ALGARVE INFORMATIVO
WWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT
#58
CARLOS CAMPANIÇO VIVEIROS MONTEROSA PROTEÇÃO À RAPARIGA
Futuros atores revelam-se em 1
SENSAÇÕES DO VAZIO
ALGARVE INFORMATIVO #58
ALGARVE INFORMATIVO #58
2
3
ALGARVE INFORMATIVO #58
OPINIÃO Daniel Pina - 6
Clubites à parte Paulo Cunha - 28
Autarquias investem na coesão social José Graça - 30
Conselho da Europa desafia tutelas a repensar o papel das Bibliotecas e dos Museus Dália Paulo - 32
I(n)coberto Mirian Tavares - 34
A importância do Ser e do Existir ou O jogo dos ditados populares Augusto Lima - 36 ALGARVE INFORMATIVO #58
4
CONTEÚDOS Atualidade - 58
Proteção à Rapariga - 8 Azeite Monterosa - 18
Carlos Campaniço - 48
Sensações do Vazio - 38 5
ALGARVE INFORMATIVO #58
Inspira…expira…abranda…aproveita a vida Daniel Pina
H
oje acordei bem-disposto. Já me tinha deitado de sorriso nos lábios apesar do cansaço, depois de mais uma noite de trabalho em Loulé, na apresentação do Festival MED. Mas fui dormir de consciência tranquila. E acordei com os índices de rabugice em valores bem abaixo do normal, apesar de ter mais um dia de trabalho pela frente. É verdade que o Sporting não ganhou o campeonato. É verdade que, na quinta-feira à noite, no Casino de Vilamoura, fui eliminado na reta final de um torneio de poker porque o meu par de ases perdeu para um par de reis na última carta a ser virada na mesa. Mas a vida familiar vai de vento em popa, mais de uma década de casamento feliz. A filhota mais velha, seis anos, já vai entrar para a primária a seguir ao Verão, todos os dias põe-se a escrevinhar palavras novas, até já assinou o nome no Cartão de Cidadão. A filhota mais nova, a caminho dos três, cada vez está mais reguila, desconfio que vai ser rabugenta como o pai, e com cada conversa filosófica que me deixa às vezes parvo. A vida profissional, que é como quem diz, o Algarve Informativo, também vai de vento em popa, muito graças aos leitores assíduos, aos anunciantes, aos cronistas, a todos aqueles que têm ajudado esta minha «loucura» a tornar-se um projeto viável e sustentável. E já devem ter reparado que é um projeto jornalístico diferente dos outros. Não publico notícias de teor negativo. Não estou com isso a criticar a imprensa que vive à conta dos acidentes, das mortes, dos escândalos amorosos, dos casos de corrupção, das falcatruas. Admito que há jornais e canais televisivos excelentes na arte de deixar
ALGARVE INFORMATIVO #58
as pessoas deprimidas, à beira de um estado de nervo, sem qualquer vontade de sair de casa. Por isso, desde logo me foquei nas notícias de carater positivo, que promovam o melhor que acontece no Algarve. Faço entrevistas e reportagens que tentam contribuir, de algum modo, para deixar as pessoas mais motivadas para sair de casa, para produzir, sorrir e viver. Ou seja, não é o caminho mais rápido e fácil de um meio de comunicação social, neste caso um blogue noticioso e uma revista semanal, se tornar famoso, de atingir milhares de visualizações. Mantive-me fiel ao caminho que escolhi e os resultados estão a aparecer. Já vários números da Revista Algarve Informativo têm mais de 10 mil leituras, o que é tremendo para uma meio regional que não pertence a nenhum grupo de media, que não faz publicidade à sua marca, que apenas tem histórias positivas nas suas páginas. E o blogue registou, nos últimos quatro, cinco meses, mais visualizações do que nos 18 meses anteriores, tendo ultrapassado já as 100 mil visualizações por mês. Uma simples notícia contribuiu em particular para essas estatísticas, só ela está próxima das 50 mil visualizações à hora que escrevo esta crónica, uma notícia publicada há menos de 24 horas e que não fala de acidentes, mortes, falcatruas, corrupções. E isso demonstra que as pessoas estão, de facto, interessadas em notícias positivas, motivantes, às vezes até preferiam não saber metade das coisas más que acontecem, que lhes enfiam pelos ouvidos e olhos adentro
6
todos os dias, desde que acordam até que se deitam. Por isso, deitei-me bem-disposto e acordei sorridente. Porque, quando uma pessoa passa os dias a divulgar notícias positivas, a contar histórias de vida motivantes, a fazer reportagens de acontecimentos agradáveis, é natural que o espírito ande mais desanuviado, que estejamos mais alegres. Inspiramos e expiramos de maneira diferente, sem tanto stress na cabeça, com o ritmo cardíaco menos acelerado. Aproveitamos as belezas naturais do Algarve. A tal luz de que os artistas estão sempre a falar. A qualidade de vida a que nem sempre damos o merecido valor. Damo-nos ao luxo de esperarmos pela próxima entrevista ou reportagem, sentados tranquilamente à beira-mar, ou no meio da serra, a apreciar o sol no rosto, a ouvir os
7
pássaros na sua azáfama. Vamos buscar as filhas mais cedo ao infantário, damos umas voltas com elas no jardim, vemos as novas versões do Noddy, Heidi e Abelha Maia com elas. Vemos um filme com a mulher à noite, depois das miúdas estarem a dormir. No dia seguinte, vamos todos à praia, até à Primark que as mulheres tanto adoram, com o pretexto de que é preciso comprar mais roupa para as gaiatas. Mas fazemos isso tudo com sorriso nos lábios, porque a vida é mais feliz quando abrandamos o ritmo e aproveitamos o dia-a-dia ao máximo. Por isso, obrigado a todos os que colaboram e seguem o Algarve Informativo, sem vocês, nada disto seria possível. E desculpem-me lá estar a falar destas coisas sem grande interesse jornalístico, mas hoje estou, de facto, com a minha rabugice em mínimos históricos .
ALGARVE INFORMATIVO #58
Cristina Viegas (Diretora Técnica do Centro de Acolhimento Temporário), Daniela Fonseca (Psicóloga) e Filomena Rosa, presidente da Direção da Associação de Proteção à Rapariga e à Família de Faro
Uma associação ao lado das raparigas em situação de risco …e das suas famílias Quase uma década após a primeira visita realizada à Associação de Proteção à Rapariga e à Família, regressamos a esta IPSS presidida por Filomena Rosa e verificamos que muito mudou nestes anos, desde a introdução de novas valências, ao próprio perfil das jovens que ali são apoiadas. Uma temática sempre na ordem do dia, porque os problemas sociais não acontecem apenas em tempos de crise económica e atingem de forma transversal toda a sociedade, o que obriga a uma constante atenção aos sinais e comportamentos de risco. Texto: ALGARVE INFORMATIVO #58
Fotografia: 8
num edifício de cinco andares localizado na zona da Penha, em Faro, que está sedeada a Associação de Proteção à Rapariga e à Família (AIPAR), uma Instituição Particular de Solidariedade Social que tem como principal valência o Centro de Acolhimento Temporário – Proteção à Rapariga direcionado para jovens dos 12 aos 18 anos. Um edifício inaugurado em 2007, de semblante perfeitamente idêntico aos seus vizinhos, onde nos esperava a Presidente de Direção Filomena Rosa, a Diretora do CAT (Centro de Acolhimento Temporário) Cristina Viegas e a Psicóloga Daniela Fonseca.
grupo de senhoras da cidade de Faro, entre as quais Teresa Ramalho Ortigão, e tem prestado apoio social a jovens de todo o Algarve desde essa data. Na época, esta ação passava pelo acolhimento temporário, pela realização de enxovais para bebés e de casamento, procura de emprego para empregadas domésticas e procura de resposta ao nível da saúde. Posteriormente, evoluiu para um Lar de Estudantes, para jovens de classe média alta e que também apoiava jovens carenciadas que tinham que se deslocar da sua área de residência para prosseguir estudos
Depois de uma visita pelas instalações, ficamos a saber que a AIPAR foi fundada, em 1934, por um
Em 1997, e após um período de menor atividade, a AIPAR inicia uma nova fase na sua vida, retomando o
É
O quarto de duas das residentes, sendo que todos os quartos têm decorações diferentes
9
ALGARVE INFORMATIVO #58
dinamismo que a havia caracterizado anteriormente, período de grande crescimento que culmina, em abril de 2007, com a inauguração das instalações do atual Centro de Acolhimento. “Somos um prolongamento da Associação Internacional ao Serviço da Juventude Feminina, que tem sede na Suíça e que foi criando congéneres autónomas em vários países, estando presente em quatro continentes. Em Faro, esta associação era conhecida simplesmente por «Proteção», porque a sua missão era proteger sobretudo as raparigas”, conta Filomena Rosa, recordando que, na génese da Associação Internacional ao Serviço da Juventude Feminina, esteve o auxílio às jovens vítimas de tráfego
humano e exploração a todos os níveis. No caso concreto da AIPAR, o Centro de Acolhimento Temporário para jovens entre os 12 e os 18 anos foi a primeira valência a entrar em funcionamento, com uma lotação de 18 raparigas, mais duas unidades de emergência, consoante protocolo estabelecido com a Segurança Social. E engane-se quem pensa que o tráfego de seres humanos não é uma realidade no nosso país, esclarece Filomena Rosa. “O difícil é descobri-los, mas penso que, a esse nível, as autoridades estão a fazer um excelente trabalho. A nossa missão principal já não incide tanto nesse aspeto, mas sim na proteção
Espaço de terapia pela arte
ALGARVE INFORMATIVO #58
10
da infância e juventude, em estreita colaboração com os Tribunais de Família e Menores e as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco”, prossegue a presidente da Direção Quanto aos perigos e riscos a que estão expostas estas crianças, aquando do acolhimento, é tudo aquilo que nós possamos imaginar, desde o absentismo e abandono escolar à negligência, maus-tratos físicos e psicológicos, incentivo a práticas ilegais, confirma a Diretora do CAT, Cristina Viegas. “Inicialmente, as medidas aplicadas eram de seis meses e tínhamos que delinear logo com as jovens um projeto de vida, que podia passar pelo regresso à família, ou não. Não havendo possibilidade para isso, teríamos que arranjar um Lar de
11
Infância e Juventude, que previam um acolhimento mais prolongado”, explica. “Os CAT funcionavam como respostas de primeira linha, para se poder avaliar e trabalhar a menor para perceber que rumo se dava ao seu projeto de vida. Recentemente, a lei mudou e estas IPSS passaram a
ALGARVE INFORMATIVO #58
ser todas designadas Casas de Acolhimento, pelo que as jovens podem entrar aqui aos 12 anos e permanecer até aos 18, por indicação dos tribunais, ou até aos 21, se as próprias raparigas pedirem para serem acompanhadas mais algum tempo”, continua Filomena Rosa. Percebe-se, então, que a generalidade destas raparigas, algumas delas ainda crianças, querem ser ajudadas, não olhando para estas IPSS quase como um «bicho-papão» que as retira às suas famílias, isto porque as comissões técnicas que as acompanham antes de serem institucionalizadas as vão preparando para essa realidade. “Nos casos mais graves em que não há acordo com a jovem e a família, é o tribunal que decide e está decidido. Depois, há situações em que as crianças são retiradas às suas famílias de emergência, o que torna o processo mais doloroso”, indica Filomena Rosa, garantindo que a institucionalização é sempre o último recurso. “Infelizmente, chegam-nos muitas jovens numa situação de pobreza extrema, que as levou a situações gravíssimas de doença física e mental, mas também raparigas com rebeldia levada ao extremo, que não reconhecem autoridade a ninguém, de tal modo que as famílias ficam aflitas sem saber o que fazer. Os problemas que originam a institucionalização mudaram um
ALGARVE INFORMATIVO #58
bocadinho, o tráfego e exploração de menores tem diminuído”.
