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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 13 de fevereiro, 2021
ADRIANA FREIRE NOGUEIRA: “PANDEMIA NÃO PODE DEMOVER A CRIAÇÃO CULTURAL”. «IDEIAS EM CAIXA» PROMOVE EMPREENDEDORISMO | VÍTOR ALEIXO 1 ALGARVE INFORMATIVO #280 MÁRIO LAGINHA EM LOULÉ | REDE REGIONAL DE PRODUTORES LOCAIS
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46 - Hugo Barros do CRIA
16 - Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé
26 - Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve
56 - Mário Laginha Trio no Cineteatro Louletano
OPINIÃO
36 - Adriana Freire Nogueira, Diretora Regional de Cultura do Algarve ALGARVE INFORMATIVO #280
68 - Paulo Cunha 70 - Mirian Nogueira Tavares 72 - Ana Isabel Soares 74 - Adília César 76 - Fábio Jesuíno 78 - Vera Casaca 80 - Nuno Campos Inácio 82 - João Ministro 8
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MUNICÍPIO DE LOULÉ TEM 190 MILHÕES DE EUROS PARA INVESTIR EM 2021 E VÍTOR ALEIXO DESTACA A ESTRATÉGIA LOCAL DE HABITAÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oulé celebrou, a 1 de fevereiro, o seu 33.º aniversário de elevação a cidade, mas as habituais cerimónias que marcam, ano após ano, esta data, deram lugar, desta feita, a um programa exclusivamente online.
“Infelizmente este ano não podemos comemorar este dia da mesma forma que em edições ALGARVE INFORMATIVO #280
anteriores, temos que nos adaptar a esta circunstância difícil da pandemia, mas aqui estamos para vos dizer que Loulé é uma terra que tem evoluído muito nos últimos 33 anos”, disse na ocasião o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, lembrando que a gestão da crise sanitária e socioeconómica tem marcado a ação 16
da autarquia que lidera ao longo do último ano. Vítor Aleixo recordou o trabalho realizado para encarar este problema de saúde pública, desde a criação de equipamentos de apoio à prevenção e combate à SARS-Cov2 – como a área dedicada a doentes respiratórios de Loulé, as zonas de apoio à população ou a implementação do «Drive-Thru» no Estádio Algarve – às ações de rastreio com a testagem em massa em lares e escolas do concelho. Do mesmo modo surgiram instrumentos de apoio à população como as linhas telefónicas «Loulé Solidário», «Apoio Médico Escolar» e «Educação Solidária», o apoio alimentar através do refeitório social e da entrega de cabazes e ainda a utilização do programa de georeferência para verificar as necessidades da população isolada do interior do concelho durante o período de confinamento. As vicissitudes desta pandemia para a economia local também não foram esquecidas e Vítor Aleixo falou do conjunto de respostas de apoio ao tecido empresarial desenvolvidas pelo Município de Loulé, nomeadamente às micro, pequenas e médias empresas, em complemento com as medidas governamentais. “Tem sido um ano
muito difícil porque nos vimos confrontados com uma nova doença motivada por um vírus desconhecido e que interrompeu, de forma abrupta, o nosso dia-a-dia em sociedade. Tivemos que alterar rotinas, serviços e prioridades, para além de adiar alguns projetos. 17
Temos gerido a situação com muita preocupação e partilhando a angústia das pessoas que estão à nossa volta”, desabafou Vítor Aleixo, já em conversa com o Algarve Informativo. “Mas aqui estamos na
luta, ao lado de todos aqueles que precisam da nossa mão e sempre acreditando que havemos de ultrapassar este período difícil e que o mundo, o país e o nosso concelho vão sair deste pesadelo que estamos a viver”, reforça. A pandemia por covid-19 atingiu o Algarve quando todos os orçamentos municipais já tinham sido aprovados e estavam a ser executados, mas em Loulé não se hesitou em alterar, conforme referido, as prioridades, com o objetivo primeiro de acudir às pessoas, famílias e empresas. E, apesar da quebra das receitas, a Câmara Municipal de Loulé apresenta para 2021 um pacote fiscal que, à semelhança do que tem vindo a acontecer desde 2015, aposta no desagravamento dos impostos, como forma de apoio às famílias e empresas do concelho. Assim, o Orçamento Municipal prevê a não aplicação dos 5% da participação de variável de Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), a fixação do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) na taxa mínima de 0,3%, a eliminação da derrama nas empresas, reduções de 20, 40 e 70 euros (montante fixo) na taxa de IMI, de acordo com o agregado familiar, bem como a minoração de 30 por cento adicional para as habitações das ALGARVE INFORMATIVO #280
freguesias do interior. “Não fazia
nenhum sentido, nesta altura, aumentar impostos. Isso foi possível porque houve uma grande redução de despesas relacionadas com os muitos acontecimentos culturais e desportivos que tiveram que ser adiados ou cancelados, dinheiro que foi alocado às novas necessidades de ajuda às pessoas e às instituições particulares de solidariedade social”, explica Vítor Aleixo. No que toca à competitividade das empresas, a Câmara Municipal de Loulé continuará, em 2021, a não aplicar a Derrama às empresas e, simultaneamente, irá investir 3,3 milhões ALGARVE INFORMATIVO #280
de euros nas áreas empresariais de Loulé e de Vilamoura e no espaço para incubação de empresas no Ameixial, numa clara aposta na fixação de novos negócios e na promoção de internacionalização das empresas já existentes no território. Também as medidas adotadas em 2020 de isenção de pagamento de diversas taxas municipais, nomeadamente relacionadas com a ocupação da via pública, terão continuidade até ao final de 2021, com o objetivo de apoiar a economia local, particularmente os setores do comércio e restauração, fortemente afetados pela pandemia.
“É verdade que adiamos alguns projetos, mas o investimento público continua a ser um vetor estratégico da nossa ação para 18
este ano, por se tratar também de uma resposta de provas dadas, e com eficácia estudada e experimentada noutras circunstâncias, seja no nosso país, como noutras geografias. É nos períodos de crise que o investimento público mais se justifica, para estancar a quebra da atividade económica, para segurar 19
os níveis de empregabilidade, para injetar dinheiro para colocar a economia a funcionar”.
“PREOCUPA-ME MAIS OS EFEITOS DA COVID DO QUE AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS” Assim sendo, ao mesmo tempo que se «atacava» a doença e o modo como ela afeta as famílias e instituições, ALGARVE INFORMATIVO #280
manteve-se um nível significativo de investimento camarário. Na Educação, por exemplo, está contemplado o reforço do parque escolar do concelho com a construção de duas escolas do 1.º Ciclo, em Loulé e Quarteira, e de uma nova creche na zona do Forte Novo, em Quarteira. A Saúde é uma área em que a Câmara Municipal de Loulé passou a ter competências acrescidas desde o dia 1 de janeiro de 2021 e, nessa área, vão arrancar as obras de ampliação e melhoramentos das Extensões de Saúde de Almancil e de Quarteira, para além da construção do novo Edifício de Saúde em Loulé e das instalações do INEM no Algarve. No que concerne à Mobilidade e Qualidade de Vida, o Município de Loulé tem previsto um investimento de cerca de 51 milhões de euros na construção de novos acessos e nas requalificações e beneficiações de diversas vias de comunicação. Destaque
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ainda para o investimento do novo Mercado Municipal de Quarteira, bem como para o reforço das redes de água e saneamento básico, num investimento, em 2021, de 25,2 milhões de euros. E não esquecer igualmente o início da construção do Pavilhão Multiusos de Almancil, um investimento de cerca de 13 milhões de euros. “Não foi a emergência da
pandemia que nos fez abrandar os nossos propósitos de investimento no concelho. Em 2020 realizamos investimentos importantes na requalificação do espaço urbano envolvente à Mira Serra, concluímos obras de abastecimento e saneamento básico no Monte Seco e de Clareanes até ao Carvalhal,
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criamos um estacionamento de grande dimensão em Loulé e outro em Quarteira. No final do ano terminamos dois grandes investimentos no Passeio das Dunas, também em Quarteira, e os passadiços que vão do Garrão e Ancão até ao Ludo. A Avenida do Cemitério, a Rua Humberto Pacheco, também foi concluída em Loulé e, muito em breve, avançam as importantíssimas obras de reabilitação da Igreja Matriz”, revela o entrevistado. A par de um Orçamento Municipal de 190 milhões de euros para 2021, as Grandes Opções do Plano, que definem a orientação estratégica do Município de Loulé para o período de 2021–2025, assentam no conceito de um concelho mais inclusivo, mais coeso, mais 21
competitivo e mais sustentável. Nesse pressuposto, em matéria de apoio às pessoas e famílias, serão investidos mais de 108 milhões de euros em áreas como a habitação, a educação, a saúde e a intervenção social. E, caso a pandemia se prolongue e a situação não evolua de forma positiva, Vítor Aleixo assegura que a autarquia louletana está preparada para enfrentar a situação. “A política
sanitária é prioritária e temos alocados importantes recursos camarários à defesa da saúde pública e para auxiliar, suplementarmente às medidas do poder central, o tecido empresarial do nosso concelho. Se for necessário, poderemos rever algumas das opções tomadas para 2021. Isso não significa abandoná-las, mas ALGARVE INFORMATIVO #280
deslocalizá-las mais para a frente no tempo, para acorrer a qualquer eventualidade que nos obrigue a investir mais no apoio às pequenas e microempresas e às famílias. Acreditamos que, a partir da Primavera, possamos estar numa situação mais favorável – sabendo de antemão que essas previsões são muito falíveis – mas estamos esperançados que a economia possa começar a recuperar e a retomar algum ritmo de crescimento”, declara o edil louletano. Muito se tem feito, sem dúvida, nos últimos anos no concelho de Loulé, umas obras mais visíveis do que outras, até porque a pandemia tem impedido a realização de inaugurações públicas, mas ALGARVE INFORMATIVO #280
o executivo socialista liderado por Vítor Aleixo não se tem livrado de alguns ataques mais «ferozes» da oposição… e não nos podemos esquecer que 2021 é ano de eleições autárquicas. O entrevistado garante, todavia, que está muito mais preocupado com os efeitos nefastos da covid-19 do que nas eleições que terão lugar a seguir ao Verão. “Neste momento estou
concentrado na situação difícil que as empresas atravessam, na angústia das famílias, dos pais que estão em casa com os filhos que não têm aulas presenciais. Não vou dizer que as eleições autárquicas não são uma matéria sobre a qual não pensamos, isso seria hipocrisia da minha parte, mas todo o executivo está focado sobretudo na gestão da crise. A 22
oposição fará e dirá o que entender, nós prosseguimos com o nosso trabalho. Temos confiança na trajetória que traçamos e é por aqui que iremos, serenamente, concretizando os nossos objetivos e adaptando-os a uma situação que é bastante volátil e que, às vezes, muda de um dia para o outro”, frisa Vítor Aleixo. E o presidente da Câmara Municipal de Loulé não quis terminar a conversa sem confessar que 2020 foi, para si, um ano extremamente importante devido à operacionalização da Estratégia Local de Habitação, cujos primeiros passos foram dados com a assinatura do protocolo com o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana no âmbito do «Primeiro Direito».
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“Este ano vamos já atribuir os primeiros fogos de habitação ao abrigo do acordo assinado com o IHRU. Temos objetivos ambiciosos no domínio da habitação e, para tal, compramos lotes, estamos a adquirir habitações para realojar pessoas, vão ser assinados os contratos para se iniciar a construção de 17 fogos em Salir. O Gabinete de Gestão de Habitação tem realizado um trabalho bastante intenso e que vai começar a dar os primeiros resultados já em 2021 para ajudar as pessoas carenciadas de uma habitação digna no concelho de Loulé”, conclui Vítor Aleixo .
