REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #266

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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 3 de outubro, 2020

«I SEE YOU» DESLUMBROU LAGOS 6.º FESTIVAL DE ACORDEÃO JOÃO CÉSAR | CAPITÃO FAUSTO | «O HOMEM DO FOGO» 1 ALGARVE INFORMATIVO #266 JOÃO AFONSO | PEDRO VALADAS MONTEIRO | MARIA JOÃO | MARCELO EM SÃO BRÁS


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22 - Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve

14 - Marcelo Rebelo de Sousa em Sรฃo Brรกs de Alportel ALGARVE INFORMATIVO #266

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OPINIÃO 110 - Mirian Tavares 112 - Júlio Ferreira 114 - Vera Casaca 116 - Nuno Campos Inácio 118 - Augusto Pessoa Lima 38 - «I See You» em Lagos

88 - João Afonso na República 14

76 - Maria João em Lagos

68 - Capitão Fausto em Loulé

100 - 6.º Festival Acordeão João César 9

56 - «O Homem do Fogo» ALGARVE INFORMATIVO #266


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MARCELO REBELO DE SOUSA VISITOU SÃO BRÁS DE ALPORTEL… E FICOU MARAVILHADO COM O QUE VIU Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve em São Brás de Alportel, no dia 25 de setembro, no âmbito das visitas que tem realizado ao Algarve, desde junho, para apoiar uma região que foi particularmente afetada pela crise provocada pela pandemia da covid-19. Jantar com os vários Presidentes de Câmara Municipal do Algarve e ficar alojado em todos os concelhos foi o plano ALGARVE INFORMATIVO #266

traçado no início do Verão e São Brás de Alportel foi o 14.º destino deste roteiro. Numa tarde verdadeira frenética, Marcelo Rebelo de Sousa começou o programa com uma ida à inovadora Fábrica Museu da «Ferox», de onde saem pranchas de surf para praticamente todos os mares do mundo e que recentemente começou a produzir pranchas para praticantes de surf adaptado, dando seguimento a uma ideia do surfista profissional 14


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algarvio Alex Botelho. O Chefe de Estado conversou longamente com o proprietário Otávio Lourenço para se inteirar de todo o processo de criação das pranchas de surf, foi surpreendido por um grupo de ciclistas que percorreu a EN 2 desde Chaves e saiu da fábrica com uma prenda bastante especial, uma prancha personalizada com o seu nome e que prometeu usar na Praia de Carcavelos. Seguiu-se uma visita bastante emocionada à Santa Casa da Misericórdia e uma paragem na Doçaria Ti Marquinhas, antes de ficar a conhecer a Casa Memória da EN2, onde inaugurou o Mapa Ilustrado Suspenso. No final, houve lugar a uma receção no edifício dos Paços do Concelho, para a qual foram convidados todos os elementos do executivo municipal, os Presidentes da Assembleia Municipal e da Junta de Freguesia e representantes de diversas entidades locais. O Presidente da República ALGARVE INFORMATIVO #266

percorreu ainda o troço central da Avenida da Liberdade, onde está a ser ampliada a Rede de Passeios Acessíveis, e o troço sul, recentemente reabilitado, contatando com os comerciantes locais e a população. "A

visita ultrapassou todas as expectativas, porque foi bastante completa e com um significado muito profundo. Mostrou que, no meio da crise…das crises… se aposta no futuro. Também se notou uma grande preocupação em fazê-lo próximo das pessoas e eu gosto muito disso. Acho que a tarefa de quem tem responsabilidades cívicas é estar próximo das pessoas e isso, ou há, ou não há”, comentou Marcelo Rebelo de Sousa, antes de rumar ao jantar que teve com os autarcas algarvios . 16


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“CENTRO DE EXPERIMENTAÇÃO AGRÁRIA DE TAVIRA SERÁ UM ESPAÇO MATERIAL PARA SALVAGUARDAR UM PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE”, DESCREVE PEDRO VALADAS MONTEIRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP) deu recentemente início ao desenvolvimento do projeto integrado para reabilitação e sustentabilidade futura do Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), um dos 24 polos da Rede de Inovação anunciada pelo Ministério da Agricultura no âmbito da iniciativa «Alimentação Sustentável» da Agenda para a Inovação na Agricultura 20|30. Uma iniciativa que é prioritária para a DRAP Algarve, que entende que será imprescindível a constituição de uma parceria com diversas entidades, por forma a ultimar esforços e maximizar sinergias, no sentido de criar uma estrutura de proximidade e promover dinâmicas locais e regionais, com foco na Dieta Mediterrânica. Deste modo, reconhecendo-se a importância do CEAT enquanto espaço agroambiental único, 29 hectares localizados em pleno coração da cidade de Tavira, eleita comunidade representativa da candidatura portuguesa da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade, e conscientes da relevância do projeto em causa, a Câmara Municipal de Tavira, a CCDR Algarve, a Universidade do Algarve, a Ciência Viva, a Direção Regional de Cultura do Algarve, a RTA e a Associação In Loco aceitaram o repto para constituição do comité de pilotagem desta parceria. E, para além da continuidade da manutenção e ampliação das coleções existentes no CEAT, como a coleção ampelográfica de castas de uva ALGARVE INFORMATIVO #266

de mesa e de vinho (brancas e tintas), a coleção de alfarrobeiras, figueiras e a coleção de pêros de Monchique (entre outras), algumas destas únicas em Portugal, o projeto contempla a criação da Quinta da Dieta Mediterrânica, integrada na nova geração de «quintas» da Ciência Viva; a instalação do Centro de Competências / Interpretação da Dieta Mediterrânica e de uma horta urbana numa parcela de terreno, protocolada para esse efeito com a Câmara Municipal de Tavira; a realização de projetos de experimentação / investigação em parceria com outras entidades, nomeadamente a Universidade do Algarve; e até a possibilidade de retomar o processo de criação de um Museu do Mundo Rural do Algarve, num edifício já cedido ao Município de Tavira para esse fim. O Centro de Experimentação Agrária de Tavira será, pois, um elemento âncora com vista a uma alimentação saudável e tem como meta ambiciosa aumentar em 20 por cento, até 2030, a adesão ao conceito e estilo de vida da Dieta Mediterrânica. “A DRAP

