ALGARVE INFORMATIVO #59
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FESTIVAL MED ESGRIMALGARVE EDUCAÇÃO SEXUAL
CECÍLIA VALENTIM venceu Concurso de Fado de Vila do Bispo 1
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OPINIÃO Algum dia a torneira tinha que fechar… Daniel Pina - 6
Bem-vindos à Escola Pública! Paulo Cunha - 22
São Brás de Alportel Paulo Bernardo - 24
Como preparar um desastre… José Graça - 26 Uma feira é uma feira é uma feira Mirian Tavares - 28
As modas na cozinha Augusto Lima - 30
A força do candidato permanente com hobby de ser Primeiro-Ministro Carlos Gouveia Martins - 32
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CONTEÚDOS Festival MED - 16
Fado Vila do Bispo - 8 Atualidade - 52
Vânia Beliz- 44 Olhão é potência na esgrima nacional - 34
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Algum dia a torneira tinha que fechar… Daniel Pina
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onfesso que me está a meter bastante confusão toda a polémica que se instalou por causa do corte do financiamento do Estado aos colégios privados, que é uma maneira mais simples de descrever a rescisão unilateral dos contratos de associação levada a cabo pelo governo de António Costa. Quer dizer, eu compreendo que as empresas, porque se tratam de empresas, que gerem os colégios privados afetados contestem a decisão, porque é dinheiro que lhes entrava no orçamento – não percebo muito bem por que razão – e que agora desaparece. Não compreendo é toda esta quase insurreição popular, quase, porque abrange só uma determinada faixa da população, a dizer que estão a condicionar o direito de escolha de milhares de jovens. Que eu saiba, o governo não está a dizer a nenhum pai que não pode colocar o seu filho a estudar num estabelecimento de ensino privado. Cada um faz o que bem lhe apetece ao dinheiro que tem e se prefere ter os filhos a estudar num colégio privado, ao invés de numa escola pública, e tem posses financeiras para isso, pois muito bem, é só pagar as propinas e está o assunto resolvido. O que o governa está, simplesmente, a fazer, é reduzir o financiamento a esses estabelecimentos de ensino, do mesmo modo que todos os anos corta no financiamento às universidades públicas, e não me lembro de assistir a
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nenhuma insurreição popular a reclamar que os nossos filhos têm direito a tirar um curso superior. Diz a Constituição Portuguesa, mais ou menos por estas palavras, que todos têm direito ao ensino e em igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar. E que o ensino deveria ser gratuito. E para isso existe o ensino público. Quiseram, porém, alguns grupos de pessoas criar outras alternativas – melhores ou não depende da forma como se olhe para elas e de como se fazem as comparações – e assim surgiram, de forma simplificada, os colégios e as universidades privadas. E essas pessoas estão completamente no seu direito para o fazer. Mas, como qualquer empresa que se digne, a sustentabilidade, a viabilidade económica do projeto deve assentar nos proveitos que tirar da sua atividade, neste caso da prestação de um serviço, que é devidamente gratificada por via das chorudas propinas que os pais dos seus alunos pagam todos os meses. Ora, ao ver tantas notícias, manifestações, desabafos e tomadas de posição que têm vindo para a praça pública nos últimos dias, a ideia que transparece é que muitos colégios privados estão em risco de fechar portas meramente porque o Governo decidiu fechar a torneira, cortar
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no financiamento, reduzir nos subsídios que dava e que, na hora da verdade, eram pagos pelo dinheiro de todos os portugueses. Ou seja, andam milhares de portugueses, que têm os seus filhos no ensino público, a pagar impostos para que outros milhares de portugueses coloquem os seus filhos a estudar no ensino privado. Eu, se tivesse um filho a estudar num colégio privado, não me distraia com a questão da liberdade de escolha que cada pai tem para colocar o seu filho a estudar onde bem lhe apetece. Preocupava-me, sim, em saber para onde tem ido o dinheiro que pago todos os meses de propinas porque, pelos vistos, esse dinheiro não serve para garantir a sustentabilidade de certos colégios privados, que estão dependentes dos tais contratos de associação celebrados com o Estado. E, se assim é, então todo o projeto foi concebido de forma errada desde a raiz, a contar com subsídios que chegariam até à eternidade, esteja o país em crise ou não, seja isso justo ou não. É certo que, supostamente, alguns desses colégios privados terão melhores condições de ensino, instalações mais cómodas, equipamentos mais modernos, professores a auferir salários mais elevados e por ai adiante.