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REDE REGIONAL PRETENDE APROXIMAR AINDA MAIS OS PRODUTORES LOCAIS DOS CONSUMIDORES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oi dado, a 3 de fevereiro, o «pontapé-de-saída» para o projeto de criação da Rede Regional de Produtores Locais do Algarve, por iniciativa da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural e de três Associações de Desenvolvimento Local com intervenção territorial no Algarve, ALGARVE INFORMATIVO #280
nomeadamente a Vicentina, In Loco e Terras do Baixo Guadiana. O projeto, resumindo, visa a implementação, a nível global do Algarve, de uma rede que integre a produção local do agroalimentar, a sua preparação e escoamento. A inventariação da oferta, capacitação/apoio técnico e organização/incremento da produção local, infraestruturas logísticas, animação da oferta e sensibilização 26
para o consumo local são outras das dimensões a estruturar com este projeto, conforme explicou Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, ao Algarve Informativo. “Muitos produtores que
vendiam essencialmente para o Canal HORECA viram a sua atividade bastante afetada pela pandemia, porque a restauração parou por completo. Uma das alternativas foi apostar em plataformas digitais, mas estas, normalmente, apenas divulgam o que existe. Disponibilizam as coordenadas geográficas dos produtores e o que produzem em cada época do ano, mas não tratam da comercialização, o que implica que o consumidor entre em contato direto com o produtor. A nossa vontade é aumentar a amplitude dessas ferramentas e criar uma rede que não se esgote quando a pandemia terminar e o Canal HORECA voltar a funcionar, mas sim que seja sustentável a médio e longo prazo”, afirma o entrevistado. Os primeiros passos são, agora, definir linhas de trabalho e encontrar fontes de financiamento para apoiar as explorações de menor dimensão, aquelas que não escoam a sua produção para as grandes superfícies ou para o mercado externo.
“Os maiores produtores têm-se aguentado melhor durante a crise, alguns até reforçaram as suas vendas, como é o caso dos 27
citricultores, cujas exportações subiram, se calhar porque a Vitamina C ajuda a aumentar as defesas imunitárias do organismo. Os pequenos frutos vermelhos e as flores ornamentais também estão a recuperar, os pequenos produtores e os vitivinicultores é que têm sofrido mais”, revela Pedro Valadas Monteiro, esclarecendo, porém, que podem aderir à nova rede produtores locais de qualquer setor. A rede nasce, então, da necessidade dos produtores locais encontrarem canais alternativos de escoamento e assim garantirem a viabilidade das suas explorações, mas as próprias entidades envolvidas consideram muito positivas as cadeias curtas de comercialização e a maior proximidade entre produtor e consumidor. “E a pequena
produção agroalimentar local é importantíssima até para a própria ocupação harmoniosa do território. Se não for a agricultura, como é que fixamos as pessoas no interior? Essas pessoas vão viver do quê? Sem a pequena produção agroalimentar há mais desertificação do interior, os territórios ficam ao abandono, devolutos”, assegura Pedro Valadas Monteiro. O Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve garante igualmente que existe procura para a pequena produção local da parte dos ALGARVE INFORMATIVO #280
consumidores finais, conforme se verificava em todos os mercadinhos e feiras que se realizavam regulamente um pouco por todo o Algarve. O problema é que, com a pandemia e o consequente confinamento e encerramento de praticamente todas as atividades económicas, perdeu-se essa ligação, reconhece o entrevistado. “Este
projeto tem várias dimensões e uma delas é precisamente a inventariação e cadastro dos diversos produtores espalhados pelo Algarve, o que produzem, em que quantidades, em que épocas do ano. Depois, o intuito é facilitar a comercialização desses produtos, inclusive até mesmo para fora da região, contornando as dificuldades que emergiram do não funcionamento dos mercados de proximidade”. Não basta, contudo, criar-se esta base de dados de produtores locais, há que dar-lhes formação e apoio técnico, em questões ligadas ao licenciamento e legalização de atividades, ao cumprimento das normas de qualidade e segurança alimentar, às especificidades da agricultura biológica. Só que, a par desta capacitação dos produtores, é também necessário sensibilizar os consumidores para a importância de se consumir local e fazer-lhes ver a qualidade da produção local. E tudo isso será mais fácil com a criação da Rede Regional de Produtores Locais do Algarve, acredita Pedro Valadas Monteiro. “Ficamos a saber onde
que produzem, damos-lhe apoio técnico e formação e, acima de tudo, motivamos o surgimento de novos produtores. Atualmente, as pessoas ficam desincentivadas porque não sabem onde é que vão vender os seus produtos, como é que vão ganhar o seu sustento. Existindo uma rede formal que coloca em contato produtores e consumidores e que garante um determinado escoamento, aumenta a atratividade para este setor”, salienta.
TORNAR A AGRICULTURA MAIS SUSTENTÁVEL E ATRATIVA Para que a rede tenha mais sucesso e perdure no tempo é necessária massa crítica, que se garanta que a oferta depois tem capacidade para responder à procura, tanto em quantidade e qualidade como diversidade. E os próprios produtores têm consciência dos benefícios de trabalharem em rede.
“Com a pandemia aumentou a procura de interligações e sinergias. Estamos a falar de pequenas explorações que, por vezes, não conseguem ser atrativas para os consumidores apenas com aquilo que produzem. Os custos de distribuição também são incomportáveis para um produtor individual, o que os leva a juntarem-se para tentarem
estão todos os produtores locais e o ALGARVE INFORMATIVO #280
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chegar mais facilmente e a menor custo aos consumidores”, evidencia Pedro Valadas Monteiro. “Esta rede vai permitir que os produtores se conheçam uns aos outros e desenvolvam sinergias. Existem organizações setoriais de produtores e o que está na forja é a 29
possibilidade de criação de organizações de produtores multiproduto, que estarão mais talhadas para a pequena produção. E haverá apoios específicos para a sua constituição”, adianta o Diretor Regional. “Não é objetivo das ALGARVE INFORMATIVO #280
entidades que agora se reuniram para criar esta Rede Regional serem depois os seus gestores, isso deve caber aos próprios produtores”, acrescenta. Por falar das entidades envolvidas, realce para a presença de três Associações de Desenvolvimento Local – ALGARVE INFORMATIVO #280
Vicentina, In Loco e Terras do Baixo Guadiana – que até já dinamizam algumas plataformas de produtos locais, daí fazer todo o sentido envolvêlas no processo. “Queremos
aproveitar o trabalho que já foi feito e o conhecimento que as ADL têm do território, fruto da sua intervenção de proximidade. 30
conhecimento das realidades locais”, justifica. Inventariar a produção, transmitir fiabilidade aos circuitos de distribuição e comercialização de que tudo se cumpre em termos de qualidade e segurança alimentar, dar apoio técnico e formação aos pequenos produtores, são benefícios inegáveis da futura rede, mas Pedro Valadas Monteiro fala igualmente da adequação da produção para que seja mais facilmente escoada. “Temos
que criar economias de escala para se dar um passo em frente, para se ir mais além do que as plataformas de divulgação que já existem. Estamos a falar, eventualmente, da criação de centros de concentração e preparação dos produtos para depois chegarem aos consumidores. Muitas vezes falha a componente da distribuição porque os produtores não possuem carrinhas”, indica o entrevistado.
Volto a dizer: é fundamental sensibilizar os produtores para a mais-valia que esta rede pode representar e, em simultâneo, divulgar junto dos consumidores o que se produz na região. Isso faz-se no terreno, junto das populações, e as ADL são estruturas com um forte 31
As mais-valias parecem ser evidentes, o projeto é ambicioso e, assume Pedro Valadas Monteiro, não é para ficar na gaveta, ainda que algumas linhas de trabalho possam ser mais rápidas de executar do que outras que, por exemplo, podem estar condicionadas pela pandemia.
“Definimos este projeto com um horizonte temporal de três anos e existem já financiamentos ALGARVE INFORMATIVO #280
advindos de algumas candidaturas apresentadas e aprovadas pelas ADL e pela AMAL. Para outras questões nem sequer há ainda financiamento”, admite o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. “Temos o consumidor final,
o Canal HORECA quando recuperar, e os turistas, mas outro fator importante para a sustentabilidade do projeto é a alimentação social ou coletiva. As câmaras municipais e juntas de freguesia são, atualmente, responsáveis pelo abastecimento de cantinas sociais, de cantinas de escolas e de outros equipamentos que estão sob a sua gestão e gostaríamos que privilegiassem compras feitas aos produtores locais, que recorressem, sempre que possível, a esta rede. São volumes significativos que iriam dar uma maior garantia de escoamento aos produtores locais. Mas, para isso, há que alterar algumas questões legais, nomeadamente as regras de contratação pública, para permitir que essas compras possam ser feitas por via de circuitos curtos”. Resumindo, todos terão a ganhar com o sucesso da futura Rede Regional de Produtores Locais do Algarve, que vai até contribuir para a diminuição da pegada ecológica, pois, na prática, reduzem-se os custos associados ao transporte. E tudo isto vai tornar a agricultura mais atrativa para a nova geração, sublinha Pedro ALGARVE INFORMATIVO #280
Valadas Monteiro. “Não haver uma
garantia de remuneração da produção afasta muita gente da agricultura, porque quem investe em qualquer atividade económica tem uma expetativa de rendimento gerado. Na pequena agricultura, esse rendimento é, muitas vezes, altamente incerto. Se conseguirmos dar um quadro de estabilidade a estes pequenos produtores, obviamente que a atratividade aumenta substancialmente. No Algarve temos a realidade das grandes empresas que são competitivas, que estão no mercado nacional e vendem para as grandes superfícies, que exportam para o estrangeiro; depois, temos a pequena agricultura familiar, que é fundamental por via da sua componente social, mas também pela sua implantação territorial, pelo combate à desertificação e ao abandono dos terrenos. E, para esse género de agricultura, este tipo de modelo é extremamente importante”, avisa Pedro Valadas Monteiro. “Não podemos dizer que é importante defender a pequena agricultura familiar e depois não criar condições para que ela seja viável. Ninguém se dedica a uma atividade económica se ela lhe der prejuízo” .
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“PANDEMIA NÃO PODE DEMOVER A CRIAÇÃO CULTURAL”, DEFENDE ADRIANA FREIRE NOGUEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina stá a decorrer, até final de fevereiro, o período de candidaturas à edição de 2021 do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, um programa da responsabilidade da Direção Regional de Cultura do Algarve que este ano é alusivo ao tema «Património, Comunidade e Inclusão». Assumindo que ALGARVE INFORMATIVO #280
o património deve ser, acima de tudo, um projeto de cidadania e que não pode estar desfasado das pessoas, pretende-se construir uma programação cultural que promova um verdadeiro e honesto diálogo entre as comunidades e os monumentos.
“Porque o património só pode ser efetivamente valorizado se tiver uma real significância no 36
quotidiano e na vida das suas comunidades e o «espírito do lugar» só pode ser continuamente redescoberto se existir uma verdadeira inclusão das comunidades no processo de construção patrimonial”, considera Adriana Freire Nogueira. Reforçando o propósito iniciado em anos anteriores, pretende-se continuar a promover, no DiVaM 2021, os princípios basilares da «Convenção de Faro» com a participação ativa das comunidades envolventes no processo de desconstrução e construção patrimonial, colocando as pessoas e os valores humanos no cerne da questão. Em simultâneo, estão abertas as candidaturas, até 8 de março, para o Programa de Apoio à Ação Cultural (PAACA) da Direção Regional de Cultura do Algarve, destinado a apoiar iniciativas e projetos de agentes culturais associativos locais/regionais, não profissionais, sedeados no Algarve. O PAACA tem o intuito de fortalecer o tecido cultural local com a criação e circulação artística, ao mesmo tempo que estimula e fortalece as relações de trabalho, entre os equipamentos culturais e estes agentes, e ajuda a qualificar os agentes que integram o setor cultural não profissional do Algarve. Na análise aos projetos apresentados ao PAACA, a Direção Regional de Cultura do Algarve mantém como critérios de elegibilidade prioritários: o combate à exclusão social e à desertificação do interior do Algarve; o reforço do papel das Artes e Cultura na sensibilização para 37
questões como o respeito pelos direitos humanos, a igualdade e não discriminação, a integração das comunidades ciganas, a promoção da participação dos jovens, os desafios colocados pelas migrações e integração sócio-territorial; a educação para a cultura e para as artes; a valorização do património imaterial do Algarve e preservação das tradições, memórias e identidade, incluindo a revitalização de núcleos e centros históricos; a inovação cultural, projetos multidisciplinares e multiculturais.
