ALGARVE INFORMATIVO #36

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ESTRELAS DO DOWNHILL DERAM SHOW EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL CRIANÇAS APRENDEM A DEFENDER-SE DO BULLYING JÚLIO RESENDE LANÇA NOVO DISCO NO INÍCIO DE 2016

JOÃO VIEGAS É O CHEFE COZINHEIRO DO ANO ALGARVE INFORMATIVO #36 1


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SUMÁRIO 6 As prendinhas do Pai Natal Costa Daniel Pina

8 Downhill em São Brás Reportagem

18 EliteDP Defesa Pessoal

João Viegas 32

Reportagem

26 Natal todo o ano

EliteDP Defesa Pessoal 18

Paulo Cunha

28 Sabe onde e quando reúne a sua Assembleia Municipal? José Graça

30 Uma pequenina luz bruxuleante

Downhill em São Brás 8

Dália Paulo

32 João Viegas Entrevista

38 Júlio Resende Entrevista

44 Atualidade

Júlio Resende 38 Algarve Informativo #36 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Fotografia de capa: Daniel Pina Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930

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OPINIÃO

AS PRENDINHAS DO PAI NATAL COSTA !... DANIEL PINA Jornalista chegada a altura de comprar prendinhas para toda a gente, para a família, para os amigos mais chegados, para os «amigos secretos» nos jantares de empresa, para o taberneiro da esquina, para a dona Alzira da mercearia, para o Xico que está sempre a pedir moedinhas à porta dos CTT. E, já agora, comprar uma prendinha para nós mesmos, se o cartão de crédito esticar mais um bocadinho. Depois, é esperar para ver quem se lembrou de nós e, como é óbvio, há sempre aqueles episódios constrangedores de oferecermos algo a alguém e essa pessoa, meio envergonhada, dizer que não havia necessidade, que não era preciso, que não estava a contar receber nada nosso, tudo para desculpar o facto de não ter nada para nos dar. E nós lá respondemos para não se preocupar, que não estávamos à espera de receber algo em troca, que não há qualquer problema, o importante é dar uma prendinha aos miúdos, eles é que vibram intensamente com o Natal. Só que o espírito natalício já não é o que era, isto de dar pelo simples ato de dar é coisa dos nossos antepassados, portanto, «ai esqueceste-te? Para a próxima não levas nada».

É

Da minha parte, tenho andado mais interessado nas supostas prendas de Natal que o novo governo, liderado por António Costa, tem para nos oferecer, ainda que já não cheguem a tempo das festividades deste ano. E muito se tem falado, efetivamente, de algumas medidas que prometem, caso venham a ser realmente concretizadas, influenciar bastante a vida dos portugueses. Se há dinheiro ou folga no

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orçamento de estado para as cumprir ou não, até parece nem importar, o que interessa é fazer tudo ao contrário do que vinha sendo feito por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, caso contrário, o PS arrisca-se a que o BE e o PCP lhe puxem o tapete antes do tempo. Uma dessas promessas é o regresso em força do Simplex que, pelos vistos, tem andado de férias ou de licença prolongada. É das tais medidas que não coloca diretamente dinheiro nos bolsos dos portugueses mas, supostamente, devia agilizar muita da burocracia com que lidamos no dia-a-dia e, como se sabe, tempo é dinheiro. Mas, na verdade, apesar de todos os avanços tecnológicos e de o mundo estar todo ligado em rede através da internet, parece que continuamos na era dos recadinhos em folhas de papel e de andarem todos a atropelarem-se uns aos outros. Depois, há as prendas de arregalar os olhos. É a eliminação progressiva da sobretaxa de IRS, é o aumento do salário mínimo para 600 euros, é a reposição dos salários dos funcionários públicos, tudo medidas confirmadas pelo novo primeiroministro no primeiro dia do debate do programa de Governo. E lá começou Pedro Passos Coelho, agora a assistir ao espetáculo do outro lado da bancada, a rir à força toda, depois de já se ter fartado de rir nos últimos dias em que mandava no país. Ora, se ver deputados ao murro e à estalada nas sessões dos parlamentos de alguns países asiáticos não abona em nada a imagem dos políticos, também não me parece que esta postura de chacota e paródia seja muito correta. 6


Aliás, os social-democratas foram todos muito críticos quando o antigo Ministro da Economia do PS, Manuel Pinho, fez sinal de cornos para a bancada do PCP, e agora parece que estão a ver uma comédia nalguma sala de cinema, em vez de estarem a debater o futuro da nação. Voltando às promessas de António Costa, claro que agrada aos portugueses todas estas prendinhas de Natal, assim como a redução das tarifas dos transportes públicos e das taxas moderadoras na Saúde, a descida do IVA da restauração, a abolição das portagens na Via do Infante e noutras autoestradas, ou seja, deitar pela janela fora tudo o que são medidas de austeridade. O problema que vejo, e não sou economista nem especialista nestes assuntos, é que todas estas medidas implicam uma maior folga para os bolsos dos portugueses, mas também um valente corte das receitas públicas, e não se explica muito bem onde é que o governo socialista vai arranjar dinheiro para tudo isso. Claro que podem dizer que vão cortar nas gorduras do aparelho estatal, diminuir o défice

público, o blablabla do costume, mas já sabemos que isso é conversa fiada. Aliás, o governo de António Costa até é dos maiores dos últimos tempos, com ministros e secretários de estado que nunca mais acabam. Queixaram-se que, enquanto o governo de Pedro Passos Coelho estava em gestão, na corda-bamba, à espera de cair a qualquer momento, foram contratados uma série de novos funcionários públicos, que uma mão cheia de «boys» ganharam uns «jobs» novos, mas o PS até conseguiu colocar no elenco executivo uma família inteira. É caso para dizer «vira o disco e toca o mesmo». Também podem dizer que vão aproveitar melhor os fundos comunitários, concorrer a este ou aquele programa da União Europeia, mas essa teta já não tem quase leite nenhum para dar. E também não podem estar sempre à espera que o jackpot do Euromilhões saia em Portugal para ficarem com os tais 25 por cento do bolo. Portanto, só nos resta mesmo esperar para ver que prendinhas o Pai Natal Costa afinal nos vai oferecer e se, no fim da história, não nos dá também a fatura para as pagarmos .

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REPORTAGEM

SÃO BRÁS DE ALPORTEL RECEBEU FINAL DA TAÇA DO ALGARVE DE DOWNHILL As bicicletas voltaram a acelerar pela encosta abaixo na Fonte Férrea, em São Brás de Alportel, com a realização da última etapa da Taça do Algarve de Downhill. Uma pista construída de propósito para o evento e que comprovou, uma vez mais, que esta vila do interior algarvio é uma verdadeira Meca para os praticantes desta modalidade, dos mais novos até aos mais seniores, combinando na perfeição a prática desportiva com o contato próximo com a natureza. E 2016 promete trazer muitas novidades e surpresas. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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Parque da Fonte Férrea, em São Brás de Alportel, foi o destino de dezenas de praticantes de Downhill, nos dias 28 e 29 de novembro, para a disputa da última etapa da Taça do Algarve de 2015. A prova aconteceu numa pista criada especialmente para o efeito, com novos desafios para proporcionar emoções ainda mais frenéticas aos apaixonados dos desportos radicais. Organizada pela Associação X Dream Balsius, com o apoio da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Federação Portuguesa de Ciclismo, Motoclube Faro e MTB Algarve, a descida foi realizada em duas mangas e integrou pilotos das classes Promoção, Cadetes, Juniores, Masters 30, Masters 40, Masters 50, Masters 60 e Elite, com o atleta da MCF/Xdream/Município de São Brás, o júnior Silas Grandy, a ser o mais rápido, percorrendo o sinuoso e técnico percurso em apenas 1:20,232, batendo inclusive os tempos dos pilotos Elite. Na categoria Promoção, o pódio foi formado por Miguel Inácio, Pedro Luz e Ivo Calado; em Cadetes apenas Ryan Daniel Gabay concluiu a prova e, nos Masters 60 e Masters 50, os únicos concorrentes foram, respetivamente, Rui Manuel Ribeiro de Almeida e José Salgueiro (MCF/Xdream/Município de São Brás). Nos Masters 40 e 30, a luta foi bastante renhida, com o primeiro pódio a ser preenchido por João Eduardo Rosa Estêvão, José Miguel Carrusca Marques Conceição (MS Mad Team Racing Portugal) e César Carmona, e o segundo por Felício Cláudio Basílio Brás (Club ANA – Aeroporto de Faro), Carlos Augusto Rodrigues Pita e Luís Filipe Diogo Gonçalves

Classe Promoção: Pedro Luz (2.º), Miguel Inácio (1.º) e Ivo Calado (3.º)

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Classe Juniores: André Lourenço (2.º) e Silas Grandy (1.º), com o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro

Classe Masters 30: Carlos Rita (2.º), Felício Brás (1.º) e Luís Gonçalves (3.º)

(Club ANA – Aeroporto de Faro). Nos juniores, Silas Grandy (MCF/Xdream/Município de São Brás) levou a melhor sobre o colega de equipa André Lourenço e, em Elites, o trio da frente foi constituído por Rui Filipe Gomes Cabrita, Rui Barradas (MCF/Xdream/Município de São Brás) e Filipe Alexandre Martins Vicente. Por se tratar da última prova da Taça do Algarve de 2015, foram igualmente conhecidos os grandes vencedores de cada categoria. Assim, em Cadetes, Cláudio Ferreira (MS Mad Team Racing Portugal) foi o campeão e o vice-campeão foi Ryan Daniel 13

