REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #276

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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 19 de dezembro, 2020

«SONHAR A DANÇAR» DA ESCOLA DE DANÇA DE LAGOS PÓLO TECNOLÓGICO DA UALG | MARCELO REBELO DE SOUSA RECORDOU JOÃO DE DEUS 1 ALGARVE INFORMATIVO #276 «VOLT’A PORTUGAL EM REVISTA» | ESTOJO DO LAMA TEATRO | CÁRITAS DE PORTIMÃO


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40 - Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão

20 - Marcelo Rebelo de Sousa nas comemorações do nascimento de João de Deus ALGARVE INFORMATIVO #276

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OPINIÃO 110 - Mirian Tavares 112 - Ana Isabel Soares

30 - Pólo Tecnológico da Universidade do Algarve

66 - «Sonhar a Dançar» da Escola de Dança de Lagos

50 - ESTOJO do LAMA Teatro

84 - «Volt’a Portugal em Revista» 11

98 - «Corrida Fotográfica de Portimão» ALGARVE INFORMATIVO #276


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“JOÃO DE DEUS CRIOU UM ROTEIRO PARA A DESCOBERTA DE UMA LÍNGUA E DE UM PAÍS QUE AMAVA”, AFIRMOU MARCELO REBELO DE SOUSA EM MESSINES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ealizou-se, no dia 14 de dezembro, no auditório Francisco Vargas Mogo, em São Bartolomeu de Messines, a cerimónia de encerramento das comemorações dos 190 anos do nascimento de João de Deus, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O evento integrou diversas atividades literárias e ALGARVE INFORMATIVO #276

culturais em homenagem ao pedagogo e poeta, filho da terra, de reconhecido mérito nacional e que será para sempre recordado como uma das mais eminentes figuras do seu tempo e de toda a literatura e pedagogia portuguesas. Da cerimónia fizeram então parte a apresentação do livro infantil «Fábulas de João de Deus», ilustrado por Marta Jacinto, e da obra «João de Deus 20


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Imortal e Intemporal», um estudo historiográfico da autoria de Maria João Raminhos Duarte, editado pela Câmara Municipal de Silves em parceria com a editora Colibri, encerrando o final de tarde, início de noite, com apontamentos musicais pelo projeto «Guitarras de Fado». “O Município de Silves

orgulha-se de ter promovido um vasto e diversificado programa de comemorações pelos 190 anos do nascimento do poeta João de Deus, ainda que algumas das iniciativas não tenham decorrido com normalidade e outras tenham sido adiadas para 2021. Mas já em 1996, sob a presidência de José Viola, Silves tinha assinalado condignamente o centenário do falecimento de João de Deus, com um programa que culminou com a inauguração da Casa Museu João de Deus, em São Bartolomeu de Messines”, recordou Rosa Palma,

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presidente da Câmara Municipal de Silves. “É desígnio da Autarquia de

Silves promover e tornar viva a excecional personalidade que foi João de Deus, nascido em São Bartolomeu de Messines e atualmente sepultado no Panteão Nacional, ao lado de outros enormes vultos da História de Portugal”, reforçou a edil. Para Rosa Palma, é essencial, nos dias que correm, ensinar aos mais novos, mas também a todos os algarvios e portugueses, quem foi João de Deus,

“um homem sempre à frente do seu tempo, uma magnífica personagem da cultura portuguesa”. “Um homem extraordinariamente simples, do povo, preocupado com as suas condições de vida e o analfabetismo reinante. Homem crente e preocupado com a

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injustiça que recaia sobre os pobres e sobre quem trabalhava. Hoje, certamente que daria um forte contributo para nos ajudar a ultrapassar a situação pandémica que vivemos”, falou a autarca silvense acerca da “maior referência da educação do século XIX, ao conceber e difundir a sua «Cartilha Maternal», método revolucionário do ensino das primeiras letras da língua portuguesa”. Perante uma plateia repleta de entidades, Rosa Palma lembrou que é competência e objetivo central do poder local democrático promover investimentos, realizar atividades e elevar a qualidade da prestação do serviço público, dando a sua contribuição para a melhoria das condições de vida das populações e o desenvolvimento sustentável e integrado dos seus territórios. “A preservação e

valorização da memória coletiva, do 23

conhecimento, do património, das letras e da cultura são elementos-chave na consolidação idiossincrásica das comunidades, na criação de cidadãos socialmente ativos e cultos e um pilar fundamental do desenvolvimento. Para tudo isto concorre a obra «João de Deus – Imortal e Intemporal» da professora Maria João Raminhos Duarte, e as «Fábulas de João de Deus», a par de outro grande projeto literário sobre João de Deus que se encontra em fase de produção, da autoria do professor José Alberto Quaresma. É também esta a função do poder local democrático, promover a investigação histórica, a divulgação cultural e a componente pedagógica”, frisou Rosa Palma. ALGARVE INFORMATIVO #276


Entre o texto escrito a altas horas da noite anterior e os seus habituais improvisos, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o Município de Silves pelo respeito pela história, pelo justo culto aos seus «maiores», pela constante pedagogia cívica e pela sua louvável preocupação com o futuro. “Não há

futuro que posso prescindir da vivência do presente e das lições do passado”, afirmou o Presidente da República, antes de virar a atenção para o grande homenageado da sessão, “um

nosso conhecido há décadas e décadas, de tantas memórias da infância de todos nós”. “Somos todos diferentes e é nessa diferença que reside a riqueza de cada qual e do coletivo em que nos inserimos. ALGARVE INFORMATIVO #276

João de Deus foi seminarista por carência económica, tal como era usual na época; jurista à força; jornalista de talento e de recurso; advogado sem apelo; parlamentar com relutância; militante de causas sociais e progressistas; socialista e republicano sempre; livre e independente por natureza; boémio; e poeta no seu ser, no seu existir, no seu escrever, poeta com raízes populares fortes – uns diriam folclóricas, outros prefeririam dizer «atento decifrador do seu povo»; educador, também sempre, embora pedagogo e mestre de pedagogos só a partir 24


de certo momento”, descreveu

uma época. “Tal como muitos

Marcelo Rebelo de Sousa.

outros seus contemporâneos, não perdeu nada, ou quase nada, dos atrativos dos Anos 50 a 80 do Século XIX. Diria mesmo que viveu cada dia como se fosse o seu último”.

