ALGARVE INFORMATIVO WWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT
#54
ANDRÉ BADALO diz «Basta!» com «Portugal não está à venda»
TAPETE MÁGICO MANIFESTO PELA ARTE 1
CAMINHAR CONTRA OS MAUS-TRATOS ALGARVE INFORMATIVO #54
ALGARVE INFORMATIVO #54
2
3
ALGARVE INFORMATIVO #54
CONTEÚDOS Manifesto pela Arte - 46
André Badalo - 16
Clube de Teatro Tapete Mágico - 38
Atualidade - 54
Caminhada contra os maus-tratos na infância - 8 ALGARVE INFORMATIVO #54
4
OPINIÃO
Os filhos de abril, desiludidos, mas conformados Daniel Pina - 6
Onde estavas no 25 de abril? Paulo Cunha - 26
“Abril já feito. E ainda por fazer” José Graça - 30
É tempo de voltar a criar um Observatório para o sector Cultural! Dália Paulo - 32
Labirintos e fascínios da dança contemporânea Paulo Pires- 34
Igualdade é mais que uma questão de género Mirian Tavares - 36
5
ALGARVE INFORMATIVO #54
Os filhos de abril, desiludidos, mas conformados Daniel Pina
E
m pleno fim de semana de 25 de abril, parecia mal não falar da Revolução dos Cravos, embora seja sempre relativo falar de algo que não se vivenciou, nem o momento concreto, nem o que o antecedeu. Sou, por assim dizer, mais um dos «filhos de abril», parte de uma geração que nasceu já com Portugal a viver uma democracia. Curiosamente, os meus pais tinham casamento marcado para o dia 24 de abril de 1974, teve a cerimónia que ser adiada um dia ou dois, já não tenho a certeza. Lembro-me apenas das histórias de que a minha avó andava em pânico com o sucedido, não a pensar nas consequências de tão importante momento para a história moderna do nosso país, mas porque se ia estragar toda a comida e bolos preparados para a boda. E como nasci em março de 75, fui concebido ainda o país não sabia bem o que esperar da revolução do 25 de abril. À medida que ia crescendo, tenho memória da minha avó estar sempre a dizer que no tempo do Salazar não havia tanta gente a passar fome, ou sem emprego e casa para viver. Aliás, repetia vezes sem conta que o antigo ditador lhe tinha dado, não ele pessoalmente, claro, mas o seu regime, uma máquina de costura Singer. Não sei se é verdadeira a história ou não, mas o que não faltavam eram idosos a lembrar-se, com saudades, dos tempos da velha senhora. Não queriam saber da PIDE para nada, nem do isolamento a que Portugal estava votado, sabiam apenas que havia sempre algo para comer em cima da mesa, que não havia tanta miséria, pelo menos não à vista desarmada, com pessoas a pedirem dinheiro ao virar de cada esquina, a dormirem nos passeios na rua, nos bancos do jardim.
ALGARVE INFORMATIVO #54
Como disse, quem nasceu no pós-25 de abril só pode falar do que leu nos livros de história, do que ouviu os pais e avós contarem, não vivemos nada nisso. Mas já vivemos com os excessos que a Democracia nos trouxe, com os proveitos do dinheiro que parecia jorrar sem fim da CEE, depois União Europeia, com os pequenos luxos pagos com o dinheiro que os bancos nos enfiavam pelos bolsos adentro, a troco de prestações «perfeitamente ao nosso alcance», afirmavam eles de sorriso nos lábios. Tinham-se acabado os sacrifícios, não precisávamos passar pelas dificuldades dos nossos pais, muito menos trabalhar no campo, no mar, nas oficinas, nas minas, nas fábricas. Agora, podíamos ser todos doutores e engenheiros, arquitetos e advogados, raios, até mesmo políticos. Tudo era possível, era o tempo de sonhar sem fronteiras, de não pensar em limites, não se cansavam de profetizar os governantes que se foram sucedendo em catadupa. Perdemos terreno na agricultura, pesca, pecuária, indústria, começamos a comprar tudo aos outros países europeus, porque havia dinheiro para isso e não ficávamos com dores nas costas, nem com calos nas mãos. Formamos licenciados a granel, muito mais do que precisávamos, tudo à caça do ambicionado canudo para esfregar na cara do vizinho. Compramos casas de férias, mudávamos de carro todos os anos, gastávamos pipas de massa em televisões de maior ecrã, em telemóveis mais sofisticados, em roupa de marca.
6
Os governantes sucediam-se, a conversa era sempre a mesma, está tudo bem, não há crise que nos afete, o dinheiro vai continuar sempre a vir dos nossos parceiros europeus, desde que nos portássemos todos bem. Depois, acabou-se o tempo da ilusão, era tempo de encarar a realidade, estávamos todos com a corda na garganta, sem dinheiro para pagar o que devíamos, a comer à conta dos cartões de crédito, todos no desemprego, sem perspetivas de vida. Os governantes mudavam, umas vezes de esquerda, outras de direita, outras não se sabe muito bem de que lado eram, já ninguém percebe bem o que é esquerda ou direita. Percebemos apenas que não mandamos em nós, que temos que continuar a portar-nos bem, caso contrário, fica o país penhorado, pelo menos aquele que ainda não foi vendido a angolanos, chineses e americanos. Não vivi na Ditadura, nasci e cresci na Democracia, mas sei que, daí a vivermos numa terra de total liberdade, seja ela de que tipo for, vai um grande passo, um passo que não sei se conseguiremos algum dia dar. E os governantes continuam a suceder-se e agora dizem que, afinal, não está tudo bem, mas também já não está tão mal como há poucos anos. E discutem piropos e o sexo do cartão de cidadão, mas não discutem a exploração de petróleo no Algarve, ou os acidentes nas estradas, a falta de médicos nas periferias, de lares para os velhotes, de jardins-deinfância para os miúdos, enfim, coisas que realmente era importante discutir .
7
ALGARVE INFORMATIVO #54
Caminhar contra os maus-tratos na inf창ncia Texto:
ALGARVE INFORMATIVO #54
Fotografia:
8
Abril é Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância e o Algarve tem sido palco de diversas ações de sensibilização, umas organizadas pelas autarquias locais, outras pelo movimento associativo. No passado dia 18, o Algarve Informativo foi até São Brás de Alportel para engrossar o pelotão da caminhada organizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, com algumas dezenas de participantes, trajados a rigor, com peças de roupa de cor azul, a aderirem a esta nobre causa.
9
ALGARVE INFORMATIVO #54
O
desafio foi lançado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco de São Brás de Alportel, juntar todos os interessados no Pavilhão Municipal, ao final da tarde de 18 de abril, para uma caminhada de quatro quilómetros em redor da vila com o intuito de chamar a atenção para a temática dos maus-tratos na infância. A iniciativa inseria-se no programa alusivo ao Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância e contou com algumas dezenas de são-brasenses que, ao trajarem uma peça de roupa azul, replicaram o gesto de uma avó dos Estados Unidos da América que, em 1989, decidiu colocar uma fita azul na antena do seu carro para chamar a atenção para a urgência da promoção e proteção dos direitos das crianças. A história que contava a quem a questionava sobre o gesto era a dos seus
ALGARVE INFORMATIVO #54
netos, ambos vítimas de maus-tratos, a cor da fita era azul porque lhe lembrava as nódoas negras que preenchiam os seus pequeninos corpos. E assim nasceu o laço azul que atualmente representa esta luta em prol dos mais jovens, uma luta que tem sido travada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) e que foi instalada, em São Brás de Alportel, em 2011. “Estas datas são importantes para sensibilizar a comunidade geral para um assunto que, infelizmente, é uma realidade com que a Comissão tem que lidar todos os dias”, revela Marlene Guerreiro, vereadora da Câmara Municipal de São Brás de Alportel e presidente da CPCJ local. CPCJ que, num formato alargado, são constituídas por todas as entidades do concelho que estão relacionadas com as crianças e os
10
mais jovens e cuja principal missão é alertar, estar atento, prevenir os maustratos na infância. “Debatemos regularmente aquilo que nos preocupa mais e, este ano, estamos a incidir os nossos esforços sobre o alcoolismo, porque afeta os jovens enquanto consumidores, e com números assustadores, e porque é a ignição de muitos dos problemas que acontecem em casa, levando a famílias destruturadas”, explica Marlene Guerreiro, acrescentando que, depois, existe um núcleo de intervenção, uma comissão em formato restrito que reúne quinzenalmente para decidir sobre os processos que chegam à CPCJ. “Acompanhamos cerca de 50 processos ativos e, desde que iniciamos funções, já abrimos 170 processos, um número elevado para uma terra de 11 mil habitantes. Contudo, sem a Comissão, estes jovens não seriam tão bem Marlene Guerreiro, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco de São Brás defendidos, sobretudo porque trabalhamos com muita proximidade e de Alportel possível”, lamenta, com um em rede”, indica a autarca e dirigente. sentimento de impotência. A tempo inteiro na CPCJ de São Brás de Maus-tratos na infância que, se Alportel estão duas técnicas, uma do calhar, associamos mais às grandes município, outra representante do Ministério da Educação, e são elas que metrópoles, aos centros urbanos com recebem as sinalizações e realizam os milhares de habitantes, ao mesmo tempo que pensamos que, nas terras trabalhos de acompanhamento diário mais pequenas, essas situações são dos processos, pelo que Marlene Guerreiro desejaria que fossem mais. menos raras, porque toda a gente se “Estas crianças têm famílias, ou não conhece, toda a gente cuida de toda a gente, mas essa não é a realidade, têm e deveriam ter, e precisam de uma preto no branco, confirma Marlene atenção próxima e constante. Decidir sobre um processo ou uma medida é Guerreiro. “Para nós, 170 casos são muitos mas, comparando com outras penoso e difícil, mas acontece naquele momento específico, depois, era cidades, São Brás de Alportel ainda é um paraíso. A verdade é que os preciso dar seguimento a essa decisão, estar no terreno e nem sempre isso é maus-tratos não são apenas físicos, 11
ALGARVE INFORMATIVO #54
mas também ao nível da negligência, do abandono, da falta de cuidados de alimentação, educação, higiene e saúde. Uma criança precisa de carinho, afeto, acompanhamento e os casos de maustratos não acontecem apenas nas famílias mais pobres, nas que vivem afastadas dos núcleos urbanos, nas menos letradas”, avisa.
pai e mãe que são, de facto, pais e mães, e tendemos a pensar que isso sucede em todos os lares. Todavia, Progenitora não é, muitas vezes, Mãe”, aponta Marlene Guerreiro.
