ALGARVE INFORMATIVO WWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT
#49
VIVIANE convida amigos para um concerto único no Teatro das Figuras Santa Luzia - A Capital do Polvo Mercadinhos de Primavera de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #49 1 À conversa com um contador de história
ALGARVE INFORMATIVO #49
2
3
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49, 20 DE MARÇO, 2016 30 - Bruno Batista
10 - Viviane ALGARVE INFORMATIVO #49
4
SUMÁRIO 40 - Mercadinhos da Primavera
Daniel Pina Pág. 8
Paulo Cunha Pág. 26
José Graça Pág. 28
16 - Santa Luzia 5
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49
6
7
ALGARVE INFORMATIVO #49
Sobreviver fora da «caixa preta» Daniel Pina
E
sta semana assisti a uma conferência na Universidade do Algarve que partia da constatação de que arte não é ciência e que nos abria os olhos para os preconceitos que ainda hoje persistem contra as ditas ciências humanas, em geral, e as artes em particular. Em jeito provocador – porque só provocando se estimula o pensamento – a oradora avisou que se vivem tempos muitos obscuros, apesar de se dizerem transparentes, que as artes são cada vez mais desvalorizadas em prol da ciência, e que o mundo se tornou numa verdadeira caixa preta, numa alusão ao exercício que se coloca aos alunos de física, em que estes tentam descobrir o que está dentro de uma caixa preta antes de a abrirem.
sistema, da «máquina» que controla isto tudo. Também sabemos o que é decidido, pois sai cá para fora sob a forma de leis, regulamentos, regras, impostos, taxas e licenças, seja lá o que for. No entanto, não sabemos muito bem como é que as coisas funcionam realmente dentro dessa «caixa preta», que fundamentos estão por detrás do que é despejado para o exterior, quais as reais motivações ou interesses que dão origens às decisões que são tomadas. Sabemos, apenas, que as temos que acatar, por muito que isso doa a quem vive, ou tenta sobreviver, fora da «caixa preta». E quando nos pomos a pensar nestas coisas, mais pertinência começa a ter todo o enfoque que se dá à ciência, em prol da arte, e toda a lavagem cerebral que se vai fazendo às novas gerações. As ciências são exatas, normalmente têm uma única solução concreta para cada problema, portando, quando se controlam as variáveis ou as condições da experiência, também se consegue controlar, de certa forma, o resultado e esse resultado é assumido como certo, inquestionável. A arte, porém, não respira essa exatidão, antes pelo contrário, gosta da incerteza, do incontrolável, até do caos, pois isso espicaça a criatividade. E também nos faz pensar e, se calhar, não interessa muito a quem nos governa, a partir da tal «caixa preta», que as pessoas se ponham a pensar demasiado nas decisões que eles tomam, no rumo que definem para os países, para nós, para os nossos filhos.
A conferência, em jeito de conversa informal, foi recheada de uma série de imagens, comparações e teorias que, por estarem na plateia professores, mestrandos, doutorados, enfim, homens e mulheres de cultura bastante acima da média, eram transmitidas por meio de palavras caras e termos eruditos que não estão ao alcance do comum mortal. No entanto, depressa cheguei à conclusão de que tudo o que foi dito e pensado, às vezes há décadas ou séculos, se aplica quase na perfeição aos tempos atuais. É que, de facto, parece que o destino do mundo é decidido no interior de uma «caixa preta». Sabemos mais ou menos quem lá está dentro, sejam os governantes e dirigentes eleitos diretamente pelo povo, sejam os outros que chegam por arrasto e que fazem parte do
ALGARVE INFORMATIVO #49
8
De repente, não me estranha tanto o desinvestimento no ensino artístico, interessa é formar jovens que pensem todos da mesma forma e que estejam já alinhados pelo pensamento imposto pela «máquina», pelo sistema, por quem nos governa do interior da «caixa preta». Os tais que pensamos saber quem são, aliás, supostamente foram lá colocados por nós, pelo menos por aqueles que ainda se dão ao trabalho de ir votar. Mas, infelizmente, o que se passa verdadeiramente no interior da «caixa preta» é algo que continua a ultrapassar o comum mortal e só nos resta tentar sobreviver a tudo o que eles forem decidindo, mesmo que só sirva os interesses de alguns… .
Dizia Francis Bacon, considerado o fundador da ciência moderna, que “saber é poder”, contudo, hoje, dou por mim a pensar que, para os tais da «caixa preta», o poder está na ignorância e que, quanto maiores forem o conhecimento e a informação ao dispor dos cidadãos, maiores são as probabilidades, também, destes começarem a pensar que, afinal, não concordam muito com as decisões que os outros tomam e que ditam o seu futuro. Portanto, convém não estimular o saber, pelo menos não o saber criativo, o que faz pensar, o que gera pensamentos complexos, que relaciona o todo com as partes, que se interroga pelas soluções e resultados que os outros nos colocam em cima da mesa, como se fossem verdades absolutas.
9
ALGARVE INFORMATIVO #49
VIVIANE convida amigos para um concerto único no Teatro das Figuras Viviane vai subir ao palco do Teatro das Figuras, no próximo dia 26 de março, naquele que será o primeiro de três concertos realizados durante este ano na principal sala de espetáculos de Faro. Desta feita, a conhecida cantora e compositora vai estar acompanhada por diversas bandas algarvias para recordar os maiores sucessos do carismático grupo «Entre-Aspas», uma noite que promete ser memorável e de emoções à flor da pele, à boleia de um dos mais bem-sucedidos projetos musicais da região de todos os tempos. Texto:
ALGARVE INFORMATIVO #49
10
Fotografia: Aurélio Vasques
11
ALGARVE INFORMATIVO #49
A
poucos dias do concerto «Viviane Entre Amigos», fomos encontrar a cantora e compositora em intensos ensaios no estúdio que possui, em conjunto com Tó Viegas, em Olhão. O primeiro de três espetáculos que resultam do convite do Teatro Municipal de Faro para Viviane ser «Artista Figuras 2016», a
ALGARVE INFORMATIVO #49
primeira edição desta iniciativa, facto que deixou Viviane bastante orgulhosa. “É o reconhecimento de uma carreira de 25 anos em que o Algarve esteve sempre muito presente. Depois, é um desafio fazer três concertos que serão completamente diferentes entre si”, começa por dizer a artista, numa pequena pausa a meio da manhã.
12
versão de um tema dos antigos «Entre-Aspas». Uma retrospetiva que se afigura imperdível e que terá como participantes as duas primeiras formações dos «EntreAspas», Camaleão Azul, Linha da Frente, GAIJAS, NOME, LUDO, Mundopardo, Funkarmonica, Tércio Nanook, Diogo Piçarra e os DJs Lord Vegan, GIJOE e Helena Isabel. “Vou cantar com eles em todos os temas, portanto, agora é ensaiar muito para me encaixar de maneira perfeita nos estilos das várias bandas”, aponta Viviane.
Assim, depois de «Viviane Entre Amigos», no dia 26 de março, seguemse «Confidências», a 4 de junho e «Viviane Canta Édith Piaf», a 5 de novembro, quase um retrato das várias fases que têm pautado o percurso da entrevistada e que ela pretende partilhar com o seu público na maior sala de espetáculos do Algarve. Ponto comum aos três é a presença de convidados, com João Gentil, no acordeão, a acompanhar Viviane quando interpretar os êxitos de Édith Piaf, ao passo que «Confidências» contará com as participações de Mafalda Arnauth, Susana Félix, Luanda Cozzeti, o Coro do Conservatório de Música de Olhão, o guitarrista Custódio Castelo e Nuno Guerreiro.
Um quarto de século de carreira, a primeira metade marcada, efetivamente, pelos «Entre-Aspas», com canções que perduram no tempo, ainda hoje presentes na memória dos portugueses, e este espetáculo em concreto só fazia sentido com bandas do Algarve. “Vai ser uma noite mais rock e elétrica, um bocado diferente do meu percurso mais recente, a solo”, reconhece Viviane, situação que não lhe gera qualquer desconforto, apesar de agora interpretar temas bem mais pausados, das músicas do mundo, do novo fado, da chanson française, até do tango argentino. “Eu nunca fui de estar quietinha ao pé do microfone, gosto de sentir as canções e, quando estou em cima do palco, não consigo estar parada. Nesse aspeto não mudei muito, o som é que vai ser, de facto, diferente. As guitarras elétricas e os samplers não fazem
Mas as atenções estão, para já, centradas em «Viviane Entre Amigos» e o rol de convidados é extenso, nomes que constituem uma referência no panorama artístico do Algarve e que interpretarão uma
13
ALGARVE INFORMATIVO #49
parte do meu repertório atual, que é, essencialmente, acústico”.
festa prossegue depois no foyer do Teatro das Figuras, ao som dos DJ’s Lord Vegan, GIJOE e Helena Isabel.
Uma verdadeira festa da música
A 4 de junho será a vez de Viviane subir ao palco para promover o seu mais recente álbum, «Confidências», editado em novembro de 2015 e que é um best of dos 10 anos de carreira a solo, com dois temas inéditos – «O Fado do Beijo» e «As Cantoras do Rádio». “A digressão arranca em abril, com concertos em Carnide, Torres Vedras, Sintra, Madeira, para além da Casa da Música, no Porto, a 2 de junho, a 4 de junho aqui no Teatro das Figuras e, a 9 de junho, no Teatro São Jorge, em Lisboa. Depois, ainda dou um salto a Paris para a festa da Rádio Alfa, a 12 de junho e, em agosto, sigo para a Lituânia, onde tenho três datas em festivais”, indica Viviane, comprovando que foi uma aposta ganha ter trocado o pop/rock pela world music. “Era o que me apetecia fazer. O período dos «Entre-Aspas» foi bom enquanto durou, mas senti necessidade de partir para outro campo musical, que reúne influências desde o fado à chanson française, ao jazz manouche e ao tango. É o meu universo musical e tenho estado a abrir algumas portas com esta linguagem. É um percurso que já tem 10 anos e que está a começar a dar frutos no estrangeiro”, conclui, com um «Até Já» com vista ao concerto de 26 de março, no Teatro das Figuras .
