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José Júlio de Brito partiu em busca de si próprio e descobriu o

Peregrino Algarvio

SÃO BRÁS DE ALPORTEL CONTINUA NA SENDA DO DESENVOLVIMENTO ALGARVE #30 1 FERNANDO PESSANHA APRESENTA «A DEVOTA E AINFORMATIVO DEVASSA»


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#30 SUMÁRIO

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VÍTOR GUERREIRO

FERNANDO PESSANHA

ATUALIDADE

18 PEREGRINO ALGARVIO Algarve Informativo #30 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 As notícias que marcam o Algarve em algarveinformativo.blogspot.pt

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OPINIÃO A FEBRE DO PLACARD E OS EMIGRANTES DO POKER DANIEL PINA Editor/Jornalista

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nquanto anda metade do país a dar nas orelhas do presidente da república e outra metade a dar-lhe uma palmadinhas nas costas, eu ando para aqui entretido a analisar estatísticas de jogo para preencher mais um ticket do Placard com as partidas do fim-de-semana do campeonato nacional de futebol. Bem vistas as coisas, é um género de Totobola do século XXI, não apenas cingido ao futebol, mais interativo, mais atrativo, diriam uns, mais viciante. Mas já se sabe que os portugueses são fervorosos adeptos destas jogatanas, não fossemos dos que mais dinheiro gastam no Euromilhões a nível europeu, e a nova moda é, de facto, o Placard. De notar que este placard é apenas a marca que a Santa Casa da Misericórdia arranjou para associar às apostas desportivas online que, até há bem poucos meses, eram vistas como um ofício do demónio, um vício desgraçado, um destruidor de famílias, um estratagema duvidoso para tirar muito dinheiro a uns e dar algum dinheiro a outros. Uma cruz que uma série de sítios de internet dedicados ao jogo online carrega nas costas há anos a fio e que constituem, na hora da verdade, a atividade profissional de milhares de pessoas espalhadas por esse mundo fora, muitos deles portugueses, que tiram o seu sustento das apostas que fazem, seja no futebol, ténis, basquetebol, corridas de cavalo, futebol norte-americano, opções não faltam. Aliás, há até quem faça da sua atividade profissional colocar apostas para terceiros, um tipo de corretores de bolsa que, em vez de comprarem e venderem ações e obrigações de empresas em faustosos escritórios, fazem apostas desportivas em nome dos seus clientes, depois de analisarem criteriosamente as estatísticas e probabilidades.

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Em Portugal, quem não gostou muito desta realidade foram os poderes instalados, a começar pela Santa Casa da Misericórdia, que estava a perder receitas no Totobola, Totoloto e Joker – só o Euromilhões continuava em crescendo – e os governantes, que ainda não tinham encontrado uma forma legal de tirarem a sua percentagem deste dinheiro todo que andava a circular em torno das apostas online. E eles tudo fizeram para afastar o jogo online de Portugal, desde ajudar a perpetuar o tal rótulo nefasto, quase «criminoso» das apostas desportivas online, até proibir a publicidade aos sítios de internet a elas dedicadas, até mesmo proibir que fossem patrocinadores de equipas de futebol. Entretanto, há coisa de seis meses, tudo mudou, foi permitida a atividade do jogo online em território português, mais do que isso, abriu-se as portas aos jogadores estrangeiros para poderem jogar em Portugal. Tudo através do Decreto-Lei n.º 66/2015, que regulamenta o regime jurídico dos jogos e apostas desportivas online, assente num modelo liberal e que permite a distribuição de licenças sem qualquer limite e sem concessão de exclusividade. O Estado recolhe as suas desejadas receitas através do licenciamento de operadores e num imposto especial criado sobre o jogo online, que repete o modelo dos jogos de fortuna ou azar de base territorial nos casinos. Curiosamente, ou talvez não, o único operador que surgiu até à data foi, precisamente, a Santa Casa da Misericórdia, com o tal Placard, e agora tudo é lindo e ouro sobre azul, apostar online é fixe, é cool, é legal, está na moda, é divertido. Fazse publicidade a torto e a direito ao Placard na televisão, na imprensa, em outdoors. Qualquer dia

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temos o Placard nas camisolas das equipas de futebol. Mas, na hora da verdade, está-se a apostar exatamente da mesma maneira do que no início do ano, nos mesmos jogos, nas mesmas modalidades, com as mesmas técnicas, nos mesmos moldes. A diferença é que, em vez de o fazermos em vários sites de internet internacionais, agora é tudo através da Santa Casa da Misericórdia, que até criou uma aplicação catita para os dispositivos móveis. E como a Santa Casa voltou a ter o monopólio do jogo em Portugal e o Estado retira a sua quotaparte, já está tudo porreiro. Quem se «lixou» no meio de tudo isto foram os jogadores de poker, os profissionais e os de lazer, porque a nova lei do jogo online abarca as apostas desportivas online e também o poker. Quer-me parecer que a Santa Casa da Misericórdia andava igualmente de olho no poker mas percebeu que o sistema é bastante mais complexo do que as apostas desportivas . É que uma coisa é cada indivíduo fazer as suas apostas, pagar o que tem que pagar e receber o que tem a receber e está o assunto resolvido. No poker, nomeadamente na vertente dos torneios com custo de entrada fixo, chegam a estar milhares de jogadores a interagir uns com os outros em simultâneo, divididos por várias mesas, e o dinheiro que toca a cada um é influenciado pelo número de jogadores e pelo valor pré-definido do prémio. Ou seja, não é fácil para um operador de repente tornar-se numa Pokerstars, por exemplo.

comprar casa, automóvel e tudo o que um jovem deseja para o seu quotidiano. Claro que estes jovens não decidiram mudar de vida de um dia para o outro, simplesmente seguiram o conselho, que era «mito urbano» ou não, de Pedro Passos Coelho, e emigraram. E assim temos um Miguel Silva a viver em Malta, um Tomás Paiva na Hungria, um Rui Ferreira, um Nuno Vieira, um Nuno Capucho e um Pedro Marques na República Checa, um Rui Sousa na Irlanda e outros espalhados pelo Reino Unido e um pouco por toda a Europa onde ainda se consegue jogar poker online. Países onde depois gastam o dinheiro que ganham, ao invés de o fazerem em Portugal, mas já se sabe que os governantes só se preocupam em garantir os seus impostos, independentemente do prejuízo que causam aos cidadãos, em particular, e à economia nacional, em geral .

O que é estranho é que a lei foi aprovada, era suposto qualquer operador poder concorrer e adquirir as suas licenças para atuar em território nacional e, volvidos estes meses todos, ainda está tudo parado. E não me parece que seja por falta de interesse ou de liquidez dessas salas de poker para pagar algumas dezenas de milhares de euros pelas licenças, quando faturam milhões por ano. Resultado: foram afetados uma série de portugueses, na sua maioria jovens na casa dos 20, 30 anos, licenciados, que faziam da sua atividade profissional o poker online. Uns chegavam a ganhar centenas de milhares de euros por ano, euros que depois eram gastos a

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ENTREVISTA

SÃO BRÁS DE ALPORTEL continua na senda do desenvolvimento Depois de 12 anos como vicepresidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro chegou agora a meio do seu primeiro mandato como edil deste concelho da Serra do Caldeirão e é com orgulho que diz que quase 70 por cento dos objetivos propostos para quatro anos já estão concretizados. Rigor financeiro, aposta em obras que realmente interessem e que afetam positivamente a vida dos cidadãos, prioridade às pessoas, desde os idosos às novas gerações, aproveitar as tradições, o património e a história para dinamizar o concelho, são alguns dos segredos do sucesso do executivo camarário liderado por Vítor Guerreiro. Contudo, nem tudo são rosas, há sempre um senão e, neste caso concreto, as maiores dores de cabeça surgem de políticas e decisões do poder central que em muito condicionam o trabalho dos autarcas. Entrevista: Daniel Pina

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Vítor Guerreiro: (…) “Deixem-nos trabalhar! Os autarcas perdem imenso tempo a tentar resolver problemas e constrangimentos criados por leis que são concebidas por quem não tem conhecimento dos territórios e das realidades” (…).

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az dois anos que Vítor Guerreiro assumiu a presidência da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, concelho do interior algarvio que, nos censos de 2011, pouco ultrapassava os 10 mil habitantes e cujo orçamento anual ronda os 12 milhões de euros. Apesar disso, muita obra tem sido realizada neste município da Serra do Caldeirão, com destaque para a recente conclusão do anel de circulação que permite melhorar as ligações aos principais eixos viários do centro urbano e reduzir a sinistralidade. Mas convém destacar igualmente a nova ligação entre o Parque Escolar e o Parque de Desporto e Lazer, a requalificação paisagística da Av. da Liberdade norte e a requalificação da Entrada Nascente, a criação da Rede de Passeios Acessíveis, nomeadamente entre a Avenida da Liberdade e o Parque Desportivo, num circuito acessível que alcançará os cinco quilómetros até ao final do ano, a reabilitação da Fonte Nova, a criação do Pátio Vila Adentro e o culminar do projeto de requalificação e pavimentação do Centro Histórico, bem como diversas obras de melhoramento do parque escolar. E tudo isto apenas na vertente daquelas obras que são visíveis a olho nu, ainda não entramos no apoio que tem sido prestado diretamente às pessoas e que normalmente não dá tanto nas vistas. Ora, face a tanta obra concretizada em tão pouco tempo, a primeira pergunta que se coloca é qual o segredo por detrás da atuação do executivo camarário liderado por Vítor Guerreiro, sabendo-se que São Brás de Alportel nunca teve do seu lado as receitas chorudas provenientes do turismo e da construção civil. “Antes de mais, sempre traçamos uma linha de prioridades e planeamos as nossas obras em função disso. Depois, temos uma gestão bastante rigorosa e exigente, porque a receita é pouca e temos que capitalizar o máximo possível os nossos investimentos. Desse modo, apesar do nosso orçamento ser na ordem dos 12 milhões de euros anuais, temos uma boa saúde financeira e alguma margem de manobra para aproveitar as oportunidades que vão surgindo, nomeadamente em termos de fundos comunitários”, explica Vítor Guerreiro, revelando que algumas das obras já concluídas ou no

