ALGARVE INFORMATIVO #47

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“Somos incómodos para a indústria porque escolhemos o nosso próprio caminho”, reconhece

ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO Tavira respira Cultura todo o ano O que dizem elas do Dia da Mulher Amarelarte desperta jovens para as artes ALGARVE INFORMATIVO #47 1


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SUMÁRIO

10 UHF Cultura

34 Tavira Cultura 6 Finalmente, mostra-se o Outro Algarve! Opinião Daniel Pina

10 UHF Cultura 20 Dia da Mulher Sociedade 30 Adversários ou Inimigos ? 46 Amarelarte Sociedade

Opinião Paulo Cunha

32 Haja saúde… Opinião José Graça

34 Tavira Cultura 46 Amarelarte Sociedade 56 Atualidade 72 Sugestões

20 Dia da Mulher Sociedade ALGARVE INFORMATIVO #47

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OPINIÃO FINALMENTE, MOSTRA-SE O OUTRO ALGARVE! DANIEL PINA Diretor

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Apraz-me, por isso, verificar que grande parte dos municípios algarvios aproveitaram a principal montra de turismo do país para promover – a par das suas riquezas naturais e patrimoniais – aquilo que os distinguem verdadeiramente dos outros locais do globo, designadamente a sua história, a cultura, as festas religiosas, a gastronomia, o vinho, a tranquilidade, a paz e sossego. Foi o caso de Loulé, em cujo concelho se localizam algumas das praias, campos de golfe e empreendimentos turísticos mais famosos do mundo, mas que fez questão de evidenciar algo que não se encontra em mais lado nenhum – o Festival MED. Ainda faltam alguns meses para se realizar a 13ª edição deste importante festival de músicas do mundo, o cartaz ainda não está fechado, como é natural, mas os responsáveis camarários não perderam a oportunidade de promover, já, o MED junto de quem depois influencia a escolha dos destinos de férias de milhares de turistas. Foi o caso de São Brás de Alportel, que também aproveitou a BTL para dar a conhecer a 25ª Feira da Serra, um dos principais certames gastronómicos da região, onde se pode encontrar todas as tradições e riquezas do interior algarvio, da Serra do Caldeirão. Foi o caso de Lagoa, que enfatizou o galardão «Lagoa Cidade do Vinho 2016» e mostrou os seus vinhos, a sua nova imagem, as suas gentes e tradições. Foi o caso de Silves, que destacou a sua cultura, gastronomia, natureza, os vinhos, doçaria, frutos, até um dos maiores recifes naturais da Europa, situado ao largo de Armação de Pêra. Foi o caso de Olhão, que promoveu os seus

sta semana, o Algarve esteve de olhos postos na Bolsa de Turismo de Lisboa, ou a BTL esteve de olhos postos no Algarve, como se preferir olhar para a coisa, mas o certo é que a grande maioria dos autarcas, dirigentes associativos e empresários ligados ao turismo estiveram na capital por ocasião da mais importante feira do setor que se realiza em Portugal. Uma presença que se fez sentir em peso na 28ª edição da BTL onde o Algarve era, precisamente, o destino convidado, mas o que me salta mais à vista é que, finalmente, se começou a aproveitar o certame para dar a conhecer o «Outro» Algarve, aquele de que tantas vezes se fala em campanhas publicitárias pontuais mas que continua a viver na sombra do produto âncora «sol e praia» e do golfe. É evidente que no stand do Algarve e dos vários concelhos estiveram presentes as tradicionais brochuras das praias algarvias, que são as melhores da Europa, bem como dos campos de golfe, que também são dos melhores da Europa e do Mundo. Imagens de beleza inigualável que chamam logo a atenção dos visitantes, exceto quando os visitantes são do trade, são profissionais do ramo, são de agências de viagens, de empresas de rent-a-car, de organizadores de congressos e seminários. Esses já conhecem sobejamente os famosos «postais» do Algarve, as praias e os campos de golfe que todos os anos ganham prémios internacionais. Mesmo o público em geral que tem acesso à BTL nos últimos dias também já conhece de cor e salteado as nossas praias, campos de golfe, as vistas deslumbrantes, os empreendimentos turísticos de cinco estrelas, mesmo que não tenham posses financeiros para os frequentar durante as férias do Verão ou da Páscoa.

Continua…

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OPINIÃO sobre o funcionamento do seu Serviço de Ortopedia. A resposta é, confesso, de deixar indignada qualquer pessoa que se esforce por trazer visitantes ao seu concelho. Isto porque o Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve sacudiu a poeira do seu capote, disse que os problemas existentes se devem a terceiros, não assumiu a responsabilidade de dar resposta às necessidades prementes da região e chegou mesmo a sugerir ao presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel que, ou cancelasse o evento, ou contratasse serviços de ortopedia a uma entidade externa. Ora, nesta linha de pensamento, todos os autarcas do Algarve terão que começar seriamente a pensar em construir hospitais privados nos seus concelhos para assegurar os cuidados de saúde dos milhares de turistas que os visitam ao longo do ano, porque o Serviço Nacional de Saúde não tem capacidade para o fazer. De que adianta, então, estar a gastar dinheiro a promover a região na BTL ou em feiras internacionais de turismo por esse mundo fora para captar turistas se, depois, o poder central não cumpre com as suas funções, nomeadamente as que dizem respeito aos cuidados de saúde. E não nos esqueçamos que muitos presidentes de câmara, sobretudo dos concelhos do interior, já têm que destinar parte dos seus orçamentos para a contratação de médicos para os respetivos centros de saúde, porque o SNS não o faz. E esta história fica ainda mais irritante quando o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, vem afirmar, na BTL, que Portugal terá de subir as receitas provenientes dos turistas estrangeiros para os 12 mil milhões de euros, um valor muito acima dos 11,3 milhões de euros registados em 2015. É caso para lembrar ao digníssimo governante, e seus colegas, que sem ovos não se fazem omeletes .

produtos do mar e a Ria Formosa. Foi Vila do Bispo que lembrou a sua história, o papel nos Descobrimentos, o Festival de Observação de Aves. Foi Tavira que falou das suas igrejas, conventos, dos achados arqueológicos. De um modo geral, todos os concelhos do Algarve realçaram aquilo que só eles possuem no seu território, ao invés de irem pelo caminho mais fácil de promover o mesmo de sempre e que já toda a gente conhece. E, por isso, as perspetivas para o próximo Verão são risonhas, como vários especialistas na matéria já adiantaram, embora não se possa atribuir todo o mérito dos resultados ao Algarve, nem sequer aos nossos governantes. Isto porque a instabilidade política, o clima de insegurança, os conflitos, continuam a proliferar em vários países concorrentes da bacia do Mediterrânico e de outros pontos do globo, o que afasta milhares de turistas e os empurra, suave e levemente, em direção ao sul de Portugal. Claro que não se pode contar já com os ovos no cu da galinha, é preciso promover, divulgar, inovar, acima de tudo criar condições para que os turistas se sintam bem de Vila do Bispo a Vila Real de Santo António, e ai entramos na parte má da conversa, naquela que, infelizmente, escapa ao controlo dos autarcas algarvios. São as obras que arrancaram em peso em vários pontos da EN 125 e que geram constantes filas de trânsito, são as portagens na Via do Infante, é o IVA na Restauração, que o governo prometeu baixar no segundo semestre, é o fantasma da exploração de hidrocarbonetos ao largo da costa algarvia. Preocupante é, igualmente, a questão da saúde e os problemas que afetam o Centro Hospitalar do Algarve, como ficou agora patente com a realização de uma prova da Taça de Portugal de Downhill em São Brás de Alportel. O concelho é reconhecido internacionalmente pelas suas condições soberbas para a prática de BTT e Downhill, a competição acolhe centenas de atletas, nacionais e estrangeiros e o autarca questionou, e muito bem, a direção do CHA

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UHF

arrasaram em Olhão

O Rapaz Caleidoscópio saiu da Rua do Carmo, veio até a Olhão com os seus Cavalos de Corrida contar que Jorge Morreu e o público foi ao rubro, como que a dizer Toca-me, Dança Comigo (até o Sol nascer), deixa-me Uma Palavra Tua. No fim, O Vento Mudou, a Lágrima Caiu, ficaram os Sonhos na Estrada de Sintra para recordar uma noite inesquecível passada na Cidade da Restauração. Já nos bastidores, António Manuel Ribeiro falou ao Algarve Informativo sem Hesitar, muito menos com medo de ser Um Mau Rapaz ou de se tornar uma Persona Non Grata. Um dos fundadores do rock português, poeta, cantor e compositor, recordou a sua geração, lançou um olhar preocupado ao mundo da música atual e analisou friamente a sociedade e os políticos nacionais. Entrevista: ALGARVE INFORMATIVO #47

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Foto: Nuno Fontinha

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ntónio Manuel Ribeiro e os seus UHF trouxeram ao Auditório Municipal de Olhão, no dia 27 de fevereiro, o melhor de 300 canções num concerto extraordinário que começou por ser acústico, mas que foi ganhando vigor e eletricidade à medida que os minutos iam decorrendo, terminando em apoteose com o público a cantar, de pé, temas que ultrapassam as gerações e que marcam o trajeto da carismática banda ao longo de quase quatro décadas de existência. Um grupo que convive com naturalidade com o rótulo de terem sido um dos «fundadores do rock português», aliás, António Manuel Ribeiro garante que nunca pensou nisso. “A vida era demasiado rápida, era tudo muito instantâneo, acabava uma situação, partíamos logo para outra. Claro que, hoje, quando se fazem as contas e se atribuem as responsabilidades, vem à baila que nós fundamos o rock português, mas prefiro dizer que isso foi feito por uma canção, a «Cavalos de Corrida». A música representava a juventude daquele tempo e falava em português para ela e só mais tarde é que nos apercebemos da importância que esta canção teve”, reconhece António Manuel Ribeiro.

tiveram medo de dizer o que interessava dizer, doesse a quem doesse. “Infelizmente, são modas que se instalam, esta forma de esvaziar o conteúdo das canções não se verifica apenas agora. Já houve outros momentos em que assim aconteceu e estou-me a lembrar daquela vaga das boys bands e girls bands, de há cerca de 20 anos, e das quais nada ficou. É como as folhas secas das árvores, são varridas pela ventania e desaparecem. A própria indústria favorece o aparecimento dessas correntes ou momentos musicais e há outras coisas que vivem para além do que é o facilitismo, o comércio e a vulgaridade. O mais difícil na vida é ser simples. Depois, é fazer algo que valha a pena e que, passados muitos anos, alguém diga que é importante para ele”, considera o entrevistado, de forma pausada, mas sem receio de ser inconveniente ou politicamente incorreto. Canções que continuam a ser importantes como ficou demonstrado no passado fim-de-semana, primeiro num concerto em Vila Velha de Ródão, depois em Olhão, dois espetáculos com lotação esgotada em que as pessoas estavam lá para recordar outros tempos, para respirar sons do antigamente. Contudo, quem acompanha de perto, e com olhos de ver, os UHF desde a sua fundação, sente que a banda nunca teve o reconhecimento merecido por parte da indústria musical, que foi sendo algo relegada para segundo plano, sem alcançar o estatuto de popstar como os «Xutos e Pontapés» ou os «GNR», por

Um tema que marcou toda uma geração, e que continua a marcar, diga-se em abono da verdade, algo que não é comum nos tempos modernos, em que a maior parte das canções fala de assuntos fúteis, com refrões fáceis de memorizar, mas que, bem espremidas, pouco sumo contém. Uma descrição que, hoje, como há 38 anos, não se aplica de todo às melodias e baladas dos UHF, que nunca ALGARVE INFORMATIVO #47

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(…) “estou-me a lembrar daquela vaga das boys bands e girls bands, de há cerca de 20 anos, e das quais nada ficou. É como as folhas secas das árvores, são varridas pela ventania e desaparecem. A própria indústria favorece o aparecimento dessas correntes ou momentos musicais e há outras coisas que vivem para além do que é o facilitismo, o comércio e a vulgaridade” (…)

Foto: Carlos Alberto Sequeira 13

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Almada em 1954 sente-se, nas suas próprias palavras, como um passarinho, “livre e muito leve”. Postura que não é fácil manter ao longo de uma carreira tão extensa, principalmente quando se sabe o que daí resulta, as cacetadas a que se está sujeito, mas António Manuel Ribeiro não partilha da ideia de que a popmusic tem que ser uma silly song, uma canção pateta. “A minha escrita faz fotografias daquilo que se passa à minha volta, do que é viver em Portugal, mas olhando também para além da fronteira e vendo o que se passa no resto do mundo. Acho que o trovador sempre fez isso, perspetivar, fotografar, fixar um ponto da realidade e transmiti-lo, para que não o esqueçamos e, sobretudo, para que a indiferença não domine, muitas vezes, algumas tragédias graves que ocorrem todos os dias no mundo”.

