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LUÍS VICENTE Abriu as portas do Algarve ao teatro profissional O SUPERAGENTE ELISEU CORREIA CYNETICUM - UMA VIAGEM PELOS SONS DO MEDITERRÂNEO 1

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SUMÁRIO 6 Todos à espera do orçamento !

8 - ELISEU CORREIA

Daniel Pina

8 Eliseu Correia Entrevista

18 Para que - de uma vez por todas - a produção cultural algarvia se transforme em património de todos nós Paulo Cunha

20 2016 - O Ano dos Para-Olímpicos Paulo Bernardo

26 - LUÍS VICENTE

22 Resiliência, cidadania e a nova agenda para transformar o mundo! Dália Paulo

24 Conhece as competências da sua Assembleia Municipal? José Graça

26 Luís Vicente Entrevista

34 Cyneticum

34 - CYNETICUM

Entrevista

40 Atualidade 56 Sugestões

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OPINIÃO TODOS À ESPERA DO ORÇAMENTO! DANIEL PINA Diretor

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assada a euforia do réveillon, entramos a toda a velocidade em 2016 com mil e uma coisa a acontecer ao mesmo tempo. É o Sporting que venceu o trauma do Natal e continua em primeiro lugar no campeonato nacional e, com um bocadinho de boa vontade, ainda é campeão. É o Benfica que não se sabe muito bem o que esperar dele, tanto dá 6 a 0 ao Marítimo como empata com o União da Madeira. É o Lopetegui que finalmente foi despedido do comando técnico do Porto, para alegria dos tripeiros e tristeza dos adeptos dos outros clubes.

que nós já ouvimos este discurso antes?), o caso do BANIF veio estragar as contas ao executivo socialista e a folga orçamental que existia já foi, pelos vistos, à vida. Apesar disso, aumentou o salário mínimo nacional, a carga fiscal que incide sobre as famílias vai ser aliviada no imediato, vão ser repostos já este ano os feriados que tinham sido eliminados pelo governo anterior e até se fala no regresso dos 25 dias de férias. Ou seja, por um lado, o cenário é pior do que se tinha perspetivado e o dinheiro que estava colocado de lado foi gasto para compensar os buracos inesperados, mas parece que está tudo bem e o que interessa é implementar medidas para deixar os portugueses de sorrisos nos lábios. Não sei se essas medidas são sustentáveis ou não, se calhar até nem é o mais importante nesta fase, o fundamental é que António Costa e seus soldados marquem, de facto, a diferença em relação aos seus antecessores.

No campo da política, espetadores e comentadores queixam-se das secas tremendas que apanham com os debates entre os diversos candidatos a Presidente da República, quando a vitória final deverá ser disputada entre Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém, isto se imperar o bom senso e a lógica. Nada tenho contra os demais candidatos, aliás, alguns deles nem sequer os conhecia antes destas eleições, mas apenas dois têm o perfil, a experiência, a reputação que um cargo desta natureza exige.

Entretanto, com todas estas trocas e baldrocas, ainda não temos Orçamento de Estado, para desagrado da União Europeia e para desespero das autarquias, dos organismos públicos e dos milhares de empresas que têm negócios com o setor do Estado. A generalidade das câmaras municipais já aprovou os seus orçamentos e planos de atividades para 2016 mas, na hora da verdade, ainda não sabem quanto dinheiro vão receber do poder central e o

Ainda na política, Paulo Portas saiu de cena, portanto, a luta agora é entre António Costa e Pedro Passos Coelho e, como era de esperar, começam os ataques e contra-ataques, os ditos por não dito, as promessas eleitorais que caem, ou são, pior do que isso, contrariadas por medidas aplicadas pelos novos governantes. Queixam-se os novos líderes do país que a situação é bem pior do que imaginada (onde é

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dinheiro na carteira ao fim do mês. Contudo, enquanto não se aprova o orçamento do estado, são vendas, prestações de serviços, receitas, que não se tornam realidade, é a carteira que fica mais magra. E o pior é que, com este puzzle político que se arranjou para governar Portugal, nada nos garante que o Orçamento de Estado, quando finalmente for apresentado na Assembleia da República pelo PS, seja aprovado, porque anda o país a reboque dos caprichos e estados de espírito do BE e da CDU. Resumindo, avanço para 2016 com um otimismo muito ponderado e desconfiado e temendo que, depois da bonança de algumas das medidas simpáticas do PS, venha para aí uma valente tempestade .

mesmo acontece com diversos organismos públicos. Resultado, vai-se gastando o mínimo necessário no dia-a-dia, vão-se adiando os compromissos com os parceiros privados, vãose colocando em stand-by obras e concursos públicos e, mercê disso, andam as empresas a fazer contas à vida, porque também elas não sabem que contratos vão realizar com as autarquias, e andam as associações e coletividades de mãos na cabeça sem saber que apoios vão receber do poder local. Bem, pelo menos não se estão a cometer os erros do passado, quando se avançava para os projetos sem ter dinheiro em caixa para os financiar e fazendo contas a potenciais receitas que, em muitos casos, acabaram por se esfumar com o eclodir da crise. Posto isto, anda o cidadão normal num estado de grande dúvida, de «quando a esmola é muita, o cego desconfia». Por um lado, vamos trabalhar menos dias, vamos pagar menos impostos, vamos supostamente ter mais

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ENTREVISTA

ELISEU CORREIA O superagente do turismo algarvio Poucas semanas depois da bombástica festa do quinto aniversário, a EC Travel, de Eliseu Correia, voltou a estar em destaque ao bater mais uma vez o seu recorde de volume de vendas, 23,5 milhões de euros para uma equipa de 17 elementos, num mercado supercompetitivo e num país que ainda não venceu a crise que o atormenta há vários anos. Um sucesso cuja receita até é fácil de descortinar após alguns minutos de conversa com este experiente profissional de turismo, cuja meta para 2016 é continuar a crescer, aproveitar as oportunidades que forem surgindo e trazer cada vez mais turistas para o Algarve. A tarefa, contudo, seria bem mais fácil se todos remassem para o mesmo lado e se o poder central fizesse a sua quota-parte, avisa Eliseu Correia, com a sua característica frontalidade. Entrevista: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #39

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fizemos. Ainda bem que avancei, tem corrido tudo muito bem e, se Deus quiser, ainda vai correr melhor”, indica, confessando que ficou algo surpreendido por receber um apoio tão forte e incondicional de muitos daqueles que tinham trabalhado com ele anteriormente. “Na hora da verdade, a EC Travel não é minha, é de todas as pessoas que, nos últimos cinco anos, fizerem deste projeto uma marca reconhecida a nível nacional e alémfronteiras”.

ortugal estava mergulhado numa profunda crise económica e financeira quando Eliseu Correia, em 2010, decidiu criar a EC Travel, uma agência de turismo que não queria ser apenas mais uma num mercado onde coabitavam os grandes operadores multinacionais e empresas de carater mais familiar e de menor dimensão. Uma dose de loucura, o acreditar, o achar que tinha conhecimento suficiente do ramo para se aventurar por sua conta e risco, depois de três décadas ligado ao turismo, 15 deles nas rent-a-cars AVIS e Auto Jardim. “Tinha 41 anos e pensei que, com aquela idade, ou fazia alguma coisa diferente, ou deixavame estar no mesmo sítio para o resto da vida. Como acomodar-me não faz parte do meu ADN, aceitei o convite para ser diretor-geral de uma agência de incoming com delegações no Algarve, em Lisboa e na Madeira mas, ao fim de oito meses, cheguei à conclusão que também conseguia fazer aquilo sozinho, sem estar dependente de outras pessoas”, recorda Eliseu Correia, no seu escritório em Olhão, mesmo ao lado do Real Marina.

Palavras que são muito mais do que isso, com a EC Travel a ser uma PME Líder, uma PME Excelência e parte das 400 maiores PME de Portugal, num país onde existem perto de um milhão de pequenas e médias empresas. “Claro que eu sonhava que isto ia funcionar, mas nunca pensei que fosse tão depressa. O segredo é que somos uma família em que existe uma enorme sintonia e harmonia, tanto entre os funcionários como com os clientes e fornecedores”, frisa o entrevistado, um empreendedor que não teve medo de enfrentar o touro de peito aberto, em mandar-se para a frente, em tornar-se patrão com todas as responsabilidades e dores de cabeça que daí advém. “Não foi uma decisão fácil porque os apoios para as start-ups são praticamente nulos. Eu não sou rico, tive que sacrificar o pouco que tinha posto de lado e arriscar tudo, mas sempre acreditei que a empresa teria viabilidade. Para isso, claro, era preciso manter a coesão, sermos realistas e pragmáticos, mas também justos, honestos e transparentes. Não podíamos andar aqui a enganar os clientes, apesar da necessidade de fazer dinheiro, e também queríamos partilhar o sucesso que tivéssemos com a sociedade”, enfatiza Eliseu Correia.

Com nome feito no mercado, abriu a EC Travel em plena crise do ramo turístico, numa altura em que os concorrentes se preocupavam mais em reduzir equipas, em cortar nos custos, em adotar uma postura mais calma até perceberem o que as marés traziam na calha. Uma decisão tomada naquela barreira psicológica dos 40 anos, a tal que os homens, e mulheres, teimam em dizer que não existe, que crises de meiaidade são coisas de filmes e telenovelas. “Olhei-me várias vezes ao espelho e compreendi que a nossa vida é efémera e que só passamos uma vez por este mundo, portanto, era altura de arriscar. O pior que nos pode acontecer é chegarmos a velhos e arrepender-nos do que não

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Eliseu Correia com os seus colaboradores na festa do 5.º aniversário da EC Travel, no Real Marina Hotel & Spa

líderes de mercado, facilitaram, foram ultrapassados e não conseguiram reerguer-se”, aponta o farense da freguesia do Montenegro.

E se, passados cinco anos, tudo é ouro sobre azul, na época, houve alturas em que o empresário se sentiu bastante sozinho e desamparado, porque uma coisa é ser empregado de alguém, olhar para cima e ter um guarda-chuva a protegê-lo, outra bem diferente é sentir a chuva a cair-lhe no rosto. “É algo que assusta um bocado e ainda hoje tenho noites em que durmo bastante mal. Isto não é nenhum conto de fadas. Por acaso, a coisa correu bem, mas podia ter dado para o torto”, reconhece Eliseu Correia, adiantando que não tem intenção de adormecer à sombra da bananeira. “Nós não facilitamos nem nos deslumbramos, portanto, se acontecer alguma coisa a esta empresa, é porque houve para aí um tsunami ou algo semelhante. A informação é chave neste mercado, é preciso ter visão, antecipar cenários, ver aquilo que os outros não conseguem ver, mas basta lembrar o que sucedeu à Kodak ou à Nokia. Eram

As pessoas é que fazem a diferença Com o sucesso nasce uma responsabilidade acrescida, para com os funcionários, os parceiros e os clientes, e Eliseu Correia não se cansa de dizer que existem milhares de «EC’s» espalhadas pelos quatro cantos do país, todos eles parte fundamental para o êxito da empresa. Da mesma forma, o fundador considera que a forma de comunicar com o mercado e de estar na sociedade são os principais fatores diferenciadores da restante concorrência. Exemplo disso foi a gala «EC Travel» que criou, à laia de óscares do turismo, para juntar os 11

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outros. “Todos temos consciência dos problemas que existem à nossa porta e temos o dever cívico de não olhar para o lado. A nossa empresa preocupa-se com os outros e mostramos isso com atos concretos, não apenas com palavras ocas”.