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terreno nem estavam nos planos para o atual mandato, como é o caso da via que liga o complexo desportivo ao parque escolar e a via de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. “Conseguimos financiamento para muito do que está a acontecer, nomeadamente a conclusão da circular norte, um sonho cujo primeiro troço foi iniciado em 2005 e, no dia 5 de outubro, finalizamos o anel em torno do núcleo urbano de São Brás de Alportel. Estamos neste momento a concluir a primeira fase dos Passeios Acessíveis, que ligam as circulares ao centro da vila, desde a Escola Secundária, que está no extremo poente, até ao Complexo Desportivo, que está na zona nascente, e a Escola EB 2,3, o núcleo urbano e a Avenida da Liberdade. Estamos também a elaborar inúmeras passadeiras acessíveis, porque queremos ser um exemplo a nível das acessibilidades. Uma das prioridades do nosso concelho é a qualidade de vida das pessoas”. Nesta linha de orientação, acabou por ser positivo não estar a contar com receitas provenientes do turismo ou do ramo imobiliário, como alguns concelhos do litoral, e houve sempre a preocupação de avançar para investimentos que houvesse capacidade para pagar, com Vítor Guerreiro a dar o exemplo da aposta nas energias renováveis, mediante a qual todos os equipamentos públicos têm aquecimento a energia solar, mais obras financiadas por dinheiros da União Europeia. “É com muita satisfação que, ao fim de dois anos, já concretizamos 70 por cento do programa previsto para todo o mandato. Não faz sentido fazer investimentos que não alterem diretamente a vida das pessoas de uma forma positiva e também não interessa ter equipamentos escolares, desportivos e culturais se eles depois estiverem vazios”, sublinha, um problema que não se põe, todavia, em São Brás de Alportel, antes pelo contrário. Assim, o Pavilhão Municipal está ocupado a partir das oito da manhã com as escolas até às 23h, por via da atividade de diversas associações e o mesmo sucede nas Piscinas Municipais. “Os equipamentos não são peças de museu em que não se pode tocar”, entende o entrevistado. Empreitadas que, sempre que possível, são

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adjudicadas a empresas do concelho, com o intuito de dinamizar a economia local e contribuir para a manutenção e criação de postos de trabalho.

Autarquias obrigadas a fazer o trabalho do Governo A par dos investimentos realizados em infraestruturas, o executivo de Vítor Guerreiro dá um enfoque especial às necessidades concretas das pessoas e existe uma rede bastante dinâmica entre a autarquia, a junta de freguesia, a Santa Casa da Misericórdia e as diferentes instituições do concelho. “A Loja Social é gerida pela Câmara Municipal, a Junta de Freguesia e um grupo de voluntários para colocar à disposição um conjunto de alimentos, bens de primeira necessidade, produtos para bebés e de higiene. Através do projeto «Mão Amiga» colaboramos na reparação de habitações e na remodelação de casas de pessoas que ficam com mobilidade reduzida. Com o «Vale + Educação» apoiamos todas as crianças do 1.º ciclo com um total de 30 euros que são válidos nas seis papelarias de São Brás

de Alportel. E vamos lançar no próximo ano o «Vale +» nas áreas da saúde e da natalidade”, adianta o edil, já para não falar das isenções e benefícios fiscais em sede de IMI e IRS. “Temos que colocar no prato da balança duas questões: garantir a receita da câmara municipal para podermos dar estas respostas e realizar estas obras; e tentar ajudar as famílias na redução dos impostos. Naturalmente que devia ser o governo central a ter este tipo de postura, e lançou este ano a possibilidade das autarquias reduzirem as taxas de IMI para as famílias numerosas. Foi o que fizemos de imediato mas claro que isso origina mais uma quebra das nossas receitas”, afirma Vítor Guerreiro, num primeiro sinal de descontentamento face à atuação do Governo em relação a várias matérias. Contudo, o entrevistado tem consciência de que é à porta das câmaras municipais e das juntas de freguesias que as pessoas vão bater quando estão aflitas e o poder local acaba por ter que fazer o que é competência do poder central. “Por exemplo, a Administração Regional de Saúde do Algarve só colocou um médico no Centro de Saúde de São Brás de Alportel se a

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autarquia garantisse o alojamento. Não é nossa competência, muito menos obrigação, estarmos a pagar a renda da casa de médicos, mas as pessoas estão em primeiro lugar e temos que nos adaptar às condições que nos são impostas pelos outros”, lamenta, entendendo que as obras de requalificação e melhoramento dos estabelecimento de ensino também deviam ser asseguradas pelo poder central, via Ministério da Educação. “Fizemos vários investimentos nas escolas durante o período de Verão, inclusive em algumas localizadas no campo, e nunca aceitaremos a hipótese de elas encerrarem, porque isso iria reduzir a vida e a dinâmica social dos sítios mais isolados. Todos os dias efetuamos manutenção e não é só nas escolas.

E como as respostas chegam, de facto, às pessoas, estas dão algo em troca e prova disso é que São Brás de Alportel é dos concelhos com menos população do Algarve, mas é uma população extremamente ativa através das associações e dos clubes onde estão inseridas. “Temos mais de 15 associações com atividades regulares e outras tantas com iniciativas pontuais a quem prestamos apoio logístico e damos a atenção que merecem, nem que seja participar nos seus jantares de aniversários”, frisa o antigo dirigente associativo. “São estas pessoas que dão vida aos espaços públicos e sentimos um grande orgulho quando alguns casais, que nem são de São Brás, vêm deixar os

Quando a GNR nos pede a colaboração de um eletricista, canalizador ou carpinteiro, nós ajudamos. No Centro de Saúde também ajudamos imenso a todos os níveis, porque os profissionais que lá trabalham precisam de condições para conseguirem prestar um bom serviço à nossa comunidade”.

filhos nalguma atividade lúdica ou desportiva e, enquanto esperam, vão eles próprios caminhar, correr ou andar de bicicleta na circular. É com a colaboração e a contribuição de todos que conseguimos fazer mais e melhor e a edição deste ano do Orçamento Participativo está a ter muito mais adesão do que em anos anteriores. As pessoas devem sentir-se envolvidas nos

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processos de decisão e não como agentes exteriores que não têm influência na forma como se gastam os dinheiros públicos”.

Senhores governantes, deixem-nos trabalhar! Com a conversa a prosseguir de forma fluída e informal, perguntamos a Vítor Guerreiro se São Brás de Alportel também padece dos habituais problemas dos concelhos do interior no que toca à desertificação, envelhecimento da população ou síndrome de «dormitório». “Felizmente, não sentimos muito esses fenómenos e há muitos casais a procurarem-nos para viver, por causa da centralidade, da proximidade aos outros concelhos, da qualidade de vida, da diversidade de oferta de atividades de ocupação de tempos livres que existe para os filhos”, responde o autarca. No plano do investimento, acredita igualmente que se está a inverter a tendência de se procurar apenas o litoral. “Estamos a 20 minutos, na hora de ponta, da capital de distrito e do Aeroporto Internacional de Faro. Isto é muito positivo para uma empresa que exporte, que tenha clientes no estrangeiro. Agora, temos que tentar sensibilizar os futuros governantes para a urgência da requalificação da Estrada Nacional 2, que liga São Brás de Alportel a Faro e à Via do Infante. São oito quilómetros de curvas, um traçado com mais de 50 anos, e somos o único concelho sem uma ligação direta à Via do Infante”, salienta, explicando que não se está a pedir uma estrada nova, apenas a retificação de algumas curvas, a criação de faixas lentas, uma zona de segurança para peões nos Machados e uma rotunda que ligue São Brás-Via do InfanteFaro.

Focado nas potencialidades e em pensamentos positivos, Vítor Guerreiro não se cansa de enaltecer a alegria de viver dos são-brasenses e de quem ali trabalha para cativar investimentos para as zonas empresariais existentes no concelho. “Temos cá, por exemplo, uma empresa que exporta componentes eletrónicos para detetores de incêndio. Só pelo ar puro que temos vale a pena vir para São Brás de Alportel”, garante, não negando que há também alguns dissabores burocráticos por estarem rodeados de tanta natureza. “Há 30 anos havia um grande projeto, a Herdade da Corte, que foi adquirido e nunca lá foi edificado o hotel e o resort pretendidos porque estava inserido em

Rede Natura 2000. São condicionalismos de ordenamento de território, uns concordo, outros nem por isso, mas temos que nos adaptar ao que existe. Neste momento, está aprovado um empreendimento turístico de grande dimensão, esperemos que haja capacidade de investimento dos proprietários, mas estão a surgir outras unidades de turismo rural de grande qualidade e que dignificam muito a imagem que queremos para o concelho: um turismo de qualidade, sustentável e em comunhão com a natureza”, destaca o entrevistado.

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Descoberto o caminho desejado para São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro garante que os turistas desejam experiências inesquecíveis e disso há fartura no concelho, através da Rota da Cortiça, dos percursos pedestres, antigos poços e fontes requalificados, imenso património recuperado para cativar nichos específicos. “A proximidade ao litoral também faz com que os turistas estejam perto das praias, se assim quiserem passar um dia ou dois”, acrescenta o presidente de câmara, que tem, infelizmente, algumas questões atravessadas na garganta, daí que faça um simples pedido aos futuros governantes, sejam eles quem forem: “Deixemnos trabalhar! Os autarcas perdem imenso

tempo a tentar resolver problemas e constrangimentos criados por leis que são concebidas por quem não tem conhecimento dos territórios e das realidades. A Câmara Municipal de São Brás de Alportel precisa de operacionais, de pessoas para o setor dos resíduos, das águas, básicos e vitais para a qualidade de vida da população, e estou impedido por lei de contratar pessoas. Uma autarquia pode gastar praticamente todo o seu orçamento em festas e foguetes, mas não para

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aumentar os seus recursos humanos, quando até temos uma excelente saúde financeira”, critica Vítor Guerreiro. Um tema que muita apreensão causa ao entrevistado é o estado atual do Centro de Medicina e Reabilitação do Sul, tendo já acontecido várias reuniões com as entidades competentes para se resolver o problema. “Contudo, mês após mês, as condições vão-se deteriorando, mais de 50 por cento do internamento está encerrado, as consultas estão a 30 por cento, quando foi uma unidade com resultados excelentes e que faziam toda a diferença da vida dos seus utentes. Naturalmente que o centro também tem um forte impacto na economia do concelho, através dos seus funcionários e dos familiares dos utentes. São grandes investimentos que se fizeram e que não estão a ter rentabilidade e a servir os princípios segundo os quais foram criados”, dispara, falando ainda do Parque de Manobras da DGV localizado no concelho e que está praticamente votado ao esquecimento. “A Câmara Municipal cedeu um espaço para se criar uma Escola Fixa de Trânsito, as pistas para os exames nunca foram estreadas e apenas é utilizada pontualmente uma sala para exames teóricos. As autarquias estão cá para fazer parcerias e para o governo nos delegar competências, mas depois não temos capacidade para dar resposta, por causa dos cortes dos orçamentos e de leis completamente desadequadas da realidade” .

