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Utentes da ACASO voltaram a emocionar Olhão BENÇÃO DAS FITAS ZUMBA SOLIDÁRIA ALGARVE NATURE WEEK CABRA DE RAÇA ALGARVIA 1
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CONTEÚDOS Benção das Fitas - 46
Cabra de Raça Algarvia - 14 Zumba Solidária - 50
Algarve Nature Week - 8
Espetáculo ACASO - 36
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OPINIÃO Quando o povo grita, os poderosos balançam… Daniel Pina - 6
Bébés com Música Paulo Cunha - 22
Mundos paralelos Paulo Bernardo - 24
Quem quer um buraco ?! José Graça - 26 Não serás como a palha que o vento leva Paulo Pires - 28
A sul de nenhum norte Mirian Tavares - 30
Versejando Augusto Lima - 32
30 / 125 / Reitor / Turismo Bruno Inácio - 34
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Quando o povo grita, os poderosos balançam… Daniel Pina
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Algarve hoje, sábado, 14 de maio, está em alta na comunicação social, por ocasião da vinda do Primeiro-Ministro António Costa para inaugurar o Passeio das Dunas, um espaço urbano requalificado que veio substituir, e bem, um antigo bairro degradado que separava Quarteira de Vilamoura. Como seria de esperar, os vários canais de televisão marcaram presença em peso, assim como os principais jornais e rádios nacionais, para além da imprensa regional, já habituada a este aparato mediático sempre que o Verão se começa a aproximar. António Costa apareceu sorridente, sem gravata, cumprimentou, foi cumprimentado, deu e recebeu beijinhos, dos camaradas socialistas e da população local. Do lado do PSD não vi ninguém, apesar de estarmos perante a inauguração de uma obra importante para o maior concelho do Algarve, um investimento na ordem dos quatro milhões de euros que vai tornar ainda mais atrativa toda a zona de Quarteira e Vilamoura. Diria o bom senso que o maior partido da oposição, designadamente os homens e mulheres do PSD/Algarve, não colocassem as cores partidárias acima dos interesses da região, mas sabemos todos bem como as coisas funcionam na política. De Quarteira, António Costa seguiu para Loulé para apresentar a Moção de Estratégia «Cumprir a alternativa, Consolidar a esperança», agora não como Primeiro-Ministro mas como Secretário-Geral do PS. Não fui, mas teve à sua espera três manifestações, uma contra a exploração de hidrocarbonetos e gás natural no Algarve, outra contra a demolição de casas nas Ilhas Barreiras, outra contra as portagens. Não fui, mas quase que adivinho que aí já estariam alguns políticos do lado da oposição, a defender fervorosamente os interesses superiores da região algarvia. Se foram, acho muito bem que o tenham feito, pois há que defender os interesses da população ao lado da população, não em gabinetes com ar condicionado, a mandar notas de imprensa para os órgãos de comunicação social, ou a atirar-se aos governantes nas redes sociais. Mas também deviam marcar presença na inauguração de projetos importantes para essas mesmas populações. Atacar um governante, seja de que
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partido for, pelas más decisões que ele toma, ou pelas que foram tomadas pelos seus antecessores, e fechar os olhos às boas decisões que o mesmo governante toma, é pura hipocrisia, é ver só o que lhe interessa, é aparecer só quando lhe dá mais jeito, e não quando convém às populações. Mas nós sabemos como funcionam essas coisas da política, de tal maneira que já nem vamos votar como antigamente, nem vamos às concentrações com o mesmo vigor de outros tempos, nem reclamamos tão alto como deveria ser. Contudo, quando o povo se junta e grita alto, os poderosos tremem, balançam, são obrigados a reverter as suas decisões. Veja-se o que aconteceu na semana passada, quando se soube que iam cortar a EN 125 ao longo de 10 quilómetros e durante dois meses. Uma decisão que tornaria a vida dos algarvios num verdadeiro inferno. Que comprometeria o negócio de imensas empresas. Que deixaria uma imagem terrível junto dos turistas. Por isso, os algarvios refilaram e disseram de sua justiça nas redes sociais e junto dos governantes a que conseguiram jogar a mão. Os jornalistas colocaram de lado, por breves instantes, a imparcialidade e escreveram artigos de opinião, disseram também de sua justiça, porque também são cidadãos. Os autarcas passaram o fim-de-semana em reuniões de emergência, não deram sossego ao poder central, deram um valente murro na mesa. Resultado: os poderosos voltaram atrás na sua decisão. Pena é que os algarvios não tenham sido assim tão aguerridos noutras situações, com a introdução de portagens na Via do Infante, a subida do IVA na Restauração, o atraso das obras da EN 125, a concessão de contratos de exploração de petróleo ao largo da costa algarvia. Se assim o tivessem feito, se calhar não andávamos agora todos a chorar sobre leite derramado. Aliás, até o Primeiro-Ministro afirmou hoje, a plena voz, que defender o meio ambiente no Algarve é defender o futuro da própria região .
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Algarve Nature Week mostra o «outro» Algarve Decorre, de 13 a 22 de maio, mais uma edição da Algarve Nature Week, evento que dá a conhecer o rico património natural e a diversificada fauna e flora da região, pra além das suas condições para a prática de atividades ao ar livre e de ecoturismo. Uma riqueza tremenda que esteve igualmente presente na Mostra de Natureza que aconteceu no requalificado Passeio das Dunas, em Quarteira, no fimde-semana de 13 a 15 de maio, e que contou com a participação de dezenas de empresas de animação turística e associações locais. Texto:
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Fotografia:
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Algarve Nature Week acontece de 13 a 22 de maio e pretende reforçar a ideia de que o Algarve é muito mais do que o tradicional «sol e praia», produto a que se juntou posteriormente o «golfe». Ao longo de 10 dias, estão disponíveis cerca de 150 experiências outdoor que dão a conhecer o «outro Algarve», experiências para todos os gostos, dos mais aventureiros, aos mais resistentes, para os que gostam de descontrair em família ou para os que apreciam a natureza de forma mais tranquila e relaxada. Em destaque esteve, igualmente, a Mostra de Natureza, de 13 a 15 de maio, no Passeio das Dunas de Quarteira, com dezenas de empresas de animação turística e associações locais a apresentarem os seus produtos
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e atividades e cuja inauguração contou com a presença das principais entidades do setor turístico regional e nacional. “O turismo de natureza tem, nos últimos dois, três anos, alavancado o setor e criado emprego. O sol, praia, mar e golfe são responsáveis por trazer ao Algarve milhões de turistas por ano, mas já não chegam, seja para quem nos visita, como para quem investe na região”, afirmou Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, na cerimónia de abertura da Algarve Nature Week. “O Algarve tem uma diversidade fantástica, a Costa Vicentina, a serra, o barrocal, a bacia do Mediterrâneo e a Ria Formosa e é preciso potenciar este território, sobretudo naqueles meses em que o Algarve tem muitas camas para ocupar e poucos
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Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé
turistas, ou seja, entre outubro e maio”, frisou o responsável. Na sua intervenção, Desidério Silva reforçou a ideia de que o Algarve não pode ser sustentável apenas seis meses por ano e para isso há que criar novos produtos, alguns deles incluídos nas 150 experiências que compunham o programa deste evento. “O turismo de natureza vai desde as caminhadas ALGARVE INFORMATIVO #57
aos passeios de bicicleta, de observar os golfinhos e as aves a andar de parapente, fazer rapel ou escalada. Temos um território que permite tudo isso e agora é essencial que cada um, seja público ou privado, faça o que tem a fazer. Infelizmente, neste Algarve nem sempre as coisas funcionaram muito em parceria, mas penso que esse tempo está a acabar”, defende o novo presidente da Associação Nacional de Turismo, apelando à união de todos os algarvios e agentes a atuar na região. No dia em que se assinalavam os 17 anos da subida de Quarteira a Cidade e os 100 anos como Freguesia, o presidente da Junta Telmo Pinto recordou que este Passeio das Dunas foi, no passado, um bairro da lata, constituindo, agora, uma obra de referência e com enorme significado para todos os quarteirenses e louletanos. “Foi uma barreira arquitetónica entre os núcleos urbanos de Quarteira e Vilamoura que agora desapareceu”, descreve, ao mesmo tempo que
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agradecia à Região de Turismo do Algarve por ter escolhido precisamente este local para a Mostra da Natureza. “Vivemos do turismo, temos sempre cá muita gente no Verão, mas existem outros nichos de mercado que nos podem ajudar a combater esta sazonalidade. Por isso, estes eventos são importantes para mostrar as nossas valências, aquilo que temos para oferecer a quem nos visita”. A representar o Turismo de Portugal esteve Filipe Silva, para quem a Algarve Nature Week é uma excelente amostra do que a região tem vindo a fazer para combater a sazonalidade. “A orla litoral concentra a maior parte da oferta turística algarvia, mas há valências de enorme potencial no barrocal e na serra e estas iniciativas também contribuem para uma maior coesão a
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nível territorial”, frisou. O vogal do Turismo de Portugal relembrou um projeto que está a ser dinamizado em conjunto com a Região de Turismo do Algarve, a Associação de Turismo do Algarve e a AMAL e que se foca nos percursos pedestres e cicláveis. “Iniciamos um trabalho em torno de quatro percursos – Via Algarviana, Rota do Guadiana, Rota Vicentina e Ecovia do ALGARVE INFORMATIVO #57
serem comercializados e promovidos nos mercados exteriores”.
Filipe Silva, vogal do Turismo de Portugal
Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira
Litoral, que se vai prolongar ao longo do tempo e que vai envolver todas as entidades público-privadas do Algarve, mas que pretende também trazer a população para este projeto. No fundo, queremos aprender com as excelentes histórias de sucesso que o Algarve teve nestas décadas, no «sol e mar» e no «golfe», e adaptar esses conhecimentos a novos produtos para ALGARVE INFORMATIVO #57
A encerrar as intervenções oficiais, Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, destacou o Passeio das Dunas, um exemplo de como espaços urbanos degradados podem dar lugar a praias urbanas, a zonas requalificadas, de grande qualidade e que devem orgulhar todos os louletanos. “Hoje, não há realidades estanques e o turismo tradicional pode conviver, no mesmo local, com um turismo que apele à conservação da natureza. Esta mostra significa, precisamente, que outro turismo é possível, mais do que isso, que é absolutamente necessário. O Algarve é um diamante que está ainda muito longe de ser rentabilizado em termos turísticos”, considerou o edil louletano. O presidente do maior concelho do Algarve lembrou que o barrocal e a serra devem ser trabalhados com estes novos conceitos de turismo, até porque os visitantes internacionais têm gostos cada vez mais variados e a oferta deve acompanhar as tendências da procura. “O turismo é, certamente,
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uma das atividades económicas com maior potencial de crescimento no mundo e o Algarve, graças à sua inteligência política e empresarial, percebeu que tem que se adaptar rapidamente às novas realidades. A natureza, o património gastronómico, a flora, a fauna, são um segmento que precisam de bastante atenção e investimento, mas também de muito cuidado”, alertou ainda Vítor Aleixo. “Este turismo vai dinamizar a pequena economia, a economia de raiz local, não uma economia de massas, de consumo compulsivo, de uma série de estilos de vida que estão a mudar. É um turismo no qual acredito, por promover valores de convívio, de consumo sustentável, de respeito pela natureza. O futuro da nossa região e o bem-estar dos algarvios vão, com certeza, passar por aqui de uma forma
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determinante”, concluiu, antes de se iniciar a visita pelos diversos expositores . ALGARVE INFORMATIVO #57
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Cabra de raça algarvia está viva, mas o negócio não é fácil O Azinhal recebe, de 20 a 22 de maio, mais uma edição da Feira «Terra de Maio» e um dos principais destaques do certame é, sem dúvida, a cabra de raça algarvia. Por isso, fomos até ao interior do concelho de Castro Marim conversar com Paula Rosa, responsável técnica da Associação Nacional de Criadores de Caprinos da Raça Algarvia (ANCCRAL), para saber como está o setor e conhecer os principais projetos em andamento. Texto:
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na pacata freguesia do Azinhal, concelho de Castro Marim, que está localizada a sede da ANCCRAL – Associação Nacional de Criadores de Caprinos da Raça Algarvia, nascida há mais de duas décadas com o intuito de recuperar uma raça autóctone do Algarve e que defendesse os interesses dos seus criadores. Presentemente com 56 associados a nível nacional, divididos entre o Algarve e o Baixo Alentejo, a entidade apenas intervém ativamente na produção e comercialização de leite e seus derivados, deixando a vertente da venda da carne para os próprios criadores.
