REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #283

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ALGARVE INFORMATIVO 13 de março, 2021

«ALLCANTE» | «ELEPHANT WOMAN» | NAPOLEÃO MIRA & GRAFONOLA VOADORA 1 ALGARVE INFORMATIVO #283 «1.º DIREITO» EM PORTIMÃO | FÁBRICA DO EMPREENDEDOR DE LAGOS


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18 - «1.º Direito» financia Estratégia Local de Habitação de Portimão

42 - «Allcante», «Elephant Woman» e «Grafonola Voadora» em Loulé

34 - Vítor Neto, presidente do NERA

OPINIÃO 62 - Paulo Bernardo 64 - Ana Isabel Soares 66 - João Ministro 68 - Nuno Campos Inácio

26 - Fábrica do Empreendedor de Lagos ALGARVE INFORMATIVO #283

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«1.º DIREITO» FINANCIA ESTRATÉGIA LOCAL DE HABITAÇÃO DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Município de Portimão oi homologado, no dia 3 de março, o acordo de colaboração entre o Município de Portimão e o Governo no âmbito do 1.º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação. A cerimónia decorreu em formato digital e contou com a presença do Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, da presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, que apresentou a Estratégia Local de Habitação 2020-2030 para o concelho, da Secretária de Estado ALGARVE INFORMATIVO #283

da Habitação, Marina Gonçalves, do Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, e da presidente do Conselho Diretivo do IRHU, Isabel Dias. Estruturada sob uma perspetiva integrada do que é o contexto da habitação do concelho, a edil portimonense explicou que a estratégia definida visa atender às necessidades sociais mais prementes e às que resultam da plena integração dos respetivos contextos habitacionais 18


no conceito de grave carência habitacional. Para tal foi analisado o contexto mais amplo das dinâmicas no mercado local da habitação e o circunstancialismo urbanístico existente, de forma a contribuir para uma perspetiva ampla de cariz económico e social sobre as necessidades de desenvolvimento equilibrado e sustentável de Portimão. “Este é um

acordo que muito dignifica Portimão, o Algarve e Portugal e tenho que agradecer todo o trabalho, empenho e apoio que nos foi dado neste projeto. E falar de habitação, em Portimão e no Algarve, é sempre falar de um drama, de um problema bastante complicado”, começou por dizer Isilda Gomes. “Muitas empresas de fora do Algarve que vencem concursos públicos para realizar obras no concelho solicitam-nos depois alojamento para os seus trabalhadores. O último hotel de cinco estrelas construído em Portimão, do Grupo Pestana, criou logo instalações para os seus funcionários. E a falta de oferta imobiliária nos segmentos de baixo e médio rendimento tem também por consequência a incapacidade do concelho albergar profissionais em áreas tão importantes como a Saúde e o Ensino, o que redunda na diminuição da competitividade de Portimão como localização empresarial e no aumento dos custos da mão de obra vinda de 19

fora”, descreve a presidente da Câmara Municipal de Portimão. Perante este cenário, por vezes acaba por ser a Autarquia a arrendar apartamentos para depois os ceder a médicos e professores e multiplicam-se também os pedidos de auxílio de cidadãos que não conseguem encontrar, no mercado, alojamento a preços que possam pagar. Como a falta de arrendamento compromete a economia e o emprego no concelho e agrava a fatura social, a Estratégia Local de Habitação de Portimão define três objetivos primordiais, visando tornar o mercado mais acessível, responder às carências habitacionais graves diagnosticadas, na ordem dos 800 fogos, e reabilitar e requalificar o parque social municipal. “Um casal

que ganhe o ordenado mínimo deve ter possibilidade de ter uma habitação condigna, ainda por cima quando existem apartamentos que estão vazios por causa das suas elevadas rendas”, aponta Isilda Gomes. Entre as medidas a adotar ao longo desta década será incentivada a construção de habitações para uso não turístico, assegurando-se benefícios tributários aos proprietários que ofereçam arrendamentos para os segmentos baixo e médio e respondendo à previsível necessidade desse mercado, com a construção de cerca de cinco mil novos alojamentos até 2030. Para responder às necessidades habitacionais mais graves e imediatas, vão ser em breve alojadas ALGARVE INFORMATIVO #283


Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão

572 famílias, o mesmo sucedendo a médio prazo com cerca de 300 agregados. A par da reestruturação da gestão do parque social, vão ser também construídos realojamentos volantes para responder às necessidades de reabilitação e requalificação, assim como uma residência semi-independente para complementar o apoio social existente no concelho. Em paralelo, será criada a ARU – Área de Reabilitação Urbana sistemática e a ORU – Operação de Reabilitação Urbana do Bairro do Pontal e feito o respetivo projeto. “É um bairro onde

vivem muitas famílias ligadas à pesca da sardinha e que está bastante próximo da última fábrica de conservas de sardinha de ALGARVE INFORMATIVO #283

Portimão”, indica Isilda Gomes, estando igualmente consagrada a criação de projetos integrados para cada um dos restantes bairros de habitação social a requalificar, nos quais avançarão obras de reabilitação, requalificação e renovação. No total, e até 2026, o Município de Portimão prevê um investimento na ordem dos 85 milhões de euros, que inclui a construção de cerca de 800 fogos e a reabilitação de 582 fogos. Já no âmbito do Programa 1.º Direito e do acordo de colaboração celebrado com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), até 2025 está preconizado um investimento próximo dos 70 milhões de euros, com a 20


construção de 572 fogos. “Vamos

desde já disponibilizar um terreno municipal com 15 lotes, no valor de 1,5 milhões de euros e muito bem localizado, a que se seguirão outros terrenos. Reabilitar, construir, requalificar, renovar, são os nossos objetivos e estou confiante que este projeto em muito dignificará Portimão, o Algarve e o próprio País”, frisou Isilda Gomes. “Estamos a ser bastante ambiciosos, mas a necessidade é grande e temos que arregaçar as mangas e meter mãos à obra. Não estamos dependentes de terceiros para poder construir, temos terrenos, vamos a isso”, reforçou a presidente da Câmara Municipal de Portimão, lembrando ainda que se verifica um enorme movimento pendular entre o Parchal e a Belavista e Portimão de pessoas que trabalham na capital do Rio Arade e que, devido aos preços proibitivos das casas, acabam por residir no concelho vizinho de Lagoa. Ao abrigo do programa 1.º Direito, o acordo agora protocolado tem a duração máxima de seis anos e destina-se a apoiar soluções habitacionais para um total de 1.154 agregados, correspondentes a 2.621 pessoas que vivem no concelho em condições habitacionais consideradas indignas. O valor total do investimento governamental, que poderá ser a fundo perdido, foi estimado em 69 milhões, 95 mil e 940,39 euros. Os contratos de comparticipação para cada projeto, a desenvolver no âmbito do IRHU, serão celebrados entre 2021 e 2025, na 21

sequência do acordo de colaboração agora concretizado e homologado pelo Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, e pela Secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves. “Estamos a falar de um

dos maiores problemas do país e que se sente com especial incidência nos principais centros urbanos do Algarve, assim como em Lisboa e na Madeira. Os portugueses que não vivem no Algarve podem ter alguma dificuldade em perceber como é que, numa região onde existem tantas casas, elas são tão caras. A razão é que elas não estão no mercado tradicional, pelo que faltam, de facto, casas para habitação permanente”, explica o Ministro das Infraestruturas e da Habitação. O governante reconhece, entretanto, que a administração central não deu, no passado, a importância que devia ter dado à habitação “e os

portugueses estão agora a pagar caro por isso”. “Felizmente que tivemos a oportunidade de desenvolver um programa que só existe com a parceria das autarquias locais, porque são elas que conhecem os territórios e quais as suas carências, e porque era necessário haver uma partilha das responsabilidades financeiras. Estamos perante uma ALGARVE INFORMATIVO #283


O Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos

oportunidade única que temos que agarrar e cumprir no prazo de seis anos, caso contrário, vamos perder os fundos que não conseguirmos executar até 2026”, avisa Pedro Nuno Santos. “Tarde para muita gente, mas ainda a tempo para muitos mais, Portugal finalmente compreendeu a importância da habitação. Só nos conseguimos desenvolver enquanto homens e mulheres plenos quando temos um lar, uma casa, onde vivemos as ALGARVE INFORMATIVO #283

nossas agruras e alegrias, onde nos protegemos, descansamos e alimentamos. A sociedade e o estado português foram falhando na resposta a esta necessidade básica, a este pilar que falta no Estado Social”, lamentou o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, acrescentando, porém, que Faro é, provavelmente, o distrito português mais avançado em termos de Estratégias Locais de Habitação e do Programa 1.º Direito . 22


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«FÁBRICA DO EMPREENDEDOR» CHEGA A LAGOS PARA ACELERAR AINDA MAIS O ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR DO CONCELHO Texto: Daniel Pina | Fotografia: SEA e Município de Lagos oi apresentada, nos dias 8 e 10 de março, a Fábrica do Empreendedor de Lagos, um inovador projeto cofinanciado pelo CRESC Algarve 2020 que vem reforçar as estratégias de suporte municipal a empreendedores e empresas locais. Resultante de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lagos, enquanto ALGARVE INFORMATIVO #283

investidor social, e a SEA – Agência de Empreendedores Sociais, enquanto promotor, tem como objetivos o apoio gratuito a empreendedores, empresas, instituições e particulares nas áreas do emprego e formação/qualificação, da criação de negócios, da promoção de competências empreendedoras e da dinamização de projetos de intervenção comunitária e animação territorial. 26


Estando atualmente a funcionar no edifício do Centro Cultural de Lagos, empresas, empreendedores e instituições locais já podem usufruir de diversos serviços, nomeadamente nos seus processos de recrutamento e seleção, no suporte a candidaturas a medidas de apoio à contratação, nos processos de formação ou na expansão dos seus negócios. Brevemente, esta parceria estabelecida entre a autarquia lacobrigense e a SEA permitirá também instalar no concelho o StartLab, um novo projeto de incubação de negócios locais.

