiores dimensões terão de ser realizadas obras no leito do rio, que terão um forte impacto para Portimão, mas, principalmente para Ferragudo. Vejamos: a) O canal de navegação deverá passar dos actuais 150 metros de largura, para os 215 metros de largura; alterandose a cota do leito dos actuais 8 metros para 10 metros, com a remoção de 4.630.000m3 de materiais (areia e lodo). b) Será necessário criar uma bacia de rotação com 500 metros de diâmetro, contra os 355 metros actuais. E que impacto isto terá para a bacia do Arade? c) Os quase 5 milhões de metros cúbicos de areia serão substituídos por igual volume de água do mar, que

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alterará todo o grau de salinidade do rio, com impacto ambiental. d) Numa altura em que os municípios tomam precauções para a ocorrência de um provável tsunami, provocado pela actividade sísmica da região, o aumento do volume de água aumentará necessariamente o tamanho da onda e a força do seu impacto. e) Nos últimos invernos, a zona da marina e as praias de Ferragudo têm sido fustigadas pelas ondas das marés vivas, efeitos que se agravarão com o aumento do caudal.

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f) Para aumentar a bacia de rotação, o projecto complementa o corte de areias depositadas na enseada a norte da vila de Ferragudo e de uma parte substancial da Praia da Angrinha, não se percebendo se com a construção de um cais ou com a simples consolidação de um muro de areia. No entanto, independentemente da decisão tomada, esta destruição coloca a baixa de Ferragudo sob o forte impacto das correntes do rio e das ondas do mar, privada que fica destas duas protecções naturais e de uma das suas duas praias. g) Além de ficar privada da Praia da Angrinha com o corte do areal, o projecto prevê a dragagem até ao Forte de São João (Castelo de Ferragudo), que perderá também a sua praia, ou seja, a Praia Grande de Ferragudo também será fortemente afectada, não só com a retirada de areia, como pelo alargamento e aprofundamento do canal, que tornará a Praia de Ferragudo mais perigosa por efeito das correntes e pela brusca «perda de pé» por parte dos banhistas, que, num curto espaço, encontram um baixio de até 10 metros. h) A empreitada prevê o depósito de parte da areia dragada nas praias do Molhe e do Pintadinho, que alterarão drasticamente a qualidade do areal e as características dessas praias, tudo isto sem as entidades municipais, a Junta de Freguesia de Ferragudo ou os concessionários das várias praias atingidas tivesse sido ouvido.

relação custo/benefício. O benefício estimado para 2033 é de 13,7 milhões de euros e muito dificilmente será superior a isso, sendo o investimento a realizar de 17 milhões de euros (inicialmente o valor apresentado era de 60 milhões de euros, tendo sido reduzido a cada revisão, certamente baseado neste mesmo critério de avaliação do custo/benefício). Como o rendimento é anual e o investimento é realizado de uma vez só (salvo as obras de manutenção), parece ser um bom investimento, positivo para a região, se partirmos do princípio que Ferragudo não tem qualquer valor económico. Aqui chegados importa perguntar: quanto vale Ferragudo? Quanto vale a zona ribeirinha de Ferragudo, com as suas habitações e o seu comércio? Quanto vale o turismo de Ferragudo? Quanto vale a ocupação hoteleira de Ferragudo? Quanto valem as praias da Angrinha e a Praia Grande? E as praias do Molhe e do Pintadinho? Quanto vale o castelo de Ferragudo? Qual é o montante do prejuízo causado em Ferragudo e na Marina de Portimão com o agravamento das intempéries? Continuará Ferragudo a ter a mesma ocupação turística se ficar privada das suas praias pelo simples desaparecimento ou pelo aumento da perigosidade? E sem turismo do que viverá a população de Ferragudo? Quem cobrirá os prejuízos? Finalizando: 500 Anos depois da sua fundação, Ferragudo vale mais do que 13,7 milhões por ano? .