Por outras palavras, a falta de defesa dos interesses das crianças é um fenómeno transversal a toda a sociedade, independentemente dos estratos etários, níveis culturais, padrões de vida, o que, por vezes, induz em erro as pessoas. “Esta experiência na Comissão fez-me ver uma realidade que eu própria desconhecia e, se calhar, era mais feliz quando não a conhecia. Cresci com uma família pequenina mas muito unida, honesta, verdadeira e sincera, com um
Seja por todas as ações de sensibilização promovidas pelo poder local e pelas associações, seja pelas constantes notícias que chegam à comunicação social, a tendência dos últimos anos é o cidadão comum colaborar cada vez mais com as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, alertando para situações de que tenham conhecimento. Apesar disso, ainda existe um certo receio ou comodismo
ALGARVE INFORMATIVO #54
É complicado crescer sem amor
12
Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, também não faltou à caminhada, acompanhado pelos filhos
de sinalizar os casos de maus-tratos, o que leva as CPCJ a dinamizarem diversas iniciativas e formações junto das escolas e da sociedade civil. “Qualquer um de nós pode e deve sinalizar, e pode fazê-lo de forma anónima, é preciso é que faça. É preferível abrir um processo e fechá-lo de seguida por verificarmos que não existia qualquer risco ou perigo, do que deixar de abrir um processo e tomarmos conhecimento das situações quando já é tarde demais”, aconselha a entrevistada. Maus-tratos que já não acontecem apenas no ambiente familiar, estendendo-se ao meio escolar e a jovens casais de namorados, uma situação que preocupa bastante Marlene Guerreiro e os seus colegas. “As situações de risco vão-se alterando à medida que a própria sociedade se vai modificando e é 13
verdade que o bullying está a tornarse frequente nas escolas, e na internet, algo que ainda é mais recente. Hoje, os nossos jovens têm um pátio na escola, e têm outro, bastante grande e que não se conhece muito bem, na internet, onde toda a gente brinca e nem sempre em segurança”, alerta a dirigente, salientando que, em São Brás de Alportel, são raros os casos de maustratos físicos ou de abuso sexual. “O que temos mais são famílias que não sabem ser famílias, crianças que crescem um bocadinho abandonadas, por sua conta, sem aquele acompanhamento dos pais em termos de alimentação, de higiene. Quando uma criança não tem essa segurança do amor de família, torna-se muito complicado crescer e é o início de ALGARVE INFORMATIVO #54
cresciam. Há muitas famílias que precisam aprender a ser famílias, e isso demora tempo, e é preciso que haja vontade para tal”, sublinha, triste por saber que há pais que não têm intenção de alterar os seus comportamentos. uma juventude problemática e de toda uma vida sem referências. A forma como nós olhamos o mundo, quando temos quatro, cinco ou seis anos, vai influenciar a forma como o vemos no resto da nossa vida, pelo que é fundamental atuar o mais cedo possível”. Uma negligência que, por vezes, até pode ser resultado do corre-corre em que a maioria dos pais vive atualmente, deixar os filhos na escola logo pela manhã, ir para o trabalho, ir buscar os filhos ao final da tarde, chegar a casa, tratar do jantar, preparar o dia seguinte, dormir e repetir tudo outra vez, mas Marlene Guerreiro distingue essas situações das realmente de risco que chegam às CPCJ. “Quando a Comissão intervém é porque os direitos das crianças não estão, efetivamente, a ser defendidos, quando os pais são realmente negligentes, quando deixam os miúdos sozinhos. Também é certo que há pais que não sabem ser melhores pais porque, se calhar, forem eles próprios negligenciados enquanto ALGARVE INFORMATIVO #54
E quando os problemas não são detetados e resolvidos a tempo, tendem a agravar-se com a idade e são depois passados para a geração seguinte, admite Marlene Guerreiro. “É difícil que alguém tenha esperança, que seja positivo, que tenha uma carreira de sucesso, quando não teve um pai ou uma mãe como referência. Há crianças que não têm ninguém, que crescem no vazio, que veem os outros meninos com uma família e sentem que não tem o mesmo, que algo não está certo”, descreve. “Nós, quando fazemos uma maldade em casa, ou quando temos uma má nota na escola, sentimos um pouco de tristeza porque sabemos que vamos desiludir os nossos pais. Há crianças que não têm ninguém a quem agradar ou desiludir e, se continuarem a ser mal comportados, vão apenas repetir o que já se tornou habitual para eles. É impossível imaginar o que passa pela cabeça de algumas destas crianças e jovens”.
14
Ora, como as CPCJ não trabalham de forma isolada, nem podem resolver os problemas por si só, questionamos Marlene Guerreiro sobre como funciona a coordenação com as forças de segurança, tribunais, Segurança Social e Instituições Particulares de Solidariedade Social. “A Lei de Proteção de Crianças foi atualizada há pouco tempo e, em muitas situações, está bastante mais funcional e efetiva, mas precisa ser oleada e experimentada. Veio simplificar nalgumas questões, veio burocratizar O vereador Acácio Martins, no final da caminhada, em exercícios de alongamento com a esposa Carla e a filha Beatriz noutras mas, para defender crianças e jovens, há algumas entende que, em determinadas formalidades que são mais facilitadas situações, colocar os jovens em do que quando dizem respeito a ambiente de trabalho era o melhor adultos. Grosso modo, a parceria entre caminho a seguir. “Vemos miúdos entidades funciona e é mais rápida e nas escolas completamente célere”, atesta, aproveitando para desmotivados, que precisavam de agradecer a boa relação existente em algo mais profissionalizante, de São Brás de Alportel com a Guarda Nacional Republicana, com o outros desafios e experiências. Ainda faltam respostas adequadas à nossa Agrupamento de Escolas e com as IPSS realidade, mas acredito que as coisas do concelho. “Também a Segurança vão melhorando”, finaliza, não sem Social tem a sua representante na Comissão e está sempre disponível para antes dar uma achega a um ciclo de atividades para toda a família que nos ajudar, porque a institucionalização deverá avançar em breve. “Começou de uma criança ou jovem deve ser o por ser um «B-A-B para Papás», último recurso mas, às vezes, é a melhor solução”. agora, será um «B-A-B para as Famílias» e com sessões para cada fase da vida, desde o período da Contudo, a autarca reconhece que gravidez até a adolescência dos continuam a faltar mais respostas sociais neste campo um pouco por todo o país e nossos filhos” . 15
ALGARVE INFORMATIVO #54
André Badalo fez um filme para dar um murro na mesa e dizer
«BASTA!» Vários pontos do Algarve têm conhecido um alvoroço fora do habitual ao longo destes últimos meses, mas não por causa de algum evento desportivo, festival musical ou caravana política. Tratam-se das filmagens de «Portugal não está à venda», a estreia do realizador algarvio André Badalo nas longasmetragens, depois de uma carreira recheada de prémios internacionais nas curtas-metragens. Um filme que não pretende ser político, poderá antes descrever-se como uma trágico-comédia, mas que incide sobre assuntos sérios e bastante atuais, para que os espetadores saiam das salas de cinema com vontade de dar um murro na mesa e dizer «Basta!», porque Portugal não pode ser vendido ao retalho aos grandes interesses económicos. Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e David Badalo ALGARVE INFORMATIVO #54
16
17
ALGARVE INFORMATIVO #54
J
á andava «atrás» de André Badalo há algumas semanas, mas o corrupio em que o realizador algarvio tem vivido nos últimos meses não lhe dava grande margem de manobra em termos de agenda para uma simples pausa para café e dois dedos de conversa. O motivo é bem simples, «Portugal não está à venda» está na fase final de filmagens, filmagens essas que têm acontecido um pouco por todo o Algarve, das ribanceiras de Vila do Bispo ao alto da Serra do Caldeirão, no concelho de São Brás de Alportel, passando pelos ambientes citadinos do litoral. Numa destas manhãs, lá nos encontramos finalmente na Fuzeta do coração de André Badalo, de olhos pespegados na Ria Formosa, uns raros minutos de tranquilidade em que revelou que o projeto desta longametragem começou a ser idealizado há cerca de dois anos, primeiro as ideias, depois o guião propriamente dito. “O filme é composto por cinco histórias cruzadas, em torno de cinco membros da mesma família, e filmamos logo uma dessas partes. O tempo foi passando, com tudo o que tem acontecido no país, na Europa e no Mundo, mas decidimos tentar reunir as condições necessárias para avançar”, conta, ainda a recuperar de mais uma noitada intensa de trabalho. Cinco histórias que poderiam ter dado origem a cinco curtas-metragens, aquela que tem sido a especialidade de André Badalo até à data, com uma ALGARVE INFORMATIVO #54
prateleira cheia de prémios em festivais internacionais de primeira água, mas o objetivo foi, desde o início, uma longa-metragem e, felizmente, a Lusomundo achou imensa piada ao conceito. “Entenderam que era um projeto com enorme potencial e vai ser, então, a nossa primeira longametragem a sair nos cinemas”, indica André, acrescentando que o filme é uma trágico-comédia sobre o dia em que Portugal é colocado à venda. “Há uma família portuguesa que decide ir contra essa ideia e enfrentar tudo e todos, sejam lá eles quem forem. A história tem momentos muito revoltantes e tristes mas, durante as filmagens, acabamos por nos rir de algumas situações, de tão ridículas que são. É esse sentimento que queremos transmitir às pessoas. Como é possível que não nos questionemos sobre determinadas coisas que teimam em continuar a acontecer”, dispara, sem esconder a revolta. Contudo, apesar do tema sensível, «Portugal não está à venda» não pretende ser um filme político, procura, sim, uma reflexão sobre a nossa identidade, sobre a importância de sermos portugueses, de defendermos o nosso país. “Se ficarmos sem Portugal, passamos a ser o quê? Às vezes ouço as pessoas dizerem que, se calhar, era melhor se fossemos espanhóis, ingleses ou norte-americanos. Para mim, o melhor é mesmo ser português e para os meus filhos, que ainda não 18
tenho, quero perpetuar essa identidade nacional, que é tão rica e tão nossa. O problema é que estamos a ver o nosso país a ser realmente vendido”, afirma, considerando que a nova geração de portugueses é bastante instruída mas, infelizmente, foi partida, convidada a sair do seu país. “A quantidade de pessoas que emigraram é uma das tragédias de que o filme fala. É uma desgraça épica a que estamos a assistir”. Ciente de todos estes dramas, André Badalo deseja que o seu filme sirva para que os portugueses abram os olhos e se sintam motivados para alterar o rumo das coisas. E um dos meios utilizados
19
para espicaçar os espetadores é a introdução de diversos heróis da história portuguesa nesta longametragem. “O filme não é surreal, é até bastante realista, mas tem um toque de loucura e muitas metáforas e simbologias associadas. Temos um Vasco que é influenciado pelo Vasco da Gama, uma Brites que é uma versão atual da Padeira de Aljubarrota, neste caso a Padeira de São Brás de Alportel, e o filme arranca com um Sebastião a surgir numa manhã de nevoeiro. Todavia, o que desejo que passe para as pessoas é que, perante as tragédias, não podemos continuar à espera que um herói qualquer surja numa
ALGARVE INFORMATIVO #54
manhã de nevoeiro para nos salvar. Isso não vai acontecer”, garante o realizador. “Ou somos nós os heróis ou, então, «Adeus», «Kaput», «Adieu, Adieu, Portugal», como dizia o outro”.