Algarve tem desenvolvido, nas últimas décadas, um enorme trabalho em Tavira, com um particular enfoque, nos últimos 15 anos, para a recolha, preservação e caracterização de variedades de fruteiras regionais, num banco de germoplasma com mais de 700 entradas, algumas coleções que são únicas em Portugal e outras que, existindo noutros pontos do 24


país, têm algumas variedades que apenas se encontram no Algarve”, explica Pedro Valadas Monteiro. “Na prática, temos ali um género de «Arca de Noé». Sabemos que as espécies utilizadas na agricultura dependem do seu maior ou menor interesse comercial e, quando ele desaparece, a tendência é para elas serem abandonadas. Ali, estão preservadas”, acrescenta o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. O projeto, conforme referido, contempla a criação de um Centro de Competências / Interpretação da Dieta Mediterrânica, ou seja, um espaço físico ao serviço da educação, sensibilização e formação, mas também para a realização de exposições itinerantes e para 25

salvaguarda do espólio existente na região sobre a Dieta Mediterrânica.

“Isso permitirá que o cidadão preocupado com estas questões possa ali «beber» um pouco de todo esse conhecimento e memória visual, assim como as crianças, mas as próprias universidades podem lá desenvolver trabalhos de investigação. A Ciência Viva tem também uma nova geração de projetos, as tais «quintas», e lançamos o desafio para ali se instalar a «Quinta da Dieta Mediterrânica». E gostaríamos igualmente de recuperar um dos protocolos mais antigos que a DRAP do Algarve ainda tem em ALGARVE INFORMATIVO #266


vigor e que se prende com o Museu Agrário ou do Mundo Rural, porque entendemos que, para além do olhar para o futuro, também é importante preservar o nosso património histórico-cultural. A agricultura, a transformação agroalimentar, é muito mais antiga no Algarve que o turismo”, aponta

O Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve refere, entretanto, que ainda está muito trabalho por fazer no que toca à Dieta Mediterrânica, entendendo que as exposições itinerantes, eventos ou sítios de internet nunca terão o mesmo impacto do que um espaço físico e permanente dedicado a esta temática. “Será um

Pedro Valadas Monteiro.

ponto para fazer a salvaguarda

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reabilitação, mas de projeção para o futuro do CEAT. As coisas podem ser todas muito bonitas no papel, mas é necessário passar das palavras aos atos e arranjar financiamento para tal. Mas também recursos humanos qualificados, porque a DRAP não possui nenhum quadro de pessoal dedicado a 100 por cento ao CEAT, vão todos do Patacão para Tavira”.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL AINDA NÃO É UMA REALIDADE PARA TODOS A pertinência do projeto apela, por isso, ao empenho de todos os parceiros envolvidos, com a consciência de que alguns poderão desempenhar um papel mais importante do que outros. Quanto ao pacote financeiro necessário para concretizar todas as ambições, ainda não há certezas. “Sei

material de algo que é património imaterial da humanidade, mas nós não temos condições para assumir sozinhos este projeto. Aliás, este conceito é tão rico e abrangente que pode tocar várias áreas de intervenção, o que justificou a ideia de uma parceria alargada”, frisa Pedro Valadas Monteiro. “Estamos a falar, não só de um projeto de 27

o dinheiro que é necessário para resolver as situações de emergência, como a reparação do sistema de rega, de alguns caminhos e telhados de edifícios. O investimento total é mais complicado, neste momento, de quantificar, porque vai ser preciso recuperar edificado e alterar até a tipologia de algum desse edificado”, diz Pedro Valadas Monteiro, esclarecendo que as verbas não terão necessariamente que chegar todas do Ministério da Agricultura, da Câmara Municipal de Tavira ou da União Europeia. “As várias

entidades envolvidas trabalham ALGARVE INFORMATIVO #266


com diversos programas e têm conhecimento de fontes de financiamento para as quais não estamos alertados, por não ser o nosso métier. E a resposta foi bastante positiva, todas as entidades mostraram uma excelente recetividade às ideias apresentadas, sendo que outras podem surgir, se forem importantes para o projeto global”.

projetos que são desenhados pelas entidades competentes. “Portugal é

Não se sabe o valor total do investimento necessário para dar nova vida ao CEAT e mesmo o horizonte temporal não está certo, embora o desejo é que tudo esteja implementado até 2030, com Pedro Valadas Monteiro a declarar que será pelos projetos mais fáceis de concretizar que se vai começar esta longa caminhada. “A experiência

Pedro Valadas Monteiro está esperançado que o «novo» Centro de Experimentação Agrária de Tavira vai ter um impacto profundo no desígnio de proporcionar uma alimentação saudável para todos os portugueses, mas admite que os obstáculos são muitos e de diversas naturezas.

diz-nos que, quando queremos avançar com tudo ao mesmo tempo, acabamos por nos dispersar. Não tenho dúvidas de que a «Quinta da Dieta Mediterrânica» é o projeto que pode avançar mais rapidamente, porque já está idealizado e concebido pela Ciência Viva e depressa pode ser transportado para Tavira. Isso permitirá também ganhar «embalagem» para o desenvolvimento das outras valências, que não precisam avançar só quando a «quinta» estiver concluída”, acredita o entrevistado, reconhecendo que Portugal tem o problema de nem sempre tornar reais os ALGARVE INFORMATIVO #266

bastante bom no estudo e planeamento, às vezes falhamos na passagem à ação. Este é um projeto, não apenas para Tavira, mas para todo o Algarve e Portugal e, ao contarmos com esta rede de parceiros, temos condições para avançarmos mais rapidamente para o terreno”.