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Batarda (MCF/Xdream/Município de São Brás) e João Estêvão. Carlos Rita, Fábio Torres e Felício Brás foram os mais consistentes da época nos Masters 30 e, finalmente, em Elites, destacaramse Rui Cabrita, Rui Barradas e Guilherme Jesus, igualmente da MCF/Xdream/Município de São Brás. Após a entrega dos diversos troféus, Rui Cruz, da Associação X Dream Balsius, não escondia o regozijo pelo regresso em força Classe Masters 40: José Conceição (2.º), João Estêvão (1.º) e César Carmona (3.º) desta modalidade à região algarvia. “Temos todos feito um esforço Gabay. Nos juniores, as posições inverteram-se, enorme para revitalizar o downhill no Algarve, com André Lourenço a ser o melhor do ano e que estava um pouco adormecido, há clubes e Silas Grandy a ficar no segundo posto. Rui pilotos novos a aparecer e muitos miúdos a Manuel Ribeiro de Almeida foi o melhor em praticar e isso é o mais importante. Como Masters 60 e, em Masters 50, José Salgueiro foi somos a associação mais antiga em atividade, mais regular que Dinis Correia, também da fomos escolhidos para organizar este evento e é MCF/Xdream/Município de São Brás. Em gratificante ver tantos atletas inscritos”, frisou o Masters 40, os troféus da Taça do Algarve foram são-brasense, que também é praticante de para José Conceição, Francisco José Nunes downhill.

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São Brás que é, efetivamente, um dos destinos mais apreciados de Portugal para os amantes de downhill e sinal disso é que, no dia 5 de março de 2016, vai receber uma prova de categoria C2, a primeira da Europa com pontos UCI. “Vamos construir uma pista nova com o apoio da autarquia, mas temos a certeza que vai ser mais um grande sucesso e que trará ao concelho atletas de todo o mundo. O número 7 do ranking mundial está confirmado, estamos em negociações com a equipa oficial da Trek e, para nosso orgulho, alguns dos atletas do X Dream são habituais campeões nacionais e de gabarito internacional”.

O local eleito só podia ser a Fonte Férrea, um autêntico bikepark natural com 10 pistas, mas houve o cuidado de se abrir uma nova especialmente para a final da Taça do Algarve, para que todos os atletas partissem em iguais condições. “Havia vários atletas empatados na disputa da vitória em algumas categorias e quisemos dar-lhes a oportunidade de correrem numa pista inédita”, explicou Rui Cruz, um trabalho que envolveu cerca de 20 voluntários e uma máquina giratória de cinco toneladas. "Felizmente, temos muitas pessoas e patrocinadores a ajudarem-nos, depois, é uma questão de bastante suor e calos nas mãos”.

Classe Elite: Rui Barradas (2.º), Rui Cabrita (1.º) e Filipe Vicente (3.º) 15

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Foto de família dos campeões regionais: Silas Grandy, José Salgueiro, Carlos Rita, Rui de Almeida e João Estêvão

E satisfeito estava, também, Acácio Martins, vereador do Desporto da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, ao constatar mais uma vez o sucesso da aposta nos desportos radicais,

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nomeadamente os que envolvem as bicicletas. “Temos todas as condições para a prática do downhill e a Fonte Férrea é um ex-libris do nosso concelho e um espaço fora de série para esta modalidade. As famílias acompanham os atletas e passam aqui um dia rodeadas de natureza”, indicou, reconhecendo o mérito da Associação X Dream Blausius para o êxito alcançado nos últimos anos. “Tem valorizado o downhill e promovido o nosso concelho a nível nacional e internacional e o reflexo disso é que há muitas equipas a procurarem-nos para realizarem os seus estágios de preparação. São imensas pessoas que desfrutam da nossa gastronomia, ficam alojadas no concelho e praticam downhill nas diversas pistas da Fonte Férrea, no Cerro do Botelho e no Arimbo. É mais um exemplo de que, com muito esforço, empenho e a ajuda de voluntários se consegue trazer grandes projetos para São Brás de Alportel” .

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REPORTAGEM

EliteKIDS ajuda crianças a lidar com o Bullying O Bullying é um fenómeno sobejamente conhecido dos tempos modernos que afeta centenas de crianças no país mas de difícil combate, quer por não existirem receitas mágicas ou métodos cientificamente comprovados para o evitar, quer porque muitas pessoas ainda teimam em fechar os olhos e preferem ignorar o que se está a passar. Na EliteDP Associação de Defesa Pessoal do Algarve, Victor Cândido e Sérgio Mestre colocaram em marcha o projeto EliteKIDS, direcionado para crianças dos seis aos 12 anos, e o Algarve Informativo foi assistir ao estágio que teve lugar em Faro, no dia 5 de dezembro, para ver como estes alunos aprendem a lidar com situações de bullying no seu dia-a-dia. Texto e Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #36

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bullying é daquelas coisas que julgamos que só acontecem aos outros e quase que juramos a pés juntos que os nossos filhos estão imunes a esses fenómenos de intimidação física, verbal ou psicológica. Do mesmo modo, muitos professores ou diretores acreditam piamente que nas suas escolas não há bullying e se uma criança começa a faltar de forma sistemática ou exibe comportamentos menos habituais para a sua idade, de certeza que isso é motivado por problemas em casa, nunca no estabelecimento de ensino. Depois, acontecem os casos que ninguém deseja que aconteçam, ou que ninguém quer saber que sucedem nos locais que os filhos frequentam todos os dias. Às vezes, as consequências não são muito graves, os efeitos

não são permanentes. Noutras situações, infelizmente, só percebemos que algo de errado se está a passar quando é tarde demais e começa o jogo do apontar o dedo ao outro, de atirar a culpa para cima de terceiros. Lá diz o ditado, «mais vale prevenir do que remediar», por isso, Victor Cândido e Sérgio Mestre, da EliteDP Associação de Defesa Pessoal do Algarve, lançaram o EliteKIDS, um programa cujo intuito é incutir nas crianças uma maior confiança de modo a que possam, por elas próprias, analisar, enfrentar e superar os agressores sem violência. E como as técnicas lecionadas assentam na defesa pessoal e não no ataque, tornam-se contramedidas para lidar eficazmente com o bullying nas crianças entre os 6 e os 12 anos. Uma faixa etária escolhida com base em mais um ditado, «de pequenino é que se torce o pepino», por ser uma idade ideal para que as crianças se consiga adaptar melhor aos meios em que estão envolvidas e aos conflitos que acontecem de forma natural nos tempos modernos. E por muito que os pais tenham o instinto de proteger os seus filhos, a verdade é que não podem estar sempre ao seu lado, daí a importância de que os jovens aprendam a enfrentar o medo, a identificar situações potencialmente perigosas e a agir em conformidade perante elas. O enfoque, convém reforçar novamente, é dissuadir os agressores, prevenir os casos de violência, através de técnicas simples e eficazes de Defesa Pessoal, não se instigando os alunos a combater a violência com violência, o que só serve para piorar as situações. E quando isto é alcançado, quando o bullying é precavido, evitam-se igualmente problemas de baixa autoestima, de isolamento, de afastamento social. Foi com base nestas premissas que fomos até à Escola Neves Júnior, em Faro, no dia 5 de dezembro, para assistir a mais um estágio da EliteDP Associação de Defesa Pessoal do Algarve, um momento de convívio entre os

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Foto de família com treinadores e alunos

alunos dos polos de Olhão, Portimão, Faro e Loulé da EliteKIDS e também da entrega de cintos para quem subiu de categoria. Duas horas de muita atividade física e demonstração de técnicas, mas onde foi possível também compreender um pouco melhor a filosofia deste programa. E um dos pontos fulcrais é que as crianças têm que saber distinguir entre brincadeiras inofensivas e situações de assédio, físico, verbal, ou psicológico. Depois, há que criar a tal autoestima, a confiança de que conseguem lidar com esse problema, de que não são presas fáceis, mas também mentalizá-los de que a Defesa Pessoal é algo que exige responsabilidade, que deve ser usada apenas quando necessária e na proporção certa para cada cenário.

cinco e os nove anos de idade que se dá um grande desenvolvimento psicológico das crianças. Depois, a partir dos 10 anos, é a préadolescência, fase caracterizada por intensas mudanças físicas e psicológicas e durante a qual os jovens começam a dar uma importância acrescida aos amigos, em que passam a ter mais responsabilidade, em que exigem mais respeito de pessoas, sobretudo dos adultos. E muitos jovens sentem-se rejeitados pela sociedade por não se enquadrarem nos padrões ditos normais, por não terem esta altura ou aquele peso, por usarem óculos, por serem menos propensos a atividades físicas, por não gostarem desta ou daquela coisa, fatores que podem desencadear problemas psicológicos, tais como depressão ou anorexia.

Com este pressuposto em mente, o EkiteKIDS desenvolveu cinco regras de ouro para que as crianças nunca abusem do seu poder, mas também para que não hesitem em tomar uma posição quando abordadas por possíveis agressores. Regras que passam por: 1.º – Identificar e reconhecer a possibilidade de confronto e evitá-lo; 2.º - Em caso de agressão física, defender-se; 3.º - Se atacado verbalmente, seguir os três passos (conversar, contar, resolver); 4.º - Não usar violência, estabelecer o controlo e negociar; 5.º - Ao aplicar submissões, utilizar o mínimo de força e negociar.