Um filme puro e duro Chamar a atenção, motivar, fazer abrir os olhos, incentivar ao pensamento, à mudança de atitude, tudo é esperado depois de ver um filme que André Badalo assegura ser «puro e duro», sem medo de ferir suscetibilidades, de chatear este ou aquele, de incomodar outro ou aqueloutro. “A arte tem essa função de retratar, marcar, em determinada época, aquilo que aconteceu. Eu estaria a ser falso e mentiroso se não fizesse isso. Os ditos intervenientes é que deveriam pensar que seria melhor não fazerem certas coisas, mas eles não pensam nisso”, critica o realizador. “Este filme não se poupa, é puro e duro, incisivo e cáustico”. Um filme que é mais de 90 por cento rodado no Algarve porque se consegue, numa curta distância, uma enorme diversidade de cenários e realidades distintas, transmitindo, de modo perfeito, a essência do país. “Esta é a minha terra e é mais fácil para mim trabalhar imageticamente, no entanto, acabamos por não ter tantas facilidades a nível logístico, antes pelo contrário. Grande parte dos elementos de uma equipa de cinema profissional tem que vir de Lisboa ou Porto, há muito pouca gente disponível na
ALGARVE INFORMATIVO #54
região, apesar de termos diversos atores algarvios no elenco”, sublinha André Badalo, reconhecendo que arranjar apoios é sempre uma dor de cabeça. “Tivemos apoios daquelas câmaras municipais que têm a estratégia e a sensibilidade cultural e turística, porque este filme vai para os cinemas nacionais e internacionais, para as televisões,
20
para os DVD’s, para a internet, vai ter um percurso bastante grande”. Dificuldades que não se percebem numa região que pretendeu, em tempos, ser uma mini Hollywood e atrair estúdios de cinema e que é frequentemente escolhida para filmar séries de televisão e filmes estrangeiros. “O nosso objetivo é meramente garantir que conseguimos trazer atores 21
e equipa para fazermos um filme no Algarve. É como aquelas ações de turismo em que trazem uns não sei quantos para virem visitar o Algarve”, diz André Badalo, esclarecendo que, apesar dos constrangimentos, se reuniu uma equipa fantástica para concretizar «Portugal não está à venda». Quanto às filmagens, ficam concluídas no início de maio, a edição já começou e ALGARVE INFORMATIVO #54
tudo deverá estar finalizado em outubro, com vista à estreia nas salas de cinema em novembro. Com um trajeto artístico marcado por algumas influências de realizadores consagrados como Fellini e Almodôvar, André Badalo nunca se poupou em dizer o que há para dizer, o que aparece nos seus filmes é a pura das verdades, faça o espetador rir ou chorar, e esta longa-metragem não é exceção. “E tenho a certeza que vai dar nas vistas em grandes festivais, porque vai ser poderoso a todos os níveis, tanto a nível visual como de temática de fundo. É um filme sobre a venda de um país, baseado numa realidade e vamos apostar igualmente na distribuição em salas internacionais. Em Espanha, França e Brasil estamos convictos de que irá ser exibido”, adianta, confirmando que realizar uma longa-metragem era um velho sonho. Diga-se, porém, que esta não será uma estreia absoluta nas longasmetragens para André Badalo, depois de ter sido convidado pelo produtor russo Andrey Konchalovskiy, de «Os Amantes de Maria», «O Leão no Inverno» e «Tango & Cash», para participar num dos seus mais recentes projetos. “Ele viu o «A Catarina e os Outros» e telefonou-me para integrar a equipa do «Baku I Love You», a continuação do «New York I Love You», do «Paris Je t’Aime» e fizeram agora o «Rio Eu Te Amo». Eramos 10 realizadores para 10 histórias de amor, passadas na mesma cidade”, conta o entrevistado, visivelmente orgulhoso ALGARVE INFORMATIVO #54
por esta experiência internacional. “Fui para lá, fiz a pesquisa, filmamos, o filme já está montado, está agora a ser legendado e vai para o circuito comercial nos próximos meses”.
Precisamos de uma política cultural Chegado desta experiência, André Badalo reuniu-se com o pai e o irmão, parceiros no seu percurso cinematográfico, e estava tomada a decisão de avançar, de uma vez por todas, para a sua primeira longametragem. “O cinema independente é isso, arriscar, ser herói nesta área, lutar contra as dificuldades. É o tudo ou nada. E esta coisa de que a cultura de um país não interessa é uma formatação que se tenta fazer às pessoas”, acusa, lembrando o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, quando se quis cortar o orçamento da cultura na Inglaterra de Winston Churchill. “Ele frisou de imediato que era para preservar a sua cultura que o país estava em guerra. A cultura é a nossa identidade, a nossa história, o nosso potencial, o nosso pensamento. Se queremos ser um país para a frente, virado para o futuro, precisamos de pessoas com cultura, de gente que reflete sobre as coisas, gente que pensa, que pondera, que não se deixa enganar”, defende. André Badalo vai mais longe e afirma que gente formada não passa
22
23
por abrir um livro, olhar para uma fotografia ou quadro, ir a uma peça de teatro, mas sim identificar-se ou não com aquilo que se observa e refletir-se sobre a sua realidade, sobre o que está bem ou mal. Como isso ainda não acontece, o algarvio não se surpreende dos autores, dos criativos, permanecerem num semianonimato, e assim continuará a ser enquanto
sociedade que não pensa e não reflete. Por isso é que temos eleições com níveis gigantes de abstenção”, analisa, preocupado.
Portugal não tiver uma política cultural. “E isso não é só termos um Ministério da Cultura, ou dizermos que há uma série de concertos a acontecer, ou peças de teatro a ir a cena. Isso é uma política de eventos”, distingue. “A cultura tem que fazer parte do dia-adia das pessoas, que não sejam os reality-shows, porque isso é mais uma tentativa de formatar as pessoas numa
canais internacionais, com atores nacionais e internacionais. “É uma bomba de qualidade e não vai ser um filme popularucho. As pessoas vão-se rir, emocionar, pensar naquilo que nos está a acontecer e vão sair das salas de cinema preparados para dizer «Isto já chega!». Isto tem que parar”, sustenta, com vigor. E projetos
Sem querer alongar-se mais em politiquices, André Badalo prefere falar do seu filme, da megaprodução de que ele vai ser alvo, do elenco com atores exclusivos de todos os
ALGARVE INFORMATIVO #54
seguintes não faltam, adianta o entrevistado, de longas-metragens, claro. “Tenho duas preparadas para avançar, uma em coprodução com o Brasil, outra em coprodução com Inglaterra, para além dum documentário em coprodução com vários países”. Projetos internacionais que não implicam que sair de Portugal, e do Algarve, esteja nos planos deste realizador que, curiosamente, quando era mais novo, sonhava em ser engenheiro aeroespacial. “Mas não olho para trás, não penso sobre essas coisas. O cinema é a minha vocação e paixão e posso passar dias sem dormir, a trabalhar, porque sou verdadeiramente apaixonado pelo que faço. Depois, todas as outras áreas são complementares, há um bocadinho ALGARVE INFORMATIVO #54
disto e daquilo nos meus filmes. As paixões e frustrações, os desamores e as lutas, acabam por fazer parte dos universos novos que criamos quando estamos a fazer um filme”, frisa André Badalo, pouco preocupado com as questões da fama. “A minha vontade é contar histórias, é retratar e sinalizar a minha época, o que teve de bom e de mau. Uma antestreia é sempre uma coisa bastante engraçada, mas ninguém trabalha numa área tão intensa e complicada como esta, que nos esgota o tempo, a energia e a vida por completo, a pensar nessas noites de glamour. O bonito do cinema é que um filme fica para sempre, seja em película, VHS, DVD ou formato digital, e nós vamos ficar para a história” .
24
25
ALGARVE INFORMATIVO #54
Onde estavas no «25 de abril»? Paulo Cunha
P
opularizada pelo grande Herman José, a charge televisiva inspirada pelos programas do jornalista Armando Baptista-Bastos, onde perguntava aos convidados onde estavam no «25 de abril», continua ainda na ordem do dia. Enquanto houver memória e ainda estiverem vivos todos os que, de alguma forma, foram tocados pelos eventos daquele período revolucionário, todas essas estórias pessoais continuarão a construir a história coletiva de um Portugal renovado. Quem como eu já ultrapassou o meio século de vida, sabe que, de uma forma ou de outra, o «25 de abril» teve consequências em tudo que até agora vivemos, independentemente de quem, sub-reptícia e veladamente, ainda continua a criticar a Revolução que teve o condão de nos abrir as portas para a liberdade de o fazer. Pela importância capital que este acontecimento teve na nossa história contemporânea, não há hoje nenhum “maduro” que não se recorde onde estava e o que estava a fazer nesse dia. E é dessas trocas e partilhas de vivências que aferimos a forma como a «Revolução» nos revolucionou… ou talvez não!? Sei que alguns continuam (e continuarão) a maldizer o transtorno que tal mudança de paradigma político operou nas suas vidas. Fruto de várias reformas então realizadas e de uma descolonização mal planificada e pior executada, muitos ainda se queixam das perdas de bens, de regalias, de status social e de outras tantas coisas. Mas entre o deve e o haver, sabemos hoje que a maioria dos portugueses continua a apontar este evento histórico como o maior catalisador para a luta pela “liberdade, paz, pão, saúde e habitação”. Olhando para trás e fazendo o balanço natural e devido, é possível constatar que muitas das expetativas se goraram, sentindo-se hoje um
ALGARVE INFORMATIVO #54
esmorecimento da chama que acalenta o sonho que abril em nós plantou: ver uma sociedade onde a justiça social e o respeito pelos direitos, garantias e liberdades sejam uma realidade plena e consequente. Ao invés, deparamo-nos com uma cristalização de procedimentos e atuações consubstanciada na total falta de respeito pelos valores humanos e onde os valores económicofinanceiros ditam quem é quem neste país lindo mas, cada vez mais, mal frequentado. Quando há 42 anos, na manhã do dia 25 de abril, numa das salas da Escola Primária de S. Luís, em Faro, “assisti” com os meus colegas ao decorrer dos eventos que marcaram o «25 de abril», transmitidos pelo pequeno rádio que a professora então levou para acompanhar a Revolução em direto, estava longe de imaginar a forma e a intensidade com que tais acontecimentos iriam marcar a vida de tantos. À tarde, tendo “fugido” de casa para “participar” na Revolução, observei de perto as ações e as palavras de ordem que muitos proferiam para dentro das instalações da PIDE, perto da Escola Tomás Cabreira. No dia seguinte, pressentindo que se estava a fazer história, não deixei que o meu pai deitasse fora os jornais que então tinha comprado. Agora, dobradinhos e amarelinhos, são a melhor aula de história que posso dar aos meus filhos. São a testemunha viva de dias onde duas músicas e alguns molhes de cravos vermelhos tornaram Portugal um país inigualável em todo o mundo. E vós, os mais velhos… onde estavam no «25 de abril»? A vossa história será um legado vivido e sentido que deixarão aos mais novos para que, de geração em geração, se transforme em património de Liberdade. Liberdade que não se compra, não se vende… Conquista-se todos os dias! . 26
27
ALGARVE INFORMATIVO #54
ALGARVE INFORMATIVO #54
28
29
ALGARVE INFORMATIVO #54
“Abril já feito. E ainda por fazer” José Graça
F
urto o título desta crónica a Manuel Alegre. Poeta que fez Abril e defendeu as portas que Abril abriu, pela pena e pela voz, sem sinal de cansaço nem sombra de desistência. Político que consolidou os princípios e valores de Abril numa Constituição DEMOCRÁTICA, sete vezes revista e que será sempre bandeira da resistência! E se Abril se institucionalizou em pouco mais de dois anos, com eleições constituintes, legislativas e autárquicas, realizadas sequencialmente entre 25 de abril de 1975 e 12 de dezembro de 1976, devolvendo ao Povo o poder novo assegurado pelos militares desde a madrugada primeira, com uma Constituição aprovada em 2 de abril de 1976 com golpes e contragolpes pelo meio e um verão quente que escaldou tanta gente, ainda hoje a obra permanece incompleta, carecendo diariamente de trabalho comunitário e retoques de aperfeiçoamento. Depois de quase cinco décadas de isolamento internacional, Portugal ressuscitou e voltou a dar novos mundos ao Mundo, concretizando um processo de DESCOLONIZAÇÃO que só agora muitos reconhecem como exemplar. Acolhemos meio milhão de portugueses provenientes das excolónias sem os dramas que agora entram pela nossa casa adentro. Sim, também eles eram refugiados, muitos fugiram com a roupa do corpo e outros fizeram milhares de milhas pelo Atlântico em traineiras de pesca local. Sim, também eles foram heróis como os militares de Abril, contribuindo com o seu trabalho para construir uma das Democracias mais sólidas do Mundo e para a integração europeia que fechou atrasos de décadas. Todos juntos provámos que somos capazes!