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Mas essa estrutura de custos deveria ser sustentada pelos proveitos, ou seja, pelas propinas, não por subsídios estatais. E se a direção chega à conclusão que não consegue ter alunos suficientes para cobrir as despesas, então corta nos custos. É isso que têm feito as universidades públicas no passado recente, adaptaram-se ao corte do financiamento, fecharam cursos, reestruturaram outros, eliminaram gorduras supérfluas. E não me recordo de ter visto nenhuma universidade fechar portas nos últimos anos por causa de receberem menos dinheiro do Estado. Claro que esta linha de pensamento se calhar não interessa muito a quem dirige um colégio privado. É preferível entrar num discurso apocalíptico, tornar o governo num bicho-papão que está a prejudicar o futuro das nossas crianças e, já agora, de todo o país. O que não convém é que os pais comecem a pensar, salvo seja, no destino do dinheiro que pagam de propinas, não se vá para aí descobrir outra falcatrua e mais um caso de abuso de dinheiros públicos... .
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Cecília Valentim venceu Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho de Vila do Bispo O Salão de Festas da Sociedade Recreativa Barão de São Miguel foi o palco escolhido para a grande final do XVII Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho de Vila do Bispo, no dia 21 de maio. A par da fadista convidada Gisela João, a grande vencedora da noite foi a portimonense Cecília Valentim, que levou para casa o primeiro prémio de mil euros e um saco cheio de ofertas dos diversos patrocinadores. Texto:
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Fotografia:
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Adelino Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Cecília Valentim e Sara Batista, do Martinhal Resort
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epois de cinco eliminatórias realizadas em Sagres, Budens, Burgau, Vila do Bispo e Raposeira, a 17ª edição do Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho de Vila do Bispo chegou ao fim, no dia 21 de maio, tendo como palco o Salão de Festas da Sociedade Recreativa de Barão de São Miguel. Uma noite esplendorosa, apresentada por Tânia Lucas, e com casa cheia para escutar as finalistas, Mariana Santos (Sagres), Joana Fernandes (Loures), Mafalda Vasques (Beja), Cecília Valentim (Portimão) e Luís Saturnino (Beja), todos eles acompanhados por Tó Correia (contrabaixo), José Santana (Viola de Fado) e Vítor do Carmo (guitarra portuguesa). A par dos cinco concorrentes, houve ainda oportunidade para ouvir Renato ALGARVE INFORMATIVO #59
Néné (Vila Real de Santo António e Nádia Simões (Beja), o vencedor e a 2ª classificada da vertente juvenil, respetivamente, mas também Mickael Salgado e Luana Velasques, os vencedores da edição de 2015 nas vertentes sénior e juvenil, todos eles proporcionando momentos de grande emoção para quem é apaixonado pelo fado. Depois, a finalizar um serão que fez jus ao estatuto de Património Imaterial da Humanidade, foi a vez da nortenha Gisela João subir ao palco, numa atuação bastante apreciada e que arrancou aplausos de pé da assistência. Quanto ao desempenho dos cinco finalistas, foi avaliado por um júri composto quatro elementos: a vereadora da cultura da Câmara Municipal de Vila do Bispo e presidente do júri, Rute Silva; Cristalina Batista, ligada às artes do espetáculo; Fátima 10
Gisela João foi a convidada especial da final do XVII Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho Vila do Bispo
Mickael Salgado, o vencedor edição de 2015 do Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho Vila do Bispo
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Peres, locutora de rádio e jornalista colaboradora do Correia do Lagos; e Pedro de Almeida, músico, compositor, produtor e fundador da Banda Polo Norte.