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OPINIÃO

POLITIZADOS OU PARTIDARIZADOS? PAULO CUNHA

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ecordo-me, embora fosse um miúdo, de nos primeiros anos após o 25 de abril ser lecionada a disciplina de «Introdução à Política» no ensino oficial, tendo posteriormente, e a exemplo do «Serviço Cívico», sido abolida do sistema educativo. Era a altura de despolitizar as escolas e deixar a política para quem dela iria viver. Foram tempos em que a Democracia dava os primeiros passos e onde muitos jovens que hoje são políticos profissionais e/ou estadistas reconheciam na teoria e na prática a política como melhor forma de garantir a defesa dos direitos dos cidadãos. Foram tempos onde o tempo para subterfúgios, jogos de bastidores, maquinações e inverdades era mais escasso do que hoje. Mal ou bem a democracia acontecia e crescia. Anos que marcaram uma geração que, como eu, cresceu e fez as suas opções políticas. Muitas delas estiveram na génese e no crescimento regional e nacional das estruturas partidárias que hoje assumimos como referências democráticas. Gente que com a política partidária nada quis embora mantenha uma consciência cívica apurada e participativa; gente que nos partidos se apoiou e cresceu social e profissionalmente; gente que se iludiu, desiludiu e desistiu; gente que permaneceu convicto e militante e gente que muitas «casacas» vestiu. No seguimento da aprovação da Lei de Bases em 1986 tentou-se colocar a Educação Cívica como objetivo central da Educação através da criação de disciplinas como «Desenvolvimento Pessoal e Social» e «Área-Escola». Com a queda do muro de Berlim, a partir de 1990 vigorou o sistema a que os seus mentores apelidaram de

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«Educação para a Cidadania Democrática», assente cada vez mais no investimento na «Educação para os Media». Hoje é o que se sabe… O filósofo Padre Manuel Antunes, em 1979, dizia: “Para bem e para mal, Portugal é hoje uma sociedade politizada. Só assim poderemos retomar a história do nosso país, só assim será possível a reinvenção de Portugal por Portugal, a recriação de Portugal por Portugal, através da democracia como espaço da liberdade e da comunidade, da subjetividade e da legalidade, da consensualidade e da soberania popular”. Escreveria ele hoje o mesmo, em 2015? Penso que não! Sinto nas novas gerações com que contacto um grande desinteresse e demissão cívica e política pela condução dos destinos da nação. Politizado? Não… partidarizado! Portugal está hoje nas mãos de partidocratas que, tendo feito a sua «Introdução à Política» nas sedes e universidades de verão dos seus partidos, constituem muletas de interesses muito pouco nacionais. Quatro décadas desperdiçadas no que à consciencialização e sensibilização cívica e política dos portugueses concerne. Os resultados estão à vista: a abstenção, o cansaço, a negação e o desinteresse aumentam a olhos vistos. Perguntam-me o que fazer e eu respondo: “Fazer o que ainda não foi feito… Ensinar nos locais próprios que a Politica não é algo mau. Maus são todos aqueles que dela se aproveitam, dando-lhe uma fama que não merece!” . 16


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ENTREVISTA

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José Júlio de Brito partiu em busca de si próprio e descobriu

O PEREGRINO ALGARVIO De regresso aos trabalhos sobre viagens, desta feita contamos a história de um viajante diferente, de longas caminhadas a pé motivadas pela fé, da mudança de filosofia de vida de José Júlio de Brito, um engenheiro civil que vivia praticamente para o trabalho e que decidiu que era a altura de concretizar alguns dos seus sonhos e metas antes que fosse tarde demais. Assim surgiu o Peregrino Algarvio, um homem com dezenas de milhares de quilómetros nas pernas e que serve de inspiração para muitos outros, para os da sua geração e para os mais novos, relatando as suas aventuras e desafios em tertúlias, seminários e workshops por esse Portugal fora. E nós também nos sentimos inspirados pela tranquilidade e motivação que transmite com as suas conversas informais e, qualquer dia, aceitamos o desafio de participar numa das «pequenas» caminhadas que organiza com os amigos aos fins-de-semana. Texto: Daniel Pina 19

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osé Júlio de Brito é um homem igual a tantos outros, 39 anos, natural de Vila Real de Santo António, engenheiro civil de formação, coordenador de espaços públicos de profissão. Melhor dizendo, era um homem igual a tantos outros até 2010, altura em que olhou com mais atenção para a sua vida, para as suas rotinas diárias, para o pouco tempo que dedicava aos seus sonhos, à sua vida pessoal, aos amigos e família. Foi uma das tais epifanias, que normalmente acontecem quando desaparece alguém das nossas vidas, ou quando a saúde nos prega um valente susto. Neste caso, felizmente, ela surgiu da compreensão de que a vida não se podia resumir ao corre-corre normal das sociedades modernas e assim nasceu o Peregrino Algarvio. A designação não foi escolhida pelo próprio José Júlio de Brito, ele simplesmente meteu uma mochila às costas e decidiu ir até Fátima a pé, depois seguiu-se outra peregrinação, e mais outra, a Fátima e a Santiago de Compostela, por trajetos diferentes, em comunhão com a natureza, a conversar com quem consigo se

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cruzava, e dos relatos das suas longas travessias surgiu o nome de «Peregrino Algarvio». Em 2010, conforme referido, abalou de Vila Real de Santo António em direção ao Santuário de Fátima, no ano seguinte fez o Caminho Francês de Santiago desde Saint Jean Pied de Port, atravessando os Pirenéus, Santiago de Compostela e Finisterra. Em 2012 realizou uma travessia de Portugal pelo interior, desde Vila Real de Santo António até Chaves e, em 2013, fez o mesmo percurso mas até Santiago de Compostela, para além de um outro, mais «reduzido», desde Vila Real de Santo António até ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Loulé e ao Castelo de Silves. 2014 foi ano de nova travessia de Portugal, desta vez pela costa, desde Vila Real de Santo António até Santiago de Compostela e este ano já fez o Caminho do Norte e Primitivo de Santiago, iniciado em Irún, na fronteira com França. Recuando cinco anos no tempo, José Júlio de Brito reforça que o seu quotidiano era trabalhar, trabalhar e trabalhar e que, de vez em quando, fazia um intervalo para viver, uma rotina que 20


quis mudar consciente de tudo o que lhe estava a passar ao lado. “Há coisas que dizemos que gostávamos de fazer, de sítios onde gostávamos de ir, depois, chegamos a uma altura da nossa vida em que o discurso passa a ser ‘há tanta coisa que gostava de ter feito e que não fiz, tantos sítios onde gostava de ter ido e nunca fui’. Antes que chegasse a esse ponto, fiz um parenteses, mudei de filosofia e, hoje, vivo a vida e faço um intervalo de oito horas diárias para trabalhar”, descreve de forma simples, acrescentando que, chegado à fase de trintão, já tinha alcançado grande parte das metas que tinha definido anteriormente. “Num ápice, a minha vida roda e deixo de ter tudo aquilo que tinha e achei que estava na altura de procurar e tentar encontrar-me a mim próprio. Sempre fui uma pessoa muito alegre e sociável e não me estava a reconhecer. Por isso, coloquei uma mochila nas costas, peguei na minha fé e fui à minha procura”. O primeiro desafio foi então rumar a Fátima, sem nenhuma promessa por detrás, o único

objetivo era chegar ao destino e, pelo caminho, encontrar o seu «eu» e confrontar-se com as limitações que tinha imposto, de forma inconsciente, a si próprio. “Na vida não existem limites, apenas os mentais que colocamos a nós mesmos, e queria superá-los. Foram 10 dias, 470 quilómetros, em que passei por momentos bastante desagradáveis, uns dias com muita chuva, noutros, um calor tremendo, tentaram assaltar-me, ia completamente sozinho. Foi a minha primeira experiência em caminhadas, sem qualquer preparação física, foi bastante doloroso mas cheguei ao fim e descobri um novo modo de vida, que pratico sempre que tenho férias”, refere José Júlio de Brito. Férias bem diferentes daquelas que os algarvios, e os portugueses, de uma forma geral, estão habituados a desfrutar e onde os dias do vila-realense nunca são iguais. “Há momentos em que caminho 14 horas sozinho, por exemplo, quando atravesso o Alentejo, onde não se encontra nada, noutras situações, socializo com as pessoas. Normalmente faço os

José Júlio de Brito: “Num ápice, a minha vida roda e deixo de ter tudo aquilo que tinha e achei que estava na altura de procurar e tentar encontrar-me a mim próprio. Sempre fui uma pessoa muito alegre e sociável e não me estava a reconhecer. Por isso, coloquei uma mochila nas costas, peguei na minha fé e fui à minha procura”.

