REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #281

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ALGARVE INFORMATIVO 20 de fevereiro, 2021

PEDRO GLÓRIA | REFLECT E KIMAHERA COM NOVIDADES À VISTA 1 ALGARVE INFORMATIVO #281 M.E.D.O. LANÇARAM «MONOPÓLIO DA VIOLÊNCIA» | PÊRO DE MONCHIQUE


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64 - Reflect e Kimahera com novidades à vista

26 - Ana Tereza representa Algarve no Festival da Canção 2021

16 - Pêro de Monchique vai ser preservado e valorizado

52 - M.E.D.O. lançam «Monopólio da Violência»

OPINIÃO 40 - Pedro Glória: músico, ambientalista e empreendedor

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76 - Mirian Nogueira Tavares 78 - Ana Isabel Soares 80 - Nuno Campos Inácio 8


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PRESERVAÇÃO DO PÊRO DE MONCHIQUE AJUDA TAMBÉM A REORDENAR E GERIR A PAISAGEM DA SERRA DE MONCHIQUE Texto: Daniel Pina oi celebrado, no dia 17 de fevereiro, um Protocolo de Cooperação Institucional entre o Município de Monchique e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve com vista ao desenvolvimento e implementação de um projeto conjunto para a preservação e valorização do Pêro de Monchique como produto tradicional, ALGARVE INFORMATIVO #281

através da instalação de um Campo de Demonstração e de uma Coleção de Pêro de Monchique que conterá uma réplica das diversas variedades existentes na coleção do Centro de Experimentação Agrária de Tavira da DRAP Algarve. O protocolo foi homologado pelo Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, presente numa sessão online na qual participaram o 16


Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, o Presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André, e os técnicos António Marreiros e Sónia Martinho, representantes de cada uma das entidades empenhadas na implementação do projeto. Estas fruteiras carregam em si um património genético incalculável e o seu cheiro e sabor tão característicos são as suas marcas mais predominantes. A sua conservação impera também características bastante singulares, pois era efetada de uma forma muito tradicional designada de «pendura», em que os frutos eram individualmente segurados com um fio pelo pedúnculo e, em grupos de 20 a 30, eram pendurados ao teto das casas num ponto único. O fruto colhido depois no Outono durava pelo menos cinco meses. Esta prática caiu em desuso nas últimas décadas, sendo

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atualmente a produção destes frutos no concelho de Monchique bastante reduzida. É com base nesta herança e riqueza patrimonial que o Município de Monchique avançou com a celebração do protocolo para a implementação deste projeto de preservação e valorização do Pero de Monchique, mas a instalação do campo de demonstração permitirá também a recuperação de uma área agrícola inserida na zona envolvente ao Convento de Nossa Senhora do Desterro. Um local cuja importância para o concelho remonta ao desenvolvimento da atividade agrícola, com o incremento de técnicas agrícolas e de regadio dinamizadas pelos monges franciscanos. É intenção, então, do Município de Monchique adquirir as restantes parcelas desta quinta de modo a reabilitar toda a zona

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Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve

envolvente ao Convento, devolvendo-lhe as funções agrícolas que outrora desempenhava. O Centro de Experimentação Agrária de Tavira é uma das «meninas dos olhos» da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve e vai agora desempenhar um papel fundamental na revitalização do Pêro de Monchique que, por sua vez, vai contribuir para o Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem das Serras de Monchique e de Silves, delineado na sequência dos graves incêndios ocorridos em 2018, por via da constituição de «mosaicos» e da recuperação de «canteiros». “A

biodiversidade faz parte da nossa missão de serviço público, mas muitas vezes não se passa das palavras à ação. Hoje estamos a assinalar um momento em que um ALGARVE INFORMATIVO #281

projeto se vai efetivamente concretizar no terreno”, destacou Pedro Valadas Monteiro. “O trabalho realizado no Centro de Experimentação Agrária de Tavira, e tudo aquilo que lá está preservado, só é possível graças ao grande amor dos técnicos superiores e assistentes operacionais da DRAP. Se não tivéssemos aquelas variedades de Pêro de Monchique, muito provavelmente elas teriam desaparecido para sempre, seja por causa dos incêndios, seja pelo seu abandono, porque deixam de ser apelativas do ponto de vista comercial. É essencial preservar as espécies, mas também, quando surgem as oportunidades, colocá18


las ao serviço dos produtores agrícolas e dos viveiristas”, defende o

rentáveis, porque continuam a ter uma faceta social importante”,

dirigente.

considera Pedro Valadas Monteiro, adiantando que estas espécies, vegetais ou animais, estão perfeitamente adaptadas às condições climatéricas do Algarve, de seca, de irregularidade na precipitação, de pastagens pobres. “Sabemos que o

Em Monchique vai tentar-se, então, demonstrar a mais-valia do trabalho desenvolvido nos Centros de Experimentação Agrária de Tavira e do Patacão, e de todos os outros espalhados pelo país, não só na parte vegetal, mas também animal. “No Algarve temos

três raças autóctones e uma delas está praticamente extinta, vamos ser se ainda conseguimos identificar um efetivo mínimo a partir do qual se possa obter material genético para a sua recuperação. Cada vez mais há outras espécies mais fáceis de produzir e mais procuradas pelo mercado, daí ser importante o trabalho de sensibilização e preservação. Mas também criaremse condições adequadas para a sua produção, quando deixam de ser

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território do Algarve, e todo o sudoeste da Península Ibérica, já está a ser severamente afetado pelas alterações climáticas, portanto, é crucial preservar-se este material genético, por ser extremamente resiliente a este fenómeno global”. Pedro Valadas Monteiro recorda igualmente a pertinência do reordenamento da paisagem do Algarve e do corte do coberto vegetal contínuo, e isso é feito através de manchas agrícolas, como são o caso, em Monchique, das fruteiras

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Rui André, presidente da Câmara Municipal de Monchique

tradicionais e dos horteiros. “Se

queremos conservar as paisagens tradicionais e os saberes típicos do Algarve, precisamos de ter projetos que apoiem a produção e o agricultor”, acrescenta, dando o exemplo da Rede Regional de Produtores Locais do Algarve, que está agora a dar os primeiros passos. “A pequena

agricultura familiar não tem a mesma capacidade da agricultura empresarial para vender, exportar e ser competitiva, mas é essencial para a ocupação e equilíbrio do território do Algarve, que sabemos ser fortemente assimétrico e ALGARVE INFORMATIVO #281

descompensado. E são projetos em rede, com o envolvimento dos organismos da administração central, das câmaras municipais e juntas de freguesia, das associações de produtores e das associações de desenvolvimento local. Não conseguimos mudar o mundo e as mentalidades de um dia para o outro, mas temos que dar o primeiro passo”, frisa o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. “O Algarve está

muitas vezes associado unicamente ao produto «sol e mar», precisa diferenciar a sua 20


oferta, e estamos em crer que o Centro de Experimentação Agrária de Tavira vai ser a âncora de todas as questões que envolvem a Dieta Mediterrânica e que pode ser fundamental para o desenvolvimento mais sustentável e harmonioso da região”.

REDESENHAR A PAISAGEM E TORNÁ-LA ATRATIVA E RENTÁVEL A Câmara Municipal de Monchique é a outra parceira deste projeto que se concretiza num momento em que se está a assistir a um regresso ao mundo rural e agrícola, a uma vontade em residir em zonas do interior que, infelizmente, e devido às alterações socioeconómicas das últimas décadas, foram perdendo a sua sustentabilidade. “Hoje vemos as

pessoas valorizarem cada vez mais os produtos endógenos, a comprarem o que é local, do produtor vizinho. Para tal é preciso que os stakeholders coloquem no terreno projetos que agilizem estes circuitos curtos e que as empresas tenham benefícios fiscais e económicos ao comprarem produtos locais. E esse é um caminho que já estamos a percorrer há algum tempo”, revela Rui André, presidente da Câmara Municipal de Monchique. O autarca considera que os períodos pós-incêndios são sempre de reconstrução, de redesenho, de repensar 21

processos e procedimentos, “uma

oportunidade de se fazer as coisas de maneira diferente”. “Infelizmente, o passado não nos mostrou isto. Em Monchique, depois dos acontecimentos de 2003 e 2004, em que praticamente ardeu o concelho todo, muito pouco foi feito e queremos agora aprender essa lição”, frisa Rui André, daí nascendo a vontade de juntar sinergias para se valorizar as fruteiras tradicionais e toda a sua componente social e cultural do concelho e da região, sob pena de se ir perdendo a própria identidade do Algarve. “Mas este plano de

redesenho da Serra de Monchique permite, por via das linhas de água, os pontos de abertura para os incêndios e os socalcos, fazer uma intervenção estruturada para que, no futuro, criando-se ferramentas de financiamento e apoio às populações, se compensem as perdas de rendimento das pessoas que tenham estes projetos de menor interesse económico, mas que são uma mais-valia para o território”, salienta o edil monchiquense. Esta remuneração dos serviços dos ecossistemas era defendida por Rui André há largos anos e parece que vai, finalmente, tornar-se uma realidade, assim reconhecendo o papel que as populações desempenham ao cuidar ALGARVE INFORMATIVO #281


dos seus terrenos, mesmo que com prejuízo financeiro, pois estão a contribuir para a preservação da paisagem e do meio-ambiente. “Não podemos

simplesmente dizer a uma pessoa para arrancar os eucaliptos ou outra coisa qualquer que tem nos seus canteiros e plantar umas fruteiras, quando o objetivo dela é, ao fim do ano, tirar algum rendimento daquele terreno”, afirma o autarca. “Geralmente o poder central pensa a quatro anos, por ciclos eleitorais, mas parece que, neste caso, o Governo está a trabalhar num projeto a 20 anos”, enaltece Rui André. O presidente da Câmara Municipal de Monchique acredita, por isso, que é possível construir-se um cenário que possa dar uma nova vida ao concelho, e a todos os meios rurais de Portugal. “O

nosso desejo é fazer à volta da vila uma espécie de anel de proteção e que seja também um género de jardim botânico onde se possam experimentar vários habitats, um deles o das fruteiras tradicionais”, revela. “Estes canteiros foram, no passado, um mosaico de proteção à progressão do fogo, e têm de voltar a sê-lo no futuro, sob pena de termos, de 10 em 10 anos, incêndios que não se conseguem parar e que atingem grandes dimensões. E esta paisagem não pode ser só para desfrute e contemplação, tem que ser economicamente sustentável. ALGARVE INFORMATIVO #281

Para tal precisa ter uma dimensão de floresta de proteção e de floresta autóctone, e dar espaço também às pessoas, aos seus animais e à sua agricultura de subsistência”, acrescenta Rui André. Quando tal não acontece, as pessoas acabam por partir, e o autarca dá o exemplo das dores de cabeça que uma família tem quando, por ocasião do nascimento de mais um filho, pretende ampliar a casa com mais um quarto e não o consegue fazer por impeditivos burocráticos e legais. Para se passar da teoria à prática em tudo isto é necessário também garantir o escoamento dos frutos, incentivar os circuitos curtos, que a restauração compre localmente, um processo que, admite, não tem sido bem-sucedido em Monchique. “Gostaríamos que o