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Uma linha leite que sofreu um grande incremento quando, em 2010, em parceria com o Município de Castro Marim, foi construída uma queijaria no Pavilhão Multiusos do Azinhal. “Entramos na produção de queijo e tentamos escoar e valorizar um produto que é de excelência, o leite. Entretanto, havia uma empresa, pertencente a um grande grupo nacional, que fazia a recolha do leite na região do Algarve mas, em maio de 2015, optou por desistir dessa atividade. Isso fez com que a associação, com o apoio dos municípios de Castro Marim e Alcoutim, tivesse adquirido um caminhão e uma cisterna de recolha e, desde essa altura, procedemos à coleta do restante leite que não é escoado na queijaria”, explica Paula Rosa, responsável técnica da ANCCRAL. Para concretizar essa missão, foram estabelecidos acordos comerciais com
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queijarias de maior dimensão do Baixo Alentejo, tudo para facilitar a vida dos criadores de uma zona bastante complicada para se trabalhar, explica a entrevistada. “Os rebanhos são pequenos, estão dispersos pelo território, que é principalmente de serra, o que torna a recolha do leite um problema recorrente. Aparecem uns compradores, no ano seguinte já não regressam porque o negócio não é rentável, mas nós, como associação, não temos o lucro como objetivo base”, aponta Paula Rosa, ao mesmo tempo que chama a atenção para a rigorosa legislação em vigor. “As queijarias que não estão licenciadas não podem entrar na área comercial e vender diretamente o leite para consumo também não é possível, portanto, tivemos nós que assumir essa função”, frisa. Uma atividade onde, como se adivinha, as margens de lucro são bastante reduzidas, mas Paula Rosa lembra que isso se passa em todo o setor agropecuário em Portugal e que o grande problema é sempre a comercialização. “Os pequenos produtores não têm margem para diluir os custos fixos. Veja que, levando 50 ou cinco mil litros, o custo que está associado é basicamente igual, mas a rentabilidade é completamente diferente. Mesmo nos produtores, associações e cooperativas de maior dimensão, estamos perante duas forças distintas de poder: a grande distribuição de um lado, o produtor do outro”, refere,
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reconhecendo que a balança pende normalmente para o primeiro lado. Um entrave que não se coloca no setor dos pequenos ruminantes são as quotas de produção impostas pela União Europeia, como sucede na produção de leite de vaca, ramo ao qual, infelizmente, 17
Paula Rosa não augura um futuro risonho. No que toca ao leite de cabra, é, sem dúvida, menos consumido pelas pessoas, o que a entrevistada estranha, face à tradição que os países do sul da Europa têm na sua produção. “Por exemplo, nos países nórdicos, é considerado o topo de gama em relação ALGARVE INFORMATIVO #57
a qualquer outro leite. Em Portugal, a procura vai aumentando e já está feito um projeto de ampliação da Queijaria, mais uma vez em parceria com o Município de Castro Marim. Queremos começar a vender leite pasteurizado ao consumidor, porque as pessoas perceberam que é um leite de maior qualidade, do ponto de vista nutricional e dietético”, adianta a responsável técnica da ANCCRAL. Maior qualidade que, pelos vistos, já justifica, na ótica dos consumidores, o preço mais elevado deste produto, com Paula Rosa a confirmar a diferença existente no valor de comercialização do leite de vaca (45 a 50 cêntimos) e de cabra (1,20 euros/1,30 euros), e com uma margem praticamente nula. Completamente implementado nos hábitos de consumo dos portugueses está, por outro lado, o queijo de cabra, tanto fresco como curado. “Mas a comercialização nunca é fácil, porque
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existem outros colegas que também o vendem e o mercado interno é reduzido. De qualquer modo, acredito que o leite é um nicho de mercado que deve ser explorado. Em Espanha, já aparecem grandes grupos com leite ultrapasteurizado de cabra, mas nós, como temos um circuito de comercialização mais pequeno e próximo, queremos vender o leite do dia, o antigo, aquele que desapareceu do mercado”.
Mais procura, novos produtos A par da dimensão do mercado e das reduzidas margens de lucro, Paula Rosa lamenta que continue a existir bastante burocracia neste setor, o que afasta vários produtores. Somando-se a isso um período de recuperação do investimento que é extenso, compreende-se a razão de existirem
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tão poucos agentes no mercado. No que toca à ANCCRAL, transforma em queijo entre 80 a 90 mil litros de leite de cabra por ano, com a quantidade de leite produzido a ser três ou quatro vezes superior. Queijo que depois é vendido nas grandes superfícies comerciais, restaurantes e minimercados de Castro Marim a Portimão, face à notoriedade que tem vindo a conquistar desde 2010. “Diferenciar um queijo fresco não é fácil, parecem todos iguais, mas percebemos que o queijo produzido na serra algarvia tinha praticamente desaparecido do circuito comercial. Fomos a casa dos nossos sócios, vimos o que eles faziam e reproduzimos na queijaria. Depois, voltamos ao cardo, uma planta natural da região que tinha deixado de ser utilizada como coagulante, por ser mais cara, para tentar chegar também aos
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vegetarianos. É um nicho de mercado que está a crescer todos os dias e o coalho de origem animal faz com que eles não consumam queijo, mas o nosso é 100 por cento natural”, garante a entrevistada. Recuperado para o processo produtivo foi igualmente o sal marinho de Castro Marim e as pessoas depressa aderiram ao sabor do novo queijo, ao queijo que era feito antigamente pelos seus avós, o queijo comprado na serra, e que deixara de ser encontrado no litoral. “O processo de pasteurização não altera em nada o valor nutricional, até tem algumas vantagens em relação à fervura, mantém mais a integridade das proteínas e vitaminas”, esclarece, acrescentando que não tem faltado
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mão-de-obra especializada para a prossecução desta atividade. “A associação tem optado por manter um corpo técnico muito fixo. Algumas pessoas saem, outras entram, mas conservamos o núcleo central, o que permite que as coisas tenham funcionado bem. É necessário algum conhecimento, que se adquire nos primeiros tempos de atividade, é relativamente fácil as pessoas adaptarem-se a este tipo de trabalho”. Entretanto, depois do queijo, apareceu o iogurte de leite de cabra, bastante procurado pelo turista e pelo residente estrangeiro, sobretudo alemães, espanhóis e franceses, mas para o qual a capacidade instalada ainda é limitada. “No último ano e meio, o crescimento tem sido exponencial. É bastante procurado inclusive por pessoas com problemas de digestibilidade, porque o leite de cabra é muito melhor. Quando tivermos outra dimensão, será uma forte aposta nossa”, assume Paula Rosa, para o que é também importante o rejuvenescimento dos próprios criadores de cabra de raça algarvia. “Alguns têm uma idade bastante avançada, mas temos três ou quatro jovens agricultores com projetos de investimento no setor dos caprinos. Para além destes, há várias pessoas que ficaram sem o emprego que tinham na construção civil e que regressaram às origens, à serra, ou para se implementarem numa atividade da qual tinham alguns conhecimentos, ou para tomarem conta das explorações dos pais ou dos avós”, observa. ALGARVE INFORMATIVO #57
Resta saber se esses produtores chegam para ficar porque, conforme referido, este será sempre um setor difícil e, na serra algarvia, agravado pelas condições naturais, designadamente a pouca água existente e os terrenos serem mais pobres. “Apesar disso, os pequenos ruminantes – caprinos ou ovinos – serão das poucas opções com rentabilidade nesta zona. Depois, há quem escolha este estilo de vida, porque ser agricultor é diferente de ter outra atividade”, sustenta, já de olhos postos no novo Quadro Comunitário de Apoios e nas medidas a que se possam candidatar para se avançar com a expansão da queijaria. “Vai-nos dar outra capacidade de produção de queijo fresco e de iogurte e gostaríamos de entrar no leite do dia e no queijo curado. O queijo curado tem procura, é diferente dos produtos que temos atualmente e permitenos chegar a mercados mais afastados geograficamente. No Algarve, existe ainda outra dificuldade, já que a produção de leite é um pouco desfasada da procura de produto. A procura de queijo aumenta exponencialmente durante o Verão mas, infelizmente, é nessa altura do ano que temos menos leite e o queijo curado tem um prazo de validade mais alargado que permite combater essa situação. O objetivo será, um dia, conseguirmos escoar todo o leite produzido pelos nossos associados, ficando a mais-valia no concelho e na região” . 20
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Bebés com Música Paulo Cunha
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or vezes perguntam-me qual é a melhor idade para aprender Música, ao que respondo serem os últimos meses de gestação de um filho ainda por nascer (aliás, nalgumas culturas considerase que uma criança quando nasce já tem um ano de idade). Concretizando: a aprendizagem da Música deve ser iniciada o mais cedo possível, sendo nesse caso particular uma aprendizagem tendencialmente passiva, onde a mãe acaba por ter um papel preponderante e nuclear. Toda ela poderá ser uma fonte musical, pois ao falar, cantar, tocar e ouvir determinada música estará a proporcionar ao feto, experiências e vivências sensoriais que virão, por certo, a ter influência no nascimento, no sono, na alimentação, na atenção, na aprendizagem e no contacto com a Música. Pediatras, neurologistas, psicólogos e investigadores defendem que a Música contribui para o desenvolvimento da criança a diferentes níveis. Nos primeiros tempos de vida, já retém e imita sons, aprendendo a coordenar os movimentos com a respiração. São vários os estudos que comprovam que o recém-nascido tem um grande número de competências sensoriais e de processamento de informação, a partir das quais se estabelece a sua interação e comunicação com o mundo. Com a Música, as crianças são estimuladas a escutar e a vocalizar sons, desenvolvendo-se também em termos motores, adquirindo assim uma maior consciência corporal e rítmica. Há diferentes formas de integrar os bebés nas atividades relacionadas com a música, independentemente da sua etapa de crescimento. Nos primeiros meses de vida começam a vocalizar sons no colo dos pais ao mesmo tempo que, tal como “pequenas esponjas”, absorvem toda a ambiência musical que os rodeia. Dos nove aos doze meses o bebé já se movimenta e dança, reagindo à voz cantada e aos instrumentos. Entre os dois e os
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três anos, a espontaneidade, a autonomia e a capacidade da criança interagir e reproduzir tudo o que ouve aumenta consideravelmente. Enquanto educadores e professores devemos aconselhar e incentivar os pais para que o contacto com a Música passe a fazer parte das suas rotinas diárias (antes do sono, durante o banho e na hora das refeições). São atividades enriquecedoras em termos de aquisições musicais propriamente ditas, mas também em termos de relacionamento entre pais e filhos. Felizmente, em Portugal, cada vez mais vão surgindo iniciativas pedagógicas e atividades formativas produzidas e realizadas por profissionais habilitados e competentes onde, duma forma relaxada, espontânea e lúdica, trabalham linguagens musicais diversas e atividades a partir das quais se explora o som, o corpo, o espaço e o tempo, e se desenvolve o vocabulário e o pensamento musical da criança. É inquestionável que o contacto precoce com a Música contribui para a aquisição da linguagem, para o estímulo das atividades motoras, para a interação social e afetiva e para a indução e descoberta do raciocínio e do conhecimento. Citando Edwin Gordon, um dos mais prestigiados investigadores da atualidade no âmbito da Psicologia e da Pedagogia da Música, deixo à consideração e reflexão de quem de direito o seguinte: “A aptidão musical duma criança é inata mas é afetada pela qualidade do meio em que vive.” (…) Isto significa que o efeito que um ambiente musical fértil tem sobre a aptidão musical duma criança diminui progressivamente à medida que a idade da criança aumenta, o que torna inestimável a importância de cedo se usufruir de um ambiente musical adequado. A partir dos nove anos de idade, o nível de aptidão musical duma criança deixa de ser influenciado pelo ambiente musical, mesmo que este seja de elevada qualidade.”. Está tudo dito (digo eu)! . 22
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Mundos paralelos Paulo Bernardo
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ais ou menos em finais dos anos 90, e muito por culpa da passagem para o mítico ano 2000, foram surgindo várias tentativas de existência de mundos paralelos. Podemos ver este tema bem retratado no filme MATRIX e muitos ainda se devem lembrar do jogo «Second Life», rede que hoje ainda tem cerca de 70 mil utilizadores em todo o mundo. Contudo, comparado com os quase quatro milhões de utilizadores do Facebook só em Portugal, não é nada. Mas o que parecia fixação nos idos anos 90, hoje é uma realidade. Ainda não chegamos ao extremo de Matrix, mas vivemos sim em mundos paralelos. Hoje, quando vou ao banco, estou num mundo paralelo pois entro no site do banco e faço o meu percurso sem sair do meu escritório. Hoje, quando compro um bilhete de avião ou reservo um hotel, também não saio de casa. Hoje, existe um número de coisas que se faz no mundo paralelo através da internet que parecem saídos dum jogo de computador. Eu, pessoalmente, uso as redes sociais essencialmente por questões profissionais e digovos que são ótimos meios para contatar pessoas e estar ao corrente do que se passa no mundo. Tenho amigos que possivelmente nunca vou conhecer pessoalmente, mas que são pessoas que me ajudam todos os dias a ganhar as batalhas da globalização. Meus amigos, por isso, não vale a pena atacar todos estes novos sistemas de viver no mundo paralelo, pois é um pouco como queimar livros ou outras coisas afins. Podemos crer para o mundo, mas ele vai seguir o seu caminho como água que corre no riacho.
