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ANTÓNIO MIGUEL PINA Um defendor da Alma e Identidade de Olhão Uma manhã na Cidade Velha de Faro Tata Regala comunica através da Fotografia ALGARVE INFORMATIVO #50 1 Arte e Ciência segundo Mirian Nogueira Tavares
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ALGARVE INFORMATIVO #50, 26 DE MARÇO, 2016
42 - Mirian Nogueira Tavares 32 - Tata Regala
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SUMÁRIO 16 - Uma manhã na Cidade Velha de Faro
Daniel Pina Pág. 8
Paulo Cunha Pág. 26
Paulo Bernardo Pág. 28
José Graça Pág. 30
8 - António Miguel Pina 5
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Gurus do turismo descobriram a pólvora… Daniel Pina
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dicas, embora apenas direcionado para o segmento das bicicletas, dos passeios de cicloturismo, dos eventos desportivos de duas rodas. Mas o que serve para as bicicletas serve igualmente para as caminhadas a pé, como já todos nós sabíamos e que ficamos agora a saber outra vez, mas da boca dos especialistas internacionais. Em ambas as situações, dei por mim a olhar para o rosto dos autarcas e empresários sentados na plateia e quase que podia adivinhar os seus pensamentos. É que, na hora da verdade, antes dos governantes terem contratado consultores internacionais para estudar o que não era preciso estudar, já a maioria das câmaras municipais do Algarve organizava marchas a pé e passeios de bicicleta nos seus territórios, aproveitando para tal a Ecovia do Litoral, a Via Algarviana, a Rota Vicentina, a Rota do Guadiana e outros percursos pedestres e cicláveis que elas próprias foram criando, mantendo e promovendo ao longo dos anos. E o Algarve também já é um palco privilegiado de provas de bicicleta nas suas vertentes mais radicais, designadamente de BTT e Downhill, há largos anos. E os próprios craques internacionais destas modalidades elegem os concelhos de São Brás de Alportel, Loulé e Monchique, entre outros, para realizarem os seus estágios fora do calendário oficial. Resumindo, mais uma vez se comprova que o poder local muitas vezes sabe melhor o que é preciso para dinamizar o seu concelho do que o poder central. E ninguém sabe melhor do que os empresários o que lhes custa, na pele, a sazonalidade do turismo algarvio e quais os produtos em que se deve apostar para combater a excessiva dependência do produto «sol e mar». E os próprios responsáveis do turismo algarvio conhecem os pontos fortes e fracos da sua região,
semana passada fui à apresentação dos resultados de um estudo encomendado pela ANA – Aeroportos de Portugal a uma consultora internacional sobre as potencialidades de um produto a que pomposamente chamaram «Walking & Cicling» e ficamos todos a saber que o Algarve é uma região por excelência para a realização de caminhadas e passeios de bicicleta, com inúmeros pontos fortes a seu favor e algumas arestas que ainda há por limar. Quer dizer, tirando a imodéstia, eu já sabia isso há muito tempo, assim como todos os operadores turísticos, todos os autarcas algarvios e todos os dirigentes que têm passado pela liderança do Turismo do Algarve o sabem há imenso tempo. Apesar disso, a ANA sentiu necessidade de gastar uma pipa de massa para pagar a uns senhores, penso eu que vindos da Irlanda, para andarem a passear pelo litoral algarvio e pelos trilhos e caminhos do interior de modo a ficarem a saber aquilo que todos nós já sabíamos. Aliás, os próprios consultores afirmaram, logo no início da sua apresentação, que muitos dos pontos fortes e fracos que tinham identificado, e muitos dos conselhos que tinham para dar, já eram do conhecimento dos operadores turísticos, dos empresários hoteleiros e da restauração, dos presidentes de câmara e por ai adiante. Ou seja, por outras palavras, admitiram que lhes tinham pago para descobrirem o que já toda a gente sabia e para sugerirem o que já toda a gente sabe que é preciso fazer. Curiosamente, no início do ano, tinha estado no mesmo local, praticamente com os mesmos responsáveis na assistência, a ouvir os resultados de outro estudo, desta feita conduzido pela Federação Portuguesa de Ciclismo, que tinha chegado às mesmas conclusões e dado as mesmas
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poder central lhes destina, e que todos os anos sofrem cortes, a tal ponto que quase não chegam para pagar os ordenados aos funcionários e para manter os postos de turismo de portas abertas. E os empresários, por muita vontade que tenham de dinamizar este ou aquele produto, não conseguem ultrapassar determinadas barreiras burocráticas e legais que são criadas pelo poder central. E as câmaras municipais não têm meios financeiros para levar a cabo algumas obras que todos sabem que são fundamentais para requalificar o que já existe na Natureza. Por isso, temos que estar todos à espera que algum governante ou entidade estatal descubram a pólvora e lancem um pacote de apoios e incentivos para se dinamizar e promover alémfronteiras o que os empresários, autarcas e dirigentes associativos já fazem há imenso tempo, dentro das suas possibilidades .
o que é preciso requalificar, o que mais convém promover nas feiras internacionais de turismo, nas revistas da especialidade e nos canais televisivos do Reino Unido, da Alemanha, da França, dos Estados Unidos da América e de outros potenciais mercados. Não nos esqueçamos que, antes do governo decidir que o golfe era um produto importante para o turismo algarvio, já os campos de golfe da região ganhavam prémios por esse mundo fora. Antes do governo olhar, com olhos de ver, para o turismo de natureza, de saúde, de bem-estar, já os hoteleiros e empresários da região promoviam as fantásticas potencialidades do Algarve nesses segmentos. E, antes do governo ou outras entidades encomendarem estudos sobre as caminhadas e os passeios de bicicleta, já as câmaras municipais dinamizavam esses eventos há muitos anos. Infelizmente, as regiões de turismo mal sobrevivem com os parcos orçamentos que o
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ANTÓNIO
MIGUEL PINA Um defensor da Alma e da Identidade de Olhão Olhão está cada vez mais na moda entre os turistas do Velho Continente, mas a Cidade da Restauração também respira um novo fôlego em termos culturais e nas diversas atividades económicas presentes no concelho. Uma maior pujança e notoriedade para as quais muito tem contribuído António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão desde 2011 e com quem o Algarve Informativo esteve à conversa antes do 7.º aniversário do Auditório Municipal de Olhão. Texto: ALGARVE INFORMATIVO #50
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Auditório Municipal de Olhão assinalou, no dia 24 de março, o 7.º aniversário com um extraordinário concerto de David Fonseca e a ocasião festiva serviu de pontapé de saída para uma conversa com António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão desde 2011, sucedendo no cargo a Francisco Leal. Recorde-se, porém, que o atual edil já era, na época, vice-presidente e o detentor da pasta da Cultura, tendo estado intimamente ligado à construção desta importante infraestrutura. Uma aposta que veio a confirmar-se bem-sucedida, passando por aquele palco os principais nomes da música e do teatro nacional, mas também projetos de grande qualidade criados e produzidos «em casa», ou seja, na região algarvia e no concelho olhanense. “Se, na altura, alguns duvidavam da sua necessidade, julgo que essa ideia está completamente ultrapassada, porque as comunidades precisavam de ter equipamentos que propiciem o seu desenvolvimento cultural. Este espaço é, depois do Teatro das Figuras, talvez o que melhores condições tem na região, tem recebido excelentes produtos nacionais, mas também tem aguçado a vontade de outras pessoas da região apresentarem as suas criações”, sublinha o edil. Um exemplo máximo desta criação local têm sido as peças dinamizadas pela companhia de teatro «A GORDA», que enchem sucessivamente a sala com as suas caricaturas da sociedade interpretadas por João Evaristo e João Parra, mas outros artistas carismáticos do concelho ali têm atuado, casos de Viviane, Domingos Caetano, Júlio Resende ou os LUDO. “O Auditório marcou, efetivamente, uma alteração da política cultural de Olhão e consolidou a aposta da autarquia na própria Cultura”, reconhece, satisfeito, o entrevistado. Uma satisfação ainda maior por verificar que os espetáculos realizados neste equipamento normalmente têm lotação esgotada, ou perto sim, reflexo de uma escolha criteriosa dos produtos apresentados. “Nos primeiros anos, a escolha era feita à base de agentes provenientes de Lisboa ou Porto, uma programação muito cara, e a crise acabou por ter alguns efeitos positivos, porque nos fez olhar mais para dentro do nosso concelho e começar a aproveitar melhor todo o potencial que aqui existe”, reflete António Miguel Pina. Uma mudança de paradigma que se deu quando António Miguel Pina ainda era vice-presidente da autarquia e desde cedo quis dar primazia aos «fazedores» de cultural local, desde a música à literatura,
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Juventude que nasce a Antologia dos Novos Autores, os ateliês de teatro e música, criamos o Serviço Educativo no Museu Municipal, e queremos que as novas gerações saibam o que é ser olhanense, que conheçam a história do seu concelho, introduzindo para tal, nas EB 2,3, um capítulo no seu currículo escolar sobre essa matéria. No nosso percurso académico estudamos a história do mundo e do nosso país, mas não se criou o hábito de estudar igualmente a história das respetivas localidades, nem que seja em duas ou três aulas”, analisa António Miguel Pina.
passando, claro, pelo teatro. “Na literatura, por exemplo, começamos por fazer uma antologia dos novos autores e mais recentemente criamos o «Poesia a Sul», que colocou os grandes nomes nacionais lado a lado com os autores regionais e locais. As pessoas que trazemos de fora têm que se adequar àquilo que o público pede, pois não programamos a pensar somente nas elites”, garante, lembrando igualmente todo o trabalho desenvolvido pela autarquia na criação desses mesmos públicos, ao nível do Auditório, do Museu e da Biblioteca. “A expressão «de pequenino se torce o pepino» é antiga mas continua a fazer todo o sentido. Temos vindo, nos últimos anos, a conjugar cultura com juventude, com ofertas culturais onde os mais novos pudessem participar. É na Casa da
Educar as novas gerações tem sido uma tarefa cada vez mais da responsabilidade do poder local, mas o autarca lembra que não é fácil
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desempenhar esse papel, porque os orçamentos são limitados, e porque os hábitos da juventude do século XXI em pouco ou nada se assemelham às dos jovens de outros tempos. “Deviam dedicar-se mais às atividades desportivas e culturais e conviverem mais uns com os outros. Nós criamos iniciativas a pensar nisso mas, na hora da verdade, as pessoas escolhem aquilo que mais têm vontade de fazer. É por isso que se deve começar cedo a motivá-los para as atividades lúdicas, desportivas e culturais”, defende, frisando que esta aposta na Cultura tem que ser efetiva e consistente ao longo de todo o ano. Aliás, mesmo durante o Verão, onde Olhão já é famoso pelo seu Festival do Marisco, tem-se notado a preocupação do executivo camarário introduzir novos eventos culturais fora de portas, junto à Ria Formosa, onde os públicos se concentram de forma natural. “Lançamos com grande sucesso o «Caminho das Lendas» e queremos repetir também o evento em que os Piratas atacam Olhão”, aponta o entrevistado.