(…) “Excetuando alguns exemplos, temos tido alguns políticos muito maus no poder e vejo estes senhores do bloco central como funcionários das decisões europeias. Não tenho nada contra a Europa, sou um europeísta, mas penso que não soubemos aproveitar aquilo que ela nos podia dar” (…)

exemplo. Isto porque nunca quiseram ir pelo tal caminho do facilitismo, das canções sem sumo, sem mensagens que façam pensar. Uma análise que gera um sorriso em António Manuel Ribeiro, confirmando que os UHF sempre fizeram tudo ao contrário do que se esperava. “Em 1980, assinamos um contrato de cinco anos com a Valentim de Carvalho, a maior editora a operar, na altura, em Portugal, ligada ao império da música que era a EMI britânica. Volvidos dois anos, rompemos o contrato, de uma forma bastante dolorosa. Não vou dizer que fui inteligente, não fui, já passou sobre isso o tempo suficiente para o reconhecer, mas fizemos isso várias vezes ao longo do nosso trajeto. Somos, de certa forma, incómodos para a indústria, porque escolhemos o nosso caminho e é preferível um bom divórcio do que um mau casamento”, frisa António Manuel Ribeiro.

Um país sem rumo nem desígnio Cantar o melhor de 300 canções por esse Portugal de lés-a-lés comprova que os UHF continuam de boa saúde e com fãs de todas as idades, o que espanta, inclusive, António Manuel Ribeiro. A esse propósito, recorda as apresentações realizadas desta coletânea em cinco FNAC’s, nas quais se incluíram as duas algarvias – Guia e Faro – e onde miúdos ainda a entrar na adolescência perguntavam avidamente pelo «Cavalos de Corrida». “Como é que eles pensam numa canção que foi feita há 35 anos? Isso revela que as coisas sérias e sinceras

Infelizmente, ser pouco dado a casamentos de conveniência paga-se caro em Portugal, é uma independência que não sai barata, mas o poeta nascido em

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ultrapassam a barreira do tempo, não estão agarradas a modas ou tiques momentâneos”, entende o entrevistado, que conserva o mesmo ânimo para escrever de há quase 40 anos, quando o país estava a sair de uma ditadura e respirava os primeiros ares da democracia, da liberdade.

europeias. Não tenho nada contra a Europa, sou um europeísta, mas penso que não soubemos aproveitar aquilo que ela nos podia dar. Tornamo-nos vaidosos, novos-ricos, em vez de criarmos estruturas para novas indústrias, produção, ideias, imaginação, exportação”, lamenta,

Contudo, os tempos são, sem dúvida, completamente diferentes, uma diferença que se nota ainda mais quando se olha para os nossos governantes, tema que António Manuel Ribeiro aborda com à vontade, como sempre o fez. “Excetuando alguns exemplos, temos tido alguns políticos muito maus no poder e vejo estes senhores do bloco central como funcionários das decisões

com um franzir de ombros, apontando o exemplo de algo que vislumbrou ao atravessar o Alentejo rumo ao Algarve. “Há uma série de estruturas de cimento armado sem o alcatrão por baixo porque já não há dinheiro para isso, nem sequer necessidade, pois, ao lado, a estrada está boa. Essas vaidades, no fundo, são próprias de um país que não tem rumo, nem desígnio. Os velhos políticos que

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como o fizeram antes de nós chegarmos, antes da viragem do Estado Novo e da Revolução de Abril”, sublinha, enaltecendo o papel desempenhado pelos cantores de intervenção do antigamente, os baladeiros com a sua guitarra, voz e grandes poemas.

(…) “Esse facilitismo é sempre mau. Nós, para chegarmos ao cume da montanha, temos que subi-la, a não ser que haja um elevador, mas assim o percurso perde a piada. É uma escalada de conhecimento, aprendizagem e fortalecimento da pessoa” (…)

Facilitismo vive casado com a mediocridade chegaram no pós-25 de abril, ou já morreram, ou estão muito velhos. Álvaro Cunhal e Sá Carneiro já cá não estão, Mário Soares está bastante velho e o Freitas de Amaral, nem sei o que anda a fazer. Depois, temos tido alguns políticos que, de uma forma ou outra, são equívocos, alguns até fogem do país quando lhes é dado um estatuto dourado”, dispara, com a sua conhecida tenacidade.

Só que tudo é diferente neste mundo global de jogos constantes, de tablets, iphones e brincadeiras que distraem as pessoas e é esse o objetivo do «jogo», alerta António Manuel Ribeiro. “Passamos a ser algarismos, clientes, bastante distantes dos cidadãos criados pela revolução francesa. Deixamos de ser pessoas e passamos a ser parte da máquina”, avisa, e tudo isso se nota igualmente na própria música, onde não faltam «equívocos» transformados em popstars pelos microfones com autotune e demais magias da produção. “Esse facilitismo é sempre mau. Nós, para chegarmos ao cume da montanha, temos que subi-la, a não ser que haja um elevador, mas assim o percurso perde a piada. É uma escalada de conhecimento, aprendizagem e fortalecimento da pessoa”, descreve o líder dos UHF.

Uma postura que António Manuel Ribeiro condena numa altura em que o país precisa dos seus melhores valores, de esforço, de pessoas de manga arregaçada, mas a verdade é que, pelos vistos, os portugueses também já perderam a esperança, ou a ilusão, nos seus governantes, o que entristece o músico. “Há uma parte significativa do povo que está desinteressada e a indiferença é o pior que pode acontecer. Nós só somos governados pela vontade de metade do país, a outra metade fica em casa no dia das eleições, e não tem sido uma grande escolha. Ou, às vezes, escolhemos e depois as contas saem furadas. Não sei como é que se pode modificar isto, mas as canções podem ser um alerta, podem fazer a sua parte, ALGARVE INFORMATIVO #47

Ascensão ao topo que, atualmente, é feita muitas vezes num ápice, saltando etapas, seguindo por atalhos, sobretudo quando a internet está envolvida, opinião partilhada por António Manuel Ribeiro. “Um grupo

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Foto: Nuno Fontinha

Ivan Cristiano, António Manuel Ribeiro, António Corte-Real e Luís Simões constituem a formação atual dos UHF, os fundadores do rock português

sermos bons nalguma coisa temos que trabalhar, que nos esforçar, que ter mérito. O facilitismo, normalmente, vive casado com a mediocridade”, chama a atenção o experiente artista.

ou artista novo faz umas canções e acha que tem direito a gravar um disco, não sabemos é se o mercado e a indústria assim o querem. Vão bater à porta das editoras e, quando ninguém os quer, metem o disco na internet e deixam de ter valor. Num milhão, há um caso em que isso funciona, e o mesmo se passa nos programas de televisão em que, supostamente, vamos descobrir os nossos talentos. Quais talentos? Aquilo é para entreter, para vender publicidade e para as famílias estarem agarradas à televisão. Dali nunca sairá uma grande vedeta”, garante, recordando a febre de há uns anos do karaoke e cujos craques depois, quando iam gravar um disco, não tinham nada seu para mostrar. “Estavam tão viciados a imitar dezenas de cantores que depois não conseguiam ser eles próprios. Para

Uma mediocridade com que os UHF não pactuam, o que os leva mesmo a rejeitar aparecer em certos programas de televisão. “Os canais, neste momento, estão no facilitismo das tais cantorias com bailarinas descascadas, vamos chamar-lhe assim, portuguesmente falando, o que é outra ilusão. Ninguém se lembra de quem esteve nos três canais de televisão há oito dias, há 15 dias, há três semanas, já tudo passou, ninguém consegue captar uma imagem, uma canção. A música

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é outra coisa”, defende, e basta escutar qualquer tema desta banda para percebermos do que estamos a falar. E muitos temas estão na calha, assegura António Manuel Ribeiro, porque o rio da criatividade continua com corrente forte. “Já estamos a trabalhar em 24 ou 26 canções para o próximo disco, mas não estamos com nenhum urgência em o começar a gravar. Esta noite cantamos um tema, «A música de boca em boca», que é um manifesto sobre a figura do autor e do artista em Portugal, que tem a ver com tudo isto que temos estado a falar”, adianta.

espetáculos. Em março, vamos gravar três canções, mas não temos pressa”. E a agenda recheada de espetáculos é outra prova de que os portugueses já se cansaram dos grupos e artistas «pastilha elástica», aqueles que se mastigam num instante e se jogam fora, os tais que são «descobertos» em programas de televisão. “Este fenómeno dos fins-de-semana musicais começou para aí há dois anos e não me consigo recordar de ninguém que lá tenha cantado. Às vezes, quando andamos nas nossas digressões e almoçamos num restaurante, vejo-me a olhar para a televisão, mas nada fica. O vazio foi encontrado pelo próprio vazio do produto”, observa, com a conversa já a aproximar-se do final. “Os espetáculos dos UHF duram, pelo menos, duas horas, porque as pessoas não saem da sala. Ora, quando se vai para cima do palco com um playback mal alinhado, com três ou quatro melodias manhosas, e se pede um cachet, está-se a enganar as pessoas, não há outra maneira de dizer isto. Estivemos no Porto a gravar o «Portugal 3.0» do Álvaro Costa, na RTP2, a tocar ao vivo, e apareceu um agente a pedir o meu apoio para uma petição pública com o intuito de haver uma maior regulamentação, para desaparecer esta rebaldaria, esta selva onde tudo isto acontece. Achei curioso porque esses agentes, há uns anos, andavam a vender tudo e mais alguma coisa e, agora, eles próprios já sentem que estão a vender um mau produto” .

Pressas não há porque os UHF lançaram, em 2015, uma coletânea que reúne o melhor de 300 canções destes 38 anos de atividade em dois discos, um trabalho que é considerado bastante importante por António Manuel Ribeiro porque o repertório da banda andava espalhado por diversas editoras. “Quando queríamos fazer uma coletânea de carreira tínhamos sempre dificuldades e lacunas, porque uns não se davam com os outros, os outros não queriam ceder ou vender, era uma enorme confusão. Desta vez assumimos juridicamente a situação, porque podemos fazê-lo neste momento, e editamos um disco onde estão, finalmente, as obras desde o «Jorge Morreu», de 1979, até 2015”, justifica, pouco preocupado em «mandar» discos para o mercado antes do verão, a pensar nos festivais, ou em dezembro, por ocasião do Natal. “Normalmente, janeiro e fevereiro são meses parados em que andamos divididos entre os ensaios e o estúdio, mas este ano não conseguimos fazer isso, temos tido vários ALGARVE INFORMATIVO #47

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SOCIEDADE

O que dizem elas do

DIA DA MULHER O 8 de Março marca mais um Dia Internacional da Mulher e o sexo feminino vai sair à rua para os seus habituais festejos noturnos. Durante o dia propriamente dito sucedem-se os debates, peças de teatro, workshops, caminhadas, uma série de iniciativas onde se continuam a exigir os mesmos direitos para ambos os sexos e iguais oportunidades de acesso a todos os sectores da sociedade. A esse propósito, o Algarve Informativo esteve à conversa com várias mulheres em posições de destaque em diversas áreas para saber, afinal de contas, o que significa, para elas, o Dia Internacional da Mulher. Reportagem:

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decretou o último Domingo de Fevereiro como o Dia Internacional da Mulher, comemorado entre 1909 e 1913.

urante séculos, o papel da mulher incidiu sobretudo nas funções de mãe, esposa e dona de casa, enquanto ao homem estava destinado um trabalho remunerado no exterior do núcleo familiar. Esta realidade começou a alterar-se com o incremento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, durante o qual muitas mulheres passaram a exercer uma atividade laboral, embora auferindo salários inferiores aos homens, mesmo em tarefas idênticas.

Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs, em homenagem às grevistas mortas em 1857, eleger o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher. De então para cá, o movimento a favor da emancipação do sexo feminino tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo, e o 8 de Março é, desde 1975, reconhecido pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher, pretendendo-se, através dele, chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade e contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos ao sexo feminino.