A importância de diferenciar ficção da realidade

Regras que convém conhecer, compreender e aplicar desde novo, sabendo-se que é entre os

Situações que, de facto, não assistimos nesta manhã de sábado, com jovens de todas as raças, credos e compleições físicas a executarem os mesmos exercícios, com a mesma alegria e sorriso nos olhos. “Estes estágios vão de encontro ao trabalho que as crianças têm realizado nas aulas e são um reconhecimento do seu esforço e dedicação. A graduação e passagem de cinto pretende valorizar a criança por tudo aquilo que faz, pela forma como o seu carater se tem desenvolvido, pelo modo como

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Grupo de treinadores e colaboradores da EliteDP Associação de Defesa Pessoal do Algarve, com Victor Cândido e Sérgio Mestre ao centro

interagem com os outros, por conseguirem identificar quando as coisas não estão a correr bem”, explica Sérgio Mestre. Um facto curioso é que, ao contrário do que se possa pensar à partida, há alunos mais novos mais graduados do que colegas de idade superior, mas que é facilmente explicado pelo treinador. “Nós valorizamos a experiência e o conhecimento que adquirem do programa e há crianças que têm mais capacidade para se adaptarem às situações do que outras, seja por uma questão de postura ou das funções psicomotoras estarem mais desenvolvidas”, justifica o entrevistado, ao mesmo tempo que avisa que o bullying pode acontecer em qualquer idade. “Mesmo entre adultos há críticas e provocações mas, nas crianças, isso afeta mais o seu crescimento e o desenvolvimento do seu carácter. Aqui, todos os alunos são iguais e isso facilita a sua integração no seio do grupo, não há uma pré-seleção como em alguns desportos coletivos de vertente mais competitiva. E até preferimos que os

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pais não assistam às aulas porque não vão conseguir acompanhar os filhos em todos os momentos das suas vidas e, assim, eles aprendem a reagir às situações como indivíduos”. O termo «Bullying» acaba por congregar tudo aquilo que pode ser considerado negativo para as crianças, que não podem estar sempre debaixo da asa dos pais, mas também não podem transformar-se de vítima em agressor, outro aspeto que é bastante sublinhado nas academias desta associação. “Não queremos responder à violência com a violência e imprimimos um tipo de disciplina militar nas aulas para que o grupo cresça de forma coesa. Se cada um fizer o que quiser, se agir da maneira que lhe apetece, perde-se o valor do conceito”, indica, o que não significa que seja fácil mentalizar os mais novos para estas questões. “Mas eles normalmente não desistem, nota-se é que, em casos de insucesso escolar, os pais tiram os filhos das atividades que gostam para tentar inverter a situação. Aqui, ensinamos uma brincadeira que os transporta para movimentos e gestos de defesa pessoal, mas as técnicas não têm que ser executadas na perfeição, têm sim que dar resposta aos cenários que se colocam”, frisa Sérgio Mestre. Curiosamente, há pais que acabam por trazer os filhos de volta à atividade por verificarem que, ao fim de algum tempo, o insucesso escolar não diminuiu e as crianças perderam alguns traços positivos de postura que vinham evidenciando. “Fala-se muito da hiperatividade das crianças, mas o problema é que, com o evoluir dos tempos, estamos a castrar os mais novos da sua liberdade. Parece que vivem em gaiolas e, quando se libertam, há como que uma explosão de energia. O treino também lhes permite libertar essa energia natural do crescimento”, refere o treinador. E outro problema comum da sociedade moderna é o contato que os mais

novos têm com programas, séries e filmes de televisão com violência pouco aconselhável às suas idades, já para não falar dos jogos de consolas que promovem precisamente a 23

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violência e a agressão. “É muito difícil explicar a uma criança a diferença entre a ficção e a realidade, daí sermos apologistas do contato nas nossas aulas. Ao sentirem um toque mais consistente, mas nunca agressivo, percebem que aquilo é real, é verdadeiro. Contudo, o pior é o sedentarismo das crianças que vivem absorvidas pelos jogos de computador”, aponta Sérgio Mestre. Vicissitudes a que os pais vão ficando mais atentos, pelo que reconhecem que a defesa pessoal é uma carência do mundo em que vivemos. “Os pais vão para o trabalho, estão sempre a imaginar como é que estão os filhos e as notícias que passam constantemente nas televisões não ajudam a combater este receio, este sentimento de insegurança. Claro que as crianças, nestas idades, querem fazer tudo e mais alguma coisa e não sabem bem do que realmente gostam”, admite, lamentando ainda que, em certas modalidades, às vezes por pressão dos pais e pela importância dos resultados, joguem sempre os mesmos, os ditos melhores, e os outros fiquem sentados no banco. “Todas as crianças devem ter o mesmo direito à prática desportiva e a desfrutarem do tempo que passam nas atividades e aqui são todos iguais, mesmo que não consigam todos fazer as técnicas da melhor maneira possível” .

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OPINIÃO

NATAL TODO O ANO PAULO CUNHA

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odos os anos, cada vez mais cedo, nos entra pela casa adentro uma data que para todos os cristãos, pretensamente, deverá ser de júbilo, agradecimento e comemoração pelo nascimento de Jesus Cristo. Uma época que, com o passar do tempo, tem vindo a vulgarizar e a banalizar as festividades a ela associada, como forma de prestar homenagem e vassalagem ao «deus consumo» personificado no «Pai Natal», figura publicitada pela «Coca-Cola» no início do século XX e que acabou por ajudar a subverter o verdadeiro espírito de Natal. É um facto: é Natal quando alguém nasce! Daí a «frase feita» que nos relembra que é Natal quando um homem e uma mulher querem. Dar ao mundo um novo ser e, por consequência, proporcionar-lhe tudo o que o possa ajudar a crescer saudável e feliz deverá ser, no meu modesto entender, o espírito de Natal. Foi isso que aprendi numa altura em que o Natal se consumia menos e se vivia mais… O atual Natal, planificado e construído no consumo, faz-nos mergulhar numa amálgama de sensações e sentimentos contraditórios. À medida que vamos ficando menos novos vamos sentindo que o tempo entre natais parece ser cada vez menor. As sensações de hipocrisia, constrangimento e angústia minam-nos ao constatarmos que chegou a época em que deveremos todos ser «bonzinhos» uns para os outros e muito amigos da família. Instala-se também a sensação de obrigatoriedade por ter

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que dar, retribuir e partilhar com data e hora marcadas. Finalmente, a sensação de urgência e de stresse por ter que preparar, acompanhar, assistir e participar em todas as festas, «festazinhas», almoços, jantares, quermesses e compra de rifas... Dar e receber não tem hora marcada. Paz, amor, solidariedade, compreensão, fraternidade e tolerância, muito menos! Fingir e dissimular o que não está bem porque é Natal é tudo, menos Natal. Acaba por ser uma época onde os contrastes se agudizam ainda mais, pois quem está só, mais só acaba por se sentir… Faço muitas vezes a analogia com a «Música de Natal», que por ter sido composta imbuída do verdadeiro espírito natalício é quase toda ela bela, e assim sendo… porque não ouvi-la, interpretá-la e desfrutá-la durante todo o ano?... Da mesma forma, porque não alimentar os verdadeiros relacionamentos com sinceros e sentidos afetos? Todo o ano! Agora que o Natal se aproxima a passos largos e a crise continua a controlar e a moderar os gastos em prendas e ofertas - muitas vezes desnecessárias e supérfluas, eis que é chegada a altura de reforçar a dádiva de carinho, ternura, afeto e apoio a todos aqueles que deles precisam e merecem. São ofertas gratuitas que refletem o genuíno espírito de Natal e ajudam a aproximar os amigos que estão longe da vista mas perto do coração .

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OPINIÃO

SABE ONDE E QUANDO REÚNE A SUA ASSEMBLEIA MUNICIPAL? (PARTE 1) JOSÉ GRAÇA Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve

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o contexto dos órgãos deliberativos das autarquias locais, as assembleias municipais são o principal órgão político local cuja atividade passa muitas vezes despercebida dos cidadãos e da comunidade, na maior parte dos casos por exclusiva responsabilidade dos seus membros… Genericamente, constituem atribuições do município a promoção e salvaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, em articulação com as freguesias. Mais especificamente, os municípios dispõem de atribuições nos domínios do equipamento rural e urbano; energia; transportes e comunicações; educação, ensino e formação profissional; património, cultura e ciência; tempos livres e desporto; saúde; ação social; habitação; proteção civil; ambiente e saneamento básico; defesa do consumidor; promoção do desenvolvimento; ordenamento do território e urbanismo; polícia municipal; e, cooperação externa. Enquanto órgão deliberativo do Município, como vimos anteriormente e sem prejuízo das demais competências legais, a assembleia municipal tem as competências de apreciação e fiscalização e as competências de funcionamento previstas na lei das autarquias locais (lei nº 75/2013 de 3 de setembro). Compete à assembleia municipal, sob proposta da câmara municipal: aprovar as opções do plano e a proposta de orçamento, bem como as respetivas revisões; aprovar as taxas do município e fixar o respetivo valor; deliberar em matéria de exercício dos poderes tributários do município; fixar anualmente o valor da taxa do imposto municipal sobre imóveis, bem como autorizar o lançamento de derramas; pronunciar-se, no prazo legal, sobre o reconhecimento pelo Governo de benefícios fiscais no âmbito de impostos cuja receita reverte para os municípios; autorizar a contratação de empréstimos; aprovar as posturas e os regulamentos com eficácia externa do município; aprovar os planos e demais instrumentos estratégicos necessários à prossecução das atribuições do município; autorizar a câmara municipal a adquirir, alienar ou onerar bens imóveis de valor superior a 1000 vezes a RMMG, e fixar as respetivas condições gerais, podendo determinar o recurso à hasta pública, assim como a alienar ou onerar bens ou valores artísticos do município, independentemente do seu valor; deliberar sobre formas de