Um concelho que não esquece as freguesias
mais aprazíveis e acessíveis. “A identidade olhanense faz-se valorizando o seu património material e imaterial e exemplo disso é a conjugação da zona histórica com o «Caminho das Lendas». Claro que os problemas não estão todos resolvidos, vamos melhorando aos poucos, mas já se percorreu um bom caminho na
Como é óbvio, estes eventos culturais nos espaços públicos só são possíveis porque a autarquia olhanense tem-se desdobrado em esforços para requalificar o seu património arquitetónico, o seu centro histórico, toda a frente ribeirinha, tornando-as
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requalificação da cidade”, destaca António Miguel Pina.
permitindo que os restaurantes tenham esplanadas maiores e com mais qualidade. Uma requalificação que, contudo, não se cinge à própria cidade, estendendo-se a todas as freguesias do concelho. “Apoiamos a construção do campo de futebol em Moncarapacho, vamos apoiar a reabilitação do campo de futebol e de atletismo de Pechão, vão avançar
Assim, está em preparação a requalificação da Avenida 5 de Outubro, do Jardim Pescador Olhanense e do Jardim Patrão Joaquim Lopes, que passará por conferir-lhes melhores condições de mobilidade, reduzindo o trânsito para apenas um sentido e
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as pavimentações na freguesia de Quelfes e outras em Moncarapacho e na Fuzeta e, posteriormente, um terceiro programa em Pechão e Olhão. A frente ribeirinha da Fuzeta também tem sido alvo de algum investimento na sua requalificação e dinâmica cultural, com a colaboração das associações locais, que são bastante fortes. Vamos tentando desenvolver o concelho de uma forma integrada e não centrada exclusivamente na cidade de Olhão”, refere o edil.
conseguir governar um concelho com pouco dinheiro”, indica. Entretanto, com a Primavera em andamento e de olhos postos no Verão, António Miguel Pina revela a vontade da autarquia dinamizar um novo evento associado ao sushi e à sua interligação com os produtos naturais existentes no concelho, como a cavala, o atum, o carapau, o polvo e os bivalves. Mais ambicioso é o projeto das praias urbanas, para o qual é necessário o apoio do Ministério do Ambiente. “Passaria pela segunda fase da requalificação da Praia dos Cavacos e pela criação de um jardim de areia na zona poente, associado à desativação da ETAR Nascente a Olhão”, explica. E porque se falaram em produtos típicos de Olhão, não nos podemos esquecer do dinamismo crescente dos Mercados Municipais, que atraem milhares de turistas, nomeadamente aos sábados de manhã. “São um ex-libris da cidade e da região, um edifício emblemático e que, em boa hora, os decisores anteriores apostaram em manter a sua atividade inicial. Houve quem desejasse torná-lo apenas um espaço cultural ou gastronómico, mas o Francisco Leal quis que ali permanecesse o mercado e é isso que faz a diferença. Olhão é muito procurado pelos turistas porque conseguimos manter a nossa identidade, a nossa forma de viver, ao invés de nos tornarmos iguais a todos os outros”, finaliza António Miguel Pina .
Uma postura que reflete o que deve ser um autarca no século XXI e que mais se justifica quando as próprias freguesias têm a sua identidade ou figuras e eventos marcantes, como sucede em Olhão. Assim é Moncarapacho com o Carnaval e os Maios. Assim é Pechão, internacionalmente famoso pelos êxitos desportivos de Ana Cabecinha e demais atletas do Clube Oriental de Pechão. Assim é a Fuzeta, um verdadeiro embrião de projetos musicais. E assim é também Quelfes, popularizado pelo espírito do Olimpismo dos Jogos de Quelfes. Múltiplos eventos e entidades que contam com o apoio inestimável da Câmara Municipal de Olhão, à medida das disponibilidades financeiras da mesma, porque nem sempre é possível dar a mão a tudo e todos. “Noutros tempos houve mais coisas, hoje são menos, infelizmente, mas procuramos ajudar aquelas que fazem parte da memória olhanense. Gerir o orçamento de uma câmara municipal exige, atualmente, muita imaginação, trabalho e bom senso para se
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Uma manhã na…
Cidade Velha de Faro Realizou-se, no dia 22 de março, mais uma FAM Trip organizada pela Região de Turismo do Algarve e o convite, desta vez, era partir à descoberta dos segredos do concelho de Faro. O objetivo da iniciativa é aproximar os jornalistas e os profissionais de turismo algarvios do destino de férias que tanto ajudam a promover ao longo do ano, dando a conhecer locais e aspetos que muitas vezes eles próprios desconhecem. E assim se passou uma manhã no Centro Histórico de Faro, com o resto da viagem a ficar reservado para as próximas edições do Algarve Informativo. Texto:
Fotografia:
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A Cidade Velha de Faro vista do Centro Interpretativo do Arco da Vila
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diferente, e que possa ser uma maisvalia para toda a região. É natural que os agentes de turismo e os jornalistas não tenham conhecimento de tudo aquilo que existe no nosso território e esta é uma forma de os cativar para experiências novas e que possam depois divulgar”, frisou Desidério Silva, numa conversa informal em jeito de boas-vindas.
om o intuito de «Redescobrir os Segredos do Algarve», a Região de Turismo do Algarve, a Câmara Municipal de Faro e a Direção Regional de Cultura do Algarve convidaram uma série de agentes de turismo e jornalistas para conhecerem melhor o concelho de Faro, numa viagem dividida entre a cidade capital de distrito, a vila de Estoi e a Ria Formosa. Com receção marcada para as 9h, tínhamos à nossa espera, no Posto de Turismo de Faro, Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, e Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, que acompanharam a comitiva ao longo da primeira visita do dia. “A intenção é que cada município potencie aquilo que tem de melhor, de
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Sendo que a generalidade dos indicadores auguram um excelente ano turístico para o Algarve, o responsável alerta que, para além de atrair novos visitantes, há que fidelizar aqueles que já viajam regularmente para a região e isso passa por criar todas as condições para que se sintam bem no destino que elegeram para gozar as suas férias. “Isso faz-se mostrando o melhor que
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temos, dando informação, ajudando, esclarecendo. O território, a paisagem, a cultura, o património, a gastronomia, as nossas gentes, são fatores bastante importantes nas escolhas dos turistas e é isso que queremos divulgar através destas iniciativas”, concluiu Desidério Silva, antes de passar a palavra a Rogério Bacalhau. “O turismo nunca foi uma aposta em Faro, o concelho e a cidade cresceram muito alicerçados nos serviços públicos, no Hospital Distrital, no Aeroporto Internacional e na Universidade do Algarve. No entanto, esse crescimento estabilizou e a nossa aposta de afirmação passa bastante pelo turismo”, afirmou o edil farense.
na Cidade Velha. “Hoje, temos praticamente todo o centro histórico recuperado, mas ainda há um conjunto de realizações que são necessárias concluir, nas acessibilidades fáceis, nos espaços públicos, em ter os equipamentos abertos todo o dia. Queremos que os nossos visitantes se tornem, depois, embaixadores de Faro e do Algarve, Contudo, sem o típico «sol e praia» de que regressem e que aconselhem outros concelhos, a autarquia de Faro este destino aos seus amigos e centra as atenções no património, familiares”, finalizou Rogério cultura, gastronomia e na Ria Formosa e Bacalhau, sem se querer alongar tem sido evidente o esforço de muito nas palavras, até porque o requalificação, desde 2014, sobretudo programa era rico em visitas, logo a começar pelo Centro Interpretativo do Arco da Vila, que foi alvo de uma profunda intervenção de requalificação do seu interior, tendo aberto ao público em novembro do ano transato. Um local que proporciona uma vista deslumbrante sobre a VilaAdentro e a Ria Formosa e cujo espaço museológico dá a conhecer a história farense, o seu nascimento e Rogério Bacalhau e Desidério Silva, presidentes da Câmara Municipal de Faro e da Região de Turismo do Algarve.
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Os jardins interiores do Museu Municipal de Faro
de barco, uma delas inclusive com acesso viário, constituem lugares de excelência para o contacto com a natureza e com a Ria Formosa, usufruindo de passeios de barco, de bicicleta ou a pé para observação das aves.
posterior renascimento após o terremoto de 1755, quem o encomendou, quem o arquitetou e projetou, o estilo artístico, as suas especificidades, sem esquecer o património imaterial a ele associado.
História ao virar de cada esquina
Faro que espelha em todo o seu património edificado a herança da passagem de vários povos, desde os Fenícios, Romanos e Visigodos aos Mouros, Cristãos e Judeus. Marcas bem presentes logo no Arco da Vila, uma das entradas do recinto muralhado, mandado construir por D. Francisco Gomes do Avelar – Bispo do Algarve, projetado pelo arquiteto genovês Francisco Xavier Fabri e inaugurado em 1812. Um portal monumental onde figura a imagem de S. Tomás de Aquino num nicho e que constitui um dos mais
Ao percorrer as várias salas do Centro Interpretativo do Arco da Vila, ficamos a saber que Faro, de origem préromana, conhecida como Ossónoba, era um dos mais importantes centros urbanos do sul da Península Ibérica. A sul, tem o território delimitado por um cordão dunar com 19 quilómetros de comprimento, o qual é interrompido por ligações entre o mar e a Ria Formosa, formando três ilhas. Visitáveis ALGARVE INFORMATIVO #50
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representativos exemplares do Neoclassicismo no Algarve. No interior do Arco da Vila encontramos a Porta Árabe, uma das principais entradas, em cotovelo, na cidade de Faro, remontando ao Século XI e sendo o único arco em ferradura que subsiste, em toda a região, no seu local de origem. Esta entrada na cidade muçulmana de Santa Maria servia de acesso para quem vinha por mar e talvez tivesse uma ponte levadiça, sobre o braço de sapal que a ligava a terra firme. A lenda refere a existência de uma imagem da Virgem, nas muralhas, que os árabes deitaram ao mar, momento a partir do qual a terra e o mar Imagens do interior do Museu Municipal de Faro teriam deixado de aos Mouros, em 1249. Foi elevada a produzir, de tal modo que os árabes sede de bispado em 1577, ano em voltaram a colocar a imagem no seu que ocorreu a mudança do assento local, e a terra voltou a dar fruto e o mar episcopal de Silves para Faro, mas o peixe em abundância. ataque das tropas inglesas e os terramotos que abalaram a cidade Depois de alguns minutos percorridos obrigaram a sucessivas obras de a pé, chegamos à Sé de Faro, construída reconstrução do edifício, alterando sobre as ruinas do antigo templo significativamente a sua traça romano, que foi mesquita durante o primitiva. Face a isso, o seu exterior período árabe, sendo depois adaptada a reflete a intervenção de várias Igreja após a conquista de D. Afonso III 21
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Edifício da Câmara Municipal de Faro
épocas, com um interior de características renascentistas e uma decoração de estilo barroco. Igreja de três naves, separadas por colunas dóricas e arcos de volta perfeita, tem capela–mor e sete capelas construídas em diferentes períodos. De salientar os retábulos que se encontram no seu interior, alguns de primorosa execução, e o órgão do século XVIII, com motivos em «chinoiserie». No exterior, junto ao claustro, situa-se a famosa Capela dos Ossos. Do alto da Sé, junto aos sinos, deparamo-nos com uma vista inexplicável sobre a cidade velha de Faro e sobre a rica Ria Formosa, mas também com o Paço Episcopal, edifício de dois pisos construído entre os finais do século XVI e XVII e que era a
O Seminário visto do alto da Sé de Faro
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residência oficial do Bispo. Como tantos outros edifícios da capital algarvia, foi reconstruído e ampliado após o terramoto de 1755, passando a ocupar todo o quarteirão, destacando-se a sua traça, os telhados de quatro águas e o portal. Representa um dos melhores exemplares da conjuntura chã e detém, no interior, a maior e mais significativa manifestação de azulejaria «Rocaille» na região algarvia, (átrio, escadaria de acesso ao segundo piso e salas de aparato). A Biblioteca está envolvida com estantes de madeira com entalhes e «chinoiserie».