Algarve da Via do Infante para sul fosse um escoador do que se produz a norte da A22. Criando-se sinergias entre o Algarve que ainda tem capacidade produtiva e o Algarve turístico, podemos tornar-nos na região mais sustentável da Europa. Este projeto é bom para Monchique e a população, passado tanto tempo depois do incêndio de 2018, precisa de ver projetos concretos no terreno”. O protocolo foi homologado pelo Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, que atribui uma grande 22


Rui Martinho, Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural

relevância à cooperação institucional e à preservação do património natural e cultural, no qual se incluem as variedades tradicionais de fruteiras, entre elas o Pêro de Monchique. “O Centro de

Demonstração e a Coleção a instalar em Monchique vai conter réplicas das variedades existentes no Centro de Experimentação Agrária de Tavira, o que contribuirá para a 23

salvaguarda da memória coletiva e da identidade rural do concelho de Monchique. O governo assume a responsabilidade de incentivar estas ações que protegem um património único, o material genético das nossas variedades tradicionais”, enfatiza Rui Martinho. “É um património histórico, ALGARVE INFORMATIVO #281


natural e cultural que ajuda a promover o desenvolvimento de projetos rurais e a apoiar os agricultores e as populações, sobretudo nos concelhos de menor densidade”, reforça. Com projetos desta natureza estão-se assim a dar, na ótica do governante, condições para que os agricultores criem valor para as regiões e para o país. “Temos hoje uma

confiança reforçada nos agricultores, pela resposta que souberam dar à crise pandémica, e temos o dever de apoiar a agricultura e promover o seu desenvolvimento. É um compromisso que levamos muito a sério e ainda mais nas regiões mais desfavorecidas e que, à partida, se defrontam com maiores dificuldades. Queremos fazer crescer a agricultura, inovando-a e entregando-a à próxima geração”, salientou Rui Martinho, recordando a «Terra Futura» - Agenda da Inovação para a Agricultura, “uma estratégia

governamental que será implementada através de uma sociedade mais consciente do papel da alimentação na sua saúde e bemestar; que dê lugar a uma agricultura ainda mais inclusiva e ALGARVE INFORMATIVO #281

que valorize os nossos recursos naturais; e com uma aposta forte numa cadeia de valor mais competitiva e que crie mais rendimento aos nossos produtores”. “Para a concretização desta Agenda está consagrado um envelope de 93 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, e estamos empenhados em transformar projetos em realidades. É um trabalho de todos para a recuperação e construção de um futuro melhor e a muito curto prazo será publicada uma Resolução do Conselho de Ministros com medidas concretas e adaptadas às necessidades dos territórios vulneráveis, nos quais se inclui todo o concelho de Monchique”, revelou o Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural . 24


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ANA TEREZA REPRESENTA ALGARVE NO FESTIVAL DA CANÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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isputa-se, a 27 de fevereiro, a segunda meia-final da edição de 2021 do Festival da Canção, na qual a farense Ana Tereza vai interpretar «Com um Abraço», com música de Tó Viegas e Viviane e letra de Viviane. “Conheço a

música e que tem tentado traçar o seu caminho artístico sem ter participado em nenhum concurso televisivo. Agarrou este desafio com grande entusiasmo e tem estado muito empenhada em dar o seu melhor para levar esta canção à final do Festival”, explica

Ana Tereza há alguns anos e sei que ela tem uma grande paixão pela

Viviane a sua escolha.

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alguns musicais”, conta a jovem cantora. De regresso ao Algarve, em 2014, formou uma nova banda de garagem, na Associação Recreativa e Cultural dos Músicos, e foi lá que se cruzou com Sónia Cabrita, baterista da banda «Gaijas», na qual ingressou com imenso entusiasmo. Em paralelo, teve outros projetos, mais de covers do que de temas originais, e durante três anos viveu exclusivamente da música, até a pandemia a ter forçado a procurar outras fontes de rendimento. O gostinho pela música vem desde criança e, embora não existam cantores na família, a mãe é escritora e o pai é pintor, portanto, a arte e a cultura fazem parte do seu quotidiano.

“Cresci a ouvir muita música, comecei cedo a cantarolar, mesmo sem saber as palavras. Soube logo que era isto que queria fazer e sempre tentei escolher os melhores caminhos para chegar onde estou hoje”, afirma Ana Tereza, que se assume como uma perfeita autodidata, uma vez que não teve qualquer formação em música. “Os meus pais queriam Apesar de relativamente desconhecida do grande púbico, Ana Tereza já anda na música há muitos anos, tendo começado a sua carreira artística enquanto residia em Guimarães, onde fez parte de grupos corais e participou em diversos concursos de talento do norte do país. “Tinha uma

banda de garagem e atuávamos nas festas da terra e estive também em 29

o melhor para mim e, de um lugar de amor, acharam que eu devia ter uma formação académica «normal». Por isso, tirei Psicologia e o que sei de música aprendi sozinha e com a experiência”, explica. Seja a cantar originais ou covers, Ana Tereza imprime o seu toque pessoal nas interpretações, e nada de standards ALGARVE INFORMATIVO #281


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internacionais, esclarece, com um sorriso.

“Nunca estive com uma banda minha a tocar num bar «Summer of 69» e coisas do género. As poucas vezes que o fiz foi quando substitui outros colegas, porque somos uns para os outros. Mas nos projetos a que me dediquei optamos por interpretar os «Lados B» dos álbuns, músicas que são conhecidas, mas que o público não está à espera de ouvir tocadas daquela forma”, descreve a cantora, que também se ajeita nos elementos de percussão, como é o caso da pandeireta, “que é mais difícil de tocar do que parece”, garante. As «Gaijas» foram, sem dúvida, “a

experiência mais enriquecedora e de crescimento pessoal” que teve no seu percurso, “por trabalhar com 31

pessoas extremamente talentosas e dedicadas que me ensinaram imenso e me deram uma vontade enorme de continuar a lutar pela música”. Apesar de estar num interregno, Ana Tereza afirma que a banda continua viva e de boa saúde e foi precisamente através das «Gaijas» que conheceu Viviane. “Sempre fui

muito fã do Festival da Canção e do Festival da Eurovisão, via todas as edições com o meu irmão mais novo. Representar o meu país na Eurovisão era um sonho longínquo e, quando surgiu esta oportunidade, fiquei extremamente contente. Não estava à espera disto, especialmente num ano como 2020”, reconhece. “Em 2016, a Viviane fez um espetáculo a ALGARVE INFORMATIVO #281


comemorar os 10 anos de carreira e as «Gaijas» foram uma das convidadas especiais. Tocamos uma versão do «Furacão» dos EntreAspas e desde essa época que fomos mantendo contato. Sempre olhei para ela com uma grande admiração e, quando as «Gaijas» começaram a escrever originais, a Viviane também me ajudou. Nunca tinha escrito canções em português e pedia-lhe a opinião se as letras estavam poeticamente corretas”, recorda. Viviane foi, então, uma das compositoras selecionadas pela organização do Festival da Canção de 2021 para compor um dos temas e a artista radicada em Olhão escolheu depois Ana Tereza para interpretar «Com um abraço», uma canção que «cai como uma luva» à entrevistada. “Insere-se,

sem dúvida, no meu ADN musical, apesar das pessoas conhecerem mais o meu lado roqueiro. Identifico-me com os sentimentos da letra, com as ondas do som da música, e espero levá-la ao sítio que merece”, declara a farense, que está a uma semana de subir ao palco para participar na segunda meia-final do Festival da Canção. “Florzinhas na

barriga tenho sempre, nunca me vão deixar, porque sou uma pessoa naturalmente ansiosa e nervosa. Mas o nervosismo significa que estamos a dar a devida importância às coisas que fazemos. É um ALGARVE INFORMATIVO #281

acontecimento que já está a dar uma volta à minha vida, mas acho que não vou ficar em pânico”, indica, sorridente. Ana Tereza confessa, aliás, que o aspeto que lhe causa mais nervosismo é saber que vai cantar numa sala vazia de público, devido à pandemia que vivemos, pelo que o ambiente vai ser bem mais frio do que o habitual. “Fico

nervosa em qualquer espetáculo, porque quero dar sempre o meu melhor, mas não estou habituada a cantar sem pessoas à minha frente. De qualquer modo, quando começo a cantar, as coisas encarrilham, vai o nervosismo e fica só a música, e acredito que, no sábado, não vai ser diferente”, antevê. E se não é fácil alhear-se de tudo aquilo que rodeia a covid-19 no seu dia-a-dia, esses pensamentos desaparecem quando começa a cantar.

“Tenho todos os cuidados possíveis e imagináveis, é uma realidade que não nos vai abandonar tão cedo, mas temos que saber contorná-la e ver o melhor das situações”.

“TEMOS FORTES POSSIBILIDADES DE CHEGAR À FINAL” Ensaios para aqui, entrevistas para ali, o Festival da Canção já alterou o quotidiano de Ana Tereza, até porque a vitória de Salvador Sobral, em 2017, no 32


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Festival da Eurovisão, voltou a colocar este evento na ribalta. “Eu estava num

«buraco» artístico e pessoal muito grande, porque tive que arranjar outras soluções para ter um rendimento regular depois da cultura parar. Nestas circunstâncias é normal uma pessoa ir-se abaixo e este convite foi uma «luz ao fundo do túnel» na minha vida. É uma oportunidade enorme”, reconhece. “O Festival da Canção perdeu o brilho durante alguns anos, as pessoas deixaram de assistir, e quando o Salvador ganhou a Eurovisão, os portugueses voltaram a estar mais atentos à música portuguesa. E devem fazê-lo, porque somos um país cheio de talento”, sublinha. “Não pretendo deixar a minha banda, mas acredito que isto vai impulsionar a minha carreira a solo. É um passo importante para a minha vida”, reforça. E por falar em qualidade, como é que Ana Tereza olha para a concorrência no Festival da Canção, perguntamos. “Este

ano é muito forte, há músicas bastante boas, e tenho noção de como estão as cotações. Mas acho que a prestação ao vivo pode ser um momento de viragem na forma como o público encara os concorrentes. Acredito na nossa canção e que ela vai brilhar ao vivo de uma maneira diferente do que ALGARVE INFORMATIVO #281

em estúdio”, indica a farense, que não está demasiado preocupada pelo facto do Algarve ser uma região com menos população do que as outras do resto do país. “Não acho que sejam

só os algarvios que têm que votar em mim, ou que seja sequer uma obrigação fazê-lo. É verdade que muitas vezes somos esquecidos e temos que apoiar aquilo que é regional, mas penso que todo o 34


país devia votar em mim”, diz, de olhos brilhantes. “É uma música muito fácil de nos identificarmos com ela, grita «Festival da Canção», consegue juntar as sonoridades mais antigas e tradicionais com os sons mais modernos. E é daquelas músicas que, quanto mais vezes a ouvimos, mais gostamos dela”, defende a intérprete de «Com um abraço». 35

Uma boa prestação no Festival da Canção pode, de facto, abrir muitas portas a Ana Tereza, que não pretende perder esta oportunidade para lançar a sua carreira a solo. “Temos que estar

preparados porque, se não apresentarmos coisas num curto espaço de tempo, desaparecemos logo do centro das atenções. Estou aberta a trabalhar em todos ALGARVE INFORMATIVO #281


os projetos, em explorar outros estilos e ondas, adoro aprender coisas novas e meter-me em aventuras musicais. Esta música que vou levar ao Festival da Canção está muito dentro da onda que quero para a minha carreira a solo, daquilo que sou enquanto Ana Tereza”, salienta. “Preciso apanhar este comboio e ir até ao fim da linha”. Uma caminhada que, confessa, é mais difícil quando se vive no Algarve, mas todos os obstáculos se ultrapassam com força de vontade e o querer fazer. E as «Gaijas» são disso um perfeito exemplo.