ALGARVE INFORMATIVO #54
Sim, com a ajuda dos nossos parceiros europeus, este Povo foi capaz de DESENVOLVER Portugal, criando uma rede de infraestruturas públicas que levou a água e a energia elétrica aos sítios mais recônditos, construindo um serviço nacional de saúde ímpar, escolas e universidades públicas e uma rede de equipamentos sociais exemplar, melhorando significativamente todos os índices estatísticos imagináveis, potenciando a economia nacional e projetando a nossa imagem no Mundo. Era uma vez um país sem liberdade e muito pobre, onde ninguém dizia o que pensava com receio da prisão, onde os meninos iam para a escola descalços e havia casas sem água nem luz. Que ninguém feche as portas que Abril abriu… “Eu vi Abril por fora e Abril por dentro vi o Abril que foi e Abril de agora eu vi Abril em festa e Abril lamento Abril como quem ri como quem chora. Eu vi chorar Abril e Abril partir vi o Abril de sim e Abril de não Abril que já não é Abril por vir e como tudo o mais contradição. Vi o Abril que ganha e Abril que perde Abril que foi Abril e o que não foi eu vi Abril de ser e de não ser. Abril de Abril vestido (Abril tão verde) Abril de Abril despido (Abril que dói) Abril já feito. E ainda por fazer” . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966
30
31
ALGARVE INFORMATIVO #54
É tempo de voltar a criar um Observatório para o sector Cultural! Dália Paulo
A
propósito da conferência de António Pinto Ribeiro nos Horizontes do Futuro em Loulé, intitulada “Diagnóstico”, percebeu-se que os dados estatísticos apresentados são parcelares e de difícil análise, pelo que urge criar um Observatório do Sector Cultural, extinto que está o Observatório das Atividades Culturais (OAC) desde 2013. O Observatório das Atividades Culturais (19962013) constituiu-se como uma associação entre três instituições: Ministério da Cultura, Instituto Nacional de Estatística (INE) e Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Este laboratório estatístico permitiu a criação e definição de um conjunto de indicadores estatísticos essenciais, sendo uma ferramenta preciosa na construção de conhecimento e na definição de políticas culturais, tendo realizado 45 projetos de investigação e publicado cerca de 70 livros sobre o sector cultural. A sua extinção cria um vazio de conhecimento que não é possível colmatar com a realização de estudos esporádicos e decorrentes de encomendas balizadas pela tutela. A sua ausência remete Portugal, uma vez mais, para a situação de país onde a informação sistematizada sobre a área cultural é escassa e casuística, tendo como consequência a diminuta capacidade de pressão e influência sobre outros sectores da governação e da economia. Nesse sentido, do meu ponto de vista, é imperativo a criação de um Observatório do Sector Cultural, para que se dê continuidade ao trabalho de produção de estatística “específica” na área da Cultura e para que se possa incluir dados sobre as Indústrias Culturais e Criativas, sob pena deste sector escapar à área da cultura e se deslocalizar definitivamente para a esfera de influência total da
ALGARVE INFORMATIVO #54
economia. Num exercício de definição do Observatório pode pensar-se num funcionamento de think tank, dotado de uma equipa de investigação e coordenação que se encarregue não só da recolha de dados, mas também, da elaboração de textos críticos - estudos, relatórios, documentos prospetivos. Assim, e seguindo um modelo próximo do Arts&Business inglês, este organismo teria a tripla função de recolha de dados, produção do conhecimento e agência de ID; promovendo pontes com outros sectores de atividade e incrementando o peso simbólico do sector cultural na sociedade portuguesa. A atividade do Observatório do Sector Cultural permitiria a consolidação do conhecimento sobre a área cultural e possibilitaria englobar todas atividades que se exercem na área da cultura, desde as artes e o património até às atividades das indústrias culturais e criativas, passando por áreas adjacentes como o turismo cultural e criativo e a construção de pontes com outros sectores. O seu modelo de funcionamento, em formato de centro de conhecimento e pensamento, possibilitaria congregar à sua volta diferentes instituições de conhecimento - universidades, personalidades e agentes culturais - englobando, assim, diferentes visões e agendas, para uma maior pluralidade e abrangência do conhecimento produzido. Este é um bom desafio para esta nova equipa ministerial: o de criar o Observatório do Sector Cultural que implicará um maior conhecimento do sector e, consequentemente, a definição de políticas e estratégias mais reais e ajustadas; será um organismo de capitalização e valorização da área cultural na sociedade portuguesa .
32
33
ALGARVE INFORMATIVO #54
Labirintos e fascínios da dança contemporânea Paulo Pires E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos/ por aqueles que não podiam escutar a música. Friedrich Nietzsche
F
alo da ausência de um corpo ideal (ao invés da dança clássica). Na dança contemporânea emerge sim um corpo multicultural, pleno de referências, permeável à experimentação, mais transversal. É um corpo plural (corpos), que (se) questiona, liberta, que oscila criativamente entre o papel de sujeito e de objecto, que não almeja apenas contar uma história e que não está necessariamente dependente de técnicas e procedimentos específicos, baseando-se sobretudo em métodos e processos somáticos, de pesquisa criativa; mas que também convoca múltiplos factores psicossociais, antropológicos, políticos, religiosos, culturais e outros que são, no fundo, um espelho da própria ideia de contemporaneidade, revelando(-nos), assim também, uma nova noção de corporalidade. Mas mesmo sendo o corpo quem instiga o discurso simbólico, quem catalisa a emoção, o pensamento, a atitude política, a sexualidade, etc., há também toda uma envolvência temática que enforma a criação e que possui uma sintaxe que funciona igualmente como veículo de comunicação de uma mensagem. E depois há a interdisciplinaridade que a dança contemporânea tantas vezes privilegia, dialogando fertilmente com linguagens como o vídeo, a música, a fotografia, o cinema, o teatro, as artes plásticas, entre outras (a vídeo-dança, por exemplo, tem revelado interessantes resultados). Sem esquecer também uma nova relação com os próprios espaços: o coreógrafo e o bailarino também enfrentam o desafio da adaptação aos diferentes contextos físicos (entre palcos e lugares menos convencionais), que não deixam de condicionar, interrogar e (re)inventar a própria criação. Portugal tem visto a dança contemporânea desenvolverse desde o final dos anos oitenta, influenciada pelos movimentos da nova dança europeia (francesa, belga, holandesa, inglesa), verificando-se actualmente uma notória vitalidade e diversidade artísticas, de inegável qualidade, isto entre criadores já reconhecidos e outros emergentes. Tendo esse movimento, desde o seu arranque, uma forte dimensão internacional (conquistando depois gradualmente um público interno crescente), cedo preconizou uma nova atitude face ao corpo e à dança, com um interesse renovado por várias actividades motoras
ALGARVE INFORMATIVO #54
(como as ligadas ao quotidiano) e pelo uso de diferentes técnicas de treino físico, bem como pela recombinação entre movimento de um lado e, do outro, texto, narrativa e elementos de várias artes performativas e visuais, fruto também de um crescente cepticismo relativamente aos processos e abordagens então dominantes sobretudo no Ballet Gulbenkian e na Companhia Nacional de Bailado. A dança contemporânea, nas suas diversas e fluidas dimensões expressivas (desde visões mais conceptuais, minimais, passando por outras mais associadas à “dança pura”, sem palavra nem gesto explicativo ou programático, ou ainda por abordagens declaradamente interdisciplinares, que funcionam como uma espécie de “espetáculo/obra de arte total” em que desfila movimento a par de teatro, música, palavra, imagem, etc.), é, porventura, uma das áreas em que é mais notória e acutilante a ideia de que a arte não é (apenas nem tão-só) para distrair, mas sobretudo para abrir, inquietar, deslocar, desformatar. A frequente escolha de temas como a solidão, decadência, ausência, melancolia, associada à adopção de processos e ferramentas coreográficos que passam muitas vezes pela repetição (obsessiva, desmesurada), transformação e simultaneidade criam assim desvios inesperados relativamente às lógicas de composição e interpretação a que o público está mais habituado. O receptor é estimulado a deixar a sua zona de segurança, a sentir inclusive desconforto, não vendo apenas um desequilíbrio nas ordens temporal, espacial e emocional, mas também experimentando-o no excesso. E para quem dança, a “obediência” às fronteiras do seu corpo não é limitação ou escravatura, mas libertação. É um corpolimite, vulnerável à criação de desenhos que instauram outros modos de habitar e de se orientar no mundo, levando – e será esse o fito essencial – a um deslocamento de ponto de vista, a uma saída. Recordo, como exemplo (entre outros), o trabalho “Rule of Thirds”, que António Cabrita e São Castro estrearam recentemente na Culturgest, no qual, inspirado na obra de Cartier-Bresson, a dupla imagina como se pode imprimir a dança nos bailarinos e no público: a dança que existe antes e depois de uma fotografia. Dançar é uma forma de amar, desse amor que expulsa os amantes do mundo (Hannah Arendt) – um amor que funciona como motor antipolítico e, paralelamente, como motivação de todas as revoltas que clamam por justiça .
34
35
ALGARVE INFORMATIVO #54
Igualdade é mais que uma questão de género Mirian Tavares
F
ui criada por uma mãe e por uma avó que eram mulheres fortes e independentes. Cada uma, à sua maneira, funcionava como o core da família e ambas reuniam, ao seu redor, os homens e também as outras mulheres, maridos, filhos, filhas, noras e genros. Minha avó fumava charutos quando ainda não era comum, naquela cidade do interior do país, mulheres fumarem. Teve oito filhos e nomeou-os de acordo com a sua vontade, à qual meu avô acabava por se render. A minha mãe nunca foi uma fada do lar: pelo contrário. Raramente estava em casa e foi da primeira turma de professoras formadas por uma Escola Rural. Só aprendeu a cozinhar com mais de 40 anos e nunca gostou muito desse ofício. Preferia conversar, ler, ouvir música e sair com os amigos e amigas, muitos, que fez ao longo da sua vida. Um dos meus avôs um dia perguntou-me se eu sabia cozinhar e passar a ferro. Disse-lhe que não. E ele, muito espantado, pergunta: e como é que vais encontrar um marido? O outro avô, homem discreto e calado, brigava comigo porque eu não estudava suficiente. Tinha de saber matemática e não dar erros ortográficos. Nunca me imaginou a cozinhar, ou a casar. Cresci entre homens, seis irmãos, e sobrevivi lutando com eles no seu próprio espaço. Acho bem que haja mulheres que queiram ser donas de casa. Ou que saibam passar a ferro e cozinhar. Não é o meu caso e nunca senti, com exceção da pergunta daquele meu avô, que deveria ser uma mulherestereótipo.