Casas de Acolhimento não são o bicho-papão A par do trabalho desenvolvido pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco e pelos Tribunais de Família e Menores, a sociedade está mais atenta ao que a rodeia, ao que se passa na casa dos vizinhos, nas escolas, aos sinais de perigo. As próprias famílias estão mais conscientes de que, em determinado momento, não têm condições para cuidar dos mais novos, mas tal não significa que tudo seja ouro sobre azul e há casos em que, efetivamente, os agressores se encontram no seio da família e que o afastamento entre as duas partes tem que ser total. “Contudo, a maior parte dos casos são famílias que são trabalhadas no sentido de fazer o que é melhor para os mais novos e, a partir do momento em que as crianças e raparigas entram na Casa de Acolhimento, começamos logo a preparar a sua saída. Isso implica estabelecer laços com as famílias e sensibilizá-las para uma educação parental para a qual muitas vezes não estavam despertas. Vivemos num mundo louco em que as pessoas passam o dia a trabalhar para conseguir subsistir e chegam a casa sem tempo para os filhos e
12
Gabinete de estética da associação
tentamos, ao máximo, que essa aproximação seja concretizada”, refere Filomena Rosa. Uma aproximação que é realizada mesmo quando as raparigas estão na Casa de Acolhimento da AIPAR, uma forma das famílias compreenderem, também elas, que estas instituições não são o tal «bicho-papão» que lhes tirou os filhos. “Desde que não existam impedimentos, as jovens podem contatar sempre com as suas famílias, há visitas regulares, e tudo isso minimiza, de alguma forma, este afastamento”, acrescenta Cristina Viegas. “Não somos uma instituição fechada, nem elas estão aqui em isolamento, porque temos capacidade para nos colocar do outro lado, para perceber o que as outras partes estão
13
a sofrer com esta situação. E, quando se abrem as portas, os muros quebram-se e as angústias e sofrimentos diminuem”, reforça Filomena Rosa. Convém lembrar, entretanto, que estas IPSS não são simples depósitos de crianças, ou seja, existe uma série de atividades para as ocupar ao longo do dia, para as mentalizar que há regras para cumprir e que podem retirar benefícios da sua passagem pela associação. “Uma das primeiras preocupações que temos é a educação formal, porque a escolaridade é obrigatória até aos 18 anos, de modo que faz-se logo a transferência das escolas que frequentavam para o Agrupamento Pinheiro Rosa e começamos a
ALGARVE INFORMATIVO #58
trabalhar com elas para o sucesso educativo. Existe uma estreita e excelente relação entre a instituição e a escola e um dos professores que temos aqui destacado pelo Ministério da Educação faz precisamente essa ponte”, sublinha a Presidente da Direção, um trabalho que depois é prosseguido dentro da Casa de Acolhimento, nomeadamente no que diz respeito à educação não formal: aprender a cozinhar, a gerir o dinheiro, a fazer compras, a vestir-se, a tratar da higiene pessoal, a colaborar e partilhar com os outros. O resultado deste esforço conjunto é que a maior parte destas raparigas saem da AIPAR perfeitamente capacitadas para levar uma vida em sociedade, aliás, algumas até dizem que a passagem pela Proteção à Rapariga foi o melhor período das suas vidas, revela Cristina Viegas. “Muitas vêm cá depois visitar-nos e dar conselhos às raparigas que estão atualmente na Casa de Acolhimento, para que aproveitem ao máximo o que estão a receber”, indica a Diretora do CAT. Uma postura que, segundo Filomena Rosa, exemplifica um pouco a forma como estas raparigas olham para a associação, como lidam com ela. “Numa primeira fase, são rebeldes, rejeitam tudo. Depois, começam a aderir às coisas, a estabelecer cumplicidades, dizem que não mas, por dentro, já concordam. Após saírem, algumas voltam para nos visitar, umas com problemas,
ALGARVE INFORMATIVO #58
outras sem problemas, e reconhecem que deviam ter ficado mais um ano ou dois”. Competências que são transmitidas para as «clientes» do CAT de forma ligeira, intuitiva, pouco formal, através de simples listas de tarefas, de papéis a cumprir: quem é que põe a louça na máquina, quem é que monta a mesa, quem é que varre o chão do refeitório, quem é que trata da gata. “E realizamos workshops nos períodos de férias letivas, sobre cozinha, costura, expressão plástica, várias coisas que as vão capacitando para o exterior”, lembra Daniela Fonseca.
Mais valências no terreno, outras em sonho Conforme referido anteriormente, a inauguração das novas instalações trouxe um novo dinamismo à Associação de Proteção à Rapariga e à Família e isso materializou-se no aparecimento de outras respostas sociais para além do Centro de Acolhimento Temporário, logo a começar pela Cantina Social, por sugestão da Segurança Social aquando da implementação do Programa de Emergência Alimentar. “Servimos 100 refeições diárias a famílias desta área de residência, com a triagem a ser efetuada pelos Serviços de Ação Social da Câmara
14
A sala de estar da Associação de Proteção à Rapariga e à Família
Municipal de Faro. Depois, criamos uma resposta que, na minha opinião, será o futuro desta intervenção social, um Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, orientado para as famílias que têm enormes dificuldades para lidar com os filhos. Temos uma equipa de técnicos que vai a casa, que se abeira, se aproxima das pessoas, dá conselhos, faz o levantamento das necessidades”, descreve Filomena Rosa. Uma resposta social que é a «menina dos olhos de oiro» da direção da AIPAR e que pode evitar uma posterior institucionalização de algumas crianças, ao mesmo tempo que prepara o regresso às famílias daquelas jovens que já se encontram
15
em Casas de Acolhimento. Isto porque há famílias que, na hora da verdade, não sabem o que é ser uma família, o que é ter filhos, reconhecem as entrevistadas. “Pormenores tão simples como ensinar a brincar e a conversar com as crianças para estimular a linguagem, ensinar a ter uma alimentação saudável, a gerir a economia doméstica. Nenhuma criança cresce de forma saudável sem colo, mimos e regras”, frisa Filomena Rosa, antes de revelar a mais recente resposta social: um Apartamento de Autonomização, com capacidade para cinco jovens, até aos 21 anos, onde elas podem começar a aprender a estar e a viver sozinhas. “Há mais sonhos,
ALGARVE INFORMATIVO #58
acreditamos que vamos conseguir aumentar o número de valências, mas é essencial termos um rigor financeiro absoluto. Angariar mecenas ou apoios é um desgaste tremendo para a equipa, obriga a fazer imensas candidaturas para se conseguir obter alguma ajuda. Mas estamos imensamente agradecidas mesmo àquelas pessoas que só nos podem dar uma laranja. Vamos somando o pouco que nos vai chegando para trabalharmos no dia-a-dia”, salienta Filomena Rosa. Feitas as contas às diversas valências, a Associação de Proteção à Rapariga e à Família de Faro apoia mais de 200 pessoas diariamente, resultado do empenho dos técnicos e dos elementos da direção que, como é natural, estão aqui em regime de voluntariado, sem qualquer retorno financeiro. Um empenho advindo da
consciência de que todas as respostas sociais são importantes para acudir aos mais necessitados, sendo que há áreas mais problemáticas do que outras, aponta Filomena Rosa, casos da deficiência e da doença mental. “Qualquer pessoa deve ter uma dose muito grande de inquietação para sonhar e criar novas respostas. Nem tudo são sucessos, mas nós preferimos focar-nos nos aspetos positivos, é neles que conseguimos arranjar resiliência para seguir em frente. Ainda no que toca aos recursos, o estatuto das IPSS foi alterado recentemente e prevê que elas adquiram atividades instrumentais para angariar mais algum dinheiro, de modo que criamos um serviço de refeições para eventos”, conclui Filomena Rosa .
Sala de apoio ao estudo
ALGARVE INFORMATIVO #58
16
17
ALGARVE INFORMATIVO #58
ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #58 #58
18 18
Azeite Monterosa brilha nos quatro cantos do mundo É na freguesia de Moncarapacho, concelho de Olhão, que se produz um dos melhores azeites do mundo, o azeite virgem extra Monterosa, que recentemente conquistou as medalhas de ouro e prata no «Olive Japan 2016», em Tóquio. No concurso participaram 600 azeites provenientes de 21 países, mas foram o «Frantoio», o «Cobrançosa», o «Maçanilha», o «Verdeal» e o «Picual» algarvios que brilharam mais forte e encheram de orgulho esta empresa que, até há bem poucos anos, era mais conhecida pelas suas plantas ornamentais. Texto:
19
Fotografia:
ALGARVE INFORMATIVO #58
D
urante décadas, os Viveiros Monterosa, situados na freguesia de Moncarapacho, no concelho de Olhão, cimentaram a sua presença no mercado das plantas ornamentais, mas a marca tem andado na boca do mundo, nos últimos anos, graças ao azeite virgem extra que produz e que tem arrebatado medalhas de ouro e prata nos principais concursos internacionais. Curiosamente, recuando à génese desta empresa, em 1969, a ideia era fazer hortaliças durante o Inverno para exportar para os mercados do norte da Europa, à semelhança do que acontecia na Califórnia (EUA), Israel e África do Sul. “Andei à procura de um clima no sul da Europa onde pudesse arrancar
ALGARVE INFORMATIVO #58
com o negócio, a minha esposa não gostou nem da Itália, nem de Espanha, e finalmente descobrimos o Algarve”, recorda Detlev Von Rosen. O clima e os terrenos eram ótimos, o sucesso foi imediato no que toca à produção, contudo, a logística não funcionou, isto porque Portugal vivia numa Ditadura, estava bastante fechado ao exterior e os camiões demoravam vários dias até serem autorizados a atravessar a fronteira, o que levava ao apodrecimento de muitos carregamentos. Por terra era complicado, tentou-se a via área, que resultava, mas implicava custos de transporte demasiado elevados para a rentabilidade do negócio.
20
“Em 1972, por sorte, encontramos um produto que estava na moda na época, a planta ornamental em vaso. Antes da guerra, estas plantas não eram vendidas logo prontas, com valor decorativo, com flores bonitas, ofereciam-se apenas as estacas para depois crescerem”, recorda o sueco, adiantando que o clima do Algarve colocava os Viveiros Monterosa em grande vantagem face à concorrência existente na Holanda, Dinamarca e Suécia. “Eles faziam a produção toda em estufa, nós tínhamos condições para o fazer ao ar livre, o que diminuía consideravelmente os custos”, justifica. Entretanto, o Algarve «explodiu» para o turismo, mas Detlev Von Rosen e os outros três sócios resistiram à tentação de largar a exploração
21
agrícola e vender os terrenos para ali se construir uma unidade hoteleira ou campo de golfe. “A agricultura sempre foi a minha paixão, nunca tive grande interesse em ser empresário de turismo”, justifica, ao mesmo tempo que confessa que o premiado azeite virgem extra do Monterosa apareceu por simples acaso. “No final da década de 90 tivemos anos de grande seca e nós precisamos de muita água para as plantas ornamentais. Fizemos um estudo para ver onde é que podíamos poupar água e verificamos que, nos 60 hectares de plantas que tínhamos, a maior parte era consumida num laranjal que ocupava apenas seis hectares e que já cá estava quando compramos a quinta”, conta o entrevistado.
ALGARVE INFORMATIVO #58
“Regávamos cerca de mil copos de água por cada copo de sumo de laranja que se produzia, portanto, arrancamos as árvores todas, mas o terreno ficava feio sem nada. A Direção Regional de Agricultura do Algarve informou-nos que, se queríamos gastar pouca água na rega, só havia quatro alternativas: figueira, amendoeira, alfarrobeira e oliveira. Escolhemos a oliveira por acaso, plantamos as árvores e só depois é que nos preocupamos com o que se poderia fazer com o seu fruto, ou seja, com as azeitonas”.