Contra a discriminação que sentiam na pele no dia-a-dia, as mulheres encetaram diversas formas de luta, mas pode-se dizer que a primeira ação organizada em grande escala por trabalhadoras femininas ocorreu a 8 de Março de 1875, na cidade de Nova Iorque. No decurso da manifestação, centenas de operárias foram violentamente reprimidas pelas forças policiais, acabando algumas por ficar fechadas numa fábrica onde, entretanto, deflagrou um incêndio. Ao fim da tarde, cerca de 130 tinham morrido queimadas, para choque geral da população.

No entanto, e apesar dos progressos sentidos, principalmente na última metade do século XX, não estamos a falar de uma luta do passado. Se, nos nossos dias, perante a lei da maioria dos países não existe qualquer diferença entre um homem e uma mulher, a prática demonstra que ainda persistem muitos preconceitos em relação a ela. É sabido que as mulheres constituem a maioria da população situada no limiar da sobrevivência. Em boa parte de África e Ásia, representam três quartos da população analfabeta e a violência contra as mulheres, em especial no seio da família, continua a ser um grave problema .

Em 1903, profissionais liberais norteamericanas criaram a «Women’s Trade Union League», com o propósito de ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho e, em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque, reivindicando o mesmo que as operárias do ano de 1857, acrescido do direito ao voto. Caminhavam com o slogan «Pão e Rosas», em que o pão simbolizava a estabilidade económica e as rosas uma melhor qualidade de vida. Mais tarde, o Partido Socialista norte-americano

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Cultura do Algarve. “Nunca senti qualquer desigualdade na minha carreira, mas uma mulher que exerça cargos de grande responsabilidade terá que ter um homem que a apoie no plano familiar. A mulher, na maior parte dos casos, para além do trabalho ainda tem que pensar no jantar, nos filhos, de toda a gestão familiar. São quase duas vidas paralelas”, enfatiza.

DÁLIA PAULO, Diretora do Departamento de Desenvolvimento Humano e Coesão da Câmara Municipal de Loulé, vai passar o 8 de Março no Cine-Teatro Louletano, onde terá lugar a peça «Nem sempre o silêncio é de oiro…» dedicado à violência doméstica, numa parceria com a Escola Tomás Cabreiro, de Faro. Contudo, reconhece que, no mundo ocidental, sobretudo na Europa civilizada, o Dia Internacional da Mulher cada vez é mais sinónimo de ir jantar fora com as amigas, com a animação a prosseguir, em muitos casos, pela noite dentro. “Ainda não é um não-assunto, mas a maior parte das mulheres já não valoriza esta data, nem a associa à luta pela igualdade de direitos”, indica, uma situação que é mais notória junto das novas gerações. “Já nasceram numa época em que essa igualdade de direitos é um dado adquirido, pelo que não têm a preocupação de perceber de onde surgiu o Dia Internacional da Mulher”.

E lembrando o debate que vai acontecer no Cine-Teatro Louletano logo após a peça de teatro, Dália Paulo salienta que o Dia da Mulher continua a ser fulcral para se manter vida a memória de quem tanto lutou para conquistar a igualdade de direitos. “Aliás, é uma luta que tem que ser travada diariamente, porque esses direitos, que damos por adquiridos, podem deixar de o ser se não se batalhar por eles”, alerta .

Apesar disso, Dália Paulo defende que a data continua a ter bastante pertinência, quanto mais não seja para que a própria comunicação social aborde a sua génese. “Ainda se verifica uma certa divisão entre o que são as funções do homem e da mulher, mas estamos a seguir, cada vez mais, rumo a uma igualdade de acesso. As mulheres já são a maioria no ensino superior e, profissionalmente, também assim acontece nas direções intermédias de empresas e da administração. O acesso à direção de topo é que ainda não é igual”, observa a antiga Diretora Regional de 23

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do que vai ser a vida delas. Tem que haver uma maior participação dos pais, professores, psicólogos, da sociedade em geral, para falar com os alunos sobre estas problemáticas, tanto rapazes como raparigas”, defende a artista, avisando que o mundo atual, ao invés de ser mais igualitário, contém assimetrias cada vez maiores. “As discrepâncias são muito grandes e, apesar de vivermos num mundo «civilizado», há países onde as mulheres são vistas de outra forma. É um problema cultural bastante forte, que tem vindo a ser discutido há imenso tempo, mas ainda vai demorar até se conseguirem mudar essas mentalidades”.

VIVIANE, cantora que sobe ao palco do Teatro das Figuras, no próximo dia 26 de março, para um concerto com diversos convidados especiais, vai também apadrinhar e participar na Marcha Corrida organizada pela Associação Oncológica do Algarve, a 13 de março, em Tavira, por ocasião do Dia Internacional da Mulher. “Vou passar o dia a ensaiar, não sou muito apologista dessas saídas noturnas com as amigas no 8 de março, porque estão problemas bem mais sérios na origem desta data”, aponta, sublinhando, desde logo, as inúmeras mulheres que continuam a ser vítimas de violência doméstica. “E preocupa-me que isso comece a acontecer com alguma frequência logo na adolescência. As jovens não se apercebem do real perigo dessa situação e entram num quadro de violência que, mais tarde, pode ter consequências bastante graves”.

Uma luta em que os artistas são importantes pela maior visibilidade que têm junto das populações, bastando recordar o caso recente de Alejandro Sanz que interrompeu um concerto para defender uma mulher que estava a ser assediada na assistência. “Os músicos sempre foram muito ativos na transmissão de mensagens, na chamada de atenção, à semelhança dos políticos. Não sei se a Lei dos Piropos vai funcionar ou não, mas nós, em Portugal, achamos que os piropos são uma brincadeira, mas alguns chegam a ser ofensivos. Acho bem que haja um limite, só que não deveria ser imposto por lei, deveria partir do bom senso das pessoas” .

Jovens que, admite, não estão devidamente alertadas para estas matérias, se calhar porque, nas suas próprias casas, não se abordem esses assuntos. “As escolas têm um papel fundamental na adolescência porque é o período em que devem ser sensibilizadas

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TÂNIA SILVA lembra que, quando andava na universidade, era habitual ir jantar fora com as colegas no dia 8 de março, um ritual que continua a ser seguido por muitas mulheres na atualidade. “A ideia que as move é estarem com as amigas, quem tem filhos ganha uma noite só para elas, o que tem o seu lado positivo, mas também deveriam ter no pensamento o que levou a esta comemoração”, entende a atriz, frisando que essa luta ainda tem razão de ser no século XXI. “O homem e a mulher não são iguais biologicamente, é uma realidade, mas isso não impede que haja igualdade de direitos. Infelizmente, ainda há diferenças de salários para os mesmos cargos de direção e alguns chefes não veem com bons olhos que as suas funcionárias fiquem grávidas, porque têm que as substituir durante a licença de maternidade”, exemplifica.

se apercebem que não era suposto ser assim”, desabafa, já para não falar das diferenças culturais que existem entre os povos. “Violência é violência em qualquer parte do mundo. Há países em que as mulheres têm que andar todas tapadas e são vítimas de mutilações físicas, mas, em Portugal, também acontecem coisas que não se aceitam. Estou a fazer uma peça em escolas de Lisboa sobre o abuso sexual a menores e os professores mostram-se assustados com a escalada da violência entre namorados” .

Tânia Silva não gosta de generalizar, mas atreve-se a dizer que muitos homens não ajudam as esposas nas tarefas domésticas e noutros afazeres do lar, o que causa dificuldades excessivas às mulheres que querem ter uma carreira. “Essas situações persistem, mas o pior é que as pessoas nem ELISABETE MARTINS vai dividir o 8 de março entre as aulas na Universidade do Algarve e as comemorações do Dia da Mulher organizadas pelo Movimento Democrático das Mulheres no Teatro das Figuras, não defendendo que a data sirva de pretexto para sair à noite com as amigas e se poder fazer quase tudo. “Os mais novos, se calhar, não têm noção do que está em jogo, do trabalho que ainda há para fazer no campo da desigualdade”, refere. A atriz compreende que os professores e 25

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falta mais sensibilização, igualdade nos salários e nas oportunidades, mas está melhor”, sublinha, cenário que não se repete em determinadas zonas de África e da Ásia. “Quando falamos em mundo mais civilizado centramo-nos muito no Ocidente, mas há culturas que nos parecem completamente erradas, sobretudo quando mexem com direitos humanos. É um trabalho de transformação de mentalidades que deve continuar a ser feito todos os dias, por isso, o 8 de março não pode tornarse uma data meramente comercial” .

os pais têm pouco tempo para sensibilizar as novas gerações para determinados assuntos, mas entende que os valores da equidade, da igualdade de tratamento, até já são transmitidos de forma natural. “Não acredito que saibam que aquelas senhoras queimaram os soutiens, ou que muitas mulheres morreram num incêndio numa fábrica na Inglaterra, mas os pais incutemlhes esses valores logo desde pequenos, penso que estamos a salvo”, indica. Sobre o acesso aos cargos de maior responsabilidade, Elisabete Martins lembra que há duas mulheres no atual governo, um sinal dos ventos da mudança. “Claro que

elas conseguem fazem, se calhar as mães e as avós não podiam”, observa. E, partilhando da opinião das outras inquiridas, esta luta ainda não está terminada, nomeadamente no que toca aos salários e no acesso a certas profissões, como é o caso da política. “Com a Lei das Quotas parece que é uma obrigação a mulher participar ativamente na política e acaba por não se afirmar tanto pelas suas capacidades. Um dos nossos objetivos é favorecer a participação das mulheres através da nossa presença nas escolhas e nas decisões e que as nossas opiniões sejam devidamente ouvidas”, frisa a membro do Departamento das Mulheres Socialistas do Algarve, chamando também a atenção para a questão da maternidade. “Em algumas entrevistas de emprego chegaram-me a perguntar se estava a pensar engravidar, isto dá logo uma ideia do que estão à espera de nós”, revela .

RAQUEL FAUSTINO, psicóloga na associação ACASO e secretária da Assembleia de Mesa na Freguesia de Quelfes, costuma participar em workshops e palestras no 8 de março para debater as conquistas das mulheres, algo que passa completamente ao lado da geração mais nova. “Não têm a mínima noção das vitórias que fomos conseguindo pois, atualmente, a mulher está praticamente igual ao homem. É um percurso que deve ser lembrado nas comemorações do Dia da Mulher porque muitas coisas que, hoje,

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aquilo que falta ainda alcançar. Em Portugal, grande parte dessas conquistas já são efetivas, mas há países onde a situação está muito aquém do desejado”. Longe de estarmos num mundo perfeito, Teresa Fernandes avisa que os problemas não ocorrem apenas nas nações ditas menos civilizadas, embora, nesses pontos do globo, as assimetrias sejam mais evidentes. “São proibidas de expressar as suas opiniões e sentimentos, mutiladas, maltratadas. No ocidente, temos essencialmente descriminações em contexto laboral e poucas são as mulheres que atingem cargos de topo. Depois, já sabem que são prejudicadas se quiserem ter filhos, temem que, quando regressarem, os lugares já não estejam disponíveis”, lamenta. TERESA FERNANDES, responsável de comunicação da Águas do Algarve, considera que o 8 de março não deve servir apenas como motivo de festa, mas para recordar todas as mulheres que batalharam para que se chegasse a uma maior liberdade e igualdade de direitos. “É o resultado de um processo histórico de muita pressão e mobilização e que aconteceu ainda não há tanto tempo assim”, sustenta, acrescentando que o Dia da Mulher deve funcionar como um despertar de consciências e não para se receber prendas da cara-metade e ir jantar fora com as amigas. “Tem sido um caminho bastante duro, já conquistamos muitas coisas, mas há que refletir em tudo

Apesar disso, a entrevistada admite que as mulheres já são mais valorizadas, em Portugal, precisamente por serem empresárias, trabalhadoras por conta de outrem, mães, donas de casa, diversas facetas desempenhadas com sucesso, mas o 8 de março não pode deixar de ser assinalado. “A igualdade do género não deve estar em cima da mesa apenas no Dia da Mulher, mas sim todos os dias. É preciso debatê-la, não deixá-la cair no esquecimento, porque as coisas foram muito más há bem poucos anos. Infelizmente, continuam a existir mulheres que não podem dizer «não», portanto, a data faz todo o sentido” . 27

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ALEXANDRA RODRIGUES, Diretora Regional da Cultura do Algarve, é outra defensora acérrima da luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens, principalmente nos cantos do planeta onde ela ainda não existe. “Isso faz com que a dimensão e importância das comemorações do 8 de março sejam diferentes de país para país. É verdade que, em Portugal, as faixas etárias mais jovens também não têm a mesma noção da pertinência desta data, por isso, há que continuar a recordar as batalhas travadas. Aliás, mesmo cá os direitos não são iguais para todas as mulheres, conforme o meio social, a educação e o espaço onde vivem”, avisa a antiga professora.