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Vai ser comum em breve ir ao médico utilizando o computador, assistir a aulas desde qualquer lado, fazer exercício com o PT no outro lado do mundo, ou como é o meu caso, tratar de negócios através de um novo canal, ou seja, um novo mundo. Por isso, quem quiser sobreviver neste mundo global de concorrência não deve ter medo de viver nos mundos paralelos, pois são mundos que têm as coisas más da vida, sim, mas também têm mais coisas boas, como no próprio mundo dito real. Nota da semana: Impeachment de Dilma foi o fator mais importante desta semana. Tenho alguma dificuldade em entender o que verdadeiramente aconteceu. A visão mais distante pode parecer golpe, contudo, para quem como eu tem vivido os últimos tempos muito pelo Brasil, o que sinto através do povo é que não é golpe, e sim a vontade de devolver o Brasil aos Brasileiros. O processo não vai parar, pois muito se passa no mundo paralelo. Hoje, as redes sociais mudaram o mundo e o Brasil não é exceção e, num país com 27 por cento de jovens, é óbvio que estes meios vão fazer uma nova revolução. Assim, o impeachment é só o primeiro passo para a mudança deste Brasil para um novo Brasil. Figura da semana: António Costa. Gostei de ver hoje o Primeiro-Ministro a falar com os manifestantes (Os ilhéus e os Anti - Petróleo), não se escondeu atrás dos seguranças, nem tinha um grupo organizado de meliantes para o afastar do povo. Este gesto diz muito de uma pessoa, demostra que é uma pessoa com autoconfiança e com disponibilidade para ajudar os outros . 24
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Quem quer um buraco?!
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José Graça
astaram meia dúzia de dias de chuva para revelar a fragilidade total do piso da estrada nacional 125 (EN125), entre Olhão e Vila Real de Santo António, deixada ao abandono pelas Infraestruturas de Portugal (e entidades antecessoras). É esta a alternativa à A22-Via do Infante, senhores?! Com as obras de beneficiação da EN125 em curso nos concelhos de Albufeira e Loulé, é bom recordar que o anterior Governo desistiu do Sotavento do Algarve… Quase dois anos depois da primeira revisão do contrato, o Governo anunciou em maio de 2014, através das Estradas de Portugal (atualmente Infraestruturas de Portugal, após fusão com a REFER), que havia acordado com a Rotas do Algarve Litoral, a revisão das cláusulas de despesa e investimento previstas no âmbito da subconcessão da estrada nacional 125, na véspera da eleição do Parlamento Europeu. Nessa altura, numa manobra claramente eleitoralista, o Governo anunciou para julho seguinte, no pico do Verão, o arranque das obras suspensas desde o início de 2012, dando ênfase às alegadas poupanças financeiras decorrentes desta segunda renegociação irresponsável, e deixou cair a requalificação dos troços do Sotavento do Algarve, excluindo os concelhos de Olhão, Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António, depois de já ter abandonado os projetos das variantes de Olhão e da Luz de Tavira na anterior revisão. Esta evolução incompreensível do processo apenas poderia ser justificada pelo desespero pré-eleitoral e por uma derrota anunciada, pois o Governo faz tábua rasa dos compromissos assumidos com os algarvios sobre a requalificação total da EN125, apresentada em 16 de março de 2008 por José Sócrates como a primeira intervenção estratégica de requalificação integral de uma Estrada Nacional. Apesar do avançado estado de degradação do pavimento e das zonas envolventes, o Governo e as Estradas de Portugal discriminaram negativamente os concelhos do Sotavento algarvio e do Baixo Guadiana, já seriamente prejudicados pelo acréscimo de tráfego
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provocado na sequência da introdução de portagens na A22-Via do Infante ou pelo adiamento da conclusão do IC27, transformado num beco sem saída. Pior, por inúmeras vezes foi anunciada a criação de um novo nó de acesso à A22-Via do Infante em Santa Rita, no limite dos concelhos de Tavira e VRSA, com financiamento privado assegurado. Serviria essencialmente para facilitar ao acesso aos empreendimentos turísticos e aos campos de golfe de Cabanas e Conceição de Tavira e Vila Nova de Cacela, mas seria igualmente importante em matéria rodoviária, dado tratar-se do maior troço contínuo com mais de vinte quilómetros. Para prejudicar ainda mais a competitividade económica do Sotavento, refira-se que entre os nós da Pinheira (Castro Marim) e de Estoi (Faro) todos os troços são pagos, enquanto as ligações Estoi (Faro) – Loulé Nascente e Loulé Poente – Vilamoura (Loulé) são gratuitas, com as inerentes vantagens nas deslocações de pequena distância. Porque não isentar de pagamento o troço central entre Tavira e Olhão e incluir as bombas de combustível nesse troço no programa experimental de redução dos preço para os transportes internacionais de mercadorias, tal como sucede no norte e centro de Portugal?! Penso que, para além de reduzir o trânsito na EN125 naquela zona, seria mais um fator de atração para as empresas e de criação de emprego para as áreas empresariais de Tavira e Olhão, localizadas no início dos respetivos acessos… Para quem está nestes processos há mais de vinte anos, o estado atual das acessibilidades justifica mais do que nunca uma intensificação da luta dos representantes das populações, principalmente numa fase da economia nacional em que se aposta na criação de emprego e no desenvolvimento sustentável das nossas comunidades locais e regionais. Já agora, quer um buraco?! Temos que cheguem para todos… . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966
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Não serás como a palha que o vento leva Paulo Pires
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ma das intérpretes a que mais gosto de regressar, e que foi (e permanece) minha companhia serena e apaziguadora (e nem por isso menos intensa) de tantas noites: a cantora e compositora Lhasa de Sela, filha de pai mexicano e mãe americana-judia-libanesa. Na minha memória afectiva persiste o concerto a que assisti em Lisboa, na Aula Magna, em 2004, em que me rendi à sua voz grave e ampla, tecida de um veludo que parecia conhecer todo o tipo de nódoas, desfilando livremente – como ela tanto gostava, não fosse um espírito nómada e saudavelmente desalinhado relativamente às vicissitudes e agressividades da indústria musical – entre um registo ora ébrio, ora apaixonado, “vingativo” ou sensual. Como alguém afirmou um dia, Lhasa abordava os mais velhos assuntos do mundo com uma maturidade e profundidade que pareciam não ser as de uma mulher com 26 anos (quando se iniciou mais seriamente nas lides musicais), como se essas canções existissem desde sempre e estivessem ali, há séculos, à espera de serem ouvidas. A sua postura tímida, generosa, naturalmente inquieta e intensamente observadora eram traços que sobressaíam entre as luzes dos holofotes e os aplausos da multidão. Se tivesse de “resumir” o seu perfil na vida e no palco em poucas palavras, escolheria certamente “simplicidade” e “densidade”. Vasco Sacramento, seu promotor em Portugal, confessaria mesmo, após a prematura morte da cantora no primeiro dia de Janeiro de 2010, que Lhasa cantava apenas por imperativo de consciência, sem grandes preocupações comerciais, demonstrando uma atitude desprendida mas lúcida.
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A qualidade e singularidade musicais dos seus três álbuns editados entre 1998 e 2009 (Lla Lorona, The Living Road e Lhasa) são inegáveis, ainda que o seu primeiro trabalho seja aquele que mais me envolve e transporta, talvez por uma maior propensão pessoal para as baladas sentimentais e cambaleantes, neste caso versando mitos pagãos mexicanos, amores de “faca e alguidar”, o sangue, a morte e as cartas que trazem fortuna e desgraça e nos traçam o destino. Lhasa amava essa “música do povo” (poema a que Mariza daria depois voz numa tocante melodia de Mário Pacheco) a que Fernando Pessoa chamou um dia “fado”, e admirava Amália, os encantos de Lisboa, o Bairro Alto, Alfama, Sintra e o bacalhau que sempre degustava com renovado prazer em Xabregas, como amiúde lembrava. Revisito um excerto de “La Frontera”, tema do álbum The Living Road (segundo disco de originais, de 2003), em que é difícil ficar indiferente a uma voz que atravessa territórios tão díspares quanto a doçura sussurrante e a tempestuosa fúria: “Hoy vuelvo a la frontera / Otra vez he de atravessar / Es el viento que me manda / Que me empuja a la frontera / Y que borra el caminho / Que detras desaparece // Me arrastro bajo el cielo / Y las nubes del invierno / Es el viento que las manda / Y no hay nadie que las pare / A veces combater despiadado / A veces baile / Y a veces... nada //” De um lado, melancolia e soturnidade; do outro, comoção e graciosidade – assim era a irrepetível Lhasa, a menina que passou a infância num autocarro, em tendas de circo e a vaguear pelas veredas da fronteira americano-mexicana .
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A sul de nenhum norte Mirian Tavares Exposição de Pedro Amaral – Ruínas de Milreu (patente de 14 de maio a 4 de setembro)
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a primeira vez que estive nas ruínas de Milreu e vi a casa que lá está, com tantas camadas cheias de séculos entre elas, com as paredes caiadas de branco e com os buracos no chão que nos fazem retroceder às fundações da própria casa, que se ergueu sobre muitas histórias e sobre a História de Estoi e também do Algarve, pensei logo em convidar o Pedro Amaral para expor ali. Pelo contraste entre as suas obras pictóricas, marcadamente contemporâneas, coloridas e narrativas, e aquele espaço cujas histórias são ruínas e resquícios de paredes caiadas de branco. Conheci Pedro Amaral pela pintura, uma pintura que emerge na contracorrente de uma contemporaneidade às vezes demasiado vaga ou abstrata, de uma contemporaneidade que muitas vezes se esconde ou não se quer afirmar politicamente, fugindo da figuração mais explícita e das narrativas que as imagens impõem. Falamos da sua obra e relacionamo-la facilmente, com a Pop Art e com o hiper-realismo serigráfico wahroliano. Pensamos nas suas pinturas e vemos o retrato, ou vários, de escolhas políticas e interventivas. Encontro, nessa parte da sua obra, a contemporaneidade na maneira de referenciar, ao mesmo tempo que recria um período, um passado recente, um movimento artístico que inaugura aquilo que hoje costumamos chamar de arte contemporânea. E, de repente, sou surpreendida pela série que ele decidiu trazer ao sul, a este sul de nenhum norte - desenhos em tinta-da-china,
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usando o papel como suporte e optando pela quase monocromia, mas mantendo as cores como referente de uma maneira de ver e de ver (se) no mundo. Parte dos trabalhos é inédita mas outros foram já apresentados, e apreciados, noutras ocasiões. E deles falou-se do seu caráter gráfico, da precisão das imagens recortadas sob o papel muito branco. Os desenhos que ele nos traz parecem ilustrações de um livro de viagem, talvez da viagem ao sul, de um norte que não está muito longe, pois tudo é uma questão de ponto de vista e do lugar de onde se olha. E o lugar de onde Pedro Amaral vê é o lugar da arte e da criação de formas, que são matéricas, que são figurativas, que ilustram não uma, mas muitas histórias, ou que são apenas o princípio de uma viagem que pede a nossa contemplação. O artista brasileiro Leonilson, que fez do desenho uma escrita íntima, disse que o “espaço em branco em volta do desenho é o outro lado. O lado onde a gente entra.” A escrita gráfica de Pedro Amaral não é explicitamente íntima; faz parte, naturalmente, daquela intimidade que o artista empresta à obra que cria, que sai de si mesmo e na qual ele permanece, um desenho que convida à entrada, que convida à contemplação ativa, criadora de percursos significantes e de sobressaltos. Quando vi as Ruínas de Milreu pensei na obra de Pedro Amaral. Nunca pensei é que a sua obra fosse criada para esse espaço específico e especial, que abriga séculos. Nunca pensei que ele atendesse, de forma tão precisa, a um convite, que não partiu de mim, mas do espaço que o reclamou desde o princípio .