“Para além destes, que transitam da edição passada, este ano o programa introduz, como nova temática a abordar, a da violência doméstica, por ser um dos grandes dramas sociais da atualidade, sobre o qual a arte pode ter um importante papel de chamada de atenção e sensibilização, que é intenção da DRCAlg estimular”, explica Adriana Freire Nogueira. A Diretora Regional de Cultura do Algarve aproveita para lembrar que, apesar do eclodir da pandemia por covid-19 na região, a edição de 2020 do DiVaM acabou por se cumprir praticamente na totalidade, mesmo tendo acontecido apenas de setembro a dezembro. “Estava em causa
concentrar nos últimos quatro meses do ano toda uma programação que costumava realizar-se em nove meses, mas decidimos fazê-lo, com um grande ALGARVE INFORMATIVO #280
esforço de adaptação da nossa equipa e, sobretudo, dos agentes culturais, que não quiseram deixar «cair» os projetos. A pandemia deunos uma pequena «aberta» em que ALGARVE INFORMATIVO #280
se puderam dinamizar atividades culturais e foram poucas as associações que não conseguiram cumprir com o planeado”, indica Adriana Freire Nogueira, recordando que muitas atividades decorreram 38
bem conhecidos de todos e a ideia era arrancar com a edição de 2021 do DiVaM em abril, mas as interrogações regressaram, reconhece a entrevistada.
“Os nossos monumentos estão temporariamente encerrados, mas há sempre a possibilidade de se gravarem os eventos sem público para depois serem transmitidos pela internet. De qualquer modo, o DiVaM contempla também o apoio à criação, ou seja, os projetos podem acontecer num momento futuro. O importante é que, quem crie, continue a ter o seu espaço”, defende Adriana Freire Nogueira, garantindo que nunca se colocou a hipótese de este ano não existir DiVaM, face a todas as dificuldades que envolvem a cultura e as artes.
“Mesmo em 2020 nunca se pensou nessa possibilidade, preocupamo-nos, sim, com a maneira de apoiar todas as associações e agentes culturais em tão pouco espaço de tempo. Agora, eles também já estão mais conscientes desta nova realidade e apresentam planos alternativos”, acrescenta. presencialmente, no rigoroso cumprimento das normas impostas pela Direção-Geral de Saúde, e outras foram transpostas para o formato online. Os constrangimentos e restrições decorrentes da pandemia já são agora 39
DIVAM COM MENOS PALCOS EM 2021 A par das vicissitudes colocadas pela pandemia, o DiVaM também será diferente em 2021 pelo número de monumentos em que vão ter lugar as ALGARVE INFORMATIVO #280
atividades, uma vez que os Castelos de Aljezur, Paderne e Loulé deixaram de estar sob a alçada da Direção Regional de Cultura do Algarve, transitando essa competência para as Câmaras Municipais de Aljezur, Albufeira e Loulé, respetivamente, o mesmo sucedendo com os Monumentos Megalíticos de Alcalar e as Ruínas da Villa Romana da Abicada, que passam a ser responsabilidade da Câmara Municipal de Portimão. Mas Adriana Freire Nogueira refere que, na prática, isso não se vai refletir muito na programação. “Em 2020,
antes da pandemia, a nossa vontade é que acontecesse pelo menos duas atividades em cada monumento, o que não se concretizou, porque tudo depende das propostas apresentadas pelas associações. Mas o facto destes monumentos deixarem de estar inseridos no DiVaM não significa que não possam acolher eventos culturais, porque o Programa de Apoio à Ação Cultural contempla iniciativas que ocorram em qualquer espaço”, explica a entrevistada. O Dia da Pré-História em Alcalar será, provavelmente, uma das principais baixas do DiVaM 2021, por ser um evento que envolvia muitas centenas de participantes, entre os quais diversas escolas da região, mas a pandemia já ALGARVE INFORMATIVO #280
forçou a uma remodelação da atividade no ano transato, com a realização de oficinas para um número limitado de inscritos. “No DiVaM só podemos
apoiar iniciativas que tenham 40
lugar nos monumentos sob a nossa tutela – Fortaleza de Sagres, Ermida de Nossa Senhora da Guadalupe e Ruínas Romanas de Milreu – mas o 41
PAACA não tem essa limitação”, esclarece Adriana Freire Nogueira, acrescentando que, mesmo com menos monumentos afetos, o DiVaM continua a fazer todo o sentido. “É ALGARVE INFORMATIVO #280
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importante que as pessoas visitem os monumentos nacionais, que têm para oferecer uma história muito antiga e que nos liga a toda a história europeia e mundial. No fundo, com o DiVaM, vamos à noite a um monumento para ouvir música ou assistir a uma representação ou performance, apercebemo-nos do espaço que nos rodeia e, se calhar, no dia seguinte regressamos com os amigos ou a família”. Inalterável mantém-se o orçamento para a edição de 2021 do DiVaM, entre 50 a 60 mil euros, consoante as propostas aprovadas, montante que faz parte de um bolo total de 160 mil euros anuais para apoiar a ação cultural na região. E Adriana Freire Nogueira acredita que propostas não vão, de facto, faltar. “É difícil o Dia da Pré-História realizar-se
fora de Alcalar, mas é perfeitamente possível que as atividades musicais que aconteciam em Paderne e Aljezur se possam transferir para Milreu, Sagres ou Guadalupe. Caso os organizadores não queiram deslocar-se para tão longe, podem sempre candidatar-se ao PAACA”, indica a Diretora Regional de Cultura do Algarve, que não tem conhecimento de associações culturais que tenham desaparecido fruto da pandemia. “Nós damos apoio a estruturas não
profissionais e, normalmente, essas pessoas têm a sua própria atividade e contratam artistas para os projetos. Alguns membros das associações são eles próprios artistas, mas outros não, e, por enquanto, não temos relatos de «fecho» de portas. Há algumas a atravessar maiores dificuldades e, por isso, nos apoios concedidos em 2021, 15 por cento podem dizer respeito a despesas com pessoal”, destaca. “O DiVaM continua a trabalhar para dar a conhecer os nossos monumentos, mesmo que os eventos aconteçam em formato online. Acima de tudo, não queremos que a pandemia demova a criação, seja através do DiVaM ou do PAACA”, finaliza Adriana Freire Nogueira . 43
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“TODOS QUEREMOS UM ALGARVE MAIS COMPETITIVO, INOVADOR E REPRESENTATIVO”, AFIRMA HUGO BARROS, RESPONSÁVEL PELO CRIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ecorre, até 28 de fevereiro, com possibilidade de ser prorrogado, o prazo de candidaturas para a sétima edição do «Ideias em Caixa», uma iniciativa do CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, em parceria com a Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA) e a Associação Nacional de Jovens ALGARVE INFORMATIVO #280
Empresários (ANJE) que tem 30 mil euros em prémios para distribuir pelos vencedores de cada uma das seis categorias. O principal objetivo do concurso é promover o empreendedorismo jovem e a iniciativa empresarial, por via da criação de novas empresas, nas áreas das Indústrias Culturais e Criativas; Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica; Agroalimentar; Saúde e Bem-Estar; Energias Renováveis; Mar e Turismo. 46
Realizado de três em três anos, a primeira edição do «Ideias em Caixa» remonta a 2004 e está focado em domínios de especialização alinhados com a estratégia regional de desenvolvimento, com o intuito, então, de estimular o surgimento de empresas e startups inovadoras; fomentar a aplicação empresarial do conhecimento produzido na Universidade do Algarve e noutros centros de saber; estimular a criação de spinoffs através de resultados de investigação, para que, além da codificação do conhecimento, se dinamize o seu impacto no território; promover o empreendedorismo qualificado e a inovação na região; e aumentar o emprego qualificado. “Estas
empresas resultantes do conhecimento e inovação acabam por contribuir para a diversificação da base produtiva da economia regional e para o incremento das exportações. O que pretendemos,
muito pragmaticamente, é identificar ideias que possamos ajudar a passar por todo o processo empreendedor, para apoiar o nascimento de novas empresas que contribuam para o desenvolvimento económico e social do Algarve e de Portugal. Para isso existem vários apoios, tanto financeiros, como de mentoria e coaching para cada uma das áreas em concurso”, resume Hugo Barros, coordenador do CRIA. Ao concurso pode-se candidatar qualquer pessoa com idade superior aos 18 anos, individualmente ou em grupo, mas também podem ser elegíveis empresas e organizações desde que constituídas há menos de três anos e que desenvolvam ideias de negócio que ainda não estejam em fase de exploração comercial. “Com o
apoio do Programa Operacional
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Regional do Algarve temos a possibilidade de enquadrar, para as 20 melhores ideias de negócio, um programa de coaching empresarial com alguns prémios monetários, nomeadamente 5 mil euros para cada uma das seis áreas a concurso. A metodologia tem vindo a ser melhorada de edição para edição, depois de recolhermos feedback dos participantes e percebermos o que corre bem ou menos bem”, refere o entrevistado. Assim sendo, a fase de candidatura acontece até dia 26 de fevereiro, durante a qual baste preencher um formulário bastante simples e remetê-lo para ideiasemcaixa@ualg.pt, seguindo-se os Business Labs, em que os selecionados frequentam seminários e oficinas de empreendedorismo sobre criação de empresas, marketing e finanças, para que percebam as diferenças entre uma ideia e um conceito empresarial. Na derradeira fase de avaliação, os participantes entregam as suas propostas finais, ou seja, os pré-planos de negócios. E a meta é que, de facto, as ideias se transformem em realidade e deem origem a empresas.
“O CRIA, enquanto Divisão de Empreendedorismo e Transferência, tem trabalhado na capacitação do empreendedorismo, identificando ideias de negócio e potenciando a criação de empresas. Por vezes pode haver uma ideia muito interessante, mas o mercado ainda não está bem desenvolvido. Pode haver também ideias que, ALGARVE INFORMATIVO #280
embora não sejam muito brilhantes, já têm um mercado bastante consolidado. O objetivo do concurso é identificar projetos empreendedores e possíveis de implementar, isto é, empresas e produtos vencedores”, acrescenta, recordando que, das seis edições anteriores, nasceram empresas que estão perfeitamente implantadas no mercado, casos da GyRad, Sparos, Caviar Portugal, Angulata e Pluralo.
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O «Ideias em Caixa» realiza-se, entretanto, de três em três anos, porque pretende ser um agregar de competências e um complemento às atividades dos parceiros – Universidade do Algarve, NERA e ANJE – e no Algarve ainda não existe um ecossistema regional de dimensão suficiente, em termos de geração de conhecimento e mesmo populacional, para um concurso anual, na ótica dos organizadores. “Qualquer
projeto que apareça ou se desenvolva fora deste concurso 49
acaba por ter uma resposta da parte dos parceiros regionais. Ao fazermos o concurso de três em três anos, a massa crítica é maior e dá-nos a capacidade de agregar promotores, interagir entre eles e angariar apoios mais substanciais”, justifica Hugo Barros. “O nosso desejo é pegar na invenção e transformá-la na inovação, algo que tenha impacto no território, que gere mais-valias ALGARVE INFORMATIVO #280
e emprego. Isso implica todo um processo empreendedor, o que alguns promotores desconhecem, mesmo que sejam muito bons em termos técnicos. Os Business Labs servem precisamente para clarificar que, por muito boa que uma ideia de negócio seja, por muito bom que um produto pareça ser, nada resulta sem um processo empresarial bemsucedido. Como um colega nosso dizia: ‘Uma coisa é ser padeiro, ALGARVE INFORMATIVO #280
outra coisa é ser industrial da panificação’. Temos que dominar a área técnica daquilo que fazemos, mas também a gestão de marketing, de finanças, de recursos humanos, de fiscalidade”, alerta.