Uma vida tão “acidentada e rica” que acabaria por se projetar na vida de gerações de fiéis formandos da «Cartilha Maternal». “Não arrancou da

«Cartilha Maternal», chegou à «Cartilha Maternal». E só foi possível esse seu trabalho, único e singular, nos séculos XIX, XX e XXI, por causa da sua vida. Não tivesse ele tido essa vida de conhecimento de pessoas, de experiências, do convívio com pessoas às quais era preciso explicar de forma simples e essencial, não teria sido o enorme formador de inúmeras e consecutivas gerações”, acredita o Presidente da República, acrescentando que a vida de João de Deus retratou toda

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«CARTILHA MATERNAL» É UMA SÍNTESE DE UM ROTEIRO DE VIDA Circulação no país, convívio académico, múltiplos ambientes de letras, ligação entre a veia literária, o jornalismo, a política, o magistério, o fruir a vida ao gosto romântico, a estabilização de um aplauso em vida, tudo marcou João de Deus. “É uma

época que começa na Regeneração, depois de terminado o período da Guerra

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Civil e de estar o Liberalismo aparentemente estabilizado, mas ainda com sucessivos golpes militares. A Regeneração abre uma época de fomento, em termos de obras públicas e desenvolvimento económico, dura algum tempo, depois há como que uma agitação que irrompe na transição da década de 70 para a década de 80 do Século XIX, e o final do século já é como que o ocaso de um período histórico que estava a terminar. A vida e obra de João de Deus é o retrato dessa intensa partilha com os seus contemporâneos, mas também o retrato das várias fases do Romantismo”, entende Marcelo Rebelo de Sousa. “O que há em João de Deus é o herdar dessa tradição e

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percurso Romântico, vivê-lo num momento de quase transição para o Realismo, para o povo e com o povo”. João de Deus também teve os seus críticos, “aqueles que queriam

«matar» a sua «Cartilha Maternal» na primeira esquina da história, mas perderam, e desmentiu duas teses muito comuns: a de que «ninguém é profeta na sua terra» e de ninguém é homenageado em vida, só após a morte”. E Marcelo Rebelo de Sousa salientou que João de Deus também nunca caiu no esquecimento, como sucedeu com tantos outros grandes escritores que, após a sua morte, deixaram de ser recordados. “João de Deus

mereceu a glória em vida e a

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gratidão duradoura depois de morto, em parte graças à sua notável família e linhagem. Uma família devotada que, geração atrás de geração, tem dado permanente sopro ao Homem e à Obra, o que também é raro. Mas também deve o seu prestígio após a morte a milhares e milhares de crianças que povoaram e povoam os JardinsEscola João de Deus, e a milhões de crianças que aprenderam pela sua «Cartilha Maternal» – nas quais me conto eu próprio –, a milhões de pais e avós que acompanharam essas crianças na descoberta educativa, e a milhares e milhares de professores que também foram guias nessa descoberta. Cada um deles acabou por ser um apóstolo de João de Deus”, destacou o Chefe de Estado. Marcelo Rebelo de Sousa declarou ainda que a «Cartilha Maternal» não é, na sua 27

opinião, um método de ensino, mas sim a síntese de uma vida feita roteiro para ler, escrever, chegar a uma língua e amá-la. “Foi, à sua maneira, um

gesto de amor, tão original como original era a sua pessoa e a sua vida. Ficou para a história, não apenas por ser um grande poeta, mas por ser um pedagogo que criou um roteiro para a descoberta de uma língua que amava. Uma realidade que só foi possível pela riqueza da vida que viveu”, frisou o Presidente da República. “Andei uma vida inteira à espera deste momento, para agradecer a João de Deus o que mudou em mim há quase 70 anos. Com ele comecei a aprender a amar mais Portugal, quando ainda não sabia bem o que era Portugal. Transformou a minha vida e a de milhões de portugueses”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa .

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PÓLO TECNOLÓGICO DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE AVANÇA FINALMENTE PARA FASE DE OBRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina eve lugar, no dia 16 de dezembro, no Campus da Penha da Universidade do Algarve, em Faro, a cerimónia de início das obras do UALGTEC CAMPUS – Aceleradora de Empresas, com a presença da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa. O UALGTEC CAMPUS pretende dinamizar e expandir o ecossistema tecnológico da região, a nível nacional e internacional, para as áreas das tecnologias da informação, impulsionando uma mudança favorável na economia e sociedade regional e nacional. O valor de investimento global do Polo Tecnológico, que engloba o ALGARVE INFORMATIVO #276