Como dissemos inicialmente, este projecto tem de ser avaliado na óptica da ALGARVE INFORMATIVO #261

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OPINIÃO Os 10 mandamentos do Cozinheiro Profissional - Parte III Augusto Pessoa Lima (Cozinheiro, Consultor e Formador) – Seja parte da solução, não do problema Os empregadores actuais, apreciam candidaturas de pessoas pró activas, dinâmicas, empreendedoras. Nunca a capacidade de se ser polivalente foi tão apreciada. De facto, um profissional que seja capaz de se destacar, fazer sem haver necessidade de se lhes apresentar diariamente o menu de afazeres, sobe na estima de quem dirige, pois ele não faz parte do problema, mas soluciona, procura outras formas de estar/ser/vender/fazer. Quem lidera deve estar sempre no centro da pesquisa, da inovação. Em cozinha, uma forma de estar ritmado com o que anteriormente descrevi, pode ser, por exemplo, a capacidade de alterar uma ementa, tendo em atenção, quer a preocupação do custo do produto, como a dificuldade de desempenho, face ao equipamento que está disponível na cozinha, diminuindo tempos de execução e aumentando a satisfação dos clientes. 9 – Ética e Qualidade Sempre houve como regra, de que o profissionalismo depende da prática, ALGARVE INFORMATIVO #261

mais que da teoria, o que contesto, já que entendo que o domínio cognitivo do Saber saber, antes do Saber fazer é mais importante, pois é ele a base da Qualidade. Digo mais, nenhum cozinheiro profissional, deveria cozinhar sem saber verbalizar ou escrever as diferentes técnicas culinárias, por exemplo. Como pode fazer, se não sabe explicar como e porque o faz? Desde sempre existiram códigos de ética e conduta que descreviam de forma imediata o modo de proceder de determinadas profissões, cargos ou classes. Veja-se o Código dos Cavaleiros da Távola Redonda ou dos Samurais. De forma generalizada, os Códigos de Ética e Deontologia de qualquer classe profissional existem para salvaguardar a sua atitude, e que o uso e respeito por elas possam defender os seus interesses profissionais, dignificando a profissão. É conhecida entre o meio profissional a minha guerra em fazer perceber aos profissionais do sector, a importância do uso de toucas e vestuário apropriado, regra básica de ética e qualidade. Tudo se resume a uma questão de princípios. 126


Ao profissional, não basta – Parecer, tem que – Ser. Parece não existir de forma instituída em Portugal, um conjunto de normas, comportamentos e obrigações que devem pautar a atividade do profissional de Cozinha e Pastelaria na sua prática diária, para além de alguns Códigos que vi como trabalho de alunos de Cursos de Cozinha ou Pastelaria como o Centro de Formação do Sector Alimentar, Escolas de hotelaria ou similares e Cursos profissionais de EFA’s e CEF’s. Irei apresentar na próxima crónica, um Código Deontológico dos Cozinheiros e Pasteleiros, genericamente, dos Manipuladores de Alimentos. A Qualidade é um barómetro que atesta o profissionalismo. Trabalhar profissionalmente, seja em Cozinha, Pastelaria ou noutra qualquer prática, implica fazê-lo em equipa, seguir regras, compromissos, a par de uma grande relação com a Qualidade que se traduz num Conjunto dos atributos capaz de diferenciar o bom, do mau, o medíocre, do excelente, a inércia, da aptidão, a infelicidade, da felicidade, a indolência, do carácter. 127

10 – Experimente e experiencie Experimente diferentes comidas, de diversas Restaurantes e Cozinheiros e ainda de destintas culturas, sempre que puder. Estejam sempre num processo de aprendizagem. A evolução é como o comboio de horário certo instituído, que pára, para logo seguir. Quem não apanhou a boleia, ficou. Parar é morrer. Epílogo – Se reparou bem, todos estes guias estão interligados e não se consegue alcançar um, sem o outro. Bom trabalho. Seja o melhor que poder com as condições que tiver, sempre .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #261

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