em 1787 durante o bispado de D. José Maria de Melo e está parcialmente adossado às muralhas da Vila adentro, apresentando dois corpos distintos. Do lado norte, ligado ao edifício da Paço Episcopal, um tramo construído nos finais do século XVII, com cantarias trabalhadas exuberantemente. No lado sul, o segundo troço do edifício foi construído no século XVIII, tendo sido contratado o arquiteto genovês Francisco Xavier Fabri para terminar as obras do seminário, respeitando a volumetria e a composição do alçado
Vista da Ria Formosa do alto da Sé de Faro
principal. O edifício ainda mantém a função para o qual foi construído, a formação do clero regular.
O Seminário do Paço Episcopal, de arquitetura rococó e neoclássica, erguese igualmente no Centro Histórico, no interior das muralhas medievais, no Largo da Sé. Começou a ser construído
Largo da Sé onde estão localizados, também, os Paços do Concelho, cujo 23
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Imagens do interior da Sé de Faro
novo edifício começou a ser construído em 1883, prolongando-se pelas décadas seguintes. Em 1945, sob a responsabilidade do arquiteto Jorge Oliveira, a fachada principal do edifício foi renovada, apresentando um frontão triangular com Brasão da Cidade de Faro no tímpano. Destaque para o átrio e para a escada de acesso ao andar nobre. E, para finalizar com chave de ouro a visita ao Centro Histórico de Faro, uma ida ao Convento da Nossa Senhora da Assunção, onde está sedeado o ALGARVE INFORMATIVO #50
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O exterior do Museu Municipal de Faro
construção em 1550. Contudo, o ataque dos ingleses, em 1596, causou grandes danos no edifício e o terramoto de 1755 fez ruir a igreja e parte dos dormitórios. No século XIX, o convento foi abandonado, indo as freiras para a cidade de Tavira, sendo comprado, nos finais desse século, por particulares, ali instalando-se uma fábrica de cortiça. Em 1948, foi classificado como Monumento Nacional, sendo restaurado na década de sessenta e, desde 1973, alberga o Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique, entretanto designado Museu Municipal de Faro. E assim chegava ao fim a primeira parte do dia, era tempo de apanhar o autocarro e seguir rumo à vila de Estoi .
Museu Municipal de Faro, um edifício de características renascentistas, com uma igreja manuelina com cúpula barroca, e entrada lateral através de um pórtico do Renascimento. Um especial destaque para o claustro em estilo Coimbrão, de dois pisos, com contrafortes salientes, arcadas de volta inteira no piso térreo e arquitrave no piso superior e para a decoração animalista das gárgulas. Em 1519, a Rainha D. Leonor mandou edificar na cidade de Faro, no local onde funcionou durante séculos a próspera judiaria de Faro, um convento destinado às freiras Capuchas de Santa Clara. As obras iniciadas por D. Leonor são prosseguidas por D. Catarina, que para isso contrata o arquiteto Afonso Pires, dando por concluída a
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Um dia dentro duma mochila Paulo Cunha
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alando com alguns jovens, perguntei-lhes o significado de refúgio. Grande parte deles, apesar da tenra idade, responderam-me prontamente ser um sítio onde poderiam encontrar segurança, ajuda e conforto. Perante tais afirmações, apeteceu-me perguntarlhes o que achariam que os seus pais fariam se, de repente, se sentissem atemorizados e até aterrorizados se fossem perseguidos devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinados grupos sociais ou opinião política… mas não o fiz, pois pelo seu semblante fiquei desde logo esclarecido sobre qual seria a sua resposta. Tendo em conta as migrações forçadas, que estão a grassar por este «mundo fora», com especial enfoque e atenção por parte dos «media» para o êxodo registado em direção à «nossa» Europa, temo-nos vindo a confrontar com atitudes fraturantes, discriminatórias e xenófobas que, devido a estes eventos, estão finalmente a dar a conhecer com que massa foi construída esta União Europeia. Sob um terreno pejado de «minas ideológicas», enterradas em vários períodos da história, germinam agora as diferenças que continuam a fazer explodir desentendimentos no que aos direitos humanos concerne. Muitos de nós, manietados por um preconceito alimentado pelas diferenças socioeconómicas, diferenças étnicas, diferenças raciais, diferenças culturais, diferenças religiosas e muitas outras que continuamos a sublimar, assistimos - impávidos e serenos - a uma realidade humilhante que a qualquer «homem de boa vontade» envergonha.
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Mais do que chamar à razão quem da razão pouco uso faz, urge fazer a transferência e projetar para a nossa realidade diária, a realidade de gente que, dum momento para outro, se viu espoliada de toda uma história de vida. Gente que para além da roupa que traz no corpo, traz na sua pequena bagagem os despojos de uma luta que não foi, e continua a não ser, a sua. Gente que guarda como maior tesouro a memória de um passado construído a pensar num futuro melhor e apenas tem a certeza de um futuro desconhecido repleto de incertezas, dúvidas e angústias. Já, por um momento que seja, experimentaram colocar-se na pele destes seres tão humanos quanto vós, e que se sujeitam às piores e inimagináveis provações e agruras, colocando a todo o momento em risco a sua vida e a dos seus? Para chegar a esse ponto é preciso ter atingido o «fim da linha». Ninguém foge para o desconhecido porque quer, mas porque a isso é obrigado. Fogem para longe do fogo que lhes queimou a alma, saltando desamparados para um futuro incerto. Não ter medo nem preconceito de os amparar fará, por certo, a diferença. A diferença de quem os tornou refugiados. Da mesma forma que se aprende a discriminar através dos (maus) exemplos que temos por perto, também se aprende o valor da compreensão, do respeito, da partilha, do altruísmo e da solidariedade, quando colocamos esta forma de estar e de ser como referências educativas para quem connosco priva. Num mundo em constante mutação, será essa a maior e melhor herança que poderemos deixar aos nossos descendentes: sementes de paz! . 26
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O Portugal visto lá de fora Paulo Bernardo
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or ironia do destino, sorte ou apenas vontade de trabalhar, passei as últimas duas semanas no Brasil e as anteriores já tinha passado entre os Estados Unidos e o Canadá. A correria a que o mundo profissional de hoje obriga dá-me uma visão diferente de muitas coisas. Começando por Portugal, ele quase não existe fora das nossas fronteiras, sentimos a sua presença essencialmente no mercado da saudade, onde o vinho e o azeite são a nossa imagem. Para além disso, ainda somos muito vistos como o país das mulheres de bigode, do Cristiano Ronaldo e pouco mais, mas muito pouco mesmo. Falo amiúde com quem nos representa nos diferentes locais onde tenho a minha atividade económica e na maior parte das vezes sou muito bem recebido, com grande esforço e empenho fazem das tripas coração para conseguir levar a imagem de um Portugal novo. É pena, pois temos muito para dar, mas a nossa política de promoção externa tem sido feita de forma completamente infame, pois não se dão condições para que o trabalho seja feito. Contudo, outra imagem que passa é que a crise já passou e que a resolvemos bem, cumprimos bem as ordens. Do mal o menos, essa imagem de país cumpridor recuperamos. Em relação ao Brasil, foi interessante viver o movimento popular antissistema político. Nesta fase personificado em Lula e Dilma, mas podia ser outro qualquer, o Brasil está a sair do jugo escondido dos coronéis, está farto de ser roubado, enganado, mal tratado. Não é um movimento de direita contra esquerda, de norte contra sul, de gordos contra magros. É apenas o movimento da mulher que me arruma o quarto no hotel, até ao colaborador do banco, ao polícia, ao professor, ao legista, ao pequeno empresário. Todos estão fartos do jogo dos coronéis que dividiam entre sim o bolo das riquezas e ainda mais farto do seu ídolo, que personificava o brasileiro médio, sofredor, que tinha atingido o planalto.
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O problema é que não existe ninguém de mãos limpas para levantar esta potência e com o qual o povo se identifique. No entanto, e só para explicar, as manifestações populares tinham mais espírito de flower power que outra coisa. O resto que se escuta nas notícias é mais propaganda do que realidade. E fica-me na memória de num estádio de futebol, onde a sua torcida é conhecida por ser violente e com má reputação, os cânticos serem a saudar o juiz Sérgio Moro e a tarja quando a equipa entrou dizia «na pátria do futebol, nosso ídolo usa terno e chama-se Sérgio Moro». A partir daqui, podemos tirar as ilações que quisermos. Nota da semana: Os atentados em Bruxelas são fruto das longas políticas de enterrar a cabeça na areia. Era mais fácil ter mão-de-obra barata dos bairros à volta das grandes cidades europeias. Depois, era mais barato subsidiar os filhos dessa mão-de-obra barata para manter a paz podre. Depois, perdemos os netos que não tem raízes, nem sabem a que mundo pertencem, cresceram de famílias subsidiadas, acantonadas em guetos violentos. Onde os políticos ordenam que não se faça nada, apenas que se deixe andar. Que se mantêm uns aos outros em guerras de gangues étnicos. Contudo, e como é natural ao abrigo de uma ideologia que estupidamente lhes garante alguma identidade e dignidade, a bomba rebenta na mão de todos nós. Figura da semana: Márcio Costa, um nome a que a maior parte de vocês não diz nada, mas era meu amigo e uma pessoa especial. Cheio de energia e vontade de chegar mais longe, autodidata, não parava de estudar e aprender. Mas quis Deus que ele fosse para junto dele ontem ao final da noite de uma sexta-feira Santa. Obrigado por tudo Amigo .