(…) “Com a crise, houve um separar do trigo do joio, muitas empresas não se atualizaram e aconteceu-lhes o mesmo que aos dinossauros, morreram. É óbvio que estruturas pesadíssimas e com margens muito curtas, quando não se adaptam às novas realidades, mais tarde ou mais cedo vão à falência” (…)

Uma ajuda que, conforme referido, é proporcional aos resultados obtidos e Eliseu Correia tem motivos para estar bastante satisfeito, ainda mais tratandose de uma equipa de 17 funcionários (ele próprio incluído) a operar num setor que ainda não ultrapassou totalmente os efeitos da crise que afetou o turismo nacional. “A grande mudança que se operou no setor nos últimos 30 anos foi a forma de comunicar e as tecnologias à disposição. Antigamente, eram os telex e os faxes, agora é tudo por e-mail, mas a essência do negócio continuam a ser as pessoas, são elas que fazem a diferença. Com a crise, houve um separar do trigo do joio, muitas empresas não se atualizaram e aconteceu-lhes o mesmo que aos dinossauros, morreram. É óbvio que estruturas pesadíssimas e com margens muito curtas, quando não se adaptam às novas realidades, mais tarde ou mais cedo vão à falência”, analisa o especialista, confessando que até foi melhor ter fundado a empresa numa época de crise e de vacas magras. “Estamos habituados a viver com muito pouco, sabemos que já não há margens de 25 ou 30 por cento como nos anos 80, nem 10 por cento, quanto mais. Nesse sentido, todos os processos robots têm que ser realizados pelas máquinas e as pessoas têm que estar livres para pensar”.

operadores e agradecer o seu desempenho e que foi posteriormente designada de «Algarve Travel Awards». “É uma maneira de dar visibilidade aos profissionais da região porque, infelizmente, ninguém quer saber o que acontece no Algarve”, desabafa. Comunicar para o exterior que passou igualmente pela criação de um logotipo que percorre o país em milhares de t-shirts, mas a EC Travel destaca-se também pelas causas sociais e instituições de solidariedade que apoia, existindo um orçamento anual em função do volume de faturação precisamente para essa finalidade. “Acho que são mais de 15 associações e instituições que ajudamos e estou a pensar seriamente em nomear um embaixador da boa vontade que trate disso, porque já não consigo dar conta do recado sozinho. Custa muito dizer que não, o orçamento de 2016 aumentou praticamente para o dobro e Deus nosso senhor nos ajude a manter esta rentabilidade, para que possamos continuar a auxiliar aqueles que não têm a nossa sorte”, frisa Eliseu Correia, defendendo que é nos tempos de crise que devemos estar mais próximos uns dos

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Fazendo uma comparação com o mundo do futebol, Eliseu Correia lembra que o êxito dos treinadores depende do que os seus jogadores produzirem em campo, do 12


obtém, pelo desempenho dos seus quadros e pela forma como trata os seus funcionários”.

mesmo modo que as empresas só são boas se tiverem massa cinzenta de qualidade. “Nós temos profissionais do melhor que o país tem e, atualmente, acho que não há ninguém que não gostasse de trabalhar na EC Travel, o que não acontecia há quatro ou cinco anos. Depois, para quem «vende» camas – que é a essência do nosso negócio – a «guerra» faz-se ao nível do preço e da disponibilidade e nós, quando não tínhamos dinheiro, não conseguíamos ir a jogo. Hoje, como não entramos em loucuras e reinvestimos tudo o que temos,

Assim sendo, Eliseu Correia garante que não está preocupado em aumentar em demasia o volume de negócios, mas sim em melhorar a qualidade dos negócios realizados. “Não tenho nenhum interesse em ser o «maior», mas sim o «melhor», daí que vamos criar um Departamento de Qualidade. O fogo e a roda já estão inventados, podemos reinventar alguns

A família EC Travel com o mentor Eliseu Correia

já conseguimos ter um produto mais competitivo que as outras agências”, destaca, enfatizando que, apesar do disparar da faturação, a EC Travel não está interessada em ser um cash & carry turístico. “Isso de sedes com dois andares, forradas de mármore italiano e com 23 indivíduos de fatos Armani não me diz nada. A qualidade das empresas vê-se pelos resultados que

pormenores, mas o que nos distingue dos outros é a capacidade humana de dar resposta às solicitações”, sublinha o algarvio, uma melhoria de qualidade que pretende ver estendida aos seus parceiros do dia-a-dia. “Eu não tenho nenhum hotel ou autocarro, vivo dos serviços de outros que revendo, pelo que, quanto melhor for a qualidade dos meus 13

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parceiros, melhor será a qualidade do que vendo aos meus clientes”. Uma equação mais fácil de perceber do que de gerir, diga-se em abono da verdade. Isto porque, num mercado em que as margens são cada vez mais curtas, há a tentação de aumentar cada vez mais o volume de negócio e o número de parceiros para os resultados seguirem na mesma direção. Contudo, quanto mais parceiros estiverem envolvidos no negócio, mais difícil é controlar a qualidade do produto vendido, admite Eliseu Correia. “A tecnologia permite que muitos processos sejam automatizados e executados pelas máquinas, mas filtrar o bom do mau exige que tenhamos uma proximidade bastante grande com os nossos produtos no dia-a-dia. Facilmente nos apercebemos do que é bom ou mau, nem que seja pelas reclamações que os clientes façam. Agora, há os produtos que são pontualmente maus porque são mal geridos e há aqueles que são maus por falta de investimento e a esses dificilmente se consegue dar a volta. O que tentamos fazer muitas vezes é ajudar os nossos parceiros, ter uma postura pedagógica”, revela.

Aprender a fazer mais com menos A festa do 5.º aniversário da EC Travel contou com as atuações dos UHF, Jorge Palma e Frankie Chavez, numa noite bastante animada com os colaboradores, parceiros e clientes da empresa.

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Claro que nada se consegue fazer quando o destino não é vendável, quando as


infraestruturas não existem, quando os poderes superiores não fazem o que é de sua responsabilidade e Eliseu Correia lembra que parte do recente sucesso do Algarve também se ficou a dever à «desgraça alheia» de alguns dos seus concorrentes, com catástrofes naturais, conflitos militares, instabilidade política ou atentados terroristas a terem lugar em diversos países da bacia do Mediterrâneo. “O crescimento nos últimos três anos não aconteceu graças a uma excelente promoção turística externa ou por termos uns cérebros fabulosos em Lisboa. Temos uma oportunidade única de aproveitar fluxos turísticos que nunca vinham para Portugal ou para o Algarve e há que mostrar-lhes que somos bons. Por acaso, até acho que somos os melhores profissionais do mundo e, desde que tragam os turistas para cá, eles depois voltam de certeza”, afiança, pragmático, como de costume.

Ora, para a tal «máquina» funcionar, seria desejável que existisse um Ministério do Turismo, que as Regiões de Turismo tivessem mais meios financeiros e que não houvessem tantas associações locais a atropelarem-se umas às outras, um assunto sobre o qual Eliseu Correia não tem problemas em falar de forma direta e honesta, doa a quem doer. “O problema não é o valor dos orçamentos, temos é que aprender a fazer mais com menos. E quando o Turismo do Algarve tem sete milhões de euros de budget, Lisboa não pode dizer logo onde é que se deve investir a maior fatia desse dinheiro, com o resto que sobra a mal dar para pagar ordenados e manter os postos de turismo aberto”, dispara o antigo vice-presidente da Região de Turismo do Algarve. “Diz-se frequentemente que Andaluzia tem um orçamento maior que Portugal inteiro, mas são duas realidades completamente distintas, nós nunca vamos ter os mesmos meios que os espanhóis. Pior do que isso, há uma coisa que os nossos vizinhos fazem muito melhor do que nós. Os espanhóis pegam numa pedra, dizem que ali esteve sentado D. Filipe não sei das quantas em 1623, à volta da pedra constroem um museu, em torno do museu aparece um hotel, em redor do hotel nasce uma estância turística e assim sucessivamente. Enquanto isso, o património histórico e cultural português está abandonado e só sabemos gastar o dinheiro a ir às feiras internacionais e a publicar brochuras”, critica.

Apesar disso, o mercado alemão, por exemplo, praticamente desapareceu, com Portugal a ter menos de um por cento do bolo total. Contudo, 92 por cento dos alemães que ainda vêm passar férias ao Algarve respondem que voltariam à região e que a recomendam aos seus amigos e familiares. “Ou seja, nós aqui fazemos tudo bem, é preciso é que a máquina que os traz para cá funcione”, frisa, acrescentando que o mercado francês é o exemplo mais flagrante desta situação. “Alguma vez um francês queria vir para o Algarve há cinco anos? No entanto, criaram-se os incentivos à aquisição de segunda habitação e os benefícios fiscais aos cidadãos franceses que quisessem vir viver para Portugal, juntou-se a crise na Tunísia e nos países vizinhos, e o resultado é que se vê. Hoje, andamos em Albufeira e Olhão e, se calhar, o francês é a língua estrangeira que mais se escuta”, afirma, convicto.

Sobre a proliferação de associações de turismo regionais e municipais, Eliseu Correia recorda o cliché «a união faz a força» e entende que tudo seria mais fácil se o Algarve falasse todo a uma só voz. 15

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(…) “Existem tantas pessoas que tiveram grandes carreiras e que podiam ser aproveitadas para gerirem e investirem os orçamentos, em conjunto com o tecido empresarial. Não podemos criticar um secretário de estado que é advogado ou que tinha uma fábrica de iogurtes por não perceber nada de turismo, a culpa é de quem o mete nesse cargo” (…) “Ir o Eliseu sozinho a Londres fazer uma promoção porta-à-porta, depois ir o Manuel e o Francisco, num país com 80 milhões de habitantes, isso não faz mossa. Contudo, se arrancarem 400 profissionais de turismo para Londres e estiverem uma semana num hall dum hotel, num centro comercial ou em Piccadilly Street a mostrar-lhes o que o Algarve tem para oferecer, não acredito que isso não tenha um impacto favorável”, descreve, avançando com outro exemplo concreto e de fácil execução. “Época natalícia em Inglaterra é sinónimo de frio. Colocávamos uma senhora em bikini deitada numa toalha num centro comercial, com areia à volta, uma cadeira e uma sombrinha, e um placar a dizer simplesmente «Algarve – onde você devia estar». Resultava muito melhor do que gastar dinheiro em campanhas online ou em revistas”, garante. “De igual modo, arranjavam-se 40 ou 50 fins-de-semana no Algarve para sortear entre os clientes desse centro comercial, o que é fácil na época baixa e o investimento era praticamente nulo”.