Lei da Paridade na política e, se formos analisar quantas câmaras municipais têm mulheres em cargos de vereação, ou quantas mulheres há na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu, se calhar verificamos que isso não está a ser respeitado”, aponta Alexandra Rodrigues, temendo que o Dia da Mulher se torne mais uma data com pouco sentido no mundo ocidental. “Mas temos que chamar a atenção que, no Oriente e noutras áreas geográficas, há mulheres que ainda não podem votar, conduzir um carro ou vestir a roupa que quiserem” .

A ex-vereadora da Câmara Municipal de Faro admite que as desigualdades persistem em determinados setores de atividade, mesmo estando esses direitos consagrados na legislação. “Só que nem sempre o que está escrito é cumprido no dia-a-dia e devemos denunciar os casos em que tal acontece. Basta ver que foi introduzida a

FILOMENA SINTRA, vereadora na Câmara Municipal de Castro Marim, faz questão de desfrutar o 8 de março na companhia da filha depois de concluídos os compromissos profissionais, e observa que a luta pela igualdade de género também é travada pelas novas gerações. “Não com a mesma motivação de antigamente, é certo, mas ainda existe uma grande caminhada a fazer. Prova disso é que têm havido, nos sucessivos governos, comissões para a promoção da igualdade e os próprios projetos

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momentos de convívio do trabalho acontecem em horários desajustados do que é a família. O projeto familiar continua a estar sobre os ombros da mulher e isso tem que mudar”, subscreve a inquirida, terminando a conversa como começou, com o pensamento na filha de 12 anos. “A minha preocupação é educá-la para uma sociedade mais justa. Parece um chavão, mas é um desafio tremendo, porque sentimos que existem muitas pressões para que haja uma disputa mais económica e social entre os miúdos. Quero que a minha filha se sinta bem enquanto mulher e que consiga ir à luta”.

comunitários assim o exigem. Alguns problemas resolveram-se, mas há outros novos, porque a mulher, hoje, trabalha, é dona de casa, é mãe dos seus filhos e tem que ser uma líder em todos esses campos”, aponta a autarca. Há, então, na opinião de Filomena Sintra, uma revolução cultural a implementar para que as mulheres possam exercer as mesmas funções e profissões que os homens e sem que o grau de exigência seja diferente. “Ainda se parte do pressuposto que a mulher é que tem que ir buscar o filho à escola porque está doente e que tem que ficar com ele em casa. Depois, também há uma cultura organizacional em que muitos eventos e MARINELA GOUVEIA, professora de educação física e fundadora da Academia de Dança do Algarve, não é apologista de grandes festejos pela noite dentro no 8 de março, porque isso não ilustra a luta de outras gerações pela igualdade de direitos. “Deve ser um dia de reflexão e não um dia em que se prescinde da presença do homem, em que só podem estar mulheres naquele momento de convívio. Dá-me a sensação que muitas mulheres não vivem a sua independência no quotidiano e só naquele dia é que prestam homenagem a si mesmas”, analisa a docente. Igualdade de direitos e de tratamento que ainda não é universal em todos os locais de trabalho, mas Marinela Gouveia acha que muitas mulheres se acomodam à situação por falta de confiança ou de coragem. “Temos imensas mulheres que lideram vários projetos e com imenso sucesso, tem tudo a ver com a personalidade, com o acreditar nas suas capacidades. Mas também há empresas que não agem corretamente com as suas funcionárias e elas pouco podem fazer contra isso”, lamenta, mostrando-se chocada com as atrocidades que se cometem

nalgumas regiões para com o sexo feminino. “Às vezes nem quero acreditar que essas coisas ainda acontecem e gostava que o mundo inteiro se revoltasse, em peso, contra elas. Sei que é difícil, essa mudança terá que ser conquistada passo a passo e as grandes chefias, os nossos governantes, deviam unir-se em pro dessa luta” . 29

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OPINIÃO ADVERSÁRIOS OU INIMIGOS? PAULO CUNHA

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mbora, aparentemente, as palavras «adversário» e «inimigo» possam carregar com elas os piores sentimentos da natureza humana, há no seu significado muito que as distingue. Depois duma consulta atenta a qualquer dicionário de língua portuguesa, poderemos verificar que aquele que se eleva contra outro para lhe disputar a posse de uma coisa ou o triunfo de uma ideia é um adversário; sendo que alguém hostil, prejudicial e nocivo é considerado inimigo. À força de tanta ser pronunciada, já se tornou um cliché a ideia que na vida partidária os inimigos estão dentro dos próprios partidos e os adversários nas outras forças partidárias. Assim sendo, e a ser verdade, causa-me alguma admiração e até perplexidade observar como é que tanta gente se sujeita ao escrutínio e análise pessoal para a respetiva aprovação na filiação em grupos onde, supostamente, irão sofrer!?... Sim, porque ninguém se sujeita a sair de casa para estar com certas pessoas que, apesar dos apertos de mão e das palmadinhas nas costas, os tratam com cinismo, hipocrisia e desrespeito… a não ser que os ganhos e as mais-valias superem todas essas vicissitudes. Bem, mas isso é lá com os «camaradas» e «companheiros», pois se lá estão é porque assim o quiseram, ninguém os obrigou!

disputas estéreis e insanas com algumas pessoas que trazem o pior da natureza humana para a sua profissão. Por despeito, por inveja, por pequenez intelectual e até por malvadez, inquinam relações laborais e consequentemente tornam as respetivas classes profissionais mais frágeis. Colocando-se assim numa posição em que serão mais fáceis de manipular por interesses externos, menos produtivas e eficazes, e mais atreitas a críticas, sujeitam-se a alguns julgamentos infundados por parte de certos setores da opinião pública. Por analogia comparo este tipo de comportamentos primários ao que muitos fazem nos estádios de futebol: enquanto os adversários jogam, o público injuria-se e agride-se com os requintes de malvadez próprios de verdadeiros inimigos. Não adianta pois falar dos outros, quando é no âmago de quem fala que reside o problema. Basta parar para pensar e quantificar quantos inimigos fizemos por comportamentos não amigos para com eles. Muitos?... Poucos?... Nenhum?... Na resposta reside a relação que temos com a vida. E em devido tempo a vida retribuirá! .

Mas o que dizer dessa mesma situação em realidades onde não podemos fugir nem dizer que não? Refiro-me, obviamente, à grande parte das classes profissionais existentes. Nos seus locais de trabalho, profissionais qualificados acabam por passar um terço do dia, sujeitos a

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OPINIÃO HAJA SAÚDE… JOSÉ GRAÇA Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve

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esta semana, os algarvios ficaram a saber que devem pedir autorização prévia ao Senhor Doutor Pedro Nunes, Digníssimo Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), para ficarem doentes ou para terem um acidente… Pior, os autarcas da região e outros promotores foram aconselhados a solicitar um parecer vinculativo antes de pensarem em promover quaisquer eventos para combater a sazonalidade ou aceitar os desafios que muitas entidades desportivas lançam para a realização de competições de âmbito internacional no Algarve. Talvez com uma antecedência mínima de três ou quatro meses, para não dar muito trabalho aos excelentíssimos funcionários que nos calharam na administração das unidades de saúde públicas da região e permitir-lhes programarem atempadamente o merecido usufruto dos seus períodos de férias ou as faltas e licenças legalmente consagradas… Já agora, também seria útil mandar encerrar todos os hotéis da região, cancelar os contratos com as companhias de aviação, limitar o acesso aos areais e meter umas cancelas algures no acesso ao Algarve e na ponte internacional do Guadiana para impedir quaisquer incómodos inoportunos fora da época previamente estabelecida no conforto dos gabinetes… Melhor ainda, seria publicar já um decreto informando superior e inferiormente que o Algarve é mesmo uma região de férias e apenas está aberta de 1 a 31 de agosto para gozo de alguns veraneantes selecionados, saudáveis e pacatos, daqueles que não dão chatices, não adoecem sem aviso antecipado e raramente resmungam ou fazem reclamações… Basta de ironias, que esta situação já cansa e o Algarve merece melhor do que aquilo que nos tem calhado em sorte! Apesar das guerras decorrerem na outra ponta de Mediterrâneo, o ministro da Saúde considerou há dias em pleno Parlamento que estamos em estado de sítio ou coisa parecida e disponibilizou-se para vir

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fazer a paz em terras algarvias, reunindo com os autarcas (legítimos representantes das populações, caso alguém não tenha percebido…) e com os atores do setor que tutela. E esta situação, que ultrapassa largamente as divisões político-partidárias existentes, não é de hoje nem de ontem, arrasta-se há tempo demais e urge colocar-lhe cobro, nem que seja através da imediata substituição do Conselho de Administração do CHA, que apenas peca por tardia, já que não é possível mudar de utentes, impedir acidentes ou fechar fronteiras como algumas pessoas gostariam! Sem querer entrar em guerras público – privado, sublinho apenas a elevada importância que o setor da saúde tem para a região, as conquistas que fomos alcançando e os passos que urge dar para qualificar a prestação de serviços, responder às necessidades dos utentes e pacificar o serviço nacional de saúde. Sem demoras, sem esperar pelo Verão, porque os Algarvios vivem cá doze meses e todos trabalhamos para valorizar a oferta turística ao longo de todo o ano! Não podemos aceitar que populações inteiras fiquem meses seguidos sem médico, como aconteceu no Verão de 2015 na aldeia de Cachopo ou nos primeiros meses deste ano na vila de Alcoutim, restando-lhes percorrer largas dezenas de quilómetros para terem acesso à simples prestação de cuidados de saúde primários. Não podemos aceitar que um doente seja transportado horas sem fim em busca de assistência especializada ou que as ambulâncias de emergência médica pareçam baratas tontas na Via do Infante ou nas estradas da região porque alguém em Lisboa desconhece que há duas Fuzetas ou os serviços hospitalares que estão a funcionar. É tempo de dizer basta e… que haja saúde! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 32


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TAVIRA respira Cultura todo o ano Tavira vai estar em evidência em março com as procissões, Via Sacra e concertos de mais uma Semana Santa, mas há lugar igualmente para o XIII Festival de Gastronomia Serrana, frutos da estratégia do executivo liderado por Jorge Botelho de tornar a cidade, e o concelho, num local de visita obrigatório no Algarve. Um concelho que vive intensamente a cultura ao longo de todo o ano e que preza as suas tradições e património histórico como poucos outros, o que motivou uma ida do Algarve Informativo à cidade do Rio Gilão, também para conhecer mais de perto o trabalho realizado no Museu Municipal de Tavira capitaneado por Jorge Queiroz. Texto:

| Fotografia:

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CULTURA

T

avira pretende afirmar-se como um ponto de visita obrigatório de todos aqueles que rumam ao sul do país de férias, sejam portugueses ou estrangeiros, e o que não faltam são atrativos a esta que é, sem dúvida, uma das cidades mais bonitas do Algarve. Espaços museológicos e património religioso de eleição que têm vindo a ser requalificados e recuperados no passado recente, uma riqueza natural fora de série, das praias do litoral à serra do interior e à famosa Ilha de Tavira, mas também eventos culturais que cativam os mais exigentes públicos. E, claro, a bandeira da Dieta Mediterrânica, Património Imaterial da Humanidade, uma das grandes conquistas do executivo camarário liderado por Jorge Botelho. “A cultura

não são só os espetáculos que se organizam, é um mix de arquitetura, paisagem, expressões plásticas, música, de várias vertentes que temos trabalhado de forma bastante dinâmica”, refere o presidente da Câmara Municipal de Tavira. Chegado à autarquia tavirense em 2009, um dos primeiros desafios a que se propôs Jorge Botelho foi concluir o Núcleo Islâmico do Museu Municipal de Tavira, obra localizada mesmo em frente ao edifício camarário e que se arrastava há cerca de 14 anos. “Foram necessários mais 900 mil euros de financiamento mas está a funcionar em pleno e é a casa do «Vaso de Tavira», que esteve recentemente exposto no Museu do Louvre, em

O Palácio da Galeria, sede do Museu Municipal de Tavira 35

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Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira

Paris, e em Rabat, Marrocos, fruto da expressão que tem no contexto da cultura islâmica na época medieval. E, depois do reconhecimento de Tavira como comunidade representativa da Dieta Mediterrânica, acentuou-se ainda mais a vertente cultural e intergeracional dos povos da bacia do Mediterrâneo, esta fluência de culturas dos vários países, que tem alavancado este projeto de uma grande qualidade de vida”, destaca o edil socialista. Jorge Botelho chama ainda a atenção para todos os benefícios, diretos e indiretos, que daí advém para os negócios da restauração, comércio tradicional, alojamento e recuperação do património imobiliária. “Há uns anos entrava-se no centro histórico e víamos muitas casas partidas, degradadas, fenómeno que se tem vindo a ALGARVE INFORMATIVO #47

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inverter”, sublinha, com esta reabilitação a estender-se a todo o património arquitetónico do concelho. “Desde que sou presidente de câmara já recuperei duas igrejas por completo: a Igreja de São Gonçalves Telo (Igreja das Ondas) tinha um buraco no teto, estava completamente impedida e investimos lá 480 mil euros; a Igreja de São Roque já foi canil e armazém e hoje está recuperada como templo religioso, depois de um investimento de 240 mil euros. Já pintamos a Igreja do Carmo, estamos agora na de Santa Maria, seguem-se depois São Sebastião e Santana, porque a reabilitação do património históricocultural incentiva a que as pessoas venham a Tavira e que cada vez gostem mais da sua cultura”, justifica o entrevistado.


