REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #286

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ALGARVE INFORMATIVO 10 de abril, 2021

«INTUS SUNT - DO AVESSO» DA ESCOLA DE DANÇA DE LAGOS | PROJECTO LEGOS 1 ALGARVE INFORMATIVO #286 ANTÓNIO EUSÉBIO | FESTIVAL DE HARPA DO ALGARVE | NEW DREAM QUARTETO


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28 - António Eusébio é o novo presidente da «Águas do Algarve»

54 - «Intus Sunt - Do Avesso» da Escola de Dança de Lagos

40 - Nuno Viegas expõe em Quarteira

66 - New Dream Quarteto em Loulé

78 - Festival de Harpa do Algarve

OPINIÃO 90 - Paulo Cunha 92 - Mirian Tavares 94 - Ana Isabel Soares 96 - Fábio Jesuíno 98 - Júlio Ferreira 18 - Projecto LEGOS ALGARVE INFORMATIVO #286

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PROJECTO LEGOS NASCE NO ALGARVE PARA APOIAR PESSOAS EM SITUAÇÃO DE SEM-ABRIGO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Comissão Diretiva do Programa Operacional do Algarve – CRESC Algarve 2020 aprovou, no dia 23 de março, a candidatura apresentada em parceria por várias instituições da região, com o apoio dos Municípios e respetivos Núcleos Locais para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (NPISA), tendo ALGARVE INFORMATIVO #286

em vista a prestação de auxílio à população que se encontra em risco de exclusão social, e, designadamente, em situação de sem-abrigo. O Projeto LEGOS constitui uma abordagem local inovadora de desenvolvimento social e de promoção de estratégias locais de inclusão ativa, prosseguindo respostas no âmbito na Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, e é desenvolvido por 18


cinco entidades beneficiárias parceiras, designadamente: MAPS – Movimento de Apoio à Problemática da Sida, que assume a coordenação da parceria; GATO – Grupo de Ajuda a Toxicodependentes; CASA – Centro de Apoio aos Sem-Abrigo; GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes; e APF – Associação para o Planeamento da Família. Estas cinco instituições já estavam no terreno e em ações de apoio aos semabrigo, tendo juntado agora esforços para criar sinergias e intervir de forma articulada nos sete concelhos algarvios que possuem NPISA, isto é, em Albufeira, Faro, Lagos, Loulé, Portimão, Tavira e Vila Real de Santo António. A parceria contou, desde a primeira hora, com o apoio do Centro Distrital de Faro do Instituto de Segurança Social e de outras instituições, casos do Banco Alimentar Contra a Fome – Algarve, da Delegação Algarve da EAPN Portugal – Rede Europeia Anti-Pobreza, da Fundação António Aleixo (por via do Projeto CASULO – Incubadora de Inovação Social Loulé), da Universidade do Algarve e da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve. Na prática, o Projecto LEGOS contempla, de acordo com as necessidades dos concelhos, a criação de equipas que assegurem o acompanhamento psicossocial e o acesso aos recursos existentes na comunidade, bem como a respostas integradas dirigidas a pessoas em risco de exclusão social, nomeadamente em situação de sem-abrigo; o desenvolvimento de respostas que implementem ações ocupacionais adequadas às características e vulnerabilidade das pessoas em 19

situação de sem-abrigo, promovendo a sua empregabilidade e a inserção profissional; e ações que favoreçam o combate ao estigma sobre a condição de sem-abrigo, tais como iniciativas de informação e de sensibilização das comunidades locais sobre o fenómeno das pessoas em situação de semabrigo, com vista à prevenção e combate à medida das suas competências cognitivas, psicológicas, emocionais e estados de saúde física e mental. Como principal meta, o projeto compromete-se a dotar as 593 pessoas classificadas em situação de sem-abrigo no Algarve com gestor de caso. Compromete-se ainda a criar equipas multidisciplinares para intervenção especializada com pessoas em situação de sem-abrigo, para exercer o papel de gestor de caso; a proporcionar atendimento e acompanhamento psicossocial adaptado às necessidades das pessoas em situação de semabrigo; a apoiar na construção do plano individual de intervenção a nível pessoal, educacional (profissional/emprego), de formação, de atividades ocupacionais, desportivas, culturais, lúdicas entre outras, como potenciadores de uma integração plena; a apoiar na ligação aos recursos e serviços da comunidade, numa ótica de otimização; a apoiar nos cuidados pessoais, de saúde e justiça; a desenvolver ações de capacitação de competências específicas/profissionais e transversais, fundamentais para a adequada promoção da empregabilidade, da inserção social e profissional e da valorização enquanto ALGARVE INFORMATIVO #286


Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial

pessoa e cidadão; a envolver a comunidade geográfica e relacional; a desenvolver ações de informação e de sensibilização junto das comunidades locais sobre o fenómeno das pessoas em situação de sem-abrigo, tendo em vista a prevenção e o combate ao estigma e à discriminação; e a promover a articulação regional e a estratégia de intervenção multi-concelhia. “É um bom projeto de

concertação entre o Estado, as Autarquias e as IPSS, um bom aproveitamento dos fundos de coesão provenientes do Fundo Social Europeu, para a integração e apoio às pessoas sem-abrigo”, destacou José Apolinário, presidente da ALGARVE INFORMATIVO #286

CCDR Algarve, na sessão de apresentação do projeto LEGOS. O evento online contou com a participação de Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, que enalteceu as entidades, instituições e autarquias algarvias por darem resposta às necessidades “urgentes e gritantes” que se intensificaram com a crise social e económica provocada pela pandemia por covid-19.

“Obrigado por fazerem da inclusão um desígnio do vosso trabalho de todos os dias e por garantirem o acesso de bens essenciais a quem deles precisa. 20


As pessoas estão em situação de grande fragilidade e merecem da nossa parte respostas sociais inovadoras e adequadas”, sublinhou a governante, satisfeita também por assistir a “um trabalho em rede que

envolve vários atores que conseguem ver oportunidades «escondidas» atrás destes desafios”. Ana Abrunhosa agradeceu igualmente ao presidente da CCDR Algarve por ter acreditado na capacidade dos envolvidos para solucionar os problemas detetados, disponibilizando fundos europeus para que o Algarve se juntasse à Estratégia Nacional de Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo. “É uma

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medida de coesão social que também constrói coesão territorial, portanto, nunca poderia deixar de ser feita. É uma união de esforços, um trabalho conjunto do território para o território”, frisou a Ministra. “O Algarve é uma das regiões que mais sofre com a pandemia, mas é também um exemplo pela forma como todos trabalharam juntos para enfrentar os problemas e o esforço de todas as partes envolvidas no Projecto LEGOS é um elemento diferenciador e a maior garantia do seu sucesso. As pessoas que vivem e exercem a