Independentemente dessas diferenças, será uma noite de festa e Viviane não esconde a emoção que tem sido ensaiar canções que marcaram toda uma geração. “Ainda há três anos os «Entre-Aspas» voltaram a juntar-se para produzir um best of e fazer três concertos, por isso, os temas ainda estão frescos na minha memória, mas o tempo passa, realmente, bastante depressa”, admite. E a constatação deste passar do tempo é ainda maior quando Viviane verifica que alguns dos convidados que estarão com ela em palco eram praticamente adolescentes quando os «EntreAspas» estavam na crista da onda. Aliás, muitos deles cresceram a ouvir os êxitos da banda algarvia, inspiraram-se nela, uma das primeiras a conseguir dar o salto para fora da região, inclusive do país. “Espero que tenha contribuído, de forma positiva, para motivar toda esta gente para continuar a fazer música. Temos que dar as mãos uns aos outros e partilhar um palco é sempre um momento extremamente emocionante. Vai ser uma noite única, a festa da música no Algarve, porque este espetáculo não vai repetir-se”, assegura a entrevistada. Uma noite que não termina com o concerto, convém sublinhar, pois a ALGARVE INFORMATIVO #49
14
Fotografia: Aurélio Vasques
15
ALGARVE INFORMATIVO #49
SANTA LUZIA A Capital do Polvo Numa destas manhãs, o Algarve Informativo viajou até Santa Luzia, freguesia do concelho de Tavira, para respirar mais de perto a Capital do Polvo. A iniciativa inseria-se no programa da «Dieta Mediterrânica Todo o Ano» e pretendia dar a conhecer as histórias e os saberes dos homens do mar, bem como as questões ligadas à biodiversidade, à gestão das pescas e às condições das comunidades. E assim lá fomos desfrutar do sol quente, entre muitos residentes, nacionais e estrangeiros, interessados por viver mais de perto as tradições e riquezas do outro Algarve. Texto:
Fotografia:
ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #49 #49
16 16
17 17
ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #49 #49
C
om o sol a bater forte no rosto, partimos logo bem cedo rumo a Santa Luzia, a poucos quilómetros de Tavira, atraídos pelo rótulo de «Capital do Polvo». À espera dos participantes deste passeio inserido no programa «Dieta Mediterrânica Todo o Ano» estavam Brígida Baptista (arqueóloga) e Carlos Sonderblohm (oceanógrafo), da recém-criada Associação Cultural do Património Marítimo Lais de Guia, assim como os pescadores Joaquim Oliveira e José Basílio e a antropóloga do Museu Municipal de Tavira, Luísa Ricardo.
e assim tomamos consciência de que a vila de Santa Luzia sempre esteve ligada à Ria Formosa e ao Oceano Atlântico. Prova disso é que os primeiros registos da existência de cabanas de junco de apoio à pesca nesta área sobranceira remontam ao século XVI. Por volta de 1837 já existiam na aldeia 53 fogos de habitação e, a partir da década de 20 do século XX, Santa Luzia inicia a pesca do polvo com alcatruzes e covos, atividade sempre em crescendo até aos tempos modernos e que lhe granjearam o título de «Capital do Polvo».
O objetivo do passeio, dividido entre as docas e a zona dos apoios de praia, desta freguesia com fortes ligações ao mar e à pesca era ouvir em primeira mão as histórias e os saberes dos homens do mar
De facto, apesar de ter menos de 1500 habitantes, Santa Luzia é um importante porto pesqueiro do sotavento algarvio, ali desembarcando, por mês, entre 7 a 250 toneladas de
ALGARVE INFORMATIVO #49
18
polvo, consoante a altura do ano. Um volume que representa cerca de 30 por cento da produção pesqueira do Algarve, resultado de uma frota constituída por 38 barcos, 17 de pesca local (com menos de 9 metros de comprimento) e 21 de pesca costeira (com mais de 9 metros de comprimento). E Santa Luzia é mesmo o único porco de pesca do país que se dedica exclusivamente ao polvo, o que o torna um dos mais significativos, no contexto europeu, nesta espécie.
de covos é de 750 para embarcações locais até 9 metros de comprimento, mil para barcos dos 9 aos 12 metros e 1250 para embarcações costeiras maiores que 12 metros. Quanto ao número máximo de alcatruzes por embarcação é de três mil, independentemente da sua dimensão. Ao longo do passeio depressa constatamos que existem, então, duas artes de pesca para apanhar o polvo. Os covos são gaiolas de plástico que utilizam isco para atrair os polvos, ao passo que os alcatruzes são recipientes em forma de pote e que não carecem de isco. Alcatruzes que, antigamente, eram feitos de barro, contudo, como se partiam facilmente, foram substituídos por outros de plástico PVC, mais resistentes, mas também mais
Pesca do polvo que, como é óbvio, tem as suas regras, sendo o peso mínimo permitido por lei as 750 gramas, de modo a garantir que parte da população consiga atingir a fase adulta e, desse modo, reproduzir-se. Mas as próprias armadilhas estão regulamentadas pela legislação portuguesa, sendo que o número máximo
19
ALGARVE INFORMATIVO #49
O mestre Joaquim Oliveira a mostrar um alcatruz de barro (no topo) e um covo (em cima)
poluentes. Ora, para pescar o polvo, ambas as artes são colocadas em séries de centenas de armadilhas, numa estrutura denominada «teia». A pesca é feita normalmente durante a noite, com os barcos a saírem do cais ao fim do dia e regressarem na manhã seguinte para descarregar a captura na lota. E, como se adivinha, nem só os polvos caem nas ALGARVE INFORMATIVO #49
armadilhas, sendo pescados, igualmente, navalheiras, lagostins, lagostas, santolas e lavagantes.
Os segredos da arte A rica história de Santa Luzia foi confirmada por Brígida Batista, que recordou que as grandes civilizações 20
nasceram, quase sempre, junto ao mar e a rios e assim aconteceu igualmente com esta freguesia do concelho de Tavira. “Era uma zona sem casas, de terrenos de areia ou lodo, até chegarem os pescadores com o desejo de tirarem o maior partido possível de uma Ria extremamente rica em marisco e peixe. Em 1876, um grande incêndio devastou cerca de 52 cabanas
quando estava localizada em Cabanas, os pescadores tinham que fazer um grande caminho para chegar ao mar. Em 1927, quando a barra foi aberta em Santa Luzia, tudo mudou, começou a pescar-se imenso polvo”, frisa Brígida Batista, uma filha de pescadores que, depois de concluído o ensino superior, regressou às origens para divulgar e
Carlos Sondenblohm a explicar o funcionamento do alador, sob o olhar atento de Joaquim Oliveira
de junco e o rei ordenou a construção de casas de alvenaria para que tal não se repetisse”, lembra a arqueóloga, adiantando que, quando a maré enchia, praticamente não se conseguia circular na antiga aldeia.
promover estas tradições. Polvo que é um animal com um ciclo de vida bastante rápido, aproximadamente um ano desde a desova à sua fase adulta, reproduzindose apenas uma vez ao longo da sua vida. Uma reprodução que é feita, contudo, em grande quantidade, com uma fêmea a poder ter até meio milhão de larvas, que depois ficam à superfície da água durante dois ou três meses
As artes de pesca cedo se tornaram, então, o coração de Santa Luzia, não só o polvo, mas também o bacalhau e o atum e foi aqui que nasceram os alcatruzes. “A barra também foi sempre mudando e, 21
ALGARVE INFORMATIVO #49
Brígida Batista com os irmãos António e Joaquim Vieira, junto aos apoios de praia de Santa Luzia
mais apanha este molusco na Europa”, adianta ainda Carlos Sonderblohm, antes de visitarmos a embarcação do pescador Joaquim Oliveira e observarmos, de perto, os famosos alcatruzes e covos, onde é colocado o isco, normalmente cavala.
antes de assentarem no fundo do mar. “Temos dois ciclos principais no Algarve: uma desova que acontece durante o Verão para o polvo ser apanhado em março e abril; e uma desova na Primavera para os polvos serem capturados em novembro, conforme as condições climatéricas”, desvenda o oceanógrafo Carlos Sonderblohm.
E é junto aos barcos que descortinamos uma inovação introduzida no início da década de 70 e que veio revolucionar a apanha do polvo, o alador, um guincho hidráulico que aumentou de forma exponencial o número de capturas. “Antes disso, as «teias» eram içadas à força de braços, mas os aladores também têm os seus perigos. Como têm muita força, podem puxar um barco para o fundo do mar”, avisa Joaquim Oliveira, que neste dia tinha ficado em terra. “Hoje a apanha está fraca, o polvo não gosta de boga.
É esta sazonalidade que gera diferenças abismais no volume de captura ao longo do ano, indo das sete às 250 toneladas por mês, de tal modo que, antigamente, havia inclusive uma paragem, um período de defeso, nos meses de Verão. “No Algarve encontramos uma dúzia de portos oficiais de pesca, registados, mas há mais de 30 naturais. Santa Luzia é o porto mais importante do Algarve, chegando barcos de Tavira, Fuzeta e Vila Real de Santo António. E Portugal é um dos países que ALGARVE INFORMATIVO #49
22
Por causa das quotas impostas pela União Europeia para a sardinha, os pescadores não vão para o mar e assim também não temos cavala para usar como isco”, esclarece o mestre.
preço. “Depois, importamos para comer o polvo do norte de África, da Mauritânia, Senegal e Marrocos, quando o nosso tem mais qualidade”. A finalizar o passeio, tempo ainda para visitar os apoios de praia de Santa Luzia e contatar com os irmãos António e Joaquim Vieira, mestres da produção dos covos, que são bem mais complexos do que uma simples gaiola de plástico para apanhar polvos. “Utilizamos o papel brilhante dos sacos de café para os enganar, eles são atraídos pelo reflexo do sol e dali já não saem”, garante António Vieira, desvendando, com um sorriso, um dos muitos truques desta armadilha. E como a hora do almoço se aproximava, chegava assim ao fim uma manhã diferente, na Capital do Polvo .