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Prometemos, cumprimos! José Graça
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epois de mais de quatro anos de completo abandono por parte da Administração Central, apenas minimizada pela intervenção permanente das Autarquias Locais e das instituições de solidariedade social que minimizaram os efeitos trágicos dessa deserção do Estado, o Algarve enfrenta desafios enormes e ninguém pode sentir-se dispensado desta missão de elevado interesse público regional. Este é um tempo novo, é tempo de voltar a colocar as pessoas na primeira linha da intervenção política, é tempo de dar aos cidadãos um papel central no espaço público, de discussão, de partilha de opiniões e de definição de prioridades em questões estratégicas para o nosso futuro comum. Para algumas pessoas poderá parecer desfaçatez, ou até mesmo ofensivo, ver os deputados do Partido Socialista na Assembleia da República votarem ao lado dos membros das bancadas do Bloco de Esquerda ou Partido Comunista Português. Para algumas outras, até poderá parecer qualquer coisa de inacreditável assistir à satisfação dos compromissos eleitorais assumidos com os cidadãos. Habituados à mentira frequente, à «chicoespertice» mais rebuscada ou aos jogos de palavras dos seus representantes, quando não ao silêncio cúmplice com o Governo Central ou ao desaparecimento puro quando se tratam de medidas mais onerosas para a Região, os Algarvios devem esperar agora comportamentos renovados dos deputados apoiantes do Governo atual. Devem esperar e devem exigir essa mudança de atitude! Aprovada por unanimidade no congresso de Tavira, a moção de orientação estratégica global «Algarve com Rumo» define as prioridades do PS-Algarve para a região e para o partido, mas é e será sempre um documento aberto à participação dos militantes e dos simpatizantes socialistas e dos amantes do Algarve. Subscrita em primeiro lugar pelo presidente reeleito dos socialistas algarvios, António Eusébio, foi elaborada com a mesma metodologia que havia estado na origem da proposta de programa eleitoral regional apresentada e discutida em Portimão na convenção regional «Afirmar o Algarve», incluindo as principais bandeiras sufragadas nas legislativas de outubro de 2015.
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Para defender os interesses do Algarve todos somos poucos, principalmente quando os constrangimentos financeiros do Estado são enormes e os compromissos internacionais extremamente exigentes. Porém, todos sabemos que o Algarve é um contribuinte líquido da Fazenda Pública, concorrendo de forma substancial para o equilíbrio da balança de pagamentos, apesar das medidas fiscais que nos últimos anos oneraram especialmente a economia regional, seja pelo aumento do IVA na restauração e na hotelaria, seja pela introdução de portagens na Via do Infante, agravando especialmente a mobilidade na região e dificultando o acesso dos turistas espanhóis… Por tudo isto, podem saber os nossos representantes na Assembleia da República que contam com o total apoio dos Algarvios no trabalho desenvolvido para fazer valer as bandeiras eleitorais, seja na procura incessante de melhoria dos serviços públicos, seja no combate permanente pela beneficiação das condições de mobilidade na região, seja na criação de emprego digno e estável, seja na necessária revisão do modelo económico regional, seja no combate permanente contra as assimetrias entre o litoral e o interior… Apesar de não ser uma zona do interior mais desfavorecido do País, o Algarve não se resume ao glamour de Albufeira, da Praia da Rocha ou de Vilamoura e a construção de infraestruturas públicas dimensionadas para acolher milhões de veraneantes tornou-se um fardo pesado para as autarquias locais da região, levando-as a descurar muitas vezes as zonas mais afastadas das respetivas áreas sem que se verifique uma verdadeira solidariedade territorial. Cada vez mais, o Algarve carece de um olhar global e de um projeto regional, superior á soma das ambições e dos interesses dos dezasseis municípios e das sessenta e quatro freguesias. Estamos a começar bem, ultrapassando diferenças meramente conjunturais e colocando os objetivos estruturais acima das limitações partidárias! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 30
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Tata Regala e a Arte de Comunicar através da Fotografia A faceta de fotógrafo de Tata Regala tem estado bastante proeminente nas últimas semanas, com três exposições patentes em simultâneo em Faro, Loulé e Pêra, mas antes disso já tínhamos conhecido o declamador de poesia e o ator de teatro. Uma vida cultural que decorre em paralelo com a sua atividade profissional de biólogo, consultor e apresentador do programa da RTP «Bombordo», mas é nas suas múltiplas viagens de trabalho que nascem diversas interrogações a que depois tenta dar resposta através da arte. Texto:
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meu primeiro contato com Tata Regala foi num evento dos «Calceteiros de Letras» que teve lugar no Ginásio Clube Farense, numa noite dedicada à poesia erótica em que foi declamar alguns poemas. Algumas semanas depois, fiquei a conhecer mais uma das suas vertentes culturais, a fotografia, ao receber o convite para a inauguração de três exposições que iam estar patentes, em Loulé, Faro e Pêra. Com a curiosidade espicaçada, mergulhei no mundo maravilhoso do Google e do Facebook e apercebi-me daquela que seria, supostamente, a sua faceta mais visível, a de apresentador do programa da RTP «Bombordo», dedicado à economia de mar e aos recursos da pesca.
quando não está a trabalhar no «Bombordo», é consultor ambiental a bordo de embarcações de prospeção sísmica de petróleo. Ora, como o trabalho de mar-alto e do «Bombordo» acontecem, normalmente, fora da região, Tata Regala sentiu a necessidade de criar a sua própria identidade no Algarve onde vive e as artes foram o caminho encontrado para conseguir fazer parte de uma comunidade da qual está muitas vezes afastado. Propensão para as artes que justificam, de certa forma, a naturalidade com que enfrenta uma câmara e um microfone, por entender que tem que haver uma apetência inata para essa função. “Quando tiramos um curso de ciência, sentimos logo que há uma grande distância em relação ao cidadão comum, parece que vivemos num mundo à parte, fechado em si. Os biólogos têm dificuldade em sentir-se parte da comunidade porque tudo o que fazem é tão denso, em termos de gíria e de questões técnicas, que se torna ininteligível. O «Bombordo» foi, para mim, o Santo Graal para combater esta fossa, para estabelecer uma ponte”, analisa, de olhar no horizonte.
Convencido, fui para o terreno, mais concretamente para uma conversa com Tata Regala, na zona ribeirinha de Faro, cidade para onde se mudou em jovem para tirar o curso de Biologia e Pescas na Universidade do Algarve. Depois, foi ficando pelas mesmas razões que cativam todos aqueles que não são naturais do Algarve, pelo clima, pelo espírito descontraído que se vive no diaa-dia, por não sentir pressões sociais tão fortes como noutros pontos do país, nomeadamente nas grandes metrópoles. Talvez, por isso, estejamos quase perante dois «Tatas»: o do Algarve, conhecido pela fotografia, pela sua ligação ao teatro e à dança contemporânea; fora do Algarve respiram mais forte as suas atividades de biólogo e de apresentador de televisão. Mas também já foi fotojornalista de atividades náuticas e, ALGARVE INFORMATIVO #50
Sem darmos por isso, estamos a falar de um tema muito longe do planeado mas que está, atualmente, na moda, com os governantes nacionais a acordarem, finalmente, para as riquezas do mar e para o potencial da costa algarvia, ao invés
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petróleo versus o facto de não o explorarmos e parece-me que esta proto hipocrisia que vivemos tiranos alguma legitimidade de manifestação”, entende Tata Regala.
de pensarem apenas no sol e praia. “O Algarve está envolto num véu de desconhecimento, apesar do trabalho realizado pela Universidade do Algarve, o IPIMAR e outros centros de investigação. Infelizmente, há tanto que não sabemos sobre a nossa costa, e a Ria Formosa em particular, e muitas vezes basta uma centelha de curiosidade para se começar a explorar, a investigar”, frisa o consultor ambiental, antes de ser confrontado com toda a polémica que envolve a prospeção de hidrocarbonetos na costa algarvia. “Penso que, com cautela, não é uma coisa, per se, negativa. Contudo, o que tenho visto é uma forte manifestação anti-exploração muitas vezes pouco esclarecida. A mim faz-me confusão o facto desta sociedade estar assente no consumo energético de
Apesar de admitir ter menos conhecimento do que desejaria sobre a técnica do fracking, o entrevistado lembra, porém, que as explorações petrolíferas e de gás natural são cada vez mais seguras, alicerçadas em décadas de avanços tecnológicos. “O que sinto é que muitos destes contratos que agora estão a ser polémicos já foram celebrados há bastante tempo e houve pouca clareza na altura. Também penso que o país não se salvaguardou e protegeu o suficiente, mas as empresas petrolíferas são
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Imagem sem título, presente na instalação fotográfica intitulada «inCompleta»
depende dos protocolos que foram assinados com os concessionários”, aponta, dando o exemplo do que sucede no Brasil e em Angola, onde uma percentagem da mão-de-obra tem que ser local. “Só que, para isso, tem que haver profissionais no país aptos para exercerem funções que são bastante específicas e especializadas”, acautela.
imensamente poderosas, às vezes mais poderosas até que nações relativamente pequenas como Portugal. Conseguem exercer uma influência muito grande, sobretudo a troco de dinheiro, e nem sempre é fácil negociar para um país como Portugal”, sublinha Tata Regala. “Estamos numa espécie de tentativa democrática de tentar agradar a gregos e troianos e é muito difícil encontrar dirigentes que façam frente a empresas maiores que as suas próprias nações”, reforça.