“Neste momento, a nossa baixista está a estudar contrabaixo clássico na Escola Superior de Música do Porto, a guitarrista vive em Lisboa, a baterista divide-se entre Lisboa e Faro e eu estou aqui em Faro. Apesar disso, encontramos maneira de ensaiarmos e a maior parte dos nossos concertos são de Lisboa para cima”, descreve. “O mais complicado é sairmos do Algarve para o resto do país, parece que existe um muro. Existe imensa gente trabalhadora e talentosa no Algarve que merece uma oportunidade e temos que ir à luta, nada é impossível”, garante, antes de concluir com um sonoro

“votem em mim, prometo que não vos vou desiludir”. Lá estaremos então, no dia 27 de fevereiro, para a segunda meia-final do Festival da Canção de 2021 . ALGARVE INFORMATIVO #281

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PEDRO GLÓRIA: MÚSICO, AMBIENTALISTA E EMPREENDEDOR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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acobrigense de 46 anos, músico a tempo inteiro desde 2007, Pedro Glória foi o grande vencedor do «Green Up», concurso promovido pela «Territórios Criativos» e pelo Turismo de Portugal, com o projeto SWRS, através do qual o empreendedor ALGARVE INFORMATIVO #281

pretende aplicar ao meio urbano os conceitos da permacultura, uma ciência de âmbito social e ambiental que alia o conhecimento científico com o saber tradicional e popular, assegurando dessa forma a permanência do ser humano como espécie no planeta Terra. Na prática, trata-se de um sistema inovador de reaproveitamento 42


ambientalista, mas os conceitos da permacultura surgiram mais tarde, embora envolvam a ecologia, a biologia, a hidrologia, as florestas. É uma filosofia muito completa estabelecida, nos anos 70, por dois investigadores e académicos”, indica o entrevistado. “É um assunto vastíssimo, que vai desde a forma como se educam as crianças ao modo como os adultos agem em sociedade. Permacultura significa permanent culture e, embora em Portugal se ouça falar muito pouco dela, está bastante intrincada em sociedades como a Austrália, Nova Zelândia e Inglaterra”. Pedro Glória pretende, assim, utilizar a reciclagem da água no meio urbano de uma forma muito prática e simples, apesar de sofisticada. “Com a

das águas cinzentas para descargas sanitárias que permite poupar cerca de 30 por cento de água potável sem necessidade de obras, encontrando-se neste momento em fase de produção de protótipo para testes e aperfeiçoamento.

“Desde que me conheço como pessoa que me considero um 43

permacultura queremos aprimorar, de um modo técnico e científico, coisas simples e a todos os níveis. Como estes conhecimentos estão incutidos em mim, o processo foi decorrendo naturalmente, desde os primeiros esboços, que eram bastante rudimentares, até ao desenvolvimento do sistema que estamos a criar agora, que será, em simultâneo, orgânico e tecnológico”, explica o empreendedor. “Combina a simplicidade de algumas tarefas ALGARVE INFORMATIVO #281


internas da hidráulica com conceitos mais atuais da eletrónica”, acrescenta o músico, agente e produtor de eventos que, face à pandemia, viu a sua atividade profissional completamente interrompida. “Antes da

música tive empregos normais, daqueles que nos ocupam o dia inteiro e, quando chega o fim-desemana, queremos é estar sossegados. Ao estabelecer-me como músico fiquei com os meses de Inverno livres para aprofundar os meus conhecimentos noutras áreas, de forma autodidata, desde a astrofísica à história”, conta. Em 2019, Pedro Glória faz então duas formações sobre earthship, conceito ALGARVE INFORMATIVO #281

criado pelo arquiteto norte-americano Michael Reynolds e que preconiza casas 100 por cento autossuficientes, recolhendo e reutilizando água de modo bastante eficaz. Seguiu-se, ainda em 2019, um campo de regeneração de ecossistemas, uma formação que abordava a permacultura, agroflorestas, observação hídrica, entre outros temas. “Quando fui

para essa formação, em outubro, já tinha os meus primeiros sketches e estava a ficar bastante entusiasmado com a ideia. Falei com a Associação Vicentina, que me indicou a Universidade do Algarve, contatei o CRIA, mas, em maio de 2020, acabei por me inscrever na Startup Portimão. O 44


projeto tem vindo a aperfeiçoar-se cada vez mais com o tempo, porque eles fazem todas as semanas pequenos workshops, sessões de mentoria e reuniões que nos motivam para seguir em frente, para não deixar cair os projetos. E assim fui parar ao «Green Up – Ideias para a Sustentabilidade no Turismo»”, relata Pedro Glória. O tempo voa e, neste momento, está já a ser desenvolvido um protótipo do sistema pela Mark 6 – Centro de Prototipagem do Algarve, sedeada em Loulé, o que não significa que o processo tenha sido tão simples como parece. “No

início senti muita insegurança porque, apesar de ser músico, sou bastante reservado e introvertido. Cresci enquanto pessoa neste período e ter vencido o «Green Up» foi motivador, mas também acarreta mais responsabilidade. Antes disso tinha imensas dúvidas, se isto iria ser tudo um enorme flop, se o equipamento ia funcionar ou não. Contudo, estar perante um júri constituído por pessoas experientes no empreendedorismo e na introdução de novos produtos no mercado, e ver o meu projeto valorizado desta forma fez-me ter a certeza de que o equipamento vai funcionar. O objetivo é que seja excelente, durável no tempo e com o mínimo de manutenção possível”, frisa Pedro Glória. 45

PANDEMIA IMPULSIONOU PROJETO Apesar de se estar ainda em fase de prototipagem e testes, a verdade é que já começam a surgir oportunidades de negócio, nomeadamente no setor do turismo, devendo depois o projeto avançar para clientes institucionais, antes de chegar ao consumidor final. E para o sucesso é crucial rodear-se das pessoas indicadas, reconhece Pedro Glória, que já não se sente sozinho nesta aventura. “Inscrever-me na

Startup Portimão deu-me mais segurança, os mentores estiveram sempre presentes ao longo no processo e mesmo agora continuo a ter o apoio constante da Teresa Preta e da Maria Loureiro de Lemos. Mas há muito caminho ainda para percorrer, nomeadamente encontrar investidores que se cheguem à frente, porque estamos a falar de patentes e marcas internacionais que envolvem verbas avultadas”, avisa o entrevistado. Na hora da verdade, do que se trata então o SWRS – Shower Watering Recycling System, questionamos, acrónimo que pode ou não tornar-se na marca definitiva do novo equipamento, admite Pedro Glória. “O objetivo é

aproveitar a água do duche e banho para se fazer a descarga ALGARVE INFORMATIVO #281


sanitária, para se erradicar o uso de água potável no autoclismo. É uma das maiores idiotices da Humanidade utilizarmos água potável na sanita”, responde o

Turismo de Portugal e de estudos feitos pela ADENE – Agência para a Energia. O meu sistema é uma forma completamente diferente de resolver esse problema”,

inventor, lembrando que 1/3 da população mundial não tem acesso a água e a saneamento básico. “E precisamente

salienta Pedro Glória.

1/3 da água que gastamos nas nossas casas é aquela que vai pela sanita abaixo. É um paradoxo absurdo. Não é o dinheiro que me move, aliás, se isto correr bem, pretendo pegar numa grande parte desse dinheiro para promover educação ambiental e levar água a zonas que estão carenciadas desse bem”, adianta o entrevistado. Pedro Glória esclarece que este reaproveitamento de água é relativamente fácil de se conseguir quando se constrói uma vivenda ou um bloco de apartamentos logo com esse sistema montado de raiz, o mais complicado é fazê-lo em casas que já existem, e é aí que entra o SWRS. “O

sistema que desenhei e que está a ser aprimorado será possível de implementar em qualquer casa de banho, sem ter que partir nada”, garante, revelando que existem oportunidades de negócio para este equipamento e já no curto prazo. “Os

setores do turismo e do imobiliário vão ter que introduzir, a partir de 2021, melhorias de eficiência energética e hídrica, na sequência de diretrizes da União Europeia e do ALGARVE INFORMATIVO #281

Da ideia passou-se aos desenhos, depois ao protótipo, segue-se a tarefa de angariar investidores para o projeto e, de repente, a vida de Pedro Glória pode transformar-se por completo e, para além do sucesso empresarial, existirão benefícios reais para a própria sustentabilidade do planeta. Um cenário que, reconhece, nunca passou pela cabeça do músico profissional.

“Sabia que alguma coisa teria que mudar na minha vida e a pandemia veio acelerar o processo. Estamos todos parados na nossa atividade musical, os concertos de 2020 foram cancelados ou adiados para 2021, os de 2021 também já estão a ser cancelados ou adiados. Fiquei muito assustado durante os primeiros meses de pandemia, fechado em casa e com um pânico interior. Chegou um momento em que decidi que estava farto de andar deprimido, agarrei-me ao projeto e comecei a trabalhar nele quase todos os dias. Mas daí à possibilidade de me transformar num empresário de sucesso, claro que não tinha imaginado”, reconhece, com um sorriso. “Para isso acontecer preciso de ter as 46


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pessoas certas à minha volta, porque há algumas tarefas que não sei se terei habilidade para as realizar. Antes de ser músico trabalhei em contabilidade durante seis anos, portanto, essa parte não é um «bicho de sete cabeças», mas gerir uma empresa é algo completamente diferente”. O protótipo está então a ser desenhado em Loulé e depois será testado computacionalmente, antes de serem impressas as primeiras peças, até ser construído um sistema físico 100 por cento funcional e em tamanho real, que depois vai depois ser instalado na casa de Pedro Glória. “A minha casa-de-banho

vai transformar-se num laboratório, em princípio já em março, e vou testar o comportamento dos diferentes materiais e a forma como a água vai ser drenada. Também já estou em contato com uma fábrica na Marinha Grande, onde estão os grandes especialistas deste ramo e que trabalham para várias marcas de eletrodomésticos. O sucesso de tudo isto vai depender do preço a que o equipamento for implementado no mercado e acredito que vá ser um valor razoável e acessível ao consumidor comum”, adianta. Pedro Glória acrescenta que o equipamento vai ser fabricado com o máximo possível de polímero reciclado, ou seja, plástico e borracha reciclados, ALGARVE INFORMATIVO #281

porque pretende-se que todo o projeto seja sustentável e circular. “Não

tenho andado a aprender sobre sustentabilidade e economia circular e depois ter um produto feito de plástico novo e embalado em plástico. Tudo aquilo em que acredito vai ser aplicado neste projeto”, destaca o entrevistado, referindo ainda que a ideia é, no futuro, 48


ter várias unidades de produção espalhadas pelo mundo, para reduzir também os custos com o transporte. “Se

tudo correr de acordo com o meu imaginário, poderemos ter uma fábrica no centro da Europa, outra em África, e assim sucessivamente. A nossa expetativa é ter, no segundo semestre, já o produto à venda e pronto para ser instalado. 49

Neste momento, acho que já não há volta a dar, porque estamos a pensar e a fazer tudo com imenso detalhe e acredito que as pessoas se vão identificar também com o conceito e a utilidade do produto” .