Polvo que, depois de capturado, é colocado em caixas específicas para ir a leilão na lota, com os compradores a terem que se registar para efetuar os seus lances. Em simultâneo, podem existir contratos de fornecimento direto com os pescadores, a opção mais comum quando se fala das grandes superfícies, mas que também têm que estar registadas e licenciadas para o efeito. “A maioria do polvo é exportada para Espanha, a procura é enorme do outro lado da fronteira, onde existem dois períodos de defeso”, afirma Carlos Sonderblohm, o que provoca também algumas oscilações no
23
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49
24
25
ALGARVE INFORMATIVO #49
Pai, um dia é pouco! Paulo Cunha
O
primeiro registo de que há conhecimento como homenagem ao pai tem já quatro mil anos e foi encontrado por arqueólogos, escrito em argila, na antiga Babilónia. Reza a história que tudo começou em 1910 nos Estados Unidos da América, quando uma americana deu início a uma petição sugerindo uma celebração aos pais, depois de ter ouvido um discurso de homenagem às mães. O seu pai tinha-a criado sozinho, conjuntamente com seus cinco irmãos, pelo que inicialmente o «Dia do Pai» era festejado na data do seu aniversário, a 19 de Junho. Hoje celebra-se no dia de S. José, em Portugal e também noutros países. Sou daqueles que acha que tudo o que é realmente importante na vida deverá ser celebrado, dignificado e homenageado todos os dias. Sem dia marcado para nos lembrar que muito do que somos o devemos aos nossos pais, «Pai e Mãe» são a maior instituição desde que o «mundo é mundo». Não há como negá-lo! Nem as exceções, que infelizmente as há, poderão condicionar esta celebração a um mero dever com dia programado. O amor não tem dia marcado! Para além do mercantilismo próprio das sociedades de consumo, associado a todas as datas onde tudo tem dia e todo o dia é dia de comprar para oferecer, festejar quem nos gerou e educou deverá constituir um referencial para todos os dias desta nossa curta passagem. A melhor forma de o fazer é mostrar-lhes, presencial e efetivamente, o amor que por eles nutrimos. Confinar a expressão e transmissão de afetos aos nossos pais a dias datados, marcará irremediavelmente o momento em que com eles quisermos estar e eles já cá não estarão. Porque
ALGARVE INFORMATIVO #49
para o inevitável a contagem é decrescente e há muito começou… Quando oiço falar em «Dia do Pai» vêm-me imediatamente à memória todos aqueles pais que, separados da mãe dos seus filhos, se veem, por decisão judicial, na contingência de sentir na pele, e no coração, a terrível sensação de só poderem estar com os seus filhos dois fins de semana (quatro dias) por mês. É neles que penso quando oiço jovens que, com lágrimas contidas e palavras embargadas, me relatam que não puderam fazer com os pais tudo aquilo que lhes sugeri e solicitei, pois só estão com eles de quinze em quinze dias. Estou, obviamente, a referir-me a todos aqueles pais que o quiseram ser e todos os dias o comprovam, agindo como tal. Aqueles que se veem para além das funções de progenitores, mantedores e cuidadores. Aqueles que educam, ensinam e, sobretudo, compartilham diariamente com os seus filhos a sua maior dádiva: o seu amor paternal. Aprende-se a ser pai, sendo-o! Entregando-nos a essa nobre missão e devoção, todos os dias descobrimos nos nossos atos tudo aquilo que o tempo se encarregou de apagar ou fazer esquecer da nossa memória. E como é bom redescobrir a nossa história através dos nossos filhos… Há mais de duas décadas que não lhe posso expressar o carinho, respeito e amor que continuo a nutrir por ele, mas não é o facto do meu pai já cá não estar que me fará deixar de falar dele no presente, pois sei que enquanto eu viver, ele viverá em mim. É essa a magia da paternidade: podermos viver para além do presente, projetando no futuro dos filhos tudo o que nos foi transmitido pelos nossos pais no passado. Essa sim, a verdadeira homenagem! .
26
27
ALGARVE INFORMATIVO #49
Dar um rumo ao Algarve José Graça
Q
uatro anos atrás, os socialistas algarvios batiam no fundo, em pouco tempo passavam de seis para dois deputados na Assembleia da República e a presença no poder local estava nos valores mais baixos de sempre, com apenas sete presidências de câmara, muito longe da hegemonia de 1976 ou dos tempos de liderança e afirmação da AMAL - Associação de Municípios do Algarve. O processo eleitoral interno da primavera de 2012 foi o arranque de caminhada que ainda está longe do seu termo. Sob a presidência de António Eusébio, um jovem autarca com provas dadas no tecido empresarial, na universidade e em São Brás de Alportel, os socialistas algarvios juntaram-se para afirmar a região, vencendo todas as eleições gerais e autárquicas desde então, duplicando a sua representatividade no Parlamento e voltando a liderar a maioria das câmaras e das assembleias dos dezasseis Municípios e liderando a Comunidade Intermunicipal do Algarve, herdeira do acrónimo AMAL, mas ainda com muito caminho para trilhar… Nas eleições legislativas de outubro de 2015, os algarvios voltaram a confiar no Partido Socialista, reafirmando o sentido de voto dado em 2013 nas autárquicas ou em 2014 na europeias. Se a nível nacional, este é um tempo de confiança, no Algarve os socialistas não podem defraudar. Vou mais longe, como é que alguém que devolveu a esperança aos Algarvios, pode recursar a missão principal que é dar um rumo ao Algarve?! Num documento tornado público recentemente, pode ler-se que “existe um espaço institucional de representação, afirmação e dinamização da região que está neste momento vazio e que todos unanimemente percecionam como suscetível de ser ocupado por uma AMAL renovada”. E será que aquilo que se pensa sobre uma organização é passível de ser alargado a toda uma região?! Depois de mais de quatro anos de completo abandono, o Algarve enfrenta desafios enormes e ninguém pode sentir-se dispensado desta missão. Este é um tempo novo, de voltar a colocar as pessoas na
ALGARVE INFORMATIVO #49
primeira linha da intervenção política, de dar aos cidadãos um papel central no espaço público, de discussão, de partilha de opiniões e de definição de prioridades em questões muito importantes para o nosso futuro comum. Do reino à região, o Algarve afirmou-se como um destino turístico de importância mundial, que vem granjeando prémios e galardões que sublinham a sua excelência como território de eleição, distinguem o empenhamento e o profissionalismo de tantos quantos criaram e suportam esta realidade e colocam um repto permanente aos decisores e líderes políticos para manter e elevar o nível dos serviços prestados e alargar às populações os benefícios da atividade económica predominante e das infraestruturas públicas associadas. Nos tempos conturbados que atravessamos, os socialistas algarvios tem o dever de contrariar a forma como os cidadãos encaram a atividade política, de curto alcance, mera tática oportunista e repetitiva e cujo rumo que apenas se altera ao sabor das conveniências e dos calendários eleitorais. Ao voto de confiança das populações, devem responder com uma atitude inteligente de serviço público, de cumprimento integral dos compromissos assumidos e de procura permanente de soluções de futuro, sempre de forma próxima e partilhada com os movimentos de cidadania. O dinamismo da sociedade do conhecimento coloca uma exigência de renovação que ultrapassa em muito a resignação como enfrentámos a realidade regional nestes quatro anos. Mais do que nunca, este é um tempo de reflexão, de envolvimento dos cidadãos e de partilha de saber e de boas práticas. Hoje, com responsabilidade e pluralismo, todos podemos ser protagonistas da mudança e contribuir para dar um rumo ao Algarve! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 28
29
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49
30
À conversa com um…
CONTADOR DE HISTÓRIAS A viver em Lisboa há quase uma década, Bruno Batista continua a manter uma ligação estreita com o Algarve que o viu nascer e crescer, sendo frequentes as viagens rumo ao sul do país, umas vezes a lazer, a maior parte delas a serviço. Desta feita, fomos encontrar o famoso Contador de Histórias num evento realizado em Lagoa, mas os próximos meses vão ser de intensa atividade nas escolas algarvias, para além da participação em projetos teatrais, a sua primeira paixão e à qual regressa, volta e meia, para acalmar o bichinho do palco. E assim passamos nós uma tarde, não a ouvir um conto qualquer, mas o conto da história de Bruno Batista. Texto:
| Fotografia: 31
ALGARVE INFORMATIVO #49
E
ra uma vez um menino algarvio que sonhava com o teatro e que começou a dar os primeiros passos nas Ideias do Levante, conhecida associação do concelho de Lagoa. Contudo, umas vozes preocupadas, não do grilo falante, mas dos pais, disseram-lhe que o teatro não alimentava ninguém, que não garantia o sustento dum jovem, que ele deveria procurar uma profissão mais tradicional. Depois de alguma pesquisa, Bruno Batista descobriu o curso de animador sociocultural, formou-se em Santarém e especializou-se em animação de bibliotecas, para não perder o contato com os livros e as palavras. “Comecei como um animador que ia fazer uma apresentação nas bibliotecas, era assim que me descrevia. O próprio universo dos contadores estava a despontar nessa altura, as pessoas começavam a descobrir a narração oral. O António Fontinha já fazia isso há imenso tempo, foi o primeiro a dedicar-se aos contos a tempo inteiro em Portugal. Eu, aos poucos, tornei-me num contador, que também faz animações, sobretudo para crianças”, diz, com um sorriso, enquanto aguardava o início de uma sessão em Lagoa. Mais ou menos por essa época deu-se o aparecimento de uma série de festivais e encontros de contadores de contos, que passaram a ser encarados como importantes para o desenvolvimento interior das pessoas, daí tornarem-se uma presença assídua nos estabelecimentos de ensino. “Parecia uma moda mas, pelos vistos, veio para ficar porque, quem ouve, quer voltar a ouvir”, analisa, com a sua tradicional simpatia. Uma «moda» que chegou a ser confundida, em certos aspetos, com a stand-up comedy, aliás, houve contadores de contos que se tornaram humoristas no decorrer desse fenómeno, como é o caso do alentejano Jorge Serafim. Bruno Batista explica, contudo, que as diferenças são maiores do que as semelhanças. “Na stand-up comedy, as pessoas estão normalmente a contar as suas aventuras e encantos e desencantos com a vida, é algo muito ligado ao real e que quer chegar ao riso. Claro que também há histórias que querem colocar o público a rir, mas não são, no geral, pessoais, são contadas num tempo que já foi. Somos apenas relatores do que aconteceu noutras épocas, fugindo do quotidiano para um ambiente ficcionado e mágico, o que não sucede na stand-up comedy”. Diferenças que, como se adivinham, implicam uma maior pesquisa da parte dos contadores de contos e nem o advento da internet facilita esta constante busca, garante o profissional. “O que nos chega até hoje ALGARVE INFORMATIVO #49
32
reunidas as condições certas, o clima, o ambiente, a luz, a atenção das pessoas. É preciso um ambiente mágico para que consigam sair”, revela.
advém de compilações de recolhas orais que foram transformadas em livros, para além de contos de autor e crónicas do quotidiano que são transformadas em histórias. Por isso é que temos que encontrar um «EU» contador, histórias que nos encontraram, que nos dizem qualquer coisa. Passam a fazer parte do nosso repertório, fazem um percurso dentro de nós e depois saem com as nossas palavras, vivências, recordações e emoções”, descreve Bruno Batista, aproveitando para falar em três níveis de contos. “Há aqueles contos bemdispostos, leves, divertidos, que utilizo para grandes multidões, em festivais. Há outros contos que, apesar de divertidos, têm uma mensagem já com algum peso. Finalmente, há contos ainda mais profundos, de maior reflexão, com mensagens mais fortes, que só consigo contar quando estão
Ora, pegando nesta simples tipologia de contos, e nas condições que exigem para serem contados, é de imaginar que as apresentações, as sessões, dos contadores nem sempre decorram como inicialmente previstas, situação confirmada por Bruno Batista. “Já me aconteceu à última da hora alterar o que tinha pensado contar porque a disposição do público é diferente do que tinha visualizado. Nas sessões de promoção da leitura, por exemplo, utilizo livros e objetos, que também carregam histórias, e se os alunos estão muito distantes de mim, há 33
ALGARVE INFORMATIVO #49
coisas de pormenor que não funcionam tão bem”, indica. Imprevistos que podem acontecer a qualquer momento, inclusive na tarde em que estávamos a conversar, porque Bruno Batista pensava que teria apenas jovens pela frente e, afinal, a sessão era para pais e filhos. “É uma entrega de prémios ligados à literatura e ia contar histórias que falassem de livros mas, como terei um ALGARVE INFORMATIVO #49
público misto de idades, vou ter que acrescentar algumas coisas diferentes”, explica.