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Versejando Augusto Lima "Há tantos burros mandando em homens de inteligência, Que às vezes chego a pensar, que a burrice é uma ciência".
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ontinuará sempre a incomodar a prosa do grande António Aleixo. Por vezes as coisas mais simples, aparentemente, parecem difíceis, sendo que as mais simples, por ironia, encerram a verdade explanada. E esta frase encerra com exatidão, o que se vai passando no mundo atual da Restauração. Não acredito que este modo de pensar seja uma maioria, mas creio que, não sendo um exemplo, paradoxalmente, vigora quase como sistema. Na conjuntura do «Vale tudo», pagando o justo pelo pecador, é de facto, o que menos trabalha, que é promovido, o que menos merece que recebe os louros. No fundo, isto está aliado a outra prática comum que é o "sistema do graxista ou lambe botas". Quem tem melhor graxa, vai-se safando à custa do real valor dos outros. Que é feito dos valores morais? Da prática do bom senso e dos bons costumes? Que valor impera hoje, que não o egocentrismo desenfreado? Já não chega ser-se bom, pois já não sei o que isso seja, temos que ser super heróis, mas desprovidos de carácter ou de sentimentos e, fundamentalmente termos um poder de encaixe muito grande. Há sim! Tem
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mesmo que ser grande, para poder suportar todos os sapos que temos que engolir, vivos. Parafraseando um amigo, sapos não: elefantes, grandes, com tromba e tudo. Lamentamos todos os profissionais que morrerem na praia e vemos os que nem perto se igualam à sua sombra, avançarem indiferentes às ondas e arribas, e apanharem sempre o bote ”lá se vão safando”. A culpa não pode morrer e não deve morrer solteira. Os culpados? Por um lado o consumidor, que não quer mudar e tudo aceita de bom grado, sem reclamar e se comporta tal qual as manadas que correm soltas pelos campos e que seguem indiferentes e às cegas, mudando de direção apenas pela necessidade de estarem em comunhão corporal. Por outro lado, os proprietários, restauradores mal preparados que abdicam de formação para si e equipa, oscilando perigosamente no anonimato e no comum. Parafraseando um autor desconhecido: O mal da ignorância é que vai adquirindo confiança … à medida que se prolonga. Comam bem, sejam exigentes, perguntem e voltem a perguntar . 32
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número de médicos de família que vão reforçar os serviços de saúde no Algarve a partir de junho, anunciou o Secretário de Estado da Saúde. É insuficiente mas é uma boa notícia. O mesmo governante anunciou “soluções excecionais” de incentivo aos médicos para virem trabalhar para o Algarve. Aqui, nada de novo, até porque em 2015 foi aprovada legislação nesse sentido que previa incentivos extraordinários. A questão é saber se estas “soluções” agora anunciadas vão ou não ser suficientemente ambiciosas para garantir que funcionam. E importa lembrar que o final de Maio está quase a chegar e essa foi a data limite que o Governo, pela voz do Ministro da Saúde, impôs a si próprio para resolver as principais e mais urgentes carências de saúde na região. Esperemos que chegando a esse limite não nos seja apresentado um pacote de medidas cheias de nada ou plenas de retórica.
EN125 Escolho escrever sobre este “local” porque a memória do que foi é fundamental para formar a nossa opinião sobre o que é. Temos assistido a recorrentes manifestações de descontentamento sobre as obras na EN125. Ora são os residentes, ora são os turistas, ora porque vai afetar as empresas, ora porque é uma falta de respeito pelo Algarve. Sejamos pragmáticos: sim, é um problema que afeta e irá afetar muitos de nós assim como a economia regional. Mas sejamos racionais: as obras, quando finalizadas, vão trazer maior mobilidade e segurança à região. E importa recordar que estas obras, projetadas no tempo do PM José Sócrates com a megalomania que se lhe reconhece, pararam antes de começarem, porque seriam mais um poço sem fundo de custos para a região e para o País. Foram necessárias intensas negociações para poder reduzir o ónus do Estado e conseguir voltar a pôr máquinas no terreno. E é bom lembrar quem teve a capacidade de o fazer, a bem do Algarve: o governo do PM Pedro Passos Coelho.
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António Branco Estou numa geografia política diferente do Reitor da Universidade do Algarve. Isso porém, não me impede de publicamente reconhecer a boa estratégia de captação de novos alunos, sejam eles nacionais ou estrangeiros. A Universidade do Algarve é um polo fundamental de desenvolvimento da região que é pontualmente criticada de forma injusta. Atrevo-me a dizer que foi a “obra” mais importante da região nas últimas décadas. A UAlg enfrenta hoje desafios que se impõem pela força do movimento global de estudantes e importa que se procure nesse desafio uma oportunidade de crescimento quantitativo mas também qualitativo da Academia. No ano passado tive a oportunidade de ouvir do Reitor da UAlg uma estratégia muito lúcida e pragmática para o desenvolvimento da Universidade. Que nós, Algarvios, sejamos todos soldados dessa batalha.
Ocupação Hoteleira a subir Chamo a atenção para este facto porque passamos tanto tempo a discutir a economia regional, a necessidade de diversificação dos sectores de atividade, que por vezes perdemos o foco e o óbvio: o turismo é e continuará a ser a principal atividade económica da região e como tal importa que não deixemos de continuar a investir no território e nos serviços turísticos. A região não pode perder o foco de matérias tão fundamentais como a formação em turismo, a requalificação urbana das cidades, vilas e das frentes de mar ou ainda da necessidade de constante inovação tecnológica associada aos serviços turísticos. Sim, a agricultura e o mar são sectores muito importantes para a região, devemos apostar neles e procurar aumentar a sua cota de importância nos sectores da economia regional, mas nunca esquecendo que somos uma das regiões da Europa com melhores condições para o desenvolvimento do turismo .
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Utentes da ACASO voltaram a emocionar Auditório Municipal de Olhão O Auditório Municipal de Olhão foi palco, no dia 7 de maio, do Espetáculo «Sentir a Diferença», promovido pelo Centro de Atividades Ocupacionais da ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão. Um espetáculo que deu a conhecer as múltiplas atividades em que os utentes desta IPSS estão envolvidos ao longo do ano, mas que serviu também para alertar e sensibilizar a população para a temática da deficiência. Texto:
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raticamente um ano depois voltei ao Auditório Municipal de Olhão para assistir ao espetáculo «Sentir a Diferença», uma iniciativa do Centro de Atividades Ocupacionais da ACASO, Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1932 e cujas receitas revertiam para a concretização do projeto «Sonhos de Algodão», através do qual se pretende proporcionar uma experiência de voo a estes utentes muito especiais. Duas horas de espetáculo em que reconheci em cima do palco muitos dos rostos que me tinham deixado à beira das lágrimas no ano transato e, apesar dos sketches serem sensivelmente os mesmos, as emoções voltaram a estar à flor da pele, da minha e de todas as pessoas que praticamente esgotaram a principal sala de espetáculos da Cidade da Restauração. ALGARVE INFORMATIVO #57
Pessoas que, na sua esmagadora maioria, eram familiares dos utentes da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão. Utentes que, apesar de todas as suas limitações mentais, cognitivas e físicas, desempenharam com brio, e sorriso nos lábios, os papéis que lhe estavam destinados e que pretendiam alertar, sensibilizar, abrir os olhos da comunidade, para a problemática da deficiência, de quem nasceu, ou se tornou, por qualquer motivo, diferente vida. Dificuldades do dia-a-dia que tão bem conhecem os familiares, os que acompanham de perto os seus maridos e esposas, filhos, netos, irmãos, pais, avós, ou de longe, porque na ACASO estão utentes de vários pontos do Algarve, inclusive de outras regiões de Portugal.
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Sendo uma das maiores IPSS’s do Concelho de Olhão, e do Algarve, a ACASO desenvolve o seu trabalho em sete áreas de intervenção, num total de 12 respostas sociais e uma unidade de saúde: Centro de Dia; Serviço de Apoio Domiciliário; Apoio Domiciliário Integrado; Estrutura Residencial para Pessoas Idosas; Lar Residencial I; Lar Residencial II; Centro de Atividades Ocupacionais I; Centro de Atividades Ocupacionais II; Creche do Centro de Educação e Desenvolvimento Infantil «Porta Mágica»; Jardim de Infância do Centro de Educação e Desenvolvimento Infantil «Porta Mágica»; Centro Comunitário Acampamento Azul; Centro Comunitário AlHain; e Unidade de Cuidados Continuados de Média Duração e Reabilitação de Olhão. Para dar resposta às necessidades de mais de 700 utentes, conta com aproximadamente 180 colaboradores fixo e cerca de 35 em regime de prestação de serviço, bem com um banco de voluntários, todos eles com o objetivo de promover o 39
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bem-estar dos seus utentes de forma contínua e com vista à obtenção de uma melhor qualidade de vida. E tudo surgiu por iniciativa de particulares que desejavam apoiar a população mais desfavorecida do concelho de Olhão e que deram origem à Associação de Assistência à Mendicidade de Olhão. Numa fase inicial, a associação tinha como serviços um refeitório económico conhecido por «Refeitório dos Pobres» e um Asilo. Até 1943, foi responsável pelo Hospital de Olhão e teve a seu cargo, durante algum tempo, o fornecimento de pão e rancho à Cadeia de Olhão. Posteriormente, em 1952, foi criada a Santa Casa da Misericórdia de Olhão, que integrou todas as instituições de assistência do concelho, o que motivou um certo adormecimento da ação social
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da Associação de Assistência à Mendicidade de Olhão. O «acordar» deu-se em 1978, com a criação de um Centro de Dia para a terceira idade e, em 1982, do Centro Social Dr. Ayres de Mendonça. Em 1986, os estatutos da associação foram alterados e passou a designar-se «Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão», por ser um nome mais adequado aos serviços por ela prestados. A partir daqui, a ACASO começou a crescer e a alargar as suas áreas de intervenção. Em 1992, foi criada a primeira sala de ATL e, dois anos depois, uma mini-residência para idosos no Largo da Feira. Em 1995, surge uma segunda sala de ATL, um Centro Infantil e é inaugurada a ampliação do Centro de Dia,
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dispondo assim de uma maior capacidade. No ano seguinte, o sector da Ação Social é desenvolvido através de dois projetos de luta contra pobreza denominados «AlHain», implementado no Largo da Feira e «Acampamento Azul», em Pechão, que tinha como objetivo ajudar a população de etnia cigana. Em 1999, estes dois projetos dão origem a dois Centros Comunitários, iniciando-se também o serviço de Creche Familiar. Neste mesmo ano arrancou a construção do Centro Social da Quinta do Brejo em Brancanes/Quelfes, que se destina a ser um Centro de Atividades Ocupacionais, um Lar Residencial para Deficientes e mais tarde um Lar para Idosos, ficando as obras concluídas em 2002. A partir de 2009, passou a ter uma Unidade de Cuidados Continuados de Média Duração e de Reabilitação, inicialmente no antigo internamento do Centro de Saúde de Olhão, posteriormente transferido para as novas instalações no Centro Social Quinta do Brejo. Em setembro de 2015, a área de Infância e Juventude junta-se num único espaço com a abertura do Centro de Educação e 41
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Desenvolvimento Infantil «Porta Mágica», que integra as respostas sociais de creche e jardim-de-infância. ACASO cujo presidente de Direção é António Pina, antigo Governador Civil do Distrito de Faro, antigo Delegado Regional da Educação do Algarve e antigo Presidente da Região de Turismo do Algarve, entre outros cargos ao serviço da sua região e que aceitou, há cinco anos, o desafio de liderar esta IPSS de Olhão. No ALGARVE INFORMATIVO #57
fim do espetáculo, ainda emocionado, não escondeu uma lágrima no canto do olho, provavelmente um modo mais fácil de descrever o que lhe ia na alma do que utilizando meras palavras. “Isto é um espetáculo para ver com o coração, uma catadupa de sentimentos e emoções que nós vivemos, por nós, mas também por eles. É uma grande honra ser presidente da ACASO”, garante o dirigente, poucos minutos
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depois de ter terminado «Sentir a Diferença». Um espetáculo que vem contrariar a ideia de que as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência mental ou cognitiva são incapazes de fazer algo produtivo nas suas vidas, ideia que, para tristeza de António Pina, ainda teima em subsistir na sociedade portuguesa. “Infelizmente, há muita gente que pensa que o deficiente é uma pessoa para se guardar no armário e nós mostramos, todos os anos, com este espetáculo, que isso não é verdade. Todos nós sabemos fazer alguma coisa, todos nós temos uma inteligência qualquer”, defende, sublinhando a panóplia de atividades em que estes homens e mulheres de todas as idades estão envolvidas ao longo do ano. “Não nos limitamos a dar-lhes comida, higiene e um sono numa cama limpa. Temos imensas atividades para que se sintam felizes. Eles vão a sítios e têm experiências que muitas pessoas ditas «normais», por razões diversas, não chegam a ir ou a ter”, salienta. Uma tarde que deu a conhecer dois projetos que estão em curso na ACASO: o livro «Não faz mal ser Diferente», apoiado pela 43
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os dias, com os nossos utentes, para tirar deles o máximo que for possível, porque eles merecem este esforço”, salienta António Pina.