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FARENSES «M.E.D.O.» COM «MONOPÓLIO DA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Coleman Rogers, Roberto Raposo e Ruben Costa ALGARVE INFORMATIVO #281

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» ESTÃO DE REGRESSO A VIOLÊNCIA» 53

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banda de Punk/Hardcore M.E.D.O., de Faro, lançou, no dia 1 de fevereiro, o seu terceiro trabalho de originais, intitulado «Monopólio da Violência» e gravado e misturado por Carlos Rocha no Eyeball Studios, em Loulé, tendo a edição ficado a cargo das editoras Raging Planet, de Lisboa, e Raising Legends, do Porto. Do novo álbum foram já extraídos dois singles, «Música de Embalar» e «Cadáver», com a reação do público a superar todas as expectativas e a contribuir, ainda mais, para a vontade de regressar aos palcos de uma das mais ativas bandas farenses dos últimos anos. Um disco que foi composto online, entre março e maio de 2020, quando o estado de emergência e o confinamento obrigatório eram uma realidade em território nacional, tendo depois sido gravado durante o Verão, conforme nos contou Ricardo Catarro, membro fundador e vocalista dos M.E.D.O. e que praticamente desde os 16 anos que está envolvido na organização de concertos de punk, metal e hardcore, embora esta seja a sua primeira banda “a sério”. Os M.E.D.O. começaram a ensaiar em 2015 e deram os primeiros concertos em 2016 e, desde então, editaram três discos de uma sonoridade que não é das mais mediáticas e comerciais em Portugal. “O punk/hardcore é muito

mais do que um estilo de música, é um estilo de vida, é uma atitude e preocupação social, política e ambiental. É isso, aliado à sonoridade rápida, que nos agarra a todos. Não faria sentido 55

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tentarmos tocar uma coisa de que não gostamos”, explica Ricardo Catarro, que é acompanhado na banda por por Filipe Pinela (guitarra), Raul Coelho (guitarra), Pedro Miguel (baixo) e Rafael Rodrigues (bateria). E, depois de escutar o novo disco, depressa percebemos que essas tais preocupações estão bem expressas nas letras da banda.

“A mensagem é um dos pontos ALGARVE INFORMATIVO #281

fundamentais dos M.E.D.O.. Se a letra não tiver algum conteúdo ou ideia para passar, então não faz sentido. Temos sempre algo para dizer, e atual”, garante. Letras que são normalmente escritas por Ricardo Catarro, mas há sempre um esforço para que o processo de composição seja coletivo. “Não 56


queremos que ninguém fique desconfortável com o que fazemos, mas sim que todos se identifiquem com a mensagem. Como é óbvio, há divergências de opinião, mas tentamos que o resultado seja o mais consensual possível”, frisa o entrevistado. Já na parte instrumental, as músicas surgem das ideias, dos reefs, que algum elemento apresenta e depois começam todos a trabalhar em conjunto, mesmo Ricardo Catarro, que também se aventura, às vezes, na bateria. E assim se tem feito a caminhada desta banda de punk/hardcore de Faro, num estilo que não é mainstream e numa época em que as vendas de discos são cada vez mais escassas. E, como se sabe, 2020 não foi um ano pródigo em 57

concertos ao vivo, com 2021 a correr o risco de não ser muito diferente. “A

banda começou quase na brincadeira e foi crescendo de forma gradual. Somos todos amigos há vários anos e já tínhamos feito outras coisas juntos. O primeiro disco foi gravado de uma forma mais amadora, compilamos músicas soltas que tínhamos feito em estúdio, metemos mais cinco novas, e assim nasceu o «Medocracia». «O Produto somos nós» já foi pensado com «pés e cabeça», planeado e trabalhado por inteiro e não uma manta de retalhos como o primeiro”, descreve o cantor. ALGARVE INFORMATIVO #281


«Monopólio da Violência» seguiu o mesmo percurso e, em situações normais, teria sido lançado em 2020, mas a chegada da pandemia atrasou todo o processo. “A composição já estava

bastante adiantada, mas faltava toda a parte da gravação. Deixamos o barco andar ao sabor da corrente, porque percebemos logo que não iria ser um bom ano para meter discos no mercado”, refere Ricardo Catarro. “De há vários anos para cá tornou-se muito difícil vender ALGARVE INFORMATIVO #281

discos, a não ser nos concertos. Não andamos nisto pelo dinheiro, mas a banda tem despesas e tentamos que se financie a si própria. Ora, se não tocamos ao vivo, não vendemos discos, nem merchandising, e estamos a falar de um investimento grande”. Os planos de 2020 foram então adiados para 2021, mas Ricardo Catarro garante que os M.E.D.O. até nem tinham muitas razões para se queixar no que toca a espetáculos, embora não 58


António. Tínhamos muitas datas confirmadas para 2020 que foram canceladas, mas esperamos voltar aos palcos o mais depressa possível”, afirma o entrevistado.

O DIFÍCIL É NÃO CAIR NA MONOTONIA E BANALIDADE Criar música nem sempre é fácil e ainda mais complicado deve ser em contexto de pandemia, em que todos andamos mergulhados na incerteza, em que a luz teima em não aparecer ao fundo do túnel. E os elementos da M.E.D.O., à semelhança da grande maioria dos portugueses, não imaginavam que a covid-19 tivesse vindo para ficar durante tanto tempo.

sejam, como é natural, convidados para as típicas festas do Verão algarvio. “É

verdade que o Algarve não tem assim tantos espaços vocacionados para bandas de originais e o punk/hardcore é um som ainda mais específico. Há a Associação de Músicos em Faro, o «Bafo de Baco» em Loulé e existia o «Marginália» em Portimão, que fechou portas no final de 2020 devido às restrições impostas pela pandemia… mas já tocamos um pouco por todo o país, de Viseu a Vila Real de Santo 59

“Se calhar por ingenuidade, ou simplesmente por sermos pessoas positivas, não pensávamos que íamos entrar em 2021 com tantos casos novos de contagiados, com tantos mortos. Percebemos que, até ao fim de 2020, a cultura não ia avançar muito, ou que ia estar mesmo parada, mas julgávamos que 2021 seria mais desafogado. Por isso mesmo tentei fugir ao tema da pandemia nas letras que escrevi”, reconhece Ricardo Catarro. “Não quis entrar no facilitismo e explorei outros assuntos e, quando ficámos fechados em casa, praticamente metade do disco já estava feito. O problema foram os ensaios, até porque um dos ALGARVE INFORMATIVO #281


guitarristas é de Santo André, no litoral alentejano. Tivemos de trabalhar à distância e partilhar ideias através dos meios digitais”. O processo até se pode ter tornado mais rápido nalguns aspetos, mas Ricardo Catarro considera que as trocas de opinião, por videoconferência, são mais frias e complicadas do que estando todos juntos, num ambiente criativo normal.

“Tivemos que nos adaptar a essa nova realidade e a experiência acabou por se tornar interessante”, admite o entrevistado, acrescentando que assunto não falta para se escrever.

“O meu maior desafio é selecionar ALGARVE INFORMATIVO #281

os temas, porque não gosto de ser muito específico, de falar de coisas concretas, mas também não gosto de divagações filosóficas. Tento que a mensagem seja direta e percetível e, por exemplo, o racismo, as guerras, os refugiados, são assuntos que nos preocupam e com os quais é fácil de nos identificarmos. O difícil é não cair na monotonia e na banalidade”, assume o letrista. Letras com conteúdo, músicas com grande qualidade, apesar de 60


aceleradas, e a resposta do público é bastante positiva, porque, de acordo com Ricardo Catarro, o punk/hardcore, mesmo não sendo mainstream, tem seguidores interessados e que partilham, de uma forma geral, das mesmas preocupações, pelo que escutam atentamente as mensagens incluídas nas diferentes canções. Depois, «Monopólio da Violência» conta com a participação de convidados como RealPunch (Tribruto), Rui Correia (Grankapo), Dice (Steal Your Crown) e Lekas (Neighborz), entre outros, o que torna o disco ainda mais aprazível, assim como os videoclips dos M.E.D.O., todos eles bastante cinematográficos. Claro que estas maisvalias tornaram o processo de gravação, seja do disco, como dos videoclips, mais complexo, porque tudo teve que ser feito quando Portugal deixou de estar confinado. As constantes limitações de

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circulação entre concelhos não facilitaram a vida da banda, mas o produto final aí está, disponível nas diversas plataformas digitais, e a receção tem sido muito boa.

“Tínhamos uma data de lançamento pensada para o início de fevereiro, que acabou por nem sequer ser anunciada devido ao novo confinamento, mas não quisemos faltar à nossa palavra e compromisso, porque também já tínhamos muitas pré-vendas. Esperamos agora por dias melhores para voltarmos a estar com o público, porque o nosso desejo é ver os nossos fãs aos saltos e abraços”, conclui Ricardo Catarro .