À conquista dos adultos Contos e histórias, uns lidos no momento, outros rebuscados no baú das memórias onde Bruno Batista guarda cerca de 60 histórias, todas 34
suficiente para se passar a mensagem na totalidade, é preciso decifrar as imagens. É isso que faço nas minhas sessões, pego nas imagens e vou transformando em narração aquilo que acontece nas várias linguagens presentes no livro. Até um buraco pode conter um segredo no fim, páginas que estão ratadas podem dar azo a novas histórias”, sublinha. Uma miríade de segredos, de técnicas, que já vão sendo reconhecidas pelo público, sendo que as crianças foram as primeiras a serem conquistadas por este mundo de magia e imaginação. “Agora, é conquistar os adultos. Já há muitos que sabem o que é um contador de histórias e uma sessão de contos e fazem questão de ir, outros continuam a achar que os contos são para crianças”, reconhece. “Na generalidade, os contos têm em si arquétipos que são comuns a qualquer ser humano: o gosto de ser amado, de ser elogiado, de querer alcançar os seus objetivos, de ter medos e receios, as crises que existem ao longo da vida. Apesar de levarem diferentes roupagens, a essência dos contos, ao longo das épocas, é sempre a mesma”, reforça Bruno Batista.
com uma característica em comum: só conta o que lhe diz algo a ele próprio, não despeja palavras sem significado para o seu «EU» contador. Uma postura que transmite prontamente quando é contatado por editoras de livros para crianças, seja de contos típicos ou de simples ilustrações. “Costumo dar um workshop sobre os segredos do álbum ilustrado e há obras que o texto não é
Contos e histórias que servem precisamente para transmitir alguns valores morais e regras de conduta de forma mais descontraída às novas gerações, «sementes» que ficam no coração de cada um que ouve uma história, compara o contador. “As 35
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49
36
histórias conseguem chegar a partes do nosso inconsciente, do nosso «EU» mais primitivo, que tocam diretamente no nosso âmago, que ficam lá a bater suavemente, a fazer um trabalho de semente, a germinar, dar frutos. Há conteúdos que estão a passar de forma muito lúdica mas que são bastante sérios e importantes para o desenvolvimento do ser humano”, garante o entrevistado, recostado no sofá da biblioteca.
Entretanto, o teatro nunca foi colocado de lado por Bruno Batista, embora o ritmo de vida na capital não propicie muitas oportunidades para subir ao palco. “No início ainda entrei em quatro produções no Teatro da Trindade, mas não foi possível continuar. Há um ano entrei para uma companhia que trabalha essencialmente em digressão, a «Rituais Dell Arte», não tem uma residência fixa na mesma sala, e estou a participar em dois musicais infantis, «A Cinderela – Uma história de magia» e «A Bela Adormecida – Quem salva a princesa?». São adaptações das histórias originais, mas com algumas surpresas”.
Histórias que têm que ser contadas da melhor maneira possível, independentemente do estado físico, anímico e emocional do contador, que é, ele próprio, um ser humano, com direito a ter dias melhores e piores, mas que tem que apresentar-se de sorriso nos lábios ao seu público. “Aí entra a questão da profissão. Os contadores do nosso dia-a-dia, se lhes apetece e têm público à frente, sentam-se num banco e o momento acontece. Um profissional tem que fazer com que esse momento aconteça, quer esteja bem-disposto ou menos feliz nesse dia”, assume, uma situação em que a experiência ajuda a tornear. Mas essa mesma experiência não significa que todos os contos saiam com facilidade, esclarece Bruno Batista. “Todos eles fazem o tal percurso dentro de nós. Há contos que leio em casa, trabalho-os, mas depois não saem durante a sessão. Ficam lá a marinar, à espera do momento certo para saírem. Depois de muito contadas, as histórias começam um bocadinho a cristalizar, acabo por contá-las quase sempre da mesma maneira”, aponta, sorridente.
Já escrever os seus próprios contos é um projeto que está na gaveta à espera, lá está, do momento certo para sair. “Tenho uma ou outra recriação de ideias que apanhei aqui e ali, dois projetos que ainda não viram a luz do dia”, revela, mas o tempo não chega para tudo, até porque deu aulas no ensino secundário até 2015. “Em abril irei apresentar contos nas escolas do concelho de Lagoa, em maio andarei por Silves e tenho também um projeto com o Teatro Experimental de Lagos para trabalhar em monumentos”, indica, e mais tempo não havia, também, para conversarmos, porque estava quase a começar a sessão desta tarde .
37
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49
38
39
ALGARVE INFORMATIVO #49
UM MERCADINHO DE SABORES, DE TRADIÇÕES … E DE ESTÓRIAS Reza a história que foi ali, no Centro Histórico de Loulé, na alcaidaria do Castelo mais concretamente, que D. Sebastião dormiu, em 1573. Um pouco mais à frente, sempre por ruelas apertadas e sinuosas, é possível visitar os Banhos Islâmicos de Loulé, que remontam ao tempo do domínio mouro da Península Ibérica. Muito daquilo que é a história da cidade algarvia está concentrada naquelas ruas. Hoje, volvidos séculos, a história deu lugar ao comércio (pelo menos por um dia); desde as bancas do tradicional artesanato, passando pela doçaria, até à «arte da cortiça», o Centro Histórico de Loulé assistiu ao primeiro (de muitos) «Mercadinhos de Primavera». Texto: Fotografia: ALGARVE INFORMATIVO #49
40
41
ALGARVE INFORMATIVO #49
S
torna as peças únicas. Entre eles, o método de colagem, que usa diferentes pedaços de cortiça (por vezes rolhas de garrafa esticadas, inclusive) para conseguir produtos arrojados e inovadores. “Faço questão de me assegurar, antes de fazer algo, que ninguém o fez antes. Se já alguém o tiver feito, risco logo a ideia e parto em busca de outra”, diz António.
entado numa cadeira decorada por ele mesmo, António Luz vai mexendo, e remexendo, num pedaço de cortiça. Na banca, um pouco mais para o lado, a mulher de António vai assegurando o papel de vendedora. Juntos formam uma dupla que se entrega totalmente à «arte da cortiça». É assim que António define o que faz – “isto é uma arte como outra qualquer”, atira. Um profundo apaixonado pela profissão, que leva, de artesão, o natural de São Brás de Alportel é um autodidata. “Aprendi tudo sozinho. Ninguém me ensinou a mexer e a manusear a cortiça. Fui experimentando e aprendendo”, confessa, com orgulho.
Numa época em que a palavra empreendedorismo está bastante em voga, António incorpora todas as características de um empreendedor: entrega-se, de corpo e alma, ao seu projeto. Arriscou, sem medos, e tentou arranjar novas utilizações para algo tão banal como a casca de um sobreiro (mais conhecida como cortiça). “Eu não tenho medo de errar. As pessoas têm de arriscar; de ir à procura das coisas e de serem
Todos os (vários) produtos que tem expostos são únicos. Há canetas, cadernos, copos, garrafas e… bonés. Todos feitos de cortiça. Os métodos usados, garante António, são o que
ALGARVE INFORMATIVO #49
42
base do figo e da amêndoa) há um, de entre os muitos, que elege como o preferido. O figo de ouro, garante, é o menino dos seus olhos. Com a forma de uma pequena esfera, em forma de uma pepita, Olga ambiciona grandes voos para esta sua criação. “Em vez do tradicional chocolate ou bombom, o meu objetivo é que o meu figo de ouro seja uma alternativa para acompanhar o café”, conta. Para tal, a natural de Salir, confessa estar, atualmente, a estudar qual a melhor maneira de o conseguir.
arrojadas. Não podemos ser medrosos”, atira.
Um café e um figo de ouro? Não há como enganar. A máquina fotográfica ao pescoço, o boné na cabeça e o tom de pele a tender para o envermelhado são simbólicos icónicos de qualquer turista. Com efeito, é com turistas repletos de «símbolos» como estes que as ruas do «Mercadinho de Primavera» se vão enchendo. Há quem tire fotos, quem sorria ao ver os produtos expostos nas várias bancas e quem, tranquilamente, descanse e beba um café nas esplanadas do Centro Histórico de Loulé.
A entrada de Olga no mundo da doçaria deu-se por um mero acaso. A mãe, experimentada no mundo da doçaria, sempre lhe incutiu o gosto mas, até há pouco tempo, a criadora do figo de ouro nunca se tinha aventurado nessas andanças. “Ao perceber que, ao vender este de doçaria, toda feita à base de figo e
É a estas pessoas – não só aos turistas como a todos os amantes de café – que Olga Gonçalves, de 50 anos, pretende chegar, através do seu produto. Com a banca repleta de doçaria (toda feita à
43
ALGARVE INFORMATIVO #49
de amêndoa, poderia ganhar mais algum dinheiro no final do mês, não hesitei em me dedicar a isto também, para além da profissão que tenho”, aponta.