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Infelizmente, as atenções dos poderes centrais persistem em estar mal direcionadas e prova disso é que Portugal irá estar presente no World Travel Market, com os custos inerentes, uma feira onde conseguir ser visto é uma tarefa gigantesca. “Quem não aparece é esquecido, tudo bem, mas temos que começar a pensar de forma criativa, em coisas que, às vezes, podem parecer malucas, mas são essas que poem as pessoas a falar de nós. Nos anos 80, os clientes iam para onde nós os mandávamos ir. Os operadores compravam os charters e diziam-lhe que, ou iam para o Algarve, ou para Corfu, ou para Maiorca. Hoje, os clientes têm voos para irem para onde querem, quando querem e ao preço que querem”, avisa, de forma vigorosa, antes de lançar outra farpa. “Gasta-se dois ou três milhões de euros em promoção externa na Alemanha e depois não há aviões para trazer os turistas para o Algarve. É quase como a anedota do alentejano que vendeu a televisão para comprar um vídeo, continua sem ver nada. Fazem-se não sei quantos spots publicitários na RTL, o cliente chega todo entusiasmado à agência de viagem e quer ir para o Algarve no dia seguinte. No entanto, só há um voo para Faro dali a dois dias, com escala em Berlim e em Palma de Maiorca, e demora seis horas. Se o homem pensar um bocadinho, fica logo em Palma de Maiorca”. Neste contexto, Eliseu Correia lamenta que o Algarve tenha desperdiçado

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inúmeras oportunidades que lhe foram oferecidas de mão beijada e em bandeja de prata e a razão, na sua ótica, é muito simples. “Na promoção devem estar técnicos feitos, com experiência e com autonomia e meios para trabalharem. Existem tantas pessoas que tiveram grandes carreiras e que podiam ser aproveitadas para gerirem e investirem os orçamentos, em conjunto com o tecido empresarial. Não podemos criticar um secretário de estado que é advogado ou que tinha uma fábrica de iogurtes por não perceber nada de turismo, a culpa é de quem o mete nesse cargo”, salienta o entrevistado, confiante de que tudo seria melhor se as decisões fossem tomadas por quem possui conhecimento na matéria, estejam ou não no ativo. “A experiência acumulada tem que ser aproveitada e, enquanto esse potencial humano for

colocado na prateleira, não vamos a lado nenhum, vamos continuar a anosluz dos nossos concorrentes diretos, nomeadamente da Espanha”. Sem rumo não anda, com certeza, a EC Travel e as metas para 2016 estão delineadas há muito na cabeça de Eliseu Correia, que promete não baixar os índices de dedicação e luta. “O nosso objetivo primordial é manter a faturação de 2015 e, se tivermos um crescimento de 10 por cento, já será bastante bom. Vamos lutar pelo melhor, não vamos virar a cara a oportunidades que possam surgir e estou convencido que vamos voltar a surpreender muita gente em 2016. Saímos dum ano fabuloso, único, extraordinário, mas 2016 ainda vai ser melhor” .

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OPINIÃO PARA QUE - DE UMA VEZ POR TODAS - A PRODUÇÃO CULTURAL ALGARVIA SE TRANSFORME EM PATRIMÓNIO DE TODOS NÓS PAULO CUNHA

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empre que saio para visitar outras localidades portuguesas, mais do que observar o que a natureza delas fez, tento apreciar a forma como a mão do homem as tornou ainda mais admiráveis, aprazíveis e apetecíveis. Neste constante olhar observador e contemplativo tenho vindo a constatar como certas cidades e regiões se têm afirmado através da sua relação programada, sustentada e continuada com a Cultura… a sua Cultura. Sem qualquer laivo de regionalismo demagógico ou bacoco, penso que investir na produção artística de um determinado local define-o, caracteriza-o, individualiza-o e potencia-o. Sinto-o quando registo que as obras artísticas que me são dadas a apreciar têm na sua génese e construção os traços identitários de quem as construiu. São essas características que, de forma indelével e subliminar, nos fazem também valorizar e querer voltar aos locais visitados. Quando oiço - e constato in loco - que determinados locais do nosso país estão «na moda», facilmente percebo as razões que os levaram a ser mimoseados com tal epíteto. O investimento planificado, estruturado e diversificado em determinadas áreas nucleares tem vindo a aumentar consideravelmente a qualidade de vida das suas populações e isso reflete-se na forma como recebem quem as visita. Com admiração, mas também com alguma inveja à mistura, registo que, a exemplo do que há muito tempo se faz «lá fora», os artistas de determinadas regiões integram também o cartaz de visita que as torna tão acarinhadas e procuradas pelos autóctones e forasteiros. Integrando o «pacote», a cultura da região é mais um garante e potencialidade no selo de qualidade da mesma, tornando-a assim património imaterial exportável. Sentindo na pele o desinvestimento na produção cultural algarvia registado nos últimos anos, onde grande parte das autarquias algarvias se socorreu da carolice de artistas amadores e da (muito) boa vontade de alguns profissionais, concentrando os gastos com o setor cultural na habitual contratação sazonal de nomes firmados da

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animação nacional/internacional, penso ser mais do que a altura de «dar um murro na mesa» e «falar grosso» com quem tem a responsabilidade e o dever de proteger, acarinhar e incentivar o que por cá se faz. Já basta de tratar os artistas algarvios de forma sobranceira, displicente e até imoral! Como em qualquer setor da sociedade, a produção cultural necessita também de investimento. Os agentes culturais têm os mesmos encargos diários que o comum dos mortais, e como tal precisam que quem administra o dinheiro dos nossos impostos trace políticas de apoio antecipado e estruturado à produção cultural da região onde se inserem, e à qual são, ao mesmo tempo, devedores e credores. Sem apelar aos maus hábitos da subsidiodependência, penso que se pode manter vivo e pulsante o tecido artístico da região algarvia. Como? Patrocinando a encomenda, produção, realização ou edição de obras que servirão como referência cultural atualizada da região para os algarvios e para todos os que nos visitam; apoiando, eficaz e merecidamente, as associações e estruturas culturais geradoras de atividades não lucrativas; fomentando e impulsionando a globalização das várias vertentes artísticas, conjuntamente com outras referências identitárias da região; programando em rede para que se torne possível permutar e partilhar atividades culturais de relevo entre os vários municípios algarvios; criando uma bolsa/listagem de artistas residentes que garantam uma representação fiel e condigna no resto do país do atual «Algarve Cultural»; planificando e estruturando uma programação anual atempada, assente na promoção e divulgação da produção cultural realizada em todo o distrito; promovendo residências e intercâmbios artísticos; valorizando o ensino artístico como garante de continuidade, crescimento e afirmação cultural da região. Esperando que todos os organismos oficiais e privados que tutelam a Cultura me oiçam, desejo que seja este o ano da mudança… para melhor. A arte - a sul agradece!. 18


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OPINIÃO 2016 O ANO DOS PARA-OLÍMPICOS PAULO BERNARDO Empresário

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016 vai ser um ano especial devido aos vários acontecimentos que vão ocorrer ao longo destes 366 dias. Começa logo por ser um ano maior, pois dá-nos mais um dia, o 29 de Fevereiro. Como acontecimento especial para Portugal, escolho o Web Summit como o mais interessante para o nosso país, vai dar uma dimensão fantástica à nossa capital Lisboa. O Web Summit é considerada a melhor conferencia tecnológica no planeta, tendo no último ano registado cerca de 42 mil visitantes de 134 países. Assim, de 7 a 10 de Novembro, quem poder não perca o evento, pois Lisboa vai ser a capital do mundo WEB. Podemos dizer que vai ser um ano também interessante pela mudança presidencial nos Estados Unidos da América, pois vamos ter um novo líder num dos países mais influentes no mundo. Possivelmente vamos ter pela primeira vez uma mulher como chefe de estado neste país. Possivelmente também vai acontecer uma mudança presidencial no Brasil, pois não acredito que Dilma se aguente até ao final do ano, já que aquela grande nação de dimensão continental não pode ficar refém de uma política ultrapassada. Vai ser um ano também de três grandes eventos desportivos, num dos quais eu coloco mais uma vez grandes espectativas nos nossos atletas. São os jogos Para-olímpicos, que se realizam no Rio de Janeiro, entre 7 a 18 de Setembro, os primeiros jogos a acontecerem na América do Sul. Em Agosto também teremos os Jogos Olímpicos na mesma cidade, mas com menos espectativas para as cores de Portugal. Nos eventos desportivos, a minha última escolha recai no Campeonato Europeu de Futebol, em que pela primeira vez vão

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jogar 24 seleções. No fim, a França vai ganhar, como qualquer evento que lá aconteça na esfera futebolística de seleções. A nível do Algarve, não consigo vislumbrar nenhum evento nem acontecimento de relevo, vamos ter um verão cheio e melhor que todos os últimos, vamos ter mais de 500 eventos a acontecer em Agosto, como é tradicional, e nos restantes 11 meses pouco ou nada acontece. Vamos continuar a ser esquecidos, pois não temos voz política, tudo normal, pois então. A única coisa que acredito que seja diferente nos últimos anos é o aumento de vendas no ramo imobiliário e, por conseguinte, o reativar do sector da construção. Nota da semana: O início dos debates eleitorais, que demonstra a maturidade da nossa democracia, pois temos candidatos de todos os níveis e para todos os gostos. Acredito que, no fim, o candidato estrela de televisão Professor Marcelo, ganha as eleições, mostrando a força da TV nas questões eleitorais. O que demostra que, afinal, a nossa democracia não está assim tão madura e não se vai discutir nada de importante para o país, pois o povo quer o candidato estrela de televisão na presidência. Figura da semana: Paulo Portas, um político especial, que não dá ponto sem nó, que conhece como ninguém a forma de fazer política e de aguardar o tempo certo para voltar ao seu espaço. Acredito que esta mudança vem provar que o governo de António Costa se vai manter até ao final da legislatura . 20


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OPINIÃO RESILIÊNCIA, CIDADANIA E A NOVA AGENDA PARA TRANSFORMAR O MUNDO! DÁLIA PAULO Diretora do Museu Municipal de Loulé

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ma nova agenda para a década foi aprovada em setembro passado pela Assembleia Geral das Nações Unidas - a Agenda 2030 – Transformar o mundo: Agenda para o Desenvolvimento Sustentável horizonte 2030, que integra a Agenda de Ação de Adis Abeba (aprovada em julho); este documento define os instrumentos, políticas e recursos para a efetivação da Agenda 2030. Esta compromete-se a “promover a compreensão intercultural, a tolerância, o respeito mútuo e uma ética de cidadania global e de responsabilidade compartilhada. Estamos conscientes da diversidade natural e cultural do mundo e reconhecemos que todas as culturas e civilizações podem contribuir para o desenvolvimento sustentável”; é um apelo à tolerância, ao reconhecimento do outro, da riqueza na diferença. A não-violência e a intolerância não terminam por decreto, mas estamos conscientes que estes documentos são importantes porque direcionam os Estados a trabalhar e apostar numa política forte e continuada na Educação (para todos) para a Cultura e Cidadania, só assim conseguiremos caminhar para erradicar a pobreza e ter gerações mais tolerantes e felizes. O recorte que fiz para abordar a Agenda 2030 foi a cidadania global e a responsabilidade partilhada, neste caso relacionando-a com a área cultural e com a Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, 2005, da UNESCO (ratificado por 134 Estados-Parte, incluindo Portugal a 16 de março de 2007). O relatório Re|Shaping Cultural Policies (2015) indica que “é necessário mais progresso na ambição de atingir os objetivos da Convenção, especialmente no que concerne ao estabelecimento de modelos participativos entre a sociedade civil e o sector público, de modo a produzir evidências sólidas para a monitorização da política e a avaliação do seu impacto”. A participação da sociedade civil é analisada no capítulo 4, referindo as insuficiências na participação da sociedade civil no desenho das políticas culturais nacionais e regionais, a falta de financiamento

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e de recursos humanos qualificados, sendo a “diversidade de vozes da sociedade civil” ainda insuficiente, apesar de já existirem coligações em 43 países, incluindo Portugal, a Coligação Portuguesa para a Diversidade Cultural. Curiosamente (ou não) a palavra mais procurada, em 2015, em Portugal e no Brasil, no Dicionário on-line Priberam, foi resiliência, que significa “capacidade de superar, de recuperar de adversidades”; neste sentido somos (ou devemos ser) todos implicados na ação; ser resiliente é participar, é, no fundo, ser cidadão politicamente empenhado e ativo. Na área cultural arriscamos a dizer que esta é a palavra-chave há décadas! Contudo, esta resiliência faz-se separadamente: a sociedade civil por um lado e o sector público por outro, como detetou o relatório da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, sendo necessário melhorar esta relação quer ao nível da definição de políticas quer da ação, beneficiando as indústrias culturais. Também na Agenda 2030 a palavra resiliência aparece em vários contextos “das comunidades”, “do ambiente”, “dos pobres”, “de desastres”, sempre relacionada com a necessidade de estar presente, de agir; não fazer algo tão humano como ficar quieto, indiferente e esperar que alguém decida por nós. Todos estes documentos nos impelem a implicar-nos e a passar de uma situação confortável (ou não) de espera e inação ao papel principal, convidando todos a ser e não só a estar. Considero que na área cultural há muita resiliência e participação - as centenas de associações culturais na nossa região são o exemplo disso e os seus associados dão o seu tempo em prol da cultura e do desenvolvimento da região, mas ainda há muitas barreiras mentais a quebrar e pouca responsabilidade partilhada. Neste início de novo ano pode ser esta ideia velha (mas pouco praticada) que nos faz agir de forma diferente e construir novos caminhos e modelos .