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“SÓ ESCREVO QUANDO TENHO UMA HISTÓRIA IMPORTANTE PARA CONTAR OU ALGO QUE REALMENTE TEM QUE SER DITO”, AFIRMA PEDRO PINTO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Camille Leon e Laura Abel

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auro da Cunha faleceu no final de 2020, mas Dezman será imortal. E «Imortais», o novo tema de Reflect, conta precisamente o trajeto da dupla que deu origem, há quase 16 anos, à produtora Kimahera, de Armação de Pêra. “Após o falecimento do meu

colega de palco e eterno amigo Dezman, decidi começar o ano com música nova a honrar o seu legado, contando a nossa história no hiphop. É uma música que preferia não ter feito, mas que merecia existir por tudo aquilo que conseguimos construir em conjunto”, explica Pedro Pinto. A Kimahera nasceu quando, recorda Pedro Pinto, se juntaram o «nerd» de Armação de Pêra e o «dread» de Silves para criar «Atmosfera Hostil», o álbum de estreia de Dezman e a primeira pedra desta editora independente. “Esse foi

apenas o ponto de partida. Muitos clássicos foram gravados, muitos palcos foram pisados, muitos momentos foram partilhados. E, principalmente, daí nasceu uma improvável e duradoura amizade”, recorda o cantor e produtor. "É verdade que a nossa música chegou a muita gente, marcou uma geração, mas nunca nos encostámos a esse passado glorioso. Continuámos aqui a batalhar pela nossa relevância projeto a projeto, faixa a faixa. E ALGARVE INFORMATIVO #281

sinto que, nesta fase da nossa vida e carreira, merecíamos mais reconhecimento. Foi para tentar repor alguma justiça nisto que decidi contar a nossa história, à minha maneira, pelos meus olhos, por palavras minhas. Para que o mundo possa, para sempre, conhecer o Dezman”, declara Pedro Pinto. A morte inesperada de Dezman abalou a família da Kimahera e veio encerrar da pior forma um ano que, apesar da pandemia, até tinha sido de bastante trabalho para a editora sedeada na vila turística de Armação de Pêra, na costa do concelho de Silves.

“Foi um ano atípico para todos pelas razões que bem conhecemos, contudo, a interrupção da nossa atividade normal permitiu-me ter tempo, precisamente aquilo que nos falta sempre na correria do dia-a-dia da nossa normalidade. E esse tempo foi aproveitado para deixar um pouco de parte o computador e agarrar-me às obras do estúdio. A remodelação durou quatro ou cinco meses, feita quase toda por mim e pelo meu pai, pelo que estivemos bastante entretidos durante o primeiro confinamento”, recorda Pedro Pinto, adiantando que o objetivo da obra foi incrementar a qualidade dos trabalhos produzidos. “Reabrimos no início

de setembro e, até final de 2020, 66


tivemos bastante trabalho. As coisas estavam todas a correr na perfeição, mesmo não havendo espetáculos. A Mariana Rodrigues dizia muitas vezes que o ano estava a ser assim, mas, pelo menos, não tínhamos perdido ninguém. E a verdade é que íamos fechar o ano com a pior notícia que poderíamos receber, do falecimento repentino do nosso Mauro, do nosso Dezman”. Dezman que iria lançar material novo em 2021 e, apesar da sua partida, no dia 26 de fevereiro, data do aniversário de Mauro da Cunha, teremos um single no ar. “Ele tem muita obra gravada, 67

parte na Kimahera, parte no computador dele, e estou a inteirar-me de tudo aquilo que existe para, ainda este ano, editarmos uma compilação do seu trabalho. Não é uma pessoa que estava todos os dias comigo, mas fazíamos sempre os concertos juntos e muitos dos êxitos do Reflect foram produzidos pelo Dezman. É uma perda enorme, mas deixou coisas feitas e que as pessoas vão ter oportunidade de ouvir, já sem ele entre nós”, revela o entrevistado. Em «Imortais» Reflect fala também do pouco reconhecimento que este ALGARVE INFORMATIVO #281


género musical ainda tem da parte do público em geral, mas a situação está melhor do que no início do milénio, quando “era muito complicado

fazermos hip-hop e sermos levados a sério”, conta. “Hoje, se olharmos para os tops de vendas e para os festivais, para os locais mainstream de música, o hip-hop está sempre presente, inclusive nas tendências do Youtube. Do grande público já existe essa aceitação, mas quantos desses artistas que se tornam ícones nacionais e têm muitos ouvintes, são de fora dos grandes centros urbanos, de Lisboa e Porto? São muito poucos ou quase nenhuns”, responde Pedro Pinto, sublinhando que essa sempre foi a luta da Kimahera. “Se escutares um som de

hip-hop, não consegues dizer se é de Lisboa, do Porto ou do Algarve apenas pela sua qualidade. Claro que em relação a tudo o que mexe à volta da música – rádios, imprensa, televisão, editoras – obviamente que quem está nas metrópoles tem outras armas e ferramentas para chegar a um número mais alargado de ouvintes”. Apesar das dificuldades, Pedro Pinto esclarece que há novos intérpretes a surgir com regularidade, só que aqueles que estão há mais tempo no mercado é que continuam no centro das atenções.

“Até há poucos anos havia espaço para o hip-hop, mas, ao fim e ao cabo, eram sempre os mesmos, os ALGARVE INFORMATIVO #281

que estavam ligados às grandes editoras. De há uns anos para cá, com a internet e a força das redes sociais, nomeadamente o Youtube, temos alguns fenómenos que conseguiram singrar fora desse circuito. São gerações mais novas e com texturas e estéticas musicais que agradam a pessoas que estão 68


numa idade de consumir música com mais energia. Para os mais antigos é mais difícil fazer essa ponte”, analisa Reflect. “Obviamente que este moldar do público é uma coisa que foi sendo construída ao longo dos anos, sempre pelos mesmos, e com as grandes «máquinas» por trás, daí ser difícil furar e conseguir ter espaço, por 69

muito boa que seja a música”, reforça o entrevistado.

UMA EDITORA DE MÚSICA URBANA DE LONGEVIDADE INVEJÁVEL Com o Algarve a ter menos população e, por consequência, menos consumidores de hip-hop, não é fácil a vida dos artistas deste género musical, ALGARVE INFORMATIVO #281


mas não é impossível, entende Pedro Pinto, confirmando que, caso a Kimahera dependesse dos espetáculos, visualizações e streams, as contas seriam complicadas de gerir. “Mas temos a

componente de estúdio e trabalhamos com pessoas que querem trazer a sua música para a nossa casa. Fico feliz por ver artistas como a Áurea, o Dino, o Diogo Piçarra ou o Domi estarem associados a grandes editoras, mas é preciso perceber que muitos deles tiveram que sair do Algarve e ir viver mais perto dos centros de decisões”, aponta o entrevistado. “Estarmos no Algarve e fazermos da música a nossa vida é muito mais complicado, mas há casos que demonstram que isso é possível, portanto, temos que batalhar nesse sentido”. A Kimahera é, sem dúvida, um desses exemplos, a completar 16 anos de existência em 2021 e com um vasto leque de artistas associados e discos produzidos. “A pegada que

conseguimos deixar na música, e não só no hip-hop, ao longo deste percurso é inescapável. Será impossível contar a história do Algarve a nível musical sem falar do que a Kimahera fez até à data e espero que ainda possa continuar a fazer. Em termos nacionais, se calhar não haverá uma editora de música urbana – colocando-nos esse rótulo – que tenha a longevidade da ALGARVE INFORMATIVO #281

Kimahera e que tenha editado tanta música e com a qualidade que nós fizemos”, afirma, sem falsas modéstias. “Somos um caso único nesse aspeto em Portugal e tenho a certeza de que, se não estivéssemos sedeados no Algarve, teríamos muito mais destaque. Temos feito coisas que 70


outras editoras, com mais orçamento e outros artistas e público, não conseguiram e ficaram pelo caminho”. Pelo caminho não ficou a Kimahera, nem Reflect, embora Pedro Pinto acabe por dedicar bastante tempo à editora que poderia ser direcionado para a carreira artística, mas essa é a opção do algarvio. 71

“Tenho noção de que, se calhar, em alguma fase da minha carreira, se não tivesse a responsabilidade de ter esta editora e de estar a trabalhar com mais pessoas para além do meu próprio projeto, poderia ter alcançado outras coisas, mas este é o percurso que escolhi e tenho ALGARVE INFORMATIVO #281


muito orgulho das escolhas que fiz”, assegura. “Como Reflect não tenho tido tanta regularidade a lançar música, porque há a responsabilidade, também a nível financeiro, de ter uma editora e um estúdio que, ao fim do mês, não deem prejuízo, antes pelo contrário, que deem lucro e me permitam levar uma vida normal”, reforça. Pedro Pinto garante, porém, que, aos 34 anos de idade, a vontade de criar continua a ser bastante intensa e «Imortais» veio precisamente demonstrar que está vivo e a lutar pela sua relevância neste estilo musical. E o certo é que, cada vez que lança alguma coisa, Reflect põe as pessoas a pensar pelo impacto das suas letras, ao invés de estar constantemente a gravar músicas com as habitais palavras de ordem e explorando os temas quentes da atualidade. “Essa

nunca foi a minha postura no hiphop, nem seria o Reflect se fosse de outra maneira. E acho que esse respeito que tenho pela minha forma de arte faz com que as pessoas se fidelizem ao Reflect. Sabem que, quando lanço alguma coisa, tem pés e cabeça, alguma relevância, e não vai nascer porque acordei um dia e tenho a obrigação de fazer uma música. Só escrevo uma música quando tenho uma história importante para contar, alguma coisa que realmente precisa ser dita”, garante. ALGARVE INFORMATIVO #281

«Imortais» é, então, o mais recentemente lançamento da Kimahera e de Reflect, mas mais novidades estão a caminho, garante Pedro Pinto, apesar da pandemia. “Vou emprestar o

meu tempo à obra e trabalho do Dezman para que não se percam no tempo e tenho a certeza de que esse processo também me vai inspirar para gravar mais coisas”, 72


refere o entrevistado. “Como

conseguimos trabalhar bastante bem em estúdio de setembro a dezembro, temos muito material para lançar todas as sextas-feiras, até porque a malta agora aposta mais em singles do que em álbuns. Em relação a concertos, o melhor é não fazer grandes planos, mas a vontade é, quando terminar este 73

confinamento, regressarmos a estúdio para prosseguirmos com as gravações. E, assim, quando se retomarem os espetáculos, teremos bastantes novidades para apresentar às pessoas, que já estão desejosas de voltar a ouvir música ao vivo” .