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Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

sua atividade profissional no Algarve são as mais capazes para trabalhar em prol da inclusão e da coesão na sua região, pelo que a CCDR Algarve vai apoiar a criação de equipas de acompanhamento que ajudem a assegurar o acesso destas pessoas fragilizadas aos recursos da comunidade e a atividades e ocupações adequadas às suas características e ao potencial que todo o ser humano encerra em si mesmo”, afirmou ainda Ministra da Coesão Territorial. “Todos sabemos que não existem varinhas mágicas para desenvolvermos os territórios, não há interruptores ALGARVE INFORMATIVO #286

que possamos ligar ou desligar para que, de um dia para o outro, se comece a crescer e a criar riqueza para todos, para multiplicar oportunidades e tirar as pessoas das ruas, para lhes dar mais dignidade. É um trabalho feito todos os dias, para lidar com situações que não têm respostas fáceis, nem sequer óbvias”, finalizou a governante. Presente na sessão online esteve, como não poderia deixar de ser, Ana Mendes Godinha, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que confirmou estarmos a viver

“momentos críticos e desafiantes, 22


de uma enorme exigência, mas também tempos de uma grande aprendizagem e que nos permitem perceber que podemos fazer muito melhor do que estamos a fazer”. “Há mudanças que têm que ser aceleradas e investimentos que têm que ser feitos e, no caso concreto das pessoas em situação de semabrigo, é fundamental encontrar-se respostas personalizadas e que não imponham a cada indivíduo uma matriz e um padrão de uma resposta única. E isto só se consegue articulando diferentes respostas sociais e mobilizando diferentes recursos”, entende Ana Mendes Godinho. Instrumentos práticos e concretos são precisos, então, para acudir às pessoas em situação de sem-abrigo e a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social recordou que o Algarve é a primeira região do país a organizar-se para implementar “uma solução de

trabalho em conjunto, numa visão claramente regional, mas com uma leitura local para que cada Município se adapte às circunstâncias do seu concelho”. “A nossa prioridade é que as pessoas tenham uma habitação, um alojamento, que é um direito de cidadania que não lhes pode ser negado, mas depois é necessário providenciar o acompanhamento por parte de equipas especializadas 23

para se traçarem programas de reintegração de acordo com as necessidades concretas de cada pessoa. No Algarve já celebramos sete protocolos que abrangem cerca de 60 pessoas, sendo que, no contexto nacional, o número é de 335”, indicou a governante. “Para além da habitação, há que encontrar soluções ao nível da formação, requalificação ou reconversão para que reganhem a esperança e a confiança. Um semabrigo é uma pessoa que é gente e que quer continuar a ser gente. Neste momento que vivemos temos que colocar todos os nossos esforços no combate às desigualdades e sermos instrumentos mobilizadores de todos os recursos que existem”, declarou Ana Mendes Godinho. Depois das intervenções dos vários autarcas e parceiros envolvidos no projeto LEGOS, a sessão foi encerrada por Margarida Flores, Diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, que lembrou que esta entidade

“está no terreno há muito tempo, mas nada consegue fazer sozinha”, daí a importância da rede estabelecida com os Municípios de Vila Real de Santo António, Tavira, Faro, Lagos, Albufeira, Portimão e Loulé.

“Acreditaram neste projeto e connosco aceitaram ver para além do olhar. No início muitos achavam que tinham poucas ALGARVE INFORMATIVO #286


Margarida Flores, Diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social

pessoas, nos seus concelhos, em situação de sem-abrigo, mas depois constataram que eram muitas as que se encontravam desprotegidas. E nem sempre isso é sinónimo de pobreza”, alertou Margarida Flores. “São pessoas sem um local para habitar, que perderam progressivamente os seus laços familiares, que perderam os amigos, que a sociedade em geral não os vê. E esse foi precisamente o primeiro desafio da Segurança Social perante os seus parceiros sociais: ver quem são estas pessoas”. ALGARVE INFORMATIVO #286

De acordo com Margarida Flores, estes cidadãos já são, normalmente, acompanhados pela Segurança Social, seja através do Rendimento Social de Inserção ou pela Cantina ou Refeitório Social, mas era necessário ir mais além.

“Este Projecto LEGOS vem complementar uma resposta que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social tem no terreno, os «Apartamentos Partilhados», existindo 70 camas no Algarve para esse fim. Mais do que tirar a pessoa da rua, há que tirar a rua da pessoa”, defende, lançando ainda 24


o desafio para que mais voluntários colaborem com as equipas que andam na rua a prestar apoio a estes cidadãos. “É

surpreendente ver alguém em busca de sopa, com uma mochila cheia de livros às costas e, enquanto come a única refeição quente numa noite de Inverno, lê um romance em alemão. A linha que nos separa de uma vida dita «normal» e de viver na rua é muito ténue”, sublinha. “Há pessoas com dependência, outras marcadas por histórias de violência no passado, acima de tudo são pessoas e estamos aqui a falar de Direitos Humanos. E é importantíssimo encontrarmos o

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perfil certo dos gestores de casos, as pessoas certas para estarem nas equipas de rua. Não é um emprego como outro qualquer, é necessário gerar empatia, perceber o que estas pessoas sentem”, avisa Margarida Flores. “Esta experiência demonstra-nos que, sempre que todos os atores sociais se implicam de forma proativa e se definem as medidas adequadas e eficazes, os resultados podem ser verdadeiramente surpreendentes e é disso que trata o Projecto LEGOS” .

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“A MELHOR SOLUÇÃO PARA O ALGARVE É IR BUSCAR ÁGUA AO RIO GUADIANA”, ENTENDE ANTÓNIO EUSÉBIO, PRESIDENTE DA «ÁGUAS DO ALGARVE» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Assembleia Geral da Águas do Algarve elegeu, no dia 15 de março, a nova Administração da Sociedade, para o mandato 20212023, sendo que o Conselho de Administração passa a ser presidido por António Eusébio, com Isabel Soares a manter-se no cargo de Vice-Presidente. Hugo Nunes é o Vogal Executivo, com ALGARVE INFORMATIVO #286

Ana Paula Martins e José Carlos Rolo a serem vogais não executivos. E foi poucos dias depois do périplo realizado pelo Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, pelo Algarve para acompanhar a inauguração de diversas infraestruturas da empresa que estivemos à conversa com António Eusébio. O objetivo, fazer o balanço de um ciclo de investimento que viu terminar mais um capítulo, mas não a 28


sua jornada, porque esta é uma caminhada que nunca está concluída. Depois da situação preocupante que se verificou em 2020, com os níveis das Barragens de Odeleite/Beliche e Odelouca a atingirem valores alarmantes, bastou vários dias de chuva no início do ano para que os algarvios ficassem mais descansados, mas a verdade é que o problema da escassez da água veio para ficar, assume António Eusébio. “Devido