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apoio às freguesias no quadro da promoção e salvaguarda articulada dos interesses próprios das populações; autorizar a celebração de contratos de delegação de competências entre a câmara municipal e o Estado e entre a câmara municipal e a entidade intermunicipal e autorizar a celebração e denúncia de contratos de delegação de competências e de acordos de execução entre a câmara municipal e as juntas de freguesia; autorizar a resolução e revogação dos contratos de delegação de competências e a resolução dos acordos de execução; aprovar a criação ou reorganização dos serviços municipais e a estrutura orgânica dos serviços municipalizados; deliberar sobre a criação de serviços municipalizados e todas as matérias previstas no regime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais que o mesmo não atribua à câmara municipal; aprovar os mapas de pessoal dos serviços municipais e dos serviços municipalizados; autorizar a câmara municipal a celebrar contratos de concessão e fixar as respetivas condições gerais; deliberar sobre a afetação ou desafetação de bens do domínio público municipal; aprovar as normas, delimitações, medidas e outros atos previstos nos regimes do ordenamento do território e do urbanismo; deliberar sobre a criação do conselho local de educação; autorizar a geminação do município com outros municípios ou entidades equiparadas de outros países; autorizar o município a constituir as associações de municípios de fins específicos; autorizar os conselhos de administração dos serviços municipalizados a deliberar sobre a concessão de apoio financeiro ou de qualquer outra natureza a instituições legalmente constituídas ou participadas pelos seus trabalhadores, tendo por objeto o desenvolvimento de atividades culturais, recreativas e desportivas, ou a concessão de benefícios sociais aos mesmos e respetivos familiares; e, deliberar sobre a criação e a instituição em concreto do corpo de polícia municipal. A Assembleia Municipal detém igualmente um conjunto de competências próprias de fiscalização e de funcionamento sobre as quais nos debruçaremos na próxima semana. E você, já assistiu a alguma sessão da sua Assembleia nos últimos meses? E sabe quando reúne a sua Assembleia Municipal? Explicamos-lhe na segunda parte deste texto. Fique por aí… ou seja mais participativo. A sua Terra agradece-lhe! . 28


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OPINIÃO

UMA PEQUENINA LUZ BRUXULEANTE… DÁLIA PAULO Diretora do Museu Municipal de Loulé

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evo o título ao poema de Jorge de Sena intitulado «Uma pequenina luz», metáfora para o novo Ministério da Cultura, pequenina luz bruxuleante que desejamos que «brilhe» até ao país profundo. Assim, considero importante a implementação de uma política cultural que assente numa verdadeira descentralização cultural, baseada num efetivo ordenamento do território. Para isso é necessário investimento, sim. Relembro as palavras de António Pinto Ribeiro quando afirmou: “A cultura é cara? Experimentem a ignorância” (Público, 2.09.2011), porque investir na cultura é dizer não ao terrorismo, ao totalitarismo, à guerra; veja-se o recente exemplo de Matteo Renzi, Primeiro-Ministro italiano, quando afirma que se vive “uma batalha cultural” e que se deve investir na cultura o mesmo que na segurança, só assim se combatendo o terrorismo. O acesso à cultura é um direito consagrado na Constituição, pelo que falar de descentralização cultural é possibilitar aos portugueses - do Algarve a Trás-os-Montes - terem igualdade de acesso, sendo importante que a descentralização cultural seja central no pensamento do MC, desde a sua reestruturação, passando pelo apoio às artes, até à questão patrimonial. Nesse sentido, considero prioritários projetos como a implementação de uma Rede Portuguesa de Teatros; a reativação da Rede Portuguesa de Museus; a revisão (urgente) do Apoio às Artes, com reagendamento dos concursos e melhor trabalho com as autarquias; apostar no digital; um Observatório do Sector Cultural, com um modelo de funcionamento em formato think

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thank, que associe universidades, personalidades e agentes culturais, englobando diferentes visões e na área patrimonial os planos de manutenção/intervenção e a comunicação com os públicos. Tudo isto para que a política cultural possa valorizar as dinâmicas, cada vez mais comuns, de bottom-up, acrescentando valor à cooperação entre os organismos do MC, as autarquias os criadores culturais; possa definir medidas de discriminação positiva para os territórios com tecidos culturais mais frágeis e, por fim, que a mesma se consiga afirmar como área transversal a outras políticas setoriais, nomeadamente a educação, a social, o emprego, a reabilitação urbana e o turismo. Qual é o principal desafio de uma política cultural que assente a sua ação numa descentralização cultural efetiva? É derrubar a visão centralista e macrocéfala do País; é criar condições para atrair massa crítica e criadores para as regiões mais periféricas, é criar dinâmicas sociais, artísticas e económicas nos territórios, é combater a desertificação e o desemprego, é contribuir para formar cidadãos pensantes e livres... Desejo à equipa do Ministério da Cultura, João Soares e Isabel Botelho Leal, o maior sucesso e faço-o com as palavras inspiradoras de Mário Quintana: “Se as coisas são inatingíveis... ora!/ Não é motivo para não querê-las.../ Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!” Que queiram muito e que coloquem a Cultura no centro da agenda política e da vida de cada um de nós! . 30


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ENTREVISTA

JOÃO VIEGAS É O CHEFE COZINHEIRO DE 2015 João Viegas foi o grande vencedor do «Chefe Cozinheiro do Ano 2015», que teve lugar na Feira Internacional de Lisboa. À final do maior concurso nacional de cozinha para profissionais chegaram seis concorrentes e o tavirense de 27 anos, que é subchefe executivo do Restaurante São Gabriel, em Almancil, suplantou os restantes colegas e trouxe para o Algarve mais um prestigiado título. Alguns dias depois, fomos até ao espaço do carismático chef Leonel Pereira para conhecermos melhor esta estrela em ascensão que já tem no seu currículo outro triunfo importante, na «Revolta do Bacalhau», também alcançado logo na primeira vez que participou no concurso. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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al se conheceu o vencedor do Concurso Chefe Cozinheiro do Ano 2015 foi a euforia total na falange de amigos de João Viegas, subchefe executivo do Restaurante São Gabriel, de Leonel Pereira, localizado em Almancil. O tavirense de 27 anos concorreu pela primeira vez no prestigiado evento com um menu composto por peixe do dia com sopa de cataplana e falsas lulas fritas, bacalhau a baixa temperatura com todos e orelha de porco, lombinho de vitela assado com seu croquete de molejas e pickles de vegetais bio e pudim com licor de medonho, mousse de alfazema e maçã em diferentes texturas. Pratos de nome sonante e sabor requintado que convenceram o júri presidido por Nuno Mendes, chefe do Chiltern Firehouse e Taberna do Mercado, em Londres, cujo diretor técnico era o chefe António Bóia e que incluía ainda os chefes Nuno Diniz, Helmut Ziebell, Albano Lourenço e Paulo Pinto. A trabalhar com o conceituado Chef Leonel Pereira há três anos, João Viegas participou com o intuito de conhecer outros colegas de profissão e desfrutar de uma nova experiência, mas também com a vitória em mente, à procura de repetir o sucesso alcançado há alguns anos no concurso

«Revolta do Bacalhau». Quando ao «Chefe Cozinheiro do Ano», é um desafio e um objetivo para qualquer chefe de cozinha, um evento que abre diversas portas e que proporciona imensas oportunidades de emprego, pelo que não surpreende a enorme quantidade de concorrentes que passam por algumas etapas preliminares antes de serem conhecidos os seis finalistas a nível nacional. Mas se hoje os chefes de cozinha estão na moda, umas verdadeiras vedetas da hotelaria e restauração, muito diferente era o cenário quando o tavirense abraçou a carreira. “As pessoas vão atrás dos programas de televisão e ficam com a ideia de que a cozinha é fácil e para qualquer um. Nada mais longe da verdade, é uma atividade bastante dura e árdua, a trabalhar muitas horas todos os dias. É desgastante e cansativo e chegamos a casa sem cabeça para mais nada, mas só assim conseguimos estar num patamar elevado”, frisa, lamentando que estes concursos televisivos acabem por criar falsas ilusões em muitas pessoas. “Querem logo ser chefes e mandar, quando não sabem fazer um simples molho ou confecionar um prato tradicional”. O percurso de João Viegas foi feito, porém, no dia-a-dia, sem saltar patamares, com dedicação e paixão por uma arte com a qual

Peixe do Dia com sopa da cataplana e falsas lulas fritas

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Bacalhau em baixa temperatura (67ºC) com todos e orelha de porco em duas texturas 34


conviveu desde novo. “Os meus pais tinham um espaço de turismo de habitação em Tavira, realizavam muitos batizados e casamentos e era a minha mãe e uma amiga que cozinhavam. Habituei-me, logo em miúdo, a meter a mão na colher e no tacho, tomei o gosto e, assim que conclui o 9.º ano, inscrevi-me na Escola de Hotelaria e Turismo