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OPINIÃO We are not young anymore Mirian Tavares (Professora Universitária) Tonight, we are young So let's set the world on fire We can burn brighter than the sun os 20, pensamos saber tudo. Andávamos no curso de Comunicação e o mundo inteiro estava ali à mão de semear. Tinha aulas desde as 7h da manhã até ao meio-dia. Comia e ia trabalhar até às 20h. Quase nunca ficava em casa a descansar, a rua era a nossa casa e eu estava a muitos quilómetros da minha, ou melhor, da casa dos pais, que tinha deixado para me aventurar numa nova cidade, 2.150,6km a sul do meu Nordeste natal. Saí de casa aos 18 e fiz uma longa viagem, que se tornou a viagem da minha vida. Depois dela nunca mais voltei, arrepiei caminho e segui uma existência nómada. (Lembrome de que comecei a dar aulas na universidade como professora convidada e tive sentimentos dúbios – de felicidade e de claustrofobia, no dia em que assinei o meu contrato como efetiva.) Conheci o amigo na sala de aulas, mas na verdade nos descobrimos, e descobrimos que íamos ser amigos, tempos depois, numa manhã ensolarada ALGARVE INFORMATIVO #281

de praia. Já não me lembro do que se falava, mas nos demos conta de que éramos leitores ávidos e fãs de Tennessee Williams. O resto dos mortais, ou quase todo o resto, era olhado por nós do alto da nossa arrogância juvenil. Ele virou jornalista e eu acabei tornandome professora. Ele saiu da terra natal, mas ficou pertinho e eu, que já estava longe de casa, alonguei a distância, cruzando o Oceano Atlântico. Mas sempre fomos falando, pequenos fragmentos de conversas, troca de informações. Nunca fomos íntimos, na verdade, mas não deixamos de ser próximos, de reconhecer um no outro as mesmas virtudes, defeitos semelhantes. Um dia, estava a falar com ele sobre nada ou sobre a vida, que às vezes é quase o mesmo, e ele me disse: “Sabe uma coisa que me deixou besta, quando eu aprendi a cozinhar? O primeiro prato que minha mãe me ensinou foi moqueca” (um prato típico do Espírito Santo, e também da Bahia, mas são moquecas, e histórias, diferentes). “Quando minha mãe me ensinou moqueca”, dizia ele, “eu fiquei intrigado e besta com o fato de que a base do 76


Foto: Victor Azevedo

prato, o que lhe dava gosto, o segredo, era cebola, alho e tomate. Besta fiquei porque esta é a base de um monte de outros pratos que eu fui aprendendo a fazer. Sempre tinham cebola, alho e tomate. Eu tentei fugir desta combinação, inventando receitas que levassem chalotas, substituindo o tomate por curcuma, botando hortelã e tirando o alho. Mas, na verdade, os pratos bons sempre tinham cebola, alho e tomate. Pensei nisso hoje de manhã porque perdi muito tempo tentando mudar a simplicidade boa e eficaz que garante uma vida feliz com receitas mais complicadas, que levassem curcuma, cravo, canela, manjericão. Tudo bem, isso é bom, mas o fundamental mesmo é cebola, alho e tomate”. Falávamos nem 77

sei de quê. Nossos diálogos são como um mote contínuo, sem paragens ao meio, sem explicações. Às vezes sem bom dia ou boa tarde. Acho que falávamos de escolhas e de procuras inúteis. Já não temos a arrogância de não querer ser como os nossos pais, de abraçar a diferença como uma bandeira que nos distingue dos outros, dos demais, das ovelhas de um rebanho do qual nunca quisemos fazer parte. Envelhecer traz muitas coisas más, mas traz, se deixarmos, alguma sabedoria. E como os programas culinários estão na moda, fica aí esta receita: a base de um bom prato é cebola, alho e tomate. Simples. Mas nem sempre fácil .

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OPINIÃO Décima terceira tabuinha Morte de uma cabeleireira Ana Isabel Soares (Professora Universitária) ssim como o vendedor ambulante de Arthur Miller, a Fátima já passara “sixty years of age”. Mas, ao contrário daquele, vestia com o som da afirmação, a forma da cor, a asserção da beleza. Pouco discreta, portanto – e ainda bem, que a Fátima era alguém que trabalhava para a persistência do belo. O sorriso dela, apesar de escasso, ou comedido, era sempre uma entrega. A Fátima tinha um salão de cabeleireira. Por causa dela, deu-me para pensar que, na língua portuguesa, um barbeiro tem uma barbearia, um merceeiro tem uma mercearia, um peixeiro uma peixaria, e por aí. Mas uma cabeleireira não tem uma cabeleiraria: o seu estabelecimento comercial é ela mesma, não a sua casa: Cabeleireira Manuela. Cabeleireira Domingas. Cabeleireira Fátima Matias. Como as floristas, estas mulheres são aquilo que fazem – e trabalham a beleza. Conheci a Fátima num outro salão de beleza: a sala onde praticávamos yoga, na baixa de Faro, uma sala bem ALGARVE INFORMATIVO #281

preparada e cuidada pela Nani para o conforto e o bem-estar de quem lá ia. A Fátima aparecia, o cabelo cor de fogo e os óculos de armação colorida, e enchia o ar de alegria: a ocasião, o grupo e o lugar propiciavam a descontração, e ela integrava o ciclo horário, a pausa para respirar fundo e perceber onde estava o corpo que, no correr disparatado dos dias, nos sumia. Na profissão, no salão de cabeleireira, parecia mais circunspecta, mesmo se não dispensava nem escondia o sorriso. Aquilo que fui percebendo, enquanto me submetia às mãos dela ou de alguma outra profissional, a quem, discretamente, a Fátima ia dando instruções, era do ascendente que tinha sobre todas as que ali trabalhavam e sobre as que lá íamos para nos pormos – como disse a Agrado em Todo Sobre Mi Madre, de Pedro Almodóvar – mais de acordo com a imagem que sonhamos para nós mesmas. (Que, nisso de nos aproximarmos do que sonhamos, já se sabe, não se pode ser rácana, não se pode ser avara.) Cuidava das suas clientes como cuidava do lugar onde nos recebia: cada recanto era bonito, brilhante, 78


Foto: Vasco Célio

espelho do que pretendíamos ser e revelar aos outros. Porque me fui recordar de teatro a propósito da Fátima, que por estes dias viajou para dimensões onde não a apanho nem a ouço rir – o Miller, os 79

palcos de Almodóvar...? Talvez porque, nela, de sorriso parco, embora amplo, vi desaparecer uma das pessoas que com mais afã e precisão tratam dos figurinos – das cabeleiras! – com que nos apresentamos sobre as tábuas desta cena gigantesca . ALGARVE INFORMATIVO #281


OPINIÃO O ciclone de 1941 Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) meu avô contava-me que, no princípio dos tempos, os meses de Janeiro, Fevereiro e Março tinham 30 dias. Certa vez, Fevereiro acusou os irmãos de serem muito brandos, mas que ele, sozinho, haveria de conseguir matar todos os carneiros. Começou, então, a espalhar tragédias ao longo dos dias do seu mês, colhendo através de cada uma delas um vasto número de carneiros. Quando chegou ao dia 28, os seus irmãos, percebendo que quase todos os carneiros tinham morrido, revoltaram-se e roubaram-lhe os dois dias seguintes, para que não cumprisse o seu desiderato. Depois disso, Janeiro e Março ficaram com 31 dias e Fevereiro com apenas 28. «Se assim não fosse, Fevereiro conseguiria matar todos os carneiros», concluía ele, sempre que contava a lenda. Depois, começava a desfiar as tragédias de Fevereiro: a chuva e o frio persistentes, o nevão de 1954, o ciclone de 1941 (que arrancou o telhado da sua casa), o grande sismo de 1969. Destes trágicos acontecimentos, o menos publicitado será o Ciclone de ALGARVE INFORMATIVO #281

1941, pelo reduzido número de imagens dos estragos que provocou no Algarve, ainda que a destruição provocada em Lisboa ou Sesimbra espelhe o que se passou um pouco por todo o país. Em 1941 ninguém falava em alterações climáticas. Todas as atenções da Europa e do Mundo estavam centradas nos conflitos militares da Segunda Grande Guerra Mundial. As previsões do tempo eram as desse tempo e a comunicação de alertas demasiado tardia. O monstro nasceu a Oeste da Irlanda no dia 14, descendo pelo Atlântico e atingindo Portugal com toda a violência. Ainda nesse dia atingiu os Açores com velocidades entre os 230 e os 240 Km/h, alterando o volume das marés. Por cá, sem imaginarem o que se passava no meio do oceano, os marítimos de Olhão já lamentavam os estragos provocados nas suas embarcações, que foram atiradas contra o cais por um forte temporal. No início da tarde do dia 15 todo o mar se agigantou, embatendo violentamente contra a costa, enquanto os ventos ciclónicos que sobravam a 130 Km/h varriam o território nacional, colhendo dezenas de vidas e causando estragos incontáveis. No Algarve perdeu-se toda a floração 80


das amendoeiras, uma das principais produções agrícolas da região. Muitas casas ficaram danificadas, tendo muitas perdido o telhado (entre elas a do meu avô). Milhares de árvores foram derrubadas e há notícias de choverem peixes no barrocal e de muitos poços de água doce ficarem com a água salobra por vários meses. As notícias da época, nos seus relatórios locais, informam que: Em Albufeira, sofreram estragos o passeio marginal e a esplanada, tendo caído ciprestes sobre a ermida de Nossa Senhora da Orada; Em Armação de Pêra, o mar destruiu a esplanada, deslocou rochas enormes e estilhaçou mais de quarenta barcos; Em Algoz, o mercado ficou parcialmente destruído; 81

Em Alte, choveu água do mar, salgando a água armazenada e os campos; Em Carvoeiro, o mar invadiu a povoação, devastando os chalés, balaustradas e a escada de acesso à praia, ficando as ruas cheias de areia e pedras; Em Castro Marim, toda a margem de terrenos cultivados ficou alagada, inutilizando todas as sementeiras. Em Estoi, as sementeiras ficaram destruídas, e um cipreste secular “cujo tronco dificilmente seria abraçado por oito homens, foi arrancado pela raiz”, semeando a devastação em toda a aldeia; Em Faro, caíram os ciprestes do cemitério, destruindo jazigos e levantando sepulturas, todos os ALGARVE INFORMATIVO #281


eucaliptos e postes telegráficos e telefónicos do sítio das Figuras foram derrubados, caiu um muro na Rua de Alportel e o Liceu João de Deus sofreu avultados estragos, que obrigaram à suspensão das aulas. Nas ilhas barreira os estragos foram enormes, tendo desaparecido muitas barracas de pescadores da Culatra, a aldeia da ilha Ançã e o arraial da armação de pesca de atum Cabo de Santa Maria, deixando um cenário desolador; Na Fuzeta, ficaram inundadas centenas de casas, quando a povoação foi invadida pelo mar. Em Lagoa, abateu o armazém do Sr. Graça Mira; Em Lagos, ficou danificada a linha férrea, caiu a parede fronteira ao mercado do peixe, foram derrubadas as chaminés de seis fábricas de conservas de peixe e de muitas casas particulares e a balaustrada do edifício da Câmara. Em Loulé, “só na Rua do Prior aluíram cinco prédios” e o «esqueleto» dos bombeiros desabou em cima de uma habitação, propriedades ficaram limpas de arvoredo e as searas queimadas; Em Monchique, foram destruídas casas e caiu um eucalipto sobre a Pensão Internacional, nas Caldas; Em Odeceixe, o vento destelhou a maior parte dos prédios e as várzeas foram invadidas pelas águas do mar; Em Olhão, muitas embarcações foram afundadas, abateu o telhado da fábrica ALGARVE INFORMATIVO #281

de conservas Figueiredo e C.ª, caiu uma parede do edifício da Companhia Portuguesa de Congelação, o Cinema Apolo ficou completamente destruído, as árvores e os postes de iluminação da Rua da República foram pelos ares e a energia eléctrica foi interrompida, o moinho de vento do Sr. Tomás Saias foi derrubado; Entre Olhão e Portimão foram derrubados 470 postos telegráficos, as linhas telefónicas foram interrompidas e os comboios impossibilitados de circular pela obstrução das linhas, tendo um rapaz sido morto na estrada de Portimão, pela queda de uma árvore; Em Portimão, as embarcações ficaram à deriva depois das amarras terem sido rebentadas, o Largo Heliodoro Salgado ficou inundado, foram arrancadas árvores pela raiz, caíram casas, ruiu a fábrica de São Francisco “casa do descabeço, casas de enlatar, armazéns, casas dos operários – tudo o vento arrasou”, abateu o barracão da Junta Autónoma dos Portos, esmagando alguns barcos, voou o telhado dos mercados do peixe e da verdura e o cinema da Praia da Rocha ficou destruído, pessoas que estavam na rua foram atiradas ao chão ou contras as paredes dos prédios; Em Quarteira, “o mar avançou pela povoação, derrubando casas e arrastando tudo em turbilhão”, tendo caído a parede principal do quartel da guarda-fiscal e ficado parcialmente destruída a fábrica da Sociedade de Transportes e Comércio; 82