UALGTEC CAMPUS e o UALGTEC HEALTH, é de 6 milhões, 645 mil e 515,42 euros, com cofinanciamento pelo FEDER, através do Programa Operacional Regional do Algarve 20142020 (CRESC Algarve 2020), de 4 milhões, 651 mil e 860,79 euros e autofinanciamento de 1 milhão, 993 mil e 654,63 euros. O projeto deu o «pontapé-de-saída» há precisamente 592 dias, a 4 de maio de 2019, num ato público em que participou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. “Cumpria-se mais uma

etapa de um projeto que, estou certo, será determinante para o 30


Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve

desenvolvimento da Universidade e com um forte impacto na economia regional, contribuindo para a sua tão necessária diversificação”, afirmou Paulo Águas, Reitor da Universidade, no dia em que se comemorava igualmente o 41.º aniversário da Academia algarvia. Paulo Águas lembrou, porém, que antes dessa data já tinha sido percorrido um longo caminho, uma vez que, a 3 de maio de 2018, o então Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, atual Ministro do Planeamento, Nelson Sousa, visitara este preciso local para conhecer o projeto do Pólo Tecnológico da Universidade do Algarve. “Para mim,

esse foi o «Dia D», o momento em que um governante disse para avançarmos com o processo. 31

Aberto o Aviso, foi tempo de preparar uma candidatura complexa e condicionada pelos fundos comunitários disponíveis, e o João Rodrigues, Pró-Reitor para a Transferência e Inovação, teve um trabalho espetacular. Mas antes disso, em dezembro de 2017, já tinha sido convidado pelo Miguel Fernandes para visitar a Dengun, um espaço de coworking de Faro, e nunca tinha visto tantas pessoas a trabalhar por metro quadrado”, recordou o Reitor da UAlg, que pouco tempo depois se reuniu com João Guerreiro, outro dos principais mentores deste projeto, para perceber que, “no essencial,

pretendia-se transformar as salas de um complexo do Campus da ALGARVE INFORMATIVO #276


Mónica Rosa, da Lotus Studio Arquitetura Sustentável

Penha no UALGTEC Campus, que faz parte de um digital hub que está a ser construído na região”, acrescentou. A obra física só agora avançou, todavia, porque o primeiro procedimento concursal lançado ficou vazio de candidaturas, o que levou à reformulação do projeto, com Paulo Águas a agradecer a compreensão da CCDR Algarve, que conseguiu aumentar o financiamento disponível. “Antes do final de 2021

esta obra estará concluída – tem um prazo de execução de nove meses – e a definição do modelo de governança já se encontra num estado bastante avançado, pelo que estará finalizado com a antecedência necessária para que tudo avance após a empreitada terminar. E, depois, nada será como ALGARVE INFORMATIVO #276

de antes”, garantiu Paulo Águas. “A flexibilidade do projeto, em termos de solução arquitetónica, pode permitir que trabalhem neste espaço entre 300 a 350 pessoas, a esmagadora maioria das quais com formação superior. Mas o principal benefício para a Universidade será a interação obrigatoriamente estabelecida com as empresas, quer em projetos educativos como de investigação. O UALGTEC CAMPUS irá contribuir para a criação de riqueza, para o aumento do emprego qualificado, para a diversificação do tecido económico regional, para a inovação pedagógica e para a criação de conhecimento. Vamos poder fazer mais e ser melhores”, 32


frisou, embora admita que a Universidade do Algarve tenha sido algo penalizada pelo quadro comunitário de apoio que agora está a terminar, comparativamente com instituições do ensino superior do Norte, Centro e Alentejo. “Vem aí um

novo Quadro Comunitário e o Algarve precisa de mais financiamento para a ciência e para a transferência de tecnologias. Contem connosco, queremos fazer mais”, declarou Paulo Águas.

UM EDIFÍCIO PARA FOMENTAR A CRIATIVIDADE, PRODUTIVIDADE, INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO O projeto do UALGTEC CAMPUS foi dado a conhecer pela arquiteta Mónica Rosa, da Lotus Studio Arquitetura 33

Sustentável, tendo sido desenvolvido, ao longo de 2018 e 2019, por uma equipa multidisciplinar de arquitetos, arquitetos paisagistas, engenheiros civis, engenheiros eletrotécnicos e engenheiros mecânicos, com especializações em diversas áreas. A intervenção localiza-se na zona nordeste do perímetro urbano de Faro, especificamente no Campus da Penha da Universidade do Algarve, numa área que comporta cerca de 4.800 metros quadrados, sendo cerca de 3 mil metros quadrados em espaços exteriores. “A implantação do

edifício abarca cerca de 1.800 metros quadrados, multiplicados por três pisos. A reabilitação de toda a área de intervenção permitirá caracterizar e dignificar uma parte do Campus que se afigura como espaço de ALGARVE INFORMATIVO #276


articulação entre três edifícios distintos, nomeadamente o Complexo Pedagógico (futuro Pólo Tecnológico), o edifício de Auditórios e o edifício das Oficinas. Os acessos ao edifício existente localizam-se a noroeste, através de uma praça de chegada e a nascente, através do arruamento de acesso ao parque de estacionamento localizado no Piso Térreo”, explicou Mónica Rosa. O edifício existente foi construído em 1995 e posteriormente prolongado para Sul para albergar a Biblioteca da UAlg. De forma retangular alongada, o edifício foi especificamente concebido para uma função educacional, com uma distribuição longitudinal, ladeado de salas de aula e ALGARVE INFORMATIVO #276

com átrio de entrada e circulação a norte. Os objetivos preliminares da intervenção contaram, por isso, com a condicionante que é o edifício préexistente e a articulação com toda a envolvente. “Assim, foi mantido

apenas o «invólucro» do edifício, removendo e reformulando toda a compartimentação interior ao nível dos dois pisos superiores, mas mantendo, na generalidade, os espaços existentes ao nível do Piso Térreo, para adaptar o espaço às novas funções. Pretendeu-se a criação de um edifício de referência, com coerência e qualidade dos espaços de estadia, lazer e trabalho. Será igualmente um edifício de exceção no que diz 34