ALGARVE INFORMATIVO #58
À caça de informação, os empresários foram a Itália e Espanha falar com especialistas e aperceberam-se que tinham entrado num mundo bastante complexo e apaixonante. “O primeiro livro que li sobre esta matéria foi escrito 20 anos A.C., pelo senador romano Marco Catão, que explicava em pormenor como se plantar um olival. Vendíamos as azeitonas a uma empresa de Tavira, mas tínhamos curiosidade em saber se era possível produzir azeite de qualidade no Algarve, ao
22
contrário do que toda a gente afirmava”, diz-nos Detlev Von Rosen, lembrando que, até 2000, o azeite era visto de forma banal, como uma simples gordura mediterrânica que poucos estrangeiros utilizavam no seu dia-a-dia. Nesse sentido, o azeite era produzido de forma insipiente, sem grandes preocupações com a qualidade, até que, em 2000, nos Estados Unidos da América, a Food and Drug Administration apresentou os resultados de um estudo levado a cabo durante 60 anos sobre os efeitos
23
positivos da Dieta Mediterrânica na saúde humana. “De um momento para o outro, a postura sobre o azeite alterou-se por completo e a Universidade Davis, na Califórnia, começou a pesquisar a melhor forma de produzir azeite de grande qualidade, um estudo aberto que podia ser consultado por todos os interessados”, sublinha Detlev Von Rosen, que aplicou esses ensinamentos na propriedade de Moncarapacho. “Diziam que o ideal era serem produções pequenas, com um lagar dedicado apenas ao azeite e localizado dentro do olival,
ALGARVE INFORMATIVO #58
para diminuir o tempo que decorre entre a colheita e a moagem da azeitona. Curiosamente, existia na quinta a ruína de um lagar dos tempos romanos, mas nunca lá tínhamos entrado”.
Um longo caminho até à perfeição A primeira produção de azeite Monterosa dá-se em 2005, uma pequena quantidade, até porque não havia pessoal especializado nesta área no Algarve. Assim, a aprendizagem foi feita no terreno, seguindo os ensinamentos de José Gouveia, do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, e Paul Folsom, da Universidade Davis, da Califórnia. “Fizemos o curso de provadores, que nos abriu o horizonte para o azeite, explicou-nos o que é um bom azeite. Depois, compramos uma máquina italiana de última geração e a pessoa responsável pelas obras de requalificação do lagar acabou por se apaixonar também por isto e ficou connosco, é o nosso lagareiro”, revela Detlev Von Rosen. Os prémios internacionais, claro, não apareceram logo, foi um longo processo, percorrido devagar, porque a pressa é inimiga da perfeição e, no caso do azeite, a quantidade é inimiga da qualidade. “Não convém ter mais de 20 hectares e o melhor é estarem todos juntos na mesma unidade, o que não conseguimos fazer, mas
ALGARVE INFORMATIVO #58
estão a uma curta distância uns dos outros”, aponta, continuando com a história de sucesso do azeite Monterosa. “Há um painel em Lisboa, liderado pelo José Gouveia, que diz se estamos perante um azeite virgem extra ou não, que é a categoria mais alta. Nós ficamos logo nessa categoria, o que nos surpreendeu, mas estávamos no patamar inferior do azeite virgem extra, portanto, não era aconselhável enviar o nosso azeite para concursos, para não prejudicar a marca «Portugal». O conselho que o José Gouveia nos deu foi apanhar a azeitona um pouco mais cedo, mas não especificou quantos dias ou semanas”. A busca pela qualidade superior desenrolou-se, então, à conta de muitas tentativas, todos os anos apanhavam a azeitona mais cedo, produziam o azeite e submetiam-no à consideração dos especialistas, que diziam que estava melhor, mas que ainda não era o top de categoria. “Em 2013, começamos a colheita a 28 de agosto, repetimos o processo e o Professor Gouveia fez questão de vir a Moncarapacho. Gostou da plantação, foi ao lagar, guiou-nos numa prova aos nossos azeites, o que ele sentia na boca e no nariz, um ritual bastante interessante. No fim, disse-nos que estávamos no top do azeite virgem extra e que podíamos enviar para concursos”, indica o empresário sueco.
24
Detlev Von Rosen numa visita ao olival com um grupo de clientes
Dito e feito, o Azeite Monterosa participou num concurso em Nova Iorque, conquistou a medalha de ouro em todas as variedades e desde então nunca mais pararam de ser premiados pelos especialistas dos quatro cantos do mundo, os mais recentes no Japão. “Só o virgem extra é que interessa ao mercado de alta qualidade mas fica caro, porque é tudo feito à mão, em pequenas quantidades, ou seja, tudo aquilo que não gera economias de escala. Os custos de produção são 10 vezes mais elevados do que numa produção toda mecanizada, mas o preço também é 10 vezes superior, na ordem dos 40 euros por litro”, explica Detlev Von Rosen.
25
Um valor que afasta, de facto, a esmagadora maioria dos consumidores de azeite, mas o sueco avisa também que nem todas as pessoas sabem reconhecer, ou onde encontrar, um azeite de qualidade superior. A solução encontrada foi aproveitar o espaço do lagar para realizar demonstrações a clientes selecionados, que também são convidados a passear pelo olival, para que fiquem a conhecer todo o processo produtivo. “Sobretudo turistas estrangeiros que não querem apenas nadar no oceano ou jogar golfe, que procuram outras experiências. Fazemos uma prova idêntica à realizada pelos
ALGARVE INFORMATIVO #58
provadores profissionais e toda a gente, sem exceção, fica rendida ao nosso azeite e surpreendida com aquilo que aprendeu na visita ao Lagar de Moncarapacho”, garante. Como se adivinha, ninguém sai do lagar sem comprar algumas garrafas para levar para os seus países de origem e depois fazem nova aquisição na loja online do Azeite Monterosa. Assim sendo, não será muito fácil encontrar este produto em supermercados e hipermercados, onde os clientes normalmente adquirem o azeite em função do preço. Para mais, conforme referido, a produção é limitada na quantidade, cerca de 10 mil litros por ano, com o objetivo de chegar aos 20 mil, para atingir a proporção ideal de mil litros
ALGARVE INFORMATIVO #58
por hectare. “Fala-se constantemente que o azeite de alta qualidade é bastante benéfico para a saúde. O Algarve também é muito conhecido pela sua gastronomia e a qualidade do azeite contribui para isso, mas nem todas as pessoas podem comprar o topo do azeite virgem extra”, admite Detlev Von Rosen. Apesar disso, o sueco acredita que o Algarve se pode tornar numa região produtora de azeite de topo a nível mundial, desde que mais lagares entrem em atividade, e que isso pode constituir mais um nicho de mercado para explorar em termos turísticos, como acontece na Toscana. Quanto aos prémios conquistados internacionalmente, o
26
entrevistado sorri quando revela que, em Moncarapacho, o Azeite Monterosa é pouco apreciado. “Querem uma coisa mais forte. Há pessoas que gostam de azeite um pouco mais rançoso, mas isso é um defeito, é um sinal de deterioração do azeite. Ganhamos prémios em Nova Iorque, Los Angeles, Tóquio e Córdoba mas, todos os anos a Casa do Povo de Moncarapacho organiza um pequeno concurso, não profissional, e nós ficamos sempre em último, atrás de dois azeites de Santa Catarina e outro dos Vilarinhos. Falta-nos aquele bocadinho de ranço”, explica, com uma risada.
litros anuais, volume que já tornará o negócio rentável. “Nestes 16 anos de produção, ainda não ganhamos um tostão com o azeite, porque estamos a metade da capacidade produtiva. E nunca vamos descurar o negócio das plantas ornamentais, é esse cash-flow que nos permite investir nesta pequena loucura. Os custos são muito superiores ao que tínhamos projetado no início, demorou bastante mais tempo a chegar à perfeição, foi tudo mais difícil. Se olhássemos só para o lucro, já tínhamos cortado as oliveiras, mas estamos convictos de que esta nossa «loucura» se vai tornar um negócio sustentável” .
Sem planos para construir outro lagar ou adquirir mais terrenos, a ideia de Detlev Von Rosen e seus sócios é aumentar a produção para os 20 mil 27
ALGARVE INFORMATIVO #58
Clubites à parte Paulo Cunha
S
empre que termina um Campeonato Nacional de Futebol tenho alunos a perguntarem-me qual é a minha equipa de futebol, ao que respondo ser a equipa da terra onde resido. Invariavelmente retorquem, questionando qual dos grandes - é afinal o meu clube!? Percebo que muito do que lhes digo cairá, por certo, em saco roto, pois não é fácil mostrar a jovens que vivem em plena integração e consonância com os hábitos mediáticos e consumistas proporcionados pelas grandes Sociedades Anónimas Desportivas (SAD) deste país, o que é o espírito desportivo de um clube que vive do, e para o amadorismo dos atletas da terra. Penso que a grandiosidade de um clube não se mede apenas pela quantidade de títulos conquistados, pelos jogos ganhos, pela percentagem de jogadores “vendáveis”, nem pelo valor de transferência dos seus jogadores. Deverá estar ligado ao número de praticantes, à quantidade de modalidades desportivas, à igualdade de tratamento para os vários desportos praticados, ao investimento igualitário nas disciplinas desportivas oferecidas e na qualidade e quantidade de associados das respetivas agremiações desportivas. São esses os verdadeiros pressupostos que tornam um Clube grande aos olhos de quem vê o desporto para além da apropriação mercantilista de empresas que nele apenas veem uma apetecível e inesgotável fonte de receita. Penso que não poderia haver melhor analogia do que a que hoje é usualmente praticada: os reis do capital transformaram o futebol no proclamado desporto-rei. É um facto, vivemos numa monarquia desportiva onde grande parte dos portugueses são súbitos-dependentes de um só desporto: o futebol. O futebol de competição (puro e duro) que aos
ALGARVE INFORMATIVO #58
poucos substituiu o futebol da arte e do prazer… aquele de que que sou fã, independentemente do clube ou da nacionalidade. Aproveitando-se da necessidade básica que qualquer ser humano tem em obter momentos de prazer, êxtase, euforia e gratificação, a indústria do futebol criou redes de habituação e viciação que transformaram um simples desporto numa complexa máquina onde à sua volta giram múltiplos e intricados interesses. Em torno de uma marca, que outrora começou como o nome de um clube desportivo, gerem-se negócios que estão para além do conhecimento e do entendimento da maioria dos adeptos. E como tal, assim deverá continuar a ser para que o desporto de massas continue a gerar as devidas e esperadas “massas”, época após época! Que interessa o que gastam, quando o que se ganha supera o esperado? Por isso a necessidade de ter como clube do coração, um dos habituais clubes ganhadores! Independentemente de terem poucos jogadores portugueses, os “Clubes Grandes” garantem sempre retorno em forma de emoções fortes justificadas por fortes investimentos. “Pode ser verdade o que escreves, mas quero lá saber! Nasci neste clube e com ele hei-de morrer. Não vale a pena chateares-me com tanta «prosápia intelectualóide», pois este é um dos prazeres da vida, do qual não abdico!”, dir-me-ão. Ao qual eu pergunto: “Imaginem que dedicavam aos problemas do vosso país a metade da atenção que dedicam aos “problemas” do vosso clube de futebol. O que aconteceria?...”. Provavelmente todos os políticos que povoam o mundo do futebol sabem a resposta. Pois é… Karl Marx não disse que o futebol é o ópio do povo, mas bem podia ter dito! .