PENSAR O ECOSSISTEMA COMO UM TODO O objetivo final do «Ideias em Caixa» é fomentar o surgimento de empresas 50
identificando essas necessidades. Mas é verdade que esse ecossistema está hoje muito mais fortalecido, com um conjunto de incubadoras, aceleradoras, entidades de apoio ao empreendedorismo, todos agregados na Rede Informal das Incubadoras do Algarve. Todos nos conhecemos uns aos outros e temos trabalhos complementares e todos queremos um Algarve mais competitivo, inovador e representativo”, afirma o responsável pelo CRIA. Hugo Barros admite, porém, a necessidade de alguns espaços de incubação mais específicos, nas áreas do mar e do agroalimentar, por exemplo, nomeadamente para validação e prototipagem. “Quem vai
viáveis e sustentáveis, que num período de cinco ou 10 anos se mantenham no mercado, o que pressupõe que o processo foi um sucesso. “Uma coisa é
a ideia, outra as competências, outra a empresa”, distingue Hugo Barros, reconhecendo que o ecossistema empreendedor no Algarve tem crescido bastante na última década. “Há sempre
lacunas e cabe-nos a nós, promotores, empreendedores e membros do ecossistema, ir alertando, trabalhando e 51
para fase de mercado, seja através de fundos europeus, programas de capitais de risco ou business angels, consegue arranjar 200, 300, 400 ou 500 mil euros para lançar uma unidade empresarial, mas é mais difícil obter 10 ou 15 mil euros para uma validação de protótipo, em que o risco é muito elevado. Há lacunas, mas o ecossistema está, sem dúvida, bastante mais forte”, assume o entrevistado, pelo que o Algarve pode ser cada vez mais atrativo para empreendedores de todos os pontos do globo. “Ninguém
consegue fazer nada sozinho e ALGARVE INFORMATIVO #280
medidas desgarradas e isoladas, por norma, não têm impacto. E nada é feito de uma vez só. O mundo ideal não existe e não conseguimos ter todos os recursos para as necessidades existentes, portanto, temos que pensar e atuar no ecossistema como um todo. Há uma Rede Nacional e uma Rede Regional de Incubadoras que funciona, que colabora, que interliga iniciativas. Depois das incubadoras é preciso dar um apoio diferenciado, e dai surge a Aceleradora e Polo Tecnológico do Algarve. É preciso perceber que as necessidades na área das Tecnologias de Informação são diferentes daquelas do Agroalimentar e do Mar, e as entidades, os municípios e os parceiros regionais têm criado soluções diferenciadas. E é preciso ter uma estratégia única e que seja complementar”, defende Hugo Barros. Certo é que o Algarve possui uma qualidade de vida fenomenal e todas as condições para se apostar num setor de valor acrescentado e que é potenciador intersectorial de outras áreas.
“Podemos atrair pessoas de qualquer parte do mundo e que depois, de casa ou à beira do mar, estão a contribuir com produtos inovadores, com projetos globais, com exportação, com trabalho qualificado”, confirma. Mas como é ser empreendedor no meio de uma ALGARVE INFORMATIVO #280
Projeto da ANGULATA
pandemia, questionamos. “Não
queria entrar em clichés, mas sabemos que as crises são momentos de transição nos quais há oportunidades que podem ser aproveitadas pelos empreendedores, por aqueles que conseguem antecipar dinâmicas e tendências. A Sparos 52
arrancou com a sua atividade e investimento industrial no início de uma das maiores crises que houve e hoje é a empresa que é. As crises financeiras são cíclicas, acontecem, mas esta pandemia é diferente de tudo o resto e é claramente uma limitação, até pelo impacto
negativo que tem nos mercados internacionais e na capacidade de mobilidade das pessoas. Apesar de tudo, há empresas que estão a ter excelentes resultados, o mundo vai continuar e desta crise podem surgir coisas muito interessantes”, acredita Hugo Barros.
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CONCERTO ONLINE DE ASSINALOU 10 ANOS DA DO CINETEATRO LOULET Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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MÁRIO LAGINHA A REINAUGURAÇÃO TANO
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ez 10 anos, a 1 de fevereiro, que o Cineteatro Louletano reabriu após extensas obras de reabilitação e o convidado foi precisamente o mesmo, o pianista Mário Laginha, que se apresentou em Loulé em formato trio para um concerto online com os também consagrados Bernardo Moreira e Alexandre Frazão. O concerto foi o resultado de uma residência artística que
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decorreu em Loulé, em julho de 2020, e o trio de músicos de jazz apresentou temas inéditos do seu novo álbum, bem como um novo videoclipe gravado em Loulé. Dado o cenário de pandemia Covid-19, que forçou à suspensão de todos os eventos culturais presenciais a nível nacional, apostou-se num concerto em streaming através das redes sociais, de modo a chegar-se ao máximo de pessoas possível e de forma gratuita e
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universal. Para assinalar a efeméride, que coincidiu com o Dia da Cidade de Loulé, para além do concerto online deu-se também o lançamento do novo videoclipe do trio, intitulado «Muirapuama», bem como de uma curta animação de vídeo que retrata os 10 anos da programação da sala de espetáculos, para além do lançamento da rubrica «Em palco…», onde a equipa do Cineteatro se apresenta. A sala, inaugurada em 1930, foi propriedade de e gerida por privados
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durante décadas, passando por fases mais ou menos conturbadas, atravessando uma Guerra Mundial (1939-1945) e uma Revolução (abril de 1974). O equipamento – uma das salas de espetáculos mais antigas do Algarve – tem sido central na vida dos louletanos e, de uma forma mais abrangente, de todos os algarvios, não só pelos eventos que acolhe, mas também, desde 2014, por um papel ativo na implementação de políticas culturais que extravasam o próprio espaço .
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OPINIÃO A sós Paulo Cunha (Professor) e quiserem saber um pouco mais sobre a pandemia, maleita que tanto nos apoquenta e preocupa, experimentem consultar o sítio do SNS 24 na internet e verão que muitas das vossas dúvidas serão corretamente esclarecidas. Fi-lo para me munir de informações corretas sobre a situação que ora me aflige: o isolamento profilático. O que é então a quarentena (isolamento profilático) e o isolamento? A quarentena e o isolamento são medidas de afastamento social essenciais em saúde pública. São especialmente utilizadas em resposta a uma epidemia e pretendem proteger a transmissão virológica entre pessoas. A diferença entre a quarentena e o isolamento deriva do estado de doença da pessoa que se quer em afastamento social. Ou seja: a quarentena é a medida a implementar por pessoas que se pressupõe serem saudáveis, mas podem ter estado em contacto com um doente infetado; o isolamento é a medida a implementar por pessoas doentes, para que, através do afastamento social, não contagiem outros cidadãos. Quase a perfazer um ano em que a ALGARVE INFORMATIVO #280
pandemia entrou em Portugal, já quase todas as famílias tiveram familiares, amigos ou conhecidos que testaram positivos à Covid-19. Muitos de nós, em contacto com contagiados com o novo coronavírus (SARS-CoV-2), fomos obrigados a permitir a introdução duma zaragatoa na região do nariz e/ou da garganta para assim sabermos se estávamos ou não infetados. Depois foi esperar - e fazer figas - para que o resultado da análise clínica desse o resultado «Não detetável» (a pesquisa de RNA do vírus SARS-CoV-2 foi negativa). Quando testados como positivos, acompanhados pelos competentes serviços do SNS e vigiados/visitados aleatoriamente pela PSP, esperamos que, em casa, o isolamento e a implementação das devidas e recomendadas medidas surtam o efeito desejado. Doutra forma, já sabemos o que nos espera. Mas o que dizer de e para todas as pessoas que vivem com um infetado pelo SARS-CoV-2? Para quem ainda não sabe, aqui deixo as recomendações do SNS que temos tentado, escrupulosamente, cumprir: permanecermos em casa durante o período total de quarentena ou isolamento; não nos deslocarmos para o trabalho, espaços públicos ou outros 68
locais; ficarmos noutro alojamento, afastados das pessoas com quem vivemos (se possível); permanecermos separados dos familiares, só saindo do quarto em situação de extrema necessidade e colocando uma máscara descartável; evitarmos utilizar espaços comuns com outras pessoas presentes, incluindo nos períodos de refeições; não partilharmos a cama com outra pessoa; utilizarmos uma casa de banho diferente dos restantes membros (se possível), assim como toalhas e outros utensílios de higiene; limitarmos o número, idealmente, a um, caso necessitemos de cuidadores; lavarmos regularmente as mãos ao longo do dia; evitarmos partilhar alimentos e itens domésticos como telemóveis, copos ou toalhas; limparmos e desinfetarmos regularmente as superfícies mais usadas; colocarmos todos os resíduos produzidos pela pessoa em isolamento em local exclusivo; monitorizarmos, 69
registarmos e avaliarmos a temperatura corporal duas vezes por dia, mesmo que não tenhamos sintomas. Ainda na condição de isolado profilático, aqui me solidarizo e enalteço a atitude zelosa e cumpridora de todos que, por terem estado em contacto com alguém que foi diagnosticado com a Covid-19, tiveram que, durante duas semanas, alterar toda a sua dinâmica comportamental e vivência diária. Como por certo já se aperceberam, não é fácil! É uma «quarentena» em que todo o cuidado é pouco. Para mim e para os meus familiares, nunca a frase «dar tempo ao tempo» significou tanto. Por isso, aqui vos deixo este relato feito na primeira pessoa, pois quem vos avisa vosso amigo é. Protejam-se e cuidem-se, na vossa saúde física e psíquica reside também a nossa! .