Para terminar este desvio inesperado na conversa, é verdade que os riscos são menores, mas isso não limpa da memória das pessoas as imagens dos acidentes quando eles, efetivamente, acontecem, por raros que sejam. Aliás, a maioria desses acidentes relacionam-se com o transporte de petróleo quando os cargueiros só tinham um casco, uma situação que está desatualizada. “Óbvio que, sempre que há um acidente destes, é uma catástrofe, a magnitude é que está desfasada e eu prefiro não ser demasiado alarmista. O mais sensato era não se fazer
Assim sendo, o biólogo e consultor acredita que a quebra dos contratos já celebrados implicaria o pagamento de indemnizações «monstruosas», daí que o governo esteja numa corda-bamba, até pelas condições financeiras de Portugal. “Não entendo como é que nos vimos numa situação tão frágil, mas não vejo com maus olhos a exploração de petróleo, sobretudo ao largo. Claro que Portugal e o Algarve não vão mudar, poderão surgir alguns postos de trabalho, mas isso também ALGARVE INFORMATIVO #50
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nada, era a exploração não avançar. Não sendo essa uma opção, não sei até que ponto é razoável agarrar-nos a esta imagem assustadiça das grandes catástrofes que já se verificaram no mundo. Acredito que, a haver algo, é contido bastante mais rapidamente e não estou a ver o turismo colocado em causa, pelo menos diretamente”, afirma. Tata Regala mostra-se mais preocupado, todavia, com a questão de Portugal estar numa zona potencialmente sísmica, ainda para mais quando já passou o prazo previsto para acontecer o sucessor do terramoto e maremoto de 1755. “Todo o cuidado é pouco, mas as empresas petrolíferas percebem imenso de geologia e elas têm noção destes riscos. Se for uma exploração não fixa, sem as típicas plataformas com os quatro pés assentes no leito do mar, a estrutura pode conter menos perigos”, adianta, acrescentando ainda que, na eventualidade de se repetir o terramoto de 1755, não há plano de contingência que nos valha. “Todas estas casas, prédios, hotéis, vão ao ar. Não aparece tanto nos livros de história como Lisboa, porque não tinha a mesma escala, mas Faro sofreu imenso com o terramoto de 1755”.
«Caminhar, caminhar, caminhando sem parar...», presente na instalação fotográfica intitulada «Descortinar»
O Tata das inquietações e perguntas constantes
parecer fácil de perceber como é que a sua faceta cultural convive com assuntos tão sérios e científicos que decorrem da atividade de biólogo e consultor, algo que o entrevistado
De volta ao início da conversa, melhor dizendo, ao tema que suscitou a conversa com Tata Regala, pode não
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explica com um sorriso. “Muitas vezes, o que leva alguém a dedicar-se à biologia é o seu espírito romântico, que é um denominador comum com a maioria das artes. Para além disso, quando trabalho em mar-alto, tenho períodos de isolamento bastante grandes, outrora, quatro, cinco meses, neste momento, um mês e meio, dois meses. Estarmos encarcerados a bordo de um navio, num género de retiro da sociedade, pode ser um suplício ou um privilégio, mas uma coisa é certa, refletimos imenso sobre essa zona de conforto da qual saímos, da sociedade onde vivemos”, relata, confirmando que o Tata que regressa normalmente é diferente daquele que partiu. “Tenho inquietações como todos nós, mas tenho tempo para me debruçar sobre elas, para as alimentar, nessas viagens de trabalho. De cada vez que me ausento, volto com algo para dizer, mas também para perguntar, e é ai que surge a expressão artística. Que melhor forma tenho eu de auscultar o mundo? Expondo-me e vendo de que maneira os outros reagem a isso”.
tenho uma questão à qual não sei responder e a forma mais humilde de lidar com isso é colocar essa mesma pergunta a muita gente. Depois, tirolhes fotografias quando estão perante esse desafio, na esperança de que, algures nessa coleção de imagens, haja uma resposta com a qual eu me identifique”, descreve. Como Tata não quer guardar essas respostas só para si, nascem as exposições, um jeito de celebrar, igualmente, a honestidade que as pessoas lhe deram. Todavia, ao contrário do que é costume, não é apologista de inaugurações oficiais de exposições, prefere, sim, sessões de encerramento em que o público o pode contestar, aprovar, reprovar, desafiar. Ora, com três exposições patentes em simultâneo, parece que o artista é constantemente «atormentado» por questões, o que gera um sorriso, antes de avançar com uma resposta mais concreta. “Como não tenho objetivos comerciais, os meus trabalhos não são vendidos, vou acumulando-os e acontece, às vezes, ter várias mostras a acontecer ao mesmo tempo. Umas vezes são as galerias que me perguntam se tenho alguma coisa preparada, noutras ocasiões sou eu que me mexo nesse sentido, principalmente quando as conclui há pouco tempo”.
Perguntas e respostas que dão azo a colaborações com os diversos agentes culturais e associações da região, fazendo parte, atualmente, da ArQuente, de Faro, e da Casa da Cultura de Loulé e, noutros tempos, da ALFA. Uma postura ativa que o leva a participar em diversos projetos culturais, aliás, confessa ter uma grande dificuldade em dizer «não» aos convites que lhe fazem. Já a fotografia assume contornos completamente distintos e é, nos últimos cinco anos, a sua forma predileta de auscultar o mundo. “Basicamente, ALGARVE INFORMATIVO #50
Uma destas exposições em destaque é a «Fora da Norma/Safety People», composta por retratos de pessoas que trabalham a bordo de navios de prospeção sísmica. “Os ambientes
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inquietação, só que uns conseguem serená-lo e outros não. O facto é que esta inquietação está muito associada à expressão artística e, neste trabalho em particular, as pessoas são desafiadas a escrever algo sobre as fotografias, a dar as suas próprias respostas. Todas as respostas têm exatamente o mesmo valor, não se pretende criar mestres ou gurus”.
industriais maquinam o ser humano, temos horas de entrada e saída e, naquele contexto de mar, passamos muito tempo enfiados nos camarotes para descansar. Perdemos, até certo ponto, o nosso lado humano e o meu propósito foi encontrar as centelhas de personalidade num ambiente onde o homem é interessante enquanto máquina”, revela Tata, antes de comentar outra exposição, «inCompleta», um conjunto de cinco entrevistas fotografadas a pessoas com barba e às quais era colocada a pergunta «o que é para ti uma vida completa em cada instante?». “Tentei perscrutar quais são as motivações de nós todos. Eu tenho as minhas, que mudam de dia para dia, de mês para mês, e quis saber se esta inquietação constante é a norma. Há mil hipóteses de motivação de vida e todos nós temos um bichinho de
Finalmente, «Descortinar» é a mais recente criação de Tata Regala, um estudo sobre retrato que se transformou, de forma não planeada, num estudo sobre o nu, por não se querer cingir ao rosto, à parte da fisionomia humana mais frequentemente modelada. “Quis retratar tudo o resto que é uma expressão da vida que a pessoa passou, mas também o que ela sentiu 39
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Imagem «Lungs», parte da exposição intitulada «Fora da Norma/Safety People»
nesse processo, e perguntei a cada uma delas o que escreveriam na sua pele se esta fosse uma folha de papel. Seria um género de fotografia instantânea do seu estado de alma”, esclarece, ao mesmo tempo que procurou não prender-se aos cânones estéticos tradicionais dos corpos esculturais. “Todos nós somos passíveis de ser retratados, nus, de uma forma estética, sem sermos um eco do que vemos nas revistas de moda, por exemplo. Quando temos 22 anos, somos belos e maravilhosos, estamos no auge do nosso corpo, mas até que pouco é que não nos estamos a votar a uma frustração se, 20 anos depois, nos compararmos a esse marco de ideal perfeito? A idade, a gordura, a magreza, a lesão, o trauma, fazem parte das nossas vidas, fazem de nós completos”, frisa o entrevistado.
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A mercantilização da arte é uma coisa perversa A fotografia é, conforme dito pelo próprio, o modo preferido de Tata Regala expor as suas questões ao mundo e auscultá-lo em busca de respostas, mas também tem hábitos de escrita, já produziu contos e poemas e co-encenou uma peça de teatro original. No entanto, afirma prontamente que não se considera um bom fotógrafo ou escritor. “Já me disseram que sou uma espécie de artista plástico que utiliza a fotografia como veículo, até porque, muitas vezes, privilegio a comunicação em detrimento da estética ou da técnica fotográfica. Reconheço-a, consigo atingir algum nível de qualidade, mas estou disposto a abdicar dela, com
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fotos fora do foco ou com uma exposição menos adequada, para captar o momento ou transmitir uma sensação concreta”, garante, lamentando que se esteja a diluir o potencial de comunicação da fotografia em prol da sua estética e técnica.
televisão. “A mercantilização da arte é uma coisa perversa, são coisas que não casam bem e que normalmente dão em divórcio. Se a motivação de um artista for vender, isso subverte a arte em prol das expetativas que o nosso consumidor tem e perde-se a autenticidade do criador. Isso não é imoral, a arte que é feita para vender tem o seu lugar. O que lamento é que o espaço para a arte não mercantilizável seja tão reduzido”, critica Tata Regala, o que se torna mais visível à medida que se vão cortando cada vez mais os apoios às várias formas de expressão artística.
Tata Regala não duvida que fotografia é, sobretudo, comunicação e nem sempre é possível, ou necessário, captar a imagem perfeita. “A manipulação da imagem, no local, é um recurso atualmente pouco usado. Na fotografia de reportagem, interessa captar aquilo que acontece naquele momento. Quando a ideia de um conceito é o ponto de partida para a produção artística, então, usamos a fotografia de uma maneira completamente diferente: há que trabalhar o cenário, as pessoas, as intenções, as condições de luz”, frisa, algo que tem perdido valor à medida que as pessoas cada vez optam mais pelos programas automáticos que a generalidade das máquinas modernas disponibilizam. “Com este deslumbre pela perfeição da imagem, amiúde nos esquecemos que há um potencial enorme de comunicação e vejo muito pouca narrativa nas imagens. Não quer dizer que eu seja um excelente narrador pela imagem, mas essa é a minha motivação”, garante.
Independentemente desta triste constatação, Tata Regala tem sempre vários trabalhos em mente, mesmo que se esqueça deles por momentos, e vai continuar a produzir enquanto se mantiverem as suas prioridades de vida e enquanto houver salas para expor. “Já comecei a fazer recolha de imagens para o meu próximo projeto, que se vai intitular «Minutos» e que espero concluir num ano. Sinto que a forma como me exprimo, que a linguagem que estabeleço com a fotografia, estão a ficar mais coerentes e isso agradame. Demora muito tempo para um artista criar um estilo próprio, às vezes até são os outros que descortinam primeiro um padrão, mas um padrão não implica monotonia. Se formos muito coerentes com a forma como apresentamos uma mensagem, mais facilmente as pessoas a entendem, porque o método passa a ser a folha branca e elimina-se o ruído” .