Universidade do Algarve e que deverá ser apresentado ao público no final de maio; e o «Sonhos de Algodão», uma viagem de avião ao Porto, com o apoio financeiro das famílias e da autarquia de Olhão e a que deverão associar-se igualmente a Região de Turismo do Algarve, a ANA – Aeroportos de Portugal e a RyanAir. Mas o espetáculo serviu ainda para deixar alguns recados à população e apelar à união em torno desta causa solidária, porque nem tudo são rosas, como é fácil de antever. “Temos que trabalhar arduamente, todos ALGARVE INFORMATIVO #57
Outra novidade dada pelo presidente da Direção é o aumento das vagas do Lar de Idosos e do Lar Residencial, fruto de obras realizadas no último ano, pois nunca se pode estar parado nesta área de intervenção social. “Há sempre coisas para fazer, outras coisas que não correm como desejaríamos, mas a vida é assim, cheia de sucessos e insucessos e nós temos que aprender com os insucessos para fazermos melhor na vez seguinte. Estas pessoas dão-nos com cada exemplo de vida, e nós achamos que eles são deficientes”, refere, deixando um recado em final de conversa: “Era bom que os governos olhassem para esta problemática com outro carinho e atenção porque, quando estas instituições entrarem em colapso financeiro – e já estivemos mais longe disso acontecer –, quero ver como se resolve a situação. Eles são diferentes, mas são como nós, e nunca se sabe se, amanhã, não temos um acidente na estrada e, no próximo ano, estamos ali em cima do palco a participar na peça”.
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Maio é, por tradição, o mês em que Faro assiste à bênção das pastas dos seus estudantes e este ano não foi exceção. Entre guitarradas de saudade e pastas, cobertas de fitas, a abanar, foram muitos aqueles que encerraram um capítulo importante das suas vidas. Foi o caso de Daniela Sousa e João Miguel, dois estudantes de cursos diferentes, mas unidos pelo orgulho de terem acabado as respetivas licenciaturas. Texto: ALGARVE INFORMATIVO #57
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stá tudo a postos. São centenas as pessoas que aguardam por aquele momento. No ar sente-se um clima de ansiedade; todos querem ver os «seus» a entrar no pavilhão Afonso III. A intempérie levou a que, à última da hora, o simbolismo inerente a uma cerimónia como a bênção das pastas se perdesse em grande parte: da zona histórica de Faro, a festa foi transferida para um pavilhão, em ambiente fechado. Ainda assim, esta alteração parece passar alheia: nos rostos das pessoas vêm-se sorrisos. De repente, começam a ser chamados, por ordem alfabética, os cursos para darem entrada para o centro do pavilhão. - “Agronomia!”; “Biologia Marinha!”; “Ciências da Comunicação!”; “Dietética e Nutrição!”; “Educação Básica!”. À primeira chamada, Educação Básica não entra. Com a azáfama da chamada dos (muitos) cursos nem todas as pessoas repararam nesta (pequena) falha. Os estudantes de outros cursos sucedem-se e vão-se aglomerando. Passados alguns segundos lá entra, com atraso, o curso de Educação Básica. São cerca de 20 estudantes, trajados a rigor. Daniela Sousa é uma das muitas raparigas deste curso. Vem de rosto triste (quiçá devido ao atraso na entrada do pavilhão), mas exibe a pasta de finalista bem no alto, que vai abanando como se de um troféu se tratasse. Colocase junto às colegas - e ao colega (único representante masculino de todo o curso) – e por ali fica à espera que todos os cursos entrem em cena. No fim vem o T – de Turismo. Sem percalços na chamada, todos os estudantes entram no momento exato no pavilhão. No 47
meio dos muitos finalistas do curso de Turismo está João Miguel. Para os últimos ficou reservado o lugar mais afastado do palco. Mas esta limitação não parece mudar em nada o estado de espírito de João, que vai trocando sorrisos e palavras com os colegas. Transborda felicidade. Depois de todos os cursos terem dado entrada no pavilhão a cerimónia segue o seu curso – há cânticos; leitura de passagens bíblicas; atuações de Tunas ALGARVE INFORMATIVO #57
académicas; e o momento mais esperado pelos estudantes – a bênção das pastas pelo Bispo do Algarve, que as benze com água benta. Com o fim da cerimónia veem os abraços e as lágrimas de orgulho. As respetivas famílias cercam-se quer de Daniela, quer de João. Alguns vão tirando fotos para registar o momento, que é especial: em 3 anos, quer um, quer o outro, concluíram a licenciatura.
E depois do canudo? Apesar de serem cursos diferentes, João e Daniela são amigos desde os tempos da Escola Secundária. Foi lá, num projeto de intercâmbio, que se conheceram e, desde então, tornaram-se próximos. A mudança de um ciclo de estudos para outro trouxe mudanças mas a amizade perdurou. Agora, com os respetivos cursos terminados, chegam as preocupações relacionadas com o futuro profissional. A transição da Universidade para o mundo profissional nem sempre é um processo pacífico; há incertezas; há dificuldades. Daniela, ainda sem ter ALGARVE INFORMATIVO #57
terminado o curso, passou por momentos de incerteza. “Chegou a uma altura em que pensei se era, de facto, isto que queria para a minha vida”, confessa. A resposta veio em forma de estágio: durante três semanas, Daniela estagiou no Refúgio Aboim Ascensão em Faro. Lá, teve a oportunidade de exercer a profissão de que não tinha a certeza de gostar. E o balanço não podia ser mais positivo: “O estágio dissipou todas as dúvidas que tinha. Agora tenho a certeza de que quero conciliar, a vertente de educação de infância com educação social, e ser assistente social. Este meu objetivo tem uma explicação: estas duas áreas juntas vão de encontro com os problemas das crianças na sociedade, nomeadamente a nível da emergência infantil”, explica. A influência que essas três semanas tiveram é de tal forma acentuada que Daniela confessa que atualmente trabalhar no Refúgio Aboim Ascensão é o seu grande sonho a nível profissional. Isto após concluir o mestrado, em Educação Social, que ainda lhe vai roubar mais dois anos de estudos, e que juntará à vertente da educação infantil com vista a ser Assistente Social. Em situação oposta está João Miguel. Com o fim do curso chega a hora de um estágio curricular. O estudo, as sebentas e os apontamentos são para 48
deixar de lado: depois do estágio, que é obrigatório, o finalista de Turismo quer lançar-se ao mercado de trabalho. De barba saliente no rosto e com um olhar calmo, explica: “Quero emigrar. Gosto de desafios e sempre ambicionei trabalhar no estrangeiro. Sou alguém com um espírito aventureiro, que quer conhecer mais do mundo”. Ao contrário da situação vivida por muitos recém-licenciados, João não será obrigado a emigrar para procurar trabalho; fá-lo-á por iniciativa própria. “Nesta fase da minha vida sinto que trabalhar em Portugal não me realizaria totalmente. No entanto, no futuro, vejo-me a voltar para o nosso país”, conclui.
Um mar de rosas? A hora não é só a de olhar para o futuro; há, também, tempo para fazer retrospetivas. Balanços. Os anos académicos são, por vezes, apresentados como uma altura inqualificável e inesquecível da vida de qualquer estuda; nem sempre é assim: “Conjugar a Universidade, com a família e com o trabalho foi extremamente difícil. Sinto que nem sempre aproveitei da melhor forma estes anos”, confessa Daniela. Porém, a finalista de Educação Básica não se deixa abalar por esta realidade. De sorriso na cara diz: “O orgulho que sinto em ter conseguido chegar ao fim com sucesso e de estar a festejar a minha bênção das pastas é ainda melhor devido ao facto de estes anos terem sido difíceis”. 49
João Miguel partilha da opinião da colega (e amiga). “Durante estes três anos, a minha maior dificuldade foi a de conseguir manter a motivação e acreditar no porquê de todo o meu esforço”, atira. Ainda assim, o balanço de João é bem mais positivo do que negativo, contrariando, um pouco, a opinião de Daniela: “Eu não sou uma pessoa muito saudosista; estou sempre entusiasmado com aquilo que vai acontecer a seguir. Mas a verdade é que estou seguro de que vou ter muitas saudades de tudo o que vivi nesta Universidade e, sem dúvida, de todas as pessoas que conheci”, conclui. ALGARVE INFORMATIVO #57
As instrutoras de zumba com Sandra Domingos e Miriam Freitas
ZUMBA AO LADO DA SANDRA E MIRIAM A Zumba está na moda e conquista cada vez mais adeptos de norte a sul do país e, para além dos conhecidos benefícios para o bem-estar físico, também sabe ser solidária. Isso mesmo se constatou no passado domingo, 8 de maio, quando oito instrutoras de vários pontos da região deram uma aula de zumba no Pavilhão Municipal de São Brás de Alportel para ajudar a Sandra e Miriam. Texto:
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história de Sandra Domingos e da filha Miriam Freitas já foi contada com profundidade há alguns meses pela Revista Algarve Informativo. A história de uma bebé que nasceu perfeitamente normal mas que, através de um simples beijo na mão, ficou em contato com o vírus do herpes e desenvolveu paralisia cerebral. Desde então, a vida de Sandra e Miriam, já com nove anos, tem sido uma luta constante, uma luta feita de pequenas vitórias, mas também de tristezas, num país que continua a não dar a devida assistência a quem mais dele precisa. Conscientes das dificuldades desta dupla de guerreiras, muitos têm sido
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os cidadãos anónimos que ajudam na medida das suas possibilidades, através da tradicional recolha de tampas e caricas, ou de donativos financeiros. Mas também ajudam com a organização de eventos de solidariedade como aquele que se assistiu no Pavilhão Municipal de São Brás de Alportel, no dia 8 de maio, onde oito instrutoras de zumba – Joana Nunes, Márcia Hou, Sónia Bessa, Sara Maurício, Joana Teixeira, Gaby, Telma Silva e Filipa Leonardo – deram uma aula especial com o intuito de proporcionar um sorriso à Miriam. “A Sandra disseme que precisava de alguma ajuda com as tampinhas e donativos para os tratamentos da Miriam e, como a zumba atrai muitos praticantes, lembrei-me de convidar outras
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Sandra Domingos e Miriam Freitas com a vereadora Municipal de São Brás de Alportel, Marlene Guerreiro
instrutoras de várias zonas do Algarve, que trariam com elas pessoas de fora de São Brás”, explica Joana Nunes, são-brasense 30 anos, a organizadora do evento. Uma ideia que foi facilmente transportada para a realidade, de ALGARVE INFORMATIVO #57
acordo com a fisioterapeuta de profissão, porque a zumba também é bastante solidária, ou seja, os seus instrutores depressa se disponibilizam para este género de causas. Entretanto, as más condições climatéricas impediram a realização do evento no Jardim Carreiras Viegas, mas o problema resolveu-se da Câmara graças ao apoio da autarquia local, que disponibilizou o Pavilhão Municipal para o «Zumba pelo sorriso da Miriam». E assim se encheram as bancadas com largas dezenas de pessoas, mais outras tantas no recinto, trajadas a rigor, para 52
acompanharem as oito instrutoras ao longo de três músicas cada uma, seguindo de um breve intervalo para a atuação dos «Dance Crew», antes de nova dose de zumba, que já mostrou não ser apenas mais uma moda. “É desporto e dança e as pessoas acham essa combinação o máximo. Mesmo quem não gosta muito de praticar desporto, rende-se depressa à zumba”, garante Joana Nunes. Mais mulheres do que homens, como se assistiu nesta agitada tarde, mas de todas as idades, porque cada um faz ao seu ritmo, executa os movimentos como consegue. “A zumba puxa
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também pela música e convívio. Tenho muitas alunas que não gostam de fazer exercício físico mas, na zumba, nem se apercebem do passar da hora. Há semelhanças com o tradicional fitness, mas mistura bastantes passos de dança e, quem não consegue aguentar a aula completa, vai até onde pode”, indica Joana Nunes, adiantando que, quem entra para a zumba, vai às aulas o ano inteiro e não apenas quando o Verão se aproxima. Outra instrutora presente foi Telma Silva, 41 anos, que dá aulas em Faro e Loulé e que não parava