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OPINIÃO Do confinamento e dos não-diálogos nas redes sociais Mirian Tavares (Professora Universitária) “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres”. Oswald de Andrade árias amigas e amigos, de vez em quando, saem do Facebook ou anunciam a sua vontade de fazê-lo. Alegam que estão cansado(a)s de uma certa violência verborrágica que circula pelas redes, de serem mal-interpretados e vítima de preconceitos ou de linchamento virtual. Eu, de um modo geral, não me envolvo em polémicas, mas já fui vítima de ataques diretos na caixa de comentários da minha timeline. Da primeira vez que isso aconteceu, fiquei tão espantada com a violência gratuita que até pensei que a pessoa estava a brincar. Como o tom da coisa subiu, a criatura foi devidamente bloqueada. Houve casos em que fui bloqueada por opiniões que manifestei, o que me agradou bastante, pois ser bloqueada por algumas pessoas é sinal de que estamos no caminho certo. Mas continuo a ficar chocada com o grau de ressentimento e de violência que circula nos comentários. E mais me ALGARVE INFORMATIVO #280
choca quando este tipo de comentário, ressentido ou despropositado, vem de pessoas com (suposta) literacia, quer mediática quer geral. A cada dia tudo é reduzido a apenas dois lados - sim ou não, preto ou branco, a favor ou contra. Lembro-me sempre duma frase do Francis Picabia que estava estampada na parede do CCB, em Lisboa, aquando de uma monográfica da sua obra há alguns anos: “our heads are round so that thoughts can change direction”. Para o pensamento mudar de direção é preciso que ele exista, que não seja um dogma, uma frase feita, um cliché. É preciso que ele seja fruto de uma reflexão e, como tal, passível de ser confrontado e capaz de contra-argumentar se for preciso, pois se o pensamento se cristaliza, vira crença e mais uma vez recorro à sabedoria do grande artista Picabia que dizia “All beliefs are bald ideas”. Não sou socióloga e não pretendo, em tão curto texto, fazer uma análise profunda de um tema tão complexo e já tão analisado. No entanto, como usuária frequente do Facebook, tenho acompanhado, de 70
longe e de perto, polémicas Foto: Victor Azevedo geradas por pura má vontade, ou incapacidade, de os leitores perceberem o que alguém escreveu. Esta semana um amigo falava da dificuldade de ter filhos pequenos, com aulas online, durante o confinamento. Reconhecia que era uma necessidade, mas que não devia ser convertida numa prática permanente. Porque, de facto, estamos encarcerados e a casa deixa de ser o nosso espaço para ser invadida por colegas, alunos, conhecidos e desconhecidos, que nos entram, casa adentro, pelas plataformas. Nos comentários, alguém dizia que era um absurdo ele pensar assim. O que ele queria? Aulas presenciais no meio da 3ª vaga? Mas ele nunca pensou, ou expressou, tal ideia. Este é apenas um dos muitos exemplos que aparecem, quotidianamente, aos milhares. Um amigo publica uma notícia, que, de todo, não vem ao caso quando de um jornal brasileiro, sobre a crise da se trata de covid-19, acho eu. Ninguém covid em Portugal. Respondo, para tranquilizá-lo, que de facto é ouve ninguém, mas todos querem ser ouvidos. Um dia, no bar da faculdade, preocupante, mas não estamos uns alunos falavam entre si e um deles mergulhados no caos que alguns órgãos disse que detestava literatura (apesar de da imprensa pintam. Ele agradece, aliviado, o meu comentário. E outra estar a frequentar um curso de Línguas, Literaturas e Culturas) e que estava a pessoa entra a matar: pergunta se estou escrever um livro. Nem uma adversativa a brincar, que eu devia informar-me! entre as duas afirmações, como se Explico que não estou a negar a ambas fizessem, juntas, todo o sentido. complexidade da 3ª vaga nem o pedido Se calhar fazem – nunca se publicou de ajuda internacional, mas afirmo que tanto e nunca se leu tão pouco. E não estamos mergulhados no caos. Ele salta a citar número de mortos e a vosmecês que tirem daí ilações . chamar Portugal de colonizador (?), o 71
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OPINIÃO Décima segunda tabuinha - Pendências Ana Isabel Soares (Professora Universitária) “Todos os dias venho, acrescento um risco em relação a qualquer coisa. Porque há sempre inevitavelmente qualquer coisa que não aguenta os dias. Como se tivesse havido num tempo uma dívida que também a mim me tivesse atingido, mas a dívida na verdade não ocorreu, existe só essa... essa falta. E isso faz com que eu tenha que todos os dias enfrentar essa falta ou essa dívida contraída e isso faz também com que eu muitas vezes prolongue os trabalhos, com que não haja um dia vazio, um dia sem pagamento.” João Jacinto (entrevista disponibilizada na sua página do Facebook, fevereiro de 2021)
que fica de um dia para o outro? A noite aproximase, o sono vem troçar, mostra o sorriso de quem vence, e quantas tarefas se interromperam a pouco mais de meio, amanhã termino, a cabeça e o corpo exibem o mostrador no vermelho – o aparelho que sou já só consegue procurar uma tomada. Um dos mistérios do trabalho é a possibilidade de continuar uma sequência, o modo como o cérebro reata o fio que sabe que, a cada ciclo solar, tem de suspender. João Jacinto acusa uma dívida que, não sendo individualmente sua, é herança humana – alguém a contraiu nalgum tempo do passado e o trabalhador que seja consciente dela acolhe-a e não vê senão a possibilidade de a reduzir. Tem consciência dela e de uma espécie de
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obrigação, constrangimento impossível de arredar, sabe que faz parte de si ter de a liquidar. Estamos sempre a pagar um bem de que já dispomos, uma graça que nos foi concedida antes de começarmos a existir: será esse bem, essa suspeitada graça que não vemos, o pressentir que foram adquiridos e nos foram cedidos – será isso que faz com que a manhã devolva a força? Aquilo que Sísifo, afinal, revelou (e escondo no consolo de que aconteceu com um homem, um só e próximo dos deuses, jamais sucederá a alguém como um vulgar mortal), foi a rochosa consciência de que nada do que alguém faz terá alguma vez um fim, término ou destino. Mas deu a saber, também, que tudo, absolutamente tudo pode ser reiniciado, que o propósito com que é feito se consegue, dia após dia, reinventar .
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Foto: Vasco Célio
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OPINIÃO Notas Contemporâneas [10] Adília César (Escritora) - A minha alma, segundo afirma aquele homem diabólico, jaz enterrada sob densas camadas de materialidade. Acredito. Mas ela está lá muito quieta, muito confortável, muito feliz. Para que hei-de eu desbastar, adelgaçar, e furar essas abóbadas de matéria, para que a minha alma se escape para as regiões tormentosas e aterradoras da espiritualidade? É uma coisa perigosa, uma alma assim solta pelos ares, em companhia de espíritos… Não lhe parece? Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma)
ENORMIDADE dos gestos maléficos da espécie humana, perdida no abismo de um mundo que a rejeita. A água dá a vida, a água mata a vida. A criança bebe a água pura da concha das mãos de sua mãe. O cão afoga-se com dois tijolos presos ao pescoço pelo próprio dono. As mãos e as mãos, feitas de ossos, ligamentos, músculos, pele. As mãos iguais e antagónicas. O cérebro comanda o corpo, o livre arbítrio induz a filosofia do quotidiano à ética. Qual? * OS DIAS passam a correr, desenfreados, de um lado para o outro. Estão irremediavelmente longe da linha do tempo e nem as frases repetidas nos ecos das notícias permitem a ALGARVE INFORMATIVO #280
interiorização satisfatória dos últimos acontecimentos. Também esses, os acontecimentos do presente, se perdem. Para sempre? Não. Há uma criança que nasce e tudo volta ao seu lugar. O medo cede à esperança. * A MINHA ALMA está onde eu a coloquei: no pedestal da serenidade, dentro da casa de vidro. À volta, dispus os acontecimentos não fatais perfeitamente alinhados de acordo com a sua importância. E é este sigilo em redor a sussurrar: o meu coração é uma faca de sangue que se enterra na manteiga ao ritmo de longas frases sem sentido. É uma história que já ninguém quer ouvir. Para não desaparecer de vez apoia-se nos cotovelos das rochas e chora essas dores submersas. As lágrimas são vermelhas e riscam a minha face em sulcos de fogo líquido. Lento como o 74
sussurro que perdura no eco daquilo que sou. A serenidade estende-me os seus braços líquidos e frescos, enlaça-me como se fosse um espírito manso, meigo, primaveril. Como se fosse a minha mãe a dar-me de beber na concha das suas mãos. E assim sobrevivo. * A COMÉDIA HUMANA dos preguiçosos torna invisíveis as novas oportunidades de reflexão. As pessoas vivem no caos do pensamento e não sabem onde se situa a linha entre a loucura e a lucidez, entre a sombra e a luz, entre a morte e a vida, entre o corpo e o espírito. As palavras e as imagens são diferentes na sua substância, embora a um nível superior palavra e imagem sejam uma totalidade. A palavra é a expressão de um sentido abstracto, é o espírito da imagem que tem esse nome. A palavra acende o caos. Sensações, sentimentos, expectativas com nomes próprios e intransmissíveis. A imagem como apêndice da palavra conduz o seu nome até ao universo real. É difícil eliminar uma ideia recriada numa imagem porque a criação devolve-a à vida, à realidade que conheço. A imagem é física, palpável, mas pode ser uma ilusão se o imprevisível impedir o visível. O que é uma percepção da realidade? O perigo dos oxímoros: faço um gesto e guardo esse gesto numa imagem; continuo a fazer gestos e não os guardo; os gestos não inscritos nas imagens são irreais por não existirem na realidade, 75
pertencendo, inevitavelmente, ao passado? O meu corpo é uma realidade irreal. O meu espírito é uma irrealidade real. A imagem é um drama do meu inconsciente elevado a uma consciência absoluta daquilo que sinto, o conhecimento interior que possuo naquele preciso momento e que te quero mostrar. Estamos perto do fim e já não restam imagens das lembranças, apenas sobraram as palavras. Olha-me. Eu estou a revelar-te o que vejo, o que sinto, o que sei. Consegues ver? . ALGARVE INFORMATIVO #280
OPINIÃO As criptomoedas vieram para ficar Fábio Jesuíno (Empresário) um mundo em plena transformação digital, as criptomoedas e a tecnologia de blockchain que está na sua base vieram para ficar e conquistar a nossa sociedade. Recentemente voltou a estar em voga a temática das criptomoedas, depois da Tesla, liderada pelo empreendedor Elon Musk, ter anunciando a compra de 1.500 milhões de dólares na Bitcoin, a principal criptomoeda mundial. Esta iniciativa teve um grande impacto principalmente por dois factores: primeiro pelo valor investido, que fez disparar a Bitcoin para um novo recorde histórico de 44 mil dólares; segundo, pela credibilidade de ter uma das empresas com maior crescimento dos últimos anos, liderada pelo homem mais rico do mundo, promovendo este tipo de ativos financeiros, influenciando outras grandes empresas a seguirem o exemplo. A Bitcoin é uma moeda digital descentralizada, nascida em 2008 pelas mãos de um programador com o pseudónimo Satoshi Nakamoto. A circulação desta moeda não é controlada por nenhum banco central ou Governo. As operações são realizadas por uma rede de computadores distribuída pelo ALGARVE INFORMATIVO #280
mundo inteiro, sendo o histórico transparente e guardado numa base de dados usando a metodologia chamada blockchain. A metodologia blockchain é uma tecnologia que visa a descentralização como medida de segurança, pode parecer muito complexa, mas o seu conceito é simples. São bases de dados partilhadas com a função de criar um índice global para todas as operações que ocorrem num determinado mercado. A tecnologia blockchain, para além das criptomoedas, começa a estar presente nas empresas, possibilitando uma maior transparência nos processos, como por exemplo a validação de documentos por meios digitais, como contratos de serviços, venda ou aquisição de imóveis, ações e dos mais diversos bens. Para além da Bitcoin, existem outras dezenas de criptomoedas com os mais diversos objectivos e com grande potencial de crescimento, fazendo com que este mercado seja actualmente valorizado em cerca de 1,3 biliões de dólares As criptomoedas e o blockchain vieram para ficar e já estão a mudar as nossas vidas .