Maria Dias tenta abrigar-se do forte sol que se vai sentindo. A banca do Centro Social e Comunitário de Vale Silves é o posto de comando das duas. Com 73 anos e 70 anos, respetivamente, tratam a empreita de palma – nome pelo qual é conhecida esta forma de artesanato tipicamente algarvia – por tu. “Antigamente, desde miúdas que aprendíamos a fazer cestas ou alcofas, por exemplo. Era tradição, as
Porém, o balanço, confessa, poderia ser melhor. “As pessoas vêm, gostam, mas nem todas compram. Tanto sejam portugueses, como turistas. Já não há aquele mito do turista que vem ao Algarve e compra muito. Eu, com um
mães ensinavam as filhas”, contam, ambas.
produto tradicionalmente algarvio como são a amêndoa e o figo, pelo menos não o sinto”, conclui.
E hoje, num tempo marcado pela modernidade, que espaço ainda há para estas tradições? Almerinda é perentória na resposta: “Infelizmente, não há interesse da gente nova por estas coisas. Ainda há meses estive a ensinar umas raparigas como se fazem estas alcofas e cestas que temos expostas,
A tradição já não é o que era Deslocada cerca de 100 metros da banca de Olga, Almerinda Miguel olha, de pé, com orgulho, para as cestas e alcofas que tem expostas. Ao seu lado,
ALGARVE INFORMATIVO #49
44
mas tenho a certeza de que o tempo que dedicarão a isto será quase nenhum. Isso acontece, em grande parte, porque não dá para viver da empreita”, diz. Apesar do cenário negro, em termos de futuro, traçado por Almerinda, quem vai passando pela banca do Centro Social e Comunitário de Vale Silves vai parando e gostando. São, essencialmente, turistas, que fazem ar de fascínio ao ver as peças expostas. Com um à-vontade que lhe é característico, Almerinda Miguel comenta: “A verdade é que ainda há algum interesse nestas peças, mas a oferta também é muito grande. Ainda há muitas pessoas mais velhas que se dedicam a isto. O concelho de Loulé tem uma grande tradição na arte da empreita, chegaram a ser dezenas as fábricas de fabrico deste tipo de artesanato”.
de Espanha. A razão? Este tipo de palmeira escasseia no Algarve. Contudo, alerta Almerinda Miguel isto não é impedimento nem para que se continue a perpetuar esta tradição, nem para que se possa, até, inová-la. “Nós temos expostas algumas peças que são inovadoras porque usamos diferentes tipos de palmas e não só a tradicional. Essas diferentes têm cores mais a tender para verde, o que advém da exposição ao sol, por exemplo. Agora, é preciso meter mãos à obra e de ter gosto e brio por aquilo que fazemos”, conclui, de sorriso estampado no rosto .
Apesar de ser um produto tradicionalmente algarvio, a empreita, que é feita através do entrelaçar de várias palmas (folhas de uma espécie de palmeira-anã), sofre hoje um paradoxo: as palmas, sem as quais não é possível fazer nenhum produto, são importadas 45
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE ALBUFEIRA ASSINALOU DIA MUNDIAL DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR acrescentando que as questões ligadas à mudança de fornecedor, período de fidelização, cancelamento de contratos e aviso antes do corte dos serviços lideram o número de processos.
P
ara assinalar o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, que se celebra a 15 de março, o Município de Albufeira, através do Centro de Informação Autárquico ao Consumidor – CIAC, organizou uma Conferência sobre Serviços Públicos Essenciais, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. “Numa sociedade que é cada vez mais complexa, os serviços públicos essenciais norteiam a vida de todos nós, por isso há que estar atento e ter a noção exata dos nossos direitos para que consigamos adaptar-nos às novas realidades”, afirmou Carlos Silva e Sousa, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira. Marlene Silva, vereadora com o pelouro dos Direitos do Consumidor, sublinhou que o tema está na ordem do dia, referindo o número de consumidores que ano após ano recorrem ao CIAC para mediar e resolver litígios relacionados com o fornecimento de água, eletricidade, gás e telecomunicações. “Só durante o último ano o CIAC recebeu 75 pedidos de mediação e 100 pedidos de informação, a maior parte dos quais na área das telecomunicações”, frisou a autarca,
ALGARVE INFORMATIVO #49
Ana Paula Contreiras, da Direção Geral do Consumidor, abordou o enquadramento jurídico e as principais alterações da Lei dos Serviços Públicos Essenciais, os principais motivos das reclamações, os contratos à distância e os contratos fora do estabelecimento. Mário Frota, diretor do Centro de Estudos de Direito do Consumo de Coimbra (CEDC), intitulou a sua comunicação «Telefones, internet, televisão … sonho ou pesadelo?», fazendo antever uma intervenção bastante acutilante e que abordou, entre outras questões, o flagelo dos cortes do fornecimento dos serviços, principais requisitos para este tipo de contratos, direito de desistência e prazo de prescrição de pagamento. Ana Luísa Azenha, da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), foi a última oradora da manhã, tendo aproveitado a sua intervenção para esclarecer sobre as competências daquela entidade, que passam pela regulação, supervisão e divulgação de informação sobre a proteção do utilizador de comunicações eletrónicas. Falou ainda sobre os direitos dos utilizadores (acesso à informação, faturação, suspensão, alteração e cancelamento dos contratos, desbloqueamento dos equipamentos, portabilidade, serviços de valor acrescentado e audiotexto), os problemas com os operadores e a forma de os resolver. A técnica da ANACOM confirmou que este é um setor que lidera a nível das reclamações, tendo referido que aquele organismo recebe uma média de 70 mil reclamações por ano . 46
47
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE
ALBUFEIRA DEU A PALAVRA ÀS MULHERES
O
Dia da Mulher foi celebrado em Albufeira num ambiente de conversa animada, abordando não só questões relacionadas com a imagem do feminino, mas também matérias respeitantes à igualdade de género. Deste modo, oito mulheres do concelho com posturas sociais distintas partilharam com o público as suas opiniões em torno de temáticas que foram desde a liderança até à igualdade, passando também pela criminalização do assédio sexual, maternidade e outros. Esta conversa, organizada pelo segundo ano consecutivo pela Câmara Municipal de Albufeira e que se intitula «Mulheres da nossa terra» tem por objetivo assinalar a efeméride com a palavra de mulheres que na contemporaneidade expressam de modo peculiar a sua atitude face às vicissitudes sociais, políticas e culturais. Com o Salão Nobre lotado, as oito convidadas deste ano foram fortemente aplaudidas não só quando
ALGARVE INFORMATIVO #49
brincavam com os «clichés» do feminino, como quando expressaram pensamentos e confidências. A voz ouvida, com a moderação de Idalécia Rodrigues, técnica de comunicação do Município, foi a de Ana Simões (bióloga marinha), Ana Rita Santos (psicóloga educacional), Célia Amado (arquiteta), Georgina Ramos (empresária), Isabel Feio (professora de dança oriental), Malu Ferrão (professora), Marina Zueva (campeã do mundo em Muay Thai) e Vânia Beliz (sexóloga), na presença de todo o executivo camarário. O presidente da Câmara, Carlos Silva e Sousa acentuou a importância destas iniciativas para o debate em torno da problemática do género e da cidadania, ao passo que o Presidente da Assembleia Municipal, Paulo Freitas destacou a necessidade de ainda haver muito a fazer no que concerne à mentalidade vigente em torno do que são as mulheres . 48
49
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE ALCOUTIM PROMOVE PRODUTOS LOCAIS E A SUA GASTRONOMIA
A
aldeia de Vaqueiros recebeu centenas de visitantes na XVIII Feira do Pão Quente e Queijo Fresco, que subiram ao interior serrano do Algarve para descobrir os produtos e sabores do concelho de Alcoutim. “É um evento dinamizador da economia local e contribuí para a divulgação das tradições e do artesanato, que fazem deste território um mercado com elevado potencial turístico. Para além disso, integra-se no programa municipal de promoção dos produtos locais e da gastronomia serrana, que prossegue nas próximas semanas com a Feira dos Doces d’Avó e com a edição de primavera do Festival de Gastronomia do Concelho de Alcoutim”, frisa Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara de Alcoutim.
fresco, os doces e os enchidos tradicionais, bem como outros produtos da serra algarvia, que atraem ano após ano os visitantes à aldeia de Vaqueiros. A paisagem, a tradição, a etnografia, o artesanato com artigos em arame, latoaria, serralharia artística, cestaria, sabonetes artesanais, arranjos florais, bonecas de juta, bijuteria, artigos em cabedal e muitos outros, assim como a animação musical ajudam na elaboração do sucesso deste certame. O evento arrancou com a marcha-passeio regional, incluída no Calendário Regional de Marcha e Corrida do Algarve, a festa foi este ano abrilhantada por os artistas Ricardo e Henrique e pelo grupo «Ana & Edgar». A Feira do Pão Quente e Queijo Fresco é organizada pela Freguesia de Vaqueiros, em colaboração com o Município de Alcoutim, a Associação «A Moira» e a delegação regional do Instituto Português de Desporto e Juventude .
Em Vaqueiros, as estrelas da festa foram o «pão caseiro» e o «pão com chouriço», cozidos ao vivo durante a feira, o queijo
ALGARVE INFORMATIVO #49
50
51
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE FARO É EXEMPLO EM MATÉRIA DE ENERGIAS SUSTENTÁVEIS
O
Município de Faro foi selecionado, de entre os mais de seis mil signatários do Pacto Europeu de Autarcas, para uma análise comparativa com 25 cidades num relatório desenvolvido pelo Centro Comum de Investigação, da Comissão Europeia, juntando-se assim a cidades como Londres, Barcelona, Munique e Varsóvia. Este estudo examinou as estratégias utilizadas para a definição dos Planos de Ação para a Energia Sustentável (PAES) com uma análise detalhada da metodologia, políticas, governança, apoio externo e características regionais e nacionais.
permitiram alcançar, em 2013, uma redução de 13 por cento das emissões de CO2. O facto de o Município de Faro ter desenvolvido um modelo que possibilita estimar os consumos de energia até 2030 e que permite um ajustamento dos dados, logo que disponibilizados, foi também motivo de distinção. Recorde-se que Faro aderiu ao Pacto Europeu, a 21 de novembro de 2011, comprometendo-se a prover o aumento da eficiência energética e a utilização de fontes de energias renováveis no concelho, contribuindo para o objetivo europeu de reduzir as emissões de CO2 em pelo menos 20 por cento até 2020 e, ao mesmo tempo, definir uma estratégia para a implementação de medidas sustentáveis locais que permitem alcançar um melhor planeamento urbano e desenvolvimento socioeconómico. O Plano de Ação para a Energia Sustentável e o respetivo relatório de monitorização foram desenvolvidos pela IrRADIARE, Science for Evolution em cooperação com a AREAL – Agência Regional de Energia do Algarve .