Biblioteca Municipal de Tavira

Igreja de Santa Maria

Tavira deixou, assim, de ser conhecida como a terra das igrejas fechadas e, atualmente, são 14 ou 15 igrejas abertas, com circuitos próprios para receber os turistas, nacionais e estrangeiros, e com eventos a acontecerem no seu interior, como é o caso do «Música nas Igrejas». Eventos culturais que se sucedem a um ritmo 37

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frenético, culminando no «Verão em Tavira», das melhores propostas no contexto regional e que tem lugar de 1 de julho a 30 de setembro. “Tudo isto faz com que Tavira seja um destino turístico único e claramente associado à vertente cultural. É uma aposta sincronizada no setor cultural para nos diferenciarmos como uma terra de grande qualidade de vida e que é preservada arquitetonicamente, de modo a não se perder o referencial histórico da própria população, como se verificou, infelizmente, noutros locais”, enfatiza Jorge Botelho.

Dieta Mediterrânica não é só comes Sol e praia, golfe, vias cicláveis, mobilidade, tudo isso Tavira possui, mas o presidente da câmara municipal é um defensor acérrimo de se trabalhar a cultura em rede, para que se promovam e organizem eventos numa perspetiva regional. Isso não quer dizer que os agentes locais não sejam valorizado, muito longe disso, como atesta o programa agora criado, «Viva a Primavera», que se estenderá de 19 de março (Dia do Pai) a 30 de junho. “Em março, temos outra vertente cultural importantíssima, a Semana Santa, e a religiosidade é levada a sério em Tavira, o que atrairá alguns milhares de visitantes espanhóis. Isto mexe com toda a economia local, temos boas taxas de ocupação hoteleira, o comércio tradicional respira melhor e criam-se postos de trabalho, que é um dos principais objetivos de qualquer autarca”, aponta Jorge Botelho.

Um património que não foi destruído pelo boom da construção imobiliária quando o Algarve se virou totalmente para o turismo e que se tornou num dos principais cartões-de-visita do concelho de Tavira, com a criação de vários produtos culturais ligados também à gastronomia e ao artesanato, indica Jorge Botelho. “Queremos criar pequenos espetáculos para pequenos públicos, a decorrer ao mesmo tempo, para que as pessoas possam desfrutar deles nas praças, sentadas nas esplanadas. O Algarve vive do sol e praia, mas deve ter outras apostas suplementares que façam com que as pessoas venham em épocas diferentes à região”, defende o também presidente da AMAL. “O Algarve tem as melhores praias da Europa, sobre isso não há dúvidas nenhumas. Em simultâneo, Tavira tem a água mais quente, fruto do seu microclima, mas um turista pode não querer estar apenas na praia e nós temos a obrigação de lhe oferecer alternativas válidas e atrativas”, reforça o entrevistado.

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Está mais que visto que Tavira tem aproveitado da melhor o facto de ter conquistado o título de comunidade representativa da Dieta Mediterrânica em Portugal, com uma estratégia bem definida e de olhos postos no futuro. “A Dieta Mediterrânica não é só comes, nem um projeto de curto prazo, um happening. É um projeto alavanca para que tudo mude e que tudo mexa, é reavaliado sistematicamente pela UNESCO e temos que dar constantemente 38


Ermida de Santa Ana

grande desinquietação para se fazer mais, mas é claro que não se consegue fazer tudo de uma vez só”, afirma, deixando claro que a Cultura não pode continuar a ser vista como o parente pobre dos orçamentos camarários e a limitarse a um concerto ou festival durante o Verão. “Numa época em que cada vez há coisas mais iguais, distingue-se o que é diferente e, no mundo da globalização e da uniformização, o que é reconhecido e apreciado são as vertentes culturais de cada povo. O mundo é uma panóplia de culturas, artes e saberes diferentes e é isso que as pessoas querem. Em Tavira, temos a melhor comida do mundo, mais de mil anos de história e uma forma própria de viver e a qualidade da oferta cultural é uma pedra-chave

provas de boas práticas que estamos a exercitar, a constituir e a criar situações que preservem o nosso estilo de vida”, esclarece o edil, dando o exemplo dos festivais de gastronomia que se realizam entre março e maio e da Feira da Dieta Mediterrânica, no primeiro fim-desemana de setembro. “Ainda por cima, em 2016/17, a Comunidade de Tavira e o Governo Português são os responsáveis pela coordenação internacional do grupo de sete países reconhecidos da Dieta Mediterrânica”, acrescenta. Um projeto construtivo a médio e longo prazo no qual se insere a estratégia da reabilitação urbana, paisagística, cultural e arquitetónica, assim como da afirmação de Tavira pelos seus produtos. “Tem sido uma 39

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na atratividade do turismo moderno. Não são só os grandes eventos desportivos que atraem públicos”, alerta Jorge Botelho.

termos patrimoniais e históricos, com presença desde o período fenício, romano, islâmico, turdetano, e era bastante complicado concentrar todos os espólios num só edifício”, justifica Jorge Queiroz, chefe da Divisão da Cultura, Património e Museus, adiantando que o Museu Municipal de Tavira é um dos quatro algarvios que pertencem à Rede Portuguesa dos Museus. “Possui as valências de conservação e restauro, investigação, centro de documentação, exposições, serviço educativo, entre outras”.

O papel de Tavira ao longo da história Um dos principais motores da dinâmica cultural de Tavira é, evidentemente, o Museu Municipal de Tavira, que segue um modelo de território polinucleado, englobando o Palácio da Galeria, Núcleo Museológico Islâmico, Núcleo Museológico de Cachopo, Núcleo Arqueológico do Bairro Almóada, Ermida de São Sebastião, Ermida de Santa Ana e Centro Interpretativo do Abastecimento de Água a Tavira. “Tavira é uma cidade muito rica em

Jorge Queiroz destaca o crescimento do Museu a partir dos anos 90, quando se começou a reabilitar o património edificado da cidade e as várias escavações colocaram a descoberto um

Exposição Cidade e Mundos Rurais

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Jorge Queiroz, chefe da Divisão da Cultura, Património e Museus

realce também ao Centro Interpretativo do Abastecimento de Água a Tavira, por ali os navios fazerem a aguada e se abastecerem de víveres noutros tempos. “Esta costa era muito perigosa por causa da pirataria, não é por acaso que a cidade está a quatro quilómetros do mar e num local elevado. Até ao século XX, só os pescadores é que frequentavam as praias”, lembra o investigador, enfatizando igualmente o papel de Tavira no patrulhamento de Gibraltar, numa altura em que Portugal tinha várias possessões no norte de África, nomeadamente Ceuta, Tanger, Arzila e Alcácer Quibir. “A cidade foi preponderante na época das Descobertas, era a mais importante do Algarve, apesar de nunca se ter

património riquíssimo. “O ex-BNU, em frente à Câmara Municipal, era para ser uma dependência bancária, mas encontrou-se lá o «Vaso de Tavira» e uma série de materiais bastante importantes e criou-se ali o Núcleo Islâmico. Por baixo do palácio onde viveram os Corte-Reais também se encontraram estruturas maravilhosas da época medieval cristã, islâmica, turdetana e o pano de muralha fenício. Ninguém sabia que Tavira teria sido fundada pelos fenícios, entre o século VIII e IV A.C.. No próprio Palácio da Galeria foram encontrados locais que seriam santuários dedicados ao culto de Baal e outras personalidades divinas subterrâneas”, conta. Entusiasmado, Jorge Queiroz dá

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Núcleo Muçulmano do Bairro Almoada

“Na nossa perspetiva, os espólios patrimoniais são das populações, não para estarem fechados a sete chaves entre quatro paredes. Infelizmente, a cultura e a história não têm sido muito valorizadas, mas é nossa obrigação devolver esse conhecimento às pessoas. Não concebo um museu de outra forma”, frisa o diretor, acrescentando que um museu é uma construção de várias gerações a partir da investigação que estas vão fazendo. “O que nós sabemos hoje é completamente diferente do que se vai saber daqui a 30 ou 40 anos. As pessoas já estão a despertar para as questões patrimoniais e o turismo cultural é cada vez mais importante. E o

valorizado esse facto. Não queremos, de modo algum, tirar importância a Lagos, mas Zurara era o cronista oficial do reino e um protegido do Infante D. Henrique, daí ter sobrevalorizado muito o seu papel. A investigação sobre a história do Algarve só agora é que se começou a fazer, a partir do momento em que nasce a Universidade do Algarve”. Com a conversa em torno da arqueologia, Jorge Queiroz lembra o tavirense Estácio da Veiga, responsável pela elaboração da Carta Arqueológica do Algarve, no século XIX, e cujo grande sonho era a criação do Museu Regional do Algarve, contudo, grande parte do seu espólio nunca regressou de Lisboa. ALGARVE INFORMATIVO #47

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Algarve é uma região riquíssima em termos culturais, ainda que, lá fora, só seja vista como um destino de lazer, de sol e praia”, aponta o especialista na matéria.

complicada. Incluía um quadro de Picasso no valor de 16 milhões de euros, é uma responsabilidade tremenda e com imensas regras e técnicas, de segurança, transporte, montagem, registo fotográfico”, admite o diretor.

Salvou-se grande parte do património de Tavira

Mais de 60 exposições com grandes nomes como Júlio Pomar, Vieira da Silva, Costa Pinheiro, Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa, Joana Vasconcelos, e que dão depois origem a catálogos próprios. “Não fazemos exposições fast food, têm um conceito que é trabalhado intensamente e, às vezes, demoram dois anos a preparar, com pessoas especializadas nos assuntos. Aliás, quase que começou aqui a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Imaterial da

A par das descobertas arqueológicas feitas no concelho, o Museu Municipal de Tavira recebe exposições externas, de artistas ou colecionadores, e que contribuem para que tenha atingido, em 2015, cerca de 70 mil visitantes. Mostras que, conforme se adivinha, encerram desafios de variadíssimas ordens, conforme revela Jorge Queiroz. “Tivemos cá a Coleção Berardo, avaliada em 36 milhões de euros, foi uma operação bastante

Núcleo Islâmico

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Humanidade, com as exposições «Tavira – Património do Mar» e «Cidade e Mundos Rurais», antes mesmo de sabermos que Portugal iria escolher Tavira como sua comunidade representativa”, revela Jorge Queiroz, orgulhoso por tudo o que é produzido, no dia-a-dia, no Museu Municipal de Tavira.

comunidade local, com a população, e onde o serviço educativo assume um papel especial. “As pessoas estão interessantíssimas na história do seu país e da sua terra, o problema é que esse conhecimento não lhes tem sido facultado. Tem havido um apagar da história, pensa-se que não serve para nada, mas a economia depende do valor cultural e sinal disso é que os objetos mais antigos são os mais valiosos”, frisa Jorge Queiroz, lembrando que um terço do turismo mundial acontece no Mediterrânico, exatamente pela sua história e pelas civilizações que aqui existiram. “Portugal podia ter um nível económico fantástico se soubesse potenciar as suas coisas e não andasse constantemente atrás das modas. Dentro da contemporaneidade e de um processo de globalização, temos que nos especializar naquilo que somos bons, naquilo que podemos vender bem. Sol, praia e golfe há em muitos sítios do mundo. O vinho, o azeite, a gastronomia, a segurança, a paz, são mais raros, portanto, não precisamos estar a importar os modelos de desenvolvimento dos outros. E repare que um pequeno país com 10 milhões de habitantes tem a quinta língua mais falado no mundo, está presente em todos os continentes”, termina o chefe da Divisão da Cultura, Património e Museus do Município de Tavira .