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OPINIÃO CONHECE AS COMPETÊNCIAS DA SUA ASSEMBLEIA MUNICIPAL? JOSÉ GRAÇA Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve

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o contexto das autarquias locais, as assembleias municipais são o órgão político responsável pela aprovação e fiscalização dos principais instrumentos de gestão e o seu funcionamento rege-se por leis próprias adequadas ao regime de não-permanência dos seus membros… A assembleia municipal reúne em cinco sessões ordinárias anuais, em fevereiro, abril, junho, setembro e novembro ou dezembro, convocadas com uma antecedência mínima de oito dias por edital e por carta com aviso de receção ou protocolo, podendo ser prevista a convocatória através de meios eletrónicos, caso o respetivo regimento preveja essa possibilidade. A apreciação do inventário dos bens, direitos e obrigações patrimoniais, a respetiva avaliação e a apreciação e votação dos documentos de prestação de contas do ano anterior devem ter lugar na sessão ordinária de abril, e a aprovação das opções do plano e da proposta de orçamento para o ano seguinte na sessão de novembro, salvo nos anos eleitorais. Neste caso em concreto, a aprovação das opções do plano e da proposta de orçamento para o ano imediato ao da realização de eleições intercalares nos meses de novembro ou dezembro tem lugar, em sessão ordinária ou extraordinária do órgão deliberativo que resultar do ato eleitoral, até ao final do mês de abril do referido ano. Por outro lado, a assembleia municipal reúne em sessão extraordinária por iniciativa do seu presidente, da mesa ou após requerimento do presidente da câmara municipal, em cumprimento de deliberação desta; de um terço dos seus membros; ou, de um número de cidadãos eleitores inscritos no recenseamento eleitoral do município equivalente a cinco por cento do número de cidadãos eleitores até ao limite máximo de 2500. O presidente da assembleia municipal, no prazo de cinco dias após a sua iniciativa ou a da mesa ou a receção dos requerimentos previstos no número anterior, por edital e por carta com aviso de receção ou protocolo, convoca a sessão extraordinária da assembleia municipal, a qual, neste caso em concreto,

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deve ser realizada no prazo mínimo de três dias e máximo de dez dias após a sua convocação. Quando o presidente da mesa da assembleia municipal não convoque a sessão extraordinária requerida, podem os requerentes convocá-la diretamente, observando, com as devidas adaptações, o disposto nos parágrafos acima relativos à convocatória das sessões, e promovendo a respetiva publicitação nos locais habituais. Como já referimos anteriormente, as sessões dos órgãos deliberativos das autarquias locais são públicas, sendo fixado, nos termos do regimento, um período para intervenção e esclarecimento ao público, sendo que às sessões dos órgãos das autarquias locais deve ser dada publicidade, com indicação dos dias, horas e locais da sua realização, de forma a promover o conhecimento dos interessados com uma antecedência de, pelo menos, dois dias úteis sobre a data das mesmas. Para além da publicação em Diário da República quando a lei expressamente o determine, as deliberações dos órgãos devem ser publicadas em edital afixado nos lugares de estilo durante cinco dos dez dias subsequentes à tomada da deliberação ou decisão, sem prejuízo do disposto em legislação especial. Os atos referidos no número anterior são ainda publicados no sítio da Internet, no boletim da autarquia local e nos jornais regionais editados ou distribuídos na área da respetiva autarquia, nos trinta dias subsequentes à sua prática, desde que reúnam cumulativamente um conjunto de condições fixadas por lei. Fique atento às notícias, entrados no novo ano, em breve serão publicadas as convocatórias para as sessões de fevereiro e… participar é um dever que lhe assiste! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 24


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ENTREVISTA

LUÍS VICENTE abriu as portas do Algarve ao teatro profissional Com um novo ano já em marcha, o Algarve Informativo foi até ao Teatro Lethes, em Faro, para conversar com Luís Vicente, diretor da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve. Na génese do encontro esteve a apresentação da programação para 2016 da mítica sala de espetáculos da capital algarvia, mas o tête-à-tête depressa extrapolou para a análise do panorama cultural nacional e regional com um dos atores e encenadores mais prestigiados da língua de Camões. E assim ficamos a conhecer um pouco melhor as dores de cabeça do que é gerir uma companhia teatral num país onde a crise é a eterna desculpa para se cortar no financiamento da Cultura, logo ela que é, imagine-se, uma das atividades que mais Valor Acrescentado Bruto gera para Portugal. Entrevista: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #39

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trabalha atrás da cortina, nos bastidores. “Isto é um bocado como a botânica: temos as plantas fanerogâmicas, que dão flor, e as criptogâmicas, que não dão flor. As que dão flor são, por relação, os artistas, o lado visível da coisa, mas uma estrutura destas exige uma retaguarda muito forte e sólida. A gestão de uma companhia de teatro parece muito fácil, mas é algo bastante complicado”, avisa Luís Vicente, lembrando-se bem de uma década em que o país estava a mudar a um ritmo intenso. “A ideia do Manuel Maria Carrilho era haver pelo menos um grande equipamento cultural por distrito e isso ele conseguiu. No entanto, depois dos edifícios construídos, é preciso colocá-los a funcionar e as pessoas não estavam preparadas para o problema que isso é. Uma programação custa muito dinheiro, assim como ter um teatro de porta aberta, e as coisas têm resultado no Teatro Lethes graças a uma excelente equipa de voluntários. Quando avancei com esta ideia, bolas, houve quem me caísse em cima, porque não estava a criar postos de trabalho e andava a explorar as pessoas. Hoje, temos 31 voluntários, maioritariamente do sexo feminino, sendo que a mais nova tem 12 anos e a mais velha tem 70”, descreve.

nova geração provavelmente não pula de excitação ao ouvir falar de Luís Vicente, mas quem anda na faixa dos 40 anos não esquece aquele que foi provavelmente um dos primeiros vilões da televisão portuguesa, o célebre Átila da série «Duarte & Companhia», transmitida pela RTP na década de 80. O papel catapultou o ator e encenador para o estrelato, sucederam-se muitos outros e, com o intuito de escapar um pouco a todo esse frenesim e ao corre-corre típico de Lisboa, o setubalense aceitou o convite dos fundadores da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, em meados de 1997, para colocar a entidade em funcionamento. Uma missão que, na sua cabeça, lhe tomaria dois anos, ou seja, seriam umas férias perfeitas da televisão a trabalhar na periferia, mas foi-se envolvendo cada vez mais no projeto e, de repente, está no Algarve há 18 anos. “Não existia nenhuma estrutura profissional de teatro no Algarve, nem de música ou de dança, falei com o Ministro da Cultura da época, o Manuel Maria Carrilho, e ele disse que fazia todo o sentido avançar com a ACTA para a frente. Havia um potencial interessante e pessoas que tinham a consciência dessa carência e cinco autarquias associaram-se de imediato ao projeto e garantiram parte significativa do financiamento para se arrancar”, recorda o entrevistado.

Mas não basta ter as portas abertas e produtos culturais em cena, nada tem sentido se não houver público, e este não aparece de um dia para o outro, vaise criando e é bastante volátil. Prova disso é que, segundo estatísticas,

Havia potencial mas, na hora da verdade, não existiam recursos humanos com a necessária formação específica para o teatro, e não falamos apenas de atores e encenadores, mas de todo o pessoal que

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«À Espera de Godot» foi um dos grandes sucessos da ACTA em 2015, com Luís Vicente, Pedro Laginha, Pedro Lima, René Barbosa e Tânia da Silva 29

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«Cartas Ridículas do Sr. Fernando e os suspiros líricos da menina Ofélia» será uma das apostas da ACTA para 2016, em cena no Teatro Lethes de 6 a 13 abril

demora 10 anos a criar uma corrente de público, mas bastam três meses para a destruir. “Se nós fechássemos o Lethes durante três meses, todo o trabalho que realizamos até à data ia à vida, não tenhamos ilusões sobre isso. É assim em todo o mundo, portanto, há que perceber qual o tipo de sinergia que é preciso criar para desenvolver o público. É um trabalho sempre bastante moroso e, em alguns casos, até se faz contra a tendência maioritária do público”, frisa Luís Vicente, confessando, a esse propósito, que detesta espetáculos divertidos. “Eu não ando aqui a trabalhar em entretenimento, mas sim em cultura. Não é esse o caminho que nós seguimos. Se um espetáculo é divertido, que assim seja, se não for, o que é que eu ei-de fazer? E depois há aquelas peças que

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poem comédia na tragédia, nisso o Shakespeare era mestre”, sublinha. Neste contexto, Luís Vicente defende que não se deve dar ao público somente aquilo de que ele está à espera, mas sim proporcionar-lhe o prazer da descoberta. “É fabuloso quando as pessoas estão numa sala, a participar no espetáculo que está a acontecer à sua frente, com a sua inteligência, com o seu olhar crítico e analítico. Nós, em palco, sentimos isso. Seguir o caminho do facilitismo, do meu ponto de vista, não é aconselhável”, alerta, não negando que há textos mais exigentes do que outros e que há regiões onde é mais fácil desbravar caminho do que noutras. “Havia pessoas no Algarve que viam teatro com frequência, mas fora da 30


considerando que a função nobre do teatro é possibilitar que as populações se confrontem com o seu próprio destino.

região, e isso ainda acontece nos tempos que correm, embora em espetáculos mais de tipo comercial”.

Um trabalho do qual a ACTA não abdica e o diretor garante que, ao contrário do que se possa pensar, gera efetivamente riqueza, embora nem sempre com reflexos no imediato e de leitura fácil. “O anterior Secretário de Estado criou uma conta satélite para a Cultura e fez ele muito bem, porque ficamos a saber que só o setor das telecomunicações é que gera mais Valor Acrescentado Bruto”, diz, levantando-se num ápice para ir buscar o relatório do Instituto Nacional de

Ignorantes, calem-se!