Os dados revelados mostram que as medidas de sustentabilidade energética implementadas no concelho de Faro
ALGARVE INFORMATIVO #49
52
53
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE FARO INVESTE MAIS 284 MIL EUROS NAS ESCOLAS DO CONCELHO
A
Câmara Municipal de Faro aprovou a celebração de um protocolo de transferência de competências e meios com os agrupamentos do concelho, reforçando-lhes consideravelmente a autonomia e capacidade de atuação. Através deste entendimento, aprovado em Reunião de Câmara no passado dia 7 de março, o Município prevê transferir 284 mil e 283 euros pelos cinco agrupamentos do concelho. Com este protocolo reforça-se a autonomia das direções dos agrupamentos nas vertentes de intervenção, manutenção e conservação dos espaços, gestão de recursos físicos e humanos, ação social escolar e ainda a ação educativa em contexto de aprendizagem para o ano de 2016. Recorde-se que, no passado dia 4 de Fevereiro, a Câmara já aprovara a libertação de uma verba no valor de 87 mil e 850 euros para aquisição de livros e material escolar para alunos carenciados do Ensino Pré-Escolar e 1.º ciclo do Ensino Básico. Aposta política prioritária, a Educação tem merecido especial atenção por parte da Câmara de Faro, desde logo pelo elevado volume de investimento na melhoria das condições disponíveis para a prática de Ensino, bem como pelo reforço no apoio às direções. Em resultado disso, foi já possível
ALGARVE INFORMATIVO #49
cumprir diversos objetivos deste mandato, designadamente ter escolas mais funcionais e modernas, proporcionando a todos os alunos a frequência em regime horário normal. Para além disto, foram melhoradas instalações em todos os agrupamentos, apetrechando-as e libertando-as de materiais potencialmente perigosos. Simultaneamente, o Município de Faro continua a oferecer os manuais escolares e os materiais pedagógicos aos mais carenciados, correspondendo a mais de 50 por cento do universo dos alunos do concelho. Sem esquecer o pequeno-almoço, o almoço e o transporte, que a autarquia continua a providenciar gratuitamente àqueles que comprovadamente necessitam .
54
55
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE
LOULÉ APOIA CLUBES DO CONCELHO COM 600 MIL EUROS
F
oram assinados, no dia 14 de março, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, os contratos-programa de desenvolvimento desportivo, através dos quais a Câmara Municipal de Loulé irá atribuir perto de 600 mil euros aos clubes e associações desportivas do Concelho. Celebraram estes contratos-programa 27 clubes, correspondendo a 3171 atletas, que irão receber um apoio financeiro ligeiramente superior a 2015. À semelhança do que aconteceu no ano transato, a Câmara Municipal de Loulé baseou-se em critérios de atribuição dos montantes como o número de atletas que o clube mobiliza, o número de atletas federados do Concelho que integra, o número de modalidades, o nível competitivo da prática desportiva (local, regional, nacional ou até internacional), o número de treinadores, de
ALGARVE INFORMATIVO #49
elementos do gabinete médico e de viaturas. Irão receber este apoio a Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, Associação Dinamika, Casa da Cultura de Loulé, Centro Desportivo de Quarteira, Clube BTT Terra de Loulé, Clube Basket de Quarteira Tubarões, Clube de Ténis de Quarteira, Clube de Tiro de Loulé, Clube Desportivo CHECUL, Clube Desportivo Recreativo Quarteirense, Clube Golf de Vilamoura, Clube Hípico de Loulé, Clube Internacional de Vilamoura, Clube Petanca Escola de Loulé, Clube Ténis de Loulé, Ginástica Clube de Loulé, Grupo Desportivo Barreiras Brancas, Internacional Club Almancil, Juventude Sport Campinense, Louletano Desportos Clube, Moto Clube Quarteira – Asas da Cidade, Motoclube de Loulé, Quarteira Sport Clube, Rugby Clube de Loulé, Sakura – Academia Marcial de Loulé, Sport Clube Escanchinas Almancil, União Shitoryu Portugal e Clube Desportivo de Boliqueime . 56
57
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL EM LOULÉ TEVE RETORNO DE MAIS DE UM MILHÃO DE EUROS
O
trabalho da Loulé Film Office começa já a dar frutos. De facto, em 2015, passado um ano desde a sua apresentação, esta estrutura da Autarquia de Loulé, que tem por missão promover o Concelho como destino de produção de Cinema, Televisão, Publicidade e Fotografia, apoiou um total de 24 produções que tiveram um retorno financeiro direto estimado de mais de um milhão de euros para o Algarve. A maior parte destas produções dizem respeito a publicidade comercial e institucional, seguindo-se as produções televisivas, sessões de fotografia, videoclips e cinema, com a realização de 1 longametragem. A par de Portugal, sobressai o Reino Unido como o país que mais produções realizou no Concelho de Loulé em 2015, num total de seis. Há ainda a referir a Bélgica, a
ALGARVE INFORMATIVO #49
Alemanha a Holanda e o Brasil que também realizaram trabalhos de produção audiovisual em território louletano. De entre as realizações, destacase a longa-metragem portuguesa «Leviano», a publicidade Chi Ice Tea (Reino Unido), um dos episódios do programa televisivo da BBC «Celts» ou as temporadas completas dos programas «Ex on the Beach», da MTV, e «Die Bachelorette», da RTL. Os 192 dias de rodagem no Concelho de Loulé no ano passado envolveram 406 pessoas residentes e 289 não residentes no Algarve, contribuindo, desta forma, para combater a sazonalidade na região, sobretudo nos meses de abril a junho, considerados como os mais fortes em termos de produção audiovisual, de acordo com os dados do Loulé Film Office. Em termos de impacto na economia local, o período destas rodagens gerou cerca de 6500 dormidas e 17500 refeições. No cômputo geral, estimase um retorno financeiro direto que ultrapassa 1 milhão de euros, não só para o Concelho mas para a economia algarvia, para além da visibilidade da região . 58
59
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE MINISTRA DO MAR VEIO A OLHÃO VISITAR EMPRESAS LIGADAS AO SETOR
A
Ministra do Mar visitou, no dia 18 de março, a cidade de Olhão, onde aproveitou para ficar a conhecer vários projetos e empresas que se dedicam à investigação e inovação no setor. Ana Paula Vitorino sublinhou que o concelho é um bom exemplo do que de bom se tem vindo a fazer no Algarve e no País no cluster do mar. Com o presidente da autarquia, António Miguel Pina, como anfitrião, a ministra e a sua comitiva, que incluía o Secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, e o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, David Santos, visitaram a Sparos, empresa spin off de rações para aquacultura, a Sun Concept, empresa que produziu um protótipo de embarcação a energia solar, e a Conserveira do Sul, empresa de conservas e patés de peixe, com uma grande aposta na
ALGARVE INFORMATIVO #49
exportação. No final da visita, a governante mostrou-se agradada com o que de inovador tem vindo a ser feito no concelho. “Gostaria de realçar uma outra coisa, que tem a ver com o nível de concentração de várias atividades ligadas à economia do mar, em cruzamento com a investigação que temos no Algarve, concretamente no concelho de Olhão. Olhão é um exemplo daquilo que pode ser uma boa base de partida para aquilo que o governo quer fazer no âmbito da economia do mar”. Ana Paula Vitorino falava no final de uma viagem pela Ria, a bordo do protótipo da Sun Concept, um barco movido a energia solar. “É uma iniciativa muito interessante que, no fundo, está a promover vários aspetos da economia do mar: por um lado, é mais sustentável do ponto de vista energético, porque recorre a uma energia renovável; por outro, promove o turismo, ou seja, estamos aqui a conjugar aquilo que é a náutica de recreio com uma maior eficiência energética”, considerou a governante, que aproveitou ainda para realçar os projetos de investigação que têm resultado em empresas de sucesso na economia real, como é o caso da empresa olhanense Sparos, spin off de rações para aquacultura. “São vários projetos que dizem bem da capacidade de fazer acontecer que nós temos aqui no Algarve. E são estes projetos que queremos apoiar”.
60
No que diz respeito à aquacultura, Ana Paula Vitorino aproveitou a passagem por Olhão para anunciar um projeto de simplificação da relação entre os investidores e a administração central, no sentido de reduzir os prazos e agilizar o processo, tornando-o muito mais transparente e rápido. Foi também junto ao porto de recreio de Olhão que a ministra deu conta de uma reunião que teve, no dia 17 de março, com todos os presidentes de câmara da região, no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Algarve, no sentido de congregar esforços para ser efetuado um levantamento de todos os equipamentos de náutica de recreio existentes, bem como das intervenções necessárias em cada um deles. O objetivo é implementar um plano faseado de intervenções nestas infraestruturas, identificar fontes de financiamento e planear a construção de novas marinas no Algarve.
No final da visita da Ministra do Mar, o presidente da autarquia, António Miguel Pina, mostrou-se satisfeito com o feedback que obteve por parte da governante. “Tivemos oportunidade de mostrar hoje à Senhora Ministra que Olhão é um verdadeiro cluster do mar: temos investigação para apoio à produção de peixe, investigação no que diz respeito à produção de alimentação para peixe, novas tecnologias na construção naval, acabámos de visitar uma indústria conserveira que está neste preciso momento a embalar 28 mil latas para exportar para a China. Muito mais haveria para dar a conhecer: para uma próxima visita, ficará o setor da aquacultura”. O autarca aproveitou para sublinhar o papel dominante que Olhão tem vindo a conquistar no setor do mar. “Olhão é talvez dos concelhos do Algarve e do País que consegue ter quase todas as atividades nesta grande fileira que é o mar e a economia do mar” .
61
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE MINISTRO DA ECONOMIA E SECRETÁRIA DE ESTADO DO TURISMO VISITARAM BRÁS DE ALPORTEL mundo, pelas mãos da PELCOR, referência internacional no design de pele de cortiça; e ainda mais recentemente com um aposta no turismo industrial, sendo este mundo da cortiça cada vez mais procurado por visitantes de todo o mundo.