“Comer saudável pressupõe uma escolha e preparação adequada dos alimentos, até um ritmo adequado para os consumir. A Dieta Mediterrânica também é sinónimo de convivialidade à mesa, de parar para desfrutar de uma paisagem, de praticar exercício, tudo coisas que o dia-adia das sociedades modernas não permite. Outro problema evidente é que existe pouca informação sobre o tema e pouca sensibilização para os benefícios da Dieta Mediterrânica para a saúde e, para isso, precisamos de um espaço de excelência onde várias entidades possam contribuir para esse alerta. O 28


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CEAT está «como mosca no mel», 29 hectares em pleno coração de Tavira, que é Comunidade Representativa da Dieta Mediterrânica”, reforça o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. ALGARVE INFORMATIVO #266

DIETA MEDITERRÂNICA PODE AJUDAR PEQUENOS PRODUTORES FAMILIARES Os benefícios da Dieta Mediterrânica para a saúde, bem-estar e qualidade de vida dos consumidores parecem 30


evidentes, mas existem igualmente vantagens para os próprios produtores advindas dos projetos a dinamizar no Centro de Experimentação Agrária de Tavira. E Pedro Valadas Monteiro fala de duas realidades que não são antagónicas e que são ambas importantes para a sustentabilidade futura do Algarve. 31

“Temos uma agricultura empresarial dinâmica, ligada à horto-fruticultura, competitiva e exportadora, com os citrinos, o abacate, os pequenos frutos vermelhos, as plantas ornamentais, a vitivinicultura, alguma recuperação do próprio olival. Depois, temos a agricultura de pequena dimensão, de cariz mais familiar, que ocupa território e combate o despovoamento e a desertificação. O sobrecarregadíssimo litoral contrasta com percentagens significativas da região com baixíssimas densidades demográficas, e isso não é sustentável”, alerta o entrevistado. “Por mais voltas que nós dermos, a agricultura e a pequena transformação são essenciais para que as pessoas se fixem nos territórios. Ora, a Dieta Mediterrânica pode garantir a esses pequenos produtores familiares o escoamento da sua produção. Trata-se de uma agricultura menos intensiva, logo, menos produtiva, mas que gera produtos com determinadas características e qualidades que podem ser muito valorizados pelos consumidores da Dieta Mediterrânica, sejam os residentes no Algarve, como os turistas nacionais e estrangeiros”, ALGARVE INFORMATIVO #266


salienta o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Em simultâneo à utilização do conceito da Dieta Mediterrânica será importante trabalhar os circuitos curtos e aproximar o consumidor do produtor, ao reduzir-se o número de intermediários, e isso emboca na diminuição até da pegada de carbono. “Um dos desígnios

mundiais é o combate às alterações climáticas e uma forte percentagem advém da emissão de gases com efeito de estufa. Ora, se começarmos a produzir mais perto do consumo, reduz-se o transporte e o impacto ecológico da produção e do consumo”, sublinha Pedro Valadas Monteiro, que não tem dúvidas de que as novas gerações estão bastante alertas e sensíveis para estes assuntos. “Os

jovens têm um enfoque cada vez maior na necessidade da sustentabilidade da produção e do consumo, do produzir local e com qualidade. Só que as pessoas não vivem apenas de motivações e de predisposições, carecem de condições concretas para executarem os seus projetos de vida. Para isso, temos que conseguir remunerar condignamente a produção e comércio de proximidade e o papel das entidades públicas poderá ser muito importante, na questão dos mercados locais e da criação de redes de produtores. Um centro que concentre os produtos, elabore ALGARVE INFORMATIVO #266

cabazes, faça o seu embalamento e tenha uma logística de controlo da segurança alimentar e de transporte é mais um degrau que se pula na cadeia de valor. Se associarmos transformação, é outro degrau que se sobe. É importante os produtores organizarem-se, num trabalho realizado em conjunto com as autarquias”, defende o entrevistado.

AGRICULTURA JÁ CONSOME MENOS ÁGUA DO QUE NO PASSADO, MAS AINDA PODE SER MAIS EFICIENTE Nada disto será concretizável, claro, sem água, cuja escassez preocupa cada vez mais os portugueses, e o Algarve é a região que está a ser mais castigada pelos efeitos das alterações climáticas.

“Já não estamos a falar de fenómenos estatísticos, de um ano chover mais e no outro chover menos. Há uma tendência real para a diminuição da frequência e dos volumes médios anuais de precipitação e isso não sucede apenas em determinadas zonas do Algarve, como se verificava no passado. Deixou de haver distinção entre barlavento e sotavento, litoral e interior”, atesta Pedro Valadas Monteiro, preocupado, revelando que mesmo as produções tradicionais do Algarve, que antigamente eram feitas em regime de 32


João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Transição Energética, durante a apresentação do Plano de Gestão e Eficiência Hídrica do Algarve, na Universidade do Algarve

sequeiro, têm quebras enormes de produtividade com a escassez de água.

“Se, antes, já não eram rentáveis face à abertura dos mercados e à diminuição e encarecimento da mão-de-obra, muito menos são agora, porque a produtividade por hectare caiu significativamente por falta da água que cai naturalmente pela precipitação e que existe no solo”, confirma o dirigente. Neste cenário, essas espécies são produzidas num regime de sequeiro 33

«ajudado», ou seja, com regadio nos primeiros anos da instalação, pelo que a moderna fruticultura só é praticável, no Algarve, em sistema de regadio.

“Contudo, se há sector que utiliza tecnologia de ponta, a mais moderna e eficiente, é precisamente a horto-fruticultura no Algarve. A agricultura é sempre o maior consumidor de água em qualquer lugar, pois está a criar seres-vivos que precisam de água como os seres-humanos, mas, no Algarve, só consome 56 ALGARVE INFORMATIVO #266


Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura, durante a apresentação do Plano de Gestão e Eficiência Hídrica do Algarve, em sessão na Universidade do Algarve

por cento do total, ao passo que a média nacional anda acima dos 70 por cento. E a grande maioria dos consumos não vem das barragens, mas dos recursos hídricos subterrâneos, através de furos”, esclarece Pedro Valadas Monteiro. “De 2002 até à data, a agricultura no Algarve reduziu os seus consumos em mais de 50 por cento. O abacate, que é tão massacrado publicamente, é das fruteiras com equipamentos mais sofisticados na ALGARVE INFORMATIVO #266

gestão da água de rega e da aplicação de produtos fertilizantes e fitofarmacêuticos”, acrescenta. Poupar, poupar, poupar, é, pois, o caminho a seguir, não só pelo consumidor agrícola, mas por todos os consumidores empresariais e domésticos, porque do lado da oferta não se fazem milagres. “A Ministra

da Agricultura anunciou recentemente a reativação dos furos que a Direção Regional de 34


Agricultura e Pescas do Algarve tem na Luz de Tavira, um aquífero que, ao contrário dos outros, possui bastante água, porque deixou de ser utilizado quando se ligou o perímetro à Barragem de Odeleite. Vamos também reparar a Barragem da Bravura, na Comporta de Fundo, que está com problemas, e vão ser instalados caudalímetros no perímetro de rega do sotavento para se detetarem as fugas”, indica Pedro Valadas Monteiro, admitindo ainda que é necessário modernizar a tecnologia dos sistemas de rega nos pomares mais antigos em atividade na região.