Um caminho difícil de percorrer e que, como é natural, exige meios financeiros, sem ovos não se fazem omeletes, mas os problemas são cada vez maiores, o poder central corta nos apoios, as autarquias não têm meios para comprar espetáculos e estes acontecem por conta e risco das companhias, que ficam com as receitas de bilheteira, e por aí adiante. Um cenário que Luís Vicente conhece como ninguém, como encenador e como diretor de programação da ACTA e do Teatro Lethes. “Com a crise que nos bateu à porta no final de 2010 surgiram determinados tipos de procedimentos e algumas câmaras municipais olham para o nosso trabalho como se fosse puramente comercial. Nós, para desenvolvermos a nossa atividade, realmente precisamos de dinheiro, mas não criamos produtos comerciais, caso contrário, não teríamos apoios do Ministério da Cultura. O Filipe La Féria não tem subsídios governamentais porque escolheu um caminho comercial, mas essa não é a génese do teatro”, aponta o Karyna Gomes vai atuar no Teatro Lethes no dia 9 de julho entrevistado,

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geramos riqueza, portanto, ignorantes, calem-se! Neoliberais, estudem”, dispara, aproveitando para recordar todo o trabalho realizado pela ACTA junto das populações do interior, com um autocarro transformado em sala de teatro, e nas escolas. “E ao trazermos para aqui pessoas para trabalhar, é dinheiro que elas gastam na cidade e na região. Por exemplo, verificou-se que o Estado francês era ressarcido em impostos provenientes do comércio e da indústria envolventes à Ópera de Paris de todos os apoios que lhe concediam anualmente. Isto não é só dizer ‘aqueles gajos recebem uma pipa de massa do Estado’, é preciso analisar o impacto que temos na economia local”, refere.

Estatística que comprova esta afirmação. “Quando chegamos à área do teatro, da música erudita, da dança, dos produtos mais difíceis, toda a gente fica muito espantada com tudo aquilo que se gera pelo núcleo duro da Cultura. São valores que eu próprio não imaginava”, admite. Dados que contrariam o típico rótulo de que os agentes culturais são subsídiodependentes, algo que deixa Luís Vicente à beira dum ataque de nervos. “Recebemos dinheiro do Estado, mas aplicamo-lo e

Depois do sucesso alcançado em 2015, «O Silêncio de Sara», com Tânia da Silva, vai regressar este ano

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E como se já não bastasse dirigir uma companhia de teatro da dimensão da ACTA, mais complicado ficou o dia-a-dia de Luís Vicente quando assumiram a programação anual do Teatro Lethes, o que implica receber espetáculos de outros agentes culturais das mais variadas formas de expressão artística. Não admira, por isso, que o ator e encenador vão ficando cada vez mais «abafados» pela faceta de orçamentista. “Tivemos que nos adaptar a uma nova realidade e a custos acrescidos que surgem de coisas tão prosaicas como substituir as lâmpadas dos projetores ou os forros das cadeiras. Aliás, a própria equipa teve que ser reconfigurada, pois houve períodos em que chegamos a ter 44 pessoas na companhia a trabalharem em várias frentes e, às vezes, eram poucas para o


226 lugares vendáveis, como é que isto é rentável? Só se puséssemos os bilhetes a 50 ou 100 euros, o que é impossível”, assume. Assim, são as muitas digressões da ACTA pelo país fora que proporcionam alguma folga financeira para, no fim do ano, as contas ficarem mais ou menos equilibradas e 2016 não vai fugir à regra. “No ano passado estreamos, pela primeira vez, uma peça em Lisboa, o «À Espera de Godot», no Teatro da Trindade, o que

que tínhamos para fazer. Agora, somos 11 a tempo inteiro, sendo que ficamos igualmente com a responsabilidade de manter esta casa a funcionar o ano inteiro”, indica, uma situação que faz com que os próprios atores sejam multitarefas.

Um jogo difícil e com regras novas mas, apesar de tudo, 2015 correu de acordo com as expetativas, tanto nas produções próprias como nos acolhimentos. “Quando desenhamos uma programação, ela tem que ser suportada por um orçamento que seja viável. Claro que há espetáculos que gostava muito de cá trazer para mostrar coisas diferentes ao público, mas não podemos entrar em loucuras”, explica, vestindo a pele calculista do orçamentista. “Em 2016, vamos ter cá uma cantora e compositora que esteve na iminência de não vir, mas, falando com a produtora, houve abertura para viabilizar O «Adeus» com Elisabete Martins, outro sucesso da ACTA em 2015 o concerto. Há outros gerou algum desafogo económico e colegas do campo do teatro que virão ao ficamos mais aliviados para enfrentar Teatro Lethes porque conseguem outro tipo de despesas correntes”. Já o facilitar-nos a vida, do mesmo modo que Luís Vicente ator e encenador é que tem nós o fazemos quando está ao nosso cada vez menos tempo para pisar o palco alcance. São uma série de malabarismos ou aparecer na televisão, confirma, com que têm inevitavelmente que ser feitos, tristeza. “Foram-me feitas três mas nem sempre isso é possível”, propostas muito interessantes para reconhece Luís Vicente, confessando que 2016, num caso como encenador e em alguns espetáculos tiveram mesmo que ser dois como ator e uma delas tive imensa colocados de parte por falta de condições pena em recusar. Era um trabalho que financeiras, nomeadamente na área do jazz adoraria fazer, mas não é possível, a e da dança contemporânea. ACTA é a minha principal responsabilidade, a minha Certo é que, por muitos malabarismos que se façam, o Teatro Lethes dará sempre prioridade”. prejuízo, garante o entrevistado. “Temos 33

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ENTREVISTA

CYNETICUM Uma viagem pelos sons

do Mediterrâneo O Mito Algarvio Ensemble surgiu por encomenda para a realização de um concerto especial nos Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, mas o sucesso foi tal que, meses depois, abrilhantou os festejos do Dia Mundial da Música, no Cine-Teatro Louletano. Estava lançado o conceito Cyneticum, um espetáculo da responsabilidade dos acordeonistas João Frade, Emanuel Marçal, Paulo Machado, Nelson Conceição e João Guerreiro, que coloca em palco a musicalidade própria do Mediterrâneo e os típicos temas associados a este instrumentos, interpretados com uma roupada mais moderna e cativante. Entrevista Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #39

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Foto: Luís da Cruz

Paulo Machado, Nelson Conceição, João Frade, João Guerreiro e Emanuel Marçal constituem os Cyneticum

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Algarve é um verdadeiro berço de acordeonistas de tarimba mundial e o som deste aerofone de palheta livre está profundamente enraizado em toda a tradição musical da região, nomeadamente dos seus ranchos folclóricos e das charolas. Mas os algarvios cedo quiseram trilhar outros caminhos com o acordeão, a solo ou em grupos, nas vertentes Clássica ou Varieté, dai não ter surpreendido o convite da Fundação Calouste Gulbenkian, por iniciativa de António Pinto Ribeiro, para a criação de um

projeto que reunisse vários instrumentistas para interpretar temas de diversas sonoridades do Mediterrâneo, inserido no programa «Próximo Futuro». Assim nasceu Cyneticum – O Mito Algarvio Ensemble, com o conceituado João Frade a assumir a Direção Musical e tendo a seu lado Emanuel Marçal, Paulo Machado, Nelson Conceição e João Guerreiro, cinco algarvios com a paixão pelo acordeão em comum e com várias parcerias e ligações em comum. “A 35

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já se restringe a um pequeno grupo”, prossegue o albufeirense.

Anabela Afonso, que na época era Diretora do Teatro das Figuras, tinha uma grande vontade em que o projeto fosse por adiante, já que vive intensamente o mundo do acordeão, e serviu de elo de ligação. O convite inicial era para juntar 11 ou 12 acordeonistas, mas achei logo que isso seria muito confuso e pouco prático. Propus que ficássemos pelos cinco e foi fácil fazer a escolha”, explica João Frade. “Já queria trabalhar com estes músicos há algum tempo, a vertente humana deles é superinteressante e acreditei que iriam encaixar-se de imediato no conceito. No Algarve existem inúmeros acordeonistas fabulosos mas, quando se pretende adotar uma linguagem universal através da qual possamos comunicar facilmente com todos os públicos e sem perder muito tempo em ensaios e preparativos, o leque

Uma sonoridade diferente que não contempla apenas o acordeão, mais um motivo para se ter chamado Paulo Machado para o grupo, um exímio intérprete de sintetizadores, baixo fretless e acordeão de teclado de piano. “É um instrumento do nosso cancioneiro, do nosso folclore, do universo musical português, embora, no Algarve, tenha mais visibilidade o acordeão de botões”, nota João Frade, adiantando que os trabalhos arrancaram no início de 2015 e com um repertório mais ou menos encomendado, a par de outros temas originais criados para a ocasião. “Desconstruímos alguns temas que pensamos que tinham a essência

João Frade, João Guerreiro e Emanuel Marçal na Alcadaria do Castelo de Loulé

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limitações de tempo e de alguns percalços, penso que funcionou bastante bem. Disseram, inclusive, que foi provavelmente o melhor concerto inserido naquele programa, o que é sempre gratificante de ouvir”.

desejada, porque a ideia nunca foi montar uma orquestra tradicional de acordeões. O objetivo era ter cinco músicos a tocar o mesmo instrumento, mas com uma musicalidade e cor diferentes”, distingue Emanuel Marçal. Uma diferença que torna o projeto ainda mais único e sui-generis, sabendo-se que nem todos os acordeonistas têm essa capacidade para reinventar, para sair das barreiras convencionais, para lutar contra os tabus dos mais puristas. “Houve uma troca de informação entre os cinco para se apurar a linguagem pretendida, mas é óbvio que o processo não foi imediato, para isso é que servem os ensaios. O nosso intuito é libertar-nos das pautas clássicas e criar um som bastante musical e criativo, mas também nos faz falta um virtuoso como o João Guerreiro, que toca qualquer melodia, por mais complicada que seja, com uma segurança tremenda. Isso permite que eu e o Emanuel estejamos mais libertos para a secção rítmica e harmónica”, frisa João Frade.

Abrir horizontes sem esquecer as raízes O segundo espetáculo em Loulé, também de elevada nota artística e com casa cheia, deu origem a mais um convite para outra atuação, a acontecer em janeiro, e o quinteto ficou com a certeza de que Cyneticum – O Mito Algarvio Ensemble tem pernas para andar, sensação confirmada pelo interesse manifestado por alguns promotores e agentes. “É um grupo que está esquematizado para auditórios e cineteatros onde o público tem outra abertura e nível cultural, mas a ideia é tentar alargar as mentalidades e horizontes das pessoas. Claro que alguns dos temas podem parecer algo provocantes para os mais puristas, mas o acordeão tem imensas potencialidades e deve abraçar as novas tecnologias”, defende Emanuel Marçal.

Percebe-se, então, que o Mito Algarvio Ensemble funciona quase como uma equipa de futsal, cinco elementos com tarefas e papéis perfeitamente definidos e cuja química se foi afinando com a convivência. “Cada um desempenha as suas melhores capacidades, de modo a que o produto final seja equilibrado e bem-sucedido”, resume Emanuel Marçal. Uma tática que resultou em pleno no anfiteatro ao ar livre dos jardins da Gulbenkian, no dia 21 de junho, e que despoletou logo o convite para subir ao palco do Cine-Teatro Louletano no Dia Mundial da Música, a 1 de outubro. “Na altura, pensamos apenas em preparar a encomenda e dar o nosso melhor para que o espetáculo correspondesse às expetativas e, dentro das nossas

Por seu lado, João Frade entende que desconstruir temas e dar-lhes uma nova roupagem não é o mesmo que intelectualizar o acordeão. “No nosso repertório tentamos preservar as raízes tradicionais, temos melodias que são bastante folclóricas e populares. O «Danças Ocultas», por exemplo, é um projeto bastante experimental, dentro de um universo mais minimalista em relação ao nosso, mas também conserva o lado mais melódico e popular e assim consegue

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desejo do Mito Algarvio Ensemble e nem estarmos na presença de cinco profissionais com as suas agendas próprias deverá ser um entrave. “Os músicos precisam de definir objetivos e o próximo passo do Cyneticum é arranjar material novo em termos de áudio e vídeo para promovermos o nosso trabalho e arranjarmos o máximo de datas possíveis. Depois, vamo-nos preparando para cada atuação com a devida antecedência, colocando mais um tema, tirando outro, porque já percebemos que o alinhamento vai ser sempre diferente. A malta está constantemente em erupção, em renovação, e isso é bom”, salienta Emanuel Marçal.

chegar a um leque mais vasto de públicos”, compara João Frade, ciente de que os próprios músicos desempenham um papel fundamental na educação cultural das pessoas. O diretor musical torce, porém, um pouco o nariz quando se diz que o acordeão está na moda. “Acho que, às vezes, está lá só por estar, para poderem dizer que é algo exótico, e o resultado final parece um pouco forçado. A sonoridade do instrumento já não é tão estranha ao cidadão comum mas, se estivesse na moda, haveria acordeonistas nacionais a encherem grandes salas como o CCB ou a Casa da Música, o que só acontece com nomes estrangeiros com muitos anos de carreira”.