Lombinho de vitela assado com seu croquete de molejas e pickles de vegetais BIO

do Algarve”, relata o entrevistado, que assim tirou o Curso de Cozinha e Pastelaria em Faro, seguindo-se os estágios da praxe. O resto da aprendizagem tem sido feita no local de trabalho, com profissionais mais experientes, mas não esquece os excelentes monitores que teve na Escola de Hotelaria. E quem ficou bastante contente com o rumo de vida

Pudim com licor de medronho, mousse de alfazema e Maça em diferentes texturas 35

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tomado foi a mãe, o pai, infelizmente, faleceu cedo e não chegou a conhecer esta faceta do filho. “Todos os prémios que tenho ganho são motivos de grande orgulho para ela”. E se, por um lado, João Viegas ainda não teve tempo para realizar mais formações académicas, sejam pós-graduações, doutoramentos ou cursos específicos, por outro, tem tido a sorte de trabalhar com chefes de cozinha adeptos de partilhar os seus conhecimentos e experiências, não daqueles de antigamente que escondiam as receitas e para quem os ajudantes ou subchefes só serviam para descascar batatas e lavar pratos. “Apanhei uma fase mais moderna, com malta porreira e que ajuda os mais novos. A internet é outra ferramenta ótima para nos instruirmos, mas eu prefiro experimentar, fazer as coisas à minha maneira. Claro que há sempre referências, chefes que nos inspiram e que gostamos de acompanhar o que fazem”, aponta o subchefe do São Gabriel. Os tempos são outros, de facto, as novas tendências são bem diferentes do antigamente, mas João Viegas até é bastante apreciador da cozinha tradicional, dando-lhe depois uma apresentação mais fresca e moderna. “Sou um acérrimo defensor da nossa gastronomia e não acho que temos que andar atrás do que os estrangeiros fazem, só por serem mais famosos ou mediáticos. Quando fazemos o que gostamos, o resultado é sempre melhor e a cozinha portuguesa não fica atrás de nenhuma outra”, garante.

Qualidade tem preço e clientes aceitam isso Ora, se a cozinha evoluiu imenso nos últimos anos, o mesmo se passa com o perfil dos chefes de cozinha, cada vez mais envolvidos em tarefas de gestão e de coordenação de equipas, ao invés de estarem somente de volta do fogão. “Temos encomendas para efetuar, fornecedores para receber, verificar a qualidade dos ingredientes, se o material está todo pronto, se o pessoal sabe o que tem

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para fazer. Depois, partimos para o combate, porque a nossa cozinha é minimalista, há muitos jantares para servir e os clientes são extremamente exigentes”, refere João Viegas, garantindo que cozinheiros aos encontrões, empregados de mesa aos gritos e tachos a arder são coisas de filmes. “Só há confusão se não houver organização. Se a mise en place estiver bem-feita, não há problemas ou correrias e o serviço de excelência está garantido, sejam 50, 100 ou 200 jantares”, reforça, com um sorriso. Quanto aos novos requisitos da profissão, as questões administrativas e logísticas, normalmente são da responsabilidade dos chefes executivos e esses, sim, estão menos tempo de volta do fogão e dos pratos. João Viegas admite, todavia, que todos estes pormenores e condicionantes sejam mais complicados de dominar pelos cozinheiros mais antigos. “Nem sempre é fácil mudarem de pensamento, de modo de trabalhar. Nós já nascemos e crescemos com esta nova realidade, mas a cozinha está sempre a evoluir e acredito que toda a gente se consegue adaptar, independentemente da idade, o que interessa é terem vontade para isso”, enfatiza. E, seguindo essa lógica, é o cozinheiro que tem que se adequar ao local onde trabalha e não o inverso, entende o entrevistado. “Se eu só souber fazer pratos de carne e for trabalhar para um restaurante especializado em pratos de peixe ou marisco, tenho que os aprender a fazer com mestria, ou então vou-me embora”, indica. Fazer pratos com mestria é um requisito da profissão, mas João Viegas já confessou que gosta de experimentar coisas novas, de inovar, e ter um prato da sua autoria na ementa de uma casa é sempre um sonho a concretizar. “É sinal de que o chefe nos quer ajudar a crescer, que acredita no nosso trabalho, mas isso não é fácil de acontecer. Tem que testar tudo, se tem qualidade, se está saboroso, se vai de encontro às características de cada estabelecimento”, descreve, ao mesmo tempo que assegura que os próprios clientes se preocupam mais em saber quem está à frente 36


da cozinha do restaurante e que não se importam de pagar mais por refeições de qualidade superior. “É evidente que não podemos praticar os mesmos preços que um restaurante da berma da EN125, sem querer tirar o valor ou qualidade a ninguém. O peixe, o marisco, a carne, os próprios legumes, estão bastante caros, e temos que pagar ordenados, impostos, imensas coisas. Depois, são muitas horas dedicadas a cada prato e isso reflete-se no preço final”, explica. “E é verdade que os clientes hoje vão muito atrás das celebridades, dos chefes que aparecem na televisão, que ganham concursos. Mesmo eu, que sou cozinheiro, gosto de ir a casas onde sei que estão determinados colegas porque tenho curiosidade em ver o trabalho que estão a realizar”. Um patamar onde o tavirense ainda não se encontra, mas está bem encaminhado nesse sentido, a ver pelos concursos que já venceu. “Não tem sido fácil. Tenho trabalho em vários sítios, já desci de subchefe para cozinheiro de terceira só para ir para um local melhor e tenho levado muitas cabeçadas, mas no bom sentido. Estou a dar passos com sentido e

consistência e, se não perder o fio à meada, julgo que terei um futuro risonho”, afirma, sem falsas modéstias, consciente do valor que tem e das muitas horas que dedica à carreira. E se o futuro passará, nos próximos anos, por acompanhar o Chef Leonel Pereira, não esconde a ambição de ter uma experiência além-fronteiras. “Vou iniciar a quarta época ao seu lado e é muito bom aprender com ele todos os dias. Mais tarde, gostava de conhecer outros países e, depois, abrir o meu próprio restaurante, mas não tenho datas pensadas para isso”. Certo é que João Viegas não pode voltar a concorrer a «Chefe Cozinheiro do Ano» e que, daqui a um ano, terá que passar o testemunho a outro colega. Até lá, no entanto, a agenda promete ser superpreenchida, a julgar pelos convites que tem recebido para participar em eventos, fazer pratos para revistas e dar entrevistas. “É algo que fica no currículo para sempre e só alguns é que conseguem obter este título”, finaliza, enquanto pousava para a fotografia com o troféu .

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ENTREVISTA

JÚLIO RESENDE brilhou em Olhão e lança novo disco no arranque de 2016 Depois do sucesso alcançado no Festival do Marisco, no passado mês de agosto, o pianista Júlio Resende regressou a casa para a reedição do espetáculo «Fado & Further», desta feita no Auditório Municipal de Olhão e acompanhado por Sílvia Pérez Cruz e Moreno Veloso. No dia seguinte, o êxito repetiu-se no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, comprovando que o olhanense é um dos principais valores de uma nova geração de músicos e compositores que não têm medo de fazer experiências e de combinar diferentes instrumentos e estilos sonoros. No final do concerto, Júlio Resende revelou que vai lançar um novo disco no primeiro trimestre de 2016, mas também se mostrou bastante preocupado pela forma como a política está a colocar em risco toda a cultura nacional.

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Auditório Municipal de Olhão esgotou por completo, no dia 27 de novembro, para assistir ao espetáculo «Fado & Further», projeto liderado pelo pianista olhanense Júlio Resende e que teve a seu lado, em palco, Sílvia Pérez Cruz e Moreno Veloso. Uma combinação, de facto, pouco provável, que alia o fado interpretado ao piano por Júlio e cantado por Sílvia, considerada uma das mais extraordinárias cantoras que Espanha já conheceu, e Moreno, o herdeiro dos «deuses» do samba, logo a começar pelo pai, Caetano Veloso. “Foi uma noite excelente, com muitas ideias bem conseguidas e uma grande partilha musical e o objetivo é continuar com este formato, dependendo depois da disponibilidade de agenda de ambos. Em Lisboa, o espetáculo já foi diferente, incluiu também a guitarra portuguesa e a bateria, e as canções também nunca são cantadas da mesma maneira. Não temos uma estrutura fixa, é um alinhamento e concerto bastante flexível”, sublinhou Júlio Resende, um olhanense que cedo começou a dar os primeiros passos no universo musical, depois do pai lhe

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ter oferecido um teclado eletrónico aos quatro anos de idade. Não admira, por isso, que o pianista tenha já quatro álbuns gravados, aliás, foi o mais jovem músico português a editar pela «Clean Feed», uma das melhores labels de jazz do mundo e que tem na sua carteira de artistas nomes como Gerry Hemmingway, Tony Malaby, Mário Laginha ou Bernardo Sassetti. Um percurso que começou pela formação clássica, evoluiu posteriormente pelo jazz, até se fixar, nos tempos mais recentes, no fado, a canção lusitana por excelência. E isto porque também rapidamente constatou que não queria ser apenas mais um intérprete de peças musicais onde não tivesse oportunidade para improvisar, para imprimir o seu cunho pessoal, para fazer os temas respirar de outra forma. “Procurei uma linguagem musical que exigisse liberdade e o jazz é um modo de pensar que dá espaço total à improvisação”, conta. Uma busca que o levou a sair do Algarve, em 2001, e a assentar arraiais na capital, onde tirou uma licenciatura em Filosofia pela Faculdade de 40


Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e se tornou presença assídua no Hot Clube de Portugal, onde participou em workshops com os melhores mestres. Depois, partiu para Paris, para estudar jazz na Université de St. Denis – Paris VIII, experiência que se mostra muito enriquecedora e inspiradora. Num instante gravou três discos em quarteto e trio, mas o sonho de Júlio Resende era lançar um álbum a solo, o que concretiza em outubro de 2013, com «Amália por Júlio Resende». Interrompendo por breves momentos a viagem ao passado, o olhanense admite que projetos como o «Fado & Further» conseguem cativar mais a atenção do público, mas o grande objetivo é cativar os próprios artistas, confessa. “Essa disponibilidade para estarmos vivos, num concerto ao vivo, traznos mais liberdade e isso é estimulante para mim e para os músicos que me acompanham. Mesmo na música clássica gostava de mudar algumas coisas, por isso é que, após terminar a fase de formação, decidi ir à procura do meu caminho”, afirma, sorridente. “Desde que me lembro de mim que toco piano e normalmente de ouvido, é a tal liberdade que sempre busquei desde novo”, reforça. Uma característica que ficou evidente quando decidiu trazer o fado para o piano, cantando as melodias de Amália Rodrigues e não se limitando a acompanhar com o instrumento. “Eu queria fazer um disco a solo o mais pessoal possível e, para mim, a palavra «solo» tem a ver com terra, com raízes, com o chão que piso, com o mundo em que habito e vivo as minhas experiências e ilusões diárias. Ora, entre as minhas memórias musicais mais antigas está a voz da Amália a cantar «A Casa Portuguesa» ou o «Estranha Forma de Vida», portanto, foi a escolha óbvia para simbolizar esta viagem musical”, explica, confirmando que, pelo que tem conhecimento, foi a primeira vez que o fado foi cantado ao piano.

Diga-se, porém, que o projeto não estava isento de risco, até por incluir um dueto com Amália Rodrigues, 14 anos após a sua morte, depois da editora Valentim de Carvalho ter autorizado, pela primeira vez, um músico a tocar com a voz da diva. E o resultado foi um disco apaixonante, onde o fado e a sua típica saudade se combinam com a sonoridade do jazz, sem causar afrontas aos mais puristas, tanto do fado, como do piano. “Confesso que isso era algo que temia mas, felizmente, nunca aconteceu, antes pelo contrário, todas as pessoas elogiaram o respeito que tive para com a Amália, o fado e a música. O próprio Carlos do Carmo disse-me as coisas mais

extraordinárias, mas ainda estou à espera que, de repente, alguém me diga algo menos positivo”. A par da paixão pelo fado e pela liberdade musical, as parcerias são outra nota subjacente ao trajeto de Júlio Resende, que já tocou com nomes consagrados da música portuguesa como Maria João, Aldina Duarte, Elisa Rodrigues, Hélder Moutinho, António Zambujo, Ana Moura, Cristina Branco, Cuca Roseta, Marco Rodrigues, mas também com estrelas internacionais, casos de Matt Penman, reconhecido contrabaixista nova-iorquino, Perico Sambeat, um dos melhores saxofonistas espanhóis de todos os tempos, John Hebert, Carlos Bica, Ole Morten

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Vogan, Will Vinson, entre outros. Ou seja, Moreno Veloso e Sílvia Pérez Cruz são apenas os mais recentes de uma longa lista de colaborações especiais, uma fórmula de sucesso que é para manter.

instrumentos, com salas de ensaio ou estúdios de gravação e não há contrapartidas”.

Menos sorridente fica Júlio Resende quando lhe perguntamos como anda a cultura em terras

Desabafos que demonstram que Júlio Resende acompanha de perto a realidade e as dificuldades dos seus colegas de profissão e o resultado é que passa a haver menos cultura no país como um todo. “Temos artistas de valor

lusitanas. “Nota-se uma crise cultural bastante forte e os políticos não estão a conseguir cumprir com os objetivos básicos de governar um país. Há muitos novos artistas completamente manietados e impedidos de exercer a sua arte e de concretizar os seus sonhos, porque ninguém quer gastar dinheiro a apostar nos valores emergentes. Os nossos impostos, que serviriam para gastar na cultura, educação e saúde, não estão a ser usados nesse âmbito”, critica o olhanense. “Os artistas com nome conseguem trazer público aos auditórios ou teatros municipais, mas a malta que sai das escolas e dos conservatórios vai tocar onde? Gastam dinheiro com a formação, com os

mas o meio envolvente não contribui para que cresçam, para que consigam garantir a sua subsistência e, assim, são obrigados a procurar outras soluções. São problemas que têm que ser encarados de frente e é com o voto que podemos mostrar o nosso desagrado”, salienta. “Os jovens são o nosso presente e futuro. Da minha parte, não me posso queixar, estou feliz com a minha carreira, mas ainda podia correr melhor se tivéssemos uma estrutura política mais capaz”, entende, terminando com a revelação de que teremos um novo disco de Júlio Resende no primeiro trimestre de 2016. “Tem a ver com poesia, e mais não digo, terão que esperar” .

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ATUALIDADE GUIA NATAL PROSSEGUE COM MUITA ANIMAÇÃO

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«Guia Natal» promete trazer milhares de pessoas à pequena localidade da Guia, até 6 de janeiro. A exposição «Presépios do Mundo», um Mercado de Natal e um Presépio de Rua são razões mais que suficientes para juntar a família em torno de uma iniciativa que promete figurar nos principais roteiros de animação próprios desta época do ano. Entretanto, em Albufeira, a iluminação de Natal e a árvore de 25 metros, instalada na Praça dos Pescadores, emprestam luz e magia à cidade, convidando a um passeio e à aquisição de presentes no comércio tradicional.

Mundo», o Mercado de Natal e o Presépio de Rua que conta a história da Natividade. Na Ermida de Nossa Senhora da Guia está patente uma mostra de presépios, constituídos por 30 obras cedidas por embaixadas, consulados e cidadãos particulares com o objetivo de divulgar presépios originários de diferentes partes do mundo, com destaque para um Presépio Tradicional do Algarve (coleção de Rosário Silva e Sousa) e três presépios da coleção particular da primeira-dama, Maria Cavaco Silva. Em exposição estão também patentes peças provenientes de países como Luxemburgo, Bélgica, Equador, Brasil, Paraguai e África que testemunham que a tradição do presépio é bastante antiga e transversal a diferentes lugares.

Este é o primeiro ano que a freguesia da Guia acolhe um programa de Natal, que logo no primeiro fim de semana já se está a revelar um sucesso com centenas de pessoas a passar pela localidade para visitar a exposição «Presépios do

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Depois de ver a exposição, os visitantes podem apreciar o extraordinário Presépio de Rua, 44


emissão em direto do programa da SIC «Portugal em Festa», a partir do Mercado de Natal da Guia, com a atuação de Filipa Sousa e do Rancho Folclórico de Olhos de Água.

composto por um conjunto de figuras em grandes dimensões que representam diversas cenas históricas associadas ao nascimento de Jesus: a Anunciação do Anjo a Maria, a Natividade, personagens como o Rei Herodes e os Reis Magos entre outras figuras que costumam povoar os presépios de Natal. No total, a escultora Toin Adams, reputada artista britânica residente no Algarve há mais de uma década, apresenta 30 figuras que se estendem numa extensão considerável entre a Ermida de Nossa Senhora da Guia e a Igreja Matriz.

A pensar nos mais pequeninos foi criado um Atelier, à entrada do Mercado, onde as animadoras da Biblioteca Municipal Lídia Jorge dinamizaram diversas atividades: Workshops destinados à confeção de Cup Cakes, criação de Postais de Natal, Caça ao Tesouro, Hora do Conto, entre outras iniciativas que alegraram a pequenada e que por isso se irão repetir no próximo fim de semana. Também houve um comboio de Natal que permitiu visitar o espaço de forma mais descansada e divertida. Para além disso, realizam-se visitas guiadas à exposição «Presépios do Mundo» e ao Presépio de Rua. Todos os dias, entre as 15h e as 18h, duas guiasinterpretes vão estar junto à Ermida de Nossa Senhora da Guia, à disposição de quem quiser ficar a conhecer um pouco mais sobre o evento. As visitas realizam-se com o intervalo de 30 minutos .

Claro que não podia faltar o bulício próprio da época com o Mercado de Natal instalado no largo General Humberto Delgado, no centro da povoação, a convidar miúdos e graúdos para o frenesim da compra dos presentes para a família e amigos. Cerca de 50 expositores, entre produtores e associações locais, rivalizam para chamar a atenção dos visitantes com peças de artesanato, brinquedos, bugigangas, decorações de Natal sem esquecer a riquíssima gastronomia da região. Tudo isto associado a muita animação, se onde se destacou, no dia 29 de novembro, a

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ATUALIDADE APEXA REABILITA ATRAVÉS DA ARTE – Coletivo de Artes da ASMAL, o 2.º prémio para «Mundo Ideal» de Luísa Vieira, da NECI, e o 3.º prémio para «Branca de Neve» de Maria Helena, também da NECI. Foi atribuída Menção Honrosa aos seguintes trabalhos: «Gata Voadora em Chuva de Flores», da UVAPS Almancil, «Imaginarius» da UEAM Escola Dr. Francisco Cabrita, «Sonhomagia» da EBS Pe. José Augusto Fonseca – Aguiar da Beira, «A Arca da Aliança» de Timber Land, «Cidadãos do Universo» da Escola Dra. Laura Aires, «Vaca Cornélia» de Lénia Viola – CEERDL, «Coelhinhos» de Maria Gomes - CCRDL e «Ondas» de Luísa Vieira - NECI.