Em Querença, a ponte da Fonte de Benémola ruiu com a tempestade; Em Sagres, as vagas atingiram mais de cinquenta metros de altura, alcançando o farol e inundando a casa das máquinas. Foram arrancadas rochas com várias toneladas e projectadas a grande altura; Em Salir, caíram milhares de sobreiros, eucaliptos e amendoeiras, ficando devastados hortas e pomares. Voou a cruz do presbitério e os jazigos no cemitério;

e paredes nas fábricas da vila. Na Avenida da República o vento levou as guaritas da Guarda-Fiscal. Todas as janelas da secretaria da Câmara ficaram estilhaçadas. Pelos relatos coevos, percebemos facilmente que Fevereiro pretende mais do que matar todos os carneiros. Felizmente mantém-se com os seus 28 dias, porque, se tivesse 30 como os seus irmãos e o despertar das alterações climáticas, teríamos dias muito mais negros pela frente .

Em Silves, abateu a fabrica de cortiça da firma Coutinho & C.ª, onde morreu um rapaz de 13 anos, ficando ainda danificadas outras importantes fábricas de cortiça da cidade. No cemitério caíram todos os ciprestes, o mesmo tendo acontecido aos eucaliptos e cedros da Cruz de Portugal; Em Tavira, dezenas de prédios sofreram prejuízo, as coberturas das fábricas de moagem e dos armazéns foram levadas e abateu o telhado da fábrica de conservas Balsense e na casa do salva vidas. Afundaram os batelões da Companhia de Pescarias do Algarve. Na ilha de Tavira a água do mar juntou-se à do rio. Em Vila Real de Santo António, afundaram-se numerosas embarcações, ruíram algumas casas velhas, abateram telhados 83

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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA CONSTRÓI RESERVATÓRIO PARA AUMENTAR CAPACIDADE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA empreitada de ampliação do Reservatório da Mosqueira, incluindo condutas adutoras de interligação ao sistema de abastecimento de água existente, arrancou no dia 15 de fevereiro. Trata-se de um novo reservatório que contempla a construção de duas células semienterradas, implantadas à cota de 103.20m, com capacidade de 3 mil metros cúbicos cada e respetiva câmara de manobras, num investimento total próximo de 1,5 milhões de euros e um prazo de execução de seis meses. O presidente da Câmara Municipal de Albufeira esclarece que a ampliação se deve ao facto de o depósito existente no ALGARVE INFORMATIVO #281

local ter mais de 20 anos, sublinhando

“a necessidade de aumentar a capacidade de reserva de água, tendo em conta que o equipamento abastece uma vasta área urbana, cerca de 1/3 da população do concelho”, nomeadamente toda a zona central de Albufeira, desde o Montechoro, passando pela Corcovada, Avenida Sá Carneiro Norte, Correeira, Areias de S. João e Vale Pedras. “É importante

reforçar o sistema de abastecimento de água no concelho, cuja população residente ronda os 41 mil habitantes, mas que, durante o Verão, chega a atingir as 400 mil pessoas, o que implica um 86


enorme esforço por parte da autarquia em termos de investimento, refletido na necessidade de sobredimensionar as infraestruturas para que tudo decorra sem grandes sobressaltos em termos de abastecimento público”, refere José Carlos Rolo. A rede de abastecimento público de água do Município de Albufeira é constituída por um conjunto de 20 reservatórios de água, sendo que quatro deles são pontos de entrega da empresa «Águas do Algarve», nomeadamente os reservatórios de Bemparece, Mosqueira, Cerro do Ouro e Pinhal, com a zona do Malhão a ser a única no concelho que continua a ser abastecida por água subterrânea. Em 2020 foram fornecidos 10 milhões de metros cúbicos de água, valor bastante inferior a 2019 – 12 milhões

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de metros cúbicos – situação que se prende com a pandemia. Para o efeito, para além dos depósitos, o concelho dispõe de 770 quilómetros de condutas que levam água de excelente qualidade até a casa dos consumidores. Refira-se que a qualidade da água é confirmada através de dados disponibilizados pela ERSAR, que em 2019 atribuiu o Selo de Qualidade Exemplar da Água para Consumo Humano a Albufeira. O galardão atesta que foram realizadas a totalidade das análises agendadas no programa de controlo da qualidade da água, que atingiram os 99 por cento ao nível do cumprimento dos valores paramétricos de controlo de rotina (bactérias coliformes e Escherichia coli), bem como todos os valores paramétricos de cheiro e sabor .

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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA INVESTE MAIS DE MEIO MILHÃO DE EUROS EM VIATURAS PARA AS FREGUESIAS s Juntas de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água, Ferreiras, Guia e Paderne receberam, no dia 17 de fevereiro, oito viaturas nos armazéns da Câmara Municipal de Albufeira, no valor total de 517 mil e 375 euros, um investimento efetuado no âmbito da delegação de competências do Município para as Juntas de Freguesia.

Executivo e funcionários da autarquia”, explicou José Carlos Rolo. O princípio da Transferência de Competências para as Juntas de Freguesia assenta no fator de proximidade que permite prestar um melhor serviço à população. As viaturas, adquiridas pelo Município de Albufeira, bem como os respetivos seguros, já foram entregues e as freguesias já podem dar continuidade

No momento simbólico da entrega das chaves das viaturas aos presidentes das quatro Juntas de Freguesia do concelho, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira destacou que as viaturas têm características completamente distintas de acordo com as competências atribuídas e do trabalho desenvolvido por cada freguesia em particular, nomeadamente na área da deservagem, reparação de pequenos buracos no pavimento betuminoso de estradas e caminhos, entre outras responsabilidades. “Tratou-se de um

processo bastante participado e dinâmico, que envolveu a realização de várias reuniões de trabalho com todos os presidentes das Juntas de Freguesias, as quais contaram com o seu envolvimento pessoal, bem como de outros membros do ALGARVE INFORMATIVO #281

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ao trabalho realizado na área das suas novas competências, “agora com

melhores condições, maior eficiência e eficácia”, destacou o autarca. Deste modo, a Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água passa agora a deter um veículo pesado de dois eixos, de caixa aberta, com um peso bruto 8,550 toneladas e báscula tribasculante, bem como um trator agrícola preparado para limpeza de bermas com comando digital, perfazendo um total de 144 mil e 25 euros. A Junta de Freguesia de Ferreiras vai dispor de dois veículos no valor global de 154 mil e 75 euros, sendo que um deles é uma máquina giratória de rodas de grandes dimensões e o outro é um

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veículo pesado de dois eixos, de caixa aberta, com um peso bruto 8,550 toneladas e báscula tribasculante. A Junta de Freguesia da Guia recebeu uma viatura ligeira de mercadorias de caixa aberta e uma máquina giratória de rodas, com baldes de escavação, dente ripper e destroçador florestal, entre outros equipamentos, no valor global de 108 mil e 450 euros. Por seu turno, a Junta de Freguesia de Paderne vai contar com o auxílio de um trator agrícola e um veículo pesado de dois eixos, de caixa aberta, com um peso bruto 8,550 toneladas com báscula tribasculante, no valor de 110 mil e 825 euros .

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REDE DE ÁGUAS RESIDUAIS E PLUVIAIS EM PADERNE ALVO DE INVESTIMENTO SUPERIOR A 1,3 MILHÕES DE EUROS eve início, no dia 11 de fevereiro, a remodelação e ampliação da Rede de Águas Residuais e Pluviais da Zona Norte de Paderne, dividida em duas fases, sendo que a primeira abrange a zona de Aldeia dos Matos e desenvolve-se até ao Purgatório, passando por baixo da Autoestrada A2. Na Fase 1, os efluentes gerados pela rede de coletores projetada serão transportados totalmente por gravidade para a rede de coletores existentes em Paderne. A extensão total dos coletores a executar nesta primeira fase é de aproximadamente 9 mil e 100 metros e o prazo de execução é de oito meses

investimento da Autarquia de Albufeira no valor de 1 milhão, 317 mil e 504,90 euros. “A população de Paderne

tem vindo a aumentar e esta obra há muito que se justificava. É um investimento avultado, uma obra desafiante, complexa, mas que vem resolver diversos problemas que se fazem sentir nesta área. Somos um concelho a caminhar a passos largos para uma otimização de recursos e sinergias e cada vez mais ambientalmente são”, declara o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Rolo .

A Fase 2 abrange as zonas de Lentiscais, Alcaria, Carrasqueiro e Ribeira de Alte. Os efluentes gerados na área abrangida pela rede de coletores projetados para a Fase 2 terão um transporte misto entre gravítico e elevatório, com final na rede de coletores existentes em Paderne. Tendo em conta a topografia presente na Fase 2, foram previstas quatro estações elevatórias. Nesta segunda fase, a extensão total dos coletores a executar é de aproximadamente 18 mil e 200 metros. Em conjunto, esta empreitada conduzirá a uma rede com um comprimento total de 27 mil e 300 metros e significa um ALGARVE INFORMATIVO #281

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MUNICÍPIO DE ALJEZUR REQUALIFICOU ACESSIBILIDADE PEDONAL À PRAIA DE ODECEIXE stá concluída a acessibilidade pedonal à Praia de Odeceixe, que constitui a última obra POLIS no concelho de Aljezur. A intervenção requalificou e melhorou a circulação pedonal entre os dois miradouros, no acesso à praia, numa extensão de cerca de 200 metros, permitindo assim que os peões circulem com mais segurança e comodidade. Trata-se de uma estrutura de material reciclado, onde um passadiço para a circulação dos peões permitirá mais segurança, mais conforto e melhores condições de acessibilidade, com pequenos apontamentos de arranjos urbanísticos, iluminação autónoma solar,

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constituída por pequenas armaduras LED, criando uma iluminação cénica, ligado a um conjunto de célula solar e bateria, energias amigas do ambiente. A cerca de 50 metros, do lado norte, será instalada uma pequena estrutura que irá impedir o pisoteio na área natural, permitindo um pequeno local/ miradouro sobre a praia. Os custos da obra foram suportados na sua totalidade pelo Município de Aljezur, num valor total de 267 mil e 213 euros. Esta obra encerra um ciclo das intervenções POLIS, no concelho de Aljezur, de requalificação, embelezamento e de criação de mais e melhores condições para os locais e para quem visita o concelho .