ALGARVE INFORMATIVO #54
Toda essa história para falar de duas questões que circulam nas redes sociais: o desejo do Bloco de Esquerda de mudar o nome do Cartão de Cidadão e a matéria da revista Veja sobre a mulher do vice-presidente do Brasil. De um lado temos o reconhecimento de que a linguagem é reflexo dos comportamentos e que os espelha. Não duvido. Mas a questão é que a linguagem é plástica e muda ao longo dos tempos. Criam-se novas palavras ou formas diversas de se dizer as mesmas coisas. Muda-se a gramática e o que resiste das mudanças é apenas aquilo que as pessoas assumem como seu, que usam, que praticam. O resto acaba caindo no esquecimento. Deve-se lutar para mudar a linguagem, mas antes devem ser mudados os costumes. No caso das mulheres, a sua representação e o seu papel na sociedade não dependem de uma questão de género gramatical, mas dependem de uma questão de consciencialização, de homens e de mulheres, de que não há papeis pré-programados nem para uns nem para outros. E que cada um pode, e deve, ser aquilo o que bem entender. Quando assim for, seremos todos cidadãos e cidadãs e não é uma palavra num cartão que vai determinar a mudança. Pois muito perto de nós temos o recrudescimento do machismo e da misoginia que desejam que a mulher permaneça no âmbito da casa; que seja bela, recatada e do lar. E que, de preferência, não se meta na política .
36
37
ALGARVE INFORMATIVO #54
Ana Oliveira (à direita) com o elenco de «Muros de Nada»
Há 20 anos a voar num
TAPETE MÁGICO O Clube de Teatro Tapete Mágico, da Escola Secundária Pinheiro e Rosa, assinalou os 20 anos de atividade contínua, no passado dia 16 de abril, com a peça «Muros de Nada», no Teatro Lethes. Duas décadas de verdadeira resistência artística sob as lides da atriz e encenadora Ana Oliveira, com quem o Algarve Informativo esteve à conversa durante um ensaio antes da subida ao palco. Texto:
| Fotografia:
ALGARVE INFORMATIVO #54
38
P
or impossibilidade de agenda de assistir ao espetáculo «Muros de Nada», do Clube de Teatro Tapete Mágico, no Teatro Lethes, rumamos uns dias antes até à Escola Secundária Pinheiro e Rosa, em Faro, onde os pupilos da professora de filosofia, atriz e encenadora Ana Oliveira andavam na azáfama dos derradeiros ensaios. A ocasião assim o justificava, tratavam-se dos 20 anos de atividade ininterrupta dum clube de teatro formado por alunos do 10.º ao 12.º ano de escolaridade deste estabelecimento de ensino que, como se imagina, é caracterizado por uma enorme rotatividade de «atores», visto que, concluído o Secundário, é tempo de partir para o Ensino Superior ou para o mercado de trabalho. “Alguns, porém, continuam a vir aos ensaios e a trabalhar mais alguns anos connosco”, diz-nos Ana Oliveira. O clube surgiu precisamente quando a experiente atriz começou a dar aulas na Pinheiro e Rosa, mas a iniciativa partiu dos próprios alunos, conhecedores do trajeto artística da sua nova professora e desejosos de pisar o palco, de representar. “Eu vinha do Grupo de Teatro «Ideias do Levante», de Lagoa, e não descansaram enquanto eu não aceitei o desafio. Resolvemos partilhar os saberes e, desde
39
1995/96, tem sido uma aprendizagem constante, às vezes uma luta feroz, porque ainda não possuímos, por exemplo, uma sala própria. Temos que nos gerir da melhor maneira possível e ir «negociando» com as outras estruturas que necessitam deste mesmo espaço, o que nem sempre é fácil”, admite, enquanto os alunos iam preparando o cenário e tratando do guarda-roupa. Independentemente disso, são duas décadas de trabalho, algo que muitos grupos de teatro amador com melhores condições não conseguem alcançar, aliás, até algumas companhias de teatro profissional não têm uma atividade tão profícua e regular. “Isto é um grupo escolar que tem apanhado os miúdos que nutrem algum gosto pelo teatro e tenho tido a sorte de conseguir trabalhar com os melhores alunos da escola. São alunos de excelência, com médias muito boas às outras disciplinas e sabem gerir bem o seu tempo, de forma a decorar os textos e defenderem espetáculos”, destaca, de olhos colocados no ginásio a acompanhar os preparativos para mais um ensaio. Alunos que, uns, vêm apenas numa de descobrir o que é isto de ser ator, outros, perseguem o sonho de seguir a representação a
ALGARVE INFORMATIVO #54
nível profissional, e alguns conseguiram concretizar esse objetivo. “Tiraram cursos superiores e foram depois para o conservatório, outros formaram as suas próprias estruturas. Tenho o caso de uma miúda que foi para a Alemanha e criou lá o seu grupo de teatro. Há de tudo, mas ficam sempre com este encanto pelo teatro e, mais tarde, continuam a telefonar uns aos outros para irem ao teatro juntos”, revela Ana Oliveira, satisfeita por verificar que os laços criados nestes ensaios não desaparecem quando concluem o 12.º ano. “Eles percebem que isto é uma vida dura, que pode ser gratificante naqueles minutos que estão em cima do palco a receber palmas, mas que exige toda uma preparação anterior. Até pode ser mais difícil depois da ALGARVE INFORMATIVO #54
cortina descer, pois deparamo-nos com o vazio quando estamos em frente ao espelho a tirar a maquilhagem”, avisa. Ficam, todavia, os afetos, garante Ana Oliveira, as cumplicidades, e ferramentas para a vida como o saber falar em público, a descontração, o autocontrole para fazer uma apresentação para outras pessoas, inclusive para multidões. Por isso, são três anos bem aproveitados, mesmo para aqueles que, depois, não seguem a via artística. Isto porque, apesar da ideia que os programas de televisão transmitem de que é muito fácil ser ator nos tempos modernos, a realidade, fora do ecrã, é bastante diferente, como bem o sabe a 40
entrevistada. “Há sempre quem chegue aqui com essa ilusão, mas compreendem rapidamente que todo o processo demora um período de preparação. Têm que ganhar cumplicidade com os colegas, saber ultrapassar dificuldades e decorar textos e marcações, que é divertido, mas difícil. Para além disso, 41
têm que conciliar tudo isto com as aulas, porque estes miúdos têm as suas ambições, querem tirar cursos superiores, ir para Medicina ou Direito. Não é fácil, mas encontram mecanismos para superar tudo porque já estão habituados ao esforço”, não se cansa de enaltecer Ana Oliveira. ALGARVE INFORMATIVO #54
Na idade de descobrir o mundo Ao fim de três anos de Clube de Teatro Tapete Mágico, os jovens têm as bases para qualquer forma de representação, seja teatro ou televisão, filmes ou séries, porque as ferramentas transmitidas por Ana Oliveira são universais a todos os estilos. “Eu explico logo que, por exemplo, no teatro não se podem fazer grandes planos como na televisão, portanto, têm que saber falar para a última fila. Estão preparados para pisar o palco, depois, se quiserem ir para outros mundos, há técnicas e escolas específicas, são outros caminhos”, indica a encenadora. Quanto às temáticas das peças levadas a cena em cada ano letivo, Ana Oliveira confessa que, nos primeiros anos, teve um grande respeito pelos autores consagrados, desde os tempos clássicos aos contemporâneos, pelo que preferia não usar os seus textos com jovens sem qualquer experiência teatral. “No início, juntávamos ideias em exercícios de improvisação e eu fazia o texto final. Contudo, ao longo de 20 anos, já passamos por várias fases, já representamos textos de autor, como o Garcia Lorca ou Eduarda Dionísio, mas ALGARVE INFORMATIVO #54
continuamos a preferir as nossas próprias construções”, explica, acrescentando que o primeiro período do ano letivo serve precisamente para se escolher o tema a explorar na peça. “Já falamos do etnocentrismo, do mundo da droga, de muita coisa. Este ano, foi o «Muros de Nada», uma discussão atual, a construção de muros dentro e fora de nós próprios, os muros que nos impedem de ver o outro como semelhante, como igual. O cenário são caixas que se vão transformar em muros”.
42
assunto”, assegura Ana Oliveira, confirmando que cada ano letivo é marcado por um espetáculo totalmente diferente. “Às vezes até fazemos duas ou três produções no mesmo ano. Já temos sido chamados para acompanhar a «Astronomia no Verão» quando havia observações, liamos poemas dedicados à lua e ao sol, fazíamos espetáculos sobre os planetas. Também já fomos chamados para o Dia do Livro e para outras datas específicas, tudo para além deste grande espetáculo anual”. Temas que, pelos vistos, são perfeitamente assimilados por estes jovens atores, apesar da seriedade e complexidade de alguns deles. “Têm 16 anos, estão em muito boa idade para descobrir o mundo com a sua beleza, as suas fragilidades e os seus ódios também. Tratamos esses temas em filosofia e esta é uma forma de interagiram mais com eles. Nunca tive problemas com alunos a dizerem que não queriam tratar deste ou daquele
43
Espetáculos que vão variando de palco, este ano no Teatro Lethes, outras vezes na Biblioteca Municipal de Faro, no Museu Municipal de Faro, até na própria rua ou praia. “Quando são grandes produções, temos 200 ou 300 pessoas na assistência, pelo que temos que escolher um espaço que leve mais público”, aponta Ana Oliveira, confidenciando que alguns alunos estranham quando vão representar uma peça em locais dito ALGARVE INFORMATIVO #54
menos convencionais. “Depois, percebem que faz sentido, porque o teatro acontece onde nós quisermos, e onde está o público. Basta haver um ator e um espetador e, num instante, há qualquer que existe e que se chama teatro”. Mil e um pormenores que tornam a gestão deste clube de teatro uma verdadeira aventura, ainda para mais quando a responsável já sabe que, no final do ano, o elenco vai sofrer grandes alterações e que vai ser preciso começar o trabalho outra vez do zero. “Mesmo que alguns continuem, há uns que se vão embora, outros que chegam, e eu tento sempre integrar toda a gente, nunca deixo ninguém de fora”, assume Ana Oliveira, confessando alguma saudade quando vê alguns dos seus alunos partirem para outras paragens. “Mas a vida é feito disso, de encontros e desencontros, como as
ALGARVE INFORMATIVO #54
ondas do mar, que vão e vêm. No sábado, como comemoramos os 20 anos, há muitos antigos alunos que fazem questão de marcar presença, já com as suas famílias, os seus filhos, mas querem estão connosco neste momento especial”, refere, um pouco emocionada. Concluído o «Muros de Nada», há que começar a pensar no espetáculo que se segue, com as dificuldades apontadas, mas Ana Oliveira frisa que a escola tem feito algum investimento ao nível do guardaroupa, que vai sendo adaptado às várias produções. “As pessoas são generosas por reconhecerem a beleza e a importância do que fazemos”, salienta a atriz e encenadora, assegurando que, enquanto houver força, e vontade dos alunos para isso, o Tapete Mágico vai continuar a voar e a experimentar outras emoções . 44
45
ALGARVE INFORMATIVO #54
Reconhecer a Cozinha e a Pastelaria como formas de arte Desde que se começou a falar em cozinhas molecular e gourmet que se tornou habitual depararmo-nos com receitas materializadas em verdadeiras obras de arte, em que os pratos constituem as telas e a comida, os molhos, os condimentos, substituem as tintas. Foi com base nessa realidade que o conceituado chefe Augusto Lima redigiu o «Manifesto das Artes – E a Cozinha e Pastelaria?», com o intuito de que estas sejam reconhecidas pelas entidades oficiais como mais uma forma de arte, à semelhança da Música, Dança, Pintura, Escultura, Teatro, Literatura e Cinema. Texto:
| Fotografia:
ALGARVE INFORMATIVO #54
46
47
ALGARVE INFORMATIVO #54
A
s artes ditas principais são, atualmente, sete – Pintura, Escultura, Literatura, Música, Dança, Teatro e Cinema, entendendo-se como estáticas a arquitetura, escultura, desenho e pintura e, como dinâmicas, a música, poesia, teatro e cinema. A estas Augusto Lima, chefe de cozinha de profissão e presidente da Associação de Cozinheiros e Pasteleiros do Algarve, defende que se devem juntar a Cozinha e a Pastelaria, por também serem manifestações criativas do Homem. Assim surge o «Manifesto das Artes – E a Cozinha e Pastelaria?», um projeto que não é somente de Augusto Lima, mas de todos os cozinheiros e pasteleiros, de todos os homens e mulheres que fazem desta a sua profissão. E surge porque, na sua
ALGARVE INFORMATIVO #54
opinião, toda a gente fala da arte de cozinhar mas, na hora da verdade, ela não é reconhecida oficialmente como uma forma de arte. “Quando se emprata um prato, o que se pretende é dar-lhe visibilidade, fazendo-o de forma coerente e artística, conjugando cores, texturas, espessuras, estruturas, com altos e baixosrelevos. Fazem-se composições realmente bastante bonitas e só quem nunca folheou uma revista ou um livro de cozinha é que não tem esta noção. Há obras culinárias, seja de cozinha ou pastelaria, que são autênticas esculturas, verdadeiros poemas comestíveis”, defende o cozinheiro e formador. Criado o Manifesto, o intuito é que esta batalha seja abraçada pelo maior número de pessoas possível,
48
Ao centro, o Chefe Augusto Lima com alguns formandos num curso no Instituto do Emprego e Formação Profissional de Portimão
de modo a chegar às instâncias oficiais além-fronteiras e dar o devido valor a todos aqueles que desempenham esta atividade com elevada criatividade. Um reconhecimento que é dado de forma informal, há, aliás, cursos específicos para isso, tanto para a cozinha, como para a pastelaria, sobretudo desde que se começou a falar em cozinha gourmet e se passou a dar uma importância acrescida à componente visual da gastronomia e pastelaria. “É uma ideia inovadora, penso que nunca ninguém se lembrou, até à data, se criar uma manifesto deste género, mas os benefícios serão para todos os profissionais, de todos os pontos do mundo”, enfatiza.
49
Convém perceber, contudo, que a ideia não nasceu do nada, que Augusto Lima não acordou uma bela manhã com esta ideia no pensamento, conforme se apresta a esclarecer. “No fim do século XVII, início do século XVIII, os grandes cozinheiros tiravam cursos de arquitetura para depois transportarem essas noções para as suas construções gastronómicas. Desde então, houve uma grande alteração no modo como se emprata, a cozinha evoluiu com as mentalidades, com as revoluções intelectuais”, frisa o entrevistado, considerando que a última grande manifestação deu-se com a chamada cozinha molecular de ALGARVE INFORMATIVO #54
Ferran Adrià. “Comida é comida mas, atualmente, todos aqueles que desejam aperfeiçoar a sua arte, compreendem e aceitam que a ciência é um grande aliado da cozinha. Se pegarmos na ciência, química e física e a combinarmos com a nossa arte de cozinhar, obtemos uma comida muito mais nutricional e apelativa”, garante. “Hoje, o mundo é uma despensa global, abre-se a porta e temos acesso a todas as matérias-primas, a produtos de origens que nunca tínhamos ouvido falar anteriormente. E o mesmo acontece com os utensílios, há uma série de ferramentas que, antigamente, eram restritas a cozinhas industriais, de restaurantes e hotéis, e que agora qualquer pessoa pode comprar para a sua casa”, sublinha Augusto Lima. Sempre com a arte na ponta da língua, o cozinheiro indica que o prato não passa de um quadro, em que o rebordo é a moldura e o centro é a tela. Depois, ao se colocar cor e diferentes estruturas e planos arquitetónicos, redondos, quadrados, retângulos, baixos e altos-relevos,
ALGARVE INFORMATIVO #54
cria-se uma peça artística, umas com maior valor do que outras, como em tudo na vida. “Eu, comparado com alguns dos meus colegas, não serei nunca ninguém, porque há gente muito criativa e imaginativa que leva este prazer à
50
exaustão. Pegando na ciência, descobrem-se novas possibilidades de manter o açúcar mais flexível, de fazer mil e um artigos, que trazem inovação e o sentido do belo às suas construções”, justifica.
Arte é toda a manifestação criativa Continuando a debater de forma ávida o assunto, percebemos que estas preocupações artísticas de muitos chefes de cozinha levam a que o planeamento e empratamento de algumas receitas demoram inclusive mais tempo do que a própria confeção dos alimentos, algo que nunca surpreendeu o experiente profissional. “Quando queremos projetar um prato para um determinado evento, temos que fazer sempre uma maquete, um croqui, preparar tudo à priori, porque o empratamento deve ser bastante rápido. Podemos fazer um prato muito bonito e plástico para apresentar a um júri mas, se ele não tiver sabor, então não presta. A arte deve estar sempre ligada ao sabor”, salienta Augusto Lima. Exemplo máximo desta linha de pensamento é a corrente iniciada em Itália, França e Estados Unidos da América do «eating art», ou seja, criar arte em materiais comestíveis. “Agora temos a arte do carving, que é esquartejar uma peça de algo que se possa comer e transformá-la numa
51
escultura, utilizando manteiga de folhados, melancia, chocolate, seja lá o que for”, descreve, lembrando outro projeto por si iniciado, em 2009, o «Comerarte», no antigo Restaurante Alfarroba, em Silves. “Foi um conjunto de jantares em que juntava a minha arte de cozinha e de outros colegas cozinheiros e pasteleiros à canção, à música, ao teatro, à animação. Era um menu de degustação com seis pratos, onde aconteciam diversos momentos artísticos e durante o qual um convidado pintava, ao vivo, uma tela comestível em chocolate. No final, rasgávamos a tela e comíamos as fatias com o café”, recorda. Uma ligação íntima entre a cozinha e a arte que ninguém estranha, fala-se de maneira corriqueira em arte culinária, e os próprios clientes fazem questão de fotografar alguns dos pratos que vão comer em restaurantes requintados antes de atacarem a «tela». Portanto, para Augusto Lima faz todo o sentido que a Cozinha e a Pastelaria possam vir a ser consideradas universalmente como formas de arte. “Existe uma organização mundial das belas artes e de certeza que eles decidem através de diversos fatores, um deles as manifestações populares. Estou convicto de que alguns de nós, cozinheiros e pasteleiros, não somos apenas cozinheiros e pasteleiros, mas
ALGARVE INFORMATIVO #54
também artistas”, reforça. “Arte é toda a manifestação criativa do ser humano que possa causar impacto, que as pessoas possam gostar de querer ver. Acho que não há barreira nenhuma, simplesmente, alguém tinha que dar o pontapé de saída a este movimento. Muitos de nós, de modo natural, criamos um prato e empratamo-lo com o objetivo de ser bonito, de ser entendido como arte, e está na hora do mundo inteiro nos incluir nas categorias das belas artes”. Claro que criar uma obra de arte através da cozinha ou da pastelaria não está ao alcance de qualquer um, por muito que esteja na moda ser Chefe de Cozinha ou Chefe Pasteleiro, há que ter conhecimentos específicos e uma criatividade inata, reconhece Augusto
ALGARVE INFORMATIVO #54
Lima. “O cozinheiro é um artesão que domina a arte de cozinhar, mas não no sentido de criar algo belo, desejável, que se goste de ver e apreciar. É uma arte de artifício, de saber. Quando essa arte e ofício vai mais além, quando gera algo de belo, então, sim, é uma manifestação de arte”, distingue o entrevistado. “Ser artesão implica que alguém seja capaz de copiar, de refazer uma peça várias vezes. Um cozinheiro que faz uma feijoada bem-feita, milhares de vezes, ao longo da sua vida, é um bom artesão. Se ele inova, se introduz qualquer coisa para além do vulgar, se apresenta essa feijoada de forma diferente, então, está a ser um artesão criativo, um artista” .
52
53
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE EMPRESAS DE ALBUFEIRA PREMIADAS PELA SUA EXCELÊNCIA
P
elo quarto ano consecutivo, a Câmara Municipal de Albufeira realizou uma cerimónia para promover o reconhecimento público do tecido empresarial do concelho. Deste modo, 35 empresas locais foram galardoadas, no dia 14 de abril, com o selo de qualidade PME Líder e PME Excelência. O Estatuto PME Líder é atribuído pelo IAPMEI e pelo Turismo de Portugal, em parceria com os principais instituições bancárias a operar em Portugal, com vista a premiar as empresas que apresentem os melhores indicadores económicofinanceiros e as melhores práticas de gestão. A partir do grupo das PME Líder que possuam os melhores desempenhos são selecionadas as empresas com o Estatuto PME Excelência, o que resulta para estas últimas condições acrescidas de visibilidade. Durante a cerimónia, que decorreu no parque temático Zoomarine - uma das PME Excelência
ALGARVE INFORMATIVO #54
homenageadas - Carlos Silva e Sousa mostrou o orgulho enquanto autarca com estas distinções, que simbolizam o esforço diário que as empresas locais fazem para se tornarem melhores. “A excelência é algo necessário num mundo cada vez mais competitivo. Albufeira é um concelho líder e de excelência que tem a responsabilidade de corresponder mais e melhor a esses padrões elevados de profissionalismo”. O presidente da Câmara Municipal salientou ainda que “este reconhecimento é extremamente motivador para as empresas num mercado cada vez mais concorrencial e serve também como incentivo para que ofereçam serviços de melhor qualidade a quem nos visita”. De destacar que o Estatuto PME Líder e PME Excelência tem associado um conjunto significativo de vantagens, nomeadamente no que respeita ao acesso ao crédito, melhores condições de financiamento e de aquisição de 54
produtos e serviços, facilidades nas relações com a banca e administração pública e um certificado de qualidade na sua relação com o mercado. E Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, afirmou sentir-se feliz com os resultados obtidos. De um total de 447 projetos Líder e 169 Excelência em todo o país, 268 empresas são da região algarvia. “O mais importante foi que a globalidade destes projetos apresentou um resultado 36 por cento superior ao ano passado”, salientou. Em Albufeira foram distinguidas 35 empresas Líder e 13 empresas Excelência, “que apresentam números económicos e
financeiros, em alguns casos, muito melhores que a média nacional”. Luís Araújo deu o exemplo de três indiciadores: a empregabilidade, com as empresas locais a empregarem 870 colaboradores; a rentabilidade sobre as vendas, em que a média nacional é de 7% e em Albufeira é de 11,3%; e a questão do EBITDA sobre as vendas cuja média nacional é de 18% e em Albufeira 28%. “Estão todos de parabéns e é uma grande honra ver empresas maioritariamente do setor turístico com esta performance e atividade em Albufeira”, destacou o dirigente, acrescentando que “o setor do turismo não é só camas e comida, há uma panóplia de 55
negócios que queremos estimular e criar para que as empresas portuguesas estejam cada vez mais modernas e mais fortes”. O presidente do IAPMEI divulgou também alguns números esclarecedores: “Das 35 empresas distinguidas, 60% pertencem ao setor turístico. No total, estão em causa 1200 postos de trabalho. Albufeira tem 17% das empresas excelência do Algarve, o que é um número muito importante”. Miguel Cruz apresentou ainda outros indicadores que marcam a diferença em relação ao comportamento médio da economia portuguesa. “Para estas
empresas, o volume de negócios aumentou 20% em relação ao ano anterior; o resultado líquido duplicou relativamente a 2014; o capital próprio subiu 22%; a autonomia financeira média destas empresas é de 51%, número assinalável bem em linha com os melhores exemplos dos nossos parceiros europeus e bem acima da média nacional que ronda os 30%”. O presidente da Agência para a Competitividade e Inovação ressaltou que “a excelência não é uma competência, mas uma atitude” .