Uma viagem que terá o Algarve como ponto de partida, pois não faz parte dos planos uma mudança para a capital, até

Na moda ou não, o caminho passa pela evolução e fazer mais do mesmo não é o

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Foto: Luís da Cruz

porque o quinteto não antecipa qualquer ida aos diversos canais de televisão, a ver pelo tipo de programação em que apostam. “É natural que, a determinada altura, precisemos de alguém que trate da promoção e agenciamento do espetáculo, não podemos ser nós a fazer os contatos com os espaços por esse país fora. Fazer parte de uma grande editora é outro pormenor que ajudava mas, hoje, é possível fazer imensas coisas por conta própria, com edições de autor. O nosso produto nunca será uma coisa megalómana, de massas, e é nesse campo que as editoras marcam a diferença”, considera João Frade, que é, de facto, o membro com uma agenda mais difícil de conciliar. “Quando foi o concerto na Gulbenkian, eu estive esse mês todo no Canadá e compunha temas com o Emanuel através do Skype, portanto, há sempre maneira de ultrapassarmos os obstáculos”.

Internacionalização que não deverá ser uma miragem para o Mito Algarvio Ensemble, por se tratar de um conceito musical com grande aceitação alémfronteiras, desde o continente americano até aos confins da Ásia. “Após a Gulbenkian, a expetativa de ver os «algarvios» em palco tem aumentado exponencialmente e não há muitos grupos a trabalhar este conceito. Dentro da música erudita há alguns projetos, temos as orquestras de acordeões que tocam sempre o mesmo tipo de repertório, no jazz fizeram-se algumas coisas esporádicas, mas penso que somos os únicos neste universo que mistura a música tradicional com a sonoridade mediterrânica e com um lado experimental e de improvisação”, reforçam João Frade e Emanuel Marçal.

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ATUALIDADE ALCOUTIM RENOVOU DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NAS JUNTAS DE FREGUESIA

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a estratégia coordenada de valorização e responsabilização do papel das Juntas e União de Freguesia, foram renovados os contratos interadministrativos que estipulam a Delegação de Competências da Câmara nas Juntas/União de Freguesia do concelho de Alcoutim. A Câmara Municipal de Alcoutim vai transferir para as quatro juntas de freguesia do concelho uma verba num montante superior a 105 mil euros. No campo de ação dos contratos, está contemplada a delegação de competências para a gestão e manutenção de espaços verdes, a limpeza das vias e espaços públicos, tendo como objetivo o melhor desenvolvimento das suas competências e funções. Os contratos celebrados são um reforço à colaboração já existente entre a Câmara Municipal e as Juntas e União de Freguesia, afirma o Presidente da Câmara, Osvaldo dos Santos Gonçalves, constituindo uma formalização ao que tem sido uma prática contínua e a consciencialização de que a maior proximidade das juntas de freguesia às populações permite intervenções e respostas mais rápidas e eficazes .

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CAÍQUE BOM SUCESSO VOLTA AO CAIS DE AMARRAÇÃO NA PRIMAVERA

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Caíque Bom Sucesso, com mais de 15 anos de existência ao serviço da cultura olhanense, está atualmente em doca seca para reparação e manutenção de todo o casco e velame, devendo estar de volta ao seu cais de amarração, junto aos Mercados de Olhão, no início da Primavera. As melhorias, que ascendem a 35 mil euros, comprovam a aposta do Município de Olhão na recuperação do seu património histórico.

revolta dos olhanenses contra as invasões francesas. O caíque foi um dos barcos mais utilizados pelos olhanenses na pesca do alto desde que, no século XVIII, Olhão se tornou um dos mais importantes portos do Algarve e do País. Utilizado também para transporte de mercadorias, caraterizava-se por ser resistente, veloz e de fácil manobra. Com a intenção de perpetuar a história de Olhão, bem como a memória das gentes marítimas, a Câmara Municipal de Olhão mandou construir esta réplica do Caíque Bom Sucesso, a qual se destina a promover ações culturais e lúdicas através de visitas e de passeios, à vela ou a motor, em águas da Ria Formosa e ao longo da costa oceânica .

O Caíque Bom Sucesso é uma réplica do barco que foi ao Brasil dar, em primeira mão, a boa nova ao Príncipe Regente da 41

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ATUALIDADE METOPOSSAURUS ALGARVENSIS DESCOBERTO EM LOULÉ VAI CONTINUAR A SER INVESTIGADO

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24 de março de 2015 foi dado a conhecer ao mundo uma nova espécie de salamandra gigante, encontrada em Loulé, que viveu durante a ascensão dos dinossauros e que foi um dos maiores predadores da Terra há cerca de 200 milhões de anos atrás. "Esta descoberta é um exemplo de um achado de uma época da qual conhecemos muito pouco em Portugal, o Triásico, há cerca de 200 milhões de anos, altura em que viveram alguns dos primeiros dinossauros", explica o paleontólogo que participou na descoberta e estudo, Octávio Mateus. Além deste paleontólogo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, o estudo inclui ainda investigadores das Universidades de Edimburgo, Birmingham e Museu de História Natural de Paris. As criaturas assemelham-se a salamandras gigantes, algumas com dois metros de comprimento, que viveram em lagos e rios durante o Período Triásico, de forma semelhante aos

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crocodilos de hoje, dizem os investigadores. Os metopossauros faziam parte do grupo ancestral do qual os anfíbios modernos - tais como sapos e salamandras - evoluíram, diz a equipa. Apenas uma fração do local - cerca de quatro metros quadrados - foi escavado até agora, e a equipa irá prosseguir o trabalho para descobrir novos fósseis. A maioria deste tipo de grandes anfíbios foi exterminada durante uma extinção em massa que ocorreu há 201 milhões anos atrás, muito antes da morte dos dinossauros. Isto marcou o fim do Período Triásico, quando o supercontinente Pangea, que incluiu todos os continentes do mundo, se começou a dividir. O estudo, publicado no Journal of Vertebrate Paleontology, foi financiado pela National Science Foundation, Fundação Alemã de Investigação, Jurassic Foundation, CNRS, Columbia University Climate Center e Chevron Student Initiative Fund. Apoio adicional foi fornecido pela Câmara Municipal de Loulé, Câmara Municipal de Silves e Junta de Freguesia de Salir, no Algarve.

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exploração e divulgação dos seus resultados. “Este protocolo insere-se numa visão estratégica de longo prazo que temos para o Município, apostando no Património como um dos eixos de desenvolvimento sustentado. Um trabalho que se quer continuado e consistente, selando assim, aqui, um compromisso para o futuro, contribuindo para a continuação da investigação, através do apoio às escavações, assim como a bolsas de mestrado e de doutoramento”, justificou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo .

Nesse sentido, a Câmara Municipal de Loulé demonstrou interesse em colaborar quer na investigação quer na divulgação deste património ímpar e foi assinado, no dia 5 de janeiro, um protocolo de colaboração com a Fundação António Aleixo e a Universidade Nova de Lisboa/ Faculdade de Ciência e Tecnologia, o qual tem como objetivos colaborar no âmbito do estudo da Paleontologia e da Geologia e na defesa do Património paleontológico e geológico do Concelho de Loulé, e participar, como parceiros, em projetos de investigação científica, bem como na

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ATUALIDADE ANA FIGUEIRAS É A DIRETORA ARTÍSTICA DOS ENCONTROS DE MÚSICA ANTIGA DE LOULÉ

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Câmara Municipal de Loulé organiza, desde 1999, os Encontros de Música Antiga de Loulé, sob a direção do Prof. Francisco Rosado, que desde o primeiro momento imprimiu no evento uma qualidade inquestionável, de tal modo que se afirmou no panorama musical português como um pólo de referência para solistas e grupos que pretendem divulgar repertório situado entre a Idade Média e finais do século XVIII. Mais recentemente, os Encontros de Música Antiga de Loulé tornaram-se uma referência europeia. Os Encontros de Música Antiga de Loulé têm marcado a agenda de início de outono no Algarve, desde há 17 anos, aliando os concertos, às mastercalsses e às conferências com especialistas em Música Antiga. Virtude do falecimento inesperado, em 2015, do Prof. Francisco Rosado, a Câmara Municipal de Loulé, em jeito de homenagem pela sua

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dedicação, sabedoria e profissionalismo na Direção Artística dos dezassete Encontros de Música Antiga de Loulé, decidiu passar a denominar os Encontros de Encontro de Música Antiga de Loulé - Francisco Rosado. Para dar início ao trabalho de preparação do XVIII Encontro de Música Antiga de Loulé, a decorrer em 2016, a autarquia convidou a Prof.ª Ana Figueiras, antiga aluna do Prof. Francisco Rosado para a Direção Artística do Encontro em substituição do Prof. Francisco Rosado, sendo a sua segunda Diretora Artística. Ana Figueiras é uma jovem louletana, que cedo se apaixonou pela Flauta de Bisel e que se iniciou no mundo da música na Escola de Música de Loulé e no Conservatório Regional do Algarve Maria Campina, enquanto aluna do professor Francisco Rosado. Concluiu a licenciatura em Música Antiga, ramo Flauta de Bisel, na Escola Superior de

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Música de Lisboa, na classe do professor Pedro Couto Soares.

Holanda, com o trio «Dulci Suono», juntamente com os flautistas Bart Spanhove e Tom Beets; em Itália e na Áustria, enquanto membro do consort de flautas internacional «Il fiati del Collegium Pro Musica», tocando com os flautistas Stefano Bagliano e Lorenzo Cavasanti. É também Diretora Musical da companhia de teatro «Ao Luar Teatro», onde realiza produções musicais e interpretação. Como professora, leciona Flauta de Bisel e Formação Musical no Conservatório de Música de Loulé .