O entrevistado não nega, contudo, que esta sua postura sui generis perante a arte, nomeadamente com a fotografia, só é possível porque não produz arte com objetivos comerciais, pois o seu sustento financeiro advém das atividade de biólogo, consultor e apresentador de
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“Temos que aprender a negociar com as diferenças”, defende
Mirian Nogueira Tavares Está de regresso o ciclo de conferências «Ciências para Todos», promovido pela Universidade do Algarve com o intuito de vencer as barreiras lexicais existentes entre os diferentes domínios da Ciência, mas também de aproximar o trabalho desenvolvido pela academia da região onde se insere. Uma das participantes foi a professora Mirian Nogueira Tavares que, partindo da obra «O jardim dos caminhos que se bifurcam», procurou analisar os métodos de trabalho que contemplam a convergência e o diálogo entre as Artes e as Ciências. Texto:
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momento de tentar compreendê-lo. “Nem toda a investigação produz um output científico, mas toda e qualquer investigação deve produzir um output de conhecimento. Qualquer tipo de conhecimento. Desde que a base desta investigação esteja bem assente no rigor, que não é premissa apenas das ciências, e na genuína necessidade de construir um diálogo profícuo e constante, que não exclui as diferenças, os erros, os ruídos e que, acima de tudo, não tenta, inutilmente, organizar o caos. Mas procura, sabiamente, negociar com ele”.
convite da Universidade do Algarve e de Mirian Nogueira Tavares para a tarde de 17 de março era convocar pensadores de múltiplas disciplinas para compreender a riqueza do diálogo estabelecido entre as Artes e as Ciências, sem reduzi-lo a uma questão de hierarquização ou de genealogias. Isto porque, durante muito tempo, segundo a Coordenadora do CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação da UAlg, a Ciência tentou encontrar o mundo perfeito, quantificável, e talvez fosse agora o
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objetificação das coisas, que se consiga criar, nas universidades, pessoas que pensam, seja no campo das Artes ou da Ciência. O problema é que essas pessoas vão ser disruptivas, vão questionar, vão colocar em causa a ordem das coisas, as respostas certas, o «Sim» e o «Não». É por isso que a Arte incomoda tanto e que tem havido, nos últimos anos, um movimento tão uniforme para tentar colocarnos a todos dentro de uma caixinha muito bem rotulada. Mas, se fizermos isso às Artes, matamos a sua forma de pensar e criar”, alerta a entrevistada.
Uma mensagem em jeito de provocação, para provocar, precisamente, o pensamento, a que responderam muitos colegas de Miriam Nogueira Tavares, que tem desenvolvido o seu trabalho de investigação e de produção teórica em domínios relacionados com o Cinema, a Literatura e outras Artes, bem como nas áreas de estética fílmica e artística. “De um modo geral, os nossos colegas não sabem o que fazemos no CIAC porque, aparentemente, só se pode investigar em Ciência. Contudo, os parâmetros que se utilizam atualmente para avaliar, tanto as Artes como a Ciência, já não servem para nenhuma delas. São profundamente positivistas e estão marcados por um determinado modelo de Ciência, de uma certa produtividade que a Ciência, em muitos casos, nem gostaria de ter, e que as Artes nunca tiveram sequer”, observa a Diretora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve.
Arte que nunca foi vista como um futuro seguro, rentável, sustentável para os jovens, por não gerar rendimento para pagar as contas da casa, para alimentar uma família, um preconceito que, em pleno século XXI, ainda persiste, para tristeza de Mirian Nogueira Tavares. “Como vivemos tempos de crise, a primeira coisa que as pessoas pensam é que a Arte não serve para nada, que deve ser colocada de lado. Continua a ter força a ideia de que a Cultura e o Pensamento não metem pão na mesa e vejo miúdos, ainda no liceu, já preocupados com saídas profissionais e a riscarem as Humanidades das suas opções”, refere. “No entanto, há um movimento contrário que demonstra que, no século XXI das novas tecnologias, cada vez mais são necessárias pessoas com uma capacidade de articulação de
Consciente de que vivemos numa sociedade em que tudo tem que ser explicado através de números, Mirian Nogueira Tavares é uma defensora de que as universidades devem, sim, ser espaços de produção de pensamento. “A utilidade desse pensamento seria depois decidida pela sociedade, mas não deveríamos ser nós a focar-nos apenas em produzir coisas que sejam imediatamente úteis”, considera, embora admita que essa postura possa não interessar a toda a gente. “Acho que ainda é possível resistir a essa
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pensamento que é precisamente incentivada na área das Artes e das Humanidades”, contrapõe.
senão, são iguais a todos os outros. É aquele toque especial de pensar e relacionar com as Artes que os tornam diferentes da multidão”, afirma, reconhecendo igualmente que a pressão da sociedade para a empregabilidade tem ganho força no passado recente e num instante se criou o mito de que a Ciência é um garante de saída profissional, o que não é necessariamente verdade. “Muitos desses jovens estão tão desempregados como os artistas, mas isso está tão impregnado na mentalidade das pessoas que é difícil convencer os pais, e até os próprios jovens, de que é possível fazer-se aquilo que se gosta, no campo das Artes, e ao mesmo tempo ter sucesso profissional”.
Só que não é fácil para as Artes lutarem de igual para igual com os casos de sucesso que se conhecem no campo das tecnologias de ponta, em que um jovem cria uma simples aplicação de telemóvel e, de um dia para o outro, se torna multimilionário. Mirian Nogueira Tavares salienta, contudo, que também há muitos casos de sucesso em que os dois campos de cruzam de forma perfeitamente natural. “Tenho vários ex-alunos de Artes que trabalham na indústria de videojogos ou que produzem na animação, onde se exige o pensamento típico de um engenheiro informático, mas isso não basta,
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circundam. É um pouco como a história dos cegos que vão ver um elefante. Cada um vê apenas uma parte do elefante e pensa que ele é isto ou aquilo, por não ter consciência do todo”, compara.
Aprender a conviver com as imperfeições Outra preocupação do CIAC prendese com a literacia, a capacidade de «ler» para além de saber ler e escrever, o saber relacionar o todo com as partes que o constituem, o perceber que há mais para além do que é visível, ferramentas imprescindíveis mas que muitos jovens não possuem e, pior do que isso, nem compreendem a necessidade de as possuir. “De facto, estão mais focados numa só coisa, no seu papel, no que têm que fazer, e não no que está para além disso”, desabafa. “Para vivermos neste mundo é fulcral essa capacidade de articulação de pensamento, de articular todos os elementos que nos ALGARVE INFORMATIVO #50
E, de acordo com Mirian Nogueira Tavares, uma das primeiras lições que os pais deveriam transmitir aos seus filhos é que a perfeição só existe no mundo ideal e que eles devem aprender rapidamente a conviver com as imperfeições. “Um mundo sem atritos, perfeito, não é habitável, porque somos humanos, imperfeitos, diferentes. Se as pessoas pensassem seriamente nisso, questões como o racismo e a xenofonia teriam menos força”, assegura a professora. “Em vez de
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fazer-se campanhas a apregoar que «Somos Todos Iguais», deviam, sim, defender que «Somos Todos Diferentes! E ainda bem!». A única forma de sobrevivência é aprendermos a negociar com as diferenças e o diálogo implica ouvir o outro, tentar chegar a um consenso ou simplesmente compreender a outra parte. Todavia, o que se tenta normalmente fazer é tornar as coisas todas muito planas, criar um universo bastante bonito e perfeito em que todos somos iguais e bons. Mas não somos e, enquanto não aceitarmos isso, dificilmente vamos conseguir pensar fora duma caixa preta”.
chegar ao cidadão comum, algo que a Universidade do Algarve e o CIAC têm tentado fazer, nem sempre com sucesso, para pena de Mirian Nogueira Tavares. “Há situações em que sentimos algumas resistências, mas não desistimos, vamos continuar sempre a tentar, mesmo que com menos fundos. Se não resistirmos às dificuldades, não conseguimos produzir pensamento e as novas gerações também devem perceber isso. A universidade é o espaço perfeito para se investigar, explorar e errar, para depois, lá fora, terem mais experiência como pessoas e maiores certezas do que querem ser e fazer no resto da vida”.
Pensamentos e certezas que têm que sair rapidamente do meio académico e
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ATUALIDADE AGENTES TURÍSTICOS QUEREM REPETIR «CONHECER E VALORIZAR» muito bem. O acréscimo desta procura tem a ver com o que somos, por aquilo que valemos e não pela desgraça alheia: não podemos dizer que temos mais turistas porque outros destinos se encontram inseguros… Não gosto nada desse discurso. Os turistas procuram-nos pelo que somos, pelo que oferecemos”. Por seu turno, Pedro Moreira enalteceu mais uma vez esta iniciativa do Município e mostrou-se disponível para continuar a trabalhar em conjunto.
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s 24 agentes turísticos que concluíram a formação no âmbito da quarta edição do «Conhecer e Valorizar» afirmaram ter ficado muito satisfeitos com os conhecimentos adquiridos ao longo das 36 horas de curso, no qual tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos teóricos e de visitar locais de elevado interesse para os turistas, como igrejas, monumentos, locais naturais, espaços voltados para práticas desportivas, unidades turísticas e de lazer, entre outros. Numa pequena cerimónia, a entrega dos Diplomas foi da responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal, Carlos da Silva e Sousa, e do Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, Pedro Moreira. O autarca referiu que o Município vai continuar a promover mais formações neste âmbito e salientou a importância da Cultura para o Turismo nesta região. “É algarvio quem ama o Algarve, mas para isso é preciso conhecê-lo. Aproxima-se um ano turístico cujas expectativas apontam para um aumento da procura deste destino. Temos que saber receber e receber
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Muito satisfeitos também ficaram os formandos, afirmando que assim que houver uma outra edição, gostariam de a frequentar. António Carneiro Bastos, taxista, referiu que cada vez mais os turistas pedem informações acerca de monumentos, espaços culturais para visitar e têm muita curiosidade acerca dos usos e costumes. “Apreciam as nossas atividades culturais. Com este curso, aprofundei ainda mais o que eu já sabia de Albufeira”. Também Lídia Katunina, guia intérprete, disse que este curso lhe foi muito útil ao nível do património e animação e que apreciou bastante conhecer tudo o que existe em matéria de ambiente: “A natureza começa a ser muito procurada pelos turistas”. Esta profissional salientou também que o curso foi muito bem organizado, mas que deveria ainda ter mais horas. Posição idêntica teve Sofia Carrusca, licenciada em Património Cultural e empresária em animação turística: “Este curso permitiu-me conhecer as potencialidades de Albufeira e eu gostei de tudo, especialmente das Igrejas e do Centro Histórico” .
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ATUALIDADE
ALCOUTIM AJUDA MUNÍCIPES NO ACESSO A TRATAMENTOS TERMAIS
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Câmara Municipal de Alcoutim desenvolve na área da saúde e ação social programas e atividades de promoção da saúde e promoção do envelhecimento ativo, tendo para o efeito apoiado em 7 mil e 647,50 euros o programa de tratamentos termais. Entre os dias 28 de fevereiro e 6 de março, 39 munícipes estiveram nas Termas de São Pedro do Sul, usufruindo de tratamentos direcionados a doentes do foro ortopédico, reumatológico, respiratório e da pele. As Termas de São Pedro do Sul têm mais de dois mil anos de história, as suas águas medicinais, são aconselhadas por vários médicos conceituados, que recomendam o tratamento termal. São indicados como benefícios dos tratamentos, a melhoria significativa da mobilidade e diminuição de dores, a conquista da autonomia e autoconfiança dos doente e a diminuição do consumo de produtos químicos. A opção por um tratamento não agressivo, preventivo e sem efeitos secundários como a cura termal, levará a uma melhoria significativa da qualidade de vida.