“Somos um investidor social e um parceiro que pretende conduzir o nosso concelho ao máximo de respostas e de oportunidades para todos os empreendedores, empresas, instituições, associações e particulares. Esta «Fábrica» vai fornecer mais apoio em termos de emprego, de formação, de qualificação, de dotação de competências e na dinamização de projetos. E é uma resposta que vem

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complementar o que a Câmara Municipal tem feito em termos de desenvolvimento do empreendedorismo, como sendo o Espaço Empresa, a adesão à Algarve STP ou o Espaço Cowork”, refere a vereadora Sandra Oliveira. “Claro que tudo isto só é viável e tem pertinência se todos colaborarmos e se nos for útil para evoluirmos enquanto pessoas, projetos e município”, reforçou a autarca. A SEA – Agência de Empreendedores Sociais é uma cooperativa com quase 14 anos de existência e que está focada na integração económica das comunidades locais e de pessoas em risco de exclusão social. “A Fábrica

do Empreendedor é um dos nossos projetos-âncora e pretende dar formação para a capacitação e ajudar as pessoas a concretizar os seus projetos de vida”, explicou Frederico Costa,

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presidente da SEA. Um trabalho que é feito em rede, nomeadamente com as Câmaras Municipais, a que se juntam projetos de consultadoria e investigação em torno do empreendedorismo social e da empregabilidade. Presentes em todo o território nacional, as Fábricas do Empreendedor encontram-se, no Algarve, nos concelhos de Lagos e Lagoa, e uma das suas mais-valias é, de facto, o trabalho de grande proximidade realizado com as comunidades, o que possibilita à SEA compreender melhor os seus problemas reais e aplicar as metodologias mais adequadas. “As «Fábricas» surgiram,

em 2007/2008, num momento de grande crise e de elevado desemprego e, infelizmente, hoje ALGARVE INFORMATIVO #283

estamos a atravessar uma nova crise que nos afeta a todos. No fundo, é uma resposta que promove o desenvolvimento integrado e a criação de um ecossistema empreendedor, reforçando as respostas que já estão a ser implementadas por câmaras municipais, juntas de freguesias ou outras entidades. Queremos ser uma força aceleradora que traz soluções”, afirma o presidente da SEA. “A crise gera oportunidades de 28


crescimento e é preciso ajudar as comunidades a terem mais força para enfrentar este desafio que se chama covid-19. Para tal, apostamos num trabalho de mentoria e de acompanhamento individualizado, através da metodologia «Marca Pessoal», que reforça as competências e o autoconhecimento das pessoas que nos procuram. E trabalhamos a 360º, com todos os parceiros, sejam 29

do setor social, público ou privado, com uma equipa multidisciplinar de várias áreas profissionais, simplificando processos e removendo barreiras”, frisa Frederico Costa. Equipas que, de acordo com a SEA, fizeram quase 58 mil atendimentos até 2019, junto de mais de 10 mil beneficiários, com mais de três mil formandos, mais de duas mil pessoas integradas no mercado de trabalho e ALGARVE INFORMATIVO #283


com mais de 680 empreendedores apoiados. “Em 2020 arrancamos com

mais quatro «Fábricas», pelo que estes números vão crescer bastante”, referiu ainda Frederico Costa, antes de passar a palavra a Susana Gonçalves, técnica de emprego da Fábrica do Empreendedor de Lagos. “O que

propomos é trabalhar competências pessoais e transversais de quem nos procura, para as preparar melhor para a integração no mercado laboral. Para isso definimos, conjuntamente, um projeto pessoal, ajustado aos seus objetivos e adaptado à realidade que vivemos. Isto pode passar pelo apoio na elaboração de um simples currículo, na preparação para uma entrevista de emprego, na procura e seleção de formações que melhorem as suas competências e no encaminhamento para ofertas de trabalho que se adequem ao seu perfil”, descreve. Um apoio que acontece igualmente na ótica das empresas, nomeadamente ajudando-as nos processos de seleção e recrutamento dos candidatos, assim como de formação dos colaboradores. Serão também prestadas informações sobre as medidas vigentes de apoio aos empresários e às entidades. “O objetivo

é dinamizar o empreendedorismo que já está incutido nos cidadãos do concelho, apoiando e dando ferramentas aos empreendedores. Sempre num trabalho em parceria e ALGARVE INFORMATIVO #283

encaminhando e acompanhando os empreendedores na criação dos seus planos de negócio, para que os seus projetos de vida passem para uma fase de execução”, declarou, por sua vez, Marta Dinis, técnica de empreendedorismo da Fábrica do Empreendedor de Lagos. Neste âmbito, vai ser inaugurado, em breve, um espaço de incubação na cidade de Lagos, onde será feito o acompanhamento das novas start-ups, dos novos negócios e micro negócios.

“A Fábrica do Empreendedor de Lagos e o projeto SEA também incluem dois Fablabs, polos de prototipagem localizados em Cascais e Sintra por onde passaram alguns projetos que já estão no mercado”, revela Marta Dinis, adiantando ainda que, em maio, vai ser organizado um curso intensivo, e gratuito, de empreendedorismo.

“Serão oito sessões online, divididas por duas semanas, para empreendedores que estão numa fase inicial dos seus negócios”, aponta. Outra iniciativa da Fábrica do Empreendedor de Lagos é o «Job Pass», um género de «passaporte para o emprego» que vai procurar capacitar os participantes para um percurso de vida diferente e para que, no final, encontrem oportunidades de trabalho.

“É um conjunto de metodologias de educação não formal, apoiadas 30


em técnicas de coaching, que vão potencializar a autodescoberta e promover o desenvolvimento de soft skills, de modo a estarem preparados para o Dia D. Será também num formato intensivo online, oito sessões em duas semanas, em maio. Na última sessão do processo, o formando elabora um pitch em direto, com entidades locais, e a expetativa é que consiga uma integração plena no mercado de trabalho”, diz Susana Gonçalves. A decorrer uma vez por ano é o «Learning for Life», um projeto de responsabilidade social e empresarial fomentado em parceria com a Diageo, empresa de bebidas presente em 180 países. “É

direcionado para um grupo específico de jovens socialmente distanciados, que neste momento não estudam ou não estão a realizar 31

qualquer formação e que também não encontrarem trabalho. É uma formação de bartenders com uma competência social e profissional”, frisa a técnica da Fábrica do Empreendedor de Lagos. “A matéria prima já existe nas pessoas, nós estamos cá para acelerar os processos de reintegração profissional e de criação de negócios, em suma, para ajudar a construir projetos de vida. As coisas primeiro têm que acontecer no nosso pensamento, temos que sonhar com elas antes de as concretizarmos, e contem connosco para vos ajudar nesse processo”, finaliza Frederico Costa, presidente da SEA – Agência de Empreendedores Sociais . ALGARVE INFORMATIVO #283


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“CRISE VEIO PÔR A NU, DE FORMA RÁPIDA E BRUTAL, O DESEQUILÍBRIO ESTRUTURAL DO ALGARVE E OS RISCOS DAÍ ADVINDOS”, AFIRMA VÍTOR NETO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina nquanto Portugal se prepara, de forma gradual e muito cautelosa, para um novo desconfinamento, os empresários do Algarve continuam a sentir na pele as consequências da quebra brutal do principal setor económico da região, o turismo, com impacto direito no alojamento e na restauração, mas em ALGARVE INFORMATIVO #283

muitos outros setores. Por isso, o NERA garante não se tratar “de uma crise

de um setor «volátil», nem fruto de um «azar» que atingiu sobretudo as economias mais débeis, mas de uma crise global de um dos setores mais importantes da economia mundial, em termos de contributo para o Produto Interno 34


Bruno, Receitas, Exportações e Emprego”. “Em 2020, o turismo mundial sofreu uma quebra de cerca de 75 por cento, atingindo todos os continentes: passou de 1.400 milhões de turistas internacionais em 2019, para 400 milhões, ou seja, uma quebra de mil milhões de turistas, metade dos quais na Europa, que passou de 700 para 200 milhões de turistas. É aqui que se enquadra Portugal e as suas quebras situam-se nos mesmos parâmetros”, explica a Associação Empresarial da Região do Algarve. Infelizmente, a situação não apanhou de surpresa o presidente do NERA, Vítor Neto, empresário, dirigente associativo e antigo Secretário de Estado do Turismo do governo de António Guterres. Até porque as quebras verificadas confirmaram um dos três cenários previstos, em maio de 2020, pela OMT – Organização Mundial de Turismo. “Esta

crise veio pôr a nu, de uma forma rápida e radical, o desequilíbrio estrutural do Algarve e os riscos daí advindos. Há anos que venho dizendo que o Algarve não tem turismo a mais, tem é a menos dos outros setores. O turismo é um dos setores económicos mais importantes da economia mundial e europeia e é o principal exportador de Portugal. As receitas dos turistas estrangeiros que visitam Portugal são superiores à soma dos seis ou sete grandes setores industriais que 35

exportam para o estrangeiro. No entanto, não podemos ter apenas turismo”, frisa o entrevistado, não concordando com as vozes que dizem que esta foi uma escolha da nação.