à chuva que tivemos, Odelouca está nos seus 72, 73 por cento de capacidade e Odeleite/Beliche está acima dos 60 por cento, e isso dános algum descanso para os próximos dois anos. Mas também em 2018 tínhamos Odeleite/Beliche a 99 por cento, seguiu-se um ano e meio de seca extrema e, antes do Verão de 2020, atingimos um ponto bastante crítico. Por isso, este é o momento de se fazer os investimentos de que o Algarve necessita”, acredita o presidente da «Águas do Algarve». “No passado já sentimos este mesmo problema, na altura nem havia a Barragem de Odelouca, e alguns projetos ficaram a meio, uma situação que não se deve repetir. Temos um Plano de Eficiência Hídrica praticamente fechado, temos um Plano de Recuperação e Resiliência com financiamento europeu que o governo português direcionou para estas áreas, e não podemos deixar passar a única oportunidade que 29

temos para voltar a dar mais robustez ao Algarve e mais resiliência a este sistema multimunicipal de abastecimento e saneamento de água. Assim garantiremos o futuro de uma região que, para além dos seus 420, 430 mil habitantes, é uma referência nacional, europeia e mundial em termos de turismo”, frisa António Eusébio. Futuro que, pelo menos por enquanto, continua recheado de incertezas devido à pandemia por covid-19, uma pandemia que gerou uma queda enorme do afluxo turístico ao Algarve em 2020, algo que poderá ter evitado uma eventual falta de água no ano transato. António Eusébio reconhece que a diminuição do consumo ajudou, mas essa folga terá rondado apenas os 10 por cento, pelo que o problema se mantém. Antes disso, já a «Águas do Algarve» tinha começado a trabalhar para assegurar o funcionamento do sistema pelo maior período de tempo possível e os esforços conduzidos junto da APA – Agência Portuguesa do Ambiente e do Ministério do Ambiente permitiram utilizar cerca de 13 hectómetros de água da Barragem do Funcho, que é destinada a fins agrícolas, assim poupando recursos da Barragem de Odelouca. “Também aumentamos

o consumo da água subterrânea, embora isso implique um tratamento acrescido. Essas medidas, sim, contribuíram para termos mais alguns meses de ALGARVE INFORMATIVO #286


sossego. É uma matéria muito sensível e que se tem vindo a agravar devido às alterações climáticas, com os anos de seca a serem cada vez mais constantes”, declara, preocupado. Em condições de seca prolongada pretende-se, então, ter mais origens de água que garantam o funcionamento do sistema, mas o problema é que todas as soluções são bastante dispendiosas. Uma realidade que motivou, em 2020, uma alteração ao contrato de concessão existente e que terminava, no que toca ao abastecimento de água, em 2025 e, no caso do tratamento de águas residuais, em 2031. “Unificamos os dois

contratos, que agora se estendem até 2048, e isso permitiu acrescentar, aos cerca de 600 milhões de euros investidos até final de 2018, mais 400 milhões à capacidade de investimento. Esse valor serve para a reabilitação constante que o sistema precisa, tanto no abastecimento da água como no saneamento básico, que tem um desgaste mais rápido”, sublinha o presidente da «Águas do Algarve». “Mas possibilita

igualmente o investimento em todos os concelhos nas infraestruturas que ainda são precisas. Em 20 anos, esta empresa modificou por completo o cenário que se verificava no Algarve, com abastecimento de água deficitário, e a própria água não tinha a mesma ALGARVE INFORMATIVO #286

qualidade que ostenta atualmente. Esse paradigma mudou, mas, mais do que nunca, a «Águas do Algarve» faz falta ao Algarve, porque as dificuldades vão aumentar face a condições ambientais mais extremas”. A par da construção e manutenção das infraestruturas físicas, António Eusébio lembra que a própria 30


tecnologia de tratamento de água e dos efluentes tem evoluído nas últimas décadas, o que obriga depois a adaptações dos equipamentos, já para não falar das questões ambientais e da legislação em vigor. “A ETAR de Faro-

Olhão gastava, no seu sistema de lagunagem de tratamento de água residual, cerca de 150 a 200 mil euros por ano e passamos a ter um custo anual superior a dois milhões 31

de euros, mas com ganhos ambientais significativos. O crescimento gradual dos aglomerados populacionais e os investimentos realizados pelas autarquias nos seus núcleos urbanos também levam a adaptações das ETAR’s. Às vezes elas podem ser ampliadas, noutras situações temos que ALGARVE INFORMATIVO #286


retirar o que existe e construir algo novo de raiz”, aponta o entrevistado.

NO PASSADO CONSTRUÍRAM-SE INFRAESTRUTURAS E NÃO SE CONSUMIU UM LITRO DE ÁGUA Há muito que as entidades perceberam que é tão importante a água chegar em quantidade e qualidade ao consumidor final, como o tratamento que ela depois ALGARVE INFORMATIVO #286

recebe após ter sido utilizada. Daí resultam as dezenas de praias com Bandeira Azul que o Algarve possui, os certificados internacionais de qualidade ambiental, uma natureza florescente. E se o sistema de saneamento tem demonstrado funcionar na perfeição, António Eusébio considera ser fundamental continuar a sensibilizar-se o cidadão comum para o correto uso da água, um trabalho que começa logo nas escolas, junto dos mais novos, em 32


múltiplas campanhas dinamizadas pela «Águas do Algarve». “Não basta

reduzirmos o consumo da água. Cada vez mais é necessário ter a perceção do seu todo e os novos projetos que estão previstos no âmbito da reutilização podem vir a ajudar nesse aspeto. A água que sai da ETAR pode ser utilizada para regar jardins e campos de golfe, 33

aproveitada para a agricultura ou até para a lavagem das ruas. Está previsto, no Plano de Recuperação e Resiliência, conseguirmos captar, até 2025, oito milhões de metros cúbicos de água, anuais, para esse fim. Ou seja, são menos oito milhões que tiramos, todos os anos, ao sistema de abastecimento”, destaca. “O nosso objetivo é construirmos todo o sistema em alta até aos pontos de entrega, para que depois as águas residuais tratadas possam ser reutilizadas. Os privados, compreendendo as dificuldades crescentes que a região sente, têm-se aproximado da «Águas do Algarve» e dos Municípios e manifestado a sua vontade em contribuir para a melhoria da eficiência do consumo da água. O Zoomarine e a Quinta do Lago já regam os seus espaços públicos com água reutilizada e Vilamoura também está bastante interessada neste sistema. Em Vila Real de Santo António, o sistema está construído e a elevatória acabada, para se começar a regar dois campos de golfe em Castro Marim. Esta atitude positiva dos Municípios e privados pode mudar todo o paradigma”, enaltece o antigo presidente da Câmara Municipal de São ALGARVE INFORMATIVO #286


Brás de Alportel e deputado na Assembleia da República. António Eusébio salienta, todavia, que esta caminhada não pode ser feita apenas pela «Águas do Algarve», sendo fundamental que todos estejam motivados para enfrentar os novos desafios que já se colocam, no presente, e que se vão intensificar no futuro.