Mafalda Vasques
Luís Saturnino
Feitas as contas à votação, a grande vencedora da noite foi Cecília Valentim, que interpretou os fados «Sabe-se lá», com letra de Silva Tavares e Música Frederico Valério, e «Fado Errado», com letra e música de Frederico de Brito e levou para casa um prémio monetário no valor de mil euros, patrocinado pelo Martinhal Resort Hotel, para além de diversas ofertas dos outros patrocinadores. Em segundo lugar ficou Mafalda Vasques, que cantou «Porque teimas nesta dor», com letra de José Luís Gordo e música de Carlos Gomes, e «A Voz», com letra de Diogo Clemente e música de Armando Machado e foi recompensada com um prémio de 500 euros, patrocinado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, entre outras ofertas. A última posição do pódio foi ocupada por Luís Saturnino, com os fados «Meu Portugal, Meu Amor», com letra de José Luís Gordo e música Fontes Rocha, e «Na Boca de Toda a Gente», com letra de Tiago Torres da Silva e música de Daniel Oliveira, e que ganhou 250 euros, patrocinado por Maja
Joana Fernandes
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Mariana Santos
Renato Néné
A apresentadora Tânia Lucas e Luana Velasques, vencedora da vertente juvenil da edição de 2015 do Concurso de Fado
Construções. Joana Fernandes e Mariana Santos ficaram em 4.º e 5.º lugares, respetivamente, tendo recebido cada uma 150 euros, patrocinados pelo Hotel Residencial Salema (4.º lugar), e o Hotel Mira Sagres, Walkin Sagres e O Cantinho do Artesão (Maria Paula Correia) (5.º classificado). No final da noite, Adelino Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, estava visivelmente satisfeito pelo êxito de mais uma edição deste prestigiado evento. “Foi uma noite na linha do que tem acontecido nos anos anteriores, com imensa gente a assistir, muitos concorrentes a participar e com um nível bastante elevado, e
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Nádia Simões
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isso só acontece porque as pessoas acreditam neste concurso. Esta excelente equipa de trabalho formada pelos técnicos da autarquia dá um brilho especial ao evento, que está certamente ao nível do melhor que se faz em Portugal”, frisou o edil.
Mafalda Vasques, 2ª classificada, com Rute Silva, vereadora da Câmara Municipal de Vila do Bispo
Luís Saturnino, 3.º classificado, com representante da Maja Construções
Renato Nené, vencedor da vertente juvenil
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Finalistas que chegaram provenientes de vários pontos do país, alguns deles repetentes, num concurso que vai na sua 17ª edição e que tem servido de rampa de lançamento para muitos jovens fadistas. “Temos sempre um artista de topo nacional a atuar nesta noite e isso é outro aliciante para eles, uma motivação extra para darem o seu melhor nesta fase, para se «mostrarem». E um evento com tantos patrocinadores, que mexe com largas dezenas de empresas, apenas é possível porque há confiança no trabalho aqui realizado”, enaltece Adelino Soares, esclarecendo que a organização do concurso tem sido cada vez mais competente e profissional à medida que a experiência se vai acumulando. “Também temos vindo a simplificar a componente logística desde que assumi a presidência desta autarquia. Ao invés de andarmos sistematicamente a pedir material emprestado e sem possuirmos as melhores condições, fomos gradualmente criando essas mesmas condições em vários pontos do concelho. 14
Adelino Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo. agradece o empenho de toda a equipa que tornou possível a realização do evento, bem como aos patrocinadores e público presente