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O envelhecimento ativo, a promoção de programas e ações para promoção da saúde e prevenção de doenças, assim como o apoio no acesso aos cuidados de saúde são prioridades do município de Alcoutim. Os participantes do programa do Gabinete de Acão Social da Câmara Municipal de Alcoutim tem, por esta ocasião, uma semana dedicada ao seu bem-estar, tranquilidade e convívio, onde se promovem novas experiências e se oferece um programa cultural e de lazer disponibilizado pelas Termas de S. Pedro do Sul .
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ATUALIDADE
CÂMARA DE FARO APOIA BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
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Presidente da Câmara Municipal de Faro e o Presidente da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Faro «Cruz Lusa» (AHBVF) assinaram, no dia 18 de março, um protocolo de colaboração que vai permitir ao Município investir 50 mil euros na melhoria das condições de operacionalidade desta corporação – 10 mil euros em cinco tranches mensais. Este protocolo foi aprovado por unanimidade em Reunião de Câmara do passado dia 14 de Março por proposta do edil Rogério Bacalhau. O objetivo é apoiar as missões de proteção e socorro desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros Voluntários durante este ano civil. ”Trata-se de um esforço suplementar que o concelho faz para apoiar os seus bombeiros. Isto corresponde a uma vontade comum de ter um corpo de voluntários igualmente bravo, mas mais forte, mais moderno, mais funcional e em instalações
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mais adequadas”, considera o autarca farense. Por seu lado, a Direção da AHBV agradeceu em nota pública o grande esforço que a autarquia levou a cabo para poder libertar esta verba, em pleno processo de reequilíbrio financeiro. “Endereçamos um agradecimento especial ao seu Presidente, Rogério Bacalhau, pela iniciativa e pelo reconhecimento diversas vezes efetuado da grande valia dos Bombeiros Voluntários como peça central no esquema de segurança e proteção civil do Concelho de Faro”. Como é do conhecimento público, a AHBVF atravessa momentos de grande dificuldade e já em 2014 e 2015 a autarquia abrira uma exceção no quadro de rigorosa austeridade que foi imposta pelo plano de reequilíbrio financeiro, para que se pudesse apoiar com alguma verba a Associação Humanitária, já então a braços com graves problemas .
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ATUALIDADE
COMITIVA DE LAGOA VISITOU CABO VERDE
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ma comitiva oficial constituída pela Vereadora Anabela Simão, em representação do Executivo Municipal de Lagoa, por Fátima Lopes, em representação da Assembleia Municipal de Lagoa, e ainda por Jorge Pardal, do Gabinete de Apoio à Presidência e Jorge Cabrita do Gabinete de Geminações, visitou o concelho de São Domingos/Cabo verde de 12 a 14 de Março, a convite do edil local no âmbito do Protocolo de Geminação celebrado em 1997. Esta visita teve como primordial objetivo a participação nas cerimónias de comemoração dos 22 anos de elevação a concelho de São Domingos outrora freguesia do concelho da Cidade da Praia. A comitiva lagoense teve ainda oportunidade de entregar donativos constituídos por material escolar, material didático, material desportivo e
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de livros infantis através de contributos dos Serviços de Educação, Desporto e Gabinete de Geminações. Foi também entregue por Fátima Lopes um conjunto de livros que resultou da contribuição dada por todos os membros da Assembleia Municipal e recolhida a quando da realização do jantar de Natal. Toda a doação passou a integrar o equipamento do Jardim de Infância do lugar de Lagoa, integrado do concelho de São Domingos, que se debatia com grande falta deste tipo de equipamento já na anterior visita a este concelho e em foi feita a promessa de o nosso município contribuir através de uma doação e que se efetuou este ano. Este fato originou um momento de grande alegria e satisfação de todos os alunos e educadora que viram o equipamento da sala de aula aumentar exponencialmente .
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ATUALIDADE ECO-ESCOLAS PASSOU POR LOULÉ uma Eco Escola. De entre as principais propostas deixadas pelos jovens estudantes destacam-se a criação de ciclovias e de percursos pedonais, a melhoria dos circuitos de transportes públicos urbanos e o incentivo ao seu uso, a realização de ações de sensibilização para a deslocação a pé, de bicicleta ou para o uso partilhado do automóvel, a criação de parqueamento de bicicletas sobretudo junto às escolas ou a realização de eco-caminhadas.
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endo a mobilidade sustentável uma das suas prioridades, foi com especial entusiasmo que a Câmara Municipal de Loulé aceitou o desafio da ABAE (Associação Bandeira Azul da Europa) para realizar a «Rota dos 20» neste concelho, constituindo esta mais uma oportunidade para sensibilizar a comunidade escolar (e a população em geral) para a importância de uma mobilidade mais segura, eficiente, inclusiva e amiga do ambiente. Assim, a iniciativa passou por oito escolas, entre os dias 14 e 16 de março: Escola EB1 D. Francisca de Aragão (Quarteira), Escola EB 2,3 de Quarteira, Escola Secundária Laura Ayres (Quarteira), EB1 da Fonte Santa (Quarteira), Escola EB 2,3 Dr. António de Sousa Agostinho (Almancil), EBI Dr. Aníbal Cavaco Silva (Boliqueime), Escola EB 2,3 Engº Duarte Pacheco (Loulé) e Escola Secundária de Loulé. Durante todo o percurso, os alunos levaram consigo os símbolos da iniciativa, nomeadamente a bandeira «Eco-Escolas Rota dos 20», os pergaminhos com sugestões dos alunos e compromissos para uma mobilidade mais sustentável e o Livro das Escolas onde as escolas deixaram o seu testemunho sobre o que é ser
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Para encerrar a iniciativa, os alunos da Secundária de Loulé foram recebidos, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, pelo presidente da Autarquia, Vítor Aleixo, pelo vereador do Ambiente, Pedro Oliveira, e pelo Chefe da Divisão de Ambiente, Espaço Público e Transportes, Pedro Ventura. A pequena cerimónia simbólica teve início com a leitura, efetuada por uma aluna, de um pequeno texto sobre a realização e balanço da «Rota dos 20» no Município de Loulé, após a qual os alunos entregaram ao autarca os pergaminhos com as sugestões e contributos de todas as Eco-Escolas concelhias e o Livro das Escolas. A Rota dos 20 no Município de Loulé finalizou com a assinatura da Bandeira da Rota por parte do autarca e do vereador, que assim reafirmam e assinalam o compromisso da Autarquia na permanente construção de uma mobilidade mais sustentável, eficiente e inclusiva e com o Programa Eco-Escolas. O sucesso da dinamização da «Rota dos 20» no Município de Loulé foi apenas um exemplo do grau de envolvimento, dedicação e compromisso das Eco-Escolas concelhias com o respetivo programa e da importância do seu contributo na construção de Município ambientalmente mais sustentável . 56
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ATUALIDADE
VII JOGOS DE QUELFES FORAM APRESENTADOS EM OLHÃO
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ecorreu, no dia 21 de março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Olhão, a apresentação oficial do programa dos VII Jogos de Quelfes, que se irão realizar entre os dias 9 e 23 de abril em alguns concelhos algarvios e também do outro lado da fronteira, na província de Huelva (Andaluzia, Espanha), mais concretamente em Ayamonte. A sessão de apresentação contou com a presença dos representantes das entidades organizadoras, entre os quais Olhão, Ayamonte, Faro, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, para além dos professores que têm a seu cargo as várias atividades previstas para estes Jogos, assim como representantes de várias associações desportivas, da Academia Olímpica de Portugal e do Instituto Português do Desporto e Juventude.
que “o tema Olimpismo tem um amplo destaque com esta iniciativa”, destacando a vertente da “superação pessoal”. “Os jovens precisam cada vez mais de bons hábitos de vida e a prática desportiva é fundamental”, acrescentou António Miguel Pina. O vereador representante do Ayuntamiento de Ayamonte, Jose Manuel Corrêa, agradeceu a oportunidade de a sua região poder participar nesta realização que agora se estende alémfronteiras. “Queremos que o olimpismo seja incutido desde cedo nos jovens, é importante que participem, sem a preocupação de ganhar ou perder”, referiu o autarca andaluz. Já Acácio Martins, vereador sambrazense, avançou que no seu concelho tem sido feita uma forte “aposta na formação, existindo atualmente mais de 1500 jovens a praticar desporto, 80 por cento dos quais fazem-no também fora do espaço escolar”. O autarca tavirense José Manuel Guerreiro deu conta da grande aposta que o seu concelho tem feito na promoção da atividade física, garantindo que o concelho aguarda “com todo o entusiasmo e empenho os Jogos deste ano”.