“Podíamos construir todo o sistema, mas, se depois não houver vontade de quem o utiliza, o investimento não serve de nada. Só estando todos juntos, desde o início, é que poderemos fazer a diferença em relação ao passado, quando se construíram, em alguns casos, infraestruturas e depois não se consumiu um litro de água”, lamenta o entrevistado, voltando a enfatizar que o consumidor final desempenha, nesta matéria, um papel crucial. “Em tempos de seca, todos

nos lembramos de ser responsáveis no uso racional da água. Infelizmente, basta começar a chover para nos esquecermos desses comportamentos. A atitude tem melhorado muito nos últimos anos, mas é preciso continuar a trabalhar e sinal disso é que foi lançado recentemente um projeto da Agência Portuguesa do Ambiente que envolve a «Águas do Algarve» e diversos parceiros regionais e nacionais para intensificar as campanhas de sensibilização”. ALGARVE INFORMATIVO #286

A par do uso eficiente da água e de arranjar formas de a tratar e reutilizar para outros fins, há que continuar, então, a tentar descobrir novas origens de água, mas essa não é uma tarefa fácil, admite António Eusébio. “Não

chovendo – e os níveis freáticos vão diminuindo – a água da barragem vai sendo consumida e não há mais água. O Ministro do Ambiente e da Ação Climática tem afirmado, de forma muito pragmática, que só conseguimos ir buscar mais água, não sendo em novas origens, pela eficiência, ou seja, gastando menos, nos sistemas de rega e abastecimento em baixa, em todos os setores em que podemos economizar. A outra alternativa é ganhar massas de água com novas soluções, seja ir buscar ao Rio Guadiana – conforme está previsto no Plano de Recuperação e Resiliência –, através da dessalinização ou da reutilização”, indica o presidente da 34


«Águas do Algarve», entendendo que a melhor solução para a região será ir buscar água ao Rio Guadiana. “O

processo apresenta algumas dificuldades logísticas, não se trata apenas do investimento, porque envolve o Tratado PortugalEspanha, mas, ultrapassando essa situação, era uma medida que viria melhorar muito o abastecimento de água no Algarve. Os próprios espanhóis já retiram água do Guadiana e abastecem a sua barragem há quase três décadas e 35

nem precisávamos fazer isso durante o Verão, mas no Inverno, quando há mais água a escorrer pelo rio. Em caso de seca prolongada, essa solução garantia o enchimento da Barragem de Odeleite”, salienta António Eusébio. “O outro projeto em análise é a dessalinização, que carece da realização de estudos do impacto ambiental que teria e da escolha da melhor localização para a sua implementação”, acrescenta. ALGARVE INFORMATIVO #286


Trabalho em conjunto, concertado, parece ser outra palavra-chave para o sucesso de qualquer que seja a solução escolhida, pois há questões legais que estão para além da área de atuação da «Águas do Algarve». “Vão ser

necessárias bastantes conversas, mas, essencialmente, vai ser preciso construir um calendário e associar o pacote financeiro e a capacidade de investimento a um planeamento muito rigoroso. Até 2025, poderemos fazer a diferença se conseguirmos aproveitar estes fundos europeus. Não é mais do que aquilo que se faz constantemente, mas com mais intensidade, pois passamos de investir 10 milhões de euros por ano para investirmos 40 a 50 milhões de euros por ano”, compara o entrevistado. Para já, estão definidos no Plano de Recuperação e Resiliência investimentos para se ir buscar água ao Rio Guadiana, para se avançar com a dessalinização, para se reforçar a interligação do sistema entre sotavento e barlavento e para melhorar as condições das ETAR’s que conduzam à reutilização de água pelos privados. “A estes montantes

somam-se cerca de 400 milhões de euros advindos da renegociação do contrato de concessão até 2048, que preveem a constante remodelação, manutenção e alteração das estruturas existentes nos vários concelhos, para que ALGARVE INFORMATIVO #286

funcionem na sua perfeição, de modo a garantir um produto certificado para consumo humano e o normativo de descarga dos efluentes das ETARs nas linhas de água, rias e parques naturais da região. É um sistema que cada vez faz mais falta ao Algarve e que é necessário que funcione cada vez melhor”, defende António Eusébio, não escondendo a satisfação de liderar a equipa da «Águas do Algarve». “São

pessoas com muita experiência, técnicos magníficos que vestem a camisola todos os dias para assegurar estas condições de qualidade. E cada vez se trabalha melhor também com os Municípios, que são parte essencial deste sistema e são acionistas com cerca de 48 por cento da empresa. Fizemos um rigoroso planeamento até ao fim da concessão, dividido em quinquénios, ou seja, pode ser revisto de cinco em cinco anos consoante alguma prioridade ou fator diferenciador de crescimento dos concelhos” . 36


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Nuno Viegas vive o sonho que nunca teve Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #286 ALGARVE INFORMATIVO #286

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stá patente, até 29 de maio, na Galeria de Arte da Praça do Mar, em Quarteira, «From Fan to Fam» de Nuno Viegas, exposição que apresenta fragmentos da história do início da carreira deste artista visual quarteirense que tem vindo a dar passos largos no panorama da arte urbana internacional e que é um dos autores do Mural «À Moda Quarteirense», inaugurado em 2020. Apesar de ter nascido, em Faro, em 1985, foi em Quarteira que se fez moço e homem e onde começou a libertar o seu lado criativo, em 1999, através do graffiti. No decorrer dos anos participou em diversos coletivos, como SPS, SBS, DSC, AK, SM e SRK, mas foi na Policromia Crew, que fundou com Élsio Menau, que passou a dar mais nas vistas, com produções em grupo cada vez mais conceptualizadas e elaboradas. Mas, em termos académicos, o seu percurso foi feito na área da informática. “Na época

a informática já era uma profissão com futuro e eu queria ter uma carreira de sucesso, próspera e sustentável. Só que, ao fim da quarta matrícula na Universidade do Algarve, só tinha três cadeiras e meia feitas, percebi que aquilo não estava a funcionar para mim. A minha cabeça não encaixava com aquele mapa”, recorda. Depois de desistir do curso de Engenharia Informática, ingressou em Artes Visuais, também na Universidade do ALGARVE INFORMATIVO #286

Algarve e, após concluir o Mestrado em Comunicação, Cultura e Artes, Nuno Viegas partiu, no final de 2014, numa aventura rumo a Roterdão, nos Países Baixos. “Depois de abandonar a

ideia da informática fiz uma pausa nos estudos, voltei a pintar e deuse o clique. Nessa altura já não estava preocupado em ter uma profissão com rendimento seguro. Mas, enquanto artista, nunca me concentrei no graffiti. Nos meus estudos em Artes Visuais trabalhei mais com a fotografia, vídeo e instalação, não pintava nem desenhava”, conta Nuno Viegas. Em Roterdão realizou um estágio de Erasmus com um pintor local que se viria a tornar um grande amigo e um género de padrinho na sua carreira. E, de facto, essa viagem abriu-lhe portas para um futuro até então impensável, tendo tido a oportunidade de conhecer e estabelecer laços de amizade com alguns dos artistas que mais admirava e que sempre idolatrou. Artistas que têm sido um grande suporte na constante evolução da carreira de Nuno Viegas, que de há uns anos a esta parte desenvolve projetos para museus, festivais e galerias de renome internacional ligados à arte urbana.