José Apolinário, presidente da CCDR Algarve

respeito à sustentabilidade, pois está prevista a colocação de cerca de 200 painéis fotovoltaicos para produção de energia elétrica e equipamentos de medição, controlo e análise de consumos. Os espaços de trabalho deverão ser direcionados para a criatividade, a produtividade, a investigação, desenvolvimento e inovação”, descreveu Mónica Rosa. Depois de apresentado o projeto, José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, lembrou que a Universidade do Algarve nasceu por 35

vontade do território e graças ao “arrojo e combate” de José Vitorino, na altura Deputado da Assembleia da República, que introduziu o seu projeto da criação

“um pouco contra o vento da altura”. “Este projeto é muito importante para o Algarve, no que toca à diversificação da atividade económica da região, e está em linha com a Agenda Digital Europeia e com o Plano de Ação de Transição Digital, aprovado em abril. Há um objetivo do Governo da República de chegar a 3 por cento de investimento na Ciência e, em ALGARVE INFORMATIVO #276


conjunto com os autarcas algarvios, vamos procurar que a UAlg reforce o seu papel na inovação e na ciência. Neste Quadro Comunitário de Apoio tem aprovados, até agora, 11,5 milhões de euros, o que corresponde a 3,6 por cento do total programado”, revelou José

por bons motivos, nomeadamente pelo trabalho realizado pelo ABC – Algarve Biomedical Center nos diagnósticos e no desenvolvimento de metodologias de testagem à covid-19”, destacou a Ministra da

Apolinário, assegurando ainda o empenho deste órgão descentralizado no fortalecimento de áreas que têm a ver com o Mar, as TIC, as Energias Renováveis e Eficiência Energética, a Saúde e Envelhecimento Ativo, o Agroalimentar e a Literacia da Ciência.

Coesão Territorial.

Para a «madrinha» do futuro Pólo Tecnológico da Universidade do Algarve, não há melhores projetos ou iniciativas onde colocar fundos comunitários do que aqueles relacionados com a Ciência.

“Estamos aqui com fundos europeus a estimular o projeto de uma Universidade e a colocar a Ciência ao serviço da comunidade, das empresas, das IPSS, da cultura, das autarquias. Este é o melhor desígnio que podemos dar à solidariedade que existe nos países da União Europeia e que nos permite ter um pacote financeiro dedicado a estes projetos”, defendeu Ana Abrunhosa, reconhecendo, todavia, que são necessários mais meios financeiros para alocar à Ciência. “Se há

coisa que a pandemia veio ensinar ao cidadão comum é a importância da Ciência e a Universidade do Algarve tem sido uma referência ALGARVE INFORMATIVO #276

Certa de que o Turismo continuará a ser um setor fundamental para o desenvolvimento do Algarve e de Portugal, a governante entende que esta atividade deve encontrar mais fatores de competitividade que contrariem a sua sazonalidade, mas chamou a atenção, sobretudo, para a necessidade de se diversificar a base económica da região algarvia. “A

Universidade do Algarve vai ter um papel muito importante naquilo que queremos fazer, no estímulo de outras atividades que já têm cá sementes, nas áreas da Saúde, da Energia, das Tecnologias e do Mar. Hoje, é o conhecimento e a ciência que nos permitem tirar valor económico e social dos nossos recursos, ao mesmo tempo que os preservamos e protegemos”, salientou Ana Abrunhosa. “O facto da solidariedade europeia ter dado ao Algarve um pacote adicional de 300 milhões de euros de fundos comunitários traz-nos uma responsabilidade bastante grande, pois temos que 36


Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial

apresentar um programa com objetivos e indicadores muito concretos, e com ambição, com vista a alcançarmos um Algarve mais resiliente, com empresas mais inovadoras e com trabalho mais qualificado. Precisamos empenharnos todos no desenho desta estratégia, definir as suas metas e quais os melhores caminhos a seguir. Isso vai implicar fazer escolhas em conjunto, que façamos umas coisas e não façamos outras, e que façamos diferente daquilo que fizemos no passado. E essas escolhas têm que ser assumidas por todos”, afirmou a Ministra da Coesão 37

Territorial. “Se não houvesse

pandemia, pensávamos que ainda tínhamos mais uns anos para mudar. Com a pandemia, percebemos que já é tarde para mudarmos, mas não podemos baixar os preços. Não devemos ter medo das dificuldades que temos pela frente, nem das escolhas que vamos precisar fazer, e podem contar com esta Ministra para percorrer esse caminho convosco”, terminou Ana Abrunhosa, antes de rumar ao Campus de Gambelas da UAlg para visitar os investimentos em curso em inovação na área da saúde . ALGARVE INFORMATIVO #276


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CÁRITAS PAROQUIAL DA MATRIZ DE PORTIMÃO VOLTA A VENCER PRÉMIO MUNICIPAL DE VOLUNTARIADO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ssinalou-se, a 5 de dezembro, o Dia Internacional do Voluntariado e Portimão registou a efeméride revelando os vencedores do Prémio Municipal de Voluntariado, criado em dezembro de 2018 com o objetivo de distinguir projetos nas áreas da solidariedade, saúde, ambiente, economia social, educação e formação, que promovam a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens, ALGARVE INFORMATIVO #276

idosos, cidadãos portadores de deficiência ou outras pessoas em situação vulnerável. Nesta segunda edição, o júri atribuiu o prémio na categoria coletiva ao projeto «Nutrição Entérica», apresentado pela Cáritas Paroquial Nossa Senhora da Conceição – Matriz de Portimão, que já em 2019 tinha vencido com a «Barbearia Social» de Bruno Santos. Com o projeto «Nutrição Entérica», a Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão pretende apoiar as pessoas com 40


necessidade de nutrição artificial por perda da via oral, requerendo fórmulas comerciais para nutrição entérica. O objetivo é adquirir produtos de fórmulas de dieta industrial com composição completa padronizada, hiperenergética ou hiperproteica, fórmulas de dieta suplementar e produtos de modificação da consistência da dieta, com o intuito de apoiar famílias que têm parcos recursos financeiros e que não conseguem comprar esta alimentação de forma mais acessível. O projeto será trabalhado em articulação com o Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Unidade de Portimão, que detetará pacientes nesta situação e os encaminhará para a Cáritas, que servirá de facilitadora/mediadora neste processo. “Como somos

regularmente contatados por algumas pessoas de parcos recursos financeiros e com essa carência

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alimentar, entre 25 a 30 casos, pensamos em criar este projeto e falamos com o Hospital de Portimão. O prémio é de 6 mil e 500 euros, verba suficiente para avançarmos, faltando-nos apenas arranjar um compartimento próprio na Loja para guardar o stock de alimentos”, explica Manuela Santos, presidente da Direção da Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão. O serviço de «Nutrição Entérica» deverá arrancar no início de 2021 para apoiar utentes que chegam referenciados pelo Hospital de Portimão, em mais uma valência que se junta ao vasto leque de ajudas que a Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão presta à população do concelho, ainda mais num ano extremamente difícil

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como tem sido 2020. “Na última

contagem que fizemos estávamos a prestar auxílio a 932 pessoas, mas já tenho este maço de novas candidaturas para analisar. Serão, certamente, mais de quatro centenas de famílias e a fila que encontrou à porta é unicamente para entrega de roupa”, refere a dirigente, numa terça-feira que é dedicada ao Banco de Roupa e à Barbearia Social. “São pessoas que

chegam de todo o concelho, das freguesias de Portimão, Mexilhoeira Grande e Alvor. Olhando apenas para o Banco Alimentar, em 2020 já distribuímos perto de 200 toneladas de alimentos. Através do Refeitório Social apoiamos diariamente 30 ALGARVE INFORMATIVO #276

pessoas com almoço e jantar, 60 refeições. Na Loja Social vendemos roupa a preços simbólicos, 50 cêntimos, 1 ou 2 euros cada peça, uma verba que depois é canalizada para a aquisição de alimentos e medicação, no apoio ao arrendamento. Estão sempre a surgir novas situações”, admite Manuela Santos. Apesar do Refeitório Social possuir um espaço com lotação para 10 pessoas sentadas, a entrevistada indica que a maioria dos utentes opta por levar a comida para casa, em regime de take away. E, embora as valências da Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão sejam as mesmas do passado, Manuela Santos confirma que o número de 42


pedidos de ajuda disparou a partir de março, quando a pandemia da covid-19 se instalou no Algarve. “Tivemos um

aumento de famílias a rondar os 120 por cento, passamos de 187 em fevereiro, para 410/412 em dezembro. E todos os dias recebemos pedidos de apoio”, afirma. E a verdade é que, enquanto a conversa ia decorrendo, o telemóvel de Manuela Santos não parava de tocar. O cenário é sobejamente conhecido e veio evidenciar a situação frágil em que já viviam muitos portugueses, mas a crise económica e social veio afetar também muitas pessoas que tinham uma vida estável, garante a presidente da Direção da Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão. “Há, obviamente, aquelas

pessoas que já eram muito pobres,

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mas agora temos casais em que, de repente, ficaram os dois no desemprego e deixaram de conseguir pagar a renda da casa. Temos três dias de atendimento ao público para responder a quem nos procura, mas, quando temos conhecimento de situações preocupantes em que as pessoas sentem vergonha em pedir ajuda, damos nós o primeiro passo”, relata Manuela Santos, acrescentando que é realizada uma triagem rigorosa antes de se avançarem com os apoios.

“Recebemos famílias encaminhadas pela Rede de Emergência Social, pela Segurança Social e pelo Hospital de Portimão, ou aquelas que vêm ter diretamente connosco, e o

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primeiro passo é pedir alguma documentação. Se constatarmos que é uma situação complicada, damos logo um cabaz, e aguardamos que nos tragam então os documentos necessários para avaliarmos o pedido”.

SEM CRISTO NO CORAÇÃO NADA ERA POSSÍVEL Sejam alimentos, medicamentos ou roupas, a Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão tenta dar a mão a todos os que necessitam de ajuda e, para isso, tem o apoio da Segurança Social através do FEAC – Fundo Europeu de Ajuda a Carenciados, do Banco Alimentar Contra a Fome, da cadeia de distribuição AUCHAN, da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Portimão e de algumas empresas e particulares. “Continuamos

a contar com contributos de ALGARVE INFORMATIVO #276

empresas, mas os donativos têm diminuído. Antigamente, no final do Verão, recebíamos material, por exemplo, dos hotéis que iam encerrar durante o Inverno, mas este ano isso não aconteceu”, indica Manuela Santos, o que obriga a uma gestão, quase ao cêntimo, de todos os meios disponíveis. E, esclarece rapidamente, não há funcionários na Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão. “Temos à volta de 100

voluntários nas diversas valências e só graças a eles é que é possível manter a funcionar toda a logística de receber os alimentos, descarregar, ensacar, arrumar e entregar. Se não tivéssemos Cristo no nosso coração, não conseguiríamos levar por adiante esta missão”, assegura a entrevistada. 44


Voluntários que se mantêm no mesmo número de outros anos, apesar de outras pessoas manifestarem a sua vontade em ajudar o próximo. “Só que, devido ao

Plano de Contingência face à covid19, não podemos aceitar mais voluntários, muitos deles jovens das escolas do concelho”, indica Manuela Santos, acrescentando que o espaço físico disponível também vai ficando escasso. “Temos sido contemplados

com um contrato programa da Câmara Municipal de Portimão, para aquisição de alimentos e para manutenção do espaço, que é fundamental para complementar os fundos próprios da instituição. Tivemos que comprar uma carrinha para ir buscar os excedentes ao

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AUCHAN, mais uma câmara frigorífica para conservar os alimentos frescos, três arcas para os alimentos congelados e, em novembro, fizemos obras para ampliar o armazém. Era uma zona onde guardávamos algum mobiliário e que tivemos que adaptar para os alimentos. Do FEAC, por exemplo, recebemos 1.850 litros de leite e compramos, mensalmente, cerca de 3.500 litros. São quantidades que exigem uma grande logística”. De regresso aos voluntários, Manuela Santos lembra que a Cáritas é a obra social da Igreja Católica e que não basta ir à missa, ao domingo, para se ser um verdadeiro católico praticante.

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“Saímos da Eucaristia de coração cheio e temos que transmitir esse sentimento ao próximo. Só assim é que conseguimos trabalhar aqui tantas horas por dia. Claro que temos que criar as nossas defesas pessoais, em termos emocionais, mas há casos muitos complicados dos quais nos é muito difícil desligar”, reconhece a entrevistada, voltando a salientar que a covid-19 veio afetar cidadãos de todos os estratos sociais e económicos. “São famílias

que têm o seu carro, vestem bem, e agora não têm dinheiro para pôr pão na mesa”, avisa, sem esconder uma grande preocupação em relação a 2021.

“Penso que estamos preparados para termos mais um ano pela frente igual a este, porque a crise ALGARVE INFORMATIVO #276

não vai passar tão facilmente como algumas pessoas imaginam. Neste momento não existe ninguém em lista de espera na Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão, mas o dia de amanhã ainda ninguém o viu. Até agora, toda a gente que nos bate à porta leva comida para casa e, depois de apresentar a documentação necessária, continua a usufruir desse apoio. Fazemos atendimento às segundas, quartas e sextas-feiras, das 15h às 17h, não somos o «Super Homem», mas, dentro das nossas possibilidades, tentamos sempre arranjar uma solução para os problemas das pessoas” . 46


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ESTOJO DO LAMA TEATRO DEU A CONHECER PANÁ PANÁ E TEATRO IMPROVISO DE INTERVENÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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STOJO é um projeto educativo da responsabilidade do LAMA Teatro que pretende incrementar a participação dos jovens, através das artes performativas, numa ação comunitária que lhes dá voz. “Numa era em que o

acesso à informação não é um

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privilégio, mas um dado adquirido, em que no mesmo segundo em que uma bomba do outro lado mundo explode, qualquer jovem tem essa informação literalmente no seu bolso, verificamos uma diminuição de interação pessoal e um aumento de problemas

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mentais em idade escolar. O que fazer com o mundo que temos no bolso das calças, como podem os jovens filtrar, questionar e apropriar-se dele?”, questiona João de Brito. «Se tivesses a possibilidade de falar dois minutos numa transmissão em direto, em que todo o mundo te estivesse a ouvir, o que dirias?», foi uma das premissas da qual se partiu para um trabalho, num período inicial de três meses, com grupos heterogéneos de jovens da cidade de 53

Faro: Grupo de Leitores, Paná Paná e Teatro Improviso de Intervenção. Esta academia procura dar continuidade a grupos de teatro com jovens já existentes, promovendo assim a formação destes grupos, com base nas disciplinas do teatro: análise de texto, oralidade, movimento, improvisação, imaginação, assente nos métodos de trabalho de uma companhia profissional de teatro. Atendendo ao público alvo, dos 13 aos 18 anos, a ideia do LAMA Teatro é que esta academia desenvolva o espírito ALGARVE INFORMATIVO #276


crítico dos jovens envolvidos no projeto, estimulando a criação artística.

resultado de uma reflexão sobre o mundo. “Além das consequências

“Queremos levar os jovens a refletir sobre o mundo que os rodeia e a atualidade de uma realidade em constante mutação”, frisa o

indeléveis e inquantificáveis do projeto, temos como objetos de impacto principais e passíveis de avaliação: continuidade autónoma do projeto, consequências nos hábitos de participação e fruição cultural, impacto na participação em movimentos sociais e associativos”, reforça João de Brito.

responsável da companhia teatral sedeada em Faro, acrescentando que ESTOJO “é um projeto virado para a

autonomia em que os jovens se tornarão também os líderes dos seus grupos de teatro”. O objetivo é impactar o público em duas camadas: os jovens que participam ativamente no ESTOJO e cujas capacidades de argumentação, pensamento crítico e criatividade através das artes serão desenvolvidas; e o público que assistiu às performances-objeto artístico feito por jovens para jovens, ALGARVE INFORMATIVO #276

O projeto educativo ESTOJO foi a cena, de 4 a 6 de dezembro, no LAMA Black Box, em Faro, e, depois de, na edição anterior da revista Algarve Informativo termos apresentado «A ti…de mim» do Grupo de Leitores, deixamos agora os melhores 54


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momentos das atuações dos Paná Paná e Teatro Improviso de Intervenção. Os Paná Paná deram a conhecer «8», uma história visual que relata a importância daqueles que estão à nossa volta e as influências do nosso mundo atual e de como acontecimentos e experiências podem mudar uma pessoa. Coordenado por Diego Medeiros e Raquel Ançã, teve Encenação de Madalena Duro, a partir de uma ideia original de Gabriel Riley Antunes e foi interpretado por Afonso Zanatti, Alice Velez, Eva Reis Pinto, Gustavo Gonçalves, Joana Lourenço João Cadilha, Lara Marinho, Lia Silva e Raquel Ovelheira. Quanto ao Teatro Improviso de Intervenção, levou a cena «Lugares de Fala», pois, por entre silêncios, vão-se construindo sonhos que precisam de

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conquistar lugares de fala. “Mas nem

tod@s têm acesso a esses lugares, porque já nasceram sem direito a ter voz, sem direito a ter sonhos, sem direito a ter direitos. É urgente romper a tirania de quem nos quer silenciar, oprimir e humilhar. É urgente dizer «Não» e resistir, projetando a nossa voz com a força de um arremesso de avião”, explicaram. A Coordenação foi de Teresa Coutinho e Teresa Henriques, numa Criação Coletiva do Teatro Improviso de Intervenção a partir do texto «O Silêncio», de Afonso Jerónimo, cuja Interpretação esteve a cargo de Afonso Jerónimo, Carina Frechaut, Carla Centeio, Mariana Gomes, Osvaldo Miguel, Raquel Paulino e Vanessa Farhat .

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ASSOCIAÇÃO DE DANÇA DE LAGOS APRESENTOU ESPETÁCULO DE NATAL EM DOSE TRIPLA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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rês noites de casa cheia, de 9 a 11 de dezembro, no Centro Cultural de Lagos, com a Associação de Dança de Lagos a apresentar o seu espetáculo de Natal de 2020, «Sonhar a Dançar». Com o apoio da Câmara Municipal de Lagos e no respeito total das regras de segurança ditadas pela Direção-Geral de Saúde devido à pandemia pela covid-19, viveramse momentos de grande alegria, com as múltiplas coreografias a ilustrarem o ALGARVE INFORMATIVO #276

trabalho que a Escola de Dança da ADL tem realizado, sob a direção de Ljiljana Urosevic da Silva, nomeadamente neste último trimestre após o regresso às aulas. Um empenho, talento e dedicação que muitas alegrias têm trazido para o concelho de Lagos, fruto de participações premiadas em diversas competições internacionais. E as razões desse sucesso foram bem evidentes ao longo dos três serões dedicadas à dança clássica, contemporânea e hip-hop . 68


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«VOLT’A PORTUGAL EM REVISTA» LEVOU ANTÓNIO CALVÁRIO E NATALINA JOSÉ A PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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nserido nas comemorações do 96.º aniversário da Cidade de Portimão, o TEMPO – Teatro Municipal de Portimão recebeu, no dia 10 de dezembro, mais uma «etapa» da «Volt’a Portugal em Revista», um divertido espetáculo onde a graça e o luxo andaram de mãos dadas. Em palco estiveram António Calvário, ícone maior da música popular portuguesa, e Natalina José, nome sonante do Parque Mayer, figuras maiores de um elenco que inclui também Isabel Damata, Ricardo Figueira, Raquel Caneca, Ricardo Miguel e Sara Inês, que deram vida a personagens de crítica social e política, em constante atualidade. ALGARVE INFORMATIVO #276

Um luxuoso guarda-roupa e atrativas projeções «encheram o olho» do público que cantou também as «orelhudas» músicas que integram a revista. E do enredo da divertida noite fizeram parte a vidente Madame Chiça, uma vizinha de Cristina Ferreira que falou das visitas da mediática apresentadora de televisão, fez-se paródia às televendas com o irresistível Rob’Alheira e visitou-se as feiras e mercados e até mesmo um diferente reality show que promete fazer muito sucesso e causar bastante polémica. Uma noite de lotação esgotada no TEMPO, no total cumprimento das medidas impostas pela Direção-Geral de Saúde para combater a pandemia da covid-19 . 86


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MUSEU DE PORTIMÃO ACOLHE EXPOSIÇÃO DE CORRIDA FOTOGRÁFICA ALUSIVA À COVID-19 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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rganizada desde 2001 pelo Museu de Portimão, este ano a 20.ª Corrida Fotográfica de Portimão sofreu uma profunda alteração e optou por uma edição designada «Especial Covid-19», face ao atual e inesperado contexto viral e à necessidade do cumprimento rigoroso de regras sanitárias, de distanciamento e confinamento. Não sendo oportuno o envolvimento individual e presencial de um grupo numeroso de participantes numa prova tradicionalmente circunscrita a Portimão, a Corrida Fotográfica de 2020 abriu-se à possibilidade de participação à distância via eletrónica de fotógrafos de qualquer ponto do país, tendo-se registado a inscrição de 138 interessados de dez

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nacionalidades, provenientes de 25 cidades, e o posterior envio digital de imagens entre 22 de maio e 28 de junho. A exposição, integrada nas comemorações do Dia da Cidade de Portimão, apresenta os melhores trabalhos premiados até dia 25 de abril de 2021, podendo igualmente ser apreciada no site do Museu de Portimão. «Tempos Estranhos», «Sinais de Distância», «Lugares de Esperança» e «Solidariedade» constituíram os quatro temas que estimularam e desafiaram o olhar atento e criativo dos participantes, num período de tão difícil e forte constrangimento social, assumindo-se simultaneamente esta iniciativa do Museu de Portimão como um importante contributo visual na recolha de testemunhos de um momento singular, para memória futura. Os

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vencedores desta edição foram: 1.º Prémio Francisco Martins; 2.º - Prémio Elsa Martins; 3.º Prémio - José Oliveira; 4.º Prémio - Hugo Esteves; «Prémio Jovem» - Matilde Gonçalves. Além destas categorias, a exposição integra ainda o «Prémio Especial do Júri», atribuído a Gonçalo Caetano, bem como as duas melhores fotos de cada um dos quatro temas referidos. Desta forma foram igualmente seguidas as indicações 101

da Unesco e do ICOM-Conselho Internacional de Museus, no sentido da recolha de referências históricas, culturais e sociais, neste caso fotográficas, representativos do impacto da pandemia no quotidiano das diversas comunidades. A exposição pode ser visitada às terças-feiras, das 14h30 às 18h, e de quarta-feira a domingo, das 10h às 18h. ALGARVE INFORMATIVO #276


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OPINIÃO O Grão da Voz Mirian Tavares (Professora Universitária) Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. João Cabral de Melo Neto

m dia desses, em meio a tantas videoconferências, lives e toda essa parafernália que nos torna mais próximos, mesmo à distância, ouvi uma entrevista que um amigo, de longa data, deu num canal do Youtube. Já não o ouvia há muito – a sua voz fez parte da minha vida durante mais de 10 anos e, aos poucos, fomos nos afastando e trocamos mensagens eventuais pelas redes. Ouvi-lo foi como retornar a um momento qualquer que estava guardado dentro de mim. Foi voltar a uma outra vida, que já foi minha, e que deixou de existir. E pensei na presença da voz – que não se vê, e muitas vezes nem se mede, mas que é tão forte como a presença, ela mesma. Tendemos a acreditar que são as imagens que nos trazem o(s) outro(s), mas a imagem já se desgastou de tanto ALGARVE INFORMATIVO #276

ser usada. Enquanto a voz, mesmo à distância, mantém o calor, as entonações, os graves e os agudos, a granulação que a torna única e que despoleta em nós as memórias. A voz da mãe que ouvimos, mesmo antes de a conhecer. A voz preenche o espaço e envolve-nos como um abraço apertado: ela diz, mesmo sem pronunciar palavras, da alegria do encontro, das dores, do assombro. O filósofo Roland Barthes, numa reflexão sobre a música, escreveu sobre aquilo que, para ele, era o que produzia o impacto que algumas vozes têm sobre nós: o grão. Que pode ser definido como espaço, ou ponto de fricção, da música, da linguagem e da garganta. É quando a voz traz, em si, a corporeidade de quem a pronuncia, traznos a aspereza do encontro entre a palavra, os sons, e a garganta que a produz. A fricção dá-nos um corpo por trás da voz. Por isso algumas vozes, por 110


Foto: Victor Azevedo

mais límpidas que sejam, não nos emocionam, falta o corpo e a sua possível falibilidade, falta a presença. E foi essa presença do amigo, reencontrada na sua voz, que me fez pensar nas ausências, na distância real que nenhuma virtualidade consegue atualizar. É quase Natal, momento em que nos sentimos (pelo menos eu me sinto) mais frágeis. Momento em que as ausências, dos vivos 111

e dos mortos, se fazem presentes. Momento em que queremos ouvir uma voz que nos console e acolha. Que nos envolva num abraço infinito e que nos diga, vai ficar tudo bem. Não sei se vai ficar tudo bem, mas quero acreditar que iremos encontrar algo que nos traga esperança e que nos aqueça a alma nesse inverno que já está a durar tempo demais. ALGARVE INFORMATIVO #276


OPINIÃO Oitava tabuinha - Fúrcula Ana Isabel Soares (Professora Universitária) nquanto o meu avô Xico foi vivo, talvez não tenha havido vez em que comesse galinha (ou galo) na casa do Moinho, à mesa com ele, em que não tenhamos feito a brincadeira: se calhasse a um de nós dois o ossinho da sorte – aquela forquilha frágil de osso em que se juntam as clavículas do ex-volante animal –, ele olhava para mim, sorria por baixo do bigodinho branco (que tão habituado estava à forma do sorriso dele) e dizia: “Agarra de um lado, que o avô agarra do outro. Agora, puxa”. Mãozinha minha, mãozona dele, cada uma tirava para o seu lado. O corpanzil do velho concentrava-se todo no tronco que assentava acima da mesa – e, tensa toda, ficava pequenina na força que aplicava ao braço-de-ferro. Muito poucos segundos depois, a forquilha estalava, estrepitava com um barulhinho de nada, o tronco do avô distendia-se e ele reganhava a estatura normal, alongada ainda pela extensão do sorriso; eu relaxava os músculos todos, focava os olhos no osso e depois no rosto do meu avô. O espanto de criança que mostrava era sempre novo, sempre de olhar de súbito escancarado, dirigido como ALGARVE INFORMATIVO #276

flecha amorável ao sorridente olhar dele. Os outros à mesa riam-se disto, abanando as cabeças. Sem se atreverem a verbalizá-lo, uns repreendiam o velho por insistir na brincadeira à hora de comer, outros era como se quisessem dizer que ele me enganava de cada vez e que eu, sem saber, era enganada. Para que era aquilo? Acreditava-se, dizia-se – quem teria dito nunca soube, nem acredito que ninguém, à volta da mesa naquelas ocasiões, soubesse ou se perguntasse – que o comensal a quem calhasse no prato a fúrcula, o tal osso de estranha geometria precisa, o lugar de união das forças vertebrais, de um voo que os tais bichos domésticos haviam perdido no tempo – que esse comensal teria de desafiar outro na mesa a romper a junção, a separar os dois ossinhos longilíneos, para decidir, a qual dos dois caberia, no corte, a pequena pá, o símbolo da junção. A esse ditaria o destino vida mais longa do que ao outro. Aquele que ficasse com a pazinha haveria de a usar para deitar sobre o corpo morto do primeiro um pouco da pouca terra de descanso. O meu avô insistia, e eu já esperava, de cada vez, que me desafiasse. Não houve vez nenhuma 112


Foto: Vasco Célio

em que a parte da pazinha ficasse com ele. Por isso sorria, no final do desafio, e acabava a cena a dizer: “Sim, senhor. Assim é que está certo”. Guardei a última forquilha de galinha (tão bem que nos deve ter sabido o guisado que a avó fazia) 113

dentro de um pequeno frasco, em álcool. No dia em que foi a enterrar o meu avô, levei-a comigo. Como se fosse a brincar, de tão pequeno que era o osso, colhi um nadinha de terra e, com esse nada, cobri tudo o que restava do corpo . ALGARVE INFORMATIVO #276


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #276

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