“Enquanto empresário sou testemunha de que isso é mentira, as políticas dos governos é que ditaram que não tivéssemos outros setores fortes. Se nos lembrarmos do que aconteceu nos anos 80 e 90 do século passado, em relação à agricultura, pesca e indústria, vemos que praticamente se pedia às empresas para não produzirem. Eu era um dos maiores exportadores de frutos secos do Algarve, nomeadamente de amêndoas e figos, e tive que encerrar duas fábricas, não para me virar para o turismo, mas simplesmente porque deixou de existir matéria-prima”, recorda. Perante uma quebra acentuada da agricultura e pescas, o Algarve aproveitou as suas potencialidades naturais para avançar no turismo, porque até já era um destino conhecido há décadas. “O nosso turismo tem

defeitos e pode ser melhorado e atualizado para responder às novas exigências, mas continuamos a não utilizar os recursos que possuímos da terra e do mar para dinamizar outras atividades económicas que sirvam ALGARVE INFORMATIVO #283


de suporte à economia regional. Só que, para isso, é necessário existir uma estratégia económica nacional que o permita, não vamos lá apenas pela esperteza deste ou daquele empresário”, avisa Vítor Neto. “Posso ter vontade de investir num setor, mas vou avançar sozinho? E sem que o próprio Estado acredite que esse setor vai para a frente? Dizemnos para apostar na digitalização, na adaptação às alterações climáticas, na indústria 4.0, mas isso são palavras. O investimento acarreta um risco para a pessoa que investiu e não basta ter uma boa ideia”, sublinha o responsável do NERA. Neste contexto, adaptar o turismo aos novos desafios é fundamental, na ótica de Vítor Neto, mas a diversificação da estrutura produtiva do Algarve deve ser a grande prioridade, sempre tendo em conta o desenvolvimento sustentável, as alterações climáticas, a escassez da água ou a digitalização. “Não vamos fazer

uma economia como tínhamos há 100 ou 50 anos, claro, mas devemos partir das potencialidades reais e depois adaptá-las às novas realidades”, defende o entrevistado, acreditando que, caso esse tivesse sido o caminho escolhido no passado, o Algarve não estaria a sofrer tanto com a pandemia por covid-19. “Neste

momento, a exportação de alfarroba não resolve os problemas todos da minha empresa, mas é ALGARVE INFORMATIVO #283

uma importante ajuda do ponto de vista financeiro”, exemplifica. A atual crise veio também confirmar a fragilidade da grande maioria das empresas algarvias, por se tratarem de micro ou pequenas e médias empresas sem almofada financeira para lidar com prolongadas quebras de atividade. Segundo dados do NERA, existem cerca de 70 mil empresas na região, das quais 50 mil são em nome individual, empresas familiares com poucos funcionários, e 20 mil são sociedades. E destas 20 mil empresas, 60 ou 70 por cento estão ligadas, direta ou indiretamente, à atividade turística. “O

contributo da agricultura e das pescas para a economia do Algarve é muito pequeno – apesar da situação ter melhorado nos últimos anos – em termos de Valor Acrescentado Bruto e do número de empresas. É esta a nossa radiografia. E mesmo na hotelaria é preciso distinguir três níveis: temos grandes empresas que são investimentos internacionais; temos grandes grupos nacionais; e depois temos um conjunto de pequenas e médias empresas, algarvias ou não. É preciso conhecer bem este universo, porque as medidas, para um determinado grupo, podem ser de 9 zeros, para outro grupo podem ser de 6 zeros e, para outro grupo, podem ser de 4 ou 5 zeros”. 36


GOVERNO SUBESTIMOU EVOLUÇÃO DA PANDEMIA Como é apanágio em Portugal, muitas medidas lançadas pelo Governo para combater os efeitos da crise pecaram por escassas e tardias, mas Vítor Neto admite que algumas delas foram eficazes. “Em

2020 tivemos 330 mil trabalhadores em regime de lay-off que, se essa medida não existisse, estariam no desemprego. Houve medidas importantes para as microempresas turísticas, como é o caso das moratórias, mas o grande problema, para mim, foi a ilusão de que isto ia tudo acabar mais cedo. Eu estou bastante preocupado com 37

a situação, mas não estou surpreendido. Assim, o que se exige são medidas de natureza diferente e adequadas a este prolongar da crise, para que as empresas tenham capacidade financeira para responder ao sacrifício que estão a fazer; maior rapidez nas respostas; e maior simplicidade nos mecanismos exigidos para se aceder aos apoios. Não podemos ficar três ou quatro meses à espera que nos respondam a um pedido e mais três ou quatro meses a aguardar que cheguem os apoios”, salienta o presidente do NERA. Portugal não é, como sabemos, um ALGARVE INFORMATIVO #283


país rico e com fundos ilimitados para apoiar quem necessita de ajuda, mas isso não deve servir de desculpa, segundo Vítor Neto, para não se fazer o que é preciso. “Não podemos mudar de mundo”, justifica, deixando uma crítica às autoridades nacionais por terem subestimado a evolução da pandemia e não terem tido em conta as opiniões de entidades como a Organização Mundial de Turismo. “Eles criaram três

cenários em função das limitações à circulação: se acabassem em julho, a queda do turismo, a nível mundial, seria na ordem dos 60 por cento; se fosse em setembro, a quebra, em 2020, podia chegar aos 70 por cento; se as restrições de mobilidade se mantivessem até dezembro, já estaríamos nos 80 por cento. Veja-se que essas limitações ainda não acabaram, mas o discurso foi sempre no sentido de que o pior já tinha passado, de que aquela companhia aérea já ia voltar a voar, de que os turistas ingleses já estavam a regressar ao Algarve. Foi um erro tremendo”, critica o entrevistado. “Há um consenso nos grandes grupos internacionais financeiros, do ramo imobiliário e do turismo de que se poderá assistir, em 2021, ao início de uma lenta retoma e, se as coisas evoluírem positivamente, esse ritmo poderá acelerar um pouco em 2022. Em 2024, e já há quem fale em 2025, se calhar conseguimos atingir ALGARVE INFORMATIVO #283

valores parecidos aos de 2019. Eu, na minha empresa, na minha região e no meu país, preciso ter em conta todos estes cenários, para não estar a criar ilusões”, dispara Vítor Neto. Combater e controlar a pandemia deverá constituir, para o representante dos empresários algarvios, a principal prioridade das autoridades, avisando que “com fintas não vamos a lado nenhum”. “As incertezas

continuam a ser muitas, mas cada governo tenta safar-se, como pode, perante a opinião pública e os objetivos políticos do seu país. A prioridade tem que continuar a ser a redução dos focos de contágio, não a nível do meu bairro, da minha cidade e da minha região, mas de todo o país, porque assim ganhamos todos em termos de saúde pública e, sobretudo, de credibilidade no mercado interno”, reflete o dirigente associativo. “Assim acontecendo, os portugueses deixam de ter receio de se movimentarem dentro do seu país e, como estão cansados da pandemia, podem aproveitar para gozar períodos de férias superiores ao que faziam normalmente, mesmo sabendo que pioraram as suas situações económicas. Isso ajuda a reativar a atividade económica nas zonas 38


turísticas e reforça também a nossa imagem internacional”.

NÃO É ASSIM QUE SE GANHA UMA GUERRA CONTRA UM INIMIGO DESCONHECIDO Tão importante como combater a pandemia é, no entanto, defender as empresas, sob perigo de, quando o turismo regressar à normalidade, depois não haver empresas no terreno para responder à procura. “Precisamos ter

alojamento e restauração, bem como todas as empresas que lhes fornecem bens e serviços. Se esses milhares de empresas desaparecerem, os restaurantes e hotéis também não funcionam”, alerta o entrevistado, mostrando-se 39

igualmente preocupado com a forma como as novas gerações lidam com o momento extremamente grave que se vive. “Os jovens têm que se

preparar para enfrentar situações destas e não ficar à espera que os pais, ou o governo, resolvam os problemas. Tenho a ideia de que se está a navegar muito à vista, que se vai gerindo o dia-a-dia. Em junho de 2020, um Ministro disse que o pior já tinha passado. Temos que combater a demagogia, as autoridades públicas devem ter uma palavra firme, lúcida, inteligente e responsável. Não podemos estar todos os dias sujeitos a disparates e ideias erradas”, declara Vítor Neto, com a sua habitual frontalidade. E ALGARVE INFORMATIVO #283


precisamente um dos temas quentes dos últimos meses é o Plano de Recuperação e Resiliência, que não deixa muito entusiasmado este antigo Secretário de Estado do Turismo. “Não tendo nós

uma estratégia económica para o país correta e nítida, e para a região também não, devemos tentar aproveitar o melhor possível esses fundos. No conjunto daquelas 147 páginas, o Algarve quase que não está presente, mas encontra-se lá o Plano Regional de Eficiência Hídrica”, lembra Vítor Neto. Ação pedagógica é mais um pedido que o empresário faz ao governo, sobretudo que esclareçam bem sobre as medidas que propõem, as que resultam e as que não atingem os objetivos pretendidos, as que foram para o terreno e aquelas que nunca saíram do papel. “O Estado tem

que ganhar prestígio para depois dar garantias de segurança, mas todos os dias aparecem pessoas a contrariar aquilo que outras disseram no dia anterior. Não é assim que se ganha uma guerra contra um inimigo desconhecido”, sublinha Vítor Neto. “Todas as anteriores crises mundiais de turismo foram provocadas por questões financeiras ou económicas, que depois colocaram dificuldades aos países, que provocaram a redução do poder de compra das pessoas e fizeram diminuir as viagens dos turistas. Esta crise é diferente, foi um ALGARVE INFORMATIVO #283

fenómeno externo à economia, uma pandemia, que teve consequências na economia e nas finanças. E muitos governos não souberam lidar com isto. Veja-se o falhanço da União Europeia – que já estava dividida antes do covid-19 – que não conseguiu ter uma política comum de contenção da pandemia. E neste cenário existe também um Reino Unido onde temos um primeiroministro que quer demonstrar que resolveu o problema da pandemia sem a ajuda da União Europeia, para justificar o Brexit”, analisa Vítor Neto. Os conselhos são muitos, os alertas ainda mais, e diz-se que as crises encerram em si boas oportunidades de mudança. Apesar disso, Vítor Neto lembra que a tendência natural dos portugueses é para se esquecerem das coisas, assim ignorando as lições do passado. “As entidades públicas

têm o dever de evitar que isso aconteça, explicando que, apesar de sermos um pequeno país da União Europeia, temos margem 40


de manobra para nos afirmarmos, mas, para isso, precisamos ter a nossa própria estratégia económica, sempre respeitando a legislação europeia. Assim, em situações de crise, conseguiremos sobreviver”, aponta. “Todavia, não é isso que se faz. Aproveitam-se os milhões dos fundos europeus para fazer grandes investimentos públicos que vão beneficiar meia dúzia de grandes empresas, mas a nossa estrutura económica continua pobre e pouco diversificada. Cabe aos cidadãos lutar por uma nova realidade, mas a 41

tendência é cada um defender-se a si próprio por não acreditar no trabalho em conjunto”, desabafa Vítor Neto. “Globalmente, Portugal melhorou em relação ao que era há 30 anos, mas, em termos relativos, afastou-se dos países mais ricos da Europa. Portugal tem que crescer globalmente, mas também reforçar a sua estrutura económica com uma consistência produtiva e moderna de bens e serviços que lhe permita enfrentar as crises”, termina .