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noites mal dormidas, duches de água fria, mas a tudo isso o Peregrino Algarvio resistiu nas primeiras caminhadas e tudo se tornou mais fácil à medida que a experiência ia aumentando. “De Mértola a Beja são 60 e tal quilómetros em que não se encontra nada pelo caminho, andei praticamente 15 horas seguidas, temperaturas perto dos 50 graus, sem comida, porque apodreceu toda na José Júlio de Brito com um grupo de peregrinos a caminho de Santiago de Compostela mochila, a água ferveu duas vezes no cantil. Foi uma etapa muito dura percursos da parte da manhã, depois paro para mas continuei em frente, sem saber se o dia almoçar e fico nesse local para conhecer o que seguinte seria melhor ou pior, mas já lá vão existe ao redor, a cultura, as tradições. Quando cinco anos desde a primeira peregrinação”, se anda na estrada dão-se os períodos de recorda. reflexão, de estar sozinho, de ter os sentimentos abertos e os sentidos atentos a tudo, de contatar com a natureza, comigo e Ora, como José Júlio de Brito é adepto de com Deus”, indica, confessando que nunca longas travessias, que normalmente lhe ocupam programa com exatidão os trajetos e os quase os 30 dias de férias a que tem direito, não percursos diários. “Vou completamente à tem outro remédio senão regressar a casa de deriva, tento encontrar sítio para pernoitar nos transportes públicos, seja de autocarro ou de quartéis dos bombeiros ou nas casas comboio. Curiosamente, garante que essas são paroquiais, sempre consciente de que algum dia as horas mais difíceis de todo o trajeto. “Depois poderei ter que ficar a dormir ao relento. Em de 30 dias a caminhar, vir três, quatro, cinco ou Espanha há mais facilidade porque existem mais horas sentado num banco, é uma quebra albergues já preparados para acolher tremenda de ritmo. No entanto, não tenho peregrinos”. alternativa, as férias não esticam”, explica, respondendo que encontrar outros peregrinos pelo caminho depende sempre da época do ano e dos percursos que escolhe. “Na primeira ida a Fátima sai no dia 2 de maio de Vila Real de Santo António, cheguei lá no dia 11 e encontrei Travessias e peregrinações à moda antiga, sem vários grupos organizados de peregrinos. Nas travessias até Santiago de Compostela foi os confortos dos tempos modernos, mas José Júlio de Brito nunca desistiu, nunca parou a meio diferente – numa vez foram 19 dias até Chaves, na outra foram 22 dias até Caminha – sem e voltou para casa. Nos primeiros dias sofre-se encontrar absolutamente ninguém a caminhar. por adaptação ao peso da mochila, ao calçado, Em Espanha há mais praticantes, ao trabalho muscular, ao esforço, às condições principalmente no Caminho Francês, que é mais climatéricas, sobretudo, à parte psicológica. No mediático. Este ano fiz 900 quilómetros desde o fim, o sofrimento é outro, é o acumular dos sul de França até Santiago e encontrei várias quilómetros nas pernas, um cansaço tremendo,

Portugueses com pouca tradição nas peregrinações

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pessoas de diferentes nacionalidades, umas sozinhas, outras em grupo, cada uma com os seus motivos e crenças. Em Portugal, isso só se verifica nos períodos onde há peregrinações organizadas a Fátima”, constata o entrevistado.

física já tenho, a psicológica vai-se ganhando. Nas primeiras etapas até consigo cumprir mais ou menos o plano, depois, é conforme o andamento e o que encontro pelo caminho”, admite, com um sorriso.

José Júlio de Brito: “As pessoas mais velhas acabam por dedicar-se às caminhadas à noite ou aos domingos de manhã, independentemente de estarem reformadas ou não. Para os mais novos há sempre um pretexto para faltarem. Se for às oito da manhã é muito cedo, às 10 horas já é demasiado tarde, no Inverno é porque está frio, no Verão é por causa do calor”.

E embora a rotina na estrada não se tenha alterado muito nestes cinco anos, a experiência acumulada trouxe benefícios noutros aspetos fundamentais, desde o simples preparar da mochila. “Na primeira vez levava coisas que não precisei para nada e faltavam-me coisas das quais iria necessitar. Agora, está tudo calibrado, levo uma mochila entre 13 a 15 quilos apenas com o que é absolutamente fundamental”, sublinha, daí dizer que as peregrinações funcionam como uma metáfora da vida. “Temos que superar dificuldades todos os dias, carregamos coisas que não são úteis, que só nos causam peso e das quais nos temos que libertar para concretizar os nossos objetivos. De resto, continuo a ir à aventura e sozinho, a preparação

Um gostinho pela aventura e por vencer os desafios que impõe a si mesmo que já o colocaram em alguns riscos, confirma José Júlio de Brito, desde tentativas de assaltos a ataques de animais e pequenos ferimentos. “Uma vez, às cinco e tal da manhã, vi-me rodeado de cães selvagens e com uma mochila de 15 quilos às costas não dá para fugir para muito lado. Enfrentei-os olhos nos olhos, fui-me afastando aos poucos e tive sorte, mas podia ter corrido mal”, reconhece, adiantando ainda que não é muito adepto de geringonças e de novas tecnologias que possam facilitar os percursos, ou seja, nada de usar o GPS do telemóvel ou de ir a ouvir música pelo caminho. “Gosto de ouvir a natureza e há zonas do bosque onde a 23

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musicalidade dos pássaros é algo fantástico, não se consegue explicar por palavras. Aliás, já gravei o som e não é a mesma coisa. A música distrai-nos e a minha ideia, quando vou em peregrinação, é absorver o máximo do que está à minha volta. Também sei que o meu telemóvel está preparado para isso, mas nunca instalei nenhum programa de GPS, vou de mapa e bússola nas mãos à laia de escoteiro”.

A pé até Jerusalém é um sonho para concretizar Cinco anos, seis longas peregrinações, umas rumo a Fátima, outras a Santiago de Compostela, sempre por percursos diferentes e limitado pelo tempo, daí que, este ano, tenha ido de comboio até ao sul de França para depois fazer o Caminho Francês desde Saint Jean Pied de Port até Santiago. O tempo é, de facto, o que o impede, para já, de partir para projetos «gigantescos» que tem em mente, mas também aproveita os finsde-semana prolongados para realizar percursos com grupos de amigos, nomeadamente ao longo da Via Algarviana. “As marchas estão na moda e as pessoas apercebem-se que proporcionam uma qualidade de vida diferente do que chegar a casa do trabalho e não fazer mais nada. É um mito porque, a caminhar, uma pessoa não se cansa, antes pelo contrário, liberta-se do cansaço que tem”, garante José Júlio de Brito, que também é uma presença habitual nas provas de trail running que se disputam na Península Ibérica por serem uma excelente forma de se preparar fisicamente para as longas peregrinações. Um dos tais projetos «gigantescos» do Peregrino Algarvio é fazer quatro países, quatro santuários, isto é, sair de Vila Real de Santo António rumo a Fátima (Portugal), Santiago de Compostela (Espanha), Lourdes (França) e Roma (Itália), quatro mil quilómetros que, nas suas estimativas, demoraria quatro meses a percorrer a pé. Mas também os Caminhos de Assis, em Itália, estão em mente, para além da peregrinação de todas as peregrinações, a Jerusalém. “Claro que isso implica uma logística muito superior e teria que ser acompanhado,

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provavelmente, por alguma congregação ou instituição religiosa. Está em mente, mas sem data marcada”, assegura, evidenciando mais uma vez que as suas travessias são sempre com um elemento em comum – a fé. “Quero mostrar às pessoas que são capazes de vencer as barreiras que criam, que não há limites, e que o mundo é pequeno demais para ignorarmos os outros”. Se o tempo é uma condicionante, como já se frisou anteriormente, também há custos a ter em conta para se partir numa peregrinação, de maior ou menor dimensão, ainda que José Júlio de Brito nunca eleja hotéis para passar as noites, mas há despesas com alimentação e para fazer frente a um ou outro imprevisto que possa acontecer. “Uma peregrinação de quatro meses é difícil de conciliar com a atividade profissional, mas não impossível, pode-se pedir licença ou fazer um ano sabático. Nunca sabemos como estaremos a nível físico daqui a uns anos e, se pensar nesse objetivo em breve, tentarei criar todas as condições para o realizar”, salienta o coordenador de espaços públicos. Menos complicada de gerir será a questão familiar, pois não é casado nem tem filhos e os pais e a irmã gémea são fervorosos adeptos do seu modo de vida. “Conheço casais em que os dois gostam e fazem peregrinações em conjunto, às vezes até levam os filhos em caminhadas mais pequenas. Noutros casos, um dos cônjuges não tem capacidade física para acompanhar o outro, mas dá-lhe todo o apoio. Eu tenho, realmente, uma maior disponibilidade nesse sentido”, concorda. Quanto aos amigos, acredita que sentem admiração por aquilo que faz e alguns até reconhecem que também precisam mudar algo nas suas vidas. “Uns começam a ter mais atividade física e a pensar de maneira diferente. Nas tertúlias em que participo consigo transmitir às pessoas tranquilidade e força para ultrapassar as dificuldades do dia-a-dia, umas mais pesadas do que outras”. Apesar disso, José Júlio de Brito mostra-se preocupado com o modo de vida dos portugueses, que também já foi o seu, da rotina

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casa-trabalho-casa, com pouco tempo dedicado ao lazer, à comunhão com os outros, com a natureza, com a família, os amigos. “As pessoas mais velhas acabam por dedicar-se às caminhadas à noite ou aos domingos de manhã, independentemente de estarem reformadas ou não. Para os mais novos há sempre um pretexto para faltarem. Se for às oito da manhã é muito cedo, às 10 horas já é demasiado tarde, no Inverno é porque está frio, no Verão é por causa do calor”, lamenta o entrevistado, observando que, mesma nas escolas, os alunos aderem com pouca frequência às atividades físicas. “Há bastantes alternativas, os miúdos experimentam um mês em cada sítio, rodam tudo, chegam a casa e não lhes apetece fazer nada. Será muito complicado se os pais não incentivarem os filhos a praticarem alguma atividade e corremos o risco de, daqui a alguns anos, termos uma sociedade se calhar muito pior”, avisa, preocupado.