Isso permite-nos fazer este evento com muito mais facilidade e de uma forma bastante mais eficiente”, aponta. E novo grande evento vai acontecer no dia 3 de junho, com a realização, em Sagres, da gala de atribuição dos Prémios Município do Ano Portugal 2016, sendo que Vila do Bispo foi precisamente o grande vencedor da edição de 2015. “Mantemos o nosso controlo e rigor financeiro e já estamos habituados a ser criticados. Aliás, quando isso não acontecer, significa que não estamos a trabalhar bem”, ironiza Adelino Soares. “Fomos eleitos Município do Ano, estamos em 10.º lugar a nível da transparência no contexto nacional, vamos promover o nosso concelho e produtos em feiras internacionais. Vila 15
Nádia Simões, 2ª classificada da vertente juvenil
do Bispo é um concelho periférico, de baixa densidade populacional e com uma população envelhecida, mas nada disso nos impede de trabalhar bem. Naquilo que nos envolvemos, fazemos bem, com grande qualidade e muito gosto”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo . ALGARVE INFORMATIVO #59
LOULÉ APRESENTOU CARTAZ FINAL DO 13.º FESTIVAL MED
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á é conhecido o programa completo da 13ª edição do Festival MED que nos dias 30 de junho e 1, 2 e 3 de julho (este último o «Open Day») irá animar a Zona Histórica de Loulé. Numa sessão realizada no Cine-Teatro Louletano, no dia 20 de maio, conduzida pela apresentadora Raquel Bulha e com um show case da cantora caboverdiana Teté Alhinho, foram divulgados os últimos nomes que integram o cartaz e as novidades que serão introduzidas este ano. O projeto alemão Shantel & The Bucovina Club Orkestar e a moçambicana Selma Uamusse juntam-se, assim, aos já anunciados Dubioza Kolektiv (Bósnia e Herzegovina), Tinariwen (Mali), Emicida (Brasil), Hindi Zahra (Marrocos/França),
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Alo Wala (Dinamarca/Noruega/Estados Unidos), Ana Tijoux (Chile), António Zambujo, Capicua, Aldina Duarte, Isaura, Fandango, Marafona e Rocky Marsiano (Portugal), Mbongwana Star (Congo), Danakil (França), Moh! Kouyaté (Guiné-Conacri), Blick Bassy (Camarões) e Chico Correa (Brasil), Sonido Gallo Negro (México), Dona Onete (Brasil) e Otava Yo (Rússia). O alinhamento da 13ª edição do Festival MED continua a apostar na qualidade e diversidade artística, com nomes consolidados da cena internacional da World Music e artistasrevelação. A música nacional mantém-se também como uma das escolhas da organização.
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Este ano, estão previstas mais de 75 horas de música, 55 concertos, 250 músicos de 18 nacionalidades diferentes, com diversas estreias absolutas em Portugal, em oito palcos. Para além dos três palcos principais – Matriz, Cerca e Castelo -, por onde vão passar os grandes nomes da World Music, a música vai estar ainda nos Palcos Bica, com concertos alternativos por artistas oriundos da região algarvia, com programação da Casa da Cultura de Loulé, Arco, com espetáculos de «one man show», colocado no meio da zona de restauração, no MED Classic, com concertos para os amantes da música clássica no interior da Igreja Matriz, e no MED FADO, com concertos exclusivamente de fado, com uma forte aposta nos valores do fado feito na região, uma homenagem a um dos patrimónios imateriais da humanidade, nos Claustros do Convento Espírito Santo. Este ano, surge um novo palco – o Palco Jardim, com concertos no Jardim dos Amuados, de música e dança tradicional de vários países. Este ano as escolhas recaem sobre o Sudão, Síria, Guiné Conacri e Marrocos.