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quieta um minuto, exibindo uma frescura e energia fora do normal. “Viemos para ajudar a pequena Miriam a juntar o máximo possível de tampinhas e caricas e é uma tarde divertida. Conseguimos trazer alguns alunos, porque a zumba é solidária e veio para ficar”, acredita a louletana. “Noutras modalidades, as pessoas vão para o ginásio e querem fazer tudo certinho. A zumba é festa, estamos aqui para nos divertirmos, não interessa se consegue ou não ter o mesmo ritmo e, no fim, é tudo uma risada”, aponta. Movimentos fáceis, de fitness e dança, a que os homens vão começando a aderir, a partir dos 30 anos, mas as mulheres continuam a ALGARVE INFORMATIVO #57
dominar, com duas horas por semana para desanuviar, para aliviar o stress, o que exige igualmente mais instrutores. “Mas temos que fazer formação específica na Zumba Fitness para obtermos o certificado e pagar uma mensalidade para dar aulas, porque é uma marca mundial”, informa Telma Silva, satisfeita por verificar que muitos dos seus alunos se vão mantendo mês após mês, ano após ano. “Acho que essa permanência tem bastante a ver com a personalidade do instrutor. Depois, como é óbvio, temos que variar as coreografias, as aulas não podem ser sempre iguais. E, se a pessoa for regular, isso notase na diminuição de peso e no aumento da massa muscular. Mas 54
não é ir uma ou duas vezes à zumba por mês, é duas ou três horas por semana”, avisa, sorridente. A ouvir a conversa estava Sandra Domingos, feliz pela franca adesão a este evento solidário em prol da sua filha, Miriam. “Não pensei que viesse tanta gente, estou bastante surpreendida e agradecida. As terapias da Miriam estão a ser pagas pelas tampinhas e caricas que vamos conseguindo reunir, mas ela está sempre a precisar de materiais novos e que são bastante caros”, revela Sandra. “Neste momento, estamos a tentar adquirir um «Standig», um plano inclinado para a A jovem Miriam Freitas com João Rocha, vencedor da primeira Miriam fazer posição edição do Peso Pesado Teen de pé; uma grua para a manter sentada praticamente sem ajudar a manter na posição correta e ajuda, só com o fato vestido. Para para a mudar de uma cadeira para a além disso, houve melhorias no outra; e uma piscina de atividades controlo da cabeça e na atenção e para trabalhar a parte sensorial”. esses pequenos passos dão-me muito mais força para continuar Sandra Domingos contou ainda que a filha esteve a realizar um plano nesta luta” . intensivo de tratamento com células estaminais e que se notaram grandes progressos nesse mês. “Conseguiu-se 55
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ATUALIDADE PRIMEIRO-MINISTRO ANTÓNIO COSTA VEIO A QUARTEIRA INAUGURAR PASSEIO DAS DUNAS
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Primeiro-Ministro António Costa deslocouse a Quarteira, na manhã do dia 14 de maio, para presidir à cerimónia de inauguração do Passeio das Dunas, obra que teve um custo a rondar os quatro milhões de euros, financiado pelo PO Algarve21, com comparticipação do FEDER de dois milhões, 844 mil e 562 euros. Trata-se da primeira fase de um projeto estruturante que permitiu criar um passeio marginal de ligação entre os dois polos desta freguesia, com espaços verdes e de lazer, e que privilegia a Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, Telmo Pinto, circulação pedonal e de ciclistas, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, o Primeiro-Ministro António valorizando o contacto com o Costa e a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho mar e funcionando como um novo ponto de atração. pode mudar a imagem e a realidade de uma freguesia, e como pode mudar o destino de uma terra e das suas gentes”, sublinhou, O Passeio das Dunas veio reabilitar um dos lembrando que pelo Passeio das Dunas «pontos negros» do urbanismo algarvio onde passaram, ao longo da sua história, muitas durante anos funcionou o antigo bairro dos famílias de pescadores e, mais tarde, uma pescadores. A intervenção, realizada entre a Rua significativa comunidade de imigrantes. da Armação, em Quarteira, e a frente do Hotel Crowne Plaza (ex-Hotel Atlantis), delimitada a sul pelas praias e pelo Porto de Pesca de Quarteira e Telmo Pinto não duvida que esta zona vai a norte pela Vala Real, integrou ainda a resolução constituir um dos principais polos de atração do problema da Vala Real, com a sua cobertura do concelho de Loulé e considera ser um parcial. Uma obra que deixou bastante satisfeito, exemplo da aposta do atual executivo na como se adivinha, Telmo Pinto, presidente da valorização dos espaços públicos. “Queremos Junta de Freguesia de Quarteira, que assinalou no fazer de Quarteira uma referência mundial, dia anterior os 17 anos de subida a Cidade e o como local de residência e como importante centenário como Freguesia. “A concretização destino de turismo e de negócios para desta obra mostra-nos como a vontade política milhares de visitantes, nacionais e
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internacionais. Mas ampliar a qualidade de vida das populações e acrescentar valor à nossa oferta turística requer a atenção de todos os que têm poder de decisão”, frisou Telmo Pinto, chamando a atenção para a necessidade de cuidados de saúde e vias rodoviárias seguras e acessíveis, mas também para a preservação do ambiente. “Quarteira e o Algarve guardam várias riquezas ambientais que não podem ser ameaçadas por interesses que ultrapassam o propósito de garantir o bem-estar e o desenvolvimento sustentável da região. Ameaçar o presente e o futuro do O Primeiro-Ministro António Costa Algarve, a pretexto de lobbies económicos e financeiros, merece a minha firme objeção. Por isso, Quarteira diz «não» à exploração dos combustíveis fósseis, não apenas no Algarve, mas em todas as regiões do país”, disparou o presidente da Junta de Freguesia de Quarteira. O autarca defendeu igualmente que a descentralização de competências é uma necessidade premente para o Algarve e que deve ser atribuída uma maior autonomia às freguesias, de modo a responder aos legítimos anseios das populações. “Só assim será possível garantir resultados concretos para o Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé esforço que teimosamente continuarem a fazer, para que Quarteira e o Algarve possam oferecer cada vez mais e melhores condições para que todos se sintam felizes”, concluiu.
Investir na proteção na natureza é investir no futuro do Algarve Usou depois da palavra o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, que manifestou publicamente o seu apreço e admiração pelo trabalho realizado pelo Primeiro-Ministro António Costa na construção de “um tempo político novo”. “Este governo Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira está a devolver à ação política a função e a esgotam na afirmação obsessiva da dignidade que ela foi perdendo ao longo dos austeridade, cortes e sacrifícios, que últimos anos. E acompanhamo-lo quando habitualmente atingem os mesmos de entende que a economia condiciona, mas não sempre”, afirmou, perante os aplausos dos seus pode ditar; e que as suas regras e metas não se 57
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ATUALIDADE o domínio público marítimo, bem como o Grupo Oceânico, por ter permitido intervenções em terrenos que são sua propriedade. “Esta área funcionou como uma barreira, efetiva e psicológica, que tornava quase incomunicáveis duas realidades de uma mesma freguesia. Este espaço entregue agora à natureza permite uma nova escala de convivência e relacionamento entre Quarteira e Vilamoura. Enquanto uns se empenham em erguer muros e em delimitar ilhas e confinamentos, é possível construir pontes e fazer abraçar territórios e pessoas”, apontou o edil. Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, Vítor Aleixo reconheceu que, falar de Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo Quarteira e Vilamoura, é falar de turismo, mas e Filipe Silva, Vogal do Turismo de Portugal lembrou que esta obra é representativa de uma linha de orientação política que o executivo que lidera assumiu em outubro de 2013. “Temos uma nova agenda para uma gestão sustentável do espaço físico onde se inclui a eficiência energética e o consumo responsável da água nos nossos espaços verdes preenchidos com plantas autóctones. A Autarquia de Loulé evidencia a sua preocupação com o futuro, na ótica da sustentabilidade ambiental e na promoção de uma economia circular”.
Ana Passos, Dália Paulo, Fernando Anastácio, João Fernandes e Hugo Nunes concidadãos. “Sei que a sua missão é árdua, que o caminho é duro, que a oposição é grande, velhaca e jogadora de armas desiguais, mas a sua vontade de bem-fazer é ainda maior e, por isso, pode naturalmente contar sempre connosco”. Referindo-se à obra agora inaugurada, Vítor Aleixo considera que representa o fecho de um ciclo e o início de um novo paradigma de intervenção no espaço urbano. Ao mesmo tempo, destacou a boa vontade demonstrada pelos organismos e entidades que tutelam o ambiente e
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O esforço de renaturalização de espaços públicos que conduziu à inauguração do Passeio das Dunas foi enaltecido pelo Primeiro-Ministro António Costa, por significar uma aposta no que melhor o Algarve tem para oferecer, os seus recursos naturais e qualidade ambiental. “Durante muitos anos julgamos que, por vezes, a defesa e proteção da qualidade ambiental eram um entrave ao desenvolvimento da atividade económica, mas hoje sabemos que isso não é verdade. E é importante perceber-se isso num momento em que é fundamental alargar o peso do turismo na nossa economia. Já representa 15 por cento das nossas exportações e oito por cento do emprego, mas pode valer mais”, preconiza António Costa, indicando que, para 58
tal, o turismo do Algarve não pode limitar-se ao Verão e ao «sol e praia». Colocando-se maior enfase no turismo da natureza, o Primeiro-Ministro acredita que a atividade turística passará de cinco para 12 meses e que isso conduzirá a emprego menos sazonal, mais permanente e de maior qualidade. “Investir na proteção na natureza é investir no futuro do Algarve. Mas esta obra ilustra igualmente como uma intervenção no espaço público pode ser um grande fator de coesão social e territorial”, salientou António Costa. “Contudo, para se conseguir crescer e criar emprego, é fundamental poder investir e é essencial mobilizar o investimento privado e público. Sabemos que os recursos são escassos, portanto, temos que ser seletivos onde investimos e ativos na mobilização dos poucos recursos que temos ao nosso dispor. É por isso que temos dado prioridade a acelerar a execução dos fundos comunitários e lançado novos produtos que visam financiar investimentos turísticos, quer a fundo perdido, quer com base em linhas de crédito”. A esse propósito, António Costa garantiu que o governo vai apostar na simplificação dos processos de licenciamentos, de forma a diminuir a carga burocrática e os entraves à
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realização dos investimentos. “No dia 19 de maio será apresentado o novo plano Simplex, depois de quatro anos de interrupção, e um dos marcos importantes vai ser precisamente o que se dirige ao turismo e, em particular, ao licenciamento ambiental. É fundamental proteger o ambiente, mas também que isso não crie barreiras e entraves desnecessários para o investimento na valorização do turismo no Algarve”, afirmou o Primeiro-Ministro, acrescentando que as autarquias locais serão fundamentais em todo este processo. “Por acreditarmos que a descentralização é uma alavanca fundamental para o desenvolvimento, temos vindo a criar um programa de dinamização de investimentos de proximidade, centrados na proteção contra os riscos, na área da saúde, da educação, da qualificação ambiental. Já foram abertos até agora, pelas autarquias locais, concursos no valor de 400 milhões de euros e, até final de maio, será aberto um novo concurso no valor de mil milhões de euros. E é muito importante contar com o empenho das freguesias e dos municípios, porque há obras que só as autarquias estão em condições de realizar por perceberem melhor a sua importância para as comunidades locais e as condicionantes existentes” .