Para tentar ajudar a precaver essa realidade, José Júlio de Brito participa em diversos workshops, palestras e tertúlias para falar do seu exemplo, para demonstrar aos mais novos que existe um mundo para além dos telemóveis, tablets e consolas de jogos. “Eles ficam com uma vontade imensa de colocar uma mochila às costas e ir caminhar, por isso, era importante que houvesse uma continuidade desse trabalho motivacional, promovendo-se iniciativas aos fins-de-semana, passeios no meio da natureza”, defende o Peregrino Algarvio, que tem metas concretas para 2016, desde fazer os «Caminhos de Assis» e continuar a dinamizar os seus grupos de caminhadas à publicação de um livro que já está finalizado e à espera de uma editora que queira pegar nele. Por isso, não nos admiramos se voltarmos a conversar com José Júlio de Brito, porque histórias interessantes para contar não lhe faltam e muitas mais há de vivenciar nos próximos anos .

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ENTREVISTA

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“Cultura não pode ser encarada como uma ameaça”, defende

FERNANDO PESSANHA

Texto e Fotografia: Daniel Pina 27

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pesar dos seus 35 anos, Fernando Pessanha já tem no currículo uma série bastante interessante de livros, repartidos entre as áreas da história e da ficção, e encontra-se agora a promover o seu mais recente trabalho, a novela «A Devota e a Devassa». Antes disso, o vila-realense escreveu «A Cidade Islâmica de Faro», «Os 500 anos da Fundação de Arenilha», «Subsídios para a História do

Um jeito para as letras e para as histórias a que não deve ser estranha a licenciatura em Património Cultural e o Mestrado em História do Algarve pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, formação académica que o levou a trocar Vila Real de Santo António por Faro durante cerca de 15 anos, daí que uns digam que é vila-realense, outros, que é farense, explica Fernando Pessanha com um sorriso durante um café na Praça Marquês do

Baixo Guadiana e dos Algarves Daquém e Dalém-mar», no campo da história, bem como «Encontros Improváveis», «Hotel Anaidaug» e «O Pianista e a Cantora», na vertente da ficção. Junte-se a isto uma série de artigos publicados em Portugal, Espanha e Marrocos e percebe-se que a vida deste algarvio, que também é pianista e compositor, tem sido bastante prolífica em termos literários.

Pombal, na cidade que o viu nascer. “Foi um longo período vivido na capital enquanto estava no Conservatório de Música do Algarve e depois na Universidade do Algarve, mas cresci em Vila Real de Santo António e para aqui regressei há dois anos”, conta, revelando que já havia antecedentes artísticos na família, nomeadamente o avô, que foi diretor da Banda de Castro Marim e Vila Real de Santo António.

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Não causou espanto, por isso, a opção pela área de Humanidades quando atingiu o 10.º ano, porque sempre teve queda para as letras desde a escola primária. Concluído o ensino secundário, enveredou, porém, pela área da música e só quando estava no Conservatório a estudar História da Música é que se reacendeu a paixão pela História em si. Uma paixão que permanece bem acesa, de tal modo que está a tirar um Doutoramento em Património Histórico na vizinha Espanha. “A música, a literatura e a história sempre andaram de mãos dadas na minha vida. Infelizmente, percebi que a música não é uma fonte de rendimento sustentável, melhor dizendo, qualquer atividade artística não garante estabilidade quando desempenhada num regime de exclusividade, pelo que tenho trabalhado, nos últimos anos, no campo da História. Fiz investigação durante dois anos no Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António, mas há seis meses que estou desempregado”, indica o entrevistado, apreensivo. Curiosamente, a sua faceta de escritor de ficção tornou-se pública por acidente, numa altura em que se dedicava apenas à historiografia. Assim, por ocasião dos 1300 anos sobre o início do domínio islâmico no Algarve, produziu «A Cidade Islâmica de Faro» e foi depois convidado pelo editor para participar numa antologia de escritores algarvios. “Os «Encontros Improváveis» passaram de um conto para dois, três, até chegar aos seis, e vi que tinha ali um conteúdo muito interessante para ser publicado. Depois disso, entre literatura de ficção e história, já lá vão alguns 10 livros e «A Devota e a Devassa» é a minha quarta obra de ficção. Após os contos e o romance, foi a vez agora duma novela”, indica o autor, entendendo que a ficção serve para ensinar história de uma maneira mais lúdica. “A semana passada encontrei, num congresso internacional de história realizado em Ceuta, um grande académico português da Universidade Nova de Lisboa, o João Paulo Oliveira e Costa, uma das maiores figuras da

historiografia nacional, que nos últimos anos também tem andado a publicar obras de ficção. É uma maneira muito eficaz de conseguir ensinar história a um público mais abrangente e fora do universo estritamente académico”. Ajudas é que escasseiam em qualquer dos campos, confessa Fernando Pessanha, que prontamente as considera como «ideias altamente utópicas». “Em tempos de vacas magras, a primeira coisa a cortar é na cultura. Em períodos de vacas raquíticas, nem sequer fazemos contas a qualquer tipo de apoios, seja do poder local, regional ou central, de associações ou de organizações não-governamentais. Era bom que as entidades políticas olhassem para a cultura não como uma ameaça, mas como uma forma de fazer com que os cidadãos possam viver e votar em consciência”, desabafa, em tom de crítica, um tom que não mudaria tão depressa, face à opinião que tem do país real em que vivemos. “Os hábitos criam-se e cabe às entidades que estão instaladas no poder fazerem com que a cultura chegue às pessoas. Aliás, esse é um dos princípios basilares da Constituição da República Portuguesa, mas a Constituição está muito esquecida”.

Os «tachistas» orientam-se, os incómodos são afastados O desinvestimento progressivo na cultura em Portugal tem sido evidente e mesmo os mais desligados certamente se aperceberam do desaparecimento, há alguns anos, do Ministério da Cultura, que foi substituído por uma Secretaria de Estado, ao mesmo tempo que as Delegações Regionais de Cultura foram perdendo igualmente a sua capacidade de criar produtos e públicos culturais e de apoiar os agentes culturais. “Pior do que isso, há uma aposta numa subcultura que tem sido altamente valorizada, que é do futebol, do pimba e de tudo aquilo que não enriquece culturalmente as pessoas, que não as faz 29

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serem afastadas porque, como pensam, acabam por ser inconvenientes”, acusa, afirmando que esta realidade não traz nada de positivo ao bem-estar comum duma sociedade, seja ela qual for. “Uma sociedade para crescer tem que ter a sua identidade patrimonial e estarmos a derrubar a cultura, ou a impedir que ela chegue às pessoas, é o mesmo que estarmos a desmoronar os alicerces da civilização. É um erro crasso e Portugal já está a pagar por ele”.

raciocinar, nem pensar. Infelizmente, na sociedade portuguesa do século XXI ainda se encontram muitos resquícios e muitas reminiscências das políticas do Estado Novo”, aponta o historiador, sem papas na língua. Pragmático e sem receio de causar polémica, Fernando Pessanha garante que ser escritor, em Portugal, é «mau», uma «péssima condição». “O bom é enfiar-nos no partido A ou B e, independentemente da nossa falta de imaginação, de capacidade académica ou de inteligência, conseguirmos subir na vida através do designado «tachismo», dos «jobs for the boys». Isto é factual, contra isto não há qualquer tipo de argumentos, basta olharmos à nossa volta. Depois, vemos pessoas com imenso valor

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Esquecendo um pouco os livros, Fernando Pessanha lembra que os historiadores já tinham alertado para a possibilidade de eclodir uma grave crise económica internacional. “Os homens das letras das faculdades norteamericanas avisaram para a especulação imobiliária e para a produção massiva sem haver a certeza do seu escoamento. A história serve para se ter uma noção do que foi o passado, para conseguirmos compreender o presente e tirarmos ilações do que será o futuro e tudo isto já tinha acontecido aquando do crash na bolsa em 1929, mas os matemáticos e os economistas perguntaram logo o que é que os historiadores percebem destas coisas”, dispara o entrevistado, lamentando que, enquanto umas vozes incómodas são colocadas na prateleira, outras são silenciadas com cargos dentro do sistema. “É uma estratégia que realmente funciona com aqueles que são militantes de um partido em particular. Quem está pior são os cidadãos que não têm qualquer filiação partidária, como é o meu caso, ainda que seja um simpatizante assumido de esquerda. Com 35 anos, e não obstante o meu currículo académico e científico, encontro-me desempregado e, se tivesse enveredado por algum partido político, certamente que não estaria nesta situação”. Um discurso pessimista, embora não muito longe da realidade, mas que não convém ser transposto para os livros de ficção, sobretudo

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numa época em que o que vende são as histórias fantásticas dos vampiros e lobisomens, dos mágicos e das fadas, ou então as biografias sem ponta por onde pegar de futebolistas, atores de novelas, modelos ou cantores. Apesar disso, Fernando Pessanha quer acreditar que não está desempregado em função das coisas que publica e das suas opiniões pessoais. “Num Estado de direito é suposto os cidadãos terem a sua opinião e não haver qualquer tipo de censura, haver liberdade de expressão. Contudo, as classes que estão instaladas no poder raramente passaram à posteridade enquanto figuras culturais e os escritores sempre acabaram por ser censurados e mal vistos. Camões viveu e morreu na mais absoluta miséria. Fernão Mendes Pinto foi um autêntico herói pícaro e teve uma vida extremamente humilde. Camilo Castelo Branco redigiu parte da sua obra na prisão. Bocage e Camões também

estiveram presos. Por aqui se vê a perseguição que existe aos livrespensadores, àqueles que têm uma consciência algo utópica de quererem deixar a sua mensagem para melhorar a sociedade”, declara o entrevistado, quase como se estivesse a dar uma aula às novas gerações.