28
29
ALGARVE INFORMATIVO #58
Autarquias investem na coesão social
D
José Graça
urante o corrente ano, os dezasseis municípios do Algarve preveem gastar perto de cento e sessenta milhões de euros com os seus trabalhadores, segundo os respetivos orçamentos, mas esse valor pode estar subestimado… Recentemente divulgado por uma plataforma de comunicação regional, este valor foi obtido através da soma das rubricas «Despesas com o Pessoal» inscritas pelas autarquias nos seus orçamentos para 2016, onde são colocadas todos os gastos previstos com os funcionários, os quais incluem não só os ordenados como as contribuições sociais e outras. A maior dotação financeira para despesas de pessoal é a de Loulé, com 26,9 milhões de euros, seguindo-se Albufeira (22,4), Portimão (16,2), Faro (13,3) e Lagos (12,4). No patamar inferior da tabela, encontram-se Castro Marim (2,8), Alcoutim (3), Aljezur (3,2), Monchique (3,5), S. Brás de Alportel (3,9) e Vila do Bispo (4). No total, e de acordo com os mapas de pessoal disponibilizados nos respetivos sítios eletrónicos, os dezasseis municípios contam com 8.563 funcionários, significando que cada trabalhador custa aos cofres municipais cerca de 17977,24 euros anuais, verba que dividida por 12, dá um dispêndio mensal de 1498,10 euros. Mais uma vez se frisa que se trata de todos os encargos relacionados com os funcionários, que envolvem salários e todos os outros descontos, seguros e subsídios. Será mesmo assim?! Porém, no estudo apresentado, falta somar as entidades participadas que desempenham tarefas incluídas nas atribuições municipais e as despesas com pessoal incluídas nos contratos de delegação de competências com as juntas de freguesia, bem como outras despesas relacionadas com pessoal, incluídas em rúbricas relacionadas com prestações de serviços. Com a implementação das filosofias de outsourcing nos serviços públicos, muitas câmaras e serviços públicos reduziram os seus quadros de pessoal e recorrem a prestações de serviços externas… para limpar e manter equipamentos públicos ou até atender a sua chamada telefónica!!! Por outro lado, para contornar as limitações de contratação de pessoal impostas pelas normas
ALGARVE INFORMATIVO #58
orçamentais dos últimos anos e garantir a ocupação útil de subsidiados, muitas instituições recorreram às medidas de apoio do IEFP para desempregados, nomeadamente os contratos Emprego-Inserção (CEI) e Emprego-Inserção+ (CEI+). Estas medidas consistem na realização de trabalho socialmente necessário por parte dos desempregados beneficiários de subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego ou rendimento social de inserção. O trabalho é efetuado em serviços públicos (que desenvolvam atividades relevantes para a satisfação de necessidades sociais ou coletivas), autarquias locais ou entidades de solidariedade social e tem a duração máxima de 12 meses, sendo o contrato renovável. Nestes casos, as despesas referentes às comparticipações são acolhidas nas rubricas orçamentais destinadas à ação e intervenção social, especialmente reforçadas no final do mandato anterior e ao longo do presente mandato autárquico! Será censurável a utilização de fundos públicos municipais para pagar aos seus funcionários ou garantir o funcionamento dos serviços e garantir a satisfação mínima de necessidades sociais ou coletivas?! Parece-lhe reprovável garantir a abertura de uma escola em regime de permanência e impedir que pessoas estranhas ao seu funcionamento tenham acesso irregular ao recreio das crianças e zonas de serviço, por exemplo?! Ou que tal prestação de serviço seja aproveitada para assegurar a limpeza dos jardins públicos ou dos espaços florestais?! Perante a gravidade do estado social da região, particular agravado pela sazonalidade do emprego no setor turístico, os municípios do Algarve deram um importante sinal político, alterando políticas de investimento, consolidando as suas contas e afetando verbas às pessoas, estabilizando as famílias e minimizando o impacto social do desemprego. Fosse assim em toda a parte!!! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966
30
31
ALGARVE INFORMATIVO #58
Conselho da Europa desafia tutelas a repensar o papel das Bibliotecas e dos Museus Dália Paulo
O
Conselho da Europa adotou por unanimidade uma resolução sobre Bibliotecas e Museus na Europa em tempos de mudança (Doc. 13984), de 15 de fevereiro de 2016, que se foca nas “instituições de pequena dimensão que desempenham um papel essencial no desenvolvimento da comunidade e que estão na atualidade sobre pressão para reduzir o serviço público ou mesmo fechar.” É muito interessante este centrar na importância dos pequenos museus e bibliotecas que desempenham um papel fundamental para a construção de uma cidadania participada e colaborativa e de uma identidade coletiva, assim como no elevar da autoestima coletiva. Nos últimos anos temos vindo a assistir à subvalorização destes equipamentos, com redução de equipas, aposentações (um dos grandes desafios do novo Ministério da Cultura é conseguir que se faça a passagem de conhecimento e que se substituam as pessoas que se aposentam), de horários, de investigação, de financiamento, de constituição de fundos (nas bibliotecas tem sido gritante a não atualização dos fundos documentais). Por outro lado, assistimos à resiliência das equipas (a resolução fala em museus resilientes e sustentáveis), ao aumento do número de visitantes em museus. Parece paradoxal. Esta situação será certamente insustentável a médio/longo prazo. A resolução reforça a ideia de que num tempo em que a economia do conhecimento ganha cada vez mais importância na Europa, os museus e bibliotecas são recursos fundamentais para o desenvolvimento humano e a aprendizagem ao longo da vida; reiterando, uma reivindicação antiga dos profissionais, que estes são lugares seguros e dinâmicos para a comunidade questionar e pensar sobre a vida. E ainda se pratica tão pouco! Num tempo que se quer de cidades inteligentes, a resolução impele os museus e as bibliotecas a ser resilientes e a “rever a criatividade e a estratégia para responder às necessidades emergentes” numa Europa que se tem de repensar nos valores, nas atitudes e na Identidade. Instituições que se devem implicar na
ALGARVE INFORMATIVO #58
mudança e que, ainda segundo o texto da resolução, para isso necessitam de liderança e visão fortes que lhes permita repensar-se no contexto mundial, criar redes e desenvolver parcerias. Apela, também, à formação, a uma maior autonomia e a tornarem-se centros para uma educação digital e para a inovação. Estamos perante um texto importante que pretende colocar em valor museus e bibliotecas, na sua relação com a inovação e a criatividade, e alertar as tutelas para que repensem estas instituições como lugares centrais numa política de pensamento das cidades e dos territórios. Uma das áreas referidas na resolução é a Educação, considerando que bibliotecas e museus se tornaram “centros de aprendizagem ao longo da vida para vários públicos”. Indo de encontro a estes pressupostos, na próxima segunda-feira o Museu Municipal de Loulé organiza um seminário sobre Mediação Cultural: uma ferramenta para a cidadania? Como questões de partida temos: de que modos as instituições culturais podem contribuir para questionar a sociedade em que vivemos? E para lhe dar resposta? Qual o papel da mediação? Como utilizar os seus recursos para a construção de uma cidadania ativa e colaborativa? Será certamente um dia de debate intenso e que contribuirá para partilhar boas práticas (outra intenção da resolução) e que junta profissionais de diferentes sectores da área cultural (também o que a resolução defende). Experiências nacionais e internacionais servirão de mote à discussão: Ana Rita Canavarro, especialista em educação fará a comunicação de abertura; Catarina Oliveira traz-nos a sua experiência de Cacela (Algarve); Beccky Moran, Historic Royal Palaces (Reino Unido) falará de um público específico as famílias; Catarina Moura, Museu Nacional de Arte Contemporânea – Chiado, trará a questão do museu como organização educativa; Susana Menezes, Teatro Maria Matos, dará um contributo sobre a ligação entre a arte e as pessoas e, Denise Polloni, Museu de Serralves, falará de mediação cultural. Queremos que seja um dia que contribua para inquietar e construir relações, afetos, redes e, acima de tudo, que resulte em novos projetos ao serviço das pessoas e da sua felicidade .
32
33
ALGARVE INFORMATIVO #58
I(n)coberto Mirian Tavares I(n)coberto - Exposição de Bertílio Martins (Galeria Trem, Faro. Patente até ao dia 4 de Julho)
O
artista pensa enquanto atua e produz. Mas pode também pensar, de uma forma mais convencional, ao refletir sobre a sua produção, ao relatar o seu percurso e ao tentar encontrar entre seus pares, aqueles que fizeram e fazem parte do seu imaginário; do seu caminho no universo das artes; das suas escolhas e também das suas recusas em compactuar com determinados modos de ver e de refletir o mundo. Bertílio Martins foi instado a realizar este processo de reflexão através do Mestrado que cursou, em Comunicação, Cultura e Artes, e cujo resultado é-nos revelado na exposição I(n)coberto. O artista confessa a sua dificuldade em falar sobre algo que já fala por si mesmo, a sua obra, mas fez um esforço no sentido de, através do processo de investigação prática e teórica que realizou, encontrar (se) algumas respostas a muitas das questões que fez desde sempre: para que serve a arte? Para que me serve a arte? O que quero fazer com ela?
que deu continuidade a luta das vanguardas, após a II Grande Guerra, ao não cessar a experimentação e ao continuar a acreditar no poder da arte de revelar, e mudar, o mundo. Como disse Tàpies, “encara no he pintat l'obra que estic buscant" (ainda não pintei a obra que estou procurando). A obra nunca se completa, porque o desejo do artista é a falta e a busca pela obra que o defina ou que defina aquilo que ele pensa da arte, e da vida. Bertílio afirma que com a sua exposição não procura “contar uma história, mas produzir uma vibração, um tom harmónico, mas simultaneamente, inaudível, um grito exaurido de baixa frequência, uma contemplação possível de mim aos outros, um momento especial de grande empatia, enfim, um momento que só o fator artístico pode proporciona.” A sua obra é profundamente matérica, ele trabalha com os materiais e com a sua concretude sem deixar, no entanto, de transformar a sua subjetividade num quadro ou num desenho, partilhável com o público, mas não tão explícito que possamos ver as suas vísceras, aquilo que ele realmente gostaria de expor. Por isso a sua obra é intensa, mas permanece (in) coberta como um convite ao seu permanente desvelamento .
Encontrou, ao longo desse percurso, alguns artistas que o inspiraram ou que o fizeram pensar sobre a criação artística. Um deles, o que mais destaca, é Antoni Tàpies, o artista catalão
ALGARVE INFORMATIVO #58
34
35
ALGARVE INFORMATIVO #58
A importância do Ser e do Existir ou O jogo dos ditados populares Augusto Lima
O
Ser, traduzido pelos Organismos Associativos que visam valorizar os seus membros.