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OPINIÃO Porque temos de ver «Até Que a Vida Nos Separe»? Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) em rodeios: porque é uma ótima série. E sim, é nacional, e “o que é nacional é bom”. Bem… Quando nos dão a hipótese de o fazer. Mas já lá vamos. Primeiro, reitero a minha recomendação de assistirem à série que está a passar na RTP1, às quartas-feiras às 21 horas, mas também podem assistir na RTP Play. «Até Que a Vida nos Separe» é da autoria de João Tordo, Tiago R. Santos e Hugo Gonçalves, e realizada pelo talentoso e lutador Manuel Pureza. A série é descrita como “… uma série que não tem vilões e onde todos dão o seu melhor. «Até Que A Vida Nos Separe» traz-nos histórias originais e contemporâneas, todas elas unidas por algo mágico: o amor. Uma série que nos conta a história da família Paixão, uma família real e que pode ser próxima de todos nós, onde encontramos três visões diferentes de viver o amor através das diferentes gerações desta família. Mas os Paixão caracterizam-se ALGARVE INFORMATIVO #280
por algo mais. Entre eles há um compromisso com o amor e com o casamento, quanto mais não seja pelo negócio de família, a organização de casamentos”. A premissa e o setting levam-nos a um sítio que nos é familiar, pois parece que estamos a assistir à história de uma família que conhecemos, uma família que é nossa vizinha. Com leveza, envolve. Depois ainda somos presenteados com actores principais que nos oferecem prestações exímias, o que não apenas revela (confirma) o seu talento, mas também um excelente trabalho de casting e direção por parte do realizador. É um drama bem escrito e bem filmado, com momentos de comic relief muito bem pontuados e conseguidos (p.s. e comédia é tão, mas tão difícil, de se conseguir!). Honestamente, enche-me de alegria ter esta série portuguesa para passar o meu serão. Não é apenas pela sua qualidade, frescura e pelo carinho (notável) com que foi feita, é acima de tudo pelo seu valioso significado no panorama de ficção nacional. Nos 78
tempos que correm, e todos sabem ao que me refiro, esta série é um farol de esperança. É importante olharmos «para dentro», aqui também se fazem coisas boas, e produz-se mesmo em condições agrestes. «Até que a Vida Nos Separe» é mais um testemunho disso. Não é só o que vem de fora que é digno do nosso tempo. Temos, mais do que nunca, de 79
começar a valorizar a nossa língua, as nossas histórias, os nossos argumentistas, realizadores, equipas técnicas e artísticas, actores maravilhosos e as nossas produções audiovisuais. Por isso, assistam, partilhem, apoiem este e outros projetos nacionais. Façam parte da mudança . ALGARVE INFORMATIVO #280
OPINIÃO História da História do Carnaval Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) esta pagã, as suas origens enevoam-se nas brumas da memória colectiva. Alguns pretendem fazer remontá-la ao culto egípcio de Ísis, outros às festas gregas em honra de Dionísio, outros ao Baco romano. Certo é que se tratava de uma festa popular de regeneração, muito ligada à agricultura e associada à Páscoa, festa religiosa de origem igualmente pagã. Como sabemos, a Páscoa ocorre no primeiro domingo depois da primeira Lua Cheia do Equinócio da Primavera. Trata-se de uma festa móvel, porque o ciclo lunar não coincide com o ciclo solar. Já o Carnaval acontece 40 dias antes da Páscoa. Parece, por isso, ir de encontro às teorias que apontam o Carnaval como a última grande festividade de Inverno, que pretende preparar a solenidade de uma nova Primavera, de um reinício da agricultura e de uma nova geração da pecuária. A Igreja nunca assumiu o Entrudo, ou Carnaval, como festa religiosa, apesar de nunca ter conseguido combater essa festividade popular, mesmo durante a denominada «Idade das Trevas». O Carnaval organizado - no sentido em que ALGARVE INFORMATIVO #280
é organizado por uma entidade, que estabelece regras e controla as iniciativas populares individuais - mais antigo que se conhece é o de Veneza, que remonta ao ano 1094. No Século XV, o Papa Paulo II autorizou a realização de um desfile de carros alegóricos, que incluía uma batalha de confetes, lançamento de ovos e corridas de cavalos, entre outros actos libertinos. No Século XVI, estas festas tornaram-se frequentes em França e por toda a Itália, com a realização de bailes de máscaras, modelo que conquistou o Reino Unido no Século XIX. No início do Século XX, esta festividade chegou a New Orleans e ao Rio de Janeiro. No Algarve, as festividades de iniciativa popular terão existido desde sempre, com muitos excessos à mistura, que muito incomodavam os bispos. A referência mais antiga a uma divergência entre o Bispo do Algarve e os foliões remonta ao bispado de D. Álvaro Pais (1334-1352), que, profundamente ofendido e insultado pelas tropelias que lhe fizeram durante o Entrudo, abandonou Silves, descalçou as sandálias no cimo de uma colina e amaldiçoou a cidade, refugiando-se em Sevilha, onde faleceu. Essa maldição tem sido vista como a causa dos vários 80
flagelos e pestes que levaram à ruína da cidade no período medieval, ao ponto de ser referida nas Cortes portuguesas. De facto, os festejos de Carnaval não olhavam ao estatuto social das vítimas, como refere a crónica do périplo de D. Sebastião ao Algarve, em 1573, que, de visita a Ayamonte durante essa festividade, «não ficou nenhum dos que lá foram que não fossem muito bem servidos de laranjadas e caldeiradas de água de farelos, por ser dia de Entrudo». Mais tarde, esses mesmos excessos populares levaram o Bispo do Algarve D. Inácio de Santa Teresa a emitir uma Pastoral, em 1744, insurgindo-se contra as «indecências e escândalos na permissão das máscaras em algumas festas Eclesiásticas, vestindo-se as mulheres em traje de homens, e homens 81
em traje de mulheres o que é abominável por direito Divino». Este seria o Carnaval «tradicional» e «popular», violento e provocador, que vigorou na região algarvia até ao aparecimento do primeiro Carnaval «civilizado». Em 1906 foi organizado o primeiro Carnaval dito «civilizado» de Loulé. Às diversões de iniciativa individual, de pequenos grupos ou das colectividades que organizavam bailes de máscaras, juntou-se um desfile de carros alegóricos, onde seguiam pessoas mascaradas, acompanhadas por bandas musicais. Com o passar dos anos e o desenvolvimento tecnológico, os cortejos foram-se tornando cada vez mais vistosos, atraindo gente de todo o ALGARVE INFORMATIVO #280
realizaram-se batalhas de flores no rio Arade, uma organização portimonense ao estilo do Carnaval veneziano, que não terá vingado.
lado, convertendo-se num grande factor de atracção turística de Inverno.
Rapidamente o modelo carnavalesco de Loulé começou a ser replicado noutras localidades algarvias. Na década de 1950, várias localidades tentaram replicar, com algum sucesso o Carnaval de Loulé, com desfiles mediáticos. Certo é que, um pouco por todo o Algarve, muitas associações recreativas têm como ponto alto os
Ainda na primeira década do Século XX ALGARVE INFORMATIVO #280
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bailes de Carnaval e esta festividade mantém-se activa na identidade popular. Neste ano atípico, talvez pela primeira vez na história, não se realizará nenhum dos habituais carnavais civilizados, nem é suposto que os foliões saiam à rua, mas tal não significa o fim de uma tradição, mas apenas um «até já». Importante é que as associações que durante várias décadas têm vivido em função desta efeméride não deixem de ter um apoio extraordinário este ano, para que não se vejam obrigadas a fechar portas para sempre. Afinal, a morte é uma solução demasiado definitiva para um problema que é temporário . 83
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OPINIÃO Tempos difíceis João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) onfesso ser-me cada vez mais difícil escrever sobre o Algarve, especialmente nestes tempos tão exigentes e difíceis. As notícias que vão surgindo de outras geografias revelam avanços concretos na tentativa de ultrapassar este conturbado período com abordagens integradas e inovadoras, assentes em questões-chave, amplamente conhecidas, como a sustentabilidade, o combate às alterações climáticas, a responsabilidade territorial, a justiça social, a igualdade de oportunidades, entre outros aspectos. Não se tratam de vaidades políticas. Não são campanhas de marketing. É a realidade imposta por uma necessidade global e uma vontade colectiva local. E quem quiser «apanhar este comboio» da modernidade e do desenvolvimento, incluindo o económico, terá de saber adaptar-se. A União Europeia lançou o pacto ecológico europeu, assente em várias abordagens sectoriais. Diversas cidades europeias já estão a seguir a senda indicada pelo mesmo. Na verdade, não seria necessário esse pacto. Bastaria estarmos atentos ao mundo que nos rodeia e, com um sentido de ALGARVE INFORMATIVO #280
responsabilidade e oportunidade, tomar as devidas medidas. Barcelona, por exemplo, já está a trabalhar há anos na reestruturação do seu centro urbano. Em breve espera revolucionar toda essa área, transformando-a num local mais verde, mais atractivo para os passeantes e ciclistas, sem presença de carros, com mais espaços públicos recreativos e zonas de lazer. Uma cidade carbono zero (ou quase) e com uma actividade económica, pós-covid, assente em tecnologias verdes e uma indústria dita sustentável. Noutros quadrantes discutem-se «auto-estradas» para bicicletas ou «ruas de jardins», «ruas digitais», planeiam-se «cidades dos 15minutos» e implantam-se ambiciosos projectos de «wilderness» e «rewilding», como na Roménia, por exemplo. Por cá, toda esta questão traduz-se, no concreto, em quase nada. Uns discursos devidamente enquadrados na actualidade, aflorando os temas, sem entrar em detalhes e concretizações. Pudera, não havendo nada a apontar, difícil se torna abordar estes temas. Pelo contrário, continuamos a assistir a situações que apontam no sentido inverso. Um dos mais recentes e caricatos é o do pomar de pera-abacate em Lagos, uma área com 128ha, que esteve em discussão publica em sede da 84
Avaliação de Impacto Ambiental, mas, pasme-se, com o projecto já instalado! E com a conivência das autoridades regionais. Sem entrar em detalhes sobre os impactos deste tipo de projecto nem sobre o que já se disse sobre o mesmo, apenas questiono como é que uma monocultura tropical, em regime intensivo, destas dimensões, respeita as orientações do referido pacto ecológico europeu, nomeadamente no que à protecção da biodiversidade respeita. Sem falar nas questões hídricas e nem da tão falada adaptação da região às alterações climáticas. Como nota adicional, atente-se ao facto de, no Algarve, a área de produção deste fruto ter passado de 171ha em 2000, para 1.815 em 2019. Somente entre 2017 e 2019, a área passou de 650ha, para a área actual. A realidade por cá parece congelada ou estagnada perante o que se vai passando em muitas outras partes da Europa e do mundo. Talvez por isso estejamos sempre no topo dos piores índices de desenvolvimento (salvo honrosas excepções) ou no fundo da lista de outros, dependendo da perspectiva. As conclusões do recente 85
Relatório Nacional de Aplicação da Directiva Habitats são disso exemplo: a nossa natureza degradou-se no período 2013-18 e Portugal continua a ser, junto com a Croácia, um dos países que menos informação possui sobre as suas espécies e seus habitats. Se queremos parecer comprometidos com alguns capítulos desses desígnios internacionais, devemos, pelo menos, disfarçar melhor e deixar de cometer erros do passado. Só isso ajudaria. E muito. Contudo, a crise económica instalada por acção da covid19 e a necessidade urgente de a ultrapassar, poderá não augurar uma firme resposta da região na escolha do melhor caminho a seguir. Esperemos que tal não se verifique e saibamos tirar proveito das oportunidades e das qualidades da região. É esse o verdadeiro desafio. São essas as dificuldades dos tempos que vivemos . ALGARVE INFORMATIVO #280
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VIA PÚBLICA DE ALBUFEIRA CONTINUA A SER REQUALIFICADA s obras destinadas ao melhoramento da via pública continuam em Albufeira, de forma faseada, com vista a causar o mínimo de transtorno a automobilistas e peões. Os trabalhos na Estrada de Santa Eulália vão bastante avançados e já se deu início à empreitada contígua de requalificação da Rua José Fontana, o arruamento que vai da rotunda junto à descida para a Praia da Oura até à rotunda da Estrada de Santa Eulália, junto à pastelaria Martinique. As obras começaram com a intervenção nos passeios, junto à rotunda da pastelaria Martinique, com vista a ALGARVE INFORMATIVO #280
prepará-los para receber as infraestruturas necessárias no âmbito das acessibilidades e da iluminação pública. Para além dos trabalhos preparatórios de levantamento do alcatrão, terraplanagens e demolições necessárias à repavimentação, a obra contempla a substituição/instalação de sinalética horizontal longitudinal e transversal, criação de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e deficiência visual e a substituição da rede de iluminação pública. “Trata-se
de uma intervenção fundamental para melhorar a fluidez e a segurança viária, numa zona turística de grande movimentação de pessoas e veículos”, considera o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo. 88
Para além da repavimentação, toda a iluminação pública da zona será substituída, nomeadamente as pesadas colunas de betão, que darão lugar a outras de material mais leve e mais seguro, no caso da ocorrência de
acidentes, bem como as antigas luminárias, que irão funcionar com tecnologia LED, “com vantagens
significativas em termos de eficiência energética”, frisa José Carlos Rolo .