Os novos escritores multitarefas Face ao quadro bastante negro que Fernando Pessanha pinta do panorama nacional, perguntamos se não teria sido mais fácil dedicar-se apenas às obras de historiografia que, à partida, são menos suscetíveis de criar dores de cabeça, mas a resposta é que o problema não se limita a colocar a sua opinião em artigos ou livros, basta simplesmente partilhá-la em conversas

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de café ou ambientes mais formais. “Nas obras de ficção que tenho publicado não deixo transparecer muito a minha visão sociológica e política do mundo. A História acaba por ser uma influência preponderante para arranjar enredos e argumentos, mas «A Devota e a Devassa» é a minha primeira ficção de componente essencialmente histórica, acaba por ser uma crítica à sociedade portuguesa do século XVII”, analisa, acrescentando que nenhum autor consegue ficar indiferente ao que acontece em seu redor no quotidiano. “A inspiração é o mundo, a nossa constatação dos factos que estão à nossa volta”. Entretanto, ser escritor, hoje, é muito mais do que escrever e, depois de ter feito uma apresentação do livro em Vila Real de Santo António, no dia 16 de outubro, uma semana depois estava a repetir a dose, desta vez em Faro. “É um mercado editorial completamente diferente o que existe atualmente”, confirma Fernando Pessanha, que trabalhou vários anos como livreiro na Bertrand e na Europa-América. “Os escritores da atualidade têm que se desdobrar numa multiplicidade de diferentes atividades que vão desde a ajuda à edição à distribuição e promoção dos seus próprios produtos. No princípio dos anos 90, escrevíamos o material, enviávamos para as editoras, estas escolhiam os trabalhos que queriam publicar e tratavam de tudo, mas tudo isso mudou”, garante, admitindo que acaba por ser mais fácil vender livros nas diversas apresentações que os autores realizam em bibliotecas municipais, centros culturais ou escolas. “Ninguém em Portugal vive da literatura e nem os grandes escritores sobrevivem à conta dos direitos de autor. Vivem de serem cronistas ou bloguistas, já nem entro nos apresentadores ou comentadores de televisão. O escritor, hoje, tem que ser muito mais esforçado e investir bastante mais tempo na promoção e divulgação da sua obra do que acontecia há alguns anos”, reconhece.

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Assim sendo, não é fácil motivar os mais jovens para a cultura, tanto para a escrita como para outras formas de expressão, uma situação que é encarada como bastante assustadora pelo entrevistado. “Se estes jovens não adquirirem sentido crítico através da prática da leitura, vão tornar-se marionetas facilmente manipuláveis no futuro. Eu tento desmistificar a ideia do que é ser escritor, não somos figuras inalcançáveis que aparecem pontualmente nos órgãos de comunicação social, não somos seres inatingíveis. Somos pessoas de carne e osso que, muitas vezes, vivemos na casa ao lado de onde moram estes jovens”, descreve, sempre disponível para responder, de forma aberta, às questões dos mais novos. “O objetivo é motivá-los para a cultura e que se transformem em cidadãos melhores e mais conscientes, mas temo que uma parte considerável da sociedade opte pelo facilitismo e por ter uma vida mais folgada e confortável. No entanto, as entidades políticas têm retirado tanto ao povo que deviam ter medo do povo que eles próprios estão a criar, porque, quando não se tem nada a perder, as pessoas deixam de ter medo e começam a ser mais interventivas através das suas expressões artísticas”. Para terminar como se começou, ou seja, de volta dos livros de Fernando Pessanha, o vila-realense revela ter outros projetos na calha e, para além de «A Devota e a Devassa», acaba de ser publicado «7 Contos Ilustr.S», pela editora «Lua de Marfim», uma antologia de escritores portugueses da qual faz parte, a par de outros dois algarvios – Vítor Gil Cardeira, de Tavira e Fernando Esteves Pinto, de Olhão. Em novembro, vai participar nas Jornadas de História de Ayamonte com uma comunicação dedicada às fontes documentais sobre Ayamonte no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e tem também o projeto de um livro a propósito dos 500 anos do ataque português a Marraquexe, que irá dar origem à dissertação para o seu doutoramento .

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ATUALIDADE ANDY SULLIVAN VENCEU PORTUGAL MASTERS 2015

O Ministro da Economia, Pires de Lima, entrega o troféu ao vencedor do Portugal Masters , Andy Sullivan

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ndy Sullivan manteve a tradição de nove anos do Portugal Masters e foi o 9.º jogador diferente a conquistar o mais importante torneio português de golfe, que o European Tour organizou durante os últimos cinco dias no Oceânico Golf Course, em Vilamoura. Contudo, o inglês de 28 anos fez questão de demarcar-se dos seus antecessores e de entrar para a história do evento do Turismo de Portugal, de dois milhões de euros em prémios monetários, ao alcançar alguns recordes. Com um total de 261 pancadas, 23 abaixo do Par, depois de voltas em 64, 64, 67 e 66, não bateu o melhor resultado de sempre na prova que continua a pertencer ao primeiro campeão,

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o seu compatriota Steve Webster, que atingiu as 25 abaixo do Par em 2007. No entanto, Sullivan deixou o vice-campeão, o também inglês Chris Wood (que este ano ganhou o Lyoness Open, na Áustria), a nove pancadas, a maior vantagem de um vencedor em Vilamoura, ao mesmo tempo que tornou-se no primeiro jogador a liderar o torneio do início ao fim (wire-to-wire), encabeçando o leaderboard em todas as voltas. O seu registo estatístico de 26 birdies e apenas três bogeys foi deveras impressionante e também aqui fixou um novo recorde, ao ser o campeão do Portugal Masters que menos pancadas perdeu em quatro voltas, superando os quatro bogeys do inglês Tom Lewis em 2011.

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Ricardo Melo Gouveia foi o melhor português

A vitória alcançada no dia 18 de outubro elevou Andy Sullivan ao top-50 do ranking mundial, ao 15.º lugar da Corrida para o Dubai do European Tour e ao 6.º do ranking europeu da Ryder Cup. Por outras palavras, vai entrar diretamente nos mais importantes torneios do Mundo, incluindo Majors. Na cerimónia de entrega de prémios, depois de receber o cheque de 333 mil e 330 euros (o maior da sua carreira), Sullivan agradeceu aos patrocinadores em geral e ao Turismo de Portugal em particular, elogiando “o esforço de Portugal em montar um torneio deste nível, quando são conhecidas as dificuldades que o país atravessa”. Antes, já António Pires de Lima se tinha antecipado a esta questão. No seu discurso bilingue, que agradou aos milhares de estrangeiros presentes (26 mil e 652 espectadores em cinco dias de prova), o ministro da Economia disse que “independentemente do Governo que Portugal vier a ter em poucas semanas, não há razão nenhuma para que um evento tão importante para o país não tenha um acordo plurianual com o European Tour”. Já na véspera, em entrevista à SportTV, David Williams, o presidente do Conselho de Administração do European Tour, tinha garantido que “em 2016 iremos celebrar os dez anos de Portugal Masters”, confirmando que o Turismo de Portugal irá manter o apoio.

Em nove anos de Portugal Masters, só por uma vez não houve portugueses a passarem o cut e este ano foram dois. Ricardo Melo Gouveia confirmou em Vilamoura que é o melhor golfista luso da atualidade. «Melinho» poderá não ter ganho o título com que sonha e também não foi desta que um português ficou no top-10, mas como o próprio algarvio de 24 anos sublinhou, o 31.º lugar empatado que alcançou tem boas consequências, muito para além do prémio 15 mil e 800 euros. “Esta classificação é muito boa porque, penso, os 35 primeiros contam para o ranking mundial e para o ranking olímpico e ainda não estou apurado (para os Jogos do Rio). Na última vez que olhei para a classificação estava em 39 e vão (aos Jogos Olímpicos) os primeiros 60”, disse o n.º2 do ranking do Challenge Tour, que totalizou 279 pancadas, cinco abaixo do Par, com voltas de 71, 68, 72 e 68. O seu final de prova foi emocionante, com dois birdies a fechar nos seus dois últimos buracos (8 e 9). Quanto ao triplo campeão nacional amador, Tomás Silva, acabou por viver o seu pior dia no torneio, em 75 pancadas (+4), mas, mesmo assim, concluiu no 68.º lugar, com 287 (71+68+73+75), as mesmas três acima do Par do irlandês Paul Dunne, que este ano surpreendeu toda a gente ao liderar o British Open na entrada para a última volta .

Tomás da Silva foi a grande surpresa do torneio 35

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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA REDUZ TAXAS PARA AJUDAR MUNÍCIPES, FAMÍLIAS E EMPRESAS municipal no IRS dos sujeitos passivos com domicílio fiscal no concelho de Albufeira, que estava fixada nos 5 por cento. A autarquia elimina ainda a Taxa Municipal de Direitos de Passagem (TMDP), imposto aplicado a empresas que oferecem redes e serviços de comunicações eletrónicas, aliviando, desta forma, a fatura de comunicações dos munícipes de Albufeira.

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Câmara de Albufeira aprovou reduzir um conjunto de taxas municipais para o ano de 2016, no seguimento do esforço realizado ao nível da gestão municipal. O pagamento das dívidas, encargos financeiros e do PAEL permitiu agora que o Município ficasse livre dos constrangimentos financeiros legais e, assim, pudesse aliviar a carga fiscal sobre os munícipes. Recorde-se que a Autarquia procedeu à amortização da totalidade do PAEL, em 2014, no valor de 16 milhões, 396 mil e 069,33 euros, sendo de destacar que, segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, Albufeira ocupa o primeiro lugar do ranking global de eficiência financeira dos 25 Melhores Municípios de Média Dimensão, em 2014. Assim, o Município deliberou baixar o valor da Derrama (imposto do lucro tributável sujeito e não isento de IRC) para empresas com um volume anual de faturação inferior a 150 mil euros, fixando-o, no próximo ano, em zero por cento, contra os 1,5 por cento em vigor este ano, taxa que se mantém para as empresas com um volume de negócios superior aos 150 mil euros. Foi também aprovada a isenção da participação

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No que diz respeito ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), foi definida uma taxa de 0,35 por cento a aplicar aos prédios urbanos, o que constitui uma redução de 0,15 por cento em relação ao ano transato. O executivo teve ainda em conta o número de dependentes que compõem o agregado familiar, diminuindo as taxas de IMI em 10, 15 e 20 por cento para casais com, respetivamente, 1, 2, 3 ou mais filhos. “A redução dos impostos municipais só foi possível devido, fundamentalmente, a duas vertentes: ao esforço a que estiveram sujeitos os munícipes e à boa gestão municipal, que respeitou na íntegra esse esforço de todos os albufeirenses”, explicou Carlos Silva e Sousa, adiantando que a conjuntura económica nacional e internacional obrigou o Município a tomar medidas difíceis para todos. “Agora que encontrámos o equilíbrio financeiro não fazia sentido continuarmos a exigir sacrifícios aos nossos munícipes. É tempo das famílias terem fôlego financeiro, é tempo das PME sentirem que a Autarquia está a fazer os possíveis para ajudar na sua recuperação económica, criando condições favoráveis para a atração de investimento privado no concelho e, sobretudo, é tempo para continuarmos a trabalhar em prol dos albufeirenses", defende o presidente da Câmara de Albufeira, para quem as medidas tomadas “implicam uma rigorosa gestão municipal dos recursos financeiros disponíveis” .

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LAGOA PRESTOU HOMENAGEM AOS DOCENTES E FUNCIONÁRIOS

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om a presença de cerca de 500 pessoas, teve lugar, no dia 15 de outubro, no Centro de Congressos do Arade, no Parchal, a Gala da Educação 2015, com a qual a Câmara Municipal de Lagoa acolheu a comunidade educativa do concelho, professores, funcionários e técnicos, homenageando também os que se reformaram ao longo do último ano letivo e que deram o seu contributo para a educação e desenvolvimento integral das crianças e jovens que estudaram no concelho. Neste evento de partilha e convívio – em que foi anfitrião o Presidente da Câmara Municipal, Francisco Martins, acompanhado pelo Vereador da Educação Luís Encarnação e restantes membros do Executivo, o Presidente da Assembleia Municipal, Águas da Cruz, o Delegado Regional Educação, Francisco Marques, os Diretores das Escolas do concelho, Ana Cristina Martins (Agrupamento de Escolas Rio Arade), José Eduardo Luís (Agrupamento ESPAMOL) e Francisco Claro (Nobel International School Algarve) – estiveram envolvidos os dois Agrupamentos de Escolas do Concelho, a Nobel International School Algarve, Instituições Particulares de Solidariedade Social e Associações de Pais, bem como outras entidades e serviços do Município que atuam na área da educação.

viagem pelo último ano letivo, antecedeu a Mensagem de boas vindas do Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, que falou da dificuldade de ser professor. “Uma profissão de andar com a casa às costas, a que o Concelho de Lagoa responde com o bom acolhimento habitual da sua gente a quem chega de novo e incentiva aqueles que, por força maior, nos deixam a que sejam os embaixadores de um Concelho que lhes ficará grato pelo contributo com que marcaram positivamente as nossas gerações de alunos”, frisou o edil. Seguiu-se a habitual Homenagem ao pessoal docente e não-docente que se reformou no último ano letivo: Balbina Maria Cunha Correia Guerreiro, assistente operacional com a categoria de cozinheira do Refeitório da Escola Básica da Mexilhoeira da Carregação; Maria da Graça Santos Pereira, assistente operacional com funções na cozinha afeta ao Agrupamento de Escolas Rio Arade; Graciete Aida Campos Vaz Pereira Sá Cid, professora na Escola Internacional do Algarve, onde lecionou a disciplina de inglês ao longo de 33 anos. Isabel Maria Rocha Dinis Frade Beirão, professora de educação visual e tecnológica, iniciou as suas funções em 1976 na Escola Preparatória de Lagoa, onde se manteve durante quatro anos letivos. A Gala terminou com um espetáculo musical .

Depois da receção aos convidados, com oferta de copo promocional do «Lagoa Wine Show», que decorrerá de 22 a 24 de abril de 2016, seguida de cocktail de boas vindas, servido pelos alunos do Curso vocacional do secundário – Restaurante e Bar, houve um apontamento musical a cargo da Academia de Música de Lagos, com alunos do Agrupamento ESPAMOL e Conservatório de Música de Lagoa. Foi projetado um filme promocional do concelho de Lagoa, a que se seguiu o jantar, acompanhado por música ambiente e passagem de vídeos sobre o concelho. Um vídeo alusivo à educação, com uma

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APROVADO ORÇAMENTO E GRANDES OPÇÕES DO PLANO DE LAGOS PARA 2016 a nossa situação financeira e têm-nos recolocado no rumo certo”, afirma a Presidente da autarquia, Maria Joaquina Matos.

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Câmara Municipal de Lagos aprovou, na sua Reunião de Câmara de 21 de outubro, a proposta de Orçamento e as Grandes Opções do Plano (GOP) para 2016, que definem as linhas de desenvolvimento estratégico, no valor global de 46 milhões, 51 mil e 185 euros. De acordo com o documento agora aprovado, que inclui o Plano Plurianual de Investimentos (PPI) e as atividades mais relevantes da gestão autárquica, a área social e a gestão com rigor, transparência e consolidação dos recursos da autarquia, são consideradas pelo novo executivo municipal como as vertentes prioritárias de ação para o próximo ano. Este instrumento de planeamento reflete o enquadramento legal setorial, designadamente, a Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso, o Programa de Apoio à Economia Local, nomeadamente das medidas incluídas no PAF – Plano de Ajustamento Financeiro - e o Novo Regime Jurídico da Atividade Empresarial Local. Recorde-se que o propósito deste executivo municipal para 2015 foi uma política que assegurasse a sustentabilidade, qualidade e solidariedade no município de Lagos. “A consolidação desta política é o nosso desígnio para 2016. Os desafios são permanentes e as incertezas continuam a ser muitas, contudo, o rigor e responsabilidade com que olhamos para as batalhas do dia-a-dia têm-nos permitido equilibrar

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No que diz respeito às principais iniciativas e apostas para o próximo ano, foram elencadas algumas como a implementação da 2ª edição do Orçamento Participativo; a melhoria das vias de comunicação (quer dentro da cidade, quer na sua envolvente, quer nas freguesias) e a afirmação da identidade de Lagos enquanto cidade de riqueza histórica e patrimonial. Também a requalificação dos espaços públicos e do património terão especial atenção no próximo ano, sendo que neste ponto foram apontadas as ações no Centro Cultural de Lagos, que tem sido, e continuará a ser, alvo de intervenções estruturais e requalificações de espaços interiores “que em muito dignificarão este equipamento de referência e protagonismo na elevação cultural do nosso concelho”, considera a edil, e o Edifício do Mercado dos Escravos, que tem, igualmente, sido alvo de requalificação estrutural e de conteúdos, perspetivando-se a sua reabertura ao público no início de 2016. De acordo com o executivo, “pretende-se que Lagos afirme o seu posicionamento na rota dos Descobrimentos, quer a nível nacional, quer a nível internacional, de que foi pioneiros, criandose aqui um valioso nicho de mercado – o turismo histórico”. Este encontrará seguimento noutros espaços municipais nomeadamente, no Museu Municipal Dr. José Formosinho/ Igreja de Santo António, que também têm vindo a ser alvo de uma série de intervenções, ou mesmo a nova ala/ampliação do Museu, que encontrará lugar nas antigas instalações da Polícia de Segurança Pública e que, dedicada à Arqueologia, “promete, para além de uma maior dignificação das nossas ancestralidades, um novo olhar sobre esta vertente da nossa história”, é afirmado no documento. Também a requalificação do Parque Habitacional Municipal continuará a ser uma prioridade para este executivo, bem como o incentivo à educação e ao desporto . 40


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LOULÉ VAI SER CAPITAL MUNDIAL DE TRAMPOLINS

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Pavilhão Desportivo Municipal de Loulé recebe, de 29 a 31 de outubro, a 6ª edição da «Loulé World Cup», prova da Taça do Mundo em Trampolins. A competição é organizada pela Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé (APAGL) e pela Federação de Ginástica de Portugal, com o apoio da Câmara Municipal de Loulé e com o alto patrocínio da Federação Internacional de Ginástica. Paralelamente, nestes dias realiza-se a 10ª edição da Competição Internacional «Loulé Cup», nas modalidades de trampolim, duplo mini-trampolim e tumbling. Integradas nos eventos desportivos da «Loulé Capital Europeia do Desporto 2015», as provas contam com cerca de 550 ginastas de 30 países. Na competição «Loulé World Cup 2015» irão participar cerca de 150 ginastas de 26 países, entre os quais Portugal, Bélgica, Grã-Bretanha, Rússia, Itália, Espanha, Argélia, Japão, Canadá, Brasil, Egito, Dinamarca, Suécia, Grécia, Geórgia, Irlanda, Alemanha, Bielorússia, Austrália, Nova

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Zelândia, Azerbeijão, França, Suíça, Holanda, República Checa e Turquia. A «Loulé World Cup» é a última prova internacional que antecede o Campeonato Mundial de Trampolins a realizar no final do próximo mês de novembro, em Odense – Dinamarca. Nesse sentido, a cidade de Loulé recebe muitos dos melhores ginastas do mundo nas modalidades de trampolim e tumbling. A 10ª edição da competição internacional «Loulé Cup» vai permitir igualmente que os ginastas mais jovens possam participar numa competição de alto nível como preparação para os Campeonatos do Mundo por Idades que se realizará também em novembro, na cidade de Odense, Dinamarca. Participam na «Loulé Cup» cerca de 400 ginastas, de 20 países: Portugal, Espanha, Grã-Bretanha, França, EUA, Cazaquistão, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia, Argélia, Azerbeijão, Itália, Austrália, Rússia, Japão, Canadá, Grécia, Irlanda, Georgia .

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LOULÉ EM DESTAQUE NOS PRÉMIOS HUMANA Moçambique através de recursos obtidos a partir da gestão têxtil de roupa e calçado usados que recebe nos seus contentores distribuídos pelo país. A HUMANA Portugal tem a sua sede em Alcochete onde recolhe a maior quantidade de roupa e calçado usados e opera em mais três armazéns no país: Algarve, Coimbra e Porto. Conta com sete lojas de roupa em segunda mão, a baixo preço, seis em Lisboa e uma no Porto, prevendo-se que uma nova loja possa ser inaugurada em breve no Algarve.

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Câmara Municipal de Loulé recebeu o 1.º Prémio Nacional «Maior Quantidade de Kgs/Habitante 2014», atribuído pela Associação HUMANA Portugal, numa cerimónia que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, no dia 20 de outubro. O Município algarvio destacou-se no panorama nacional por ter sido aquele em que foi maior o número de quilos de roupa recolhida dos contentores da HUMANA existentes no Concelho, numa média por habitante, totalizando 123 mil quilos (2,32kgs/habitante), no ano de 2014. Também nos dois anos anteriores, a Câmara Municipal de Loulé recebeu este prémio. Esta distinção surge no âmbito do HUMANA Day 2015, evento que se realiza anualmente, e pelo terceiro ano consecutivo, dedicado à luta contra as alterações climáticas, sob o lema «Our Climate, Our Chalenge», e durante o qual a instituição procede à entrega de prémios de reconhecimento pela colaboração recebida. A HUMANA irá, assim, apoiar instituições de solidariedade social indicadas pela Divisão de Intervenção Social e de Voluntariado da Autarquia, através de parte da verba da venda das roupas recolhidas em território louletano. No Concelho de Loulé foi ainda distinguida a Inframoura, com o Prémio «Responsabilidade Sócio Ambiental 2014», pela forma como integrou a colocação dos contentores no seu meio ambiente. Já no contexto algarvio, as Câmaras de São Brás de Alportel e Portimão receberam o Prémio «Apoio Social», na vertente Famílias e Instituições, respetivamente. Recorde-se que a Associação HUMANA Portugal, instituição não-governamental para o desenvolvimento, sem fins lucrativos, em Portugal há 17 anos, promove ajuda humanitária e cooperação na Guiné-Bissau e em

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Atualmente, tem cerca de 1800 contentores instalados em Portugal; a recolha total nacional em 2014 situou-se acima das seis mil toneladas. No Algarve/Alentejo, atualmente estão instalados 312 contentores, sendo que em 2014, a recolha efetuada a partir do armazém do Algarve ascendeu as 500 toneladas. A roupa e calçado usado são recolhidos diariamente dos contentores, em dois turnos, e transportada para o Armazém (Av. Vilamoura XXI, Vilamoura - Quarteira) e colocada em big-bags de cerca de 180/200 kg, sendo posteriormente transportada para os Centros de Triagem em Espanha, localizados em Barcelona, Madrid, Granada e Saragoça. O vestuário recolhido, ao chegar a esses centros é orientado da seguinte forma: 12 por cento é classificado e enviado para as lojas de segunda mão da HUMANA (Lisboa e Porto), 48 por cento é enviado para África onde alimenta o comércio local a preços baixos, impulsionando a atividade económica e criando novos recursos de desenvolvimento; 32 por cento não se encontra em estado que permita a reutilização, pelo que é vendido à indústria de reciclagem têxtil; 8 por cento restante vai para centros de tratamento de resíduos, por não ser possível reutilizar ou reciclar. Uma parte dos fundos obtidos destina-se à sustentabilidade e funcionamento da HUMANA – equipamentos, recolha, transportes, salários, impostos, etc… e a contrapartidas locais a IPSS e outras instituições. Com a venda de roupa para a reciclagem, são financiados projetos de natureza Ambiental, Social, Cooperação e Sustentabilidade na Guiné-Bissau e em Moçambique, designadamente: manutenção e reflorestação da floresta, agricultura de natureza comunitária e de sustentabilidade, apoio social a famílias carenciadas e, sobretudo, crianças, manutenção da Língua Portuguesa com a formação de professores, e saúde (rastreios, vacinação, etc.). Em 2014, para África, mais concretamente, para estes dois países, o valor enviado pela HUMANA Portugal foi de 465 mil euros .

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CAVALA CONFECIONADA AO VIVO NOS MERCADOS DE OLHÃO ATRAI CURIOSOS manhã de sexta-feira, junto aos emblemáticos Mercados de Olhão, quem passou pelo local provou e aprovou as receitas ali efetuadas, ao vivo, de forma simples e com um resultado bastante agradável. Provouse que a cavala algarvia, um peixe de elevado valor nutricional e baixo preço, pode ser confecionada das mais diversas e saborosas formas.

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s Mercados de Olhão estiveram ainda mais animados do que habitualmente no dia 23 de outubro, com demonstrações de culinária no âmbito da Semana da Cavala, que decorre em vários concelhos do sotavento algarvio. Em Olhão, o Chef José Domingos, da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, ensinou a confecionar receitas de cavala de forma diferente.

Estas e outras receitas com cavala, que representa quase metade de todo o peixe desembarcado no Algarve, pode ser encontrado no site www.cavala.pt. Esta é uma iniciativa do Projeto Cavala Algarvia – Valorização de Recursos Pesqueiros, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve ao qual o Município de Olhão aderiu desde a primeira hora.

Cavala à Brás e filetes de cavala à lagareiro foram as duas sugestões que o Chef e os seus alunos trouxeram a Olhão, no âmbito da Semana da Cavala, que decorreu até dia 25 de outubro em vários restaurantes do concelho. Na

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CÂMARA DE PORTIMÃO VAI TRANSFERIR 276 MIL EUROS POR ANO PARA AS FREGUESIAS DO CONCELHO

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edil portimonense Isilda Gomes firmou, no dia 22 de outubro, com os Presidentes das Freguesias de Alvor e Mexilhoeira Grande, os acordos de execução para a concretização da delegação legal de competências do município de Portimão nas juntas de freguesia (refira-se que posteriormente será igualmente firmado com a Freguesia de Portimão, cujo processo se encontra em fase de discussão/aprovação na Assembleia de Freguesia). Na totalidade, a Câmara Municipal de Portimão vai transferir para as três freguesias de Portimão cerca de 276 mil euros/ano ao abrigo da Lei n.º 75/2013, que veio regulamentar a delegação de competências dos Municípios nas Freguesias, que desta forma passam a assumir novas competências que até à presente data eram da Câmara Municipal.

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Estes acordos, que têm a duração anual, sendo renovados automaticamente até ao fim do presente mandado, visam dotar as freguesias de autonomia financeira para assumirem as competências agora delegadas, de que são exemplo: a gestão e manutenção de espaços verdes, limpeza das vias e espaços públicos (fora da área urbana do concelho); realização de pequenas reparações nos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico, manutenção dos espaços envolventes dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico, e ainda gestão e a manutenção corrente de feiras e mercados, manutenção de mobiliário urbano no espaço público existente, excetuando as concessões (estas duas últimos competências não se aplicam à freguesia de Portimão). Refira-se que a autarquia não firmava com as freguesias do concelho acordos de colaboração, que envolvessem transferência de verbas, desde 2009, tendo estes acordos sido previamente aprovados em reuniões dos órgãos autárquicos, Câmara Municipal e Assembleia Municipal .

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MONTRAS DO BALCÃO ÚNICO MUNICIPAL PROMOVEM PRODUTOS TRADICIONAIS E MARCAS DE PORTIMÃO

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s montras do edifício onde funciona o Balcão Único Municipal irão promover alguns dos produtos tradicionais do Município e marcas que fazem parte do seu património, conferindo uma nova dinâmica àquele espaço expositivo e contribuindo para uma maior visibilidade das marcas de Portimão e produtos aqui produzidos. Assim, até finais de novembro, o mel e o medronho prometem chamar a atenção de quem passar pelo Balcão Único, localizado em plena Rua do Comércio, com a presença em montra de um dos grandes ícones no setor das bebidas espirituosas e criado por uma família de Portimão há mais de um século - o licor «Brandymel» e por outro, do mel produzido na freguesia da Mexilhoeira Grande e transformado por uma jovem empresa local «Cabeço da Eira», que aqui expõe os seus variados produtos à base não só de mel, como também de medronho. Em Dezembro, atendendo à quadra natalícia, as montras do Balcão Único irão dar visibilidade aos

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vários trabalhos de artes decorativas desenvolvidos pelos utentes das instituições de acolhimento sénior de Portimão sob o mote «Mãos de Natal». Presépios, árvores de natal, anjinhos, pais natais, coroas, arranjos da época e muitas outras peças alusivas ao Natal irão marcar a decoração das montras do Balcão Único como expressão da criatividade e da arte de cerca de 180 utentes de instituições sénior de Portimão. Em 2016, as montras do Balcão Único irão brindar o início do novo ano com os vinhos da Região Vitivinícola de Portimão, com a presença desde já confirmada dos três produtores locais: Quinta do Morgado da Torre; Quinta da Penina e Herdade dos Pimentéis. Este projeto de dinamização das montras do Balcão Único é uma iniciativa da Câmara Municipal de Portimão e conta com o apoio do curso de Design de Comunicação do ISMAT, que sob a coordenação da Prof. Daniela Brás irá envolver os alunos na ação de decoração destas vitrines . 50


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MUNICÍPIO E ESCOLAS DE VRSA ENSINAM UM MILHAR DE ALUNOS A NADAR tenham começado no pré-escolar), consolidando a aposta da autarquia no desporto escolar.

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Município de Vila Real de Santo António e os Agrupamentos de Escolas de VRSA e D. José I dão seguimento, no ano letivo 2015-2016, ao programa «1,2,3,4… Já sei nadar», iniciativa que tem como objetivo transmitir aos alunos do 1.º ciclo e pré-escolar noções básicas de natação, aumentando a sua confiança e segurança no meio aquático. O projeto é totalmente gratuito e abrange já 38 turmas e cerca de 700 alunos do primeiro ciclo.

As aulas decorrem em sistema rotativo e têm lugar de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h15, nas Piscinas Municipais de VRSA, sendo cada grupo acompanhado por um professor responsável, dois professores de educação física e auxiliares educativos. A aprendizagem é feita ao ritmo de cada criança, sendo efetuada uma avaliação inicial. Para possibilitar a adesão de todas as escolas ao projeto, a autarquia disponibiliza transporte gratuito entre as piscinas e os estabelecimentos de ensino. Além de ensinar os alunos a nadar de forma correta, diminuindo os riscos associados aos acidentes ocorridos em meio aquático, a iniciativa tem ainda como meta a promoção de estilos de vida mais saudáveis e o combate à obesidade infantil, áreas que já deram origem a programas específicos desenvolvidos pela Câmara Municipal de VRSA .

À semelhança da edição anterior, o programa «1,2,3,4… Já sei nadar» irá estender-se aos alunos do ensino pré-escolar (4 e 5 anos), proporcionando a primeira experiência dentro de água a 13 turmas e a mais de uma centena de alunos. No total, cerca de um milhar de crianças terá acesso à medida (durante seis anos consecutivos, caso

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