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oi inaugurada, no dia 27 de novembro, a exposição «Reabilitar através da Arte», este ano dedicada ao tema «Fantasia», tendo contado com as presenças do presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, da vicepresidente da Associação da APEXA, Ana Santinhos, do coordenador do Atelier de Arte e Criatividade da associação, Nuno Neto, amigos e familiares dos jovens artistas. A mostra, que vai ficar patente ao público na Galeria Municipal de Albufeira até ao dia 31 de dezembro, é constituída pelos trabalhos vencedores e menções honrosas do Concurso Nacional de Pintura e Escultura promovido pela APEXA, com o objetivo de dar a todos os cidadãos com necessidades especiais a oportunidade de participarem e verem os seus trabalhos reconhecidos pela sociedade, no sentido de integração e inclusão pela arte.

Na categoria Escultura, o primeiro prémio foi para o trabalho «As Cartolas» de Sérgio, Ulisses e Diogo – CEERIA, o segundo prémio para «Outono» do Grupo de Pintura da CERCIESTA e o 3.º prémio para «Sonhos Escondidos» de Emanuel – CRIAL. Foram ainda entregues duas Menções Honrosas: «O Palhaço» do Atelier de Arte e Criatividade da APEXA e «Fórum» de Hugo Vinagre e Elisabete Andrade – CEERDL .

Na categoria Pintura, o primeiro prémio foi para a obra «O Encontro»

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ATUALIDADE MUNICÍPIO DE FARO REQUALIFICA ENTRADA DA CIDADE PELA EN2 betuminoso e fornecimento e aplicação de uma camada de desgaste de betão betuminoso. Está também prevista a reparação de passeios em calçada, bem como a execução de cinco passadeiras para peões e sinalização horizontal.

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Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, assinou com a empresa Sociedade Manuel António & Jorge Almeida - Construções, S.A. (MAJA) o contrato de adjudicação da empreitada de repavimentação parcial da EN2. A obra começará já no início do mês de Dezembro e vai permitir requalificar todo o troço entre a Av. Calouste Gulbenkian e o cruzamento para a Escola Secundária de Pinheiro e Rosa. A intervenção resulta de um investimento do Município, no valor global de 86 mil e 481,60 euros, acrescido de IVA e deverá estar pronta no início do próximo ano. O objetivo é melhorar a circulação rodoviária nesta entrada da Cidade, através da fresagem do pavimento

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Durante duas semanas não haverá qualquer transtorno para o trânsito, uma vez que as intervenções iniciais incidirão apenas sobre passeios e lancis. Mais perto da interrupção do ano letivo, iniciar-se-ão os trabalhos de arranjo e repavimentação da faixa de rodagem, estando previstos, nessa altura, condicionamentos à circulação. É uma obra muito importante que marca o arranque de um programa mais extenso, o «Programa Faro Requalifica», que vai permitir melhorar as condições de circulação e conforto em algumas das mais importantes artérias do concelho, num total de oito intervenções a realizar em 2015 e 2016. Para que tal se torne realidade, o Município fará um investimento global de cerca de um milhão de euros, um dos mais importantes efetuados nos últimos anos, na recuperação da rede viária do concelho .

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ATUALIDADE AUTARQUIA DE LAGOA JUNTOU 600 IDOSOS NA FESTA DE NATAL SÉNIOR Bombeiros Voluntários de Lagoa. “Continuarei atento a todas as situações relacionadas com os mais idosos do Concelho, tudo fazendo para as resolver e para garantir um tempo positivo, ocupado e o mais feliz possível a quem tanto deu ao longo da vida e agora merece receber”, afirmou o edil. O tempo de divertimento foi ocupado pela atuação do Grupo de Danças de Salão da Luel – Arte em Movimento – Associação Cultural, Desportiva e Social de Albufeira, a que se seguiu uma Matiné Dançante com animação do Grupo Musical Ritmo Jovem e Eurico Martins, que fizeram as delícias dos seniores que gostam de «dar ao pé», dando mostras de uma alegria de viver contagiante. A encerrar a festa ainda houve tempo para a distribuição de um lanche com oferta de uma lembrança (canequinha de barro) .

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o passado dia 28 de novembro, a Câmara Municipal de Lagoa organizou a tradicional Festa de Natal Sénior, que este ano juntou no Centro de Congressos do Arade, no Parchal, 600 participantes provenientes das quatro freguesias. Depois da celebração da Eucaristia pelo Padre Domingos Fernandes, decorreu o almoço, num saudável ambiente familiar de confraternização muito apreciado por todos quantos nele participaram. O Presidente da Câmara Municipal, Francisco Martins, percorreu o espaço cumprimentando e dando uma palavra amiga aos presentes e, no seu discurso, agradeceu a presença de todos e a participação da FNA – Fraternidade Nuno Álvares e

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ATUALIDADE INAUGURADA A OBRA NO CENTRO DE APOIO À CRIANÇA DE QUARTEIRA Como tal, os responsáveis do Centro comprometem-se a disponibilizar e facilitar o acesso ao espaço intervencionado com vista ao uso do mesmo por parte da população e comunidade em geral, sem prejuízo de um eventual conjunto de regras elementares definidas pela instituição de modo a agilizar a utilização das infraestruturas.

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stá concretizado mais um dos projetos vencedores do Orçamento Participativo do Município de Loulé 2014. Depois da colocação da cobertura do Polidesportivo da Cortelha, na freguesia de Salir, foi a vez de ser inaugurada a obra que decorreu o Centro de Apoio à Criança de Quarteira, a proposta que no ano transato reuniu mais votos na freguesia de Quarteira. Os trabalhos levados a cabo consistiram na repavimentação da sala polivalente e reparação/substituição dos caixilhos. A Autarquia de Loulé financiou a totalidade da obra orçada em 69 mil e 330,08 euros, mas a gestão da mesma ficará agora a cargo desta instituição social. Com esta intervenção pretendeu-se criar melhores condições num espaço fundamental para a realização das atividades deste Centro que funciona nas valências de creche, pré-escolar e ATL, mas que serve também a comunidade quarteirense.

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Este foi o projeto vencedor na freguesia de Quarteira da primeira edição do Orçamento Participativo do Município de Loulé, com 897 votos, logo seguido da recuperação de casa devoluta para desenvolvimento de um espaço para fins culturais. Já este ano o projeto vencedor foi essa proposta que transitou do ano passado: a criação de um espaço cultural - Casa da Cultura - nas antigas instalações da lota de Quarteira, que arrecadou 835 votos. No âmbito da primeira edição deste projeto, neste momento estão em fase de conclusão os projetos de Benafim (a requalificação do terreno da Câmara Municipal de Loulé de modo a possibilitar a criação de um parque de caravanas e que o mesmo fique habilitado à realização de atividades culturais, desportivas, feiras e mercados com instalações sanitárias, iluminação, portões e arruamento) e Tôr (limpeza e reparação do antigo caminho do Poço da Prensa) .

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ATUALIDADE

EMBAIXADOR DO MÉXICO VEIO CONHECER POTENCIALIDADES EMPRESARIAIS DE LOULÉ

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lfredo Pérez Bravo, Embaixador do México em Portugal, esteve em Loulé numa visita que visou, fundamentalmente, criar pontos de contacto com o mundo empresarial concelhio, sobretudo o que opera na área das exportações. A Câmara Municipal de Loulé serviu como ponte entre este responsável latino-americano e os empresários louletanos, nomeadamente do sector do turismo, tendo em vista futuras colaborações. Desde que foi empossado em março deste ano, Alfredo Pérez Bravo tem realizado visitas a diversas regiões do país, na tentativa de conhecer melhor as potencialidades de forma a

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estabelecer futuras cooperações. A existência de uma Câmara de Comércio e Indústria LusoMexicana, em que um dos cônsules honorários está no Algarve, tem sido determinante para esta aproximação dos empresários do Concelho ao México, já que a sua principal missão é implementar e desenvolver um conjunto de iniciativas que possam contribuir para o desenvolvimento das relações socioeconómicas, desempenhando um papel mediador ativo no relacionamento dos agentes económicos portugueses e mexicanos. Para os responsáveis municipais, esta visita inscreve-se no âmbito da política de internacionalização do Município de Loulé que tem sido seguida desde o início do mandato, recebendo a visita de representantes diplomáticos de vários países da América Latina como Argentina, Cuba ou Venezuela, com o objetivo de instituir relações seja na área económica, social, cultural ou até mesmo da saúde. O Município de Loulé é, de resto, membro da Casa da América Latina em Portugal .