“Só em 2014/2015 é que comecei realmente a pintar, a dedicar-me a uma técnica artística mais clássica. Nas minhas pinturas falo sobre graffiti, mas insiro-me no movimento da Arte Urbana 42


Contemporânea, que não é o mesmo, apesar das pessoas confundirem muitas vezes as duas coisas”, indica o algarvio, que na cena artística é conhecido por Metis. “É um movimento muito forte a nível internacional e que envolve equipas enormes que trabalham para museus, galerias, festivais. Já não estamos a falar de artistas a pintar murais nas ruas, arrisco-me a dizer que será o maior movimento 43

artístico que jamais existiu”, distingue. Arte Urbana Contemporânea que, entretanto, também fez a transposição para as galerias de arte convencionais, já para não falar das grandes empresas multinacionais que contratam estes artistas para participarem nas suas campanhas promocionais. “Algumas

marcas já pegavam no graffiti para terem aquele «look cool da rua» e contratavam-nos para decorar os seus espaços, peças de ALGARVE INFORMATIVO #286


roupa e mobiliário, ou para fazer uma pintura para um evento. Mas a Street Art tem vindo a mudar o paradigma da arte contemporânea e mesmo as galerias, que sempre trabalharam com as artes ditas mais clássicas, hoje percebem que a arte urbana é que está «in» e que ALGARVE INFORMATIVO #286

vende”, observa Nuno Viegas, acrescentando que as redes sociais também deram um grande contributo para esta mudança de mentalidade.

“Mostram que é este género de arte que mexe com os jovens, têm uma ligação muito mais forte à cultura urbana do que acontecia no tempo dos meus pais”. 44


A arte urbana inspira a moda, a música, a pintura, a arquitetura dos tempos modernos, mas é também um meio privilegiado para estes artistas transmitirem as suas opiniões e pensamentos, para «falarem» do que acontece no mundo atual, não se encerrando apenas nas questões estéticas. “Eu uso técnicas clássicas

para abordar temáticas bastante contemporâneas, sobretudo para falar sobre graffiti. É uma mistura muito grande de estilos, técnicas e conceitos que, felizmente, tem funcionado otimamente para mim e me deu uma posição de destaque neste meio”, indica, orgulhoso por levar 45

os nomes de Quarteira e do Algarve além-fronteiras. “Continua a ser

verdadeira a história de estar no sítio certo, na hora certa, com as pessoas certas, daí ser muito bom viajarmos e experimentarmos várias coisas. Quando fui para Roterdão estava a atravessar um período bastante complicado, com crises de ansiedade e ataques de pânico, mas sair da minha zona de conforto mudou por completo a minha vida. Trabalhei e dediquei-me muito, causei boa impressão nas pessoas certas, de forma natural, e hoje em dia estou aqui”, resume, sorridente. ALGARVE INFORMATIVO #286


Um sucesso que nem sempre é sinonimo de desafogo financeiro, esclarece Nuno Viegas, porque não há um salário garantido ao fim de cada mês. “A

maior parte dos artistas tem um ou dois trabalhos grandes por ano que depois lhes assegura o sustento anual. Eu, felizmente, tenho as coisas bem equilibradas e sinto-me um privilegiado por não precisar de arranjar um trabalho para pagar as contas do próximo mês. Só que o meu caso não é a norma”, admite Metis, que no início se questionava frequentemente da razão das coisas lhe correrem bem a ele e não aos seus colegas. “Quando fiz os meus

primeiros graffitis, aos 14 anos, em Quarteira, nunca me imaginei estar nesta situação. Vivo o sonho que ALGARVE INFORMATIVO #286

nunca tive. Nesta exposição estão trabalhos de alguns artistas que, quando eu tinha 18 anos, para mim eram super-humanos, uns autênticos deuses, pessoas extraordinárias com cérebros e mãos diferentes. Hoje, sou amigo deles e, afinal, vejo que somos todos iguais, uns mais «avariados» do que outros. Quando temos a sorte da circunstância, de nos cruzarmos com as pessoas certas, de ter o seu apoio, há que agarrar e trabalhar essa oportunidade, com o objetivo de, um dia, sermos nós a proporcionar essa oportunidade ao próximo”, comenta. Com «From Fan to Fam» patente, até 29 de maio, na Galeria de Arte da Praça 46


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do Mar, em Quarteira, muitos mais projetos estão na calha, com covid ou sem covid, assume Nuno Viegas. “Na

próxima semana irei para França, mas, entretanto, saiu uma medida nova segundo a qual, quando regressar, terei que ficar 14 dias de quarentena. Assim já tenho que pensar bem se valerá a pena a viagem. As exposições e os trabalhos de estúdio estão mais tranquilos, apesar de algumas mudanças de agenda por causa de confinamentos e desconfinamentos. Estive recentemente com uma exposição em Los Angeles, segue-se outra em ALGARVE INFORMATIVO #286

Lisboa por altura do Verão, mais outra em Lisboa em 2022 e mais uma em Los Angeles em 2023 e essas acontecem de certeza, mesmo em formato online e com vendas pela internet. Quanto aos festivais, já exigem a minha presença física para pintar os murais e devo ir, este ano, a Toulouse (França), Gent (Bélgica) e Leicester (Inglaterra). Em maio inauguro uma exposição coletiva no Havai, portanto, a minha agenda está sempre preenchida, mais os lançamentos de edições, prints e esculturas” . 48


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João Serrão, Dália Paulo, Vítor Aleixo, Nuno Viegas e Ana Rosa na Galeria da Praça do Mar, em Quarteira

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Associação de Dança de Lagos apresentou-se no Centro Cultural de Lagos Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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nquanto os auditórios e centros culturais não reabrem ao público, a Câmara Municipal de Lagos foi dinamizando o programa «O Palco em Casa», que chegou ao fim, no dia 3 de abril, com a Associação de Dança de Lagos e o seu espetáculo de dança contemporânea «INTUS SUNT – DO AVESSO». Com coreografia de Tatiana Ursu, a interpretação esteve a cargo da própria Tatiana, bem como de Afonso Gouveia, Beatriz Martins e Olessia Vinyk. Apesar da ausência de público no Centro Cultural de Lagos, o excelente espetáculo pode ser apreciado, via streaming, no website da Câmara Municipal de Lagos e na página de Facebook da autarquia lacobrigense. ALGARVE INFORMATIVO #286

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New Dream Quarteto SUBIRAM AO PALCO DO Cineteatro Louletano Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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s New Dream Quarteto juntaram-se à programação online do Cineteatro Louletano, no dia 20 de março, para celebrar a música afroamericana dos anos 60 que tanto caracterizou as lutas raciais da altura. O quarteto é composto por elementos da ALGARVE INFORMATIVO #286

Orquestra de Jazz do Algarve, designadamente Luís Miguel (sax tenor), Luís Henrique (contrabaixo), Diogo Russo (piano) e Maximiliano Llanos (bateria). Enquanto não reabre ao público, de forma presencial, no dia 19 de abril, o principal equipamento cultural do concelho de Loulé continua a levar cultura até casa das pessoas por via das redes sociais da autarquia . 68


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CONCERTO COM HELENA MADEIRA EM LAGOA ABRIU PRIMEIRO FESTIVAL DE HARPA DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Kátia Viola

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o âmbito do seu plano de produções musicais para 2021, a Ideias do Levante – Associação Cultural de Lagoa organizou, no dia 4 de abril, em parceria com o Município de Lagoa e com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lagoa, um Concerto de Harpa, via online, inserido na programação da Semana Santa Lagoa'2021 e na primeira edição do Festival de Harpa do Algarve. Helena Madeira interpretou, na Igreja da Misericórdia de Lagoa, vários temas sacros/religiosos de Alfonso X (1221-1284), D. Dinis (1291-1325), John Newton (17251807) e Teodoro Cottrau (1827-1879), entre outros. O Festival de Harpa do Algarve é produzido pela Ideias do Levante, em parceria com vários Municípios do

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Algarve, sendo que, em cada edição, é proposta a recolha de donativos para auxiliar instituições sem fins lucrativos do Algarve na área de apoio social e humano. A primeira edição vai decorrer entre abril e outubro, via online e/ou presencial, em vários concelhos do Algarve, estando previstos concertos e/ou workshops em Albufeira, Lagoa e Loulé, entre outros. No que toca ao concerto em Lagoa, pretendeu, não só promover o repertório em redor da harpa, como também o património religioso/arquitetónico do Concelho de Lagoa e angariar fundos para a Santa Casa da Misericórdia de Lagoa. Durante todo o festival decorre igualmente uma campanha de angariação de fundos para o SOS Oncológico, uma associação sem fins lucrativos, de âmbito regional, que visa apoiar Doentes Oncológicos e Cuidadores do Algarve.

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Licenciada em Antropologia e Língua Italiana, a lisboeta Helena Madeira iniciou o estudo do canto lírico com Fernando Serafim na Juventude Musical Portuguesa em 2004, frequentando, a partir de 2007, o curso de Canto e Harpa no Conservatório Nacional. Apesar de ter passado ainda pela Escola de Jazz do Hot Club em Lisboa, Helena Madeira define-se maioritariamente autodidata e numa constante busca de técnicas e influências. Participou em seminários sobre Canto com Lúcia Lemos, Claire Honigsbaum, Cathérine Rey, Meredith Monk e Jill Purce (Londres), e sobre Harpa, no Festival Internacional de Harpa de Edimburgo desde 2009, dedicando-se a partir dessa data ao estudo da Musicoterapia. Gravou o seu primeiro disco em 2004 como cantora, na banda Dazkarieh e, de 81

2006 a 2014, foi vocalista da banda de world music MU, com quem gravou o álbum «Casanostra», em 2008 (Prémio Carlos Paredes 2009) e «Folhas que Ardem», em 2012. Apresentaram-se ao vivo em Espanha, Londres, Suécia, Roménia, Malásia e Índia. Em finais de 2014 apresentou o seu primeiro disco a solo, «Da Voz do Embondeiro», que a levou a tocar em Espanha, Brasil e em Cabo Verde, e em fevereiro de 2020, regressou, com «Cenário Divergente», às raízes da música portuguesa, onde a harpa se assume como rainha soberana na composição musical. A par dos seus trabalhos como compositora, foi convidada para diversas parcerias musicais, nomeadamente, ao lado do pianista Artur Guimarães, e da cantora Sofia Escobar, em 2016, no Hotel Ritz, em Lisboa . ALGARVE INFORMATIVO #286


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OPINIÃO Cunhas Paulo Cunha (Professor) um outro tempo, lembro-me de todas as pessoas tratarem o meu pai por Sr. Cunha. Foi um apelido que também se colou à minha pele, na infância, na juventude e no serviço militar. Gostando e orgulhando-me do meu apelido, infelizmente, o passar dos anos fez-me perceber o efeito de um dos seus significados (figurado) no curso das nossas vidas: «pedido especial realizado por alguém a favor de outra pessoa». Ao longo da história, nunca deixando de estar na ordem do dia, o tráfico de influências e a corrupção tornaram a cunha numa instituição. É fácil de entender o desejo de tantos de alcançar o poder, para assim poderem ter a influência de pedir ou conceder o tal almejado favor. Quantos de nós já não ouvimos a mafiosa frase: “Ficas-me então a dever um favor”?! E de favor em favor vão-se tecendo as tais teias e redes de influência que sustentarão um futuro já delineado e programado. É comum tropeçarmos em crónicas e comentários dos arautos de serviço, onde referem não entender como é que alguns se sujeitam a candidatar-se a ALGARVE INFORMATIVO #286

ocupar cargos públicos de direção e de chefia, auferindo tão pouco pelo seu sacrossanto sacrifício. É caso para desabafar: “Só alguém muito desatento ou com pouco senso não perceberá a razão, de alguns, para se sacrificarem tanto por todos nós!”. Sabendo que não há «almoços grátis», muitas cunhas, pró-cunhas e contracunhas são colocadas em cima da mesa fora do horário de expediente. Nas mesas de alguns restaurantes eleitos, grão a grão se trocam favores que, a seu tempo, se revelarão preciosos. Ninguém pense que a suspeição chega para acabar com a corrupção. A história da jurisprudência que o diga! Meus caros, o tráfico de influências é como um edifício: constrói-se tijolo a tijolo e terá o tamanho que os incautos transeuntes (nós) permitirem. Lamentavelmente, só nos é permitido descobrir alguns laivos de corrupção quando alguns «compadres e comadres» se zangam ou quando o (cada vez mais escasso) jornalismo de investigação nos revela autênticos folhetins novelescos. Como a memória popular é curta, seria bom recordar, de quando em vez, o nepotismo, o amiguismo, o clientelismo e outros sinónimos de cunha, todos eles indicativos do quanto foi, é ou poderá vir 90


a ser fácil para determinadas elites obter empregos e promoções ambicionados pela maioria da população. Algumas elites, desenvolvidas no interior de lobbies partidários ou de outros grupos de interesse organizados, entendem que, por questões meramente consuetudinárias, tudo deverá continuar a ser como («livremente») sempre foi. O tempo continua a passar e a cunha transformou-se na palavrapasse/senha/chave para transformar os mesmos de sempre nas famílias «donas disto tudo». Vivemos num país onde a cunha ou o fator «C» direciona/condiciona o voto. De facto, dificilmente se consegue um emprego, a sua manutenção ou uma promoção por mérito próprio. No entanto, tal situação é facilitada quando se tem amigos ou familiares bem posicionados ou se pertence a um grupo privilegiado. É caso para perguntar: “Qual é a taxa de desemprego de membros, familiares 91

e amigos dos partidos que nos têm governado?”. Usualmente carreiristas de oportunas e oportunistas juventudes partidárias, acabam a vida a gravitar entre cargos políticos e o sector privado. Poder-se-á falar de uma forma de remuneração feita à medida dos poderes familiares ou políticos vigentes, causando necessariamente uma distribuição injusta dos rendimentos que penaliza o resto da sociedade. Inevitavelmente, são cunhas à medida dos «boys and girls» do costume, os tais que não precisam de chorar para mamar. Com o maior acesso a licenciaturas e mestrados, a frustração é enorme quando se constata que a meritocracia como método de seleção de recursos humanos é parca e incipiente. Os traços atávicos de alguma mentalidade portuguesa fazem com que se continue a viver sob a influência mesquinha do amiguismo e do compadrio. Tal como muitos de vós, gostaria que a palavra cunha tivesse na sociedade o peso e o efeito alavancador e estabilizador do seu significado (pedaço de madeira ou de outro material usado para nivelar objetos que não assentam por igual - calço). No fundo, usar o mérito como nível. Será pedir muito, caros leitores… e votantes?. ALGARVE INFORMATIVO #286


OPINIÃO O aprendizado da distância Mirian Tavares (Professora Universitária) “Há certas coisas que não haveria mesmo ocasião de as colocarmos sensatamente numa conversa - e que só num poema estão no seu lugar”. Mário Quintana

á muita coisa que não se consegue meter, sensatamente, numa conversa. E às vezes, nem a poesia dá conta de arranjar um lugar em que caibam tantos silêncios, tanta insensatez, tanta distância. Não está a ser fácil, mesmo que necessário, esse exercício da distância a que estamos obrigados. As palavras sobram, e soçobram os sentidos, mas há uma língua que pertence ao corpo e esta, agora muda, precisa encontrar um lugar de expressão. Estamos sentados diante de um ecrã. Falamos para um ecrã que nos devolve a voz e o nosso rosto, que nos enche de palavras, que nos permite até silenciá-las. Mas o corpo está adormecido, preso a uma cadeira, quase imóvel. Quase um móvel a mais no escritório ou na sala de estar. O corpo precisa expressar-se e, à distância, o gesto se torna difícil. Qualquer gesto, mesmo o necessário e vital. Qualquer gesto que nos salve de nós mesmos, dessa densa solidão composta de vozes e de rostos que nos visitam, mas que não permanecem. O corpo precisa de ALGARVE INFORMATIVO #286

afago, de abraço, de outro corpo para realizar-se em plenitude. O corpo precisa de movimento insensato, não de caminhadas higiénicas ou de saídas essenciais. O corpo reclama o espaço fora, o espaço entre, está farto do espaço dentro. As aulas são um exercício monótono - uma voz que ressoa para um ecrã, quase sempre, mudo. As pernas agitam-se sob a mesa, as pernas querem exercer o direito de andar e de chegar ao pé do outro, e de olhar o outro de frente. O ensino também se faz a partir do corpo, que se movimenta, que caminha pela sala, que se agita e que escuta e perscruta o olhar de enfado ou de encantamento. O ensino se faz na proximidade. Podem dizer-me que as plataformas são o presente do futuro. Ou o futuro no presente. Mas eu sou da velha guarda. Daquela que fala com os gestos e que precisa de espaço, e de corpos em presença, para melhor atuar. O exercício da distância é muito duro. E não tenho a certeza de aprendermos alguma coisa com isso. Apenas que somos frágeis, e efémeros, e que só a palavra, e um ecrã a brilhar, não preenche todo o espaço. E que os corpos também precisam respirar . 92


Foto: Victor Azevedo

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OPINIÃO Décima oitava tabuinha - Cair Ana Isabel Soares (Professora Universitária) or que razão evitar a palavra outrora?”, pergunta Lídia Jorge num texto sobre Sagres, em 2004. Leio a frase no momento em que penso em palavras que uso, ainda uso, mas perante interlocutores que as deixaram de usar e até de reconhecer. É uma das condições de se ser professor: a maioria das pessoas que tenho à frente, nas aulas, é pelo menos trinta anos mais nova do que eu; a cada ano, essa distância de tempo aumenta: eu envelheço, eles entram sempre com a mesma média de idades. Se sou eu quem muda, sou eu que tenho a mudança metida nesta engrenagem. Mas por que razão, pergunto, com Lídia Jorge, evitar as palavras?

P

Um dos textos que trabalho anualmente no começo da Primavera calha ser (e calha bem) o Prólogo que Geoffrey Chaucer escreveu aos seus Contos de Cantuária – um «livro» que nunca o foi em vida do autor, a quem aconteceu morrer no ano redondo de 1400, quando ainda não tinha fechado o ciclo daquelas histórias, talvez nem a metade tivesse chegado. Aconteceu assim. É o acaso. Ou, palavra que persisto em usar, mesmo se, pelo ALGARVE INFORMATIVO #286

segundo ano consecutivo (será outra, esta...?) ninguém à minha frente a reconhece, ou afirma conhecer – o ocaso. Recorro a ela para esclarecer afinidades entre modos de narrar e sublinhar o fingimento poético (redundância – mais uma...?). O narrador entra a contar como abril é o mais manso dos meses, o que oferece a renovação anunciada, o que liberta a terra do frio seco do Inverno, aquele em que se ouve as melodias dos pássaros, o desenrolar da folha, por fim fora da terra, a vontade de sair pelas estradas em peregrinação santa. É assim, parece dizer, em todo o lado. Depois, antes do vigésimo verso, a direção do texto muda desta linha de generalidades sazonais e climatéricas, para um foco centrado numa situação particular: como, digo também tantas vezes, se uma câmara, num filme, abandonasse o plano geral do começo e entrasse na janela de uma casa. Seguem-se versos em que se mostra o interior de uma estalagem onde o narrador se encontra com mais 29 peregrinos que ali se preparam para pernoitar, já a caminho do lugar santo de Cantuária (onde esperam homenagear e agradecer a São Tomás Becket, ou Tomás de Cantuária): é o começo da história, porque ali decidirão os trinta, desafiados pelo estalajadeiro (ainda se usa, esta?), que cada um 94


Foto: Vasco Célio

contará duas histórias a caminho do santuário e duas no regresso, «tales from the days of old» – contos de tempos idos. Este momento da narração abre com «Bifil», palavra do Inglês Médio que veio a dar o atual «befell», passado do verbo «to befall», sinónimo de «aconteceu». Aquilo que tento explicar nas aulas iniciais sobre este texto é o modo como o narrador faz para que pareça que o que vai contar tenha sido obra do acaso, finja e esconda o artifício poético, a artimanha de contar – para convencer qualquer leitor de que foi fora das palavras do livro tal como elas 95

relatam. Então, chamo a atenção para a ideia de «cair», que está nesse verbo inicial: aconteceu, befell. Acontecer é o acaso – e, para reforçar que está em «befell» a ideia de cair, chamo para a aula o ocaso, a queda do sol. Pôr-do-sol todos reconhecem, é a expressão mais comum. Mas ocaso, uma palavra tão bonita, vai saindo de mansinho, como um sol que se põe – em vez de cair, de acontecer sem recurso, estrondoso tombo por trás da linha do mar, para o esconderijo dos montes, para lá das casas que os olhos alcançam, enquanto cegam para a noite de não saber . ALGARVE INFORMATIVO #286


OPINIÃO O mundo pertence aos criativos Fábio Jesuíno (Empresário) m dos principais factores diferenciadores de um ser humano é a sua criatividade, o sucesso depende desta característica única de criação. A palavra criatividade tem um grande poder, está relacionada com o termo criar, do latim crearte, dar existência, sair do nada. Um processo que resulta na emergência de algo de novo, algo inovador e completamente diferente. Atualmente, vivemos num mundo em constante transformação onde o acesso a informação e conhecimento é facilitado pelo desenvolvimento tecnológico e pela internet. Vivemos uma democratização do conhecimento que torna a criatividade mais forte das sociedades actuais. O caminho para o sucesso está na capacidade de despertarmos as nossas aptidões criativas para pensar de forma diferente, procurar ideias que tragam melhorias, soluções para determinados problemas. A procura por algo diferente, por soluções alternativas com o objectivo de quebrar com os padrões convencionais, ALGARVE INFORMATIVO #286

torna as pessoas abertas a novas realidades que nunca antes foram exploradas e que podem mudar o mundo. Ser criativo é algo que podemos aprender, deixar fluir as ideias, promovendo dessa forma o pensamento fora da caixa. É importante mudar a forma como olhamos para as coisas, muitas das vezes as nossas rotinas criam uma monotonia, inibindo dessa forma a nossa imaginação. Em algumas situações é importante imaginar abordagens contraditórias. Para mim, um dos maiores exemplos de criatividade foi o Steve Jobs, fundador da empresa Apple, criou e promoveu o «pensar diferente» de forma única. Partilho o texto de uma das campanhas publicitarias lançadas em 1997 para promover a criatividade da sua empresa: “Isto é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os que são peças redondas nos buracos quadrados. Os que vêem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou difamálos. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram a raça humana 96


para frente. Enquanto alguns os vêem como loucos, nós vemos gênios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo são as que, de facto, mudam”. 97

O mundo pertence aos criativos, aqueles que promovem o pensamento do impossível, o inatingível, o inigualável, aqueles pensam fora da caixa, aqueles que exploram sempre novos caminhos . ALGARVE INFORMATIVO #286


OPINIÕES, REFLEXÕES E DEMAIS SENSAÇÕES

«Iste chêra-ma`esturre…» Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) esta Páscoa, acabei de devorar uma quantidade absurda de chocolate, apenas para impedir que os meus filhos comessem tudo o que lhes ofereceram. No fundo, quis homenagear o sacrifício de Jesus na cruz, sacrificando-me também pelos meus semelhantes. Pareceu-me ajustado. Rezo todos os dias para não ter uma dor de barriga daquelas, mas foi puro sacrifício. Aliás, a religião também é um pouco isto, ter fé e acreditar que as coisas boas acontecem porque rezaste, foste à missa, não interessando para nada que sejas a pessoa mais intragável do mundo, basta confessares os teus pecados e já está, aleluia! Confesso que comi chocolate…a mais. Como o tema da Páscoa ainda está tão atual e na barriga de tanta gente aqui vai…. Quando Jesus fez a sua série de workshops com os 12 apóstolos deu-lhes instruções para que, após a sua morte por crucificação, corressem o mundo e difundissem a Palavra do Senhor e não aqueles desenhos no Facebook da cara de Jesus Cristo ensanguentado na cruz com o seguinte comentário “1 Gosto = 1 Obrigado“. A sério… É que tenho a certeza que Jesus Cristo estava lá na vida dele, todo «marafade» porque ninguém lhe tinha agradecido convenientemente o facto de se ALGARVE INFORMATIVO #286

ter pregado numa cruz (e sabe Deus o que deve ter doído… sabe Deus, não… sabe o filho Dele), e ainda mais «marafade» por ninguém fazer uma homenagem decente à ideia mais peregrina que algum dia lhe passou naquela cabeça, até que, FINALMENTE, abre o seu perfil e vê que afinal tudo valeu a pena. Como é que ninguém se tinha lembrado disto!?? Tão simples… em vez da palavra do Senhor, uma imagem no Facebook. Mas voltemos à palavra do Senhor… Porque tudo tem uma simples explicação. Azar dos azares, Jesus nunca conseguiu dar o último módulo do workshop dedicado a «Coisas Que Devemos Dizer Para Arranjar Mais Sócios». Falou-lhes dos Milagres, faloulhes do Céu & Inferno, falou-lhes na Vida Eterna, mas, quando ia falar na Palavra do Senhor, um destacamento de romanos entrou-lhe pelo auditório adentro (o Judas havia-se chibado por não estar de acordo com os valores a pagar pelo workshop) e levaram-no. Parecendo que não, para o Jesus, não vinha nada a calhar e lixava-lhe a tarde toda. Na verdade, até lixava o fim-desemana todo. Era Quinta e já só ressuscitaria no Domingo. Ainda assim, lá fez o que tinha que ser feito (agora pensem nisso, antes de fazerem birrinha só porque vos marcaram uma reunião secante numa sexta à tarde). O melhor de todos nós morre sem saber dizer concretamente que Palavra era aquela. 98


outras palavras. Na altura em que proferiram «alcagoita» aconteceram umas coisas esquisitas: a terra tremeu, a garrafa de vinho caiu de pé, e os cães começaram a uivar. E a partir daí, desconhecedores da Escala de Richter, acharam que tinham descoberto a Palavra. Filipe, Bartolomeu e Tomé haviam decidido que a Palavra era «tramôces!», mas só porque gostavam do sabor e da sua sonoridade, dado que não há qualquer registo que algum fenómeno natural tenha ocorrido quando esta foi inicialmente pronunciada. Tomé era aquele que a usava mais, principalmente acompanhando umas «bejecas» nas margens do Mar Morto.

Os apóstolos ainda tentaram fazer um brainstorming com os conhecimentos adquiridos até à data, de modo a conseguirem chegar a algo que se assemelhasse ao que eles achavam que seria a Palavra do Senhor, mas tirando aquela cena da ressuscitação (onde todos estavam de acordo que era uma história do caraças e que merecia ser contada), não conseguiram chegar a uma conclusão sobre qual seria a Palavra do Senhor. E assim cada um deles foi à sua vida escrever e pregar sobre a sua visão de Deus e de Jesus, e cada um deles achou que sabia qual era a Palavra do Senhor. Pedro, João e Tiago, (como todos os apóstolos, tinham ligações ao Algarve), achavam que a Palavra do Senhor era «alcagoita». Chegaram a esta conclusão depois de terem proferido uma série de 99

Tiago (havia dois), Mateus e Judas Tadeu, eram apologistas fervorosos da Palavra «Esturre», a última palavra que ouviram da boca de Jesus quando viu o Judas sair a meio da última ceia sem pagar “Iste chêra-ma`esturre”. Acreditavam piamente que se aquela foi a última palavra de Jesus, é porque aquilo devia ter um segundo sentido qualquer. Um sentido celestial. Imaginaram logo um local repleto de gente, repetindo: “Do Pai, do Filho e do Espírito Santo mas… Iste chêra-ma`esturre! Finalmente, os dois apóstolos mais radicais, André e Simão tinham «feriado» como a verdadeira Palavra do Senhor. Mas acho que, passados mais de dois mil anos, ainda não entenderam bem o conceito. O que ele queria dizer e não lhe deram tempo de terminar o último módulo do workshop «Coisas Que Devemos Dizer Para Arranjar Mais Sócios», era que seriam três dias para gozar o luto pela sua crucificação, e mais uns quantos dias pelo renascimento!? No mínimo seriam uns cinco dias de licença de irmandade!?? Gentinha limitada, os teólogos… . ALGARVE INFORMATIVO #286


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #286

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