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Relativamente aos três palcos principais, o Festival arranca com a atuação da brasileira septuagenária Dona Onete (21h15), no Palco Cerca. Cantora, poetisa, compositora, professora, portadora de uma herança cultural riquíssima do norte do Brasil, Dona Onete é única na generosidade com que oferece as suas composições e entrega no palco. No mesmo palco, vai passar ainda o guitarrista, compositor e cantor da GuinéConacri, Moh! Kouyaté (23h15), o grande embaixador da música do seu país que dá a conhecer uma cultura riquíssima e com centenas de anos de história: a grande história dos griots. No primeiro dia, para fechar a noite no palco da Cerca, vão estar os Mbongwana Star (01h15), da República Democrática do Congo, herdeiros diretos dos Staff Benda Bilili: a troupe de músicos de rua de Kinshasa que tocava perto do Jardim Zoológico dessa cidade. No Palco da Matriz, a noite de abertura arranca ao som de António Zambujo (22h15), que terá um regresso a Loulé e a este Festival. O projeto alemão
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Shantel&The Bucovina Club Orkestar (00h15) também vai estar na Matriz para um espetáculo verdadeiramente efusivo, comandado pelo mestre da música eletro-balcânica. No Castelo, a jovem cantora, compositora e letrista portuguesa Isaura (21h45) abre as hostes e vem mostrar ao público que é, sem dúvida, um talento raro no meio musical português. Depois do seu sucesso estrondoso na Womex de 2014 e de muitos e variados concertos em festivais por toda a Europa e até na Índia ou no México, é com imensa expectativa que Loulé aguarda os russos Otava Yo (23h45) nesta noite de abertura do MED. No Castelo a noite encerra com o DJ Set de Raquel Bulha (01h45) que também regressa a esta «casa», após uma atuação vibrante em 2007, na altura acompanhada por desenhos feitos no momento e ao vivo pelo ilustrador José Carlos Fernandes. A 1 de julho, no Palco Cerca, é a fadista Aldina Duarte (21h15) que fará a abertura. Há mais de vinte anos que Aldina Duarte transporta consigo as verdades mais profundas do fado, os ensinamentos mais antigos – mesmo que ditos por ela, agora, com palavras diferentes. De origem marroquina mas radicada em França, Hindi Zahra (23h15) é uma das apostas para esta
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noite. Faz da sua música uma viagem interminável e encantatória que começa invariavelmente na música dos seus povos de origem – os berberes de Marrocos e os tuaregues que viajam entre a África negra e o norte deste continente, atravessando o deserto do Sahara – e passa pelo gnawa e muitos outros estilos. Pelo Palco Cerca vai passar ainda nesta noite o MC Emicida (01h15), uma das grandes revelações. Brasileiro, paulistano, Emicida escolheu – e continua a elevar bem alto a bandeira dessa escolha – o rap como forma de identidade, de orgulho na sua cor, nas suas origens. O espírito combativo, interventivo e emocional da cantora e MC chilena Ana Tijoux (22h15) abre a segunda noite no Palco Matriz. Segue-se a atuação de uma nova banda francesa – Danakil (00h15) – cujo nome é inspirado numa região da Etiópia, que serve de berço primordial a esta religião, o rastafarianismo, que tem Jah – o próprio Selassié – como divindade: o Deserto do Danakil. No Castelo, a segunda noite contará com os portugueses Marafona (21h45), nome inspirado na boneca de trapos típicas das
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aldeias de Monsanto, e Fandando (23h45), recente projeto nascido pela mão de dois músicos veteranos e bem conhecidos do meio musical português, Luís Varatojo e Gabriel Gomes, e com o DJ brasileiro Chico Correa (01h45). Esmeraldo Marques escolheu o nome em homenagem a Chick Corea, o teclista e compositor que introduziu o uso de órgãos elétricos no jazz. Também, Esmeraldo desde há muitos anos leva a eletrónica para, no seu caso, ritmos tradicionais e populares brasileiros, do Nordeste do Brasil, mas não só.