ALBUFEIRA QUER PERPETUAR TESTEMUNHOS EM TORNO DA PANDEMIA COVID-19 Arquivo Municipal de Albufeira está a lançar um desafio aos albufeirenses no sentido de enviaram os seus testemunhos a propósito da pandemia Covid-19, a fim de constituírem memória para o futuro. Os interessados podem enviar o testemunho sobre as perdas humanas, laborais, quotidianas ao nível da mobilidade e outras. Podem, igualmente, enviar o seu testemunho sobre o modo de como superaram o confinamento, o diário, de como foi o Natal, o ambiente doméstico ou laboral e outros. Os testemunhos podem ser escritos, acompanhados ou não de fotografias, registos de vídeo, sonoros, desenhos ou outras formas. “Através deste projeto
vamos garantir que a História não apagará os acontecimentos de 2020 – 2021, em Albufeira”, refere a vereadora da Cultura, Ana Pífaro. “A memória dos habitantes de Albufeira sobre a pandemia deve ser registada de modo a não deixar cair no esquecimento as angústias, 89
incertezas e esperanças, coletivas, individuais e familiares, que esta comunidade sentiu e sente ao longo destes dias tão estranhos. Percebemos que os registos que estão a ser feitos são-no maioritariamente nas redes sociais, espaços efémeros e dificilmente lugares de memória”, acrescenta. O Arquivo Municipal de Albufeira tem online uma parte do seu espólio, sendo possível consultar o que foram os registos de vários momentos marcantes da história de Albufeira, disponibilizando para consulta documentos oficiais, fotografias, recortes de imprensa, correspondência e outros registos. Para partilhar o testemunho dos tempos presentes em fase de Covid-19, basta aceder a https://www.cmalbufeira.pt/content/projeto-historias-ememorias-da-pandemia-2020-2021 e preencher o formulário. Este projeto não tem data limite de acolhimento de testemunhos sobre a grande pandemia do século XXI em Albufeira . ALGARVE INFORMATIVO #280
MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA CONSTRÓI 40 FOGOS EM REGIME DE RENDA CONDICIONADA EM PADERNE Município de Albufeira procedeu, no dia 1 de fevereiro, ao lançamento da primeira pedra com vista à construção de 40 fogos de habitação social em Paderne. Trata-se do primeiro passo destinado à construção de um complexo habitacional de renda condicionada, constituído por 20 apartamentos de tipologia T2 e 20 apartamentos de tipologia T3, num investimento total a rondar os quatro milhões de euros. A construção deste complexo habitacional, da autoria do arquiteto Nelson Gaitinha, cumpre os mais elevados padrões de qualidade, sendo constituído por cinco edifícios, com um total de 40 fogos (20 T2 e 20 T3), jardins, dois parques infantis e 48 lugares de estacionamento. Durante a cerimónia, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira referiu que o projeto começou a ser trabalhado pelos técnicos da autarquia em 2018, tendo os procedimentos concursais arrancado já durante o primeiro semestre de 2020. “O
início da construção destes 40 fogos é de enorme importância para todas as pessoas que necessitam de arrendar casa em Albufeira, uma ALGARVE INFORMATIVO #280
vez que o concelho carece de habitação para arrendar compatível com os rendimentos das famílias, dos jovens e dos profissionais de várias áreas que têm dificuldade em vir para aqui trabalhar e aqui se fixarem, nomeadamente no turismo, educação, saúde, construção civil e outras”, referiu José Carlos Rolo, esclarecendo que “o processo administrativo em si é muito complicado e moroso, uma situação que por vezes acaba por demorar mais algum tempo devido à necessidade do visto prévio do Tribunal de Contas”. “Hoje estamos mais perto de concretizar o nosso objetivo de mitigar as dificuldades de habitação no nosso concelho com a construção de mais um complexo habitacional em Paderne, estando também prevista a construção mais 70 fogos em Fontainhas (Ferreiras), dois blocos de 28 apartamentos na Rua Samora Barros e 26 fogos junto ao Mercado Municipal dos Caliços, em Albufeira”, acrescentou o edil. 90
sentidas ao longo do processo. “Mas a Para colmatar esta dificuldade, o Município de Albufeira recorre a diversos instrumentos, que passam pela construção a custos controlados, aquisição de terrenos para construção e de apartamentos para arrendamento a custos acessíveis, programas de renda condicionada e arrendamento jovem, entre outro tipo de apoios que visam ajudar a resolver o problema. “Paderne
é uma freguesia interior, envelhecida, pelo que a construção de habitação a preços acessíveis irá permitir trazer mais pessoas, sobretudo jovens casais, atrair mais investimento e, consequentemente, melhorar o desenvolvimento desta localidade com enormes atrativos a nível ambiental e patrimonial”, concluiu José Carlos Rolo. A vice-presidente, Ana Pífaro, responsável pelo pelouro da Habitação, sublinhou igualmente as dificuldades 91
demora do mesmo permitiu estudar com tempo a situação e falar com as pessoas, com vista a melhor adequar o projeto às suas necessidades. Este projeto é uma forma de trazer as pessoas mais jovens para a freguesia, permitindo, ao mesmo tempo, que um maior leque de pessoas, através da renda convencionada, consiga aceder a uma habitação. Foi um processo complicado, mas esperamos o quanto antes ter aqui pessoas a viver”. Já Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal, formulou votos para que a obra decorra com segurança e celeridade, no período estabelecido, para que as pessoas consigam aceder a uma habitação digna e ultrapassar este período difícil por que estamos a passar.
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MUNICÍPIO DE ALCOUTIM ARRANCA COM REVISÃO DO PDM Município de Alcoutim vai proceder à revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) depois do início do procedimento ter sido aprovado, na última reunião do executivo realizada a 3 de fevereiro, nos termos previstos no Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial. O PDM é um instrumento de planeamento que estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial, a política municipal de ordenamento do território e de urbanismo e outras políticas urbanas,
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articulando as orientações instituídas pelos Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) de âmbito nacional e regional, determinando assim o modelo de organização espacial do território ao nível do município. O PDM de Alcoutim em vigor foi aprovado através de deliberação da Assembleia Municipal de Alcoutim de 17 de março de 1995 e ratificado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 167/95, de 12 de dezembro, publicada no Diário da República n.º 285, I Série-B de 12 de dezembro. Constata-se hoje, porém, uma
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alteração considerável entre a realidade do concelho no ano de 1995 e a situação atual. “A natural desatualização do
PDM em virtude dos quase 26 anos da sua vigência determina a necessidade da sua revisão, nomeadamente no que concerne às perspetivas de desenvolvimento previstas para o concelho face às mudanças de maior ou menor dimensão já verificadas desde a sua elaboração, ao nível socioeconómico, cultural, ambiental e de ocupação e uso do solo”,
revisto e não apenas atualizado, para permitir a promoção do correto ordenamento do território, orientando a dinâmica urbanística, cumprindo assim a legislação em vigor”. “Acresce que o enquadramento jurídico relativo aos instrumentos de gestão territorial sofreu grandes alterações e o sistema de planeamento atual é bem distinto do que existia em 1995, quando o atual PDM foi aprovado”, acrescentam.
explicam os responsáveis autárquicos. Para o executivo camarário, o PDM, sendo o principal instrumento de planeamento territorial municipal, que visa espacializar a estratégia de desenvolvimento municipal, “deverá ser
O prazo máximo para concluir a revisão é de dois anos e meio (30 meses), sem prejuízo do referido prazo poder sofrer uma prorrogação por idêntico período .
MUNICÍPIO DE ALCOUTIM TRANSFERE MAIS DE 97 MIL EUROS PARA AS JUNTAS DE FREGUESIA Câmara Municipal de Alcoutim vai transferir para as quatro juntas de freguesia do concelho mais de 97 mil euros, depois dos contratos programa a celebrar terem sido aprovados no dia 3 de fevereiro. Este apoio financeiro destina-se essencialmente a assegurar a organização de atividades culturais e comunicação,
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assim como à realização de obras diversas. Esta colaboração permite dotar as freguesias dos meios necessários para a prestação de um serviço público de maior qualidade, contribuindo para a aproximação do poder de decisão das populações, para a promoção da coesão social e territorial e para a melhoria das condições de vida dos cidadãos .
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CASTRO MARIM IMPLEMENTA LOJA AMIGA Através da recolha de roupa e bens, usados ou novos, doados por particulares ou empresas, a Loja Amiga procurará responder às necessidades mais imediatas e elementares das famílias. “Esta é
Loja Social é uma das iniciativas implementadas pelo Município de Castro Marim no âmbito das respostas à crise provocada pela pandemia da COVID-19. Localizada na Rua de São Sebastião, frente ao Mercado Local de Castro Marim, pretende ser um espaço de partilha, de solidariedade e de suporte imediato às famílias carenciadas, mas também uma forma de sensibilizar e promover uma maior sustentabilidade, dando uma segunda vida às coisas que já não precisamos ou não usamos. ALGARVE INFORMATIVO #280
uma resposta social que se tornou ainda mais importante neste tempo tão exigente, que trouxe já tantas dificuldades e vulnerabilidades sociais e que se especula criar muitas mais”, declara o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral. A Loja Amiga está a aceitar têxteis, vestuário, acessórios, calçado e bens essenciais. Para se evitarem as deslocações, serão partilhados os artigos e roupas disponíveis através da página de Facebook do Município de Castro Marim, sendo que os interessados devem depois efetivar a sua reserva através do número 281 510 742, do Serviço de Ação Social . 94
UNIVERSIDADE DO ALGARVE FOI CERTIFICADA COMO HEALTHY CAMPUS DE GRAU OURO Universidade do Algarve alcançou o grau de certificação «Ouro» no programa de «Healthy Campus» atribuído pala International University Sports Federation (FISU) e que envolve universidades de mais de 30 países, procurando avaliar as boas práticas que podem contribuir para a promoção da saúde e do bem-estar nos campus universitários. O levantamento das boas práticas desenvolvidas pela UAlg foi feito pelo Grupo de Trabalho UAlg + Saudável, coordenado pelo vice-reitor Saúl de Jesus. Já o representante para esta certificação é Nuno Rodrigues, professor do Gabinete de Desporto da Associação Académica da Universidade do Algarve. As Universidades são avaliadas em 100 parâmetros, distribuídos por sete áreas, seis das quais operacionais (Desporto e Atividade Física; Nutrição; Prevenção de
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Doenças; Saúde Mental e Social; Comportamentos de Risco; Ambiente, Sustentabilidade e Responsabilidade social) e uma área transversal, relacionada com a Gestão e Liderança do Campus Saudável. Para a obtenção do grau «Ouro», as instituições têm que cumprir os requisitos em mais de 80 indicadores. Dos diversos domínios em avaliação, a UAlg destacou-se em «Saúde Mental e Social», tendo conseguido avaliação em todos os indicadores de boas práticas. Como exemplo de boas práticas na UAlg, a FISU salienta o «Plano de Promoção do Sucesso Académico e Prevenção do Abandono Escolar (PPSAPAE)», que procura promover competências de métodos de estudo e de gestão do tempo nos estudantes da UAlg, sendo complementado por três outras iniciativas: «SOS Abandono», «Programa Interculturalidade e Mindfulness» e «Curso online Competências para a Vida» .