Um período dourado de 10, 12 anos, em que houve vontade e meios para dinamizar Tavira em termos culturais, apesar de já serem visíveis alguns sinais da crise que estaria a caminho. “Com a chegada dos fundos comunitários fizeram-se a Lisboa’94 e a Expo’98, a década de 2000-2010 já foi mais complicada, mas Tavira conseguiu salvar grande parte do seu património. O Centro Histórico, uma quantidade de igrejas, o Museu, o Centro de Ciência Viva, a Biblioteca, o Arquivo Histórico, tudo obras realizadas neste período”, enumera, aproveitando para dar os parabéns a toda a equipa do equipamento que lidera. “São pessoas altamente motivadas, o seu trabalho é valorizado, escrevem, publicam, dirigem coisas e aproveitam as oportunidades para se desenvolverem profissionalmente. Este é o resultado de muitas vontades, não há aqui nenhum Deus da Cultura”, indica, com um sorriso. E os resultados nascem da definição de objetivos, da elaboração de planos e calendários, combinando as exposições externas e as internas, numa interação constante com a

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AMARELARTE desperta jovens para as artes Na nossa habitual caminhada pelo mundo do associativismo algarvio damos destaque, nesta edição, à Amarelarte, criada pela austríaca Nicole Lissy com o intuito de formar nas artes os mais jovens e os adultos que com eles se relacionam diretamente, sejam os próprios familiares ou seus docentes. Teatro, desenho, música, dança, diversas expressões culturais, encaradas de maneira diferente, porque «é de pequenino que se torce o pepino», como se costuma dizer, e há que incentivar as novas gerações a consumir e produzir cultura. Texto:

Fotografia: 47

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SOCIEDADE

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m pleno centro da capital algarvia, junto ao Largo Pé da Cruz, perto do Largo da Pontinha, situa-se uma casa amarela onde se respira arte, talvez daí surja o nome «Amarelarte» desta associação cultural e recreativa que pretende promover e explorar as mais variadas vertentes culturais junto de crianças, jovens e dos adultos que com eles convivem. É um espaço de diálogo e convívio entre profissionais e amadores, mas também de criação, mas não de criação de produtos rápidos e fáceis de consumir, porque esses não fazem pensar, não estimulam a criatividade. Os seus projetos passam pela promoção de literatura infantil, realização de workshops, dinamização de eventos musicais ou performativos, cursos para crianças, festas temáticas e muito mais, sempre de portas abertas à comunidade, enfim, a todos os que consideram que a cultura é

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conta, lembrando que a associação abriu portas no dia 25 de abril de 2012. E se não andávamos muito longe no que toca à escolha do nome, maior simbolismo tem o logotipo adotado, um camaleão. “Significa a mudança de cor, porque incentivamos as pessoas a soltarem a sua criatividade, a mudarem as suas rotinas”, explica.

fundamental para o desenvolvimento da sociedade e das novas gerações. A Amarelarte nasceu por iniciativa de Nicole Lissy, uma austríaca que conheceu a região quando estava a estudar na Universidade do Algarve através do Programa ERASMUS e que acabou por se mudar de balas e bagagens para Faro depois de concluir os estudos na sua terra natal. Professora de inglês e artes visuais, desde pequena que anda envolvida na cultura, entrou para a dança criativa logo aos 12 anos, depois transitou para o teatro mais clássico. Entretanto, casou-se, teve dois filhos e fez uma pequena pausa na atividade cultural, mas sentia que fazia falta algo mais em Faro. “Foi quando surgiu a hipótese de se dinamizar esta casa e, quase sem querer, regressei às minhas origens”,

Cor que nos envolveu logo quando entramos no edifício, já que quem chega pela primeira vez à sede da Amarelarte é convidado a deixar a sua impressão digital na parede. Um espaço bem localizado, amplo, quase feito a pensar numa associação deste género, cedido de forma gratuita pelos proprietários para a prática cultural, apoio que Nicole Lissy enaltece prontamente e sem o qual

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Algarve. “No meu percurso académico andei numa escola tradicional e noutra mais ligada à arte e há diferenças óbvias na preparação depois para a nossa vida enquanto adultos. Claro que o sistema de ensino português não é igual ao austríaco, mas educar através da arte não predomina em nenhum dos países”, esclarece a entrevistada, que depois viu a sua preocupação ser partilhada por outras pessoas que compõem o núcleo duro da associação. Criada a Amarelarte, havia que escolher as atividades a prosseguir e que não podiam ser iguais às que as demais associações farenses ofereciam, um trabalho que ganhou cada vez maior consistência ao longo dos seus quatro anos de existência. “Temos desenhado junto à porta uma planta que foi crescendo à medida que íamos realizando os nossos projetos, uma árvore que tem dado frutos de uma forma bastante orgânica e natural. As pessoas chegam – umas ficam, outras não – apresentam as suas propostas e vamos caminhando em conjunto. Há professores que querem dar aulas sobre algo mais específico, depois, há as atividades desenvolvidas por nós próprios e que ganham vida também noutros espaços”, indica Nicole, garantindo que a ideia é funcionar em rede com outras associações e parceiros, nacionais ou estrangeiros.

nada seria possível de fazer. “Notei que faltava mais educação pela arte em Faro, de se utilizarem métodos artísticos na aprendizagem dos mais novos, algo que sempre fiz nas minhas aulas. O nosso público principal são as crianças, para que elas tenham acesso à cultura o mais cedo possível e assim ganhem um maior à vontade com ela. Mas também queremos trabalhar com os pais e os avós, bem como com os profissionais de educação”, destaca a dirigente. Uma lacuna identificada por Nicole mas que existe também no seu próprio país, não é exclusiva de Portugal ou do

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Nicole Lissy, a fundadora da Amarelarte

ter acesso à cultura”, reforça, embora reconheça que nem sempre é fácil para os interessados conciliarem os horários para participar nas iniciativas. “Temos feito um trabalho consistente e melhorado na qualidade, mas as pessoas não estão habituadas a estas rotinas e não são muitas as que procuram atividades culturais. Felizmente que, quem nos conhece e participa num workshop ou ação, fica contente e inscreve-se noutra situação, portanto, acredito que o caminho vai-se tornar mais fácil”.

Pais têm que estar no mesmo barco Atividades como dança criativa para crianças e jovens, djembé, expressão musical, guitarra, oficina de arte, percussão e ritmo corporal, piano, yoga para bebés e crianças, teatro para crianças e teatro e improviso para adultos preenchem, então, o calendário regular da Amarelarte, mas Nicole Lissy destaca as parcerias encetadas com entidades regionais, como foi o caso da participação no Programa DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, da responsabilidade da Direção Regional da Cultura do Algarve. “Sempre pensando nas famílias, em incluir as crianças, porque todos devem

E quem vem tem que gostar do que vai fazer, considera Nicole Lissy, porque a Amarelarte não é um ATL para ocupar o tempo dos mais novos

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está dentro de nós”, sustenta a entrevistada.

enquanto os pais estão a trabalhar. “Nota-se logo quando os pais estão no mesmo barco, quando se preocupam em sensibilizar os filhos para as artes. Às vezes, basta dar espaço e levar a sério os gostos das crianças e, quando isso acontece, elas desenvolvem mais depressa as suas aptidões”, salienta a austríaca, considerando que a arte deve ser um alicerce para o crescimento de todos os seres humanos. “Lido com pessoas que não dão importância nenhuma à cultura, que acham a arte uma perda de tempo, o que me deixa bastante triste. E a crise não deve servir de desculpa, porque isso gera mais depressão, um esvaziar de ideias, de atividade. É normalmente nestas fases menos boas que as artes são mais importantes, pois reabilitam a criatividade, transformam aquilo que

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Prova disso é que a Amarelarte nasceu no pico da crise que tem afetado Portugal e tem sabido crescer e proliferar, com atividades que cativam os farenses. E 2016 não vai ser diferente, com diversos eventos já programados, entre eles a quarta edição do «Cool Tour», um festival cultural direcionado para a infância sempre com um tema diferente e que seja pertinente discutir com as crianças e os seus adultos. Outro grande projeto, iniciado no ano transato, é a «Escolinha de Circo para todos», que decorre ao longo de três semanas. “A primeira é com oficinas de artes circenses, a segunda é dedicada à

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criação do espetáculo e aos treinos, a terceira é a produção dos cenários e os ensaios, para se fazer uma grande apresentação no dia 16 de julho, na Alameda de Faro”, adianta Nicole Lissy. “No resto do ano, temos os cursos habituais abertos, uns com mais alunos do que outros, e organizamos exposições diferentes todos os meses”.

João Fonseca e o Sérgio Almeida. Eles não são da Amarelarte, são livres para desenvolverem os seus projetos com os alunos que escolhem, embora alguns participem com regularidade no Cool Tour”. Muitos projetos, uns em andamento, outros em preparação, que garantem que esta associação cultural e recreativa tem pernas para andar, depois de ultrapassadas as dificuldades habituais dos primeiros passos. “Não vou mentir, no início houve alguns momentos de desespero, mas sempre com vontade de seguir em frente, nunca de desistir. Para o Cool Tour, por exemplo, temos muitos planos e sonhos, mas tudo depende dos apoios que se consigam angariar”, conclui Nicole Lissy .

Outra diferença nesta associação é que os cursos não têm um seguimento muito formal, com os professores a misturarem alunos de várias idades e a aplicarem métodos que permitem que todos evoluam em conjunto, aponta a dirigente, que é a responsável pelas aulas de teatro. “Óbvio que também organizamos ações mais formais para adultos, com uma planificação intensiva preparada para um fim-desemana. Depois, alguns professores realizam espetáculos com alunos de vários sítios, como acontece com o

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ATUALIDADE MICAEL SALGADO E LUANA VELASQUES VENCERAM «SONS DO FADO 2016» Saudade, e tinha a difícil missão de pontuar os finalistas – nas categorias sénior e júnior, considerando os critérios de interpretação, afinação, dicção e expressão. A votos foram Cecília Maria Valentim, Ana das Dores Silva Rato, Micael Salgado, Mónica Isabel Venâncio Ribeiro, Luís Filipe Simões Damião, Sofia Alberto, Maria Julieta Batista Madeira Morais, Firmino Moreira Rodrigues, José Manuel Silvério dos Santos no escalão sénior e Luana Neto Velasques, Rita Isabel da Luz Rodrigues Sequeira, Tomás Filipe Ferreira Simões Damião no escalão júnior.

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Câmara Municipal de Lagoa voltou a organizar o Festival Sons do Fado, evento cultural tão do agrado dos lagoenses, este ano integrado no ciclo temático «A Nossa Gente. A Nossa Identidade» aproveitando para, numa outra vertente, reafirmar a distinção de «Lagoa Cidade do Vinho 2016». O Festival teve o seu ponto alto com a final, realizada no dia 27 de fevereiro, no Centro de Congressos do Arade, no Parchal, perante um público vibrante e acolhedor, apesar do frio que se fazia sentir. A noite contou com a presença dos apurados nas eliminatórias que decorreram na Associação Cultural e Desportiva de Ferragudo, em que atuou a fadista convidada Ondina Santos, no Rancho Folclórico do Calvário, com o contributo do convidado César Matoso e na ADR Quinta de S. Pedro, com a atuação de Ana Marques.

Tomadas as decisões, no escalão sénior ficaram, em terceiro lugar, Ana Rato; em segundo, Cecília Valentim e o grande vencedor da noite foi Micael Salgado. No escalão júnior o terceiro lugar foi para Tomás Damião, o

segundo lugar para Rita Sequeira e a voz que se impôs como vencedora foi a lagoense Luana Velasques .

O júri foi constituído pelo maestro Armando Mota, prof. Heliodoro Grade, músicos Pedro Frias e Eduardo Ramos e fadista Maria da

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ATUALIDADE MUNICÍPIO DE LAGOS REQUALIFICA PARQUE HABITACIONAL MUNICIPAL E VÁRIAS INFRAESTRUTURAS concurso público, com um valor base de 287 mil e 500 euros (+ IVA).