O Existir significando Estar e Durar, exprime a vontade de querer e a persistência em o conseguir. Para isso será essencial o sonho e o talho para com ousadia se impor a verdade e a necessidade numa área que caracteriza o Turismo Nacional e Algarvio, a Restauração. Só com a união dos diversos parceiros associativos unidos numa Federação poderemos criar atrito suficiente para marcar posições. Conforme existe, por necessidade, o PDM – Plano Diretor Municipal ou a Planta de Ordenamento do Município, assim deveria existir também um conjunto de regras que gerisse o ordenamento dos serviços de Restauração, em número, género e grau. “Muita gente junta não se safa”. Existe desde data imemorável uma questiúncula entre Empregadores e Empregados, daquelas que faz lembrar o velho ditado que diz – “Em casa onde não há pão, todos ralham mas ninguém tem razão”. Se puséssemos a questão numa balança ela ficaria equilibrada se em ambos os lados encontrássemos Honestidade, Compreensão e Profissionalismo. O patrão precisa de um empregado qualificado e este precisa que o patrão saiba valorizar o seu trabalho. Não esqueçamos que “As boas contas fazem os bons amigos”. Eu espero que o “Eu quero, eu posso, eu mando”, tenha os dias contados. O bom
ALGARVE INFORMATIVO #58
(profissional) Chefe (patrão, gerente, diretor, etc. …) é aquele que se rodeia dos melhores, ainda que qualquer um deles possa ser superior a si próprio. “O barato sai caro”! Verdade. ”Não adianta tapar o sol com a peneira”, pois quando olharmos para trás apenas encontraremos os erros que fizemos. A melhor técnica é sempre ”Junta-te aos bons e serás como eles”. Um dos grandes problemas que afeta os diversos intervenientes na área das comidas e bebidas é sempre ter que resolver o problema da sazonalidade. Será que não é por a maioria tomar os três meses de Verão pelo todo, do Ano? Ou seja, debruçam-se só e apenas nesse espaço de tempo, esquecendo que o ano tem mais nove meses e são esses que carecem de cuidados. Claro que aqui não estou a englobar os concessionários de Praias, esses sim com características próprias. “Cada qual é para o que nasce”, aplica-se à maioria dos pretensos restauradores. Uma associação deve ser livre de pensamentos demagogos e discriminatórios, mas deve, sim, ser albergue de ideias comuns; programas de horizontes vastos e coordenador de conceitos modernos, evolutivos e pragmáticos. Felizmente “O hábito não faz o monge” e “Vender gato por lebre” tem que ter, por necessidade, os dias contados. ”Cada um come do que gosta”. Naturalmente que não, em se tratando duma equipa! Nela deve vigorar ”Um por todos e todos por um” . 36
37
ALGARVE INFORMATIVO #58
Futuros atores revelam-se em
SENSAÇÕES DO VAZIO
ALGARVE INFORMATIVO #58
38
A Turma PAE 2A da Escola Secundária Tomás Cabreira, de Faro, subiu ao palco do Pequeno Auditório do Teatro das Figuras, no dia 11 de maio, para interpretar «Sensações do Vazio», encenada pela atriz Tânia Silva. A peça integra um curso de formação profissional de Interpretação e, pelo que se viu nas duas apresentações ao público, há muita matéria-prima de qualidade para quem quiser seguir a carreira de ator profissional. Texto:
39
| Fotografia:
ALGARVE INFORMATIVO #58
O
dia 11 de maio foi especial para os alunos da turma PAE 2A da Escola Secundária Tomás Cabreira, 16 jovens que se mostraram ao público, em dose dupla (11h e 21h30), no Pequeno Auditório do Teatro das Figuras, ao interpretarem «Sensações do Vazio». Um género de estágio final de ano letivo deste curso profissional de interpretação, produzido pelo Espaço Cénico Pesquisa Teatral e encenado por Tânia Silva, e que contou com as participações dos alunos do 11.º ano Aleksandra Wasilewska, Alexandra Gravanita, André Alfarrobinha, Carlota Tavares, Catarina Bento, Francisco Luiz, Inês Gonçalves, Inês Santos, Joana Santos, Patrícia Carvalho, Rafael Góis, Rafael Sousa, Rita Castro, Rodrigo Gonçalves, Susete Ris e Teodora Krusharova. ALGARVE INFORMATIVO #58
Para «guiar» estes 16 jovens com pretensões de seguir a carreira de representação foi convidada a atriz farense Tânia Silva, num trabalho criativo que consumiu cerca de 200 horas e que arrancou a 30 de outubro. No início, a preparação tomava quatro horas semanais, havia também períodos em que não era possível conciliar a agenda de todos os intervenientes, uma vez que os encontros aconteciam normalmente aos sábados, no auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude ou na escola, intensificando-se depois os ensaios à medida que a data do espetáculo se ia aproximando. “A estreia ficou logo planeada para o final de abril, início de maio, também dependendo da agenda do Teatro das Figuras. Primeiro, tivemos que 40
41
ALGARVE INFORMATIVO #58
passar por uma fase de conhecimento, já que eles próprios tinham poucas aulas em conjunto. Foi um processo de autoconhecimento importante para falarmos todos a mesma linguagem e para que eles se ambientassem ao meu método de trabalho”, explica Tânia Silva, no final da primeira apresentação do dia. Tratando-se do segundo ano deste curso profissional de interpretação, Tânia Silva encontrou jovens já com alguns conhecimentos desta arte e com as bases necessárias para estar em palco e preparar um projeto de raiz, mas não deixavam de ser adolescentes, sem experiência profissional no teatro, alheios a muitos pormenores que se vão dominando à medida que os anos vão decorrendo. “Por isso, o meu papel ALGARVE INFORMATIVO #58
passou igualmente por lhes chamar a atenção para tudo o que estava a acontecer neste processo criativo, porque o teatro, para além de ser uma arte e uma forma de linguagem, de expressão, é também uma ciência. É como estar num laboratório, estamos a experimentar, a explorar, a construir e, se não estivermos conscientes de todos esses aspetos, depois as coisas não saem como devem sair, ou no momento em que têm que sair”, entende a entrevistada. Reflexões que eram feitas oralmente, em conjunto, mas também por escrito, para que os alunos ficassem com estas bases para o futuro, que guardassem um registo físico de tudo o que ia decorrendo ao 42
longo dos ensaios. “O que assisto muitas vezes é que as pessoas vão acumulando experiências, mas não refletem sobre aquilo que estão a fazer e esse conhecimento tem que ser consolidado. Os atores recorrem frequentemente a todas essas 43
aprendizagens que vão fazendo ao longo da sua vida, porque não há um manual propriamente dito para nos explicar como ser ator. É a nossa experiência que nos ajuda a perceber como fazer as coisas”, justifica Tânia Silva, entusiasmada, ALGARVE INFORMATIVO #58
um entusiasmo que era partilhado por estes 16 jovens que sonham ser atores. “Foi um grupo empenhado desde o início, estavam ali por sua vontade, porque é este o sonho que os une. No geral, o processo de trabalho foi bastante tranquilo, decorreu de forma fluída. Eu lançava os convites, os desafios, e todo o texto foi de criação coletiva, exceção feita ao Hino da Criação Védica e ao Enûma Elis, um conto da criação babilónica”. E se trabalhar com jovens aspirantes a atores pode ter a desvantagem de serem ainda pouco experientes em cima do palco, tem, por outro lado, a vantagem de ainda não possuírem alguns vícios ou tiques que se vão adquirindo à medida que os anos vão passando, reconhece a
ALGARVE INFORMATIVO #58
encenadora. “Esses vícios normalmente são fruto de inseguranças das pessoas, são defesas, «bengalas», como costumamos dizer. São reações instintivas que ainda não se notam nestes alunos, porque são um produto ainda em estado bruto, mas há que chamar logo a atenção quando se começam a manifestar”, considera Tânia Silva.
A criação e o fim do mundo A temática geral de «Sensações do Vazio» girou em torno da criação e fim do mundo, socorrendo-se, para além das palavras, de uma enorme dinâmica de movimento, expressões, 44
gestos, pequenos sons, intercalados com momentos de silêncio, de total ausência de movimento, e o resultado foi, de facto, bastante cativante. E a opção de Tânia Silva foi, desde o primeiro momento, não seguir um texto clássico, de autor, até porque estávamos perante um elenco de 16 personagens. “Quisemos montar uma peça que resultasse do trabalho coletivo, dos textos que surgissem do grupo, e o meu ponto de partida foi pegar nos mitos da criação do mundo. Eu faço teatro para perceber os mistérios da vida, o teatro ensina-me a viver, e eles aceitarem com entusiasmo este tema”, indica a atriz/encenadora. “Em simultâneo, quisemos descobrir, por nós próprios, como é que teria surgido o mundo. Eles foram trazendo textos, o espetáculo foi-se construindo, com a criação dos deuses e do ser
45
A encenadora Tânia Silva
ALGARVE INFORMATIVO #58
humano, com a vida em sociedade, até chegarmos aos mitos para o fim do mundo. Os mitos são uma forma que os povos encontraram para tentar perceber o momento primordial da criação, os rituais são uma maneira de voltar a esse mesmo momento, e foi isso que nos moveu ao longo de todo o processo”. Uma viagem desde a criação até ao fim do mundo feita através das palavras, mas também, como referido, através dos gestos, do silêncio, dos sons, das expressões faciais, dos movimentos dos corpos. Um cocktail que concedeu ao espetáculo um grande impacto visual e quase nos esquecemos que estávamos perante adolescentes, jovens sem tarimba profissional, jovens que, se calhar, pensavam que ser ator era só decorar textos e reproduzi-los perante um público. “Mas acho que nunca tivemos uma conversa formal, consciente, sobre
ALGARVE INFORMATIVO #58
essas considerações, apesar de cada pessoa ter uma ideia diferente do que é ser ator. Uma vez fiz uma peça em que não havia uma única palavra. O teatro é transmitir emoções, ideias, intensões e isso pode ser feito de várias maneiras”, reforça a farense. Tânia Silva que se estreava a encenar um elenco desta dimensão, ao mesmo tempo que tinha em cena a peça «As Cartas Ridículas» de Fernando Pessoa, ao lado de Bruno Martins. “Esta experiência abriu-me o apetite para voltar a encenar e penso que o convite surgiu na altura certa. Como atriz, o próximo projeto será «Catarina», um espetáculo da ACTA com encenação do Luís Vicente, que vai estrear depois do Verão”, adianta, antes de regressar aos preparativos da segunda ida a palco de «Sensações do Vazio», no Teatro das Figuras, em Faro .
46
47
ALGARVE INFORMATIVO #58
Carlos Campaniço regressa ao seu Alentejo com
«AS VIÚVAS DE DOM RUFIA» Foi lançado, no dia 10 de maio, o novo romance de Carlos Campaniço, de seu nome «As Viúvas de Dom Rufia», um digno sucessor de «Mal Nascer», livro finalista do Prémio Leya, em 2013. Nesta obra, o escritor regressa ao Alentejo onde nasceu e cresceu, mas numa geografia alternativa, para nos contar mais uma história repleta de personagens fascinantes e peripécias inesquecíveis. Um livro que assinala o fim de um ciclo, seguindo-se a edição de uma obra para crianças, antes de embarcar para outras aventuras, numa nova época histórica, mas isso fica para contar mais tarde… Texto: ALGARVE INFORMATIVO #58
Fotografia: 48
49
ALGARVE INFORMATIVO #58
A
lentejano de nascença, Carlos Campaniço veio para o Algarve há sensivelmente duas décadas para tirar uma licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, e um Mestrado em Cultura Árabe, Islâmica e o Mediterrâneo, e de Faro nunca mais saiu. Antes disso, aos 16 anos, já escrevia poesia e compunha letras para uma banda de punk/rock da qual era vocalista, os «Réus da Sociedade», um projeto algo inusitado no meio rural onde vivia, no distrito de Beja. “Era música de intervenção e contestação, com alguma ironia também”, recorda, com um sorriso, acrescentando que lia bastante poesia, “o mais sublime dos géneros literários”, durante a sua adolescência. Da leitura à escrita costuma ser, nestes casos de paixão espontânea, um pequeno passo, mas textos para ficar na gaveta, ou mostrar aos amigos mais chegados, coisas incipientes, reconhece, quando olha para esse passado distante. “Primeiro, há a grande paixão, lemos e consumimos. Depois, alguns dão o passo seguinte, tentam escrever, não se contêm apenas com a leitura, e foi isso que sucedeu comigo. Enveredei por um curso de línguas e literaturas, mas achava sempre que nunca estava preparado para publicar, para escrever um livro a sério”, conta, daí que, só a chegar aos 30 anos, tenha lançado o primeiro romance, «Molinos», que abordava a penosa vida rural do Alentejo da década de 40. “Era uma sociedade estratificada, ainda de
ALGARVE INFORMATIVO #58
classes, onde a terra pertencia a muito poucos e o resto das pessoas trabalhava de sol-a-sol”, lembra o entrevistado. A ligação ao Alentejo onde viveu a primeira parte da sua vida mantevese ao longo das obras seguintes, um ciclo que concluiu, agora, com «As
50
Viúvas de Dom Rufia» e que incluiu ainda «Os Demónios de Álvaro Cobra» e «Mal Nascer». “São romances de época que retratam a vida de uma sociedade, em determinado período, concretamente as comunidades rurais do Alentejo, as suas condições difíceis de vida, a sua condição agrária, a sua imaginação enquanto povo coletivo.
51
Inventei uma espécie de geografia alternativa, já que, em cada romance, vão nascendo novos povos e aldeias, que depois interagem entre si”, descreve Carlos Campaniço. Pelo meio, o Diretor de Programação do Auditório Municipal de Olhão escreveu ainda um ensaio
ALGARVE INFORMATIVO #58
histórico sobre o Algarve, de nome «Da Serra de Tavira ao Rif Marroquino Analogias e Mitos» e o livro «A Ilha das Duas Primaveras», que se passa algures no Mediterrâneo. Sobre o cenário escolhido para os romances, explica ter sido uma escolha afetiva e consciente. “Teria mais dificuldade em escrever um romance sobre os pescadores de Olhão e as suas fainas, por exemplo, porque não conheço os ciclos, o nome dos artefactos, mil e uma coisas. É mais fácil escrever sobre um imaginário coletivo no qual cresci a ouvir histórias e historietas, mas um autor não se restringe a isso, pelo que este ciclo termina agora. Foram nove anos que deram origem a quatro romances, que não são sequenciais. «Os Demónios de Álvaro Cobra» tem muito de fantástico, explora bastante o imaginário dos povos rurais, os medos e fantasias, o bruxo e o santo. O «Mal Nascer» é um livro muito cru que conta a história de sofrimento de uma mãe que fica viúva, e de um filho que fica órfão, depois o padrasto é uma besta, apanha também um período das Guerras Liberais. Já o «As Viúvas de Dom Rufia» é repleto de ironia”, descreve. «Mal Nascer» que foi, recorde-se, um dos finalistas do conceituado Prémio Leya, em 2013, mas «Os Demónios de Álvaro Cobra» já tinha vencido o Prémio Literário Cidade de Almada, pelo que Carlos Campaniço tem tido um percurso de méritos reconhecidos pela crítica e pelos leitores. E o autor reconhece a importância de editar os seus livros pela «Casa das Letras», do Grupo Leya, e de trabalhar diretamente com Maria do
ALGARVE INFORMATIVO #58
Rosário Pedreira. “No Prémio Leya, fui um dos sete finalistas de entre quase 500 escritores do mundo de língua portuguesa, é um prémio de 100 mil euros, o maior a nível monetário também, e isso é gratificante”, aponta, sem negar que é extremamente difícil sobreviver em Portugal apenas da escrita. “Não se lê muito em Portugal e ainda há pouco tempo editavam-se 16 livros por dia. Depois, para além dos autores consagrados, há uma nova geração de grande qualidade, portanto, é complicado alguém sobressair-se”, analisa. Um cenário que tem vantagens e desvantagens, considera Carlos Campaniço. “Viver da escrita significa concentração absoluta nessa atividade, podemos investir na leitura e no processo criativo. É diferente de trabalhar sete horas na câmara municipal, chegar a casa e só começar a escrever a partir das 21h/22h. Por outro lado, quando estamos dependentes financeiramente da escrita, temos que lançar um livro praticamente todos os anos e as ideias, às vezes, não estão devidamente cimentadas e são repetitivas”, comenta o alentejano, garantindo que mudar da poesia para o romance não aconteceu a pensar na maior facilidade com que se vendem livros deste género literário. “O romance tem, aliás, uma dificuldade acrescida, porque o texto requer uma coerência do princípio ao fim, uma concentração em dados e fatos, tem que ser tudo muito bem cozinhado.
52
Na poesia, podemos escrever poemas soltos e depois reuni-los num livro”.
Um percurso sério e fiel a mim mesmo Não sendo um profissional da escrita, Carlos Campaniço sublinha que não escreve por inspiração, mas sim por inquietação, pelo que está sempre pronto para o fazer. Mas também há momentos em que emperra, em que falta o tema, em que é preciso solucionar um problema. “Ao princípio, levava ¾ do tempo a reler e ¼ do tempo a escrever. Hoje, isso deverá andar na ordem dos 50/50, mas é fundamental reler, ver se aquela palavra é a melhor, não fazer cacofonias. São pormenores que vamos aprendendo com os editores e depois tentamos melhorar
53
automaticamente o que produzimos”, indica o entrevistado. “O reler o que está para trás também nos permite apanhar o ritmo, a respiração, a métrica, apanhar um bocadinho de balanço”, reforça. E por falar em editoras, como anda o relacionamento entre as duas partes nos tempos modernos, quisemos saber junto do escritor. “Há editoras que são quase mercenárias, são gráficas com nome de editoras que se aproveitam da avidez do indivíduo que quer editar e que cobram por essa edição. Nessas situações, os autores têm que tratar de tudo, da revisão, da capa, de todos os pormenores que envolvem a produção de um livro”, afirma, sem papas na língua. “Depois, há editoras mais sérias. Na
ALGARVE INFORMATIVO #58
«Casa das Letras», do Grupo Leya, tudo é feito de forma altamente profissional, o livro é revisto por duas pessoas, as revisões são-me colocadas à consideração, há um trabalho de parceria. Não tenho dúvidas nenhumas que os livros, depois de saírem dessa revisão/discussão, estão muito melhores que os originais”. O que mudou também foi a própria estratégia de promoção dos livros, com os autores a serem muito mais interventivos nessa matéria, sucedendose as sessões de apresentação em livrarias, escolas, bibliotecas, auditórios, ao invés de colocarem apenas os livros à venda nas livrarias. “Mas, quem gosta de literatura, fala tão pouco de literatura no seu dia-a-dia que esses encontros literários são sempre momentos deliciosos. No meu caso concreto, há apresentações que eu vou fazendo à medida da minha disponibilidade, outras são combinadas com a editora. Eu estou bastante contente com o sítio onde edito, porque há um trabalho conjunto de apoio ao nível do marketing e da edição, não me sinto sozinho”, destaca Carlos Campaniço, embora saiba que nem todos os seus colegas têm a mesma sorte. E porque o entrevistado revelou que «As Viúvas de Dom Rufia» é o encerrar de um ciclo, que surpresas se podem esperar para a próxima obra de Carlos Campaniço? “Como não dependo financeiramente da escrita, não me sinto tentado a ir para géneros que depois me posso arrepender mais tarde, sou fiel a mim próprio. Quando o fado
ALGARVE INFORMATIVO #58
ficou na moda, houve grupos de rock que mudaram de estilo, mas isso não cola, o trajeto perde consistência”, responde o alentejano. “O ser humano é muito diversificado e há escritores que querem fazer projetos sérios, outros preferem ir ao encontro do sentimentalismo das pessoas e vendem muito. Eu não quero ter nenhum dos adjetivos que normalmente se atribuem a esses indivíduos”, acrescenta. Assim, o novo livro de Carlos Campaniço não terá nada a ver com o Alentejo, vai-se passar noutra área geográfica e numa data mais próxima da atualidade, um livro mais quotidiano, mas com alguma memória, e mais não adianta. “Acho que já se disse tanto sobre determinadas épocas que um autor, ou arrisca com um prisma novo, ou então torna-se repetitivo, escreve mais do mesmo. Eu quero dar uma perspetiva nova sobre uma época que foi importante para o país, mas convulsa, mas vou incidir mais sobre as consequências e os efeitos desse período”, preconiza, anunciando, entretanto, que o próximo livro editado será infantil. “Já está escrito, há acordo com a editora e possivelmente sairá ainda este ano. Estou quase tão entusiasmado com a saída desse livro do que quando editei o «Molinos». De resto, é deixar «As Viúvas de Dom Rufia» fazer o seu percurso natural antes de embarcar no novo ciclo” .
54
55
ALGARVE INFORMATIVO #58
ANIMAÇÃO
Eliseu Correia e Alberto Macedo
BUBBA BROTHERS LEVAM A SUA MAGIA AO LIBERTOS CLUB Texto: Daniel Pina
S
ão uma das duplas de DJ’s do momento, Eliseu Correia e Justino Santos, ou DJ EC e MC Frog, ou Bubba Brothers. Conhecidos pelas suas atuações eletrizantes, sem truques eletrónicos, nem cartas escondidas nas mangas, passam os êxitos do pop/rock dos anos 60 até à atualidade, mas também são exímios nas sonoridades mais recentes do chill-out e house e será nesse figurino que se vão apresentar ao vivo no Libertos Club, um dos mais conceituados espaços de animação noturna do sul do país, no dia 28 de maio.
ALGARVE INFORMATIVO #58
“Vai ser uma noite inesquecível ou, como dizem os estrangeiros, «a night to remember» na escaldante Albufeira”, promete Eliseu Correia, um sentimento partilhado por Alberto Macedo, Diretor de Marketing e Relações Públicas do Grupo Liberto Mealha, que possui, para além do Libertos Club, a discoteca KISS, o bar Wild & Company e o restaurante Wild & Company Steakhouse, todos eles situados na capital do turismo algarvio. “O Libertos recebe clientes de todo o Algarve, para além dos
56
estrangeiros que visitam a região, que estão habituados a eventos de qualidade e, por isso, decidimos trazer uma das duplas mais carismáticas de DJ’s do Algarve. Vãonos fazer recuar no tempo com os temas clássicos da música internacional e vai ser, certamente, uma noite de sucesso”, prevê Alberto Macedo. Libertos Club que é famoso pela sua esplendorosa esplanada, ideal para as temperaturas elevadas que já se fazem sentir nas noites algarvias, sendo nesse espaço que os Bubba Brothers vão atuar. Depois, a festa prolonga-se até ao encerrar de portas na lindíssima pista de dança no interior, num bar que funciona todos os dias da semana desde a Páscoa até final de setembro, outubro. “A animação arranca logo a partir das 21h30 com música ao vivo, depois da meia-noite, temos a atuação de DJ’s convidados”, indica Alberto Macedo, já a antever um verão de excelência neste bar que comemora 31 anos de atividade no dia 13 de agosto. “A nossa clientela mudou nos últimos anos, pelo que as tradicionais noites com os craques da bola ou os desfiles de biquíni fazem parte do passado. Aperfeiçoamos a nossa oferta com festas mais sofisticadas, dj’s convidados, animação constante, tudo para incentivar a
57
participação dos notívagos. Os indicadores indicam que o Algarve vai ter um Verão bastante positivo e o Libertos Club estará, com toda a certeza, recheado de caras bonitas, porque é um espaço de eleição e com imenso glamour” .
ALGARVE INFORMATIVO #58
DESPORTO
PEDRO MARTINS QUER BRILHAR NOS JOGOS OLÍMPICOS DO RIO DE JANEIRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vítor Rocha
H
á sensivelmente um ano, Pedro Martins, praticante de badminton pelas cores do Che Lagoense, afirmou ao Algarve Informativo que queria estar nos Jogos Olímpicos de 2016, que se vão disputar no Rio de Janeiro durante este Verão. Volvido um ano, e depois de ter participado em cerca de 25 torneios um pouco por todo o mundo, o portimonense viu esse objetivo concretizado, uma tarefa que, garante, foi bem mais complicada do que tinha imaginado. “Os primeiros torneios correram-me bastante bem, depois, cheguei a um patamar onde tudo se tornou muito mais difícil. Comecei a qualificação perto da posição 400 do ranking
ALGARVE INFORMATIVO #58
mundial mas, assim que atingi o top-100, apanhei sempre os cabeças de série nas primeiras rondas”, conta Pedro Martins, já de regresso a Lagoa para recuperar do cansaço acumulado nos últimos meses. Um cansaço físico a que se somou o desgaste psicológico e algum desânimo por os sorteios lhe colocarem pelo caminho os adversários mais problemáticos, mas Pedro Martins suplantou as adversidades graças ao apoio da família, dos amigos e do corpo técnico que o acompanhou ao longo da época. Posto isso, o algarvio será um dos 38
58
refletir-se nos sorteios. Mas já estou bastante feliz por este feito e seguemse mais dois torneios de preparação, no Canadá e nos Estados Unidos. Agora é tempo de recuperar das lesões antigas, porque tive torneios praticamente todos os fins-de-semana, era chegar de um e ir direto para outro”, revela o portimonense, que é acompanhado pela JS Medicine na preparação física.
jogadores de badminton à conquista do ouro no Rio de Janeiro, e o único de Portugal, a que se junta Telma Santos na vertente feminina, mas nada teria sido possível sem o apoio da Câmara Municipal de Lagoa, assume. “Sinceramente, sem essa ajuda, não teria conseguido ir a todos os torneios que fui. Recebemos algum apoio da federação, mas abaixo do que é necessário, portanto, a minha qualificação deve-se bastante ao Município de Lagoa”, destaca. De olhos postos nos Jogos Olímpicos, Pedro Martins está consciente que a sua caminhada não será fácil, até porque, muito provavelmente, lhe vão sair em sorteio os cabeças de série. “Se a qualificação se tivesse prolongado por mais tempo, penso que estaria num ranking mais alto e isso iria depois
59
Contudo, e apesar dos apoios que Pedro Martins vai conseguindo em resultado da sua performance desportiva, continua a notar-se uma diferença abismal em relação aos atletas de badminton de outras nações. “Viajamos normalmente sozinhos, sem treinador ou fisioterapeuta, o que influencia na recuperação entre os jogos e na própria disposição mental. O problema não é apenas não termos alguém ao nosso lado em campo, são todos os pormenores do dia-a-dia, ir a reuniões antes dos jogos começarem, tratar das inscrições, do alojamento, dos transportes, da alimentação. Tudo isso contribui para um desgaste psicológico que depois se nota em campo”, lamenta o entrevistado. “Temos atletas com enorme capacidade para irem longe em termos desportivos, mas pecamos nestes aspetos que são cruciais entre o ganhar e o não ganhar”. Apesar destas preocupações, Pedro Martins vai motivado para os Jogos Olímpicos e assegura que não quer apenas marcar presença. “Eu não me contento com pouco, não me satisfaço com o nível médio. Logicamente que vai tudo depender do sorteio, mas luto sempre pelo primeiro lugar e vou dar o meu máximo para ganhar. Acredito que vou alcançar um bom resultado”, finaliza o portimonense, antes de seguir para mais uma sessão de treino e fisioterapia .
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE
DIREÇÃO REGIONAL DE CULTURA DO ALGARVE E GNR UNEM-SE PARA PROTEGER PATRIMÓNIO CULTURAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
F
oi celebrado, no dia 20 de maio, em Faro, um protocolo inédito entre a Direção Regional de Cultura do Algarve e a Guarda Nacional Republicana com o intuito de proteger o Património Cultural Imóvel do Algarve, nomeadamente aquele situado em meio rural e possuidor de valor arqueológico, paleontológico, histórico, artístico, arquitetónico e etnográfico, que refletem os valores de antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade. “O Algarve dispõe de aproximadamente 3500 registos de monumentos, conjuntos e sítios emblemáticos e identitários do seu Património Cultural, embora
ALGARVE INFORMATIVO #58
apenas 180 se encontram já classificados”, salientou Alexandra Gonçalves, lembrando que uma das áreas principais de intervenção da Direção Regional da Cultura do Algarve é precisamente a salvaguarda e gestão do património cultural. Entre estes encontram-se, por exemplo, o Castelo de Paderne (Albufeira); o Castelo Velho e a barragem romana do Álamo (Alcoutim); o Castelo da Vila e o ribat da Arrifana (Aljezur); o Castelo de Castro Marim (Castro Marim); as Ruínas Romanas de Milreu, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e o Conjunto dos 60
Professor João Martins Claro, Alexandra Gonçalves (Diretora Regional da Cultura do Algarve), Tenente-Coronel Carlos Silva Gomes (Comandante Unidade Territorial de Faro da GNR) e Teresa Correia (Vereadora da Câmara de Faro)
Hangares (Faro); a Capela de Nossa Senhora da Rocha e as grutas de Ibn Ammar (Lagoa); a Igreja Matriz de Odiáxere e a Estação Arqueológica Romana da Praia da Luz (Lagos); a Ponte de Tôr e o Castelo de Salir (Loulé); o Cerro do Castelo de Alferce (Monchique); as Torres de Atalaia, a Torre de Marim e a aldeia de Moncarapacho (Olhão); a Villa Romana da Abicada, a Igreja Matriz de Alvor e os Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão); a Calçadinha Romana (São Brás de Alportel); a Ermida de Nossa Senhora do Pilar, os Menires e a Necrópole Visigótica do Falacho (Silves); a Igreja de Nossa Senhora da Luz, a Cidade Romana da Basla e o Forte do Rato (Tavira); os Menires e a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Vila do Bispo); e a Aldeia de Cacela Velha e a Villa Romana de Manta Rota (Vila Real de Santo António). “Ora, entre os riscos de ação humana, intencional ou não, sobre o Património Cultural integram-se as obras, as escavações, os eventos desportivos e o uso de detetores de metais não autorizados, os furtos de bens culturais, as ações de vandalismo, os fogos e a negligência”, indicou Alexandra Gonçalves.
61
A Diretora Regional de Cultura do Algarve informou ainda que os imóveis classificados não podem ser alterados sem o parecer vinculativo da entidade da tutela e que os licenciamentos de obras e comunicações prévias estão sujeitos a restrições nas respetivas zonas de proteção. “O Algarve foi a primeira região a disponibilizar na internet esta informação georreferenciada sobre a totalidade dos seus bens culturais classificados ou em vias de classificação. E o Algarve é a única região do país que possui um plano de intervenções prioritárias no nosso património, inclusive, nalguns casos, com projeções de qual o investimento necessário”, apontou Alexandra Gonçalves. O Protocolo de Colaboração para a proteção do Património Cultural Imóvel do Algarve em Meio Rural agora assinado pretende gerar alguma repercussão nas instituições e na sociedade, no sentido de melhorar a proteção ativa dos bens culturais, otimizar os recursos, o esforço e a colaboração das instituições, a
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE coordenação de ações, a formação, ao cesso a informação especializada, a difusão e a consciencialização do público. Recorde-se, aliás, que, na Resolução de Vantaa, adotada pela UNESCO em 2000, «Para uma Estratégia Europeia sobre a Conservação Preventiva» faz-se menção expressa à necessidade de planificação institucional, implantar medidas de conservação preventiva a médio prazo, incluindo a criação de planos e equipas para fazer frente a situações de emergência, vandalismo e outros agentes destruidores que causam estragos no património cultural. Deste modo, a estratégia de conservação do Património Cultural integra um método de trabalho sistemático de cooperação entre os diversos organismos públicos, que inclui o inventário exaustivo dos bens culturais, planeamento de recursos e medidas necessárias à sua proteção e a inspeção e prevenção, para impedir a sua danificação e degradação. Assim, a assinatura deste protocolo pressupõe o desenvolvimento de um plano de formação dirigido às equipas do SEPNA/GNR do Comando Territorial de Faro e técnicos da administração local e central; a colaboração com os vários municípios algarvios na identificação de riscos e vulnerabilidade do património cultural; a realização de um plano de atuação anual com ações de vigilância e sensibilização das populações. No uso da palavra, Carlos Silva Gomes confirmou que o SEPNA, no âmbito da sua missão de proteção da natureza e do ambiente, vai receber formação adequada para detetar situações relacionadas com o património cultural, para depois transmitirem esses conhecimentos a todo o dispositivo da Guarda Nacional Republicana. “As questões culturais são transversais a todos nós, são uma questão de cidadania, e não podemos continuar a estar alheios, a encolher os ombros e não fazer nada. O objetivo é que, no patrulhamento normal, nas nossas missões no dia-a-dia, estejamos suficientemente informados, sensibilizados e esclarecidos para perceber o que são atentados ao património e situações
ALGARVE INFORMATIVO #58
suscetíveis de ser crimes ou contraordenações ambientais”, explicou o Comandante Territorial de Faro da GNR. Carlos Silva Gomes lembra, porém, que todas as instituições estão a funcionar no limite das suas capacidades, num regime de contenção de meios e com a exigência de fazerem mais com menos. “A Direção Regional de Cultura tem um quadro limitado de técnicos e muitas vezes são-lhes denunciadas situações que, no imediato, não conseguem avaliar se há património em risco ou não, se a intervenção é urgente ou não, se estamos perante um crime ou não. Existindo esta articulação e parceria, será mais fácil tentar perceber rapidamente se essas situações realmente se verificam, qual o seu grau de gravidade e possibilitar uma priorização das intervenções a efetuar”, destaca o responsável, embora esclareça que também os serviços da GNR estão sobrecarregados de tarefas administrativas, algumas delas que nem sequer são da sua competência. “Por isso, a intervenção da Guarda nos aspetos administrativos será residual e para questões extremamente importantes, ou seja, em situações de crimes ou contraordenações de maior gravidade”. A representar a Câmara Municipal de Faro, a Vereadora Teresa Correia destacou a importância de, a partir deste momento, a Direção Regional de Cultura do Algarve e a Guarda Nacional Republicana estarem em condições de agilizar a instauração de processos de vigilância, fiscalização e contraordenação, sempre que tal seja necessário para se manter em bom estado e dar um uso adequado ao património cultural. “O estado do património imobiliário é um dos nossos principais cartões-de-visita e o Património e a Natureza são eixos centrais para a afirmação de Faro no mercado turístico. Por outro lado, a conservação do património edificado do concelho induz na própria comunidade um maior sentimento de pertença e autoestima”, sublinhou a autarca.
62
63
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE ALBUFEIRA OFICIALIZOU ABERTURA DA ÉPOCA BALNEAR leve daqui uma boa imagem e torne-se cliente de Albufeira”. O presidente da Câmara Municipal assegurou ainda que todas as praias têm os meios preparados para que a segurança dos banhistas seja uma realidade e esta seja uma excelente época balnear.
Paulo Freitas, Ana Vidigal e Carlos Silva e Sousa
Apesar da Época Balnear ter arrancado em Albufeira no dia 15 de maio, foi na manhã do dia seguinte que a Câmara Municipal assinalou a data, que marca um dos períodos mais importantes para o concelho. A cerimónia juntou na praia dos Pescadores representantes das várias entidades envolvidas, entre a Autoridade Marítima, GNR, ANSA, Agência Portuguesa do Ambiente - Região Hidrográfica do Algarve, Bombeiros Voluntários de Albufeira, APALAgência de Promoção de Albufeira, presidentes das Juntas de Freguesia do concelho e os concessionários de praia. Na assistência, destaque para a presença dos alunos da EB 1 dos Brejos e EB1 de Olhos de Água. Carlos Silva e Sousa agradeceu publicamente aos intervenientes, referindo que “todos temos que remar para o mesmo lado, oferecer excelência nos serviços e zelar pela segurança dos utentes para que quem nos venha visitar
ALGARVE INFORMATIVO #58
Do programa constou uma simulação de Afogamento e Salvamento a Banhistas, em que foram realizados vários tipos de salvamento com recurso aos meios da Autoridade Marítima, ANSA, Instituto de Socorros a Náufragos e Polícia Marítima, entre os quais uma lancha de alta velocidade, uma embarcação salva-vidas e uma mota de salvamento. Já no areal estiveram em exposição diversos veículos utilizados pelo Município na limpeza das praias através da recolha de resíduos. Recorde-se que a responsabilidade da limpeza das praias cabe à Autarquia com exceção da zona concessionada que é da responsabilidade do concessionário, sendo esse lixo posteriormente recolhido pelos serviços municipais. Albufeira tem assegurado, desde 2009, o alargamento do período de funcionamento da época balnear, contado com a colaboração de todas as entidades para garantir a segurança dos veraneantes e certificar a qualidade da água balnear durante muito mais tempo. A 64
vereadora do Ambiente da Câmara de Albufeira, Ana Vidigal, fez questão de agradecer “a todas as entidades presentes e serviços responsáveis por fazerem com que as nossas praias sejam bem utilizadas e levem o nome e imagem da nossa terra ao mundo inteiro”. A autarca elogiou o trabalho dos concessionários, sem os quais não seria possível fazer a abertura da época balnear antecipadamente e também de todos os parceiros que contribuem “para o bom acolhimento de quem nos visita, turistas nacionais e internacionais, que levam o Município a ter a projeção que tem em termos de qualidade”. Ana Vidigal dirigiu uma palavra especial às crianças, explicando-lhes a importância “do trabalho realizado por todas as entidades ali presentes, que contribuem para a boa manutenção da praia”, evidenciando assim o importante papel da Educação Ambiental nas escolas. Durante a cerimónia foram anunciadas as praias acessíveis que este ano serão equipadas com cadeiras/ andarilhos e tiralôs, que vêm 65
facilitar o acesso à praia e à água a pessoas com mobilidade reduzida. As cadeiras serão entregues nas praias da Galé Oeste, Oura e Santa Eulália, enquanto o tiralô irá servir as praias dos Salgados, Pescadores, Inatel, Maria Luísa e Rocha Baixinha. Saliente-se que o tiralô já existe nas praias de Galé Oeste, Salgados, Manuel Lourenço, Evaristo, Peneco, Pescadores, Oura, Santa Eulália, Maria Luísa, Olhos de Água, Barranco das Belharucas, Rocha Baixinha Poente e Rocha Baixinha Nascente. À entrada da praia dos Pescadores está patente uma exposição fotográfica das praias do concelho, que contém imagens captadas pelos participantes do concurso «Descobre e Fotografa o Património Ambiental de Albufeira», promovido pela Autarquia. Albufeira é por mais um ano consecutivo recordista em Bandeiras Azuis, tendo conquistado este ano 26 galardões, mais um do que no ano passado e o máximo desde que esta distinção é atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) .
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE ANA AMORIM DIAS APRESENTOU NOVO LIVRO NA CASA DO SAL
F
oi um público jovem e interessado aquele que acolheu, no dia 18 de maio, a apresentação do novo livro de Ana Amorim Dias, na Casa do Sal, em Castro Marim. «O que nunca um adulto te disse», pretende promover o encontro entre pais e filhos, num diálogo aberto, descomplexado e honesto, onde são abordados temas como o amor, a escola e todos os relacionamentos humanos, mas também sobre como manter a segurança nas redes sociais, Ana Amorim Dias e Francisco Amaral nas festas e em tudo o que a vida tem de bom. seus pais, avós, educadores, procurando um encontro entre as gerações, que promova mais comunicação, entendimento e amor e Na apresentação, marcada pela «doçura» que que traga mais clarividência nas escolhas, tão se sente em todas as idades, numa dinâmica importantes na adolescência. “Não acho que promovida por Ana Amorim Dias, para que o seja apenas mais um livro”, realçou na sua entendimento se facilite entre a vida de miúdos intervenção o presidente da Câmara e graúdos, estiveram presentes o presidente e a Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, vice-presidente da Câmara Municipal de Castro “é uma obra que deve ser base de discussão Marim, Francisco Amaral e Filomena Sintra, a e de diálogo em casa e na escola, por ensinar «jovem irrequieta» que fascinou a autora e a comunicar honestamente, a educar e ser inspirou a obra, Sara Carreiras, e o editor Manuel educado, a sociabilizar”. “Tudo pode ser dito, Fonseca, da «Guerra e Paz Editores». depende de como for dito”, realçou Ana Amorim Dias no mesmo âmbito. “Na escola Ana Amorim Dias, escritora, advogada e tive disciplinas que não me fizeram falta nem empresária, é autora de vários livros, entre eles a mínima diferença e hoje isso ainda «Histórias do «(A)Mar» e «Zoia», e de mais de acontece. Devia haver uma disciplina que um milhar de crónicas publicadas em diversos preparasse os nossos jovens a gerir emoções, jornais, revistas e publicações digitais. Mãe de que trabalhasse a sua inteligência dois rapazes e rendida ao fascínio que os mais emocional”, concluiu o autarca novos revelam pela sua personalidade mais castromarinense . imprevisível e irreverente, agarrou o desafio de falar não só aos mais novos, mas também aos
ALGARVE INFORMATIVO #58
66
67
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE
FARO LIBERTA MEIO MILHÃO DE EUROS PARA TRANSPORTE ESCOLAR
A
Câmara Municipal de Faro deliberou por unanimidade, na sua reunião ordinária de 16 de maio, aprovar o Plano de Transportes Escolares para o ano letivo 2016/2017, com libertação de uma verba no valor de 538 mil e 587,85 euros para encargos com carreiras públicas terrestres, carreiras públicas fluviais, circuito especial fluvial e viaturas municipais, assegurando o transporte dos alunos que residem a mais de três ou quatro quilómetros dos estabelecimentos de ensino, respetivamente sem e com refeitório. São abrangidos por este Plano de Transportes Escolares os vários estabelecimentos de ensino básico, secundário e profissional, nomeadamente os Agrupamentos de Escolas: Tomás Cabreira, de Pinheiro e Rosa, D. Afonso III, de João de Deus, de Montenegro, José Belchior
ALGARVE INFORMATIVO #58
Viegas (São Brás de Alportel), João da Rosa (Olhão) e Escolas Secundárias de Loulé e Dr. Francisco Fernandes Lopes-Olhão. A comparticipação é de 100 por cento, para alunos do 1.º ciclo ao 9.º ano, e para alunos do ensino secundário, a autarquia assume o pagamento de 50 por cento do passe. O Executivo considerou que este investimento, verdadeiramente reprodutivo, é de particular importância para a melhoria das condições do processo educativo no território municipal. A autarquia cumpre assim a operacionalização de uma estratégia de gestão local capaz de responder às necessidades da comunidade escolar, considerando a importância que a Educação tem na formação do indivíduo e na sua integração na sociedade . 68
69
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE LAGOS APOSTA NOS LAÇOS DE AMIZADE E COOPERAÇÃO COM TORRES VEDRAS
L
agos continua a apostar no aprofundamento das relações de amizade que mantém com os municípios geminados. Foi neste âmbito que decorreu, nos dias 14 e 15 de maio, a deslocação ao município de uma comitiva de Torres Vedras para uma visita de cortesia e trabalho. A geminação de Lagos com o município de Torres Vedras, desde julho de 2009, assenta sobretudo na existência de uma memória histórica e patrimonial comum, ligada à figura de São Gonçalo, padroeiro das duas cidades. Entre os dois municípios têm vindo a aprofundarem-se laços de amizade, de cooperação e de solidariedade e, dando nota dos mesmos, em 2010 a uma artéria da cidade de Lagos foi atribuído o topónimo «Rua Cidade de Torres Vedras» e, em novembro de 2015, o Município de Lagos, no âmbito das Comemorações do Dia do Município de Torres Vedras, participou na inauguração da «Rotunda Cidade de Lagos», na qual se destaca a Estátua de São Gonçalo.
ALGARVE INFORMATIVO #58
Nos dias 14 e 15 de maio, formulando o estreitamento dos laços que unem os dois municípios, Lagos recebeu uma comitiva integrada por vários autarcas de Torres Vedras, nomeadamente o Presidente da Câmara, Doutor Carlos Bernardes, vereadores, membros da Assembleia Municipal, presidentes de junta de freguesia, professores e representantes de associações culturais daquele município. A visita integrou várias iniciativas que passaram por visitas ao Centro Histórico de Lagos e a alguns dos monumentos mais emblemáticos da cidade como o nicho e a Estátua de São Gonçalo, tendo culminado num passeio às grutas da Costa D´Oiro. A par disso, realizou-se uma reunião de trabalho na qual foram definidas estratégias de promoção / intercâmbio entre os dois municípios, valorizando-se numa primeira fase o património cultural e etnográfico dos mesmos. Num futuro próximo prevêem-se novas reuniões, de caráter mais restrito, com vista à discussão das candidaturas a fundos comunitários, assuntos de administração autárquica, orla costeira e a divulgação dos vinhos e vitivinicultores de ambos os municípios .
70
71
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE RIBEIRA DO CADOIÇO VAI ESTAR EM FESTA observação de animais noctívagos.
A
Ribeira do Cadouço ou Cadoiço, como é conhecida localmente, embora atravesse transversalmente toda a cidade de Loulé, é desconhecida e ignorada pela maioria da população. Neste sentido, a Câmara Municipal de Loulé, em parceria com a Associação Almargem, convida a população à sua (re)descoberta, dedicando-lhe dois dias com a organização de um evento, neste espaço, para debate e reflexão e a realização de atividades de natureza, que decorrerão nos dias 4 e 5 de junho. Assim, no dia 4 de junho irá realizar-se, na Biblioteca Municipal de Loulé, uma apresentação seguida de debate que irá abordar o passado, o presente e os futuros projetos na Ribeira do Cadoiço, contando com a apresentação do Projeto do Parque Agrícola de Loulé. À noite decorrerá a primeira saída de campo para
ALGARVE INFORMATIVO #58
Por sua vez, o dia 5 de Junho, que coincide com o Dia Mundial do Ambiente, será repleto de atividades de natureza, na zona sul da Ribeira do Cadoiço, nomeadamente passeio para observação e identificação de aves, passeio de identificação da flora, o percurso geológico «Cadoiço, muito mais do que uma Ribeira», um percurso pedestre ambiental, monitorização da qualidade ecológica da água, anilhagem de aves, atividades para crianças e atividades para pais e filhos. Na última década, o Município de Loulé tem vindo a realizar obras de requalificação nesta zona, contudo ainda há trabalho a fazer e divulgar. Neste contexto, criou-se o evento «Cadoiço em Festa» com o objetivo de informar e sensibilizar a população, da cidade de Loulé, sobre a importância desta ribeira e debater, em conjunto, o seu futuro, aproximando a população para a que poderá vir a ser novamente uma área de lazer e recreação a ser usufruída por todos. O evento conta com a parceria de várias entidades: Agência Portuguesa do Ambiente, Águas do Algarve, Centro Ambiental de Loulé e da Pena, Geo Walks & Talks e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve .
72
73
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE LOULÉ INAUGURA NOVOS CAMPOS DE JOGOS DE PETANCA estimulando o convívio. Em termos de arranjos, foram plantadas árvores em redor dos campos com rega automática, o que irá criar zonas de sombra e um ambiente mais acolhedor para os praticantes e público. No que toca ao mobiliário, foram colocados bancos nos corredores dos campos para comodidade dos espetadores durantes os jogos. Foram ainda realizados melhoramentos no escoamento de água de toda a área e trabalhos de pintura na fachada. Futuramente pretende-se construir um alpendre para que os jogos possam realizar-se em dias de chuva.
P
rosseguindo os objetivos lançados em 2015 com o projeto «Cidade Europeia do Desporto», e na senda do «Compromisso com o Desporto», a Câmara Municipal de Loulé inaugurou os Campos de Jogos de Petanca «Escola de Loulé», mais um equipamento que vem complementar a oferta em termos de infraestruturas desportivas no Concelho de Loulé. Localizado junto ao Estádio Municipal de Loulé, este espaço é composto por oito campos de jogos, com vários tipos de piso e marcações em madeira dentro das medidas oficiais, permitindo a realização de torneios e campeonatos regionais, nacionais e internacionais.
Com esta infraestrutura, o Clube de Petanca da Escola de Loulé fica com excelentes condições para a prática desta modalidade, podendo desenvolver dinâmicas no sentido de aumentar o número de praticantes, sendo alguns deles pessoas reformadas e que encontram nesta prática uma ocupação dos seus tempos livres .
Neste local foi reforçada a iluminação, com a implantação de dois postes com holofotes, o que irá permitir a prática durante a noite e a organização de torneios em vários horários, podendo a organização evitar alturas de calor elevado e
ALGARVE INFORMATIVO #58
74
75
ALGARVE INFORMATIVO #58
ATUALIDADE ALGARVE PREMIADO NO FESTIVAL FINISTERRA ARRÁBIDA FILM ART & TOURISM do que conhecê-lo ou descobri-lo, é também experienciá-lo e partilhá-lo. “O filme promocional de um destino turístico assume hoje nova importância no processo de escolha do lugar ideal para férias e deve estar orientado para as novas tendências e perfis do turista, indo ao encontro do que ele procura de uma forma mais humanizada e emotiva”, destacou o Presidente da RTA, Desidério Silva. “Um bom vídeo promocional associado às novas tecnologias e ao acesso facilitado e imediato à informação que a internet permite pode levar o Algarve a milhares de pessoas, a qualquer parte do mundo e a qualquer momento”, acrescenta.
O
Algarve viu três filmes de promoção turística premiados na 5ª edição do festival internacional de cinema Finisterra Arrábida Film Art & Tourism, entre os 232 filmes oriundos de 64 países. A cerimónia de entrega do prémio decorreu no dia 13 de maio, em Sesimbra, numa cerimónia que contou com a presença da Região de Turismo do Algarve (RTA), representantes de destinos turísticos com filmes em concurso e diretores de outros festivais internacionais. «Algarve – Partilha o segredo», filme promocional da RTA concebido pela Margem Produções, conquistou o terceiro prémio na categoria Beach & Sea Tourism. A perspetiva do visitante e as suas experiências nos vários segmentos turísticos e cenários da região dão o mote a este filme de três minutos que transmite também um convite à partilha do Algarve, na perspetiva de que visitar um destino é muito mais
ALGARVE INFORMATIVO #58
Nesta 5ª edição do festival foram ainda galardoados mais dois filmes algarvios. «Lendas de Santa Maria de Faro e São Tomás de Aquino», um projeto da RTA e da Câmara Municipal de Faro, conquistou o segundo lugar na categoria Religious Tourism. O filme, concebido no âmbito do projeto do Centro Interpretativo do Arco da Vila, apresenta as lendas da Cidade Velha, com especial enfoque nas lendas de Santa Maria e de São Tomás de Aquino, e pode ser visualizado no Posto de Turismo de Faro. O filme «Columbus Cocktail & Wine Bar» do bar Columbus, em Faro, venceu o primeiro prémio na categoria Wine Tourism. O Finisterra Arrábida Film Art & Tourism Festival é organizado pela Arrábida Film Comission com o objetivo de divulgar a região da Arrábida no mundo do cinema e premeia filmes e produções audiovisuais que promovam boas práticas no setor do turismo.
76
77
ALGARVE INFORMATIVO #58
FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina
ESTATUTO EDITORIAL A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética
ALGARVE INFORMATIVO #58
profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. 78
79
ALGARVE INFORMATIVO #58
ALGARVE INFORMATIVO #58
80