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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 26 de dezembro, 2020
«POESIA 21» NO CLUB FARENSE 25 ANOS DE MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA | «EL LICENCIADO VIDRIERA» 1 INFORMATIVO #277 MORTAIS | DANIEL KEMISH | CONCERTOS DE NATAL EM LOULÉ ALGARVE E QUARTEIRA
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36 - «Poesia 21» no Club Farense
20 - Comemorações dos 25 anos do Ministério da Ciência e Tecnologia em Olhão ALGARVE INFORMATIVO #277
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OPINIÃO 100 - Ana Isabel Soares 102 - Fábio Jesuíno 104 - Alexandra Rodrigues Gonçalves 108 - Nuno Campos Inácio 110 - Júlio Ferreira
74 - Orquestras deram Concertos de Natal em Quarteira e Loulé
50 - MorTais ao vivo em Loulé
28 - Albufeira apoia comércio local
86 - Daniel Kemish no Teatro Lethes 11
62 - «El Licenciado Vidriera» no Lethes ALGARVE INFORMATIVO #277
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Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
COMEMORAÇÕES DOS 25 ANOS DO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA ENCERRARAM EM OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Biblioteca Municipal José Mariano Gago foi o local escolhido para o encerramento, no dia 15 de dezembro, das comemorações dos 25 anos da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia em Portugal, numa sessão presidida pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e que contou igualmente com a ALGARVE INFORMATIVO #277
presença do edil olhanense António Miguel Pina, do presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, do Reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, e de outras personalidades ligadas ao ensino, ciência e tecnologia, regionais e nacionais. A escolha de Olhão, e da Biblioteca Municipal, pretendeu homenagear José 20
Alexandre Quintanilha
Mariano Gago, professor universitário, cientista e político com origens familiares na freguesia de Pechão e que foi a primeira figura a assumir a pasta da Ciência e Tecnologia, no Ministério fundado, em 1995, por António Guterres.
“Vinte e cinco anos após a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia em Portugal, podemos afirmar que a aposta no conhecimento tem de ser o nosso compromisso para o futuro e isso requer instituições científicas fortes, autónomas e abertas à formação, ao emprego científico, à criatividade e às novas fronteiras do conhecimento, de modo a fazermos face aos novos desafios societais, financeiros e culturais que emergem em Portugal e na Europa. 21
O desenvolvimento da nossa capacidade científica e tecnológica durante as últimas décadas representa hoje uma nova realidade para valorizar Portugal e os portugueses no mundo”, frisou Manuel Heitor, deixando ainda um elogio aos profissionais que fazem ciência e desenvolvem tecnologia em Portugal, e que “souberam colocar os
interesses coletivos à frente de eventuais interesses individuais ou corporativos, para efetivamente promover e estimular o desenvolvimento científico ao melhor nível internacional e criar no país instituições de referência europeia”. ALGARVE INFORMATIVO #277
António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão
A sessão foi aberta pelo presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina, que salientou a visibilidade que a investigação científica e a tecnologia têm assumido, sobretudo ao longo dos últimos meses, durante a pandemia. “A Universidade do
Algarve teve um papel primordial a nível nacional no que diz respeito à investigação e ao combate a este vírus, vindo provar, mais uma vez, o quanto é importante investir na ciência”, afirmou, sem esquecer, claro, José Mariano Gago, sepultado no cemitério de Pechão e que dá nome “a
um edifício que foi uma maternidade e que, depois de vários ALGARVE INFORMATIVO #277
anos desativado, foi transformado num local de saber e de conhecimento”. “Se havia necessidade de provar à população em geral o quão importante é apostar na investigação e na ciência, isso ficou demonstrado com esta pandemia que vivemos”, reforçou o autarca, antes de passar a palavra a Rosalia Vargas, Presidente da Ciência Viva, que prontamente reconheceu a importância das parcerias com o poder local e as instituições científicas para o trabalho que desenvolvem no dia-a-dia.
“Isto começou em 1995 e felizes daqueles que viveram esta história deste o princípio. Foi um 22
Rosalia Vargas, presidente da Ciência Viva
tempo em que não existia uma política científica concertada no país e vimos surgir um Ministro, José Mariano Gago, que criou, não só um serviço científico nacional, mas também a Ciência Viva, um programa nacional para a cultura científica e tecnológica”, recordou a dirigente. No Algarve existem três Centros Ciência Viva – Faro, Lagos e Tavira – cujos diretores, Cristina Veiga Pires, Luís Azevedo Rodrigues e Ana Ramos, respetivamente, partilharam com o Ministro Manuel Heitor um pouco do que tem sido este quarto de século de trabalho na região. “Mas há vontade
de criar no Algarve mais espaços destes que fazem a celebração da 23
ciência com as escolas. Todas as coisas, quando nascem, têm que ser acompanhadas e alimentadas para que cresçam e se reproduzam, para que sigam em várias direções e se adaptem aos novos tempos. Estamos a viver um tempo exigente, muito difícil, em que percebemos o valor da ciência e do conhecimento, e é importante não pararmos. Tudo flui e muda, pelo que necessitamos do apoio de todos, dos autarcas e investigadores, das universidades e politécnicos, dos Centros Ciência Viva, Quintas Ciência Viva e Clubes Ciência Viva”, salientou Rosalia Vargas. ALGARVE INFORMATIVO #277
No uso da palavra, Alexandre Quintanilha, Deputado e Presidente da Assembleia Geral da Associação para o Desenvolvimento do ABC – Algarve Biomedical Center, não escondeu a emoção de estar na Biblioteca Municipal José Mariano Gago, um homem cujo trabalhou acompanhou, umas vezes mais de perto, outras mais à distância.
“Sempre lhe disse que, se calhar, a contribuição mais importante e original que deu a Portugal foi o Ciência Viva, esta ideia de fazer sair o conhecimento da Academia, das Universidades e Instituições, das Escolas e dos Liceus, para o público em geral, para que fizesse parte das conversas normais das pessoas. Deu uma dinâmica muito maior à ciência ALGARVE INFORMATIVO #277
e felizmente, apesar de alguns soluços a meio do caminho, hoje temos alguém – Manuel Heitor – que o acompanhou durante algum tempo e que tem fortalecido sonhos que a pouco e pouco se foram tornando uma realidade”. Alexandre Quintanilha partilha da ideia de que a pandemia veio fortalecer a necessidade de se ter mais pessoas formadas nas ciências da saúde e mostrou-se satisfeito por Portugal estar “cheio de gente com
energia, paixão e uma vontade enorme de fazer coisas importantes”. “Às vezes ficam frustrados porque não conseguem concretizar logo os 24
seus anseios, porque leva tempo a convencer pessoas que são de difíceis convicções, mas é bastante confortante, para mim, assistir a uma energia que não existe em todos os países. As pessoas não desistem e querem fazer mais”,
pessoas, natural é sermos infetados e conseguirmos sobreviver, ou não. Uma vacina, não sendo natural, levanta-lhes bastantes questões”, lamenta,
observa o deputado da Assembleia República, antes de abordar alguns desafios que o deixam bastante preocupado. “O primeiro prende-se
primeira vacina foi descoberta há 223 anos por Edward Jenner… e a vacina da pólio, desenvolvida por Jonas Salk, não foi patenteada, ele ofereceu-a para ser usada por todos aqueles que precisavam dela. Hoje, verifica-se um grande interesse em muitos destes desenvolvimentos, que a Europa tem ajudado a combater, respondendo de forma integradora aos desafios que a pandemia está a apresentar. É um momento de esperança que gostaria de realçar”, concluiu
com o clima e o Algarve vai ser, de certeza, uma das regiões mais afetadas pelas alterações climáticas. A pandemia fez desaparecer um bocadinho a discussão climática, mas o clima é uma área muito curiosa, porque há 60 anos que sabemos o que vai acontecer. Desde 1957 que sabemos que o CO2 está a aumentar no planeta; que se previram muitas das coisas que agora estão a acontecer; que os governos, volta e meia falam que vão tomar atitudes, que não vão permitir que a temperatura do planeta suba mais de 1,5ºC. Hoje, já não é possível impedir que suba mais 2ºC. Portugal é, neste aspeto, uma referência, pois tem tido um papel muito significativo no que toca às energias alternativas”, declarou. Outra área que assusta Alexandre Quintanilha são os fortíssimos movimentos que estão a aparecer por esse mundo fora de dúvidas em relação à Ciência e ao Conhecimento. “Para essas 25
lembrando ainda que as pandemias não são novas na existência humana. “A
Alexandre Quintanilha. As comemorações encerraram em Olhão com o lançamento da coleção «Ciência & Conhecimento», uma iniciativa do Ministério comissariada pelo livreiro e antropólogo Luís Gomes, que reeditou as primeiras edições de oito obras relevantes para a promoção da cultura científica, como «A Origem das Espécies», de Charles Darwin, ou o «Livro de Algebra en Arithmetica y Geometria, de Pedro Nunes, e que foi oferecida a estabelecimentos de ensino, bibliotecas, escolas e Clubes Ciência Viva de todo o país .
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Paulo Alentejano, José Carlos Rolo e Paulo Freitas
MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA OFERECEU CHEQUES-PRENDA AOS ALUNOS DO CONCELHO PARA APOIAR FAMÍLIAS E DINAMIZAR COMÉRCIO LOCAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Município de Albufeira, em colaboração com a ACRAL – Associação de Comerciantes do Algarve, ofereceu um Cheque Prenda com o valor de 15 euros a todas a crianças e jovens que frequentam as instituições do concelho, ALGARVE INFORMATIVO #277
desde Creches e Jardins de Infância aos alunos do 1.º, 2.º, 3.º Ciclos e Secundário. No total, 8.125 crianças e jovens serão beneficiadas por esta medida cujo investimento ronda os 120 mil euros e que pretende apoiar as famílias nesta quadra festiva, canalizando recursos de maneira a dinamizar a economia local. 28
O voucher pode ser trocado numa rede de lojas e serviços aderentes, de 21 de dezembro a 31 de janeiro, tendo o protocolo sido assinado, no Auditório da EB 1 de Vale Pedras, no dia 17 de dezembro, por José Carlos Rolo e Paulo Alentejano, respetivamente os presidentes da Câmara Municipal de Albufeira e da ACRAL. “É mais uma das
muitas medidas que temos vindo a implementar desde o princípio de março, quando começou esta odisseia da covid-19. Têm sido meses muito difíceis, mas estou esperançado de que vamos ultrapassar esta fase dentro de pouco tempo e de que vamos retomar os nossos trabalhos, atividades e dinâmicas”, afirmou o
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edil albufeirense, recordando os efeitos dramáticos que a pandemia está a ter em todos os setores da economia nacional e regional. “O turismo
define-se pelo movimento de pessoas entre países e regiões e, a partir do momento em que tal não é possível, não há quem possa desfrutar de tudo aquilo que Albufeira tem para oferecer, nomeadamente no comércio, hotelaria e restauração. Albufeira tem cerca de 40 mil residentes, que não chegam, como é natural, para sustentar o tecido económico do concelho”, referiu José Carlos Rolo, recordando que, no pico do Verão, chega a estar meio milhão de pessoas em Albufeira.
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Neste sentido, muitas têm sido as iniciativas desenvolvidas pela autarquia albufeirense para acudir às famílias e empresários do concelho e José Carlos Rolo entende que este Cheque Prenda, apesar de envolver verbas simbólicas (15 euros), ajuda em duas frentes: “É um
contributo para a economia local e isso comprova-se pelas largas dezenas de estabelecimentos que rapidamente aderiram à iniciativa, mas, em simultâneo, é um apoio à manifestação de alegria dos mais jovens e de esperança no futuro. É ALGARVE INFORMATIVO #277
uma prenda de Natal para os alunos de Albufeira e agradeço aos Agrupamentos Escolares e IPSS do concelho pela ajuda em todo este processo”, declarou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, antes de desejar um Seguro, Santo e Feliz Natal a todos os presentes. No uso da palavra, Paulo Alentejano começou logo por dizer que “este é
aquele protocolo que eu preferia não assinar”, por evidenciar o momento extremamente complicado 30
frisou o presidente da Direção da ACRAL.
esperança de que a vacina seja a resolução de todos os nossos problemas, mas a realidade é que não sabemos para onde vamos. Desconfio que será muito difícil termos uma época alta já no próximo Verão. Se a Páscoa não trouxer uma retoma no movimento, será muito complicado para os pequenos comerciantes”, confessou o
“Estamos um pouco resignados à espera de um milagre de Natal, neste caso da Ciência, com a
Paulo Alentejano elogiou, entretanto, José Carlos Rolo e a generalidade dos
por que passam os estabelecimentos de comércio e serviços do Algarve.
“Estamos todos a tentar criar contributos para minorar a situação que atravessamos, mas os dados que possuímos são muito preocupantes e ainda não sabemos as reais consequências do elevado desemprego a que estamos a assistir no concelho e na região”,
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dirigente.
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Autarcas do Algarve, que depressa se mostraram disponíveis para abraçar todos os desafios que tenham em vista melhorar a situação das suas populações, e espera que esta iniciativa em concreto venha trazer mais fôlego ao comércio de Albufeira. “Têm sido exemplares em tudo”, assumiu o responsável pela ACRAL. Já Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, entende que este «Cheque Prenda» servirá também como movimento de educação que concentrará as atenções dos mais jovens no comércio local.
“Estão mais habituados às grandes superfícies e agora vão levar um cheque para casa para gastar na sua comunidade, no seu vizinho, na loja das pessoas que conhecem. A roda vai voltar a girar no sentido de aproximação, sem contato físico, de ALGARVE INFORMATIVO #277
ideias, de conceito social elevado. São novos tempos aqueles que vivemos e as autarquias, as associações e as IPSS não podem deixar de ser o suporte para aqueles que necessitam de ajuda e, se o dinheiro não circula, se a entreajuda não funcionar, nada se faz”, sublinhou Paulo Freitas. “A ciência diz-nos que tudo aglomerado leva-nos ao grande e estas pequenas iniciativas fazemnos acreditar que aquilo que aí vem será muito melhor, apesar das próprias limitações legais que, por vezes, impedem as autarquias de apoiar diretamente quem carece de auxilio”, concluiu o presidente da Assembleia Municipal de Albufeira . 32
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POESIA 21 ESGOTOU CLUB FARENSE NUM EXCELENTE SERÃO DEDICADO À CULTURA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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o âmbito da 44.ª Feira do Livro de Faro, organizada pela Biblioteca Municipal de Faro, o Club Farense recebeu, no dia 12 de dezembro, o projeto «Poesia 21», fundado há mais de uma década por Sónia Pereira e Paulo Pires com o intuito de dar a conhecer poetas portugueses e brasileiros dos Séculos XX e XXI. A missão do grupo de promoção e mediação interdisciplinares de leitura «Experiment'arte» já se encontra registado em disco, mas ao vivo tem outro sabor e colorido, como constatou a assistência que esgotou por completo a lotação deste emblemático espaço da capital algarvia. Em tom informal, umas vezes de acordo com o alinhamento, outras rumando ao sabor dos improvisos do programador cultural e acordeonista de eleição Paulo Pires, escutaram-se palavras sábias de
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outros tempos, mas que continuam perfeitamente atuais, pela voz envolvente da declamadora Sónia Pereira, bem como alguns textos mais humorísticos enquadrados na época natalícia que se vive. Sempre magistralmente acompanhados também pelo piano de Carlos Boita. “O
«Poesia 21» foi sonhado sobretudo como uma das prendas maiores que o grupo podia oferecer aos seus amigos, àqueles que dizem não gostar de Poesia e àqueles que são leitores compulsivos. E porque a Poesia e a Vida são indissociáveis a todas as grandes preocupações humanas, são aqui explorados temas como o Amor, Morte, Condição Humana, Poesia, Liberdade, (In)Justiça e A Arte de Ser Português”, explicam Paulo Pires e Sónia Pereira .
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MORTAIS SUBIRAM AO PALCO DO AUDITÓRIO DO SOLAR DA MÚSICA NOVA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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oitavo capítulo do Ciclo Ilustres Desconhecidos levou, no dia 19 de dezembro, ao Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, a banda MorTais. Vindouros maioritariamente do concelho de Olhão, mas com uma costela louletana, o grupo demonstra uma grande força e evidencia, nas suas melodias, o mar e as raízes da ALGARVE INFORMATIVO #277
vila mourisca e seus pescadores, mas a crítica e a sociedade também surgem com influências de «António Aleixo» na escrita usada. O projeto é formado por João Caiano (voz), Diogo Vilhena (guitarra), Bruno Viegas (bateria) e Vítor Campina (baixo/teclado) e levou ao rubro, com toda a sua energia e explosividade, a assistência que marcou presença neste equipamento cultural de Loulé . 52
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El Licenciado Vidriera recordou Miguel de Cervantes no Teatro Lethes Texto: Daniel Pina| Fotografia: Irina Kuptsova
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Karlik Danza Teatro de Cáceres trouxe à capital algarvia, mais concretamente ao Teatro Lethes, no dia 10 de dezembro, «El Licenciado Vidriera», inserido no Circuito Ibérico de Artes Cénicas. O espetáculo é uma adaptação do texto original e linguagem de Miguel de Cervantes, inspirado nos novos conceitos de dramaturgia, e funde o teatro textual e físico com o flamenco ao vivo, convergindo num símbolo de lamentos e choro da loucura do protagonista, e com um espaço sonoro ALGARVE INFORMATIVO #277
que termina a construção das atmosferas, transformando as composições musicais em verdadeiras referências com valor narrativo. Interpretado por Jorge Barrantes e Alberto Moreno, a Direção e Dramaturgia é de Cristina D. Silveira, com Adaptação e Assistência de Pedro Luis López Bellot, Cenografia e Adereços de David Pérez y Diego Ramos e Vestuário por Myriam Cruz. O Técnico de Som é Álvaro Rodríguez, o Vídeo é da responsabilidade de El Desván Teatro y Mara Núñez, o Desenho de Luz de David Pérez, numa Criação de La Nave del Duende . 64
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ORQUESTRAS DERAM CONCERTOS DE NATAL MUITO ESPECIAIS EM LOULÉ E QUARTEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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Grupo de Metais e Percussão da Orquestra Sinfónica Portuguesa, radicado no Teatro São Carlos, em Lisboa, realizou, no dia 15 de dezembro, no Cineteatro Louletano, um concerto de Natal que foi uma verdadeira viagem, não só pela música clássica, mas também por temas mais contemporâneos. Liderados pelo maestro José Eduardo Gomes, recentemente laureado com o primeiro prémio no «European Union Conducting Competition», os metais e percussão quiseram festejar o nascimento do «filho de um Deus» com as Três Cantatas de Johann Sebastian Bach, mas também assinalar uma época que celebra os «homens de boa vontade», selecionando ALGARVE INFORMATIVO #277
três das 14 Variações Enigma, de Edward Elgar, respetivamente dedicadas a Winifred Norbury, Augustus Jaeger e Arthur Troyte Griffith. A obra, de 1899, atribui cada variação a um amigo do compositor. A música de salão, cantada por e entre amigos, também teve lugar marcado, com «Jeanie with the Light Brown Hair» de Stephen Foster, canção enraizada há bem mais de século e meio na memória de todos os norteamericanos. Seguiu-se uma diversificada série de autores com composições relativas ou intensamente executadas durante a eufórica época natalícia: Hazell, Rogers, Tormé, passando por popularíssimos temas com arranjos para a formação de Metais e Percussão, desde o «Gelobet 76
sei der Herr mein Gott» ao «Ding, Dong, Merrily On High», numa festiva viagem musical que encantou a assistência. No dia 20 de dezembro foi a vez de Quarteira receber também o seu Concerto de Natal, na Igreja de São Pedro
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do Mar, desta feita pelas mãos da Orquestra Clássica do Sul, conduzida pelo Maestro Titular Rui Pinheiro, que interpretou obras de Samuel ColeridgeTaylor, Arcangelo Corelli, Pyotr Ilyich Tchaikovsky, Émile Waldeteufel e John Avery .
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DUAS NOITES DE SONHO COM DANIEL KEMISH NO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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epois do enorme sucesso alcançando em 2019, Daniel Kemish regressou ao Teatro Lethes, em Faro, nos dias 17 e 18 de dezembro, para proporcionar um Natal especial aos seus seguidores. Uma atuação em dose dupla e com registos diferentes que encantaram a assistência, em duas noites únicas e inesquecíveis com Daniel Kemish, a sua banda e alguns convidados especiais. ALGARVE INFORMATIVO #277
Na quinta-feira, o Teatro Lethes foi tomado por uma atmosfera de festa, com Daniel Kemish a aumentar o volume de alguns dos seus clássicos do rock e temas do seu novo álbum num registo bem rockeiro. A sexta-feira decorreu num estilo acústico, com músicas novas, antigas e algumas das suas canções favoritas. O resultado, em ambas as noites, foi o mesmo: momentos muito bem passados com este cantor e compositor britânico radicado no Algarve há largos anos . 88
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OPINIÃO Nona tabuinha - Raspas Ana Isabel Soares (Professora Universitária) Comi, comi, comi, Comi que me vi à rasca. Fui à do senhor doutor, mandou-me dançar o Raspa. Ó Raspa, ó Raspa, ó Raspa, o Raspa é coisa fina. Fui à do senhor doutor, mandou-me dançar o Raspa nas orelhas do Balbina.
“
uem é o Balbina?”, perguntei, enquanto a minha mãe entrava na cozinha a cantarolar, vinda da horta, carregando uma couve que só passou na porta quando se abriram as duas portadas. “Era um homem que havia lá na aldeia, que tinha umas orelhas muito grandes. Aquilo era uma canção que se ouvia há na rádio e os moços lá na aldeia adaptámos com a história do Balbina, e dançávamos assim: de mãos nas ancas, íamos saltando e raspando um pé e outro, à vez, no lancil do passeio do larguinho, quando o lancil ainda era de pedra inteiriça (e aguentaria a insistência de tais bailes mais do que os blocozinhos de betão que lá puseram). Agora já não
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consigo fazer, que não tenho pernas para isso, mas era assim, e fartávamonos de rir”. Agarrei na couve para lhe separar as folhas e as lavar. Tive de jogar os dois braços ao trabalho, com o tamanho que tinha: foi mexer-lhe mais um bocadinho e desataram a saltar para o chão rastejantes bichos bicolores, uma parte do inséctil corpo castanho, outra castanho mais escuro e uma espécie de gancho numa das extremidades, como se fosse a boca deles dois bracinhos encurvados em pinça – eram raspelhos a rasparem-se pelos ladrilhos fora, a escaparem às labaredas da lareira. A couve era a casa onde eles moravam, a casa que os alimentava (mas comeriam pouco, dentadinhas pequenas, que as folhas me apareceram inteiriças, cada semi-glóbulo na perfeição côncava, na convexa perfeição, rude e grossas, prontas para a panela onde o calor as amoleceria antes de ser eu, inseto gigante, a consumi-las). “Ficam estas folhas maiores aqui em água com uma coisinha de vinagre, e cozem-se amanhã com o bacalhau. Hoje ao almoço grelha-se aquelas presinhas de porco que ali estão, e faço estes talinhos pequenos refogados, com a cenoura, um bocadinho do nabo, a 100
Foto: Vasco Célio
abóbora e os tupinambos que o teu pai foi apanhar. Não queres fazer esta tarde um bolo, para termos aí amanhã e no dia de Natal?”. Faço, pois, pensei eu, que este ano me tem dado para o bolo de requeijão com canela e nozes. Ou esse ou um de cenoura. E acrescento-lhe a canela. Canela para cima de tudo, desde 101
as laranjas às fatias do pequeno-almoço até ao iogurtezinho à noite antes da deita. Feito o bolo, disposto na forma, o senhor meu pai entrou na cozinha e, antes que eu desse conta, agarrou na colher de pau e raspou a tigela até ao último vestígio de massa crua . ALGARVE INFORMATIVO #277
OPINIÃO Bem-vindos ao mundo da TikTokolândia Fábio Jesuíno (Empresário) ejam bem-vindos à TikTokolândia, um mundo cheio de entretenimento e diversão com uma população de 800 milhões de pessoas. As redes sociais são plataformas de socialização, onde maioritariamente se partilham textos, fotografias e vídeos. O vídeo ainda não estava verdadeiramente explorado na sua totalidade, principalmente a componente do divertimento acessível a todos, lacuna que o TikTok veio colmatar com muito sucesso. Desde o início da pandemia de Covid19, a rede social TikTok tem apresentado taxas de crescimento muito altas em todo o mundo, ultrapassando as maiores redes sociais do momento, como o Instagram e o Facebook na maioria dos países.
nunca antes vistas na área das redes sociais, que corresponde a mais de um milhão de utilizadores activos. Esta rede social já era muito popular antes da pandemia entre os mais jovens, mas agora atrai utilizadores de todas as idades, tornando-se abrangente a todas as faixas etárias. Com o sucesso do TikTok surgiu uma nova profissão, os TikTokers, indivíduos que se dedicam a criar conteúdos em exclusivo para esta plataforma, em alguns casos, altamente lucrativa. O TikTok é altamente viciante e vai continuar a crescer de uma forma elevada nos próximos tempos, é sem dúvida uma rede social a ter em conta nas estratégias de comunicação das empresas, principalmente neste momento, onde ainda poucas empresas a incluem nas suas estratégias de marketing digital, fazendo com que seja uma grande oportunidade de destaque com um baixo investimento .
A febre do TikTok também chegou a Portugal, onde nos últimos meses tem apresentado taxas de crescimento
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OPINIÃO O que se segue? | What’s next? 1 Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve) uando a esperança parecia despontar, eis que se ergue uma enorme incerteza. A nova variante do Covid-19. E onde se está a manifestar de forma mais intensa? No nosso principal mercado emissor de turistas, o Reino Unido… dado positivo parece ser a eficácia das vacinas no combate a esta nova estirpe. Nestes últimos dias de 2020 o turbilhão de coisas que nos passam pela cabeça dificultam a escrita, mas certamente é um ano que nenhum de nós esquecerá, pelas marcas fortes e profundas que irá deixar, individual e coletivamente. Mudando o curso da conversa e falando de variantes, mas de outras… Ontem percorri a conhecida Estrada Nacional 125 – a 125 azul da canção dos Trovante – e valerá a pena regressar à letra, assim como ler para além das palavras. Esta Estrada Nacional não tem sido eternizada pelos melhores motivos e sobretudo entre os algarvios as perpetuadas promessas de requalificação repetem-se ano após ano, Governo após Governo. E ALGARVE INFORMATIVO #277
digo-vos é uma verdadeira aventura percorrê-la. Todo o Algarve continua a padecer da crónica falta de mobilidade interurbana ou inter-concelhia. Há uma notória incapacidade de criar soluções que facilitem a mobilidade horizontal e verticalmente no Algarve, o que resulta grandemente da falta de votos da Região, que pela sua população residente permanente não consegue ter voz para se fazer ouvir e conquistar os investimentos necessários da administração pública, mas também da falta de vontade das empresas privadas em reivindicar de forma veemente. Continua o Algarve a viver numa excessiva dependência das demandas de Lisboa, sofrendo com Turismo a mais, sofrendo com Turismo a menos, mas sofrendo sempre, e conquistando muito pouco, ano após ano, nas prioridades de investimento dos Governos. Se em dados momentos somos grandes pelos contributos para a riqueza nacional e se discursa sobre a excessiva monocultura do Turismo, da sua sazonalidade, da necessidade de diversificar mercados, da pressão que o Turismo exerce sobre o território, no momento atual, padecemos 104
da sua inexistência, com tudo o que de mau isso representa: desemprego, perda de rendimento, desigualdade social, incerteza no futuro. Os Algarvios dizem-se marafades ou à boa maneira do sotavento, marfadu, mas isso de que adianta? Será que a sua bravura e resiliência desapareceram? Existe um contínuo discurso sobre a falta 105
de lideranças e um descontentamento generalizado com os políticos e as políticas. Eu vejo novas lideranças a despontar, mas não estão nos partidos, encontram-se na sociedade civil, nos espaços de conhecimento, nas iniciativas empreendedoras e inovadoras que vão emergindo e que de vez em quando fazem notícia, nas áreas da ciência, da saúde, do ambiente, entre outras. ALGARVE INFORMATIVO #277
Está a soprar uma brisa marítima de esperança na nossa Ria Formosa - a Comissão Europeia elegeu o projeto «Culatra 2030» como exemplo de especialização inteligente no Algarve. Os responsáveis pelo projeto, sob coordenação da Universidade do Algarve, incluem em parceria a Associação de Moradores da Ilha da Culatra, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e o Município de Faro, que estão em conjunto a trabalhar um novo modelo de governança. Este é um projeto que já é referência e está a ser reconhecido internacionalmente, mas outros carecem do mesmo carinho e necessitam de ser mais do que «projetos» e devem fazer parte de um modelo de desenvolvimento regional que nos transforme e crescentemente autonomize e sustente. Os ciclos de fundos europeus são crescentemente restritivos e não podem ser a única fonte de financiamento das administrações públicas (nos seus vários níveis). Eu sei que não disse nada de novo e que estamos num esforço individual enorme neste momento, mas temos de ser mais Algarve. Este mosaico cultural tem uma enorme riqueza e, sobretudo, tem condições de desenvolvimento sustentado. Carece de investimentos estruturantes como os já referidos, mas pode ter outros estruturais, que alavanquem novas riquezas, exemplo disso, temos o Algarve Tech Campus. Neste momento vamos devagarinho e diria mesmo que estamos em modo de «Pause» à espera que nos digam que podemos regressar a viver e a avançar ALGARVE INFORMATIVO #277
sem medos. Será que isso vai ser possível? Dizem que sim e dizem que afinal não. Mais uma vez a vacina que ia chegar já ao Algarve, afinal vai demorar um pouco mais.
Má que jête? Parece que vem ai uma «Bazuca» – uma designação, a meu ver algo infeliz, para designar um pacote financeiro que irá apoiar a recuperação dos Estados membros da União Europeia póspandemia. Nas reservas algarvias esperase que seja tempo de finalmente as prioridades serem concretizadas. Os diagnósticos existentes sobre as necessidades ocupam muitas gavetas e têm estado em vários discursos de pensadores. Faça-se! Assim sendo perguntam “o que se segue?/ what’s next?”. Segue-se o próximo ano! Uma aparente resposta fácil. Desculpem lá estas patochadas de fim de ano. Finalmente, direi que este seja um ano 2021 de retoma, de saúde, de alegria para todos, e que a esperança reine entre nós, independentemente dos projetos X ou Y. Que seja um ano de mais Algarve para os algarvios, e para todos os que aqui residem e nos visitam, pois só assim será um melhor ano para Portugal . 1 - Esta designação refere-se à marca associada ao ciclo de conversas criada no âmbito dos Cursos de Licenciatura em Turismo e em Gestão Hoteleira, da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve
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OPINIÃO 2020 - Uma lição para o Algarve Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) 020, que ora se aproxima do seu término, foi um «annus horribilis» para a região algarvia. Muitos dirão que o foi, igualmente, para todo o país e para todo o mundo e seremos obrigados a concordar. No entanto, nesta nave celestial que nos transporta, não estamos todos na mesma divisão, nem no mesmo patamar. O Algarve tem especificidades incomparáveis com as demais regiões nacionais porque, além das vicissitudes que resultaram do cenário pandémico, por efeitos da sazonalidade, a região já estava em serviços mínimos desde Outubro de 2019 e paralisou depois dos empresários terem despendido as últimas poupanças na preparação do novo ano turístico e dos funcionários queimarem os últimos meses de subsídio de desemprego ou de renovação do contrato de trabalho.
contribuinte líquido no rácio de receitas geradas por investimento realizado. 2 – As placas de auto-estrada e a denominação de «Região do Algarve» não conferem nenhum estatuto, nem a tornam digna de qualquer tipo de medidas especiais ou extraordinárias tendo em atenção as especificidades regionais. 3 – A demagogia dos governantes para com a região é muitíssimo mais perversa do que a soma demagógica de todas as oposições, não se inibindo de anunciar planos específicos que nunca se realizaram, medidas de apoio especiais que nunca foram implementadas e obras previstas há trinta anos para serem concretizadas na próxima década, como se esses anúncios ocos de concretização alterassem em alguma coisa a vida das populações.
Chegados ao final do ano, mais importante do que chorar sobre o leite derramado é apreender as lições que este ano trouxe para a nossa região, que, para mim, são:
4 – Ficamos a saber que até o novo Hospital Central resultará de uma parceria público-privada, que, segundo o relatório do Tribunal de Contas, custa mais cem milhões de euros do que se fosse feito como obra pública.
1 – O Algarve e os algarvios estão por sua conta e risco para fazer face às dificuldades, apesar de ser o maior
5 – A alteração efectuada no método de escolha dos dirigentes da CCDR não foi mais do que isso, uma alteração de
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método, que não torna esse órgão mais, nem menos representativo do que já o era, deixando mais uma vez a população alheada da escolha democrática. 6 – Descobrimos que a TAP não conta para o Algarve, nem o Algarve para a TAP, salvo com o pagamento dos impostos gerados na região e canalizados para Lisboa. 7 – Descobrimos que, se não fosse o poder autárquico, muitas famílias estariam completamente desprotegidas. Com estas lições apreendidas, restanos projectar o futuro pós confinamento, quando a região retomar a normalidade e o tecido económico regenerar. Sabemos que, nesse dia, 109
como nas últimas três décadas, seremos chamados a contribuir com os tradicionais sete mil milhões de euros de receitas, recebendo as migalhas que do centralismo nos quiserem dar. Espero que, nesse momento, depois de ter feito a sua travessia no deserto entregue a si mesma, a região tenha a lucidez de dizer BASTA! Que 2021 nos traga novos ensinamentos de união e reivindicação regional, para que possamos, confrontados com qualquer outra crise futura, ficarmos entregues a nós mesmos, mas com condições políticos, administrativas, económicas e sociais autónomas e capazes de fazer face às adversidades . ALGARVE INFORMATIVO #277
OPINIÕES, REFLEXÕES E DEMAIS SENSAÇÕES
A história que já devia ter sido contada… Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) odos os anos, por esta altura, quando me pedem que escreva alguma coisa sobre o Natal, reajo de mau modo. “Outra vez, uma história de Natal? Que chatice!” — digo. A razão é muito simples: é que nesta altura do ano ainda é mais difícil escrever algo com piada, temos sempre de fazê-lo com pezinhos de lã. E, para não ferir suscetibilidades, quem pagam as favas são sempre os duendes, as renas ou mesmo o velho do Pai Natal, o único gajo que entra nisto do Natal, sem saber como, à pala de uma cunha de uma bebida gaseificada. As pessoas ficam muito chocadas quando eu falo assim, mas já repararam que nos últimos anos a estrela do menino brilha muito menos que a estrela do anúncio dessa bebida gaseificada? O menino oferece vida eterna e a bebida através de um velhote simpático, oferece prendas, muitas prendas… Mas vamos ao que interessa! Uma história curta, uma coisa leve, talvez um pouco insensata, graciosa, cómica até. Pois eu tenho algo que vos vai surpreender pela positiva. Quase sempre, nos contos de Natal, é dia ou noite de Natal. Neste, curiosamente, também…não!
Era uma vez e um dia como outro qualquer, mas há bué de tempo atrás, num reino não muito longínquo e num tempo onde tudo era lindo, mágico. Existiu um menino especial. Um «maluco» que teve a brilhante ideia de ser, e de pensar diferente, a prova provada que naquele tempo já existiam ovelhas negras nas famílias, os judeus que o digam (vou mostrar este texto à minha família, para ver se a partir de agora me vêm com outros olhos). Já depois dos trinta, Jesus chegara há poucos dias a Jerusalém, dirigia-se para casa com alguns sacos de compras na mão. Quando dobrou a esquina, depara-se com uma multidão eufórica e pronta para um linchamento. A casa estava cheia. Os bilhetes todos vendidos. Os garrafões de vinho estavam abertos, as linguiças estavam a assar, os homens com aspeto de ser indivíduos desagradáveis, de quem ninguém gosta, arrancavam furiosamente as pedras da calçada romana acabada de fazer, para arranjar munições para o apedrejamento. Bem próximo do local, um porteiro que rasgava os bilhetes, confirmava a veracidade dos testes negativos do Covid e a autenticidade das pedras de calçada original (não eram admitidas cópias) e a pergunta a quem chegava:
Pois bem, aqui vai… - É uma pessoa sádica, parva e desagradável? O primeiro e único encontro entre Jesus e um Tuga. Peço desculpa pelas incoerências (poucas) históricas e cronológicas que este conto contém. ALGARVE INFORMATIVO #277
- Sou, sim. - Então pode entrar. 110
- Quem nunca errou, que atire a primeira pedra!!! Ora , nesta altura um jovem Tuga, de segunda geração (mais uma prova de que existe um português em todo o lado) que estava no meio da multidão... olha para Maria Madalena... olha para o chão... olha para Jesus... olha mais uma vez para o chão ...olha novamente para Maria Madalena... apanha uma daquelas belas pedra de calçada, que por ali estava, polida, umas boas 400 gramas do melhor mármore da zona, bem afiada nas arestas... e tunga, atirou-a a Maria Madalena, que, atingida em plena testa, dá dois mortais encarpados, com meia pirueta à retaguarda e aterra inanimada no chão. Ao ver o que o pequeno tuga tinha feito, Jesus Cristo franziu o sobrolho, praguejou umas coisas em aramaico, aproximou-se dele e disse: - Obrigado. Mas olhe, vocês mudaram de fornecedor das pedras? É que estas me parecem muito fininhas, sem a qualidade habitual.
- Mas...mas... qué isto pá?! ... estragaste tudo!! Mas, mas, mas tu nunca erraste???? E o tuga respondeu:
Maria Madalena ia ser castigada pelos seus pecados. Parecendo que não, já pra não falar dos sacos de compras que segurava com alguma dificuldade, aquele cenário não vinha nada a calhar e lixava-lhe a tarde toda. Na verdade, até lixava o fim-de-semana todo. Ainda assim, lá fez o que tinha que ser feito. Jesus resolveu intervir! Coloca-se ao lado de Maria Madalena e vira-se para a multidão: - Porque vão vocês linchar esta mulher?! (...silêncio...) - Pelos erros que ela cometeu e já se arrependeu!? (...algumas pessoas baixam a cabeça, envergonhadas...). Jesus está confiante, contente consigo próprio. Corre-lhe bem o discurso. E remata triunfante: 111
- A esta distância não, Senhor... FIM! A história da cigarra e da formiga mostranos que é importante precaver o futuro. A história da tartaruga e da lebre avisa-nos para os perigos da sobranceria. Esta história, este conto de Natal (que não se passa no Natal) não nos ensina porra nenhuma, mas já fico feliz se provoquei o seu sorriso. Vivam esta quadra, sempre com um sorriso nos lábios e tentem ser um pouco do que ele foi… mas a sério!!! Restos de um Feliz coiso e um ano completo, cheio de cenas!!! .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #277
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