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Câmara Municipal de Lagos vai promover a Repavimentação da Estrada Municipal 534 (Odiáxere – Vale da Lama) e a execução de obras de Reparação e Beneficiação de Habitação Social Municipal. Ambas as intervenções estão previstas no Plano Plurianual de Investimentos (PPI 2016 – 2019). A manutenção e a reabilitação do Parque Habitacional Municipal constitui uma prioridade do Município, que visa, além da necessária conservação dos fogos municipais, a promoção da melhoria das condições de habitabilidade dos seus arrendatários. Assim, será dada continuidade às ações já desenvolvidas em 2014 e 2015, promovendose, no caso em concreto, a empreitada de «Reparação e Beneficiação de Habitação Social Municipal», que irá ser lançada, através de

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O prazo de execução é de 365 dias e as intervenções irão incidir em fogos situados em vários empreendimentos/urbanizações municipais, localizadas na cidade, no Chinicato, em Odiáxere, Bensafrim e Espiche. Visam a correção de anomalias várias, ao nível da substituição de pavimentos, pinturas e envernizamentos, reparação de redes de águas e esgotos, substituição de loiças sanitárias, substituição de equipamentos de cozinha, entre outros. Para além da reabilitação de fogos municipais, e também numa perspetiva de continuidade relativamente aos dois anos anteriores, os objetivos traçados por este executivo municipal centram-se, fundamentalmente, na necessidade de intervir nas infraestruturas viárias, promovendo a sua reparação e requalificação, nomeadamente com intervenções ao nível da pavimentação de arruamentos e da reabilitação de infraestruturas de águas e esgotos. Neste âmbito, irá ser lançado o concurso público para a «Repavimentação da Estrada Municipal 534 (Odiáxere – Vale da Lama)», com um preço base de 100 mil euros (+IVA) e um prazo de execução de 45 dias, prevendo-se que o seu início ocorra durante o mês de Abril .

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ATUALIDADE 13.º FESTIVAL MED DESVENDADO NA BTL

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ubioza Kolektiv (Bósnia e Herzegovina), Tinariwen (Mali), Emicida (Brasil), Hindi Zahra (Marrocos/França), Alo Wala (Dinamarca/Noruega/Estados Unidos), Ana Tijoux (Chile) e os portugueses António Zambujo, Capicua, Aldina Duarte e Isaura, são os primeiros nomes confirmados para a 13ª edição do Festival MED, anunciados, no dia 3 de março, durante a apresentação do evento que decorreu na BTL – Feira de Turismo, em Lisboa. Para participar neste momento com a Comunicação Social, juntaram-se duas das artistas que irão subir ao palco do MED nesta edição: Aldina Duarte e Isaura, duas vozes nacionais que manifestaram a sua satisfação por participar nesta iniciativa. Nos dias 30 de junho e 1, 2 e 3 de julho (este último o «Open Day»), a Zona Histórica de Loulé volta a receber um dos maiores festivais de World Music da Europa, numa edição que contará com o maior número de nações representadas: 19. No total serão oito palcos, por onde vão passar 55 bandas com mais de 250 músicos, em 75 horas de música. O alinhamento da 13ª edição do Festival MED continua a apostar na qualidade e diversidade artística, com nomes consolidados da cena internacional da World Music e artistasrevelação. A música nacional mantém-se também como uma das escolhas da organização. Em termos internacionais, os Dubioza Kolektiv são uma das mais aguardadas atuações nesta 13ª edição. O agrupamento da Bósnia e Herzegovina apresentam uma

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musicalidade em que às sonoridades balcânicas fundem-se influências vindas dos quatro cantos do mundo: ska, punk, reggae, eletrónica e hip-hop. Considerada uma das mais populares bandas ao vivo na Europa Oriental, os Dubioza prometem «incendiar» o palco com muita festa à mistura. De regresso a Loulé, após uma participação no Festival MED em 2007, os Tinariwen, grupo de músicos tuaregues do Deserto do Sahara, da região Norte do Mali, são um dos mais premiados projetos deste alinhamento. Em 2012, com o álbum «Tassili» conquistaram o prémio para Melhor Grupo na Songlines Music Awards, assim como um Grammy Award relativo ao Melhor Álbum de World Music. Com um estilo musical com raízes profundas nas sonoridades da África Ocidental, sobretudo da região do Rio Níger, a essência da sua música reside nas melodias e ritmos tradicionais do povo tuaregue, numa fusão com a música berbere do Norte da Argélia e a pop de países do Magreb. Das ruas de S. Paulo para Loulé, os Emicida (Enquanto Minha Imaginação Compor

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Noruega e Estados Unidos Alo Wala (que significa «provedora da luz» em Hindi e Bengali), é liderado pela rapper de Chicago, Shivani Ahlowali. O seu espetáculo acarreta a voz eletrizante de Alo Wala, a percussão de Julius Sylvest e os efeitos visuais hipnóticos de VJ Mad. Tendo vivido nos Estados Unidos, Índia, Guiné-Bissau, Espanha e Dinamarca, Shivani leva uma visão universal e profunda para estúdio. Quando o seu fluxo hipnótico se encontrou com a produção de Julius Sylvest & Copyflex, conhecidos pelo seu experiencialismo, desde as reinterpretações do Cumbia tradicional ao Gangsta Rap, foi criada uma banda sonora digna da idade móvel que poderá ser

Insanidades Domino a Arte), um dos maiores nomes do hip hop brasileiro, vão juntar o nome do MED à lista dos alguns dos maiores festivais do mundo em que já atuaram: Coachella, Sónar ou South by Southwest. «O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui», único disco ao lado de inúmeras experiências musicais, confirmava em 2013 o seu talento no topo das grandes listas de melhores do ano no Brasil, incluindo na Rolling Stone, como melhor disco do ano. Emicida tem colaborado com diversos artistas desde Criolo a Caetano Veloso. Encontra-se neste momento a terminar um novo EP, gravado em África, com artistas locais Cantora, multi-instrumentista e atriz francomarroquina, Hindi Zahara tem sido comparada a grandes vozes como Beth Gibbons, dos Portishead, Patti Smith ou Norah Jones. Conta com vários prémios como o prestigiado Prix Constantin, para melhor álbum (2010), melhor álbum de worldmusic nos Prémios Victoures de la Musique (2001 e 2016), e será mais uma artista com forte influência magrebina a pisar o palco do MED. O projeto da Dinamarca,

Finalmente, a chilena Ana Tijoux, uma das MCs mais reconhecidas da América Latina, também se junta aos artistas internacionais premiados que este integram o alinhamento do Festival MED. Na sua música, o hip hop contemporâneo absorve influências de sons dos Andes, jazz e funk. Ana é conhecida por tratar de temas como pós-colonialismo,

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ATUALIDADE feminismo, ambientalismo e justiça social nas suas letras. Venceu um Grammy Latino com uma colaboração com Jorge Drexler e o seu disco «Vengo», de 2014, foi nomeado para melhor álbum latino de rock, urbano ou alternativo na última edição dos Grammys. Ao nível dos nomes portugueses, este ano, António Zambujo, que nos últimos anos alcançou uma carreira internacional que lhe trouxe o estatuto de uma das maiores referências da cultura portuguesa, sobe ao palco do MED, depois de ter marcado presença na edição de 2011. O músico alentejano irá presentear o público com o seu novo álbum de estúdio, «Rua da Emenda». A rapper Capicua, um dos maiores talentos da nova música portuguesa e uma das incontornáveis artistas da sua geração, expoente máximo da atual música urbana de raiz eletrónica, está também confirmada no alinhamento do MED, prevendo-se que muitos dos seus seguidores, de todos os quadrantes e idades marquem presença neste concerto em Loulé. Isaura é outra das presenças garantidas na Zona Histórica de Loulé. A cantora portuguesa deu nas vistas através da internet, com o tema «Useless», reflexo dos territórios sonoros onde a artista parece querer movimentar-se, numa mistura de pop e eletrónica, ritmada e revivalista. É considerada um dos novos talentos da música portuguesa. O Fado volta a estar em destaque no Festival MED. Em 2015, Carminho e Raquel Tavares foram as vozes que trouxeram a mais importante manifestação musical portuguesa a Loulé e desta vez Aldina Duarte terá a responsabilidade de representar o Fado neste festival. A «Voz Inteligente», como é conhecida pela sua singular capacidade interpretativa e pela sua personalidade artística, Aldina Duarte mantém, desde a edição do seu primeiro disco – «Apenas o Amor», - em 2004, um público absolutamente fiel e abrangente.

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Mas não é só de música que se faz o Festival MED. Ao alinhamento musical de excelência na área da World Music, este evento passa também por uma fusão de manifestações culturais que vão desde a gastronomia às artes plásticas, animação de rua, artesanato, dança, workshops, e muito mais, com um claro objetivo de divulgar as várias culturas do mundo. Tendo o riquíssimo «palco natural» da Zona Histórica de Loulé como cenário, o tipicíssimo das casas e das ruas, o Convento Espírito Santo, a Igreja Matriz, os Banhos Públicos Islâmicos (descobertos durante escavações arqueológicas), e o Castelo, símbolo máximo do período árabe e medieval, que permitem um enquadramento perfeito para que o público viva o verdadeiro espírito do Mediterrâneo, este evento constitui também uma oportunidade para os visitantes apreciarem o património cultural da cidade com um outro olhar. Este ano, cerca de 80 expositores de artesanato e produtos agroalimentares de vários cantos do mundo trazem o colorido às ruas da Zona Histórica de Loulé, onde diariamente cinco grupos de animação de rua irão interagir com o público. Ao nível das artes plásticas, o programa conta com quatro exposições que vão estar patentes ao público em vários pontos do recinto, integradas na temática do MED, com destaque para a sempre surpreendente exposição de rua. Outro dos atrativos deste festival será a gastronomia típica de diversos países que pode ser apreciada nos vários espaços de restauração existentes, incluindo na típica Casa de Fado que ficará localizada nos Claustros do Convento, e onde o público poderás apreciar verdadeiros sabores de Portugal, ao mesmo tempo que os fadistas locais atuam. Durante o «Open Day», dia de entrada livre (domingo, 3 de julho), a gastronomia será a principal atração do MED .

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ATUALIDADE CLUBE BTT TERRA DE LOULÉ VAI TER NOVO ESPAÇO PARA ACADEMIA

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Clube BTT Terra de Loulé assinou, no dia 27 de fevereiro, um protocolo com a Câmara Municipal de Loulé e um conjunto de proprietários, representados por Horácio Costa, com vista à cedência a este clube de um terreno onde ficará instalada a Academia de BTT, criada formalmente neste momento. Localizado na Estrada da Pedragosa, com uma área de 39 mil metros quadrados, neste terreno serão criados trilhos para os treinos da formação e uma série de pistas de crosscountry (XCO), permitindo, assim, que a nova Academia de BTT de Loulé disponha das melhores condições para a formação. Anteriormente, as crianças e jovens desta escola treinavam junto ao Continente, na zona nordeste da cidade. Com o passar do tempo, dada a evolução urbanística deste local, este espaço tornou-se, contudo, pequeno para todas as especificações dos treinos de BTT. Refira-se que o Clube BTT Terra de Loulé é uma das maiores escolas europeias de BTT, contando atualmente com cerca de 150 atletas filiados, mas a grande aposta passa pela formação, com cerca de 80

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formandos com idades compreendidos entre os 4 e os 18 anos. Os treinos da Academia de BTT decorrem às quartas e sextas-feiras, das 18h30 às 20h .

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ATUALIDADE MUNICÍPIO DE TAVIRA DISPONIBILIZA SERVIÇO DE TERAPIA DA FALA deglutição (disfagia) e perturbações na fluência do discurso, tal com a gaguez ou a taquifémia. O NAPE iniciou a sua atividade, em 2011, e a sua missão centra-se no combate ao insucesso e abandono escolar, dirigindo-se, preferencialmente, aos alunos do pré-escolar e de 1.º ciclo, numa lógica de intervenção primária e de caráter preventivo. Para tal, o NAPE tem uma equipa que é constituída por quatro psicólogos, dois técnicos de educação e este serviço, o qual resultou num investimento de 10 mil e 608 euros. O acompanhamento realizado pelo NAPE junto de cada aluno tem por objetivo a promoção do seu bem-estar afetivo, a integração social e escolar, bem como o seu desenvolvimento cognitivo, efetuado através de acompanhamentos psicológicos individuais, trabalho em grupos psicopedagógicos, oficinas de competências pessoais e sociais, apoios psicopedagógicos e atividades com grupos de pais de acordo com a problemática diagnosticada em cada criança. O NAPE de Tavira ganha uma valência essencial na prevenção, avaliação, diagnóstico e intervenção nos problemas relacionados com a linguagem oral e escrita, bem como formas de comunicação não-verbal, sendo uma maisvalia para toda a comunidade educativa .