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«ALLCANTE», «ELEPHANT WOMAN» E GRAFONOLA VOADORA SUBIRAM AO PALCO DO CINETEATRO LOULETANO Texto: Jorge Gomes | Fotografia: Jorge Gomes

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ace à decisão do Governo em prolongar o confinamento e à impossibilidade de abrir ao público, o Cineteatro Louletano avançou, à semelhança do que fez em 2020, com programação online em março, de acesso universal e gratuito. No campo da música, subiram ao palco da principal sala de espetáculos do concelho, no dia 6 de março, os «Allcante», grupo que, como o próprio nome indica, se dedica sobretudo ao cante e às modas alentejanas, elevando as tradições de uma arte que é também Património Imaterial da Humanidade da UNESCO. Igualmente no dia 6 de março se ficou a conhecer mais um projeto de grande qualidade oriundo do Algarve, os «Elephant Woman». A banda foi criada por Crestin Razvan, no baixo e voz, que se ALGARVE INFORMATIVO #283

juntou mais tarde a Mariana Ribeiro, vocalista principal. David Pinto nas guitarras e Davide Nascimento na bateria, juntamente com Miguel Guerreiro nas teclas, compõem o resto do «Elefante». The Elephant Woman nasceu em 2020, percorre diversos géneros musicais e promove o sentimento citado pela poesia lírica. Também na música, mas a 8 de março, Napoleão Mira & Grafonola Voadora regressaram ao Cineteatro Louletano para assinalar o Dia Internacional da Mulher. Em palco tivemos a música original de Luís Galrito, as imagens captadas pelo olhar de João Espada e misturadas em tempo real e as palavras do declamador e poeta Napoleão Mira, que falam dos lugares ao sul, das paixões, saudades e dúvidas partilhadas por aqueles que estão longe de casa . 46


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OPINIÃO Professor Carlos Cano Vieira Paulo Bernardo (Empresário) a vida vamo-nos cruzando com pessoas, o que é normal, isso é o mais comum, contudo, nos últimos meses, não temos vivido dessa forma, a vivência tem sido feita via computador, distante e fria. Possivelmente a pessoa que eu conheço que é a antítese de vida em confinamento é o Professor Carlos Cano Vieira. O Professor todo ele é alegria e energia positiva, e não pode faltar um abraço ou não fosse ele um peruano de gema. O Professor foi me apresentado pela mão da ANJE era eu ainda uma criança nestas vivências de associações. A Adriana, que era a Diretora Executiva, falou-me num Professor que estava a lecionar na universidade do Algarve e que era a pessoa ideal para vir falar num jantar debate que a ANJE organizou na Escola de Hotelaria. Não hesitei e convidamos o Professor e lá fomos ao jantar. A partir dai passei a admirar o homem e a sua forma de estar, um poço de energia positiva e de motivação,

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nesse dia comecei a aprender histórias com ele. Nas nossas vidas loucas íamo-nos encontrando entre um evento, uma palestra e lá conseguíamos almoçar às vezes, nos últimos anos quase nunca. Um dia o Professor desafiou-me para arranjar um Município que tivesse capacidade para inovar, pois tinha a abertura de uma universidade americana para se fazer uma parceria. Não perdi muito tempo e falei-lhe em Tavira, falei com o Jorge Botelho e o João Pedro e lançamo-nos numa aventura de juntar Tavira com algumas entidades norteamericanas. Esta oportunidade deu-me a conhecer um país que eu mal conhecia e a partir dai abri os horizontes e consegui fazer as minhas pontes para com o país onde o meu bisavô se aventurou quase cem anos antes. No meio das reuniões americanas fomos parar num almoço onde ficamos na mesa com o António Oliveira, antigo jogador do Porto. Grande alegria para o Professor, pois ambos eram portistas, o Professor adaptou o Porto como equipa pelo seu conterrâneo Teófilo Cubillas ter lá jogado. Foi bonito ver o Oliveira e o Professor, partilhando aventuras, umas 62


futebolísticas, outras mais políticas. Por falar em futebol, recordo-me de alguns encontros que tivemos com o Reinaldo Teixeira onde falávamos das potencialidades do Algarve, do que isto poderia ser, não na vertente turística, mas numa lógica de acolhimento de inovação e empresas. Numa dessas conversas juntou-se o Luís Farrajota, aí foi um fartote de ideias e boas energias. Não há muito tempo troquei mensagens com o Professor, ele sempre curioso e preocupado pelas minhas aventuras no Brasil. Como homem livre e de bons princípios, tinha grande preocupação como o povo sul americano, apesar de ser um cidadão do mundo, a América Latina corria-lhe nas veias, e a inquietação de como aquilo estava era presença comum nas nossas conversas. Como todos sabemos, explicar o Brasil é algo quase impossível, mas eu fazia o meu melhor, terminamos a conversa sobre a viagem que temos que fazer ao Peru. Soube de uma forma inusitada que o Professor tinha ido fazer uma viagem recentemente, para outra dimensão. Hoje deve estar a alegrar com as suas palavras um grupo de colaboradores do 63

São Pedro, ou a preparar alguma missão a algum lugar menos conhecido do paraíso. A vantagem de ser bom e transmitir essa bondade é que nos tornamos imortais, pois hoje o Professor Carlos Cano Vieira vive um pouco em cada um de nós que tivemos o privilégio de partilhar algum tempo na sua companhia. Obrigado por tudo e peço desculpa por todos aqueles que não lhe souberam dar o valor que o Professor merecia. Normalmente os seres de luz causam grande inveja àqueles que nem acender uma candeia conseguem . ALGARVE INFORMATIVO #283


OPINIÃO Décima quinta tabuinha - Abismos Ana Isabel Soares (Professora Universitária) ma das novelas a que mais gosto de regressar – e regresso quase todos os anos, por conta das aulas que dou – foi escrita no dobrar do século dezanove para o século vinte. Vai ficando cada dia mais longínqua essa dobra, que contextualizo referindo o tempo anterior às duas grandes guerras (aquelas a que se chama mundiais, da primeira metade do século passado, por terem envolvido nações por todo o mundo, ao contrário das inúmeras guerras civis que se foram desenrolando até então). O longínquo que dista o ano de 1900 não é só medido em dias, décadas: quem me ouve nas aulas já nasceu cem anos depois daquela data, mas é como se vivesse não apenas noutra época, mas num planeta fundamentalmente diferente. Vejo-me a introduzir o texto com elocuções cada vez mais longas, elaboradas, contextualizantes, para conseguir criar o mínimo de familiaridade que poderá desaguar na sedução e na compreensão da leitura. Como se explica que o desconhecido – as trevas – de uma floresta possa funcionar como símbolo do desconhecido de uma alma, se o os mapas virtuais nos convencem de que podemos entrar mata adentro, visualizar as árvores das margens do Congo, empunhando as tochas digitais da civilização que levantamos, erguendo as mãos à procura de um bom sinal de rede? Quando Marlowe, o protagonista, adentra ALGARVE INFORMATIVO #283

o encerrado do rio numa pequena embarcação a vapor, que compara a um escaravelho a rastejar para o interior de uma imensa escuridão, que escuridão entende quem me ouve, neste mundo cheio de luzinhas? Para mim, o livro de Joseph Conrad (é dele que falo, de Heart of Darkness, que nas versões portuguesas – todas excelentes, uma das quais feita pelo magnífico tradutor que é Aníbal Fernandes – ganhou um artigo no título e chama-se O Coração das Trevas) também já surgiu num lugar e num tempo que não a África colonial de oitocentos, nem o espanto europeu que se descobre obscuro como aquilo que desconhece e julga conseguir apreender: foi o Vietname do início da década de 1970 e o absurdo de uma outras batalhas, que outros ocidentais impunham na Ásia, mostrado por Francis Ford Coppola em Apocalypse Now!, que me levou até à inqualificável prosa do polaco anglófono Conrad. Na realidade, o que se vê quando os ecrãs mostram o filme de Coppola não é território vietnamita: o exército norte-americano recusou apoiar a produção do filme e o realizador instalou-se nas Filipinas, paisagens aproximadas, e, para as cenas em que precisou de usar helicópteros, recorreu aos aparelhos dos militares locais. Consequência disso, como à época o governo filipino precisava cada vez mais de meios para combater os rebeldes independentistas que atacavam em guerrilha – e que viriam a constituir-se na Frente Mouro Islâmica de Libertação –, 64


Foto: Vasco Célio

várias vezes as filmagens foram interrompidas para devolver os helicópteros emprestados, que seriam usados na repressão dos guerrilheiros, e voltariam horas ou dias depois para as mãos da produção do filme para continuar os trabalhos. Se Conrad (que, de facto, subiu o rio Congo e depois construiu a ficção de uma personagem que percorre uma atmosfera semelhante) tivesse querido prever localizações e contextos para uma adaptação fílmica da sua novela, não conseguiria escolher melhor do que estes abismos entre realidade e a construção da ficção. A quem me ouve nas aulas a falar sobre o texto de Conrad, o filme norte-americano está tão distante como a novela, no mesmo 65

lugar e no mesmo tempo obscuro. É talvez impossível conhecer uma obra como terá sido conhecida por quem a leu pela primeira vez logo depois de publicada: mas como se concilia esta frustração de não se poder retroceder para aquele tempo e, simultaneamente, reconhecer o admirável que é um texto de outra época continuar a fazer sentido a qualquer momento da história humana? Mesmo os tempos curtos – separam-me dos meus alunos três dezenas de anos, pouco mais do que isso – alongam-se nas mudanças quase quotidianas que entre nós se impõem. Como conseguirei perceber que mundo aparece a quem hoje lê pela primeira vez o relato de Marlowe? Qual o símbolo que a floresta das imagens (trazidas pelas palavras, pelos filmes) há de revelar? . ALGARVE INFORMATIVO #283


OPINIÃO Reféns da insustentabilidade João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) omos reféns. E assim continuaremos por bastante tempo. Não que estejamos a viver uma guerra ou um ataque terrorista, mas estamos há décadas a viver um modelo económico que nos mantém encurralados e impossibilitados de pôr em prática conceitos de sustentabilidade ou responsabilidade territorial sérios. Estarei a ser dramático ou demagógico? Certamente que para muitos estarei. Mas atentemos: por enquadramento da Lei de Finanças Locais, uma parte muito significativa do financiamento das autarquias advém de cobranças do IMI e do IMT. Nalguns casos, estas fontes superam mesmo os 40 por cento do orçamento global. Ora, estes impostos estão directamente relacionados com o imobiliário. Colocando de uma forma simples: quanto mais construção houver, mais taxas e receitas terão os municípios de benefício. Não que estes impostos sejam errados ou inúteis. Não demonizemos os mesmos. O problema é a excessiva dependência gerada pelos mesmos, ao ponto de nenhum município hoje ser capaz de «sobreviver» sem eles. E, como tal, preserva-se um sistema autofágico, viciado em construção, com consequências ambientais e sociais ALGARVE INFORMATIVO #283

graves. Basta olhar para o ordenamento territorial do Algarve e perceber o impacto desta relação. Não se trata apenas de uma questão de estética. O ordenamento caótico que temos na região tem consequências muitas vezes menosprezadas: maiores redes de saneamento e abastecimento de água com consequente perdas da mesma nos extensos sistemas de condução; insegurança, derivada do isolamento de muitas habitações; maiores dificuldades no combate a incêndios, devido à dispersão de casas no campo; ocupação e impermeabilização de solos agrícolas; fragmentação da paisagem e dos ecossistemas mediterrânicos; especulação imobiliária; propagação de casas amovíveis e barracas de madeira ilegais; entre outros aspectos. O caso é de tal ordem que assistimos a algo paradoxal: os centros urbanos a ficarem desertos e abandonados, com milhares de habitações vazias, e as cidades a expandirem-se para o exterior, «roubando» solo agrícola e convertendoo em urbano. Algo que não se assiste na grande maioria das cidades europeias. Mas este fenómeno não se cinge apenas aos municípios. É na actividade de mediação imobiliária que se geram, também, grandes negócios de milhões envolvendo bancos. A pressão decorre, 66


assim, de vários sectores da sociedade. E não tende a parar. Dúvidas houvesse, vejam-se os «Vistos Gold» cujo novo regulamento, com vários reajustes, teria efeito a partir de Julho de 2021, mas foi adiado para 2022, mantendo os «velhos» pressupostos no activo... Não sou, obviamente, contra o investimento, nem ao apoio de projectos estruturantes para o Algarve. Mas sejamos claros ao que chamamos estruturantes e ao que são verdadeiramente projectos importantes para a região. Enquanto caminhamos em círculos em torno de um modelo de desenvolvimento claramente gasto e ultrapassado, o resto da Europa caminha num sentido progressista, visionário, mais consciente, resiliente e sustentável. 67

Prova disso é o novo «Bauhaus Europeu» (https://europa.eu/new-europeanbauhaus/index_pt), actualmente em discussão. Bom seria, de uma vez por todas, que olhássemos o território como ele verdadeiramente é, aquilo que pode realmente suportar e como o poderíamos valorizar de forma sustentável, honesta e justa para todos.

PS – Para quem leu o passado artigo aqui publicado sob o título «Planos Mil», uma nova: há mais um plano estratégico em elaboração para o Algarve, desta feita pela CCDR! É mais um a acrescentar à lista! . ALGARVE INFORMATIVO #283


OPINIÃO Um ano de confinamento Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) um ápice, passou um ano. Provavelmente o ano que, no futuro, será visto como o momento mais marcante do Século XXI, ao nível mediático das duas Grandes Guerras do Século XX. Quem vive um momento histórico, está demasiado preocupado a vivê-lo, para se conseguir abster dele e projectar uma visão futura sobre ele. Por isso mesmo, a dimensão histórica de um acontecimento só é perceptível muito mais tarde, quando a vivência se converte em memória. Para o Algarve este ano já nos trouxe uma série de experiências e permitiu-nos constatar vários factos, mas, ainda anestesiados pela vivência dos mesmos, não sabemos que reais efeitos produzirão no futuro. Desde logo este último ano demonstrou que o Algarve terá de diversificar a sua base económica, ou sucumbirá perante as adversidades do sector turístico, num mundo cada vez mais competitivo e radical, onde os meios termos passaram a ser malquistos e a palavra de ordem é o extremismo, a causa dos grandes conflitos e das grandes divisões da humanidade. ALGARVE INFORMATIVO #283

Foi o ano em que descobrimos que Portugal tem uma companhia aérea, suportada por todos os portugueses, mas que não tem qualquer rota internacional para a sua região mais turística. Foi o ano em que os algarvios perceberam que estão entregues a si mesmos, não justificando a sua contribuição anual de sete mil milhões de euros para os cofres centrais qualquer tratamento diferenciado para a região, mesmo tendo em atenção a sua base económica, fortemente atingida pelo cenário pandémico. No confinamento, assistimos a uma série de anúncios e promessas ocas, não concretizadas; ficamos a saber que estava a ser elaborado um plano específico que nunca foi implementado; que iriamos receber alguns trezentos milhões que estarão para vir; tivemos resoluções aprovadas que não foram implementadas; assistimos a um elencar de projectos, promessas velhas sucessivamente e permanentemente adiados, que já estarão desajustados à realidade se algum dia forem efectivamente implementados. O Algarve recebeu visitas de governantes de elevada craveira, que vieram partilhar lamúrias, mas não apresentaram uma única medida 68


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diferenciadora para a região, para os algarvios que sofrem com quase dois anos de inactividade, privados de quaisquer subsídios ou apoios por falta de tempo contributivo, ou porque não conseguiram pagar as suas dívidas ao Estado a tempo de receberem as ajudas de montante idêntico ao que teriam de pagar ao Estado. Foi um ano sem música, sem animação, sem arte, sem literatura, sem eventos culturais. O ano dos eventos cancelados, dos sonhos adiados, das vidas perdidas. É facto. Perderam-se muitas vidas. Vítimas de Covid, vítimas das deficientes respostas dos serviços de saúde e vidas que se deixaram consumir pelo desespero insuportável. Estão por divulgar os números dos suicídios cometidos na região neste último ano. Mas, para além das vidas humanas, perderam-se vidas empresariais. Hotéis, aldeamentos, discotecas, bares, restaurantes, cafés, espaços de diversão, pequenos negócios familiares, de onde retiravam o sustento de famílias inteiras, fechados um ano. Mas também motoristas, taxistas, guias turísticos, empregados de hotelaria e restauração, pescadores lúdicos, pequenos agricultores, que viviam exclusivamente do sector turístico ficaram sem qualquer actividade. Mas nem tudo tem sido mau. Este foi o ano da valorização dos municípios e mostraram que o poder local está acima das ideologias políticopartidárias que sustentam as câmaras. Todos deram o melhor de si para os outros, num esforço suplementar de ALGARVE INFORMATIVO #283

substituição das falhas de um Estado Central gigantesco e perro, sem capacidade de resposta atempada em momentos de crise, sem capacidade para sair dos grandes centros de poder e olhar para o resto do país como um todo. Quem já olhou para os projectos que a famosa «Bazuca Europeia» irá patrocinar, sabe onde estão e a quem se destinam. Será mais uma oportunidade para aumentarem as assimetrias entre as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e o resto do país, cada vez mais convertido em mera paisagem. Foi também o ano em que os algarvios perceberam que o seu desenvolvimento está dependente da criação de uma região autónoma, confirmado que está que a mudança de método de escolha dos dirigentes da CCDR foi apenas isso, uma mudança de método. Aproxima-se mais uma Páscoa seguramente confinada e um Verão que ninguém sabe o que trará. Sabemos sim, que o Algarve não aguenta mais um ano igual ao que passou sem uma diferenciação de tratamento e a implementação prática de medidas diferenciadas das do resto do país. Não porque sejam especiais, mas porque vivem numa realidade diferente, baseada numa estrutura económica e social diferente. Se ela não chegar, se o poder central não tiver a consciência desta realidade geograficamente distante, não restará outra alternativa ao avolumar da voz da indignação e da concretização da luta política pela concretização da autonomia regional .

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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA CRIA LINHA PARA O EQUILÍBRIO DO ALUNO E DA FAMÍLIA Município de Albufeira acaba de criar uma linha telefónica de apoio psicológico a jovens e respetivas famílias face à situação do ensino à distância. A LEAF – Linha para o Equilíbrio do Aluno e da Família pretende ajudar aqueles que se encontram a passar por situações de maior dificuldade educativa, derivada da alteração da rotina familiar, e a intenção é ser um suporte no sentido de manter e promover a saúde psicológica e emocional dos alunos e o bem-estar e equilíbrio das famílias. A LEAF tem dois números (964 585 785 e 964 585 784) e está disponível entre as 10h e as 16h. “Estamos conscientes de

que a tarefa de ser pai e mãe, atualmente, representa uma tarefa hercúlea, pelo que o Município, com

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recurso aos seus técnicos, criou esta linha para atenuar os efeitos desgastantes do confinamento com uma preocupação educativa no seio das famílias. Após um primeiro confinamento, em que as famílias se debateram com inúmeros desafios, entre eles o de manter o ensino à distância e, ao mesmo tempo, manter os seus filhos o mais estáveis possível, deparamo-nos novamente com esse cenário”, refere o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Rolo. Quem liga para a LEAF será acolhido por psicólogos educacionais que, de acordo com a problemática em questão, poderão aconselhar ou realizar um apoio ao nível da área educacional, como, por exemplo, em situações de dificuldade na

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manutenção das rotinas da casa, dependência excessiva das crianças face às tecnologias, perturbações do sono e ansiedade na gestão da vida doméstica e do estudo. Estes técnicos estão habilitados para fornecer uma melhor gestão do ensino em casa, nomeadamente, aconselhar estratégias para apoiar os alunos a organizarem os estudos, a interpretarem corretamente as tarefas propostas pelos professores e a conhecer limites e abrangência no apoio que podem dar aos seus educandos. Quando se justificar, os técnicos do

Município poderão encaminhar determinados casos para outras linhas de apoio. Para além deste recurso, a Divisão de Educação disponibiliza ainda um outro serviço de apoio ao ensino à distância, no que se refere à organização dos recursos materiais, como fotocópias, impressões e outros. Para usufruir deste apoio, as famílias deverão entrar em contacto para o número 289 599 615 ou solicitar o que necessitam através do email

ALBUFEIRA REQUALIFICA RUAS ALVES CORREIA E FERREIRA DE CASTRO s Ruas Alves Correia e Ferreira de Castro, na baixa de Albufeira, estão a sofrer várias obras de remodelação, num investimento estimado em 140 mil euros que contribui para melhorar a segurança de viaturas e peões e prevenir futuras inundações no local. Prevê-se que os trabalhos fiquem concluídos até ao final do mês de abril. A requalificação incide na remodelação da rede de abastecimento de água ao longo de 220 metros, bem como na substituição da rede de águas residuais domésticas (esgotos) e pluviais (água da chuva), nomeadamente no que se refere ao reforço da drenagem superficial, o que irá ajudar a prevenir futuras inundações no local. Após a conclusão dos trabalhos ao nível do subsolo, será efetuada a requalificação das vias com a colocação 75

de calçada de sienito na zona pedonal da Rua Alves Correia, entre o cruzamento da Rua do MFA e o Largo Eng.º Duarte Pacheco. Apesar deste troço da rua ser em calçada, a obra contempla um corredor em lajetas de sienito que têm por objetivo melhorar as condições de mobilidade. No restante troço da Rua Alves Correia, entre a Rua do MFA e a Travessa Alves Correia, está previsto um corredor em betuminoso com quatro metros de largura, para que continue a haver circulação de veículos no local. O resto da rua será preenchida em calçada e ficará ao nível da estrada. Com vista à uniformização em termos estéticos e funcionais, também a Rua Ferreira de Castro irá levar um corredor de quatro metros de largura em betuminoso com a restante área em sienito ao nível da estrada . ALGARVE INFORMATIVO #283


MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA INVESTE NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E NA REDUÇÃO DE EMISSÕES POLUENTES ão várias as medidas implementadas pelo Município de Albufeira com vista a aumentar a eficiência energética e reduzir as emissões de CO2 no concelho, desde a instalação de sistemas solares fotovoltaicos em vários edifícios municipais, escolas e equipamentos desportivos, ao reforço da frota municipal com veículos elétricos e à instalação dos respetivos postos de carregamento de acesso público, bem como à substituição da iluminação pública e de diversos equipamentos por tecnologia LED. “A

energia elétrica e, consequentemente, da nossa pegada ecológica, com a redução substancial da produção de CO2", explica José Carlos Rolo, que destaca também, como grande vantagem, a poupança anual nos custos de energia elétrica.

Durante o mês de novembro, a autarquia procedeu à ligação de um conjunto de painéis fotovoltaicos, instalados no parque de estacionamento do edifício municipal de Vale Pedras. O sistema faz parte de um conjunto mais alargado de investimentos que têm por objetivo melhorar a eficiência energética do concelho, através de “uma aposta

Trata-se de uma instalação de sombreamento para viaturas, com cobertura de 312 painéis solares fotovoltaicos destinados à produção de energia para autoconsumo, que irá permitir o abastecimento do Edifício Administrativo de Vale Vedras, Oficinas Municipais, Canil, bem como as restantes instalações do complexo de edifícios existentes junto aos armazéns municipais. O sistema, com um custo total superior a 150 mil euros, tem uma potência instalada de 103KWpico e uma produção média estimada de 500kWh/dia (total), 180MW ano. Com a instalação destes painéis, o Município de Albufeira irá conseguir uma poupança média mensal de 1.500 euros, aproximadamente 50 a 70 por cento do valor total da fatura, o que representa um ganho anual de 18 mil euros. Em termos de impacto ambiental, serão produzidas menos 42 toneladas de CO2.

clara em tecnologia limpa que permite diminuir o consumo de

Os edifícios da EB1 e Jardim de Infância de Vale Pedras, bem como a

eficiência energética e a sustentabilidade ambiental são um investimento no futuro e o Município de Albufeira está bem ciente da sua importância”, justifica o presidente da Câmara Municipal de Albufeira.

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EB1 dos Olhos de Água, também já estão dotadas com sistemas fotovoltaicos para autoconsumo. Os três equipamentos instalados, no valor aproximado de 60 mil euros, são constituídos por um conjunto de 40 painéis de 300Wpico, uma produção média estimada de 50kW/dia (total) e uma produção anual estimada de 18MW. Em termos económicos, irão permitir uma poupança média mensal de 200 euros - aproximadamente 40 a 60 por cento do valor total da fatura. Em termos de impacto ambiental, permite a redução de cinco toneladas de Co2. As Piscinas Municipais já estão igualmente equipadas com um sistema fotovoltaico instalado na cobertura para autoconsumo. Os 200 painéis de 335Wpico permitirão uma produção média estimada de 400KkWh/dia (total) – 150MW anual, uma poupança média mensal de 1.400 euros (aproximadamente 30 a 40 por cento do valor total da fatura) e uma redução de CO2 de 45 toneladas. O 77

investimento é de aproximadamente 100 mil euros. Em 2020, para além da instalação dos referidos sistemas fotovoltaicos, todas as escolas do concelho viram ser substituídas as lâmpadas fluorescentes por novas lâmpadas de tecnologia LED. No total, foram instaladas cerca de 5 mil lâmpadas LED, um investimento total na ordem dos 15 mil euros, que permite a redução do consumo energético em aproximadamente 60 por cento. A nível de equipamentos desportivos, nas Piscinas Municipais, a iluminação da Nave principal foi totalmente substituída por tecnologia LED. O trabalho, que foi integralmente executado por técnicos da autarquia, com um custo total no valor de 46 mil e 789,12 euros, permite uma poupança energética de 40 por cento no valor da fatura, com melhorias significativas dos níveis de iluminação. Também no Estádio da Nora, em Ferreiras, foi feita ALGARVE INFORMATIVO #283


a substituição da iluminação total do relvado por tecnologia LED. A empreitada, com um valor previsto de aproximadamente 74 mil euros, irá permitir uma redução dos custos de consumo energético na ordem dos 50 por cento, com um impacto ambiental a nível da redução de CO2 de cerca de sete toneladas.

freguesias, numa parceria com a EDP.

Para além dos equipamentos, a iluminação pública também é uma das grandes prioridades da Autarquia de Albufeira. Assim, nas zonas do Centro Antigo, Cerro da Alagoa, Forte de São João, Malpique, Páteo, Vale Faro e Vale Mangude, bem como nas vias principais (EN395, Estrada de Albufeira, Estrada das Fontainhas, Estrada dos Brejos, Estrada de Vale Pedras, e alguns troços da Av. dos Descobrimentos) já começaram a ser substituídas 2.500 luminárias por tecnologia LED, um investimento no valor total de 674 mil e 960,30 euros, que corresponde à primeira fase da empreitada para o aumento de eficiência energética na rede de iluminação pública do concelho. A obra faz parte do plano de substituição integral de todas as luminárias da cidade.

No que se refere à frota municipal de viaturas, a Câmara de Albufeira tem procedido à reconversão de parte dos veículos de combustão interna (veículos em fim de vida) por veículos elétricos, o que contribui para a promoção da mobilidade sustentável, nomeadamente através da utilização mais eficiente de energia, redução de emissões poluentes e diminuição do ruído. Neste momento a autarquia já conta com um total de 12 veículos «amigos do ambiente» e encontra-se a alargar a rede de carregamento de viaturas elétricas através da instalação de mais sete postos públicos em diferentes zonas do concelho. Até ao momento encontramse instalados quatro postos de carregamento e há mais um prestes a entrar em funcionamento. “Estamos a

A segunda fase (em processo de contratação) prevê a substituição de mais 1.050 luminárias. No total, as obras em curso e as que estão prestes a iniciar envolvem um conjunto de intervenções na rede pública de iluminação do concelho no valor aproximado de um milhão de euros. O objetivo passa por substituir todo o antigo sistema de iluminação pública no centro urbano de Albufeira, desde a Marina até à Balaia, passando pelo Alto dos Caliços e o Montechoro. Futuramente, prevê-se estender a medida às restantes

investir no futuro, uma vez que os veículos elétricos são três vezes mais eficientes do que os tradicionais motores de combustão, o que nos permite poupar em média aproximadamente 10 mil euros/ano e reduzir a emissão de CO2 para a atmosfera em aproximadamente 27 toneladas por ano”, afirma o

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“O investimento irá permitir à autarquia uma poupança anual na ordem dos 167 mil euros, com a vantagem acrescida de reduzir as emissões de CO2 em cerca de 356,16 toneladas por ano”, realça José Carlos Rolo.

presidente José Carlos Rolo .

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PROFISSIONAIS DO CHUA RECEBEM 10 TONELADAS DE BATATA DOCE DE ALJEZUR Centro Hospitalar Universitário do Algarve recebeu, da Câmara Municipal de Aljezur, como

“forma de agradecimento, reconhecimento e estímulo de coragem”, 10 toneladas de batatas doces, num total de dois mil sacos a distribuir pelos seus profissionais. A entrega simbólica deste donativo decorreu no dia 5 de março, pelas mãos do presidente da Câmara Municipal de Aljezur, José Gonçalves, a 16 profissionais do CHUA, em representação das suas equipas e categorias profissionais.

Presidente do Conselho de Administração do CHUA, Ana Castro, e pela Enfermeira Diretora, Mariana Santos, que agradeceram o simbolismo deste gesto enquanto forma de motivação dos profissionais do CHUA, reconhecendo que esta iniciativa se reveste de uma dupla importância.

“Por um lado, o reconhecimento pelo trabalho dos profissionais de saúde que têm estado na linha da frente no combate ao vírus; por outro, apoia aqueles que de uma forma contrária têm visto a sua atividade reduzida por conta das medidas de combate à pandemia”, referiu Ana Castro .

O Autarca de Aljezur foi recebido pela

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CASTRO MARIM LEVA LIVROS, MÚSICA E OUTRAS FACILIDADES A QUEM VIVE MAIS ISOLADO Bibliomóvel (biblioteca itinerante) vai dar nova vida aos livros da Biblioteca Municipal de Castro Marim, levando-os à população que vive mais isolada, promovendo, desta forma, o combate à solidão que se tem acentuado nestes períodos de confinamento necessários ao combate à pandemia Covid-19. Procurando reinventar o conceito tradicional de biblioteca e adequando as dinâmicas de comunicação com o seu público à situação pandémica, a Bibliomóvel surge naturalmente como a melhor maneira de aproximar as pessoas e conquistar novos leitores. Com esta iniciativa, a Câmara Municipal de Castro Marim pretende levar a biblioteca às pessoas, invertendo o seu funcionamento habitual, de fora para dentro. O repto lançado à equipa, composta por elementos da Biblioteca Municipal e do projeto CLDS 4G «Castro Marim (COM)Vida», é o de duplicar o número de leitores/utilizadores da Biblioteca Municipal. A promoção de atividades, sugestões e dicas para ocupar os tempos livres desta população é outro dos desafios da iniciativa, que será desenvolvido pelo CLDS 4G. Assim, serão apresentadas algumas ideias, como atividades de ALGARVE INFORMATIVO #283

pintura ou costura, que depois serão acompanhadas ao longo das visitas. Paralelamente ao convite à leitura, a Bibliomóvel leva a música, também disponível no fundo documental da Biblioteca Municipal, desde fado, passando pela música clássica, até ao tão tradicional e acarinhado acordeão. Em cada paragem, os habitantes poderão conhecer e apreciar uma boa seleção musical, que depois conseguem requerer. A Bibliomóvel vai ainda levar um terminal de pagamento automático, facilitando alguns pagamentos de serviços à população idosa da serra e evitando a sua deslocação a zonas onde existe maior risco. O projeto CLDS 4G «Castro Marim (COM)Vida» é promovido pelo Município de Castro Marim e coordenado pela associação Odiana, cofinanciado pelo CRESC Algarve 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Social Europeu . 80


ORÇAMENTO PARTICIPATIVO COLOCA NOVOS ABRIGOS PARA PASSAGEIROS EM LAGOA Município de Lagoa instalou 14 novos abrigos para passageiros e prepara-se para substituir os abrigos degradados existentes no concelho. A ideia surgiu no âmbito do Orçamento Participativo (edição de 2019), no qual um grupo de cidadãos propôs a colocação de dois abrigos de passageiros em locais da freguesia de Porches. O executivo municipal avaliou a ideia e decidiu aplicála a toda a linha de Porches e prepara-se agora para a replicar em todo o concelho. Para além de pertencerem a uma nova geração de mobiliário urbano, os novos abrigos dispõem de entradas USB que permitem aos utentes carregar dispositivos eletrónicos de uso pessoal, como, por exemplo, telemóveis. Esta oferta é particularmente relevante para os estudantes que usam o autocarro da Câmara Municipal de Lagoa para se deslocarem até às escolas. A autarquia aproveitou também esta oportunidade para promover o concelho e 81

o que de melhor ele tem para oferecer a quem o visita. Assim, estes abrigos são decorados com elementos tradicionais do concelho, bem como de locais e praias emblemáticas, conhecidas um pouco por todo o mundo. O investimento já realizado é de 25 mil euros e refere-se à aquisição das 14 unidades que foram colocadas na freguesia de Porches. Já estão, entretanto, em curso os preparativos para a aquisição de outros abrigos que deverão substituir os atualmente instalados noutras linhas de transportes públicos de todo o concelho .

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CASTRO MARIM DÁ UM MILHÃO DE EUROS PARA A CONSTRUÇÃO DE LAR DE ALZHEIMER Câmara Municipal de Castro Marim assinou, no dia 2 de março, um contrato de apoio à Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, cedendo um milhão de euros para a construção da Estrutura Residencial para Idosos e Centro de Dia

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para pessoas com Alzheimer e outras demências. A obra deverá começar dentro de pouco tempo e tem sido um dos grandes desígnios do Provedor José Cabrita, que trabalha há anos na persecução deste projeto e na convergência de todas as vontades fundamentais para a sua execução. “O

Lar de Alzheimer é um projeto

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prioritário para este Município. Pela sua dimensão e abrangência, este equipamento será, com certeza, uma unidade de referência para todo o sul do país”, justificou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, salientando ainda que “é uma

infraestrutura de futuro, pois a longevidade média aumenta e 50 por cento das pessoas com mais de 90 anos sofre de demência”. O autarca sublinhou também o forte contributo à economia local, uma vez que a construção deste Lar de Alzheimer permitirá a criação de dezenas de postos de trabalho, diretos e indiretos. Trata-se de um equipamento com capacidade para acolher 70 portadores de doença de Alzheimer e outras demências em regime de internamento e 20 em regime de Centro de Dia. Irá estruturar-se em três 83

unidades de ação: Unidade de Internamento Residencial e Unidade de Dia; Unidade de Promoção da Autonomia Pessoal e Intervenção com as Famílias e Unidade de Formação e Cooperação. “É o maior apoio

municipal de sempre a uma Instituição Particular de Solidariedade Social, concentrado em dois anos, à dimensão de uma das maiores obras do município. Tudo isso se torna possível graças à participação e solidariedades dos castromarinenses, através da sua tributação dos impostos, nomeadamente do IMI”, declarou a vice-presidente do Município de Castro Marim, Filomena Sintra, lembrando que

“a construção do Lar de Alzheimer inclui-se também na estratégia municipal de regeneração urbana, uma vez que prevê a demolição de uma fábrica antiga e vem imprimir uma nova dinâmica a este espaço nobre da vila histórica”. Com um orçamento de quase cinco milhões de euros, o projeto está incluído no Plano de Ação da ARU e do PARU e é um investimento financiado pelo programa PO CRESC Algarve 2020, apoiado por Portugal e União Europeia, cofinanciado pelo FEDER em 1 milhão, 134 mil e 701,80 euros alocados, somados ao milhão de euros de apoio autárquico. O restante montante é assumido pela Santa Casa da Misericórdia, através de capitais próprios e empréstimo bancário . ALGARVE INFORMATIVO #283


UNIVERSIDADE DO ALGARVE REFORÇA POSIÇÃO DENTRO DOS LABORATÓRIOS ASSOCIADOS Universidade do Algarve viu aprovadas quatro candidaturas à Fundação para a Ciência a Tecnologia (FCT) para atribuição do estatuto de Laboratório Associado, passando assim a integrar quatro Laboratórios Associados (LA) através das suas Unidades de Investigação & Desenvolvimento (I&D). Os LA são componentes estruturantes do Sistema Científico e Tecnológico Nacional e consistem em instituições de investigação e desenvolvimento (I&D) ou consórcios de instituições de I&D que assumem compromissos institucionais explícitos para a prossecução de objetivos de política científica e tecnológica nacional.

do Mar e do Ambiente (MARE) e o Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Universidade do Minho. Por via do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), a Academia algarvia entra no CIMAR LA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, que integra ainda o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto. A

A Universidade do Algarve passa a fazer parte do Laboratório Associado CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade, através de duas Unidades de Gestão, o Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) e o Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade (CENSE), que agrega ainda o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) da Universidade de Lisboa. Através do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), a UAlg integra o Laboratório Associado ARI-NET – Rede de Infraestruturas em Investigação Aquática, que também agrega o Centro de Ciências ALGARVE INFORMATIVO #283

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fechar o leque de candidaturas, a UAlg faz parte da RISE – Rede de Investigação em Saúde: do Laboratório à Saúde Comunitária, através da Unidade de Gestão do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Este LA tem ainda como membros o Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa (CCUL), a Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular (UnIC) da Universidade do Porto e Centro de Investigação do Instituto Português de Oncologia do Porto (CI-IPOP). Segundo a vice-reitora para a Investigação e Internacionalização,

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Alexandra Teodósio, “o estatuto de

Laboratório Associado, atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, permitirá, no futuro, um crescimento em rede mais efetivo da investigação da UAlg e reforça o financiamento das unidades de I&D da Instituição”. Os Laboratórios Associados são formalmente consultados pelo Governo e pela Administração Pública sobre a definição dos programas e instrumentos da política científica e tecnológica nacional .

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LAGOS AVANÇA COM EMPREITADA DE RENOVAÇÃO DE INFRAESTRUTURAS E VALORIZAÇÃO URBANA oram adjudicadas, por 667 mil e 753 euros, acrescido de IVA, as obras de renovação de infraestruturas e valorização urbana da Avenida Cabo Bojador, em Lagos. A intervenção desenvolve-se numa zona de expansão urbana consolidada da cidade, com forte componente habitacional, de comércio e serviços, e consiste na substituição das redes de saneamento (drenagem de águas residuais domésticas e pluviais) e de abastecimento de água, integrando também a subsequente pavimentação da via e o tratamento paisagístico das áreas envolventes. Ao nível paisagístico, está prevista a reorganização dos espaços; a criação de

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passeios com espaço de circulação livre e contínuo; a melhoria da acessibilidade; a substituição das espécies arbóreas existentes por árvores mais adequadas às características e usos do espaço, sendo igualmente reequacionada a localização das mesmas; a criação de faixas de vegetação para separar a zona pedonal das faixas de circulação automóvel; e a instalação de mobiliário urbano e a relocalização de sinalética. Proporcionar uma maior fluidez da circulação pedonal, com aumento de mobilidade e segurança, é um dos objetivos da intervenção à superfície, que visa também criar uma imagem estética mais unificada e atual ao longo desta artéria urbana. A empreitada tem um prazo de execução de 180 dias .

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SÃO BRÁS DE ALPORTEL PROSSEGUE RENOVAÇÃO DO PARQUE DESPORTIVO

Município de São Brás de Alportel dá continuidade ao plano de renovação do Parque Desportivo do Concelho com um conjunto de trabalhos de conservação, reparação e renovação dos equipamentos de manutenção desportiva. Os trabalhos em curso, integrados no Plano Geral de Manutenção de Equipamentos Desportivos, estão a ser concretizados por administração direta pelos serviços operacionais e técnicos da Câmara Municipal. As medidas são realizadas de forma planeada, faseada e rigorosa pela equipa do Gabinete Municipal de Desporto e têm 87

como objetivo assegurar as melhores condições para a prática desportiva dos munícipes e atrair novos praticantes para a atividade desportiva. Os investimentos municipais no desporto são contínuos e estreitamente articulados com as necessidades associativas e desportivas e as necessidades de intervenção de cada equipamento desportivo. “Tendo em

conta o contexto atual, tem-se verificado um crescimento da prática desportiva individual e familiar, como suplemento ao trabalho realizado pelas associações e entidades que promovem o desporto no concelho. Assegurar as melhores condições destes equipamentos é uma responsabilidade do Município, mas também dos seus utilizadores, a quem apelamos à correta utilização dos equipamentos”, indica o Vereador do Desporto, Acácio Martins .

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CÂMARA DE LAGOS APROVA A AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS EM LOCALIZAÇÕES ESTRATÉGICAS autarquia lacobrigense votou favoravelmente, em Reunião de Câmara de 17 de fevereiro, a proposta de aquisição de vários imóveis situados na cidade e no Chinicato. A deliberação atendeu à mais-valia das localizações, quer no contexto do desenvolvimento de ações previstas no Programa Habitacional do Município, quer no âmbito da melhoria das condições físicas dos serviços operacionais da Divisão de Ambiente e Serviços Urbanos instalados na referida povoação.

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Os quatro imóveis – dos quais três estão localizados em Lagos (na Rua de Santo Amaro) e um no Chinicato – integram o processo de insolvência da Electrolagos – Cooperativa dos Trabalhadores Eletricistas de Lagos, CRL. e a alienação que decorre no âmbito da mesma. Tendo identificado o interesse dos imóveis, e após recorrer à avaliação dos mesmos, a autarquia encetou um processo negocial com a leiloeira e apresentou uma proposta de aquisição no valor de 1 milhão, 200 mil e 220 euros, a qual foi aceite pelo administrador da insolvência.

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Os imóveis situados em Santo Amaro são três frações autónomas (armazéns) que integram o complexo industrial da antiga Fábrica do Aldite, uma das muitas unidades de indústria conserveira outrora existentes em Lagos. Este espaço fica numa zona de grande centralidade para onde – segundo o Programa Habitacional do Município – está previsto o desenvolvimento de novos fogos e uma ação mais vasta de requalificação territorial e urbana que integre a componente de área verde, a reformulação de acessibilidades e a valorização da relação, quer com os vários equipamentos da zona (Mercado Municipal e outros), quer com a memória e o património histórico existente. Já o 89

imóvel situado no Chinicato, um armazém onde outrora funcionou uma fábrica de cerâmica decorativa, é visto como uma oportunidade que irá permitir ampliar e reorganizar as instalações municipais existentes em lote contíguo, com benefícios ao nível dos acessos e funcionalidade dos serviços, aumento da zona de estacionamento para a frota municipal, segurança de pessoas e bens O processo de aquisição segue agora para apreciação e deliberação pela Assembleia Municipal, carecendo igualmente de visto do Tribunal de Contas .

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PORTIMÃO ASSEGURA TÁXIS GRATUITOS PARA VACINAR CONTRA A COVID-19 esde o dia 8 de março, a Câmara Municipal de Portimão garante aos munícipes que residam no concelho o transporte em táxi para os locais de vacinação na área do concelho, desde que sejam octogenários ou que, tendo mais de 50 anos, sofram de patologias e dificuldades de mobilidade ou deslocação. Depois de convocadas para a toma da vacina, e se não tiverem transporte próprio, as pessoas abrangidas por este apoio municipal devem ligar para a Linha Proteção 24, disponível 24h por dia através do número de telefone 808 282 112, solicitando o respetivo transporte por táxi até ao centro de vacinação e regresso ao domicílio. O serviço não implica quaisquer custos para o utente, que pode ser acompanhado por um familiar, no cumprimento das regras sanitárias em vigor. Para a concretização de mais esta medida de alcance social no âmbito da atual pandemia, cujas despesas assumirá na íntegra, a Câmara Municipal de Portimão estabeleceu ALGARVE INFORMATIVO #283

protocolos de colaboração com a Taxiarade e a Cooptáxis, as duas empresas de radiotáxis a operar no concelho. Recorde-se que o Serviço Municipal de Proteção Civil, em articulação com o ACES do Barlavento, coordena diariamente a partilha de informação para que ninguém fique para trás no processo de vacinação. Todo o fluxo de informação está concentrado no Centro Municipal de Emergência e Proteção Civil, onde se cruza a informação proveniente do Centro de Saúde de Portimão com os dados recolhidos pelas três juntas de

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freguesia do concelho, num trabalho de proximidade. Dos 299 utentes com os quais o Centro de Saúde não conseguiu contactar, foi estabelecido contacto com 202, na sequência do trabalho desenvolvido em coordenação com a juntas de freguesia que, além de recorrerem às suas bases de dados, colocaram equipas na rua porta-a-porta, contando ainda com o apoio da GNR, PSP e Bombeiros. Em resultado dessa ação, atualmente já foram contactadas todas as pessoas elegíveis para vacinação nas freguesias de Alvor e da Mexilhoeira Grande. No que concerne à freguesia de Portimão, ainda se mantém a tentativa para contactar cidadãos que, segundo foi apurado pelas

autoridades, mudaram de residência para outro concelho ou estão em estruturas residenciais para pessoas idosas e, por isso, serão vacinados nesse âmbito. Para melhor corresponder a este objetivo, a autarquia disponibilizou técnicos para reforçar a unidade responsável por contactar todos os munícipes com mais de 80 anos ou que, tendo mais de 50 anos, sofram de morbilidades. A Autarquia de Portimão solicita também a todos os cidadãos que têm mais de 82 anos e ainda não foram chamados para serem vacinados, para entrarem em contacto com a linha 808 282 112 .

SÃO BRÁS DE ALPORTEL APOIA ACES CENTRAL COM EQUIPAMENTO INFORMÁTICO Município de São Brás de Alportel entregou, no dia 4 de março, equipamentos informáticos e de acesso à internet para o serviço de Saúde Pública Local, um investimento na saúde de toda a comunidade através da melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde. Na continuidade do trabalho desenvolvido em parceria com a Administração Regional de Saúde, no qual se integra o Centro de Saúde de São Brás de Alportel, pertencente ao Agrupamento de Centros de Saúde do Algarve (ACES) Central, a Câmara Municipal de São Brás de Alportel apoiou, 91

desta forma, e uma vez mais, o bom funcionamento dos serviços prestados à população. No âmbito do atual contexto pandémico, e dadas as restrições nos contactos presenciais, o acesso aos meios digitais tornou-se essencial para o funcionamento dos serviços. Neste sentido, e de forma a facilitar o fluxo de informações e contactos online necessários à gestão da situação epidemiológica concelhia, assim como o tratamento de dados, os equipamentos agora cedidos serão certamente um importante contributo para a agilização dos processos desta missão comum de salvaguarda da população . ALGARVE INFORMATIVO #283


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #283

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