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MUNICÍPIO DE LAGOA ENTREGOU PRIMEIROS PRÉMIOS DA CAMPANHA «VAL€ COMPRAR NO COMERCIO LOCAL» entrega dos primeiros nove grandes prémios da campanha «Val€ comprar no comercio Local» decorreu, no dia 5 de fevereiro, no Auditório do Convento de S. José em Lagoa. O ato simbólico foi liderado pelo Presidente do Município de Lagoa, Luís Encarnação, acompanhado pelo Presidente da ACRAL, Paulo Alentejano, e entregaram-se os prémios de 1.500, 750 e 250 euros. Os restantes 105 contemplados tem vindo a levantar os seus prémios, entre os 150 e os 20 euros,
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no secretariado do recinto da FATACIL, onde se encontra instalado o Balcão do Empreendedor do Município de Lagoa. Estes prémios são referentes ao primeiro sorteio da campanha «Val€ comprar no comercio Local», correspondendo a 10 mil euros, num total de 50 mil euros que serão sorteados até ao final da campanha. A tômbola de onde saíram os prémios entregues continha 8.010 talões, equivalentes a 80 mil e 100 euros de compras feitas no comércio local de Lagoa entre o dia 25 de dezembro de 2020 e o dia 25 de janeiro de 2021. Os
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sorteios são transmitidos em streaming, em direto no site do município (www.cmlagoa.pt), a partir das 14h30 do último dia útil dos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2021. No mesmo local da web estão publicadas todas as informações sobre esta campanha. «Val€ comprar no Comércio Local» é uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Lagoa e da ACRAL – Associação de Comércio e Serviços do Algarve que conta já com a participação de 120 empresas ou empresários a título individual sediados no concelho de Lagoa, mas continuam abertas as possibilidades de novas adesões. Já os consumidores que preferirem estes fornecedores locais de bens e serviços podem candidatar-se a novos prémios, no valor de mais 40 mil euros durante os próximos quatro meses. De referir que o Município de Lagoa 97
também já distribuiu 72 mil euros pelos desempregados inscritos e indicados pelo IEFP, em vales de 40 euros cada, para que possam realizar compras no comércio local. “Com esta
campanha o Município de Lagoa visa apoiar a economia local, num momento de acentuadas dificuldades para as empresas. Os efeitos económicos e sociais resultantes da pandemia de COVID-19 fazem-se sentir fortemente. Atrair clientes para o comércio tradicional em todo o concelho, promovendo a economia circular com ofertas aos participantes aderentes, é uma das várias medidas que estamos a implementar”, esclarece Luís Encarnação .
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HABITAÇÃO A CUSTOS CONTROLADOS AVANÇA EM LAGOS oram celebrados, no dia 8 de fevereiro, os contratos de empreitada para a construção de dois novos empreendimentos habitacionais a custos controlados, previstos no Plano Municipal de Habitação da Câmara Municipal de Lagos. Em Bensafrim, a operação ocupa dois lotes municipais, onde irão nascer edifícios de dois pisos, num total de oito apartamentos de tipologia T2. A construção destes fogos representa um investimento de 765 mil e 449,92 euros (acrescido do IVA). No Sargaçal, a intervenção consiste na construção de nove moradias geminadas de dois pisos e
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tipologias T2 e T3, uma obra que irá custar 997 mil e 885,68 euros (acrescido do IVA) ao orçamento municipal. Ambas as empreitadas têm um prazo de execução de 365 dias. A autarquia lacobrigense prevê desencadear, de modo faseado, em 2021 e nos anos seguintes, diversas soluções habitacionais para dar resposta às necessidades diagnosticadas na área do concelho, as quais passam, não apenas pela construção de novos fogos municipais, como pelo apoio ao arrendamento (que já dispõe de mecanismo eficaz), pela disponibilização de terrenos para edificação e pela reabilitação do parque habitacional municipal .
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INFRAMOURA ACELERA RUMO À NEUTRALIDADE CARBÓNICA ncontra-se aberto o concurso público internacional de aquisição de energia a todos os edifícios e instalações sob a gestão da empresa municipal do concelho de Loulé, que estabelece como obrigatório o fornecimento de energia 100 por cento de origem em fontes renováveis, num total superior aos 460 Mwh para um período total de três anos. Esta opção surge numa ótica de reinvestimento dos benefícios gerados pelas poupanças obtidas através da produção de energia própria pelos sistemas fotovoltaicos que têm vindo a ser implementados (com 80kwp já em funcionamento), bem como dos ganhos em eficiência que têm vindo a ser gerados, fruto de uma análise e atuação sistemática aos vários sistemas responsáveis pelos consumos de energia, assim como pela sensibilização e capacitação dos colaboradores. Atendendo ao percurso que tem vindo a ser desenvolvido pela Inframoura, com a certificação em 2020 pela norma ISO 50 001 – Sistemas de Gestão de Energia, que se junta às certificações pelos referenciais internacionais da Qualidade (ISO 9001) e Ambiente (ISO14001), é assim reforçado o compromisso de desenvolvimento sustentável da ONU aliado à Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de 99
Loulé, permitindo a redução em mais de 55 por cento das suas emissões totais (tendo por referência o ano de 2018 que serviu de base para o desenvolvimento do plano de descarbonização). Com esta medida, a Inframoura antecipa o objetivo traçado em dezembro de 2020 pelo Conselho Europeu de redução de 55 por cento as emissões de CO2 para 2030, o que terá como consequência que todo o processo de armazenamento e distribuição de água e drenagem de águas residuais passem a ser carbono neutros . ALGARVE INFORMATIVO #280
AUTARQUIA DE OLHÃO ABRIU CONCURSO PARA ATRIBUIÇÃO DE 26 FOGOS DE HABITAÇÃO SOCIAL solicitados através do correio eletrónico concursohabitacao@cmolhao.pt.
ecorre, até dia 26 de abril, o concurso para atribuição, em regime de arrendamento apoiado, de 26 fogos de habitação social no concelho de Olhão. Os apartamentos, com tipologias entre T1 e T4, localizam-se em Quelfes (17), olhão (5), Moncarapacho (3) e Fuseta (1). Os interessados, que deverão ter residência no concelho de Olhão há, pelo menos, cinco anos, ininterruptamente, poderão consultar toda a documentação referente ao concurso na página eletrónica do Município (http://www.cmolhao.pt/areasatuacao/coesaosocial/habitacao), podendo todas as dúvidas ou esclarecimentos ser ALGARVE INFORMATIVO #280
As candidaturas devem ser entregues diretamente no Balcão Único do Município, ou através de carta registada com aviso de receção. Devido aos constrangimentos impostos pela pandemia, o atendimento presencial necessitará de marcação prévia, através do telefone 289 700 166. A lista definitiva das candidaturas apuradas será divulgada oportunamente, e as casas serão atribuídas, como tem vindo a acontecer, por sorteio público, em data a anunciar, de forma a garantir a transparência de todo o processo. A atribuição destas casas de habitação social acontece na sequência de um investimento de requalificação do parque habitacional municipal, que tem vindo a ser levado a cabo pela empresa municipal Fesnima. Ao todo, está previsto um investimento, até final do mandato, de cerca de três milhões de euros na reabilitação da habitação social do concelho de Olhão . 100
AVANÇA PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO E DE MARKETING DE TAVIRA Câmara Municipal de Tavira celebrou contrato com a Universidade do Algarve para a elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico e de Marketing (PEDTM) para o concelho, no âmbito da candidatura «Tavira com a Dieta Mediterrânica – Um destino turístico sustentável» (Programa Valorizar – Linha de apoio à sustentabilidade do Turismo de Portugal). O desenvolvimento do projeto, adjudicado pelo montante de 41 mil e 357,39 euros + IVA, tem a duração prevista de 12 meses e deverá ter como premissas a sustentabilidade e competitividade do território.
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O PEDTM é um documento fundamental na implementação de políticas e ações para o incremento e a promoção deste setor no concelho. Deverá definir linhas de atuação para o horizonte temporal de cinco anos (a partir da sua data de conclusão), tendo por base a análise do território, a oferta turística, a Dieta Mediterrânica, o perfil, as expetativas, as motivações dos visitantes e do trade local, reforçando, deste modo, a identidade de Tavira. Este Plano integra a candidatura «Tavira com a Dieta Mediterrânica – Um destino turístico sustentável» com um financiamento máximo de 80 por cento .
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MINISTRO DA EDUCAÇÃO MARCOU REGRESSO AO ENSINO À DISTÂNCIA EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, acompanhou, no dia 8 de fevereiro, o regresso à escola não presencial numa visita a São Brás de Alportel onde teve oportunidade de verificar como está a decorrer o apoio a filhos de trabalhadores essenciais, o apoio a crianças que frequentam as unidades de ensino estruturado e o trabalho do refeitório escolar social. A visita aconteceu na Escola EB1/JI de São Brás de Alportel que, neste concelho, está a funcionar como escola de acolhimento a filhos de trabalhadores considerados essenciais, alunos desde o pré-escolar até ao 2.º ciclo, sendo também uma das duas escolas integradas no Programa de Refeitórios Sociais Escolares, que dá apoio a crianças e famílias mais vulneráveis, num trabalho de parceria com os Serviços Sociais do Município e a Rede Social do concelho. O trabalho foi explicado ao Ministro pelos próprios alunos e pelos profissionais que estão a garantir estes apoios. Dos momentos de ensino sincronizado digitalmente até aos momentos assíncronos para a realização de tarefas de forma autónoma, houve tempo ainda para abordar o funcionamento, no concelho, dos projetos promotores do acesso a ALGARVE INFORMATIVO #280
material informático, no âmbito do qual o Município tem colaborado, mediante um investimento, desde o início da pandemia, na ordem dos 40 mil euros, na aquisição de equipamentos informáticos, tendo contado também com a participação solidária da comunidade. O regresso à Escola à Distância neste segundo confinamento tem sido preparado mediante um apurado trabalho de parceria entre o Município e o Agrupamento, procurando rentabilizar os recursos e multiplicar sinergias da melhor forma para apoiar os alunos, as famílias, a escola e toda a comunidade educativa neste exigente desafio. A realização de um ciclo de Conversas online «Escola em Casa», com o envolvimento da Associação de Pais e de projetos de intervenção comunitária, são bem o exemplo deste trabalho desenvolvido. Acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, pela diretora do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas, Nídia Amaro, e pela presidente da Associação de Pais do Agrupamento escolar, Marta Rodrigues, o Ministro Tiago Brandão Rodrigues visitou também o refeitório da escola onde neste momento está montado um 102
sistema de produção e distribuição das refeições sociais escolares, em regime de take away ou até entrega ao domicilio, quando assim é necessário, dirigido aos alunos beneficiários dos escalões de ação social escolar, bem como outras crianças, jovens e respetivas famílias, encaminhadas pelo Serviços Sociais do Município, com cerca de 150 refeições a chegarem diariamente aos lares de quem mais precisa. “Sabendo que só poderemos
voltar às aulas presenciais com segurança e quando as condições sanitárias assim o permitirem, é importante ver o que aconteceu aqui hoje”, referiu o Ministro da Educação, elogiando o esforço conjunto que professores, auxiliares de educação, alunos e pais estão a fazer neste regresso à 103
escola à distância. “Tivemos muito
gosto em partilhar com o Ministro da Educação este primeiro dia do Regresso à Escola, um desafio que a todos nos mobiliza – Município, Agrupamento de Escolas, Alunos, Professores, Famílias, toda a nossa comunidade – procurando, com todos os esforços ao nosso alcance, fazer com que este tempo seja superado da melhor forma, a bem das nossas crianças, a bem do futuro, com qualidade na aprendizagem e com serenidade”, acrescentou o autarca Vítor Guerreiro .
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