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE
ALCOUTIM VIGIA QUALIDADE DA ÁGUA NA PRAIA FLUVIAL DO PEGO FUNDO
O
Município de Alcoutim, em cooperação com a Agência Portuguesa do Ambiente, adotou nesta época medidas de gestão que passam por promover o aumento da frequência das análises microbiológicas da água balnear, passando de mensal para semanal, mantendo o registo executado no ano de 2015. Os requisitos necessários para garantir, em segurança, a utilização das águas balneares identificadas passam, não só pelos acessos, infraestruturas e segurança das praias, mas cada vez mais pela qualidade da água, que representa assim, não só um fator de saúde, como também um importante indicador de qualidade ambiental e desenvolvimento turístico.
ALGARVE INFORMATIVO #54
Por todas estas razões, a segurança, monitorização e vigilância da qualidade da água da praia fluvial do Pego Fundo é uma preocupação constante do Município de Alcoutim, conjuntamente com a Agência Portuguesa do Ambiente – Administração da Região Hidrográfica do Algarve. As amostragens programadas, efetuadas de acordo com as disposições do Decreto-Lei n.º 135/2009, de 3 de junho, republicado pelo Decreto-Lei n.º 113/2012, de 23 de maio, deverão identificar, gerir, monitorizar e classificar a qualidade das águas balneares e prestar informação ao público sobre as mesmas . 56
57
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE II FARNÁUTICA «TRAZ» OCEANÁRIO À BAIXA DE FARO ao certame poderá ainda ter acesso a uma área de tasquinhas com muitos pratos ligados ao mar e à ria formosa e recolher informações sobre as diferentes entidades representadas nesta mostra.
A
AmbiFaro, E.M. vai levar a efeito de 6 a 8 de Maio, no Jardim Manuel Bívar, em Faro, a 2ª edição da FARNÁUTICA – Mostra do Mar e da Náutica, com o objetivo de promover o turismo e as atividades relacionadas com o mundo da náutica e com o sector do mar e do litoral, vincando a nossa história, a nossa cultura e a nossa identidade em que o mar tem um papel de destaque e de crucial importância. Esta mostra visa promover e divulgar a náutica de recreio, procurando reavivar e valorizar este mercado na região algarvia e no concelho farense, tirando partido da sua condição ribeirinha. Assim, o público poderá, nos mais de mil metros quadrados reservados, conhecer as novas tendências do mercado na náutica de recreio e ter acesso a algumas novidades das marcas bem como aceder a boas oportunidades de negócio. Quem se deslocar
ALGARVE INFORMATIVO #54
Nesta segunda edição, destaque para a presença do vaivém do Oceanário de Lisboa que estará presente nesta mostra apresentando o seu projeto de educação ambiental, convidando todos os visitantes da Farnáutica a participar em atividades lúdicas e pedagógicas, de acesso gratuito, que exploram as diversas profissões ligadas aos oceanos e a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos estando também preparada uma expedição ao território marítimo nacional, conhecendo as suas potencialidades no âmbito do novo mapa «Portugal é Mar». Estarão ainda previstas visitas escolares a este equipamento, que montará uma estrutura de cerca de 100 m2 para receber todos aqueles que queiram conhecer e ficar a saber um pouco mais sobre o ambiente e os ecossistemas marinhos e costeiros. A entrada na II Farnáutica é livre e a mostra estará aberta ao público todos os dias a partir das 11h, encerrando às 24h .
58
59
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE VENCEDORES DO CONCURSO DE RÓTULOS PARA GARRAFAS DE VINHO FORAM AO DOURO
O
s alunos da ESPAMOL vencedores do Concurso de Rótulos para Garrafas de Vinhos – Inês Duarte, Pedro Félix e Tiago Rio – desfrutaram do seu prémio «Viagem ao Douro» nos dias 15, 16 e 17 de abril, numa oferta da Câmara Municipal de Lagoa, organizadora do referido Concurso, no 1.º período deste ano letivo. Os vencedores e respetivos acompanhantes ficaram alojados num hotel no Porto mas não puderam realizar o cruzeiro pelo Douro, conforme estava previsto, devido às condições atmosféricas na altura. Em alternativa, beneficiaram de um programa diferente com várias visitas na região do Douro. No primeiro dia, a comitiva visitou uma Quinta na confluência dos rios Tedo e Douro, entre o Peso da Régua e o Pinhão. Com vistas deslumbrantes sobre o rio, esta quinta pratica unicamente agricultura orgânica e produz vinhos do Porto, de mesa e azeite, disponibilizando visitas aos lagares e aos armazéns de
ALGARVE INFORMATIVO #54
envelhecimento do vinho, bem como provas. No Pinhão, almoçaram num restaurante tradicional, visitando depois uma empresa em Casal de Loivos, que produz e comercializa vinhos da região do Douro e onde foi possível a observação por parte dos alunos e a degustação pelos acompanhantes de alguns dos seus produtos: vinhos tintos, brancos, rosé e sumo de uva, assim como o azeite proveniente das oliveiras da propriedade, caracterizado pela suavidade e baixa acidez. ´ A viagem seguiu até um Centro de Vinificação e Logística, em Alijó, com visita às instalações que incluem uma adega com capacidade para seis milhões de litros anuais e uma cave de armazenamento para cerca de 22 milhões de litros de vinho em estágio. Uma vez que esta empresa não tem vinhas próprias, utiliza a matéria-prima de cerca de 3.200 viticultores. 60
No segundo dia de viagem, a comitiva fez uma visita guiada à cidade do Porto, em que teve a oportunidade de ver a Foz – onde o rio e o mar se misturam e criam uma envolvência mágica – local onde se praticam caminhadas até ao Parque da Cidade, um dos lugares preferidos pelos portuenses para o exercício físico. Já na imponente Sé do Porto, um edifício de estrutura romanogótica dos séc. XII e XIII, foi possível ver as belas talhas douradas, pinturas, esculturas, tesouros de arte sacra, uma rosácea romântica, revestida de mármores policromos e belos azulejos barrocos no claustro. Seguiram pelas ruas da velha cidade até à estação de S. Bento – considerada uma das mais belas do mundo, onde tiveram a oportunidade de ver as paredes decoradas com azulejos que retratam a história do transporte e de Portugal – e pela Avenida dos Aliados, um dos cartões postais da cidade, local onde os portuenses se concentram para celebrar os momentos especiais, até ao centro antigo onde visitaram a Torre dos Clérigos e a igreja do estilo barroco, concluída em 1763.
61
Após o almoço em Vila Nova de Gaia visitaram uma das principais e mais prestigiadas atrações turísticas, as caves de Vinho do Porto de uma marca criada em 1751 por uma família de viticultores do Douro – que possui uma tradição riquíssima e um papel proeminente na história do Vinho do Porto – e onde viram as caves onde o vinho do Porto, doce e fortificado, é produzido a partir das uvas cultivadas na região do Douro e enviado para as caves de Vila Nova de Gaia, onde é preparado e envelhecido. Por fim, todos usufruíram de um momento de descontração na Ribeira junto ao Rio Douro, em pleno centro histórico da cidade – com vista privilegiada para as caves de vinho e para a ponte D. Luís – com as suas ruas estreitas e casas típicas com fachadas coloridas que preservam a história, os contrastes e a singularidade. O resto do dia de domingo foi livre, aproveitado pela comitiva para passear pelas ruas da baixa portuense .
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE ROTEIRO DA ARQUITETURA RELIGIOSA NO CONCELHO DE LOULÉ PROMOVE PATRIMÓNIO CULTURAL (a imaginária, pintura de cavalete e iluminura). A parte final é um catálogo, com 32 imóveis incluídos, das igrejas, ermidas e antigos conventos existentes em território louletano, com imagens e textos sobre a sua história. “Este foi um desafio lançado ao Professor Francisco Lameira, porque considerámos que era uma necessidade do nosso Concelho, o de conhecer melhor o nosso património arquitetónico religioso e, consequentemente, valorizá-lo e utilizá-lo na área da educação pelo património e na divulgação turística”, frisou Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé.
F
oi apresentada, no dia 18 de abril, na Igreja Matriz de Loulé, no âmbito do Dia Internacional dos Museus e Sítios, o «Roteiro da Arquitetura Religiosa no Concelho de Loulé», da autoria dos investigadores da Universidade do Algarve Francisco Lameira e Marco Sousa Santos. Trata-se de uma obra editada pela Câmara Municipal de Loulé que faz uma incursão pelos valores patrimoniais do Concelho de Loulé com relevância artística, nomeadamente os de natureza religiosa. O Roteiro aborda os diferentes estilos arquitetónicos existentes (Gótico, Manuelino, Renascimento e Classicismo, Estilo Chão, Barroco e Neoclássico), as modalidades artísticas subsidiárias da Arquitetura (retábulos, azulejaria, pintura em perspetiva arquitetónica e pintura mural) e as artes móveis ou portáteis
ALGARVE INFORMATIVO #54
Por seu turno, Manuel Célio Conceição, diretor do Departamento de Artes e Humanidades da Universidade do Algarve, que fez a apresentação da obra, considerou tratar-se de “um livro com um legado de memória futura, de valorização do território, um livro que se apresenta com uma excelente fotografia e paginação, um conteúdo resultante de uma investigação séria e de qualidade”. Este responsável académico deu os parabéns à Câmara Municipal de Loulé pela “valorização e integração do património como integrante no desenvolvimento do território” e sugeriu que, a partir de agora, “se passe do livro à concretização de atividades educativas, partindo destes conteúdos”. A obra pode ser adquirida na Loja do Museu Municipal de Loulé .