O
município de São Brás de Alportel integrou, no dia 14 de março, a rota da visita oficial do Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral e da Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, ao Algarve. A empresa sãobrasense Novacortiça recebeu a dupla de governantes e deu a conhecer o que de melhor se faz na região e em São Brás de Alportel em particular. Um exemplo de empreendedorismo, onde ao tradicional setor corticeiro, um dos setores económicos com mais história e mais importância no Algarve e no país, se juntou a inovação, através de uma crescente aposta na tecnologia e na investigação, com a criação de novos produtos, que conquistam novos mercados, um pouco por todo o
ALGARVE INFORMATIVO #49
A visita contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal, Vítor Guerreiro, que transmitiu ao Ministro e à Secretária de Estado aquelas que são as grandes potencialidades da economia sãobrasense, nomeadamente do setor em crescimento do Turismo num território pleno de recursos naturais, com uma excelente localização geográfica na região, que merece ser potenciada. O autarca partilhou algumas das preocupações e dos constrangimentos que preocupam empresas e produtores. Acompanharam também a visita os restantes membros do executivo municipal a tempo inteiro, Vereadores Marlene Guerreiro e Acácio Martins, e o Presidente da Junta de Freguesia, David Gonçalves. Esta paragem por território são-brasense integrou a visita oficial ao Algarve, composta pelo anúncio de linhas de crédito para fazer face às zonas afetadas pelas cheias em Albufeira; a apresentação da estratégia nacional das Escolas de Hotelaria e Turismo de Faro, na sede de Faro e ainda a visita a um conjunto de empresas nos municípios São Brás de Alportel, Faro e Loulé . 62
63
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE
60 MIL PESSOAS PASSARAM PELO MUSEU MUNICIPAL DE TAVIRA EM 2015
O
Museu Municipal de Tavira voltou a aumentar, em 2015, o número de entradas em relação a 2014, num total de 60 mil visitantes. No ano passado, o Palácio da Galeria foi visitado por 27.390 pessoas (2014: 21.204), o Núcleo Islâmico registou 6.301 entradas (2014: 4.736) e o Núcleo Etnográfico de Cachopo recebeu 694 pessoas, menos 185 utentes. O Núcleo do Bairro Almóada/ Convento da Graça e o Centro Interpretativo de Abastecimento de Água, embora abertos ao público, não possuem registos. Os Núcleos de artes sacra, também sob a tutela do Museu Municipal, assinalaram bons resultados: Ermida de Santa Ana (1.650), Ermida de São Sebastião (8.399) e a Igreja das
ALGARVE INFORMATIVO #49
Ondas, restaurada recentemente e aberta ao público no último verão, atingiu 15.594 visitas em apenas cinco meses. O interesse no trabalho desenvolvido pelo Museu, a par da crescente atração pelo património artístico-monumental, material e imaterial de Tavira, mais evidente após a inscrição em 2013 da Dieta Mediterrânica como PCI da Humanidade da Unesco, podem estar na base desta procura. O Museu Municipal de Tavira integra a Rede Portuguesa de Museus e mantém uma linha de trabalho centrada na investigação sobre a história e o património da cidade e da região acompanhada de visitas orientadas ao território, exposições e atividades direcionadas às escolas . 64
65
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE A MIGRAÇÃO VOLTA A CELEBRAR-SE EM SAGRES
R
ealizou-se, no dia 14 de março, a sessão de apresentação da 7ª edição do «Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres», com a abertura da sessão a ser marcada pela assinatura de um novo protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Vila do Bispo, representada pelo seu presidente Adelino Soares, a Associação Almargem, representada pelo presidente da direção José Victoriano, e a SPEA, representada pela presidente da direção Clara Ferreira. No documento ficou definido o montante de comparticipação atribuído pelo município àquelas entidades e os deveres de cada entidade na organização do evento. Foi apresentado igualmente o cartaz do evento, que nesta edição contará com algumas novidades: o aumento do número de
ALGARVE INFORMATIVO #49
dias, já que irá decorrer de 30 de setembro a 5 de outubro, por forma a aproveitar o feriado nacional; a abertura de inscrições no mês de julho, um mês antes do que é normal e o processo de registo de marca do festival. Destaque para a ave escolhida como «estrela» desta edição, o Britango (Neophron percnopterus), que é também a ave que a SPEA elegeu como «Ave do Ano». Também conhecido como Abutre-do-Egito, esta é uma das aves planadoras que passa por Sagres todos os anos, sobretudo aves imaturas e juvenis, durante setembro e princípio de outubro. A sua população sofreu um declínio, em Portugal e Espanha, de cerca de 30 por cento nas últimas três décadas, devido à degradação do habitat, perturbação humana e perseguição, encontrando-se atualmente em perigo de extinção. Relembre-se que o «Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres» foi o projeto vencedor na edição de 2015 dos Prémios Município do Ano da plataforma UM-Cidades da Universidade do Minho, na categoria regional e nacional, reconhecendo o seu mérito .
66
67
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE VILA DO BISPO PATROCINA SAGRES SURF CULTURE
E
m 2016, o «Sagres Surf Culture» vai ser patrocinado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, depois do autarca Adelino Soares e o promotor do evento, João Rei, assinarem, no dia 17 de março, um contrato que visa regulamentar o montante atribuído pelo município, no valor de 23 mil euros, para viabilizar a realização do evento que decorre de 26 a 29 de maio. A edição deste ano tem como tema «Influências» e irá trazer a Sagres exposições, palestras, exibição de filmes, conversas e música com um excelente leque de convidados. Pretende-se, assim, tornar este evento o local ideal para se celebrar a cultura de surf com algumas das suas maiores referências. Para Adelino Soares, a atribuição daquele montante enquadra-se na estratégia do município em fomentar as atividades culturais em torno da prática desportiva, bem
ALGARVE INFORMATIVO #49
como divulgar e potenciar as condições naturais do concelho de forma abrangente, ligando desporto, cultura e natureza. Para João Rei, a assinatura deste protocolo concretiza o alto patrocínio da Câmara Municipal ao evento anual «Sagres Surf Culture», reconhecendo a importância do mesmo para o município, numa altura em que se celebra cinco anos, considerando ainda este apoio fundamental para o nível de excelência que este evento procura e que o concelho de Vila do Bispo merece. O promotor do evento referiu ainda que este ano, para além da internacionalização do evento, pretende-se um maior envolvimento com o município e os munícipes, nomeadamente com uma série de atividades na Escola E.B 2,3 de São Vicente. Esse envolvimento comunitário reflete também o espírito de partilha a que o Sagres Surf Culture se tem proposto desde a primeira hora. Recorde-se que esta é já a 5ª edição e que nos eventos anteriores a iniciativa tem trazido a Sagres vários artistas que estão de alguma forma ligados à comunidade do Surf. A iniciativa tem atraído público e meios de comunicação social nacionais e estrangeiros, sendo atualmente uma importante iniciativa para a comunidade do surf, com uma abordagem abrangente sobre todos os aspetos de uma cultura que ganha cada vez mais adeptos .
68
69
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE
INVESTIMENTOS DE 150 MILHÕES DE EUROS DÃO NOVA VIDA À FRENTE RIBEIRINHA DE VRSA
A
Câmara Municipal de Vila Real de Santo António apresentou, no dia 18 de março, à ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, o conjunto de investimentos previstos para a requalificação da frente ribeirinha da cidade, avaliados em 150 milhões de euros. “Depois de uma forte aposta na requalificação do seu centro histórico, a estratégia da autarquia passa agora pela abertura da cidade à economia do mar, potenciando não só a criação de um cluster vocacionado para a inovação e para a construção naval, mas também a exploração das suas potencialidades turísticas”, afirma
ALGARVE INFORMATIVO #49
Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA. Para levar estes planos por diante, o município já avançou com a criação da Área de Reabilitação Urbana (ARU) da Frente Ribeirinha, projeto que representa uma das maiores operações de requalificação urbana da cidade. Destas iniciativas faz parte a reabilitação do antigo porto comercial de VRSA, uma área de sete hectares para onde está prevista a construção de duas unidades hoteleiras, um centro de congressos e uma clínica. A intervenção está avaliada em 20 70
milhões de euros e contempla a recuperação da zona da muralha (passeio ribeirinho) e do cais de embarque da cidade. No lote de projetos integra-se igualmente a requalificação do Jardim Sul, onde se prevê a instalação de duas unidades de restauração, bem como a dinamização de toda a área envolvente. A obra, em fase de projeto, irá incidir numa área de 2,5 hectares. A grande fatia do investimento – 90 milhões de euros – está concentrada no futuro Passeio de Santo António, uma área de sete hectares que se estende desde a zona sul de Vila Real de Santo António até à foz do Guadiana. O projeto visa a requalificação integral das antigas estruturas industriais, bem com a recuperação da muralha. Adicionalmente, os planos incluem a construção de um porto de recreio, a criação de uma unidade hoteleira, a conversão das antigas zonas industriais em
habitação e a implementação de uma zona verde no passeio ribeirinho. A estratégia para a frente de mar engloba ainda a construção da futura marina da zona da Ponta da Areia, junto à foz do Rio Guadiana. O equipamento encontra-se em fase de estudo prévio e a sua implementação está prevista no Plano Diretor Municipal (PDM) de VRSA. Todos estes projetos serão enquadrados pela implementação de um cluster do mar na zona Norte da cidade, para onde está prevista a deslocalização das atuais unidades de construção naval, bem como a instalação de unidades de transformação de marisco e de pescado. A área de intervenção abrange 24,5 hectares e o investimento ascende aos 17 milhões de euros (requalificação e construção de equipamentos) .
71
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE CROSS DAS AMENDOEIRAS JUNTOU OS MELHORES ATLETAS NACIONAIS
A
pista das Açoteias encheu-se de público no passado domingo, 13 de março, para assistir a mais uma edição do famoso Cross Internacional das Amendoeiras em Flor. A prova voltou a animar o concelho de Albufeira com a presença de cerca de 700 atletas a correrem nos vários escalões, numa manhã de sol onde também foi disputado o nacional de Corta Mato. Na prova masculina, a vitória pertenceu ao amador Nélson Cruz, do Clube Pedro Pessoa, com um tempo de 30.44 minutos, seguido do
ALGARVE INFORMATIVO #49
benfiquista Ricardo Ribas, com 30.49. Rui Teixeira, do Sporting, conquistou o terceiro lugar do pódio ao concluir a prova em 30.51 minutos. Em femininos, a liderança pertenceu ao Benfica com Salomé Rocha a terminar a prova em 34.10 minutos, à frente da companheira de equipa Dulce Félix, a vencedora das seis edições anteriores nacional de Corta Mato, cronometrada em 34.57. Mónica Dias, também benfiquista, completou o pódio com 35.14. Coletivamente, o Benfica ganhou em femininos, deixando a vitória nos masculinos para o clube de Alvalade.