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RE-FOOD FARO, MISSÃO CONTINENTE E S.C. FARENSE AJUDAM POPULAÇÃO DE FARO Re-food Faro, com o apoio da Missão Continente e do Sporting Clube Farense, vai distribuir mais de 10 mil produtos em cabazes de bens essenciais à população vulnerável do concelho de Faro, incluindo agregados que se encontram em isolamento profilático ou em quarentena e em situação de carência económica. Serão então entregues cabazes mensais constituídos por bens alimentares e produtos de higiene, no valor total de 9 mil e 200 euros, a 114 agregados familiares do concelho. Este apoio vem reforçar as doações diárias de excedentes alimentares efetuadas pelas lojas Continente, tais como fruta, legumes, pão e laticínios, garantido que todos os agregados

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possam ter acesso a uma alimentação saudável e diversificada. Entre os beneficiários, além de famílias em situação de vulnerabilidade, incluem-se também cidadãos em isolamento profilático ou em quarentena sinalizados pelo Centro de Saúde e pelo Hospital de Faro. Após o pedido de ajuda alimentar emitido pela Câmara Municipal de Faro, o núcleo local da Refood, com o apoio dos seus cerca de 300 voluntários, asseguram a elaboração dos cabazes. Já a entrega na residência das pessoas fica a cargo dos Bombeiros em articulação com a Proteção Civil. Para conseguir ajudar todas as pessoas sinalizadas, a Missão Continente e o Sporting Clube Farense juntaram-se à Re-food, contribuindo para o aumento da capacidade de resposta do núcleo local. Entre os produtos entregues pelas lojas Continente, em Montenegro, além de bens alimentares essenciais, incluíramse também produtos de higiene pessoal e ainda fraldas e leite para bebés, uma ajuda fundamental para as cerca de 100 crianças atualmente apoiadas . 92


PROJETO DA FUNDAÇÃO ANTÓNIO ALEIXO ENSINA ARTE DA CARPINTARIA NÁUTICA A JOVENS DESEMPREGADOS ações de capacitação social, tendo como veículo de integração a carpintaria náutica no Porto de Pescas de Quarteira.

onsciente da crescente importância do mar e das dinâmicas económicas a ele associadas, e atenta ao aumento do desemprego juvenil, a Fundação António Aleixo desenvolve, desde outubro de 2020, o Projeto Inovação Social OFICINA MARVIVO (OMaVi). Financiado pelo Fundo de Inovação Social Portugal 2020 (com duração de 26 meses), o projeto visa implementar uma experiência piloto no combate à problemática do desemprego jovem na freguesia de Quarteira, através de um conjunto de 93

São cinco os investidores sociais do Município de Loulé, que «abraçaram» este projeto, designadamen te a Câmara Municipal de Loulé, a Junta de Freguesia de Quarteira, a Inframoura, a Marina de Vilamoura e a Vilamoura Sailing. A Junta de Freguesia de Quarteira, como investidora social desta iniciativa, presta apoio, não só através da logística de transporte e acondicionamento de materiais, matérias primas e ferramentas, bem como na promoção e divulgação da OFICINA MARVIVO. Os interessados em participar neste projeto deverão inscrever-se no Centro Comunitário António Aleixo através do telefone 289 310 270 ou do email oficinamarvivo@gmail.com.

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HOSPITAL DE CAMPANHA DO PORTIMÃO ARENA FOI DESATIVADO, MAS CONTINUA PRONTO A OPERAR oi desmobilizada, no dia 15 de fevereiro, a operação que durante 35 dias decorreu no hospital de campanha montado no Portimão Arena e destinada a receber doentes com Covid-19, uma vez que as unidades do CHUA – Centro Universitário Hospitalar do Algarve voltaram a uma taxa de ocupação abaixo dos 80 por cento. Para o efeito, foram retirados todos os consumíveis com data de validade, bem como removidas roupas e outros artigos para lavagem, a que se segue agora uma intervenção de fundo naquele equipamento, a cargo da brigada de descontaminação em risco biológico dos Bombeiros de Portimão. Durante o período de ativação, iniciado em 10 de janeiro, foram admitidos no «CHUA Arena» 170 doentes com Covid-19, oriundos de oito unidades hospitalares de diferentes regiões do país – Hospital de Elvas, Hospital de Portalegre, Hospital de Setúbal, Hospital de Vila Franca de Xira, Hospital do Barreiro, Hospital de Beja, Hospital de Almada, Hospital AmadoraSintra e Hospitais do Algarve. Com uma média de idades na ordem dos 75,2 anos, o doente mais novo que passou pela unidade tinha 35 anos e o mais velho 97 anos. No total, foram concedidas 148 altas, havendo a lamentar 22 falecimentos. ALGARVE INFORMATIVO #281

Empenharam-se neste projeto 80 profissionais de saúde e de apoio (29 médicos, 27 enfermeiros, 20 assistentes operacionais, dois motoristas e dois administrativos), aos quais se juntaram técnicos do Serviço Municipal de Proteção Civil e operacionais dos Bombeiros de Portimão. Este grupo de trabalho, que revelou elevado espírito de missão, conseguiu dar corpo a uma obra dirigida às pessoas que mais precisavam, num momento de extrema complexidade. “Porque não

pensaram em horários ou na gestão do seu esforço”, a presidente da Câmara Isilda Gomes considera que aqueles profissionais

“foram os verdadeiros heróis deste marco na vida do Município de Portimão, constituindo motivo de orgulho para os portimonenses, devido a uma ajuda nunca antes vista, não só à região do Algarve, mas – sobretudo – ao país, porque esta foi mais uma prova da solidariedade deste concelho e da capacidade de extrapolar quaisquer expetativas”. Por decisão camarária, o hospital de campanha do Portimão Arena ficará devidamente estabelecido até que a 94


situação ofereça as necessárias garantias de sustentabilidade para a sua desmontagem, possibilitando que a unidade volte a ficar operacional em menos de 24 horas, caso se justifique. Esta valência da Proteção Civil Municipal, quando for dada a ordem de «arrumação», será acondicionada em dois contentores modelares, o que permitirá a sua total mobilidade (aérea, rodoviária, ferroviária ou marítima) e a plena implementação no terreno com recurso a tendas insufláveis, que integram o respetivo kit, totalmente autónomo, podendo ser operado por qualquer equipa habilitada para o efeito. A Câmara Municipal de Portimão adquiriu e instalou em abril de 2020 um hospital de campanha no Portimão Arena,

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com capacidade para 100 camas, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde, constituindo desde então uma valência disponível na unidade de reserva logística da Proteção Civil Municipal para qualquer situação de acidente grave ou catástrofe. Esta medida de antecipação, uma das principais ações do plano de resposta municipal de combate à atual pandemia, viabilizou que, em apenas 24 horas, fosse possível responder no início deste ano às necessidades do Serviço Nacional de Saúde, operacionalizando uma estrutura de retaguarda que materializou a fase 4 do plano de contingência interno do CHUA, entidade a quem competiu operar este equipamento de exceção .

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MUNICÍPIO DE TAVIRA APROVOU ESTRATÉGIA LOCAL DE HABITAÇÃO 2021-2030 s órgãos representativos do Município de Tavira aprovaram a Estratégia Local de Habitação20212030 (ELH), documento de suporte à candidatura que a autarquia apresentará ao Programa de Apoio ao Acesso à Habitação – 1.º Direito, gerido pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). Ao criar esta estratégia é intenção da Câmara Municipal, no horizonte temporal definido

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até 2030, apoiar 1.349 agregados familiares. O desenvolvimento da ELH constitui um requisito obrigatório de acesso às linhas de financiamento do Programa 1.º Direito, no âmbito da promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivem em condições indignas e sem capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada. A Estratégia Local de Habitação contém o diagnóstico das carências habitacionais existentes no

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seu território, as soluções que a edilidade pretende ver desenvolvidas, a programação das soluções e a respetiva ordem de prioridade. O instrumento visa criar condições para a utilização imediata do Programa 1.º Direito e estabelecer o referencial a integrar numa estratégia mais alargada, concebendo-se, desde modo, como um documento evolutivo que prevê um investimento de 28,2 milhões de euros (dos quais 18,3 milhões são elegíveis no âmbito do programa, sob a forma de comparticipações não reembolsáveis e bonificações) para responder às carências habitacionais e tornar o mercado mais acessível. A ELH encontra-se definida para um horizonte temporal de 10 anos e estabelece prioridades a curto, médio e longo prazo no quadro do reforço da regeneração urbana e do mercado de arrendamento, através da construção e reabilitação de imóveis. No primeiro triénio (2021-2023), o Município de Tavira avançará com a construção de 50 fogos, 26 dos quais perspetivados para iniciar em 2021, cuja implementação corresponderá às freguesias de Luz de Tavira e Santo Estêvão, Santa Luzia, Conceição e Cabanas de Tavira, num investimento que ronda os 2,9 milhões de euros. Em 2022, prevê-se a promoção de 12 habitações na freguesia de Tavira, a par da reabilitação de frações habitacionais que facultarão a sua atribuição a mais seis famílias em situação de carência habitacional (numa operação financeira na ordem dos 1,3 milhões de euros), bem como 12 fogos em Conceição e Cabanas de Tavira (que representarão cerca de 1,2 milhões de euros), em 2023. Ainda nesse triénio, destaca-se a prioridade a conferir à 97

promoção de 37 habitações com renda acessível com o intuito de dar resposta às necessidades habitacionais das famílias, cujo nível de rendimento não lhes permite aceder, no mercado, a uma habitação adequada às suas necessidades. Salienta-se ainda a consolidação da estratégia de inserção de 20 pessoas em situação de sem-abrigo, através do alojamento. Importante é também a aposta na continuidade do Programa Municipal de Apoio ao Arrendamento, o qual conta, desde já, com 32 agregados beneficiários e cuja previsão de investimento possibilitará responder oportuna e equilibradamente à compatibilização do valor das rendas aos rendimentos de um crescente número de famílias que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação condigna, no mercado de arrendamento. Paralelamente, contempla-se a aquisição de frações dispersas e o reforço das operações de reabilitação urbana, anteriormente iniciadas, na ordem das 378 frações habitacionais, de forma a contribuir para a valorização do parque habitacional municipal. Também os proprietários de imóveis sinalizados quanto a situações de carência habitacional poderão submeter candidaturas ao programa para acesso ao financiamento de obras de reabilitação ou adaptação a situações de mobilidade condicionada, cuja comparticipação poderá ir até 100 por cento das despesas elegíveis .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #281

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