62
63
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE ABRIL CELEBRADO COM SERÃO CULTURAL NA SOCIEDADE RECREATIVA PROGRESSO OLHANENSE
A
Sociedade Recreativa Progresso Olhanense acolheu, no dia 16 de abril, uma performance de poesia, música e canto, onde foram evocados os 42 anos do 25 de Abril de 1974. O espetáculo «Dizer Abril. Lembrar Abril», uma iniciativa do olhanense João Pereira, contou com o apoio da Câmara Municipal desde o primeiro minuto e levou para cima do palco a alma de alguns dos poetas e artistas que fazem parte do imaginário coletivo da Revolução dos Cravos. “As portas que Abril abriu, nunca mais ninguém cerra”. Esta frase de Ary dos Santos poderia ser o mote deste projeto. “Trata-se de um sonho antigo que tenho vindo a amadurecer ao longo dos anos e que finalmente tomou forma, até porque é
ALGARVE INFORMATIVO #54
importante que os valores de Abril não se percam junto das camadas mais jovens e que eles percebam como foram conquistadas muitas das liberdades que hoje tomam como certas”, refere o mentor do projeto, João Pereira. Ao intérprete principal juntaram-se os músicos Eduardo Patarata, Domingos Caetano, Flávio Henriques e Alexandre Ponte, para além de Laura Sebastião que, com o texto «Chamada Geral», de Mário Leiria, abriu o espetáculo. Ao longo da noite, foram interpretados por João Pereira, sempre acompanhado musicalmente por Eduardo Patarata, textos de José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre, José Fanha, Vinicius de Moraes e Charles Chaplin. Na vertente musical, o músico convidado Domingos Caetano evocou alguns dos temas mais emblemáticos de Zeca Afonso, como Vampiros, Venham mais Cinco, Filhos da Madrugada, Traz outro Amigo Também ou Grândola, Vila Morena, todos acompanhados entusiasticamente pelo público presente .
64
65
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE 104 ANOS DE HISTÓRIA DO SCO ASSINALADOS COM QUATRO NÚCLEOS EXPOSITIVOS
F
oi inaugurada, no dia 16 de abril, a exposição comemorativa do 104.º aniversário do Sporting Clube Olhanense. A mostra, da responsabilidade da Autarquia, através do seu Arquivo Municipal, e do Sporting Clube Olhanense (SCO), divide-se por quatro locais e pode ser visitada até 29 de abril. Quem quiser conhecer um pouco melhor a história do SCO pode passar pelas instalações do Arquivo Municipal de Olhão, hall de entrada do Município, Sala de Troféus do clube, no Estádio José Arcanjo, ou pela Rua Almirante Reis (n.º22 A), local onde foi redigida a ata da fundação do clube. A exposição assenta numa simbiose entre o espólio museológico, pertencente ao clube, e o espólio documental
ALGARVE INFORMATIVO #54
produzido no decorrer da sua atividade, e que permanece atualmente à guarda do Arquivo Municipal de Olhão. Visitados os quatro núcleos expositivos, será possível ter uma visão global do clube e da sua história desde a fundação até à atualidade. Alguns documentos estão mesmo a ser revelados ao público pela primeira vez, dando assim a conhecer novos dados desta instituição que faz parte intrínseca da história da cidade e dos olhanenses. Em 1924, o SCO viveu o momento mais glorioso da sua história, ao conquistar o título de campeão de Portugal, «dando as maiores alegrias aos seus adeptos e ao povo olhanense, elevando o nome de Olhão em todo o País», como pode ler-se num dos painéis da exposição. Muito deste sucesso deveu-se ao presidente de então, o olhanense Cândido do Ó Ventura que, através das suas fábricas conserveiras, investiu na equipa e elevou-a à categoria de campeã. Na memória de todos os que viveram esse momento perdura a vitória histórica por 4-2, frente ao Futebol Clube do Porto.
66
A história gloriosa do SCO, que remonta à primeira metade do século XX e, através da mostra deste espólio – factos, documentos e peças – não pode ser dissociada da cidade e da sua massa adepta, em grande parte gente marítima desta terra. A história do SCO é, por isso, indissociável da história da cidade de Olhão e do seu desenvolvimento. É esta leitura global e integrada que se propõe nesta exposição: «clube e cidade, nascidos ambos do esforço de um povo contra os obstáculos e desafios constantes e com sucesso de superação». Na inauguração desta mostra, entre muitos olhanenses representantes e dirigentes das duas entidades – Câmara Municipal e Sporting Clube Olhanense – marcaram presença o presidente da Câmara Municipal de Olhão,
67
António Miguel Pina, e o presidente do SCO, Isidoro Sousa. Ambos elogiaram os vários «momentos» da exposição, realçando alguns documentos agora dados a conhecer pela primeira vez, mercê do “esforço e dedicação dos elementos do Arquivo Municipal de Olhão”, agradecendo esse trabalho em nome de todos os olhanenses e adeptos. “Haveria mais para expor, mas mostramos aquilo que considerámos mais emblemático. Foi muito gratificante esta parceria entre a Câmara e o SCO. Conseguimos adquirir novos conhecimentos e transmiti-los ao público, porque se não for para mostrar, os conhecimentos de pouco valem”, referiu por sua vez a responsável pelo Arquivo Municipal de Olhão, Helena Vinagre, no final das inaugurações desta exposição, que fica patente nos quatro locais até 29 de abril .
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE PORTIMÃO INAUGUROU CENTRO LOCAL DE APOIO À INTEGRAÇÃO DE MIGRANTES participado, planeado e inclusivo”. O CLAIM - Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes de Portimão é o primeiro a abrir no país com esta nomenclatura, que veio alterar a designação CLAII (Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes), passando a integrar a rede CLAIM nacional atualmente composta por cinquenta e oito gabinetes distribuídos de norte a sul do país e ilhas.
P
ortimão deu mais um passo importante, no dia 20 de abril, como um Município inclusivo e solidário para com os migrantes de 68 diferentes nacionalidades que ali vivem e trabalham, ao inaugurar um Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes - CLAIM. Numa cerimónia que contou com a presença da Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino e, do Secretário de Estado para as Autarquias Locais, Carlos Miguel, foi formalmente assinado um protocolo de cooperação entre o Alto Comissariado para as Migrações e o Município de Portimão que estabelece os termos desta parceria com vista a maior proximidade e melhor integração local dos migrantes. Segundo a presidente da autarquia, Isilda Gomes, o CLAIM vem reforçar o Plano Municipal para Integração do Migrante que o município implementou em 2015, trabalho que tem sido desenvolvido em parceria com todas as entidades, “de forma a ter um território mais
ALGARVE INFORMATIVO #54
A alteração da nomenclatura prende-se com a necessidade de adaptação à nova realidade migratória a que se assiste, em que os refugiados “tornam-se também parte da política pública”, afirmou a Secretária de Estado. “Solidariamente, temos as portas abertas e queremos ajudar a Europa a suprir este flagelo. Os CLAIM centram-se num espírito positivo de acolhimento a pessoas que vêm de países com culturas e organizações sociais muito distintas das nossas, sendo este um grande desafio para todos nós”, acrescentou Catarina Marcelino. Como espaço de informação descentralizada, a estrutura do CLAIM tem como missão proporcionar ao cidadão migrante respostas locais articuladas ao nível das necessidades de acolhimento e integração e ajudar a responder às suas necessidades em diferentes áreas, como por exemplo: regularização da situação migratória; nacionalidade; Reagrupamento Familiar; Habitação; Trabalho; Segurança Social; Retorno Voluntário; Saúde; Educação; Formação Profissional; Empreendedorismo e Apoio ao Associativismo, entre outras . 68
69
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE PORTIMÃO «SAI DO VERMELHO»
U
ma década depois a Câmara de Portimão apresenta Resultados Líquidos Positivos e o seu melhor resultado financeiro de sempre. Esta é a grande novidade do relatório e contas de 2015, que foi aprovado em reunião de câmara de 22 de abril. O executivo liderado por Isilda Gomes registou no ano passado resultados positivos na ordem dos 8,1 milhões de euros, o que se revela ser o melhor resultado financeiro de sempre da autarquia de Portimão. Recorde-se que os quatro períodos homólogos registaram os seguintes resultados: i) 5,5 milhões negativos em 2014; ii) em 2013, os resultados líquidos atingiram um valor negativo de 8,9 milhões de euros; iii) em 2012 registaram-se 11,9 milhões de euros negativos e; iv) em 2011, foram na ordem dos 20,5 milhões de euros negativos. Numa análise um pouco mais detalhada verificase que os resultados operacionais situaram-se em cerca de 11,1 milhões de euros positivos.
ALGARVE INFORMATIVO #54
No que concerne ao Passivo Total, este registou uma diminuição de 13,5 milhões euros, face ao ano anterior. Sobre as dívidas a terceiros de curto, médio e longo prazos estas registaram uma redução em cerca de 14,4 milhões de euros face ao ano anterior. No que diz respeito à divida, acresce ainda afirmar que as dividas a terceiros de curto prazo, em 2015, registaram o melhor valor desde 2012, sendo inferiores em cerca de 21,3 milhões de euros do que o registado em 2012. Por último, o município de Portimão conseguiu, em 2015, inverter a situação de incumprimento da redução do endividamento face ao ano anterior (-18,7 milhões de euros). Desde o ano de 2012 que não conseguia cumprir a redução de 10 por cento do endividamento face ao ano anterior .
70
71
ALGARVE INFORMATIVO #54
ATUALIDADE
CAMPEONATOS NACIONAIS DE TT REGRESSAM A LOULÉ a posta da proximidade com o público, o Parque de Assistência se situa em pleno coração da cidade, permitindo acompanhar de perto o trabalho das equipas. No domingo disputam-se dois sectores seletivos, entre o eixo Almodôvar-Cortelha. Com um percurso bastante rolante, com bom piso e características muito similares a troços de rali, vai de encontro às expectativas dos participantes que elogiaram a opção usada na época passada.
A
Baja de Loulé 2016 acolhe os principais Campeonatos Nacionais de Todo o Terreno, contando com a presença de automóveis, motos, quads e buggys, a 28 e 29 de maio, percorrendo os trilhos da Serra do Caldeirão. Depois do sucesso da Baja Cidade Europeia do Desporto, Loulé mantém a aposta no desporto motorizado e volta a acolher os Nacionais de Todo-o-Terreno, servindo de centro nevrálgico a uma prova que passará por municípios do Algarve e do Baixo Alentejo. A terceira ronda dos campeonatos nacionais de TT começa no sábado, dia 28 de Maio, estando programadas as verificações na Zona Industrial de Loulé, à qual se segue o prólogo com aproximadamente nove quilómetros num percurso delineado em Vale Judeu. Mantendo
ALGARVE INFORMATIVO #54
Para os automóveis estão desenhados dois sectores seletivos, ambos com partida de Almodôvar, um com aproximadamente 200 quilómetros, e outro mais reduzido com 82 quilómetros. Os participantes de motos, quads e buggys, fazem dois percursos (119+82 km), totalizando aproximadamente quilómetros cronometrados. O evento encerra ao final da tarde de Domingo, em Loulé com a entrega de Prémios na Praça da República. Organizada pelo Clube Automóvel do Algarve, a Baja de Loulé 2016 conta com o apoio ativo das Câmaras Municipais de Loulé, Alcoutim e Almodôvar e o patrocínio da Solverde-Casinos do Algarve, Hydraplan e da Acrimolde .
72
73
ALGARVE INFORMATIVO #54
FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina
ESTATUTO EDITORIAL A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética
ALGARVE INFORMATIVO #54
profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. 74
75
ALGARVE INFORMATIVO #54
ALGARVE INFORMATIVO #54
76