Terminou os estudos de Mestrado em Música Antiga, ramo Flauta de Bisel no Lemmensinstituut – Leuven (Bélgica), sob a orientação dos professores Bart Spanhove e Bart Coen. Iniciou em Setembro de 2015 os estudos de Mestrado em Ensino da Música na ESML. Realizou concertos em vários países europeus, nomeadamente na Bélgica, com o grupo de Música Antiga «Carnet de Cuisine»; na 45

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ATUALIDADE ESTABELECIMENTOS DE PORTIMÃO COM NOVOS HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO

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ntrou em vigor no dia 6 de janeiro de 2016 o novo Regulamento Municipal dos Horários de Funcionamento dos Estabelecimentos Comerciais e de Prestação de Serviços no Concelho de Portimão. Este novo regulamento resulta da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16 de Janeiro, que aprova o Regime Jurídico de Acesso e Exercício de Atividade de Comércio, Serviços e Restauração e que, entre outras coisas, confere aos municípios a possibilidade de restringir os períodos de funcionamento, atendendo a critérios relacionados com a segurança e proteção da qualidade de vida dos cidadãos, sempre sem prejuízo da legislação laboral e do ruído. Através do novo regulamento municipal, os estabelecimentos ou recintos abrangidos poderão exercer a sua atividade de acordo com as restrições aos horários de funcionamento e de

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produção de ruído fixadas. Para o efeito, o novo regulamento procede à classificação da área do município em Zonas Residenciais (Zonas predominantemente residenciais de Portimão, Alvor, e Mexilhoeira Grande) e Zonas de Atividade Turística (Praia da Rocha e Zonas Ribeirinhas de Portimão e Alvor), sendo que os estabelecimentos ou recintos abrangidos localizados nessas zonas poderão funcionar de acordo com os seguintes horários: Nas Zonas de Atividade Turística: Estabelecimentos do Grupo I: Entre as 06h00 e as 04h00; Estabelecimentos do Grupo II: Entre as 08h00 e as 06h00. Nas Zonas Residenciais: Estabelecimentos do Grupo I: Entre as 06h00 e as 02h00; Estabelecimentos do Grupo II: Entre as 08h00 e as 04h00.

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No Grupo I incluem-se os estabelecimentos de restauração ou de bebidas, nomeadamente restaurantes, casa de pasto, marisqueiras, churrasqueiras, pizzarias, pastelarias, cafetarias, casa de chás, gelatarias ou outros estabelecimentos similares, e ainda cibercafés, salões de jogos, bowling, snack-bares, tabernas ou tascas, casas de fado, cervejarias e bares com ou sem pista de dança. No Grupo II enquadram-se os clubs, cabarets e discotecas. Importa salientar que os estabelecimentos comerciais com música amplificada deverão proceder no prazo de três anos a um conjunto de adaptações relacionadas com o ruído, pelo que se recomenda aos proprietários destes estabelecimentos a consulta deste novo normativo .

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ATUALIDADE INAUGURADA A REDE DE PASSEIOS ACESSÍVEIS EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL

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ão Brás de Alportel assinalou o Dia de Reis com a inauguração da Rede de Passeios Acessíveis, integrada no Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade «São Brás de Alportel Acessível para Todos», que conta neste momento com mais de cinco quilómetros de extensão de percursos acessíveis. A cerimónia contou com a presença da Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, e do presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, Jorge Botelho.

são sempre uma prioridade, o município de São Brás de Alportel colocou diversas zonas do centro urbano da vila ao alcance de pessoas com mobilidade condicionada, permitindo a sua circulação com mais conforto e segurança para todos. No dia 6 de janeiro foram inauguradas diversas obras integradas na Rede de Passeios Acessíveis do município: a requalificação da zona norte da Avenida da Liberdade (troço de 180 m), a ligação entre o Parque Desportivo e a Avenida da Liberdade, na Rua 1.º de Junho (511 m) e o circuito acessível da Escola EB 2,3 Poeta Bernardo de Passos, recentemente construído, que liga o edifício da escola ao Pavilhão Municipal Dr. José de Sousa Pires, para que todos os alunos possam aceder a todas as infraestruturas. Esta rede abrange ainda os passeios acessíveis de toda a Circular Norte (2.700 m), o circuito acessível que circunda toda a Escola Secundária, com acesso ao Pavilhão Desportivo e todos os outros espaços, a ligação entre o Parque

A Rede de Passeios Acessíveis representa um importante passo na promoção da acessibilidade para todos contribuindo para construir um concelho mais inclusivo e solidário, onde os cidadãos vivem e usufruem em pleno dos espaços públicos, para uma verdadeira igualdade de direitos e oportunidades. Com um investimento superior a 300 mil euros, distribuídos por diversas intervenções, nas quais as acessibilidades

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Desportivo e a Circular Norte a partir da rotunda do Campo Sousa Uva (48 m) e o novo percurso da Entrada Nascente com a ligação à Circular Norte (1.423 m). Os novos acessos construídos no Jardim da Verbena e os espaços públicos construídos com «Barreiras 0», sendo totalmente acessíveis a todos - o Parque da Vila e a Praça da República, são outras obras que integram esta grande Rede de Passeios Acessíveis. “Este momento representa uma enorme conquista na valorização das acessibilidades e uma importante etapa na construção de um concelho sem barreiras, imprescindível para quem tem mobilidade condicionada mas fundamental para todos nós, porque todos podemos vir a depararnos com alguns obstáculos ao longo da nossa vida, mesmo que temporários”, declarou a Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes durante a cerimónia de inauguração. “Esta importante obra concretizada em São Brás de Alportel eleva o direito à cidadania na realidade do nosso quotidiano”.

Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, salientou o crescimento que esta Rede simboliza para o concelho, enquanto obra que vem melhorar significativamente as acessibilidades dos são-brasenses e de quem o visita, na senda do desenvolvimento e na defesa de um município mais inclusivo, respeitador, seguro e acessível para todos. “Com este projeto, São Brás de Alportel garante mais conforto e qualidade de vida para todas e todos os munícipes” .

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ATUALIDADE FESTIVAL MED NOMEADO PARA OS IBERIAN FESTIVAL AWARDS

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Festival MED de Loulé está nomeado para mais um galardão na área da música: os Iberian Festival Awards. Depois das nomeações para o Portugal Festival Music Awards 2015, nas categorias de Melhor Festival de Média Dimensão e Melhor Festival Urbano, o MED irá concorrer de novo ao lado dos grandes festivais do país e, agora, também, de Espanha, na categoria de «Best Medium Sized Festival». A par desta votação do público, e de acordo com a análise do júri, o festival algarvio foi considerado também nas categorias «Best Touristic Promotion» e «Best Cultural Programme».

entre os promotores e agentes, desenvolvendo novas ideias, projetos e tendências na indústria dos festivais de música europeus. Os Iberian Festival Awards pretendem premiar e reconhecer todos aqueles que contribuíram para o sucesso destes eventos ao nível da organização mas também da produção, logística, ativação de marcas, entre outras áreas. Por outro lado, é um dos objetivos deste galardão reforçar os laços entre os dois países e otimizar o intercâmbio entre os festivais realizados em solo ibérico. Cada categoria terá um vencedor global (1.º lugar) e um vencedor de cada país (1.º lugar do país não vencedor) .

A primeira edição dos Iberian Festival Awards terá lugar no dia 3 de março, no auditório da FIL, em Lisboa, integrado no Talkfest – International Music Festivals Forum, iniciativa que tem por objetivos promover a discussão em torno dos festivais de música, bem como o intercâmbio e a partilha de experiências

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OLHÃO LIDERA INVESTIGAÇÃO DA EXPORTAÇÃO DE POLVO VIVO

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ealizou-se recentemente um workshop no Espaço Polivalente da Biblioteca Municipal José Mariano Gago, em Olhão, para divulgar os resultados do projeto TRANSPOLVO, cujo promotor é o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), financiado pelo Programa Operacional Pesca 20072013 (PROMAR), com o apoio do Grupo de Ação Costeira (GAC) Sotavento do Algarve, sediado no Município de Olhão. A iniciativa teve como principal objetivo identificar as condições de transporte de polvo vivo a altas densidades e por longos períodos de tempo.

duração de 48 horas, com resultados satisfatórios que permitem que este transporte possa vir a ser realizado. Este projeto conta com o apoio da DOCAPESCA – Portos e Lotas, S.A., do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, da organização sem fins lucrativos Armalgarve Polvo e associações de armadores e pescadores de polvo. A viablização da exportação de polvo vivo para o Japão encontra-se neste momento em fase de ensaio na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão, a maior estação piloto de piscicultura em Portugal .

O workshop juntou mais de 70 pessoas, onde se incluíram os principais agentes relacionados com a pesca e comercialização do polvo. O projeto TRANSPOLVO resulta do interesse por parte do Japão e outros países orientais em importar polvo vivo para consumo. O IPMA realizou diversas simulações de transporte de polvo vivo a altas densidades (superiores a 100 Kg/m3) e a baixas temperaturas (menos de 10ºC) com uma

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ATUALIDADE ESPÍRITO OLÍMPICO PROMOVIDO NO ALGARVE

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espírito olímpico viveu-se em Olhão de forma intensa, no dia 7 de janeiro, com o início da segunda edição da Estafeta Chamada para os Jogos, inserida na promoção dos VII Jogos de Quelfes – Viver o Olimpismo, que vai percorrer todos os concelhos do Algarve e ainda passar pelo Baixo Alentejo e terminar na vizinha Andaluzia. No total, serão cerca de mil quilómetros que os participantes percorrerão com o objetivo de passar a mensagem do olimpismo como filosofia de vida, onde as crianças são os atores principais. A iniciativa tem como mentor Gustavo Marcos, que idealizou passar valores de solidariedade, fraternidade, amizade, esforço, igualdade, determinação ou excelência junto dos jovens das escolas olhanenses. Os Jogos de Quelfes, há sete anos, começaram assim e foram crescendo, tendo atualmente uma dimensão que ultrapassa o concelho de Olhão, a região e o País.

e onde foram içadas as bandeiras do olimpismo, dos Jogos de Quelfes e do Município de Olhão, ao som do hino olímpico. Lido o testemunho que passará por todas as escolas dos concelhos participantes, duas crianças acompanharam os restantes participantes na estafeta. Assim foi durante todo o dia – alunos a participarem nas partidas e chegadas das estafetas, entregando o testemunho aos colegas de outro estabelecimento de ensino – até que na EB1 de Moncarapacho foi entregue a mensagem da Chamada para os Jogos aos alunos do concelho de S. Brás de Alportel. Atletas de nomeada, como os olímpicos Ana Cabecinha, Jorge Costa e Hélder Oliveira, a esperança olímpica Edna Barros, entre outros marchantes do Clube Oriental de Pechão, como Carina Correia, Liandra Gonçalves, Vanessa Conduto e Tiago Baguinho, participaram nesta estafeta, ao lado de alunos das escolas, autarcas e outros amigos do desporto. Com o apoio da Câmara Municipal de Olhão desde a primeira hora a vários níveis, a organização também contou com a colaboração das juntas de freguesia, clubes e forças de segurança do concelho.

Na manhã de 7 de janeiro, na Escola Básica N.º1 de Marim, onde têm origem os Jogos de Quelfes, lá estavam os alunos entusiasmados para a cerimónia de abertura desta Estafeta, onde marca sempre presença Kelfi, a mascote dos Jogos

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EB1 João Lúcio (Bias do Sul), EB1 de Fuseta e EB1 de Moncarapacho.