Na qualidade de anfitrião, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, enalteceu mais uma vez a ideia dos Jogos de Quelfes, congratulando-se com o facto de “aqui ter nascido, no concelho, mais concretamente na freguesia de Quelfes, este conceito”. O autarca começou por dar os parabéns à organização e ao seu grande mentor Gustavo Marcos, realçando
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ATUALIDADE Filipe Santos, em representação do movimento olímpico português, deixou várias ideias sobre este conceito, nomeadamente ao afirmar que “os Jogos de Quelfes são uma iniciativa de grande importância para incutir valores nos jovens praticantes”. Coube ao mentor deste projeto, Gustavo Marcos, encerrar as intervenções oficiais no âmbito desta apresentação: “Ao pugnar pela promoção da filosofia de vida que é o olimpismo, os Jogos de Quelfes procuram, em primeira mão, ser coerentes com aquilo que são os ideais proclamados por Pierre de Coubertin, num escalão etário onde aquilo que ensinamos pode, de facto, fazer toda a diferença nas crianças em idade escolar: o 1º ciclo do Ensino Básico”. Adiantou ainda que “o mais importante não é a vitória ou a derrota, mas sim os momentos de respeito e valorização do oponente. Essa á alma dos Jogos de Quelfes”. A próxima etapa dos VII Jogos de Quelfes será a cerimónia de abertura, que se irá realizar no dia 9 de abril no Pavilhão Municipal de Tavira, às 18h00. A edição deste ano, recorde-se, começou com a Chamada Para os Jogos que já percorreu quase 1000 quilómetros, passando por todos os concelhos algarvios, por alguns do Baixo Alentejo e pela região espanhola da Andaluzia. As provas integradas nos VII Jogos de Quelfes vão decorrer a partir do dia 10 de abril e terminam a 22. No dia 23 realiza-se a cerimónia de encerramento, em local que a organização ainda não divulgou. Nesta apresentação que decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Olhão, foram apresentadas todas as provas, assim como os respetivos locais das suas realizações. Assim, a 10 de abril, domingo, a partir das 9h30, realizam-se as provas de Ciclismo/ BTT (Pais&filhos) no Circuito de Manutenção de Pinheiros de Marim (Olhão). No mesmo dia, mas à tarde, a Avenida 5 de Outubro, também em Olhão, acolhe a modalidade de Duatlo Atletismo/Canoagem (Pais&filhos) a partir das
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14h30. Na segunda-feira, 11 de abril é dia de Basquetebol 3x3. A competição acontece no Pavilhão Municipal de São Brás de Alportel a partir das 9h30, e no dia 12, terça-feira, há atletismo no outro lado da fronteira, mais precisamente no Estádio Blas Infante, em Ayamonte às 11h (hora local). A 13 de abril, quarta-feira, realizam-se as provas de Natação nas Piscinas Municipais de Faro, a partir das 10h e no dia seguinte, quinta-feira (14 de abril) há Futebol no Estádio Ciudad de Ayamonte às 11h (hora local). Na sexta-feira, 15 de abril, o Pavilhão Municipal de Loulé acolhe a competição de Andebol a partir das 9h30. Domingo, 17 de abril, será dedicado aos desportos náuticos. Haverá Vela, nas Quatro Águas, em Tavira, às 9h30, e Canoagem na Baixa de Ayamonte, às 12h00 (hora local). No dia 18 de abril, segunda-feira, Ayamonte também acolhe a prova de voleibol no Pavilhão Municipal de Ayamonte, às 11h (hora local). A 19 de abril, terça-feira, realiza-se a competição de Boccia (desporto adaptado) na EB1 N.º 2 de Almancil (Loulé), às 10h, e a 20 de abril a Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes, em Olhão, recebe a prova de Lenço Grego, a partir das 10h. O último dia de atividades – 22 de abril, sexta-feira – será dedicado à Equitação (desporto adaptado) no Centro Hípico Pine Trees, Almancil (Loulé), a partir das 10h .
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ATUALIDADE PORTIMÃO RECEBE CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE POLÍTICAS DE JUVENTUDE
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cidade de Portimão é a anfitriã da Conferência Internacional sobre políticas de juventude a nível local e regional e o seu papel no desenvolvimento dos territórios. A iniciativa, organizada pela Cooperativa Ecos - Educação, Cooperação e Desenvolvimento, CRL em parceria com a Câmara Municipal de Portimão, terá lugar no Museu de Portimão entre 12 e 15 de abril. Esta ação, realizada no âmbito do projeto «DYPALL - Developing Youth Participation at Local Level», trará a Portugal mais de 30 organizações da sociedade civil, 50 técnicos de juventude, jovens, representantes do poder político local, investigadores e profissionais, com experiência no tópico desta conferência, para partilhar, debater e apresentar as suas perspetivas e entendimentos sobre a participação dos jovens nos processos de tomada de decisão a nível local, nacional e europeu. Em
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discussão estarão temas como: Estruturas e mecanismos de participação dos jovens nos processos de tomada decisão; espaços de participação juvenil (conselhos municipais, regionais e nacionais, fóruns e outros espaços de participação informal); cooperação entre organizações de juventude ou organizações da sociedade civil e o poder local em torno das políticas de juventude e a garantia jovem a nível local e regional em articulação com os stakeholders relevantes. O Município de Portimão tem procurado adequar as políticas municipais às necessidades e expetativas dos jovens e desenvolver atividades que contribuam para a criação de uma geração jovem, dinâmica, participativa e interventiva. A Educação e Formação, a Saúde, a Cultura, o Desporto, o Lazer, a Cidadania, o Associativismo e a Habitação são algumas das áreas de intervenção deste Município, que se têm revelado estratégicas na inclusão, participação e emancipação dos jovens. O acolhimento desta conferência constitui-se como uma oportunidade única de aprendizagem, através da partilha de experiências e casos de sucesso, e será sem dúvida uma mais-valia para todos os intervenientes .
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ATUALIDADE MUNICÍPIO DE SILVES E DIREÇÃO GERAL DE REINSERÇÃO E SERVIÇOS PRISIONAIS ESTABELECERAM ACORDO DE COLABORAÇÃO prisional, promovendo uma melhoria do seu bem-estar pessoal e qualidade de vida, bem como a mudança de comportamentos e atitudes que lhes permitam uma melhor reintegração na sociedade e a prevenção do risco da sua reincidência criminal, com base nas características e necessidades, individuais e coletivas. É neste sentido que, com o estabelecimento deste acordo, a Câmara Municipal de Silves, através do seu sector de Psicologia, fará o acompanhamento psicológico de reclusos do EP que estejam previamente sinalizados pelos técnicos do referido estabelecimento.
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oi assinado, no dia 24 de março, entre o Município de Silves e a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) Estabelecimento Prisional (EP) de Silves, um acordo de colaboração tendo em vista a prestação de apoio a nível psicológico, nomeadamente consultas de psicologia individuais e dinâmicas de grupo aos reclusos do EP.
Por forma a serem aferidas estratégias de intervenção concertadas, fundamentais num cenário de cooperação multidisciplinar, serão promovidas mensalmente reuniões de carácter técnico, entre os Serviços Clínicos do EP e o Serviço de Psicologia do Município de Silves. O presente acordo tem a duração de dois anos, renovando-se automaticamente por iguais e sucessivos períodos de tempo. Presentes na cerimónia estiveram o Executivo Permanente da CMS - composto por Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal, Mário Godinho, VicePresidente e Luísa Conduto Luís, vereadora Celso Manata, diretor da DGRSP, Ricardo Torrão, diretor do EP de Silves, Luís Mira, chefe do EP de Silves e Carla Maia, Técnica Superior do EP .
Considerando que os estabelecimentos prisionais são palco de uma vida psicossocial própria, onde a mudança e a transformação se sucedem a um ritmo que rapidamente desprogramam as adaptações que os reclusos adquiriram na comunidade, importa sanar as consequências negativas inerentes à entrada e permanência regular e constante no meio
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ATUALIDADE 17ª MARCHA CORRIDA E 2.º TRAIL DA RIA FORMOSA TIVERAM QUATRO MIL PARTICIPANTES o Parque Natural da Ria Formosa (considerada uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal). Num esforço de alerta para a preservação do ambiente, sob o lema «PARTICIPE! MAS NÃO DEIXE MAIS DO QUE PEGADAS», evidencia-se a colaboração com a empresa municipal FAGAR e a associação à campanha promovida pela ALGAR, «Eco Evento». Através da presença do Tenente Coronel Lopes dos Santos (em representação da Guarda Nacional Republicana), a «Caminhada pela Floresta '16» juntou-se à 17ª Marcha Corrida Ria Formosa e ao 2.º Trail Ria Formosa, com o intuito de comemorar o Dia Mundial da Árvore e da Floresta e assinalar a data com a plantação simbólica de uma árvore no local.
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ealizou-se, no dia 20 de março, a 17ª Marcha Corrida e 2.º Trail da Ria Formosa, evento organizado pela Câmara Municipal de Faro, com a colaboração de mais de duas dezenas de entidades concelhias associativas e empresariais. O balanço foi extremamente positivo, tendo a organização contabilizado uma participação de aproximadamente quatro mil pessoas (127 dos quais na vertente de competição).
A organização colocou à disposição de todos os participantes uma renovada área multidesportos, apoiada pela Decathlon e ESEC- UAlg, um espaço pic-nic, uma zona de exposições promovida pelo Grupo Entreposto, e muitos milhares de laranjas e águas (com o apoio da Cacial, Frutas Álvaro Paço e Jumbo de Faro). Em parceria com a Altimetria Associação Desportiva organizou-se a 2.ª edição do Trail da Ria Formosa, atividade que contou com 127 participantes. Neste aspeto destaca-se, na categoria masculina, o 1.º lugar de Manuel Ferraz, o 2.º lugar de César Rodrigues e a terceira posição de Bruno Tita, assim como o 1.º lugar de Ana Rita Gaspar, a segunda posição de Felisbela Sousa e o 3.º lugar de Ana Duarte, na categoria feminina .
No âmbito da parceria celebrada com o Grupo HPA Saúde construiu-se um coração humano gigante que pretendeu despoletar uma consciencialização para a prática da atividade física e do desporto e estilos de vida mais ativos e saudáveis. Realizaram-se 286 rastreios de saúde, que incluíram a medição da Tensão Arterial, Glicémia e Índice de Massa Corporal. O contato com a natureza e a prática de exercício físico ao ar livre constituíram o grande atrativo para esta iniciativa que teve como palco
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ATUALIDADE 2.º TRIATLO DE ALTURA REUNIU CERCA DE 300 ATLETAS
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ltura foi palco da 2ª edição de Triatlo, prova que contou para o Campeonato Nacional de Estafetas Mistas, para a etapa inaugural da Taça de Portugal de Triatlo e de uma Prova Aberta, numa organização conjunta da Câmara Municipal de Castro Marim e da Federação de Triatlo de Portugal. No sábado, dia 19 de março, a 1ª Etapa da Taça de Portugal de Triatlo, prova muito concorrida, que juntou cerca de 300 atletas, a atleta ainda júnior, Madalena Almeida da equipa «Os Belenenses», foi a vencedora da competição feminina, segundo lugar para Gabriela Ribeiro do Alhandra Sporting Club e a experiente atleta do Sporting Clube de Portugal, Liliana Alexandre, completou o trio da frente. Em masculinos, o vencedor foi o atleta do Portugal Talentus, Mateusz Kazmierczak, seguido de Vasco Paiva Vilaça «Os Belenenses», completando o pódio, o atleta do Sport Lisboa e
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Benfica, João Francisco Ferreira. Por equipas, a etapa foi vencida pelo Alhandra Sporting Club em femininos e pelo Sport Lisboa e Benfica em masculinos. O Sporting Clube de Portugal e o Rio Maior Triatlo completaram o pódio feminino no segundo e terceiro lugar, respetivamente. Na vertente masculina, o Clube Olímpico de Oeiras ocupou o segundo lugar da classificação e o Rio Maior Triatlo repetiu o terceiro. Em relação ao Campeonato Nacional de Estafetas Mistas, «O Rio Maior Triatlo» dominou por completo a competição, ocupando os três primeiros lugares da classificação geral, sagrando-se campeão nacional de clubes de triatlo estafetas mistas, o Sporting Clube de Portugal sagrou-se vice-campeão nacional, alcançando o 4.º lugar da geral e 2.º do campeonato, o Clube Olímpico de Oeiras completou o pódio na terceira posição .
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FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina
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profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.
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