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Município de Tavira, através do seu Núcleo de Apoio PsicoEducativo (NAPE), conta, a partir deste mês de março, com a valência de Terapia da Fala, reforçando, desta forma, a resposta às necessidades verificadas no concelho neste domínio. Agora, com este serviço de terapia da fala, já é possível intervir nas seguintes áreas: atraso do desenvolvimento da linguagem; perturbações da leitura e escrita; perturbações adquiridas da linguagem; perturbações articulatórias; perturbações motoras da fala; dificuldades na voz (disfonia); dificuldades de

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ATUALIDADE VRSA INVESTE 200 MILHÕES EM REQUALIFICAÇÃO URBANA E NOVOS EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS

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Câmara Municipal de Vila Real de Santo António lançou, no dia 2 de março, na Bolsa de Turismo de Lisboa, um pacote de investimentos em novas infraestruturas turísticas no valor de aproximadamente 200 milhões de euros. A operação representa o maior projeto jamais realizado no concelho em equipamentos turísticos e hoteleiros e contempla a construção de quatro hotéis, que dotarão o concelho com cerca de 1500 novas camas. “Só em novas unidades de alojamento está previsto um investimento de 185 milhões de euros, o que mostra a forte estratégia turística do concelho e permitirá criar dezenas de postos de trabalho”, destaca Luís Gomes, presidente da autarquia de Vila Real de Santo António. Desta lista, faz parte o projeto de requalificação do centenário Hotel Guadiana, cujas obras terão início ainda este mês e transformarão aquele que foi um dos primeiros hotéis do Algarve numa unidade de charme com 31 quartos. Também este ano irá arrancar a construção do hotel do Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António. A unidade representa um investimento de cinco milhões de euros e terá tipologia de 4 estrelas ou superior, prevendo-se o início da obra em setembro de 2016. Dará resposta aos mais de cinco mil estágios desportivos acolhidos

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anualmente pelo complexo desportivo, que são já responsáveis por cerca de 50 mil dormidas/ano no concelho. Igualmente no segundo semestre deste ano irá avançar a construção de um conjunto de três unidades hoteleiras de charme no Centro Histórico de Vila Real de Santo António. Localizadas em plena Baixa Pombalina candidata a Património da Humanidade da Unesco - os alojamentos aliam a recuperação do património ao turismo cultural e terão a configuração de um resort a céu aberto. Em plano encontra-se ainda a construção de um núcleo hoteleiro de gama superior na frente de praia de Monte Gordo. O hotel terá vistas espetaculares sobre a baía de Monte Gordo e a Mata Nacional das Dunas Litorais e é uma resposta aos máximos consecutivos de ocupação registados na zona turística de Monte Gordo, cujas taxas médias foram as

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ATUALIDADE duas fases, prevendo-se a conclusão dos trabalhos em maio de 2017. O custo total da empreitada de requalificação da frente de praia, a que se somará a construção da unidade hoteleira, está avaliado em 15 milhões de euros.

mais elevadas de todo o Algarve durante o ano de 2015 (top 10 do site Trivago). Junta-se a estes equipamentos a construção de um conjunto de unidades turísticas na zona do antigo parque de campismo de Monte Gordo, avaliado em 120 milhões de euros, bem como a construção de um novo empreendimento turístico localizado na frente de mar da zona nascente de Monte Gordo, avaliado em 50 milhões de euros. Em paralelo, terá lugar a maior operação de requalificação urbanística jamais realizada na frente de mar de Monte Gordo. A intervenção irá dar origem à criação de um grande passeio marítimo que será dotado por espaços verdes e de lazer, comércio, lojas e restauração. A obra, lançada pela Câmara Municipal de VRSA, terá início em setembro de 2016 e visa cumprir os objetivos previstos no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura – VRSA para aquela área litoral. Estará dividida em

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À requalificação do espaço público irá juntar-se o desenvolvimento da nova identidade visual de Monte Gordo, cuja aplicação será gradualmente efetuada durante a operação de reordenamento da faixa litoral. A nova imagem inspira-se nas memórias, tradições e valores naturais daquela zona balnear e visa consolidar a marca turística de Monte Gordo. Além da nova identidade visual de Monte Gordo, o município de Vila Real de Santo António apresentou, na Bolsa de Turismo de Lisboa, a nova marca «Praias de Cacela». O conceito unifica a zona geográfica das praias de Manta Rota, Lota e Cacela Velha/Fábrica, conferindo uma nova identidade gráfica a esta faixa litoral única do município de VRSA, localizada no início do Parque Natural da Ria Formosa. Apesar de cada praia preservar a sua identidade única, a nova marca pretende afirmar as praias de Cacela como um lugar ímpar, familiar e natural. Estes são, aliás, atributos que já valeram a estas praias o título de «melhores do mundo» pelas revistas da especialidade e são umas das razões que justificam a candidatura da sua área envolvente a Património da Humanidade da Unesco .

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ATUALIDADE SALGADOS PALACE & CONGRESS CENTER ELEITO «MELHOR ESPAÇO PARA CONGRESSOS»

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á são conhecidos os premiados dos Publituris Portugal Trade Awards 2016, um evento que anualmente distingue a excelência no turismo nacional e um dos mais emblemáticos do sector. Este ano, o «Salgados Palace & Congress Center», do grupo NAU Hotels & Resorts, o maior centro congressos em Portugal, foi o distinguido na categoria «Melhor Espaço para Congressos». O Salgados Palace & Congress Center é um espaço privilegiado para lazer e trabalho, dispondo de todas as comodidades, tecnologia de ponta e infraestruturas para prestar um serviço de excelência, em todo o tipo de eventos. Este centro de congressos integra o maior auditório do País, com capacidade para 1650 pessoas, 41 salas de reunião moduláveis, uma das quais com 1.150 m2, quatro cabines para tradução simultânea, iluminação cénica e wifi em todo o complexo.

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O Salgados Palace & Congress Center é também um hotel com 228 quartos, três bares, um Spa com 1.000m2, quatro piscinas exteriores e eficiência de serviço para receber qualquer evento ou para umas férias agradáveis. “A forma como os edifícios foram concebidos e se integram no Salgados Resort, a qualidade reconhecida de todas as infraestruturas e o profissionalismo de uma equipa de gestão dedicada, fazem do Salgados Palace & Congress Center um destino natural para congressos e eventos dos mais variados setores de atividade – convenções médicas, redes de imobiliário, setor financeiro e seguros, e muitos outros. Neste âmbito, temos a honra de receber alguns dos maiores eventos realizados em Portugal, nomeadamente ao nível do setor automóvel, com a realização em 2014 do Global Training Experience da Mercedes Benz para mais de 24,000 participantes, e este ano a decorrer o Tiguan Experience da Volkswagen, para mais de 20,000 participantes”, destaca Mário Ferreira, CEO do grupo NAU Hotels & Resorts. O Centro de Congressos está situado na Herdade dos Salgados, junto à praia do mesmo nome, que dispõe ainda de mais três unidades hoteleiras do Grupo NAU Hotels & Resorts, com capacidade de alojamento adicional em mais duas mil camas, um campo de golfe e diversos restaurantes, spas e piscinas .

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CHEF AUGUSTO LIMA Consultor/Formador

MARANJADA Peixe marinado/ervas frescas/citrinos/ rúcula/azeite/salicornia

INGREDIENTES 1 Peixes gordos e de carne firme (atum/tamboril/cavala/carapau/ sarda/garoupa/corvina/dourada) 0,2 Dl. Azeite 4/6 Laranja/Sumo 3/4 Limão/Sumo 2 Laranja/Zest 2 Limão/Zest Q.B. Flor de sal 1 Dl. Vinho branco 2 Alho laminado muito fino 1 Pimento vermelho 1/2 Malagueta 200 Cebola roxa Q. B. Pimenta rosa Q.B. Coentros, hortelã, alecrim

PARA EMPRATAR

Q.B. Coentro fresco Q.B. Salicornia fresca

1 Laranja Q.B. Rúcula

Como guardar/mise-en-place Em recipiente apropriado, fechadas, com indicação de produto e data de confeção

Tempo de duração Preferencialmente por três dias, à temperatura de +5.ºC

Como fazer Arranjar o peixe, cortar em filetes e depois em pedaços. Esmagar a pimenta e cortar as ervas grosseiramente. Descascar os citrinos, só o vidrado e cortar em juliana muito fina. Fazer sumo de ambos. Colocar tudo no recipiente onde vai marinar. Envolver delicadamente e deixar marinar por um mínimo de ½ hora e um máximo de três dias.

Como empratar Cortar a cebola em ½ lua. Descascar uma laranja e cortar em rodelas. No frasco, colocar no fundo 1 rodela de laranja. Juntar folhas de rúcula e alguma cebola roxa. Colocar 5/6 pedaços de peixe, consoante o tamanho. Repetir uma vez mais. Terminar com 1 rodela de laranja, q.b. da marinada, q.b. de azeite e salicornia. Servir no frasco, fechado.

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SUGESTÕES CHURRABÚRGUER Borrego Churra/especiarias/ervas frescas/camarão/molho laranja e vinho do porto INGREDIENTES BURGER (4 PESSOAS) 600 Gr. Carne de borrego 10 Gr. (5 dentes) Alho 1 Malagueta fresca Q.B. Tomilho, hortelã Q.B. Flor de sal Rui Simeão ½ Dl. Azeite Lagar de Santa Catarina Q.B. Açafrão das indias Q.B. Cominhos pó Q.B. Colorau doce Q.B. Canela pó 4 Camarão (10/20) 600 Gr. Batata doce assada com casca Q.B. Pólen de flores silvestres José Chumbinho

INGREDIENTES MOLHO VINHO DO PORTO 150 Gr. Açúcar ½ Dl. Vinagre tintio 2 Dl. Vinho porto Ruby 1 folha Louro 1 Flor de anis 3 Cravinho

100 Gr. Cebola 1 Malagueta Q.B. Tomilho Q. B. Farinha maizena

INGREDIENTES MASSA FOLHADA DE FIGO 400 Gr. Massa folhada 100 Gr. Figo seco Q.B. Alecrim

Como fazer os burgers Moer a carne grosseiramente. Misturar muito bem todos os ingredientes e deixar a repousar por pelo menos uma hora. Dividir em doses com cerca de 150 gr e moldar em forma quadrada, utilizando um molde. Grelhar ao momento.

Como fazer a massa folhada de figo Estender a massa e deitar por cima o figo picado. Dobrar e esticar até à forma original. Cortar quadrados com a forma maior que o búrguer. Cozer no forno a 180 ºC por 7 min.

Como fazer o Molho de Vinho do Porto Colocar tudo em panela/tacho e levar ao fogo. Reduzir até metade e depois engrossar com farinha maizena, se necessário. Terminar.

Como empratar Colocar a massa folhada no prato, acima, do lado esquerdo e por cima o burguer. Do lado esquerdo colocar as duas rodelas de batata doce. Regar o burguer e colocar por cima o camarão. Adornar com erva (tomilho ou alecrim) e pólen.

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SUGESTÕES TARTE DE FEIJÃO, AMÊNDOA E LARANJA INGREDIENTES PARA A MASSA 250 Gr. farinha 1 colher (sopa) manteiga Q.B. água Q.B. sal

INGREDIENTES PARA O RECHEIO 120 Gr. feijão branco 500 Gr. Açúcar 120 Gr. Amêndoa 2 Dl. Água 2 Laranja (sumo e raspa) 8 Gemas Q.B. Açúcar em pó

Como fazer a massa Misturar a farinha sal e manteiga com um pouco de água até obter uma massa homogénea. Deixar repousar no frio.

Como fazer o recheio Levar o açúcar ao lume com a água e a raspa até ponto de espadana (117.º C). Juntar o feijão em puré, a amêndoa e o sumo de laranja. Deixar cozer. Fora do lume, depois de esfriar um pouco adicionar as gemas. Volta de novo ao lume para cozer.

Terminar Colocar a massa em pedra fria e amassar com um pouco de farinha. Estender e cortar um círculo maior do que a forma. Forrar a forma com manteiga. Colocar a massa e rechear. Colocar a massa excedente por cima do recheio. Cozer em forno pré aquecido a 170.ºC por cerca de 30 minutos.

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FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Carlos Alberto Sequeira

ESTATUTO EDITORIAL A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética

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profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.


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