“Estamos a preparar uma medida para que os agricultores se tornem mais eficientes na aplicação da água de rega, permitindo a substituição de sistemas que ainda não são de rega gota-a-gota, a instalação de sondas de monitorização de humidade no solo e a utilização de informação agrometeorológica para se calcular a evapotranspiração de forma automática”. Pedro Valadas Monteiro julga, no entanto, que o problema da escassez da água não se vai resolver apenas por via da poupança e da racionalização dos consumos, porque os regimes pluviométricos também se vão alterando, isto é, chove menos vezes, mas de forma mais intensa, o que exige um reforço do aprovisionamento. “A Direção

Algarve fez parte do grupo de trabalho que produziu o Plano de Gestão e Eficiência Hídrica do Algarve, mas ainda não se sabe que soluções vão avançar. Contudo, há um desejo transversal a todos os agentes económicos e utilizadores comuns do Algarve de que se passe rapidamente da fase de estudo e planeamento para as obras físicas. Poderá ser uma nova barragem na Foupana; a captação de água no Rio Guadiana, na zona do Pomarão, para alimentar a Barragem de Odeleite; a construção de açudes galgáveis ou de uma central de dessalinização; ou a reutilização das águas provenientes das ETARs; mas há que ter em conta os impactos junto dos grandes utilizadores urbanos e dos agricultores”, avisa o entrevistado. “Os campos de golfe, por exemplo, estão perto das ETARs e do mar, o que já não acontece com as produções agrícolas. Os custos de elevação dessa água até ao consumidor não podem tornarse de tal forma incomportáveis que sejam inexequíveis para a agricultura, cuja estrutura de custos já é muito influenciada pelo preço da água e energia” .

Regional de Agricultura e Pescas do 35

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«I SEE YOU» DESLUMBROU LAGOS

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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acrobacia e a psicologia constituem um particular casamento no novo espetáculo «I See You», uma coprodução das companhias Teatro Experimental de Lagos, Cia.VAYA e BSide, cuja estreia nacional aconteceu, no dia 12 de setembro, na Fortaleza de Sagres. Nos dias 18 e 19 foi a vez do Centro Cultural de Lagos acolher este espetáculo que pretende colocar artistas e público dentro da cabeça de uma mulher e usar o novo circo como mecanismo para revelar a estrutura do seu pensamento, da sua mente e do seu mundo interior. ALGARVE INFORMATIVO #266

A ideia de «I See You» é inspirada no filme de animação «Inside Out», de Ronnie del Carmen e Jonas Rivera, produzido pela Pixar Animation Studios. O conteúdo da narração é inspirado nas histórias do documentário «Human» de Yann Arthus-Ber-trand, e da análise dos mecanismos mentais do elenco. Em contraposição à avalanche dos avanços tecnológicos, o espetáculo propõe uma viagem em direção oposta, ao autoconhecimento. O pretexto é percorrer os mistérios da mente e revelar o diálogo secreto das nossas sombras interiores, com um fio narrativo criado por uma voz-off que 40


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representa as reflexões e os conflitos das nossas próprias batalhas. A pesquisa criativa do espetáculo «I See You» focou-se na interação de quatro acrobatas profissionais com nacionalidades diferentes, (Timotheé Belime/Portugal, Berna Huidobro/Chile, Elisa Stra-bioli/ Itália e Thibaud Thevenet/França), que perspetivam as várias formas de uma mulher olhar para

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cada questão da sua vida. Um espetáculo profundo, divertido, irónico e imprevisível, foco famílias, cuja criação e circulação contaram com os apoios da Linha de Apoio de Emergência ao Setor das Artes do Fundo de Fomento Cultural; da Câmara Municipal de Lagos; da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos; da Compagnie Zinzoline e LAC Laboratório de Artes Criativas .

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«O HOMEM DO FOGO» SENSIBILIZOU PARA A PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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a prevenção de incêndios entramos todos em cena» é o mote para o espetáculo «O Homem do Fogo», que foi apresentado, no dia 26 de setembro, no Jardim da Verbena, em São Brás de Alportel, com a presença da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira. Modificar os comportamentos de risco das populações face ao uso do fogo através da arte é o grande objetivo do projeto «Não brinques com o fogo», uma parceria entre a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) e o Ministério da Cultura. Trata-se de um espetáculo multidisciplinar que recorre à animação com areia, música e palavra

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para transmitir uma mensagem de prevenção e cuidado para com as pessoas e as florestas. Criado a partir de um conto tradicional chinês, esta história transporta-nos para o princípio dos tempos, quando o tempo ainda não era tempo, quando o Homem foi criado e o fogo foi descoberto. O projeto «Não Brinques com o fogo» insere-se também nas múltiplas iniciativas que a campanha «Portugal Chama. Por Si. Por Todos» tem vindo a desenvolver, recolhendo com unanimidade o apoio de cidadãos, municípios e entidades públicas e privadas. O Teatro Chama é uma iniciativa inédita em Portugal que estreou em vários locais e, para o desenvolvimento do projeto «Não Brinques com o Fogo» a nível regional,

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foram assinados quatro protocolos de colaboração entre a AGIF e as Direções Regionais de Cultura (DRC) do Norte, Centro, Algarve e Alentejo. O investimento da AGIF de 185 mil euros, a ser operado pelas quatro DRC, destinou-se à produção de espetáculos multidisciplinares ao ar livre e ações de capacitação das populações, como foi o caso deste «O Homem de Fogo», encenado por Lília Parreira do TEAS13 – Grupo de Teatro Experimental Amador

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de São Brás de Alportel, com animação de areia a cargo de Pilar Puyana, música pela Banda Filarmónica de São Brás de Alportel (ACREMS) e Criação Dramática e Narração da responsabilidade de Fernando Guerreiro. A organização foi da ARCA – Associação Recreativa e Cultura do Algarve, ACREMS – Associação Cultural Recreativa Escola de Música Sambrazense e Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, com o apoio do Município de São Brás de Alportel .

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CAPITÃO FAUSTO DEMONSTROU EM LOULÉ QUE É UMA DAS MELHORES BANDAS PORTUGUESAS DO MOMENTO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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Cineteatro Louletano foi palco, no dia 20 de setembro, de um eletrizante concerto dos Capitão Fausto, uma das bandas mais importantes e premiadas da sua geração, como comprovam os recentes «Prémios Play 2020» nas categorias de «Melhor Grupo» e «Melhor Canção do Ano». O percurso de Tomás, Salvador, Francisco, Manuel e Domingos começou, em 2011, com «Gazela», álbum pautado por canções juvenis e hinos pop que facilmente entram no ouvido. Em 2014 surge «Pesar o Sol», em que se impõem como uma das mais originais e criativas propostas lusitanas, apresentando-se ao

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vivo com espetáculos memoráveis em diversos festivais, clubes e teatros de Portugal. Dois anos depois é editado «Capitão Fausto Têm os Dias Contados», disco em que superam todas as expetativas, com um pop recheado de primor e requinte em que contam as estórias de vida de cada um dos elementos da banda. Em 2019 sai «A Invenção do Dia Claro», o quarto disco de originais dos Capitão Fausto, onde se incluem «Sempre Bem», «Faço As Vontades» e «Amor, a nossa vida», sinais de uma banda que pretende construir uma carreira sólida, a um ritmo vertiginoso mas sem ilusões. E, naquele final de tarde de domingo, em Loulé, demonstraram que estão no bom caminho .

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ALGARVE JAZZ GOURMET MOMENTS FESTIVAL LEVOU «OGRE ELECTRIC» DE MARIA JOÃO A LAGOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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hegou ao fim, com chave de ouro, mais uma edição do Algarve Jazz Gourmet Moments Festival, evento produzido pela Orquestra de Jazz do Algarve e inserido no «365 Algarve», programa dos Ministérios da Economia e da Cultura, e que este ano se realizou, de 25 a 27 de setembro, em Lagos, Lagoa e Loulé. Na derradeira noite, o recinto instalado no Jardim da Constituição deu as boas-vindas à carismática Maria João, que trouxe até Lagos o seu mais recente trabalho discográfico, «Ogre Electric», uma incursão pelo mundo da eletrónica em que nos convida a abrir a boca, cantar, falar, amar e lutar pelo que acreditamos. “Explorar, nunca ficar no mesmo sítio, ALGARVE INFORMATIVO #266

procurar sempre novas coisas, este será sempre o lema deste projeto que por vezes é difícil de definir… mas também, quem é que precisa de rótulos?”, questiona Maria João. «Ogre Electric» caminha numa direção mais urbana, com um groove orientado para o hip-hop, misturado com a alegria infantil de Maria João, numa viagem que nos leva a paisagens de sonho, florestas escuras e misteriosas, ritmos africanos, e mesmo ao interior das nossas mentes alucinadas. E, para além da formação de base, que inclui João Farinha (teclados, sintetizadores, composição e produção) e André Nascimento na eletrónica, o novo álbum conta ainda com o baterista Silvan Strauss . 78


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JOÃO AFONSO ENCANTOU REPÚBLICA 14 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Irina Kuptsova

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República 14, em Olhão, assistiu, no dia 25 de setembro, a mais uma excelente noite musical, dando seguimento a um Verão de sonho para esta associação cultural sedeada na Cidade da Restauração. João Afonso, cantor com uma obra grandemente influenciada pela música e os ritmos de África, apresentou-se em concerto acompanhado por um trio composto pelas guitarras de Miguel ALGARVE INFORMATIVO #266

Fevereiro e de António Pinto e pelas percussões de João Ferreira. O feliz encontro de músicos cruza universos musicais que conferem à música de João Afonso a temperatura certa para uma viagem pela Diáspora e pela língua portuguesas, ao musicar alguns dos poetas contemporâneos da lusofonia. Natural de Moçambique, João Afonso é um admirador da riqueza plural da língua portuguesa e, sendo sobrinho de José Afonso, tem nele também uma influência de peso, dai incluir no seu repertório algumas canções incontornáveis de Zeca Afonso. 90


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TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO ESGOTOU COM 6.º FESTIVAL DE ACORDEÃO JOÃO CÉSAR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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TEMPO – Teatro Municipal de Portimão esgotou, no dia 19 de setembro, por ocasião do 6.º Festival de Acordeão João César, evento organizado pela Freguesia de Portimão, em parceria com a Alvor FM e com o apoio do Município de Portimão, para homenagear este filho de Portimão falecido em 2013. João César depressa se tornou num símbolo da música na região, fruto dos muitos álbuns gravados, mas também por ter composto músicas para as Marchas Populares de Lisboa, Portimão e outras localidades, e por ter acompanhado artistas como Mariette Pessanha, ALGARVE INFORMATIVO #266

Fernanda Baptista e Simone de Oliveira. À semelhança dos anos anteriores, o público associou-se ao tributo prestado ao acordeonista portimonense, entre os quais muitos amigos e familiares de João César. E a noite foi mesmo de eleição, com o festival a contar com as atuações do jovem algarvio David Mendonça, do conceituado Rodrigo Maurício, vindo da Lourinhã, do espanhol David Duarte e do Dúo Kasal, que junta o violino de Mariline Martins ao acordeão de Jorge Alves. Intérpretes que apresentaram peças clássicas e populares, com as músicas de João César a fazerem parte também do repertório . 102


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OPINIÃO O fim do mundo em cuecas Mirian Tavares (Professora Universitária) “Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina”. Nelson Rodrigues uando algo parece absurdo, ou muito confuso, dizemos que é “o fim do mundo em cuecas!”. Expressão curiosa, e divertida, que me veio à cabeça quando procurava um assunto para esta crónica. A minha escrita funciona, de um modo geral, assim: sou absorvida, conduzida ou inspirada por uma frase, um poema, uma expressão que me provoca comichão nos dedos e ponho-me então a perorar sobre qualquer coisa que me pareça relacionada com o mote inicial. Como os poetas/cantadores repentistas, que tanto ouvi na minha infância no interior do Ceará, o mote provoca em mim uma enxurrada de ideias que se convertem em texto. Acho que estamos, neste momento, a viver literalmente a expressão «o fim do mundo em cuecas», que sempre imaginei ser uma situação confrangedora, mas ao mesmo tempo cômica – o mundo a acabar e as pessoas, desprevenidas, não tiveram tempo de se ALGARVE INFORMATIVO #266

vestir para a ocasião. Não sei se quando isso acontecer, o fim do mundo, receberemos um convite, com indicação do traje e com RSVP. Mas também pode acontecer que seja o mundo, o tal que vai finar, sem saber que o seu fim é iminente, a estar tranquilamente de cuecas a passear-se por casa. O que seria duplamente mau – além de acabar, fá-lo mal e porcamente vestido. Em tempos de videoconferências a distância, que é o que estamos a vivenciar agora, parte de nós está, efetivamente, de cuecas. Bem vestidos da cintura para cima, e relaxados da cintura para baixo. Como se fosse uma forma discreta de protesto contra a invasão dos outros no nosso sacrossanto lar. De repente, multidões de conhecidos e de desconhecidos, entram pela nossa casa adentro e, parece-me, que a única maneira de proteger nosso espaço privado, é de cuecas, como se quiséssemos dizer: vocês só entram até onde eu deixo. O resto é meu, é privado, é íntimo. Mas o que me fez vir essa expressão à cabeça foram factos decorridos na 108


Foto: Victor Azevedo

semana passada, numa reunião da qual não participei, e que foi, para mim, o fim do mundo em cuecas. Um grupo de pessoas que deveria ser bem formado, bem-educado, até porque a sua função primordial é educar, portou-se de forma infantil e desrespeitosa contra tudo e contra todos, como se o império da máeducação estivesse instalado de vez. Da mesma forma que o desrespeito e a canalhice pululam pelas redes sociais, e que elegem pelo mundo afora as criaturas que cá sabemos (e algumas aqui em Portugal), muitas pessoas perderam as noções básicas de decência 109

e de comprometimento. Acreditam que podem exibir-se, sem pudor, em cuecas, em qualquer ocasião. O escritor Nelson Rodrigues, que expôs na sua época, as cuecas de muita gente, disse que se “criou uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina”. Recuso-me a submeter-me aos idiotas. Sobretudo quando, ainda por cima, estes idiotas estão de cuecas.

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REFLEXÕES, OPINIÕES E DEMAIS SENSAÇÕES… Olé Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) is que o autor (este tratamento na terceira pessoa só indicia que o estado mental do autor está cada vez mais deteriorado, facto que passa perfeitamente despercebido neste cantinho do Algarve Informativo), começa por assumir, já ter sido aficionado, mas depois fiz seis anos e passou. Atualmente, não acho graça ao espetáculo, e ao desequilíbrio de forças entre homem e animal. Não sou nenhum fundamentalista dos direitos dos animais. Sou um vegetariano não praticante, gosto do belo bife, da suculenta e gordurosa bifana comida no Mercado Municipal de Portimão e não entro em depressão quando mando abaixo um fondue de carne. Mas decididamente não gosto de tourada, apesar da insistência da RTP. Mas que raio de obsessão continua a ser esta que a Casa do Pessoal da RTP tem com as touradas!?? É o touro que manda naquilo!? Não andarão a vingar-se no animal errado!? Vá lá pessoal… Foquemse e deixem de arranjar «touros expiatórios» para os vossos problemas. Se é de tortura que gostam e se é ALGARVE INFORMATIVO #266

serviço público que deviam andar a fazer, vão para a rua justificar o vosso salário pago com o dinheiro dos nossos impostos. Mas voltando às touradas, e se analisarmos sob uma perspetiva turística, é considerada uma afirmação de virilidade e supremacia física do homem face à besta. As touradas como as conhecemos hoje nasceram em Portugal entre os séculos XVII e XVIII, e realizavam-se nas praças públicas das cidades. Mas alegar que a tourada é tradição e cultura, por si só, é um argumento parvo. Desde as lapidações e vergastadas, que ainda hoje se aplicam sob os auspícios do Corão, até à euforia com que na Idade Média se aguardavam os churrascos de bruxas e hereges ou o entusiasmo com que se compravam escravos, foram justificadas durante anos em nome da tradição, mas, felizmente, esses sentimentos perversos foram reprimidos pela civilização e ainda bem. Por isso, neste momento, para mim a tourada (e não só) é a prova cabal que a bestialidade humana não só não têm 110


tourada portuguesa é mais «humana» que a espanhola, porque (alegadamente) não matamos o touro. Mais «humana»?? A tourada portuguesa é uma tourada amaricada, isso sim! Em Espanha os cornos dos touros não são protegidos, se acertarem no toureiro perfuram-no (e muito bem!). Em Portugal, os touros são «embolados», protegem-se os cornos para não ferirem ninguém. Mas que mariquice é esta? Então não querem provar a virilidade? Em Espanha matam-se os touros na arena. Em Portugal não. Depois de o sangrarem cobardemente com ferros e bandarilhas, salgam-lhes as feridas (alguém já uma vez colocou sal numa ferida? Experimentem...), e abatem-nos fora dos olhares alheios. Isto é mais «humano»? limites, como gostam vaidosamente de exibir essa evidência. Diariamente, somos muito lestos a julgar a crueldade humana quando ela é exercida sobre humanos. Montamos verdadeiros espetáculos mediáticos para difundir a sua punição exemplar. No entanto, desculpabilizamo-nos quando a nossa crueldade é utilizada como espetáculo, glorificada e aplicada nos animais. Até parece que o facto de termos um cérebro mais desenvolvido nos dá o direito de acharmos que tudo isto nos pertence. A tourada é só um exemplo deste abuso de inquilino, um exemplo circunscrito a Portugal e Espanha e a mais umas quantas novelas sul-americanas. Sinto uma compulsão irreprimível de espetar um par de bandarilhas de quem me diz que a 111

Eu acho que, a manter-se a «tradição» tauromáquica, se devia dar uma oportunidade ao touro, acabar com o seu sofrimento e as múltiplas estocadas de bandarilhas. Em vez de tourearem com o capote e fazerem as «pegas de caras» quando o touro já perdeu as suas forças, dilacerado e sangrado por aqueles bandalhos a cavalo e bandarilheiros devia fazer-se com o touro fresquinho e vivaço, e ninguém o segura. Depois do espetáculo e de demonstrar essa virilidade e supremacia física do homem face à besta, cada um voltava para a sua «casa», nem que fosse após uma prolongada estadia no Hospital, mas tudo em nome da «tradição». OLÉ! . ALGARVE INFORMATIVO #266


OPINIÃO Os Três Minutos de Orson Wells que Afinal São Eternos Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) rson Wells, por onde começar? Com o seu nascimento em 1915 no estado de Wisconsin, Estados Unidos da América? Ou pelo facto de aos 15 anos já não ter pai nem mãe? Ou então poderíamos começar pelo seu mais aclamado filme «Citizen Kane»? Mas não. Hoje vou falar-vos de três minutos «Wellianos» muito especiais. Isto vem a propósito da conversa que tive esta semana com uma turma de alunos de cinema. Falávamos de teorias de composição visual, como, por exemplo, podemos combinar elementos como formas, texturas, escalas, princípios de Gestalt, cores, etc., para compor uma imagem e desta forma contar uma melhor história. No final conversámos sobre «movimento». O que é que se pode mover? Os actores/figurantes claro, mas também objectos, a câmara, ou tudo em simultâneo. Hoje em dia, e aqui obviamente é uma opinião subjectiva, existem «cortes» a mais – por vezes desnecessários. Então decidi mostrarALGARVE INFORMATIVO #266

lhes o início do filme «Touch of Evil» realizado por esse tal gigante chamado Orson. «Touch of Evil», 1958, começa com um plano pormenor de uma bomba nas mãos de um desconhecido, que apressadamente a coloca na bagageira de um carro. Vemos então um homem e uma mulher que entram nesse carro e arrancam. Sem qualquer tipo de corte, a acção desenrola-se num bulício nocturno de pessoas, carros, polícias, e focamo-nos num casal que mostra uma grande cumplicidade. Este casal – personagens principais – caminha pelas ruas agitadas e aproxima-se do posto de controlo da fronteira entre o México e os Estados Unidos. Aqui cruza-se novamente com o carro que tem a bomba plantada e que também atravessa o posto fronteiriço. Este plano sequência dura cerca de 3 minutos e 20 segundos e foi orquestrado de forma tão intricada e impressionante que nos revela duas coisas: Primeiro: a genialidade do Orson Wells enquanto um realizador visionário. Ter tido a capacidade de pegar num guião 112


que basicamente nos diz algo de género: um homem coloca uma bomba numa bagageira, foge, e este carro arranca com duas vítimas inconscientes da sua inevitável fatalidade, ao mesmo tempo que nos são introduzidas as personagens principais, o tal casal que caminha divertido na agitada fronteira entre os dois países – e tornar esta informação escrita num plano sequência é de um talento indiscutível. Esta imaginação e sensibilidade para manipular e tentar distrair o espectador que sabe que a bomba irá explodir… É brilhante. O segundo ponto prendese com um aspecto mais técnico. Estamos a falar de vários minutos ininterruptos de filme. Uma sequência com centenas de figurantes que se movem, conversam, atravessam ruas, e até um pastor com um rebanho de cabras se atravessa à frente do «carro bomba». Todos estes elementos têm de estar em total sincronia este si. Mas depois, para complicar, por favor relembrem-se que na altura as câmaras eram pesadíssimas, e foi um plano feito com uma enorme grua com a sua base em movimento! Conseguir que todos estes elementos, desde os actores, os carros, os maquinistas que manipularam a grua, os operadores de câmara, a mudança de foco da câmara, os 113

cuidados de não aparecerem nem a sombra da câmara nem da grua que a sustenta é uma proeza e merece ser vista, revista, analisada e recordada. Orson Wells inovou em muitos aspectos, tanto a nível estético como técnico, mas, por hoje, celebramos estes 3 minutos – que não duram 180 segundos mas sim a eternidade de um génio . ALGARVE INFORMATIVO #266


OPINIÃO A nova República Monárquica Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) ão há regimes novos. São todos velhos com novas roupagens. Está intrínseco no ser humano o desejo de mudança, que promova a evolução da humanidade. No entanto, esse desejo esvai-se quando é alcançado o exercício do poder. A partir desse momento, para esses que alcançaram o seu objectivo pessoal, o objectivo passa a ser a estabilização de uma situação de facto, ou seja, a estagnação. O problema é que, normalmente, quando um «Novo Regime» se instala, apresenta as roupas velhas do anterior para justificação a sua actuação, enquanto absorve o que eles tinham de pior. Na Monarquia determinados indivíduos adquiriam privilégios por três vidas (a sua, do seu filho e do seu neto), que correspondiam sensivelmente ao tempo de perduração na memória colectiva de um determinado feito. Contra estes, insurgiram-se os Republicanos, que defendiam o fim dos privilégios de sangue. Instalado o Regime Republicano, mudaram os rostos, actualizaram-se as vestes, mas os privilégios apenas transitaram das famílias para as cúpulas partidárias. Com a falência da Primeira República, ALGARVE INFORMATIVO #266

reformou-se o regime com a criação do «Estado Novo». Tal como tinha acontecido em 1910, os primeiros anos de mudança de rostos, pareceu introduzir uma mudança de facto, um regime novo, mas também esse depressa se revelou uma ilusão. O Estado Novo acumulou em si os vícios da pior das monarquias absolutistas (o poder centrado numa pessoa, inquestionável, ditatorial), com o pior da República, baseando a sua força num partido único, dividindo os privilégios por um sistema corporativista. Em 1974 o povo sonhou com a Democracia, mas, o que conseguiu criar, foi um regime novo que se tem revelado acumulador do que de pior havia nos três antecessores. Vejamos: Na Monarquia, os cargos eram vitalícios e hereditários. Actualmente, são igualmente vitalícios e hereditários, uma vez que os políticos mantêm-se no exercício do poder muito além do tempo útil e, muitas vezes, só saem de cena depois de garantirem uma transição pacífica para os seus descendentes. Na República, o exercício do poder estava entregue exclusivamente aos representantes partidários. Actualmente, só os representantes dos 114


partidos podem alcançar o poder, mas de uma forma muito mais refinada, uma vez que, na primeira república, a votação recaía directamente sobre cada candidato e actualmente recai sobre listas colectivas de iniciativa partidária, cabendo a cada partido escolher aqueles que ocupam os lugares de eleição. No Estado Novo, os privilégios recaiam sobre as corporações. Actualmente, recai sobre grupos empresariais e uma panóplia de instituições públicas que ninguém fiscaliza (Direcções-Gerais, Empresas Públicas, Institutos Públicos, Gabinetes, Associações, Fundações), nem presta contas a ninguém, escolhidos pelos responsáveis partidários e governantes, quase sempre recrutados no seio dos partidos, ou na própria família, de modo a criar currículo, para que, mais tarde, possam ser os naturais sucessores dos avoengos. Agora está prestes a refinar mais um pouco, com a chamada «Democracia 115

Indirecta». O balão de ensaio foram algumas instituições públicas, como a Região de Turismo do Algarve, escolhida por um colégio eleitoral previamente estabelecido. Agora, esta mesma «Democracia Indirecta» escolherá a futura direcção das CCDR, a partir de um colégio eleitoral composto pelos Presidentes de Câmara e de Juntas de Freguesia. Ou seja, os representantes partidários a nível local passam a votar num nome que sai das fileiras do seu partido, para o exercício de um cargo de poder regional, que deveria ser eleito directamente pelos eleitores, em listas próprias, com programas próprios e verdadeira independência do poder central. Chamam a isto Democracia e descentralização. São estes protagonistas de velhos vícios, no poder há décadas, que proferem os mais empolgantes discursos de esperança no futuro, naquele futuro que nunca foram capazes de transformar em presente. Aqui chegados, com mais um sistema político falido, poderíamos começar a pensar num «Novo Regime» mas, como os que têm vindo, não têm trazido nada de novo, apenas acumulam os vícios dos anteriores, será sempre de temer o que uma nova revolução nos revelará… . ALGARVE INFORMATIVO #266


OPINIÃO Se você não é cliente, está dispensado e pode inclusive, ser demitido Augusto Pessoa Lima (Cozinheiro, Consultor e Formador) cliente não tem sempre razão, afirmo. Ao contrário dos chavões de Marketing que declaram que os clientes têm sempre razão, eu não acredito, discordo veemente e sou a favor de que os maus clientes sejam, por parte dos estabelecimentos, colocados em listas negras, partilhadas por restauradores de forma a exercer pressão e retirá-los dos nossos espaços através da interpretação correcta e informação à vista do – Direito de Admissão, que se encontrava previsto no Artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 234/2007, revogado entretanto à pressa por causa da introdução do tema «SIMPLEX», pelo Decreto-Lei nº 48/2011 de 01-04-2011, Artigo 41.º - Norma revogatória Assim sendo e em falta de mais informação, e acreditando estar incluído nos direitos gerais dos utentes/usufrutuários de ERB em geral, entendo que a liberdade de acesso é uma regra estruturante dos estabelecimentos de prestação de ALGARVE INFORMATIVO #266

serviços mas sempre devidamente defendidos por publicação exibida, enumerando a causa principal e se necessário, acompanhada de queixa às entidades policiais. E deve ser considerado motivo cabal qualquer comportamento menos próprio de alguém que entra num estabelecimento de comidas e bebidas – ERB, e que não cumpra com um conjunto normativo de boas práticas, sabendo também que tem deveres e obrigações para cumprir. A título de exemplo, passo a referir algumas: – Ao cliente deve ser facultada Ementa/Carta, escrita ou falada, assim como o preço dos artigos, tendo estes, obrigatoriamente, que se encontrarem expostos em sítio visível e de forma a não criarem duvidas no cliente; – O cliente tem o direito de reclamar, de forma educada, ordenada, verbal ou e escrita, ou ambas, se reconhecer necessário e até poder solicitar a presença da autoridade, no caso do produto entregue não conferir com o que foi vendido, ou por se sentir lesado por este se encontrar em más condições 116


de salubridade (estragado) ou ainda mal confeccionado, comprometendo o seu consumo; – O cliente não tem o direito de incomodar os restantes comensais, quer o façam através das suas próprias reações, de outras pessoas, ou animais de si dependentes, nomeadamente com ruído, insultos, tratamento incorreto ou ainda injustificada reação; – Ao cliente está vedado a possibilidade de repetidamente não comparecer em ERB, após reserva de mesa com marcação de lugares e 117

horário, e tão puco se justificado ou cancelado; – O cliente não pode, de má fé, sob forma verbal ou escrita, induzir em erro outros frequentadores/comensais por motivos falsos e sem prova do facto, podendo estar sujeito a acção penal. Parafraseando Henry Ford, não é o empregador quem paga os salários, mas o cliente, logo, se prossupõe que são os clientes essências para o negócio, seja ele qual for. Se você não é cliente, está dispensado e pode, inclusive, ser demitido . ALGARVE INFORMATIVO #266


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #266

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