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ATUALIDADE PRESÉPIO GIGANTE DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO BATE RECORDE E REÚNE 4200 FIGURAS das razões do sucesso do presépio gigante de VRSA está nos relevos, cenários e figuras que lhe dão vida, muitas delas mecanizadas e animadas, fator que o distingue de todos os outros existentes no país. Para surpreender os milhares de visitantes que são esperados, a configuração volta a apostar na inovação, não sendo esquecidos os episódios cristãos e pagãos associados à quadra natalícia e às tradições algarvias, assim como a recriação completa de aldeias, desertos, fortes e palácios. Este trabalho tem a assinatura de Augusto Rosa e Teresa Marques, dois funcionários autárquicos que contaram com a ajuda de outros três colaboradores: Joaquim Soares, Telmo Crispim e João Gomes. Ao longo dos anos, o presépio gigante tem também ganho notoriedade dentro e fora do país. Além de ser um dos eventos mais carismáticos da quadra natalícia no Algarve, é já uma referência internacional, a avaliar pela quantidade de visitantes espanhóis e de turistas holandeses, alemães, franceses e britânicos.

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presépio gigante de Vila Real de Santo António regressa ao Centro Cultural António Aleixo e volta a desafiar todos os recordes, ao ocupar, em 2015, uma área superior a 220 metros quadrados e a estabelecer a meta das 4200 figuras. Este que é um dos maiores presépios do país integra, na sua 13ª edição, mais de 20 toneladas de areia, quatro toneladas de pó de pedra e 2500 quilos de cortiça. Acrescem a esta lista 160 metros quadrados de musgo e uma complexa base de suporte onde se localiza toda a área técnica da estrutura o que permite, por exemplo, o funcionamento dos lagos, a iluminação das casas e os efeitos cénicos.

As entradas no presépio têm o valor simbólico de cinquenta cêntimos, verba que reverte a favor do Centro de Acolhimento Temporário «Gente Pequena» da Santa Casa da Misericórdia de VRSA, instituição que tem por finalidade o acolhimento de crianças e jovens, em situação de risco, dos 0 aos 18 anos. O presépio gigante de Vila Real de Santo António está patente ao público no Centro Cultural António Aleixo, até ao dia 10 de janeiro de 2016 .

Para dar vida a este presépio foram necessários mais de 40 dias e 2500 horas de trabalho. Os preparativos começaram há muitos meses atrás, com a construção das centenas de figuras e adereços, tudo feito localmente nas instalações da autarquia. Uma

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ATUALIDADE ASSOCIAÇÃO DE BENEFICÊNCIA ALGARVIA DE NEWARK APOIA CAUSAS SOCIAIS EM LOULÉ E S. BRÁS Elisabete é uma pequena lutadora de S. Brás de Alportel que desde muito pequena enfrenta uma paralisia provocada pelo vírus do herpes no cérebro. Ambos têm uma luta diária por uma qualidade de vida dependente de tratamentos regulares muito dispendiosos. Durante esta cerimónia, o presidente da Autarquia louletana manifestou o reconhecimento do Município pelo importante apoio social desta Associação que se estende a toda a região algarvia. Vítor Aleixo aproveitou ainda esta ocasião para anunciar que a Associação de Beneficência Algarvia vai integrar os topónimos de Loulé já que já foi aprovada a atribuição do nome desta instituição a uma artéria da cidade. Por seu turno, Horácio Piedade agradeceu a cooperação da Câmara Municipal de Loulé e sublinhou o facto da grande maioria dos elementos desta Associação serem naturais do Concelho de Loulé.

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o âmbito da sua atividade benemérita, a Associação de Beneficência Algarvia de Newark atribuiu uma verba de 19 mil dólares a causas sociais dos Concelhos de Loulé e S. Brás de Alportel, numa cerimónia que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Loulé e que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, Vítor Aleixo, e em representação da instituição Horácio Piedade. Esta verba destina-se a dar apoio às Causas Simão e Miriam, bem como a duas instituições de solidariedade social do Concelho de Loulé e às suas atividades: Associação Social e Cultural da Tôr e Associação Esperança e Paz.

Refira-se que, apesar de estar sediada no Estado de New Jersey, nos Estados Unidos, a Associação de Beneficência Algarvia de Newark dá o seu apoio não apenas aos emigrantes lá radicados mas estende-o também aos portugueses que se encontram deste lado do Atlântico. Ao longo dos anos a Autarquia de Loulé tem colaborado com esta Associação em iniciativas da mais diversa natureza que visam estreitar os laços de amizade, de convivialidade e de afetividade, de forma a aproximar desta forma a comunidade emigrante à sua terra natal .

Simão Pereira é um menino natural da freguesia de Salir, Concelho de Loulé, que regista dificuldades ao nível da motricidade e da coordenação olho-mão, tendo o seu perímetro cefálico estagnado aos nove meses. Já Miriam

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PROMONTÓRIO DE SAGRES JÁ É PATRIMÓNIO EUROPEU

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Comissão Europeia revelou que o Promontório de Sagres, em Vila do Bispo, já integra a lista oficial da Marca do Património Europeu (European Heritage Label), uma distinção reservada apenas aos «sítios que celebram e simbolizam os ideais, os valores, a história e a integração europeus». O Promontório é um dos nove sítios históricos em Portugal, Croácia, República Checa, Áustria, Estónia, Hungria, Bélgica, Polónia e França agora reconhecidos com o selo cultural europeu e que se juntam, assim, aos outros vinte que receberam a Marca nos últimos dois anos. “Estamos encantados com a notícia e acreditamos que a atribuição da Marca do Património Europeu a um dos sítios mais místicos e o mais visitado de todo o Algarve é uma mais-valia para a promoção turística do destino”, assegura Desidério Silva. O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) salienta ainda “o mérito do trabalho desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Algarve na candidatura deste bem, a qual cumpriu todos os requisitos exigidos pela Marca e contou com o suporte incondicional da entidade regional de turismo”. Ainda segundo a CE, este foi o primeiro ano em que a participação foi aberta a todos os Estados-Membros da União Europeia que manifestaram o seu interesse em propor a um painel de especialistas sítios cuja importância

contribuiu significativamente para a história e a cultura europeias, num total de 18 candidaturas em 2015. Sobre a Ponta de Sagres – único projeto português a ser acolhido este ano –, a CE ressalta «a sua localização estratégica e a sua importância ao longo dos séculos», bem como a ligação do local ao «período das Descobertas, que marcou a expansão da cultura, das ciências, da exploração e do comércio europeus, abrindo o caminho para a afirmação e projeção da civilização europeia, que veio a modular o mundo moderno». Simultaneamente ao reconhecimento europeu, a RTA aguarda pelo desfecho da candidatura desenvolvida pelo Algarve à lista indicativa de bens portugueses candidatos a Património Mundial da UNESCO dos «Lugares da primeira globalização», e que também inclui Sagres .

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ATUALIDADE IV ENCONTRO DA CPCJ LAGOS TEVE CASA CHEIA Presente na sessão de abertura do encontro esteve igualmente Ana Cristina Madeira, Diretora do Centro de Formação Rui Grácio, o mais recente parceiro da CPCJ Lagos. “O Centro vai ministrar formação e realizar seminários exatamente nas áreas que foram debatidas neste Encontro e que são tão atuais, especialmente em contexto escolar, local onde se deve fazer a prevenção primária destes problemas”. Já Maria Joaquina Matos, Presidente da Câmara Municipal de Lagos, recordou que mais de um quarto de século decorreu desde a data em as Nações Unidas adotaram a Convenção Universal dos Direitos da Criança e enfatizou os quatro pilares fundamentais em que esses mesmos direitos assentam: a não discriminação, o interesse superior da criança, a sobrevivência e o desenvolvimento e a opinião da criança. “O trabalho que várias entidades desenvolvem diariamente nestas áreas é tão necessário nos países e nas comunidades menos desenvolvidas, como nos países desenvolvidos e do mundo ocidental onde as carências também existem, nem sempre necessariamente numa expressão material, mas sobretudo afetiva, e os riscos assumem outros contornos, regra geral mais difíceis de identificar e diagnosticar”, frisou a autarca.

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IV Encontro da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Lagos teve como tema «Prevenir para Não Ter de Remediar» e contou com grande afluência de público. A iniciativa decorreu no dia 27 de novembro, no auditório dos Paços do Concelho Séc. XXI, com o objetivo de convidar todos a uma reflexão sobre a importância da prevenção ativa, nomeadamente no que respeita a problemáticas cada vez mais atuais, tais como o mau trato, o abuso sexual, os perigos da internet ou o bullying. Recorde-se que a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens é uma instituição oficial não judiciária, com autonomia funcional, que visa promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou pôr termo a situações suscetíveis de afetar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral. É exatamente o trabalho que a CPCJ de Lagos tem desenvolvido desde 1998, ano em que esta Comissão começou a funcionar em Lagos. “Uma plateia cheia só vem reforçar o facto de que estes temas são importantes. É necessário, e sempre produtivo, falarmos destes assuntos e partilhar opiniões e experiências”, considerou Sílvia Teixeira, Presidente da CPCJ Lagos.

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Para Maria Joaquina Matos não há dúvidas de que a realidade é complexa e os problemas de ordem multidimensional, dai que, por muito que se trabalhe na prevenção, vai sempre continuar a haver necessidade de se intervir em situações concretas para salvaguardar o superior interesse da criança. A este propósito, e a comprovar esta necessidade referiu os números facultados pela CPCJ de Lagos relativamente ao seu volume processual. “Os seus 275 processos permitem-nos inferir que o volume processual a nível do país será de grande dimensão. Prevenir para não ter de remediar é algo que deve estar sempre presente, pois o que não deve acontecer é remediar porque não se preveniu” . 60


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