72
Este ano, a Associação de Atletismo do Algarve decidiu homenagear personalidades e entidades que têm contribuído para a promoção da modalidade. Destaque para a Câmara Municipal de Albufeira, que tem apoiado e sido o palco desta emblemática prova. “É uma honra receber esta distinção, que representa a importância que o atletismo tem para Albufeira desde há longos anos”, frisou Carlos Silva e Sousa. O presidente da Câmara relembrou que o concelho acolhe estágios e treinos de atletas de todo o mundo e foi palco de um dos maiores eventos da modalidade, em 2010, o Campeonato Europeu de Corta Mato que projetou Albufeira para todo o mundo. A homenagem estendeu-se às autarquias de Loulé e Vila Real de Santo António, bem como à Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) e Jornal A Bola. Em termos individuais foram homenageadas pessoas que
impulsionaram o atletismo algarvio como José Pedrosa, Fernando Mota, Desidério Silva, Carlos Moia, José Manuel Constantino, João Campos, Maria Sameiro Araújo e Rui Miguel Costa. O Cross Internacional das Amendoeiras em Flor é um evento desportivo composto por várias provas que, no seu total, envolvem aproximadamente 2000 atletas, entre Desporto Federado, Escolar e Adaptado. Antes da disputa do Cross, o Clube Desportivo Areias de São João realizou o seu 14.º Corta Mato, prova integrada no Campeonato Regional de Cross Longo. Esta competição abrangeu os escalões de Benjamins, Infantis, Iniciados, Juvenis, Juniores, Seniores e Veteranos Femininos e Masculinos. Na parte da tarde, a Pista das Açoteias acolheu o 26.º Campeonato Nacional de Corta Mato para Deficientes, uma prova de Desporto Adaptado que tem vindo a integrar o programa do evento .
73
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE ALGARVE NA ROTA INTERNACIONAL DO «CYCLING & WALKING»
R
eabilitar e estabelecer novas rotas para passeios pedestres e de bicicleta, criar mapas com a oferta integrada disponível, apostar na divulgação da nova oferta turística e criar uma rede de serviços de apoio que melhore a experiência e corresponda às necessidades da procura são algumas das ações recomendadas pelo estudo de desenvolvimento do produto turístico «Cycling & Walking» que a ANA Aeroportos de Portugal encomendou à TDI – Tourism Development Internacional. Os resultados do estudo foram apresentados, no dia 17 de março, no edifício sede da Região de Turismo do Algarve, numa sessão que contou com a presença da Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. A nível europeu, a procura por este tipo de oferta é crescente e já vale 8.9 mil milhões de euros em viagens que envolvem estadia de uma noite e 35 mil milhões de euros em atividades de apenas um dia. Este estudo é o ponto de partida para o lançamento do programa para o desenvolvimento do «Cycling & Walking 2016-2019», que visa assegurar um trabalho de estruturação do produto e de comunicação internacional, assente numa forte articulação entre os
ALGARVE INFORMATIVO #49
stakeholders públicos e privados, liderada por uma parceria institucional constituída pela AMAL, ERTA, ATA e Turismo de Portugal. Isto porque o Algarve é um destino turístico maduro, mas com uma oferta concentrada no Sol & Mar e no Golfe e com necessidades evidentes de uma oferta turística diversificada suscetível de competir com outros mercados, especificamente no período de Inverno. A sazonalidade é, reconhecidamente, um dos problemas para a sustentabilidade do Algarve enquanto destino turístico, assumindo-se como prioritário o desenvolvimento de oferta, capaz de captar fluxos turísticos internacionais nas épocas média/baixa, nas quais sofre quebras substanciais de fluxos e receitas turísticas. Ora, as atividades de «Cycling & Walking» 74
desenvolvem-se principalmente nesse período e registam uma procura crescente dos principais mercados emissores para a região. E o Algarve dispõe já de rotas e traçados adequados à prática destas atividades, dos quais se destacam a Ecovia do Litoral, a Via Algarviana, a Rota Vicentina, a Rota do Guadiana, para além de outros percursos pedestres e cicláveis, a que se aliam características da região como o clima ameno, a diversidade paisagística, a segurança do destino e a existência de um tecido empresarial cada vez mais capacitado para a oferta de serviços turísticos a estes segmentos.
aéreo, no quadro das suas competências ao nível no desenvolvimento de rotas, um trabalho que tem vindo a desenvolver em estreita parceria com o Turismo de Portugal e com a Associação de Turismo do Algarve. Os resultados já começam a aparecer e o crescimento médio anual de passageiros comerciais no Inverno (período IATA) entre 2014 e 2015 foi de 20 por cento, bem acima da subida de 2,6 por cento registada entre 2005 e 2015.
Neste contexto, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, acredita que este programa tem subjacente um efeito demonstrativo e replicável para outras regiões do país, “assumindo um papel prioritário no quadro de uma estratégia de posicionamento internacional de Portugal como destino de excelência para a prática destas atividades fora da época alta”. Assim, no âmbito do protocolo agora assinado, as entidades – AMAL, ERTA, ATA e Turismo de Portugal – acordam desenvolver um plano de ação que identifica projetos e iniciativas prioritárias enquadradas nas suas respetivas áreas de competência.
De recordar que o Aeroporto de Faro atingiu, em 2015, o recorde de tráfego com 6,4 milhões de passageiros, mais 4,4 por cento relativamente ao ano anterior. Para sustentar este crescimento, a ANA vai investir, até 2017, cerca de 35 milhões de euros numa remodelação profunda do terminal de passageiros. “Investimos no Aeroporto de Faro porque acreditamos no futuro do desenvolvimento da região e na capacidade que teremos em conjunto de vencer o desafio da sazonalidade”, justifica Luís Vaz, administrador da ANA Aeroportos de Portugal .
A ANA Aeroportos de Portugal, para além de encomendar este estudo, tem desenvolvido outros esforços para reduzir o efeito da sazonalidade no Aeroporto de Faro, através do aumento de oferta de transporte 75
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE CLUBHOUSE DO ESPICHE GOLF NOMEADO PARA OS ÓSCARES DO IMOBILIÁRIO jogadores uma experiência de golfe única na região, tendo o clubhouse um papel determinante na perceção de singularidade do projeto”.
D
epois de ter conquistado, em 2015, a distinção de «Clubhouse of the Year» pela conceituada revista norte-americana Golf Inc. Magazine, o clubhouse do Espiche Golf volta a destacarse, sendo o único clube de golfe na corrida ao Óscar de melhor empreendimento na categoria «Turismo» nos prémios anuais organizados pela revista Magazine Imobiliário. Todos os restantes projetos são maioritariamente empreendimentos na área da hotelaria. Luís Rocha, diretor geral do Espiche Golf, revela-se orgulhoso com esta nomeação, que reflete o impacto positivo que este projeto tem alcançado em Portugal, mas também internacionalmente. “Estamos a falar de um clubhouse e campo de golfe projetados para estarem na vanguarda do que de melhor se faz ao nível do design, mas também da eficiência e sustentabilidade ambiental neste segmento, proporcionando aos
ALGARVE INFORMATIVO #49
O clubhouse do Espiche Golf foi concebido pela arquiteta Nadine Berger, que se baseou na visão eco-friendly do clube e nos valores da preservação, conservação e inovação. Cada elemento foi considerado cuidadosamente por forma a garantir o equilíbrio com o meio natural envolvente e, simultaneamente, apostar na sustentabilidade. Localizado numa encosta virada a sul e perfeitamente integrado na paisagem existente, o clubhouse foi construído sobre o local de uma antiga ruína algarvia. A pedra da construção original foi usada nas paredes inferiores da estrutura exterior para manter um pouco da história deste mesmo edifício. O design único da arquiteta Nadine Berger consiste em terraços e salões em dois níveis, um restaurante e bar, pátio com jardim interior, balneários e uma área de receção. As excecionais vistas panorâmicas sobre todo o campo e paisagem circundante tornam este clube de golfe num espaço de eleição para casamentos, banquetes e festas de todos os tipos .
76
77
ALGARVE INFORMATIVO #49
ATUALIDADE DRCALG E LOOK-AL CELEBRAM ACORDO DE COLABORAÇÃO de Cultura do Algarve, parceira do projeto, com o objetivo de incentivar, no terreno, formas de cooperação integrada, mediante protocolos ou contratos-programa, celebrou, no dia 14 de março, com a LOOK-AL Cultural Experiences, um acordo específico de colaboração, pelo período de dois anos, que visa apoiar a LOOK-AL Cultural Experiences na capacitação técnica do serviço prestado e na promoção da Rota Omíada, no Algarve, bem como na visitação aos testemunhos arquitetónicos e outros patrimónios, integrados na Rota e inerentes à primeira dinastia islâmica, ou ao período do al-Andalus.
A
Rota Omíada é um itinerário turístico-cultural que pretende dar a conhecer a profunda relação humana, cultural, artística e científica que se estabeleceu entre o Oriente e o Ocidente, assim como a transmissão do legado grego latino à Europa através do al-Andalus. É um projeto financiado pelo programa European Neighbourhood and Partnership Instrument (ENPI) dentro da convocatória Cross Border Cooperation, liderado pela Fundación Pública Andaluza e tem como parceiros, em Portugal, Turismo do Algarve e a Direção Regional de Cultura do Algarve.
A LOOK-AL Cultural Experiences é empresa de turismo cultural, inscrita no Turismo de Portugal, que lança no mercado, no âmbito da Rota Omíada, um conjunto de pacotes turísticos culturais, de um ou dois dias, com um subtema apoiado nos Castelos e Fortalezas no Algarve. A empresa irá levar os visitantes, na descoberta do emirado e do califado omíada, quer a barlavento, quer a sotavento, iniciando as visitas sempre a partir de Faro. A gastronomia local e as tradições ancestrais que ainda qualificam o Algarve completam os percursos de um modo enriquecedor e certamente memorável .
A rota tem como o objetivo apoiar o sector do turismo e património cultural, fomentar a infraestrutura turística, superar a sazonalidade e contribuir para desenvolvimento e a sustentabilidade ambiental do património. A Direção Regional
ALGARVE INFORMATIVO #49
78
79
ALGARVE INFORMATIVO #49
FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Isabel Pinto
ESTATUTO EDITORIAL A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética
ALGARVE INFORMATIVO #49
80
profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.
81
ALGARVE INFORMATIVO #49
ALGARVE INFORMATIVO #49
82