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ATUALIDADE MOSTRA DE VINHOS EM ALBUFEIRA É APOSTA GANHA
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lbufeira transformou-se, durante quatro dias, na capital do vinho ao receber a Grande Mostra de Vinhos de Portugal. Pelo oitavo ano consecutivo, a iniciativa da Confraria do Bacchus de Albufeira ganhou a aposta, aumentando em 27 por cento o número de visitantes, e é já a maior mostra de vinhos realizada a sul do país. A 8ª Grande Mostra de Vinhos de Portugal terminou no dia 10 de maio e vestiu-se de cores múltiplas, com particular ênfase para as vestes dos confrades anfitriões, que realçaram sempre que o consumo do vinho deve ser feito com moderação. 120 produtores e o «Concurso de Vinhos 2016» fizeram as honras do evento que contou com mais de 11 mil e 500 visitantes que degustaram as cerca de mil referências colocadas à prova no certame. Os diversos vinhos à prova (brancos, tintos, verdes, rosados e licorosos), foram o centro das atenções, a somar ao lançamento de novos produtos, show cookings diários de tributo à dieta mediterrânica harmonizados com diferentes néctares, apresentação de cocktails
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com vinho, decantação de garrafa a fogo e sabre, barista e a degustação de queijos, enchidos e doçaria regional sem esquecer outras iniciativas paralelas, como a exposição «BeberArte», a semana Enogastronómica «Vinho e Sabores» e o Fórum «A Vinha e o Vinho». Os 19 produtores de vinhos algarvios, com um número recorde de inscrições - mais de metade dos cerca de 30 que existem na região - estiveram igualmente em destaque, com a atribuição de três medalhas no Concurso de Vinhos Bacchus 2016, provando a vitalidade e qualidade deste sector a sul do país. O evento não se esgotou na promoção do vinho e teve igualmente um cariz solidário uma das premissas da organizadora Bacchus. Para o efeito, através de uma parceria com a Delta Cafés, um stand desta marca foi explorado pela Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, com os lucros das vendas a reverterem a favor da instituição. Destaque ainda para a realização no último dia da mostra, e pela primeira vez, de um fórum temático, subordinado ao tema «O Vinho e a Vinha no Algarve, Caminhos, perspetivas e percursos», com as presenças de Carlos Gracias, da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), Carlos Silva e Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Albufeira (CMA), Francisco Toscano Rico, do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e José Arruda, da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) e do professor emérito Nuno Magalhães, entre outros oradores .
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ATUALIDADE CELEBRAÇÕES DO DIA DA EUROPA NO BAIXO GUADIANA mas sublinhou aquilo que considera ser uma injustiça na distribuição dos apoios comunitários ao longo dos anos, a desconsideração, pela parte da União Europeia, das diferenças entre Algarve litoral e o serrano, que tem considerado a região como rica na sua totalidade. Já o presidente da CCDR, David Santos, realçou a possibilidade do Guadiana poder ser navegável entre Alcoutim e Pomarão, dependente de uma candidatura apresentada a fundos comunitários, que deverá estar determinada até ao final deste ano.
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Baixo Guadiana (Alcoutim, Castro Marim, Vila Real de St. António e Ayamonte) foi palco, no dia 9 de maio, das celebrações do Dia da Europa no Algarve, no âmbito da campanha #30anos30iniciativas. No mesmo dia comemorou-se o 3.º aniversário da Eurocidade do Guadiana (Castro Marim, Vila Real de St. António e Ayamonte), presidida por Castro Marim. As comemorações começaram em Castro Marim, no Revelim de St. António, pelas 9h, com uma cerimónia oficial, onde estiveram o presidente da CCDR Algarve, David Santos, o presidente da Eurocidade do Guadiana e da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, a vice-presidente da Câmara Municipal de VRSA, Conceição Cabrita, e a vice-presidente da Câmara Municipal de Ayamonte, Gema Martín. Francisco Amaral realçou o papel dos fundos comunitários no desenvolvimento destes municípios, agora equipados de “infraestruturas básicas, sejam desportivas, culturais, sociais, rede viária requalificação urbana e saneamento básico”,
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Seguiu-se uma visita da comitiva às infraestruturas cofinanciadas por fundos comunitários. Em Castro Marim, além do Revelim de Santo António, foram visitados o Edifício Multifuncional de Empresas e o Mercado local. Depois da apresentação do livro «Contrabando Tradicional no Baixo Guadiana», por Rafael Cáceres Feria (Universidade de Olavide, em Sevilha), em Alcoutim, as comemorações regressaram a Castro Marim, com a visita à exposição «Eurocidade do Guadiana: 3 anos de iniciativas», na Biblioteca Municipal. No mesmo espaço, durante a tarde, esteve patente a exposição «Pintar a Europa», um resultado das telas distribuídas pela população e entidades do território, numa iniciativa do Município de Castro Marim. O debate «30 anos depois, que futuro?» foi o momento alto das comemorações do Dia da Europa. Moderado pela jornalista Susana Sousa, do Jornal do Baixo Guadiana, integraram também a mesa o vice-presidente da CCDR Algarve, Adriano Guerra, o presidente da Eurocidade do Guadiana, Francisco Amaral, o autarca de Vila Real de Santo António, Luís 62
Gomes, na qualidade de membro do comité das Regiões. De Espanha, participou a segunda 2º Tte. Alcaide María Soledad Mora. A reflexão sobre a Europa e o seu/nosso futuro incidiu sobre a falta de autonomia, tanto a nível de organismos nacionais, regionais ou locais, que impedem políticas de desenvolvimento adequadas e assertivas, e sobre o seu mais recente flagelo, o desemprego, resultado de uma “política de capelinhas”, afirmou o presidente da Eurocidade do Guadiana, Francisco Amaral. “O nosso país não é um país sério, andamos nos papelinhos dezenas de anos, somos confrontados com obstáculos irracionais, que despromovem o investimento privado e o combate ao desemprego”. As celebrações do Dia da Europa encerraram com a inauguração da exposição «Cana e Luz –
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Experiências e Potencialidades», de Vilma André, na Casa do Sal, patente até dia 22 de maio, um conjunto de grande criatividade, que combina o trabalho artesanal com o talento da designer, aqui focado nos nossos recursos naturais .
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ATUALIDADE FARO INVESTE 30 MILHÕES NA REABILITAÇÃO URBANA
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Município de Faro candidatou, no passado dia 27 de abril, o seu Plano de Ação para a Regeneração Urbana – PARU, ao novo quadro comunitário regional Cresc Algarve. Este plano contempla diversas ações de reabilitação e qualificação do espaço público e do parque edificado com valor patrimonial, envolvendo um investimento total que ultrapassa os 20 milhões de euros, dos quais perto de dois milhões correspondem a investimento público. Para além dos cerca de 18 milhões de euros de investimento privado elegíveis para a reabilitação de edifícios, detetou-se ainda a intenção dos privados em reconstruirem alguns edifícios na área do Centro Histórico, num montante de investimento que ascende a mais sete milhões de euros, bem como um
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investimento, levado a cabo por entidades associativas sem fins lucrativos, na ordem dos três milhões de euros, destinados a ações de reabilitação e de animação dos seus imóveis, a ações que promovam a criação de emprego e a integração de grupos excluídos. No total, estima-se que venham, nos próximos anos, a ser investidos perto de 30 milhões de euros em Faro para tornar a cidade mais atrativa e atraente. A candidatura surge no âmbito do trabalho árduo que a autarquia tem desenvolvido na preservação dos seus valores patrimoniais, os quais fazem parte da sua identidade e são utilizados na promoção do seu território. Para o efeito, tem colaborado com os agentes locais e proprietários, sensibilizando-os para o benefício de trabalhar em parceria com vista à realização de um programa de reabilitação e revitalização do Centro Histórico, melhorando a qualidade de vida dos residentes, e trabalhando em conjunto para que a cidade atraia mais visitantes e mais turistas, bem como o investimento privado. Após aprovação desta candidatura, poderão beneficiar das linhas de financiamento o Município, as associações e os privados que vierem a concorrer . 64
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ATUALIDADE UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR INAUGURADA EM LAGOS
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Unidade de Saúde Familiar dos Descobrimentos foi inaugurada, no dia 10 de maio, pelo Secretário de Estado de Saúde, Manuel Delgado. A partir de agora, os lacobrigenses vão ter mais uma resposta na área da saúde, com um projeto que cobre 10 mil habitantes sem médico de família. As Unidades de Saúde Familiar (USF) são pequenas Unidades Operativas dos Centros de Saúde com autonomia funcional e técnica, que contratualizam objetivos de acessibilidade, adequação, efetividade, eficiência e qualidade, e que garantem aos cidadãos inscritos uma carteira básica de serviços. A USF de Lagos conta com seis médicos, seis enfermeiros e cinco assistentes técnicos.
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Esta nova Unidade foi inaugurada pelo Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, e contou com a presença de deputados do PS eleitos pelo Algarve, com o executivo municipal de Lagos, o Presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve, João Manoel da Silva Moura dos Reis, os responsáveis pelo Centro de Saúde de Lagos, da USF dos Descobrimentos e do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve. “Este é mais um dia importante na vida do município, porque estamos a melhor servir a população, disponibilizando mais condições de saúde aos lacobrigenses, que durante anos se têm debatido com diversas dificuldades nesta área”, considerou a edil Maria Joaquina Matos, que aproveitou a ocasião para solicitar ao Secretário de Estado toda a atenção e apoio do Estado Português ao Hospital de Lagos. “Embora exista um bom hospital privado em Lagos, é fundamental podermos reforçar a componente pública”. Também o Secretário de Estado da Saúde considerou a abertura desta nova Unidade “mais um passo importante no sentido de melhor poder servir a população”, desejando que “esta semente se possa replicar sempre que possível” .
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ATUALIDADE CÂMARA DE LOULÉ ATRIBUI VERBA PARA OBRA MAIS VOTADA DO OP DE 2015 EM ALTE
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Câmara Municipal de Loulé, representada pelo seu presidente, Vítor Aleixo, e o Centro de Animação e Apoio Comunitário de Alte, representado pelo seu presidente, Juvenal Cruz, assinaram uma Carta de Compromisso, através da qual foi atribuída a primeira tranche (50 por cento) do investimento previsto no projeto vencedor na freguesia de Alte, no âmbito do Orçamento Participativo 2015: «Recuperação da antiga Casa da Criança e melhoramento do ginásio existente com vista à instalação dum Núcleo de Aventura e Desporto de Alte». A Autarquia irá financiar, desta forma, a totalidade da obra orçada em 48 mil e 358,66 euros, sendo que a gestão da mesma ficará a cargo do Centro de Animação e Apoio Comunitário de Alte.
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Uma vez que este é um projeto de investimento decorrente do Orçamento Participativo 2015, após a execução da obra, o Centro de Animação e Apoio Comunitário de Alte compromete-se a disponibilizar e facilitar o acesso ao espaço intervencionado com vista ao uso do mesmo por parte da população e comunidade em geral, sem prejuízo de um eventual conjunto de regras elementares definidas pela instituição de modo a agilizar a utilização da infraestrutura. Com o início dos trabalhos do projeto mais votado na freguesia de Alte, a ocorrer ainda durante o mês de maio, prevê-se a respetiva conclusão dos mesmos antes do final do verão deste ano .
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ATUALIDADE MUNICÍPIO DE LOULÉ E IN LOCO LANÇAM MOVIMENTO LOCAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO ALIMENTAR
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o âmbito do projeto «Não desperdice o nosso futuro! – uma aliança europeia de jovens e de autarcas no Ano Europeu para o Desenvolvimento», a Câmara Municipal de Loulé e a Associação In Loco realizaram, a 8 de maio, no Mercado Municipal de Loulé, um dia dedicado ao combate ao desperdício alimentar. Foi desenvolvido um conjunto de atividades que visam sensibilizar os agentes do território sobre esta temática, desafiando-os a adotar estilos de consumo mais responsáveis. O Mercado foi o palco principal desta ação, onde teve lugar um Flash Mob construído com estudantes do Município e Associação Corpo de Hoje, seguido de um showcooking dinamizado pelo nutricionista Alexandre Fernandes, autor do livro «Zero Desperdício na Cozinha», que desafiou todos os presentes a mudar a atitude na cozinha, através da partilha de receitas que utilizam partes não convencionais dos alimentos, fomentando uma alimentação saudável sem desperdício. A iniciativa contou ainda com a participação dos chefs Ricardo Bernardo e Paula Miguel, que partilharam dicas para aproveitar alimentos como a fruta feia e os legumes que provavelmente não seriam aproveitados, ao som da música dos Al-fanfare. Estiveram presentes
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jovens e professores envolvidos no projeto, Instituições particulares de solidariedade social, restaurantes e outras entidades, num total aproximado de 200 pessoas. Esta componente de animação foi aliada à apresentação de alguns dos resultados do projeto «Não Desperdice o Nosso Futuro», nomeadamente a Carta Europeia de Jovens e de Autoridades Locais contra o desperdício alimentar, que foi apresentada no dia 22 de outubro 2015, na EXPO Milão, no âmbito do Ano Europeu para o Desenvolvimento dedicado ao tema da Soberania Alimentar. Esta resulta do trabalho colaborativo entre os 11 parceiros de sete países europeus. Foram apresentados os resultados preliminares do relatório de rastreabilidade do desperdício no concelho de Loulé, que se apresenta como um trabalho pioneiro ao nível nacional, considerando a escala em que é desenvolvido, procurando medir o desperdício e as perdas nas várias fases da cadeia alimentar (desde a produção ao consumo final). A realização deste conjunto de ações procurou sensibilizar a comunidade sobre o desperdício alimentar, o consumo responsável e o acesso à alimentação, por forma a torná-los agentes responsáveis da mudança na construção coletiva de novos modelos de desenvolvimento e de estilos de vida sustentáveis. Sabendo que mais de 1/3 dos alimentos produzidos corresponde a desperdício alimentar, «Não desperdice o nosso futuro!» assume-se como um projeto que pretende ter um impacto político, ao mesmo tempo que procurará mudar diretamente as práticas das famílias, a partir do trabalho que será realizado com os jovens das escolas. «Ama os Alimentos – Salva o Mundo!» é o lema deste projeto .
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ATUALIDADE VÍTOR GUERREIRO NÃO ESQUECE REQUALIFICAÇÃO DA EN2 E ACESSO À VIA DO INFANTE constrangimentos do país, Vítor Guerreiro defende a realização em alternativa de um conjunto de intervenções pontuais, mas que, articuladas, permitem cumprir os objetivos pretendidos e corresponder às expetativas geradas em termos de aumento da qualidade de vida das populações e do desenvolvimento económico do concelho: a criação de uma segunda faixa em algumas zonas, para facilitar a circulação e a segurança; a criação de uma rotunda no cruzamento da EN2 com o acesso a Faro e à Via do Infante; e ainda a retificação de algumas curvas consideradas mais perigosas e a criação de condições para uma circulação em segurança de peões no sítio de Machados.
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Estrada Nacional n.º2 (EN2) que liga Faro a Chaves conta com 71 anos de história e exerce uma importância crucial na história de São Brás de Alportel, que à sua existência muito deve da sua origem como povoação, e a sua formação e crescimento como concelho. A propósito do traçado da EN2 e da premência de serem efetuadas algumas intervenções consentâneas com as exigências do atual tráfego rodoviário, segurança e qualidade de vida das populações, o Presidente da Câmara Municipal Vítor Guerreiro reuniu, no dia 12 de maio, em Lisboa, com o Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira. O autarca são-brasense reforçou junto do Secretário de Estado das Infraestruturas a urgência de ser realizada a requalificação da EN2 desde São Brás de Alportel até ao nó de ligação da Via do Infante, uma obra que se assume como fundamental para melhorar a segurança rodoviária e o acesso do concelho à Via do Infante, um investimento vital para a atratividade e o desenvolvimento económico do território. Conhecida que é a suspensão da variante São Brás de Alportel – Via do Infante, anteriormente integrada no projeto de Requalificação da EN125, e conhecidos que são os
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O Secretário de Estado das Infraestruturas assumiu o interesse na proposta apresentada e equacionou a realização do estudo das intervenções solicitadas ainda no decurso de 2016, reconhecendo a urgência das mesmas, de modo a que em 2017 algumas destas sejam já uma realidade. “Estas intervenções são fundamentais, dado que, infelizmente, o projeto de criação de um acesso direto de São Brás à Via do Infante, que havia sido integrado no projeto global de requalificação da EN125, teve que ser retirado da empreitada. Porque somos sempre defensores de um gestão rigorosa dos recursos financeiros públicos, pensamos que esta é uma proposta viável, exequível e sustentável”, sublinha Vítor Guerreiro, acrescentando que, com um investimento muito mais baixo, se poderá melhorar significativamente a segurança rodoviária e o acesso a São Brás de Alportel. “Isto é determinante para o incremento da nossa economia e para a qualidade de vida das populações. São Brás de Alportel tem uma extraordinária localização geográfica, no centro do Algarve e, com esta intervenção, poderemos alavancar este que é um dos mais importantes potenciais de desenvolvimento do nosso território” .
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ATUALIDADE PORTUGAL E TAVIRA PRESIDEM À DIETA MEDITERRÂNICA EM 2016-17
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ecorreu, nos dias 5 e 6 de maio, em Nápoles e Pollica (Itália), a 6ª reunião intergovernamental e das comunidades representativas da Dieta Mediterrânica como Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. O encontro teve como objetivo efetuar o balanço das atividades desenvolvidas, no último ano, e contou a com presença dos representantes dos sete Estados e das sete comunidades representativas (Tavira (Portugal), Sória (Espanha), Pollica (Itália), Hvar e Brac (Croácia), Agros (Chipre), Koroni (Grécia), Chefchaouen (Marrocos). Durante dois dias foram debatidos importantes aspetos estratégicos, programáticos e organizativos relativos à preservação, valorização e transmissão da Dieta Mediterrânica, tendo ficado decidido, em Nápoles, que a próxima presidência/coordenação anual ficará a cargo de Portugal e de Tavira, já a partir do próximo mês
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de junho. A delegação portuguesa propôs dinamizar um programa conjunto com iniciativas centradas na melhoria de recolha de informação sistemática ente os Estados e as Comunidades, assim como realizar uma conferência internacional sobre educação e transmissão dos valores da Dieta Mediterrânica às novas gerações, tendo como foco a sustentabilidade dos territórios e da biodiversidade na preservação dos estilos de vida e da cultura mediterrânica, modelo alimentar e prevenção da saúde pública. No decorrer da reunião Itália sugeriu, ainda, a criação de um livro branco sobre a Dieta Mediterrânica. Em Pollica, após a reunião das sete Comunidades Representativas, foi inaugurado um monumento de homenagem a Ancel Keys, fisiólogo norte-americano que na década de 50 do século XX investigou e «descobriu» a Dieta Mediterrânica, mundialmente divulgada pelo estudo «Seven Countries- a Multivariate Analysis of Death and Coronary Hearth Disease». Hoje, a Dieta Mediterrânica é reconhecida pela UNESCO, a OMS e a FAO. Dado que Portugal e Tavira assumem a Presidência agora a presidência das comunidades representativas, a 7ª reunião intergovernamental realizar-se-á, no próximo ano, no nosso país .
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DESIDÉRIO SILVA É O NOVO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TURISMO
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presidente da Região de Turismo do Algarve foi eleito por unanimidade como novo presidente da direção da Associação Nacional de Turismo, entidade agregadora de esforços e estratégias dos seus associados – Entidades Regionais de Turismo, Direções Regionais de Turismo e Associações de Direito Público ou Privado – no âmbito das políticas nacionais de Turismo. Uma candidatura que teve o total aval dos parceiros, em virtude do trajeto do antigo presidente da Câmara Municipal de Albufeira e do fervor com que sempre se envolveu no turismo nacional e algarvio. O exercício das novas funções servirá, igualmente, para continuar a chamar a atenção para as necessidades do Algarve, a maior região turística de Portugal, e para combater as 75
assimetrias existentes no contexto nacional. “Vou apresentar as minhas sugestões e opiniões no sentido de se definir cada vez mais uma política para o turismo nacional onde todas as partes tenham valor e que sejam reconhecidas como importantes para a estratégia global, quer em termos do investimento, como da promoção”, frisa Desidério Silva. “O que digo sempre, em cada cargo que exerço, é que o interesse do todo deve ser sempre superior aos interesses de cada um, independentemente das suas reivindicações e exigências. A Associação Nacional de Turismo representa os interesses globais do setor e esses devem prevalecer, desde que, claro, sejam positivos e de valorização dos nossos produtos”, referiu, à margem da inauguração da 2ª Mostra de Natureza da Algarve Nature Week .
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ANIMAÇÃO BUBBA BROTHERS A FERVER NO FINAL DE MAIO às 0h. “Acabamos à hora em que normalmente começamos, por isso, vamos optar por um som mais na onda do chill-out/house, até eletro, que não tem nada a ver com o nosso tradicional pop/rock. Mas, como não temos nenhum rótulo, será uma oportunidade para demonstrar que também estamos completamente à vontade neste registo musical”, frisa Eliseu Correia.
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mais badalada dupla de dj’s algarvios do momento, os Bubba Brothers, terminam o mês de maio em grande estilo, primeiro no dia 27, no Festival ORIGIN, em Faro e, logo no dia seguinte, no conceituado Libertos Bar, de Albufeira. O Festival ORIGIN realiza-se, de 26 a 28 de maio, no Jardim Manuel Bívar, em Faro, numa organização da Instituição Particular de Solidariedade Social «CASA» com o intuito de angariar fundos para a sua atividade regular, e do cartaz fazem parte, para além da dupla Eliseu Correia e Justino Santos, os Dj’s Jossa (dia 26) e Swich (dia 28). “Esta IPSS tem-se distinguido pela sua capacidade de inovar e de arranjar outras formas de receita para poder ajudar os mais necessitados. Desta vez, criaram um festival em torno do gin, precisavam de atrações musicais de peso e falaram connosco para saberem se poderíamos colaborar com o evento”, relata Eliseu Correia. O convite foi prontamente aceite, até porque a dupla nunca vira a cara às causas sociais, e será uma atuação ao vivo diferente do usual no que diz respeito ao alinhamento musical, por se tratar de um festival sobre o gin e por irem tocar música das 21h
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Espera-se, assim, uma noite repleta de clientes que não fazem parte da legião de fãs dos Bubba Brothers, mais à imagem dos festivais de música de dança e eletrónica. Ao mesmo tempo, a noite de 27 de maio acaba por servir de ensaio para a atuação do dia seguinte, desta vez no Libertos Bar, em Albufeira, numa agenda que continua bastante preenchida. “A música funciona por ondas, mas o passa-a-palavra continua a ser a forma mais eficaz de se colocar um produto, um serviço ou um artista com sucesso no mercado. Tem-se falado bastante do nosso trabalho e a falange de pessoas que assistem aos espetáculos dos Bubba Brothers vai crescendo cada vez mais. Aliás, vai abrir uma nova lounge em Faro e já estamos reservados para a inauguração”, adianta o entrevistado. Um sucesso bem-vindo, mas que ainda está a surpreender, pela positiva, este empresário do ramo do turismo, consciente do elevado número de dj’s profissionais em atividade no sul do país. “É extremamente gratificante verificarmos que as pessoas apreciam imenso o nosso espetáculo, que percebem que é diferente das atuações dos outros dj’s. Gostamos daquilo que fazemos, estamos a colher os frutos do nosso trabalho e acredito que, este Verão, até poderíamos viver apenas das solicitações que temos recebido”, finaliza Eliseu Correia .
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LAGOA ABRE VERÃO COM «NOITE BLACK & WHITE» EM CARVOEIRO
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pós o sucesso das duas primeiras edições, em 2014 e 2015, a Câmara Municipal de Lagoa irá organizar, no dia 18 de junho, mais uma «Noite Black & White» em Carvoeiro, a primeira grande festa de verão no Algarve. Será, certamente, uma grandiosa noite de entretenimento, diversão e cultura, dinamizando a antiga aldeia de pescadores, hoje uma vila essencialmente virada para o turismo de qualidade e que recebe bem todos os visitantes, com a colaboração dos estabelecimentos comerciais que aderem, desse modo, à promoção turística do Concelho pretendida pelo executivo. Estima-se que, em 2015, tenham passado pelo evento cerca de 20 mil pessoas, esperando-se que este ano um número similar «inunde» Carvoeiro, das 20h30 às 3h, com entrada livre. O branco e o preto são obrigatórios e transversais às várias manifestações, que vão desde a dança à animação de rua, com particular destaque para a música de diferentes géneros e procedências. O largo da praia e as ruas do centro do Carvoeiro, redesenhadas numa ambiência muito particular, terão cinco cenários diferentes que irão acolher oito espetáculos de música e dança ao longo da noite, que começará às 20h45 com música e dança oriental do grupo El Laff. O original projeto L.S.D. Living Statues DJ fará a transição do dia para a noite com um «Chill Out Sunset» entre as 21h e as 22h. A música dos anos 60, 70, 80 e 90 será protagonista no Cenário da Estrada do Farol com o Dj Alex Ramos, 77
ininterruptamente das 22h às 2h. Entre as 21h50 e as 23h, os Six Irish Men irão pôr o público a dançar ao som de covers emblemáticos como «Leaving of Liverpool», «Toss the Feathers», «Fisherman’s Blues», entre outros. O multi-instrumentista grego Spyros Kaniaris (ex-membro do grupo L’Ham de Foc) apresentará duas das formas mais expressivas de música tradicional grega – «Dimotiki» e «Rembetika», com início às 22h45 no Cenário da Rua do Barranco. Às 23h, subirá ao palco do Largo da Praia do Carvoeiro o cantor e compositor britânico Daniel Kemish, que irá brindar o público com a apresentação do seu CD «Fools & Money». Depois da largada de balões luminosos no largo da praia, das 00h às 03h, o areal da praia do Carvoeiro irá transformar-se numa mega pista de dança, com os mais relevantes temas de dance music selecionados pelo Dj Pete Sleev .
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