Em todas as escolas, o espírito olímpico esteve bem presente, com cartazes ou coreografias feitos pelos alunos sobre o tema. A Escola EB1 de Marim abriu as hostes – local de origem dos Jogos – para um dia de prática desportiva e amizade que ficará na memória de muitos, sobretudo dos mais novos. Os atletas, que foram engrossando o grupo ao longo do percurso, passaram depois pelas restantes 13 escolas do concelho: EB1 N.º6 (Siroco), EB1 da Cavalinha, EB1 N.º1 (Largo da Feira), Colégio Bernardette Romeira, EB1 N.º4 (Escola do Futebol), EB1 N.º7 (pavilhão do Ginásio Clube Olhanense), EB1 N.º 5 (Bairro 28 de Setembro), EB1 de Pechão, EB1 de Brancanes, EB1 de Quelfes,

No dia 8 de janeiro, a estafeta continuou pelas escolas de S. Brás de Alportel, seguindo-se os concelhos de Faro (11 e 12 janeiro), Loulé (13 e 14 janeiro), Albufeira (15 janeiro), Silves (18 e 19 janeiro), Lagoa (20 janeiro), Portimão (21 janeiro), Lagos (22 janeiro), Vila do Bispo (25 janeiro), Aljezur (26 janeiro), Odemira (27 e 28 janeiro), Monchique (29 janeiro), Almodôvar (1 fevereiro), Mértola (2 e 3 fevereiro), Alcoutim (4 fevereiro), Tavira (15 fevereiro), Vila Real de Santo António (16 fevereiro), Castro Marim (17 fevereiro) e Ayamonte (18 fevereiro) . 53

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ATUALIDADE CÂMARA DE FARO TRANSITA DE ANO COM AS CONTAS EM DIA

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Município de Faro encerrou o ano de 2015 sem atrasos nos pagamentos a fornecedores, nem pagamentos em atraso – o que constitui uma novidade em 10 anos de gestão autárquica. Esta realidade permite que a autarquia possa finalmente assumir, com pleno direito, o estatuto de parceiro credível perante os seus fornecedores, associações do concelho e entidades bancárias. apresentar uma taxa de execução orçamental historicamente elevada. Do lado da despesa, o Município de Faro pagou 34.715.934,71 euros, o que corresponde a uma taxa de execução de 85,39 por cento. Usando novamente como referência os anos de 2014 e 2010, esta taxa cifrou-se nos 84,93 por cento e nos 32,70 por cento respetivamente.

Se hoje todos reconhecem que a Câmara de Faro é pessoa de bem, credora de toda a confiança, e isso repercute-se nos preços praticados pelos seus parceiros e no cumprimento dos prazos de execução dos contratos com eles assinados, o esforço de racionalização da gestão em 2015 acabou por ter outros resultados igualmente favoráveis. Assim, a dívida total do Município ao nível do Balanço, cifrou-se no valor mais baixo dos últimos dez anos: 43.842.272,78 euros. A título de exemplo, no final de 2014, este valor estava nos 52.698.022,12 euros e em 2010 cifrava-se em 71.725.953,88 euros. Ou seja, em cinco anos, a autarquia expurgou-se de cerca de 39 por cento da sua dívida total.

No que respeita à receita total, esta atingiu em 2015 os 40.171.166,15 euros, o que equivale a uma taxa de execução orçamental de 98,80 por cento. Nos anos de 2014 e 2010, a taxa de execução havia ficado nos 88,19 por cento e 34,33 por cento respetivamente. Este é um dado relevante porque permite aferir que hoje, o orçamento do Município é um documento previsional credível e transparente .

Outro dado muito relevante do exercício de 2015 reside no facto de o Município

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III CONCURSO DE PRESÉPIOS DO CONCELHO DE LOULÉ MUITO PARTICIPADO

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ecorreu, no dia 7 de janeiro, a cerimónia de entrega de prémios aos vencedores do III Concurso de Presépios do Concelho de Loulé, iniciativa promovida pela autarquia louletana que, mais uma vez, pretendeu estimular a criatividade dos participantes, ao mesmo tempo que procurou relembrar e encorajar uma das mais tradicionais expressões da cultura popular associada à quadra natalícia – a construção do presépio. Na categoria «Presépio Tradicional do Algarve», a grande vencedora foi Natália Estevão, classificando-se em segundo e terceiro lugar, respetivamente, Anabela Estevens e Marinela Viegas. Fernando Martins foi o vencedor na categoria «Presépio Tradicional Português», logo seguido de Cândida Rodrigues (segunda classificada) e da Escola EB nª 4 de Loulé (terceira classificada), que participou com um trabalho realizado pelos alunos.

estes trabalhos onde está bem presente toda a tradição algarvia. Os premiados receberam entradas gratuitas para duas pessoas em eventos e espetáculos organizados pela Autarquia, publicações e lembranças do Concelho: 1.º prémio – um bilhete duplo para os três dias do Festival MED 2016 e publicações da Autarquia; 2.º prémio – dois bilhetes duplos para dois espetáculos no Cine-Teatro Louletano e publicações da Autarquia; 3.º prémio – um bilhete duplo para dois espetáculos no Cine-Teatro Louletano e publicações da Autarquia. A todos os concorrentes foram atribuídos Certificados de Participação .

Na construção destes presépios foram utilizadas matérias-primas existentes na região, nomeadamente a cortiça, bolotas ou vegetação local, que deram um cunho a

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CHEF AUGUSTO LIMA Consultor/Formador

FIGO CHEIO INGREDIENTES (PARA 4 PESSOAS) 12 unidades – Figo seco 12 fatias (+/- 220 gr) – Muxama («presunto» de atum) 12 fatias (+/- 240 gr) – queijo de cabra (Algarvia de preferência. Pode usar outro queijo) Q.b. – Mel Q.b. – Azeite extra virgem (preferencialmente) Q.b. – Pimenta rosa Q.b. – Tomilho limão (ou outro) Q.b. – Massa tenra (pode usar massa folhada) Q.b. – Cominhos em pó

COMO FAZER Aqueça o forno previamente a cerca de 160.ºC. Comece por temperar o azeite. Deite-o num recipiente (tigela) e junte a flor de sal, as folhas de tomilho e os grãos de pimenta, esmagados ligeiramente. Mexa e reserve. Escolha os figos (três por pessoa), grandes e não muito secos. Retire/corte o pedúnculo e com a ajuda de uma faca larga (ou outro utensílio), espalme (com o centro do pedúnculo para cima). Abra a meio, sem separar, como se o fizesse para uma sanduíche. Recheie cada um com uma fatia de «Muxama» e uma fatia/pedaço de queijo. Feche, pressionando. Corte tiras de massa, tenra ou folhada, com aproximadamente 20/22 cm (depende do tamanho do prato a utilizar) de comprimento e 1½ de largura. Escolha um prato grande ou travessa em louça e disponha no centro, os figos (três por pessoa) com um intervalo de cerca de dois a três cm. Cubra com mel e polvilhe com cominhos. Coloque por cima a tira de massa, enrolada sobre si mas, em espiral. Coloque o prato no forno e deixe cozer por aproximadamente 12 a 15 minutos.

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SUGESTÕES «CHURRA» INGREDIENTES (4 PESSOAS) 600 gr – ovelha Churra 1 – Cebola média 5 – Dentes alho seco 1 – Pimento verde 1 – Pimento vermelho 1 – Cenoura 50 gr – Abóbora 50 gr – Batata doce 4 Grãos – Cravinho 2 Paus – Canela 2 Unidades – Anis estrelado 2 Folhas – Louro Q.b. – Vinho branco Q.b. – Caldo legumes Q.b. – Azeite Q.b. – Colorau Q.b. – Piri-piri Q.b. – Açafrão Q.b. – Cominhos Q.b. – Mix ervas frescas (coentro, hortelã, alfazema, alecrim ou rosmaninho, carqueja, bela luísa) Q.b. – Maizena/para engrossar o molho se necessário Q.b. – Sal marinho 100% natural Rui Simeão

COMO FAZER Corte a carne em cubos e deixe a marinar por um mínimo de duas horas com algum vinho e parte das ervas. Escorra e core no azeite, a carne com a canela, estrela de anis, cravinho e louro. Acrescente a cebola e o alho. Junte o vinho e algum caldo. Tape e deixe guisar. Corte o pimento (com sementes), a batata, a cenoura e a abóbora em cubos médios. Quando a carne se apresentar quase cozinhada, adicione os legumes e deixe cozinhar. Quando praticamente estiver o conjunto cozido, rectifique o sal e adicione as especiarias, misturadas com um pouco do caldo e as ervas. Deixe apurar e sirva. Acompanhe, se quiser com papas de milho duras (cortada, polvilhadas com pão ralado, regado com azeite temperado e gratinadas).

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SUGESTÕES «ALGARVIADA» INGREDIENTES PARA A TORTA (PARA 6 PESSOAS) 350 gr – Açúcar 1,5 dl – Sumo laranja 1 – Laranja (raspa e sumo) 8 – Ovos 1 – Colher (chá) farinha trigo 80 gr – Manteiga (derretida/mole) Q.b. – Papel vegetal Q.b. – Manteiga/Margarina/azeite (para barrar o tabuleiro) Junte a farinha, a pouco e pouco e mexa de modo a obter uma massa maleável, nem muito seca, nem demasiado húmida. Deixe repousar por cerca de ½ hora e molde «trufas».

COMO FAZER A TORTA Pré-aqueça o forno a 160.ºC. Misture o açúcar com a farinha, muito bem, a raspa de laranja e o sumo. Junte os ovos, ligue muito bem até estar o açúcar desfeito, sem bater demais (ganhar espuma). Junte a gordura e misture bem. Deite o «aparelho» num tabuleiro muito bem untado com gordura e forrado a papel vegetal e de novo bem untada com gordura. Leve a cozer, durante aproximadamente 20 minutos. Verifique. Retire do forno e vire o tabuleiro com cuidado sobre um pano/folha de papel vegetal, polvilhado com açúcar. Enrole e deixe arrefecer.

INGREDIENTES PARA A SOPA GELADA DE AMÊNDOA AMARGAM (SEIS PESSOAS) ½ L – Leite/leite de amêndoa/leite de soja/leite de arroz 1 dl – Amêndoa amarga (bebida) 1 – Colher (sopa) Açúcar Q.b. – Maizena

INGREDIENTES PARA A «TRUFA» (6 PESSOAS)

COMO FAZER A «SOPA»

6 Unidades – Figo seco (grandes) ½ – Laranja (sumo e raspa) Q.b. – Farinha alfarroba Q.b. – Aguardente de medronho

Deve fazer este molho de véspera. Juntar tudo numa tigela de inox (se cozido em banho-maria) ou em pequeno tacho (se directamente numa fonte de calor). Mexer até engrossar. Rectificar o gosto e colocar no frio.

COMO FAZER A TRUFA

MONTAGEM Colocar no fundo de um prato, a «sopa». No centro, acondicionar uma fatia de torta de laranja e por cima uma «trufa». Decorar a gosto.

Corte os figos em pedaços pequenos e deixe macerar (1/4 hora) com a aguardente (metade da medida do sumo) e o sumo de laranja.

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ANTÓNIO LOPES Head Sommelier Conrad Algarve

CONCEITO 2013 Classificação: Regional Duriense Região: Douro/ V.N. de Foz Côa Solo: xistoso Castas: Bastardo Vinificação: as uvas são transportadas para a adega em caixas de 20 quilos. Os cachos inteiros são transferidos para o lagar e pisados a pé. A encuba é feita imediatamente após o final da fermentação alcoólica Estágio: Oito meses em barricas de três e quatro anos de carvalho francês Enóloga: Rita Marques Álcool: 13,5% vol. Açúcar: inferior a 2 g/L pH: 3,45 Acidez: 5,8 g/L

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SUGESTÕES

QUINTA DA SEARA dORDENS 2013 Região: Douro Castas: 50% Malvasia Fina 30% Rabigato 20% Fernão Pires Vinificação: Contato pelicular a frio, prensagem com esgotamento parcial. Fermentação parcial em barricas de carvalho francês. 40% em cuba, betonaje com borras finas. Estágio: Estagiou 60% do vinho durante seis meses em barrica de carvalho francês e dois meses em garrafa. Álcool: 13,5% vol. Acidez total: 4,7 gr/dm3 pH: 3,36 Produtor: Sociedade Agrícola Quinta Seara D’ordens, Lda Enólogo: Luís Soares Duarte

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FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal FOTO DE CAPA: Daniel Pina

ESTATUTO EDITORIAL A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo

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que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

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