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé
O terceiro e último dia desta 13ª edição do Festival MED augura-se auspicioso. Na Cerca, o cantor, músico, poeta e ativista camaronês Blick Bassy (21h15) é o primeiro a pisar o palco. Mantém vários projetos no seu país de origem, desde a preservação da língua basaa, que está em riscos de desaparecer, até à construção de estruturas e estúdios de gravação que contribuam para o desenvolvimento do meio musical camaronês. Do México para Loulé, os Sonido Gallo Negro (23h15) são um dos nomes mais aguardados. São uma espécie de Buena Vista Social Club da Cumbia e Chica e reúnem elementos que Carlos Carmo, coordenador do Festival MED também pertenceram a grupos míticos inspirada nas fanfarras de metais ciganas e como Los Diablos Rojos, Los Mirlos ou Los noutras tradições bósnias e vizinhas Destellos. Formados por uma cantora nortemisturada com punk, ska, reggae, hip-hop e americana de origem indiana e dois músicos e eletrónicas. A festa está, portanto, garantida. produtores nórdicos (Dinamarca e Noruega), os Alo Wala (01h15) são música global que irá encerrar o Palco Cerca. No encerramento do Festival, o DJ e músico, MC e poeta Rocky Marsiano (02h15) traz a Loulé Meu Kamba Live. O artista é No Palco Matriz, na noite de encerramento pioneiro do hip-hop em Portugal e do está previsto mais um regresso, o dos malianos cruzamento deste e de inúmeros outros Tinariwen (22h15) que em 2007 levaram ao universos musicais – o jazz, a música rubro o público que esteve em Loulé. Nome brasileira, o funk, a soul, a música africana, o incontornável da World Music, o grupo disco-sound, o dancehall jamaicano ou o apresenta um estilo inconfundível de blues e zouk das Antilhas – com variadas linguagens rock tuaregue. Uma experiência inesquecível eletrónicas. A derradeira noite no Palco será também o concerto dos Dubioza Kolektiv Castelo vai fazer-se ao som das tradições (00h15), na Matriz. Trazem música balcânica
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culturais e das novas tendências urbanas, mas com a língua portuguesa sempre presente. A moçambicana Selma Uamusse (21h45), exWraygunn mas a atuar há já algum tempo em nome próprio, com um repertório baseado nas músicas tradicionais da sua terra natal, artista convidada o ano passado para a apresentação do MED, e a rapper portuense Capicua (23h45), irão pisar o palco que tem como cenário natural o Castelo de Loulé. De entre este eclético, internacional e multicultural programa musical, a apresentadora Raquel Bulha, conhecedora profunda da área da World Music, destacou os Mbongwana Star (República Democrática do Congo), Ana Tijoux (Chile), Hindi Zahra (Marrocos/França), Aldina Duarte (Portugal), Tinariwen (Mali), e Dubioza Kolektiv (Bósnia e Herzegovina).
Muito mais do que música Para além do programa musical, o Festival MED conta com outras vertentes culturais no seu programa. Este ano, a par das exposições, teatro, animação de rua, Concertos Improváveis,
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artesanato ou gastronomia, o MED vai destacar o Ciclo de Cinema do Mundo – Cinema MED. Na semana do Festival (26, 27 e 28 de junho), está prevista a apresentação de três sessões com produções cinematográficas de vários países, em locais inusitados. Também a Poesia irá marcar este ano presença no Festival, no espaço Fado, com a declamação de vários poemas de autores dos países presentes nesta edição. Por outro lado, as conferências estão de regresso. Numa parceria com a APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais, decorrerá a Conferência Talk MED, onde será abordada a importância a nível cultural e turístico dos festivais. Esta novidade acontece na sala polivalente da Alcaidaria do Castelo, no dia 30 de junho, e vai juntar à mesma mesa jornalistas conceituados na área da música, artistas portugueses e imprensa estrangeira, responsáveis da Autarquia e do Turismo de Portugal. “Este será um espaço de discussão e de interação de experiências”, considerou Carlos Carmo.
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“Queremos proporcionar às pessoas experiências e como o MED é feito de várias valências, este ano vamos implementar algumas novidades”, realçou Carlos Carmo, coordenador do evento. O copo ecológico e o «Movimento Zero Desperdício» irão manter-se nesta edição. Esta iniciativa, que conta com o envolvimento de várias entidades, nomeadamente a Refood, o Centro Paroquial de Loulé, o Banco de Voluntariado e Divisão de Coesão Social e Saúde da Autarquia – recolheu em 2015 mais de 200 quilos de comida confecionada e não consumida ao fim das três noites de festival, que foi entregue a famílias carenciadas. “Estamos a contribuir também para a coesão social”, salientou o responsável. Haverá ainda uma programação alternativa ao Festival, denominada Off MED, numa parceria com o Bar Bafo de Baco, que pretende proporcionar um programa paralelo para quem vem ao MED. A vertente gastronómica volta a ser o «prato principal» no Open MED, a 3 de julho, estando previstas ainda algumas novidades nesta matéria. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, este evento “é uma boa herança que este executivo recebeu e que faz muita questão de continuar a elevar sempre o nível deste grande acontecimento multicultural”. “A nossa cidade também se torna notada no contexto destes festivais musicais em todo o país e no estrangeiro o que é extremamente importante para nós. Loulé é, e continuará a ser, uma cidade e um município importante por muitas razões mas entre elas também pela qualidade dos espetáculos culturais e de entretenimento que é capaz de organização e promover, de que é emblema máximo este Festival MED”, sublinhou o autarca. Entretanto, foi revelado na ocasião que o Festival MED foi integrado na plataforma Portuguese Summer Festivals criada pelo Turismo de Portugal e da qual fazem parte apenas oito festivais de música do país, com o objetivo de promover este conjunto de festivais no estrangeiro. “Somos o único festival
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organizado por uma Autarquia que está presente nesta plataforma, estamos ao lado de festivais como o Rock in Rio, o NOS Alive ou o Super Bock Super Rock, ou seja, estamos ao lado dos «grandes tubarões» dos festivais de música no nosso país o que muito nos orgulha e premeia o nosso trabalho”, considerou o coordenador do MED. Incluído no roteiro dos maiores festivais de World Music da Europa, o Festival MED surgiu em 2004, no âmbito do programa de «Loulé Cidade Anfitriã do Euro 2014», e ao longo dos anos alcançou elevados níveis de notoriedade, quer pela adesão por parte do público, quer pela crítica. No entanto, para além deste alinhamento musical, o MED abarca uma fusão de manifestações culturais que vão desde a gastronomia às artes plásticas, animação de rua, artesanato, dança, workshops, e muito mais, com um claro objetivo de divulgar a diversidade cultural pelo mundo. Refira-se que, na génese deste Festival, para além da divulgação da cultura dos países da Bacia do Mediterrâneo e da World Music, estão também a revitalização da Zona Histórica de Loulé e do seu património cultural e natural, e a promoção turística de Loulé enquanto destino com um programa de eventos de qualidade. O MED pretende incentivar um turismo sustentável, promover a qualidade artística e fomentar a criação de fatores diferenciadores e, em 12 anos, já passaram por ele mais de 400 bandas de 39 países diferentes. Recorde-se ainda que, este ano, o MED recebeu duas nomeações («Melhor Festival de Média Dimensão» e «Melhor Festival Urbano») para a 3ª edição dos Portugal Festival Awards e foi finalista dos Iberian Festival Awards, em quatro categorias: «Best Medium Sized Festival» e «Best Touristic Promotion», «Best Cultural Programme» e «Contribution to Sustainability» .
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Bem-vindos à Escola Pública! Paulo Cunha
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gora que mais um ano letivo está chegar ao fim, as águas da Educação voltam a agitar-se, tal como se de uma mudança de maré se tratasse. Alterações no sistema de ensino que vão e vêm e no seu percurso vão condicionando todos os que nele gravitam. Quase apetece perguntar “Qual era o Ministro da Educação quando estudaste para assim saber o que passaste?”. Uma imprevisibilidade que já não me surpreende, pois ao longo da minha vida escolar (desde os seis anos até hoje), as experiências educativas multiplicaram-se na justa medida em que mudaram as figuras de proa da Educação. Infelizmente, cedo percebi que a Educação, tal como noutros setores da sociedade, está refém de políticas muito pouco educativas, sentindo-me hoje como se tivesse vivido várias vidas enquanto agente educativo. Depois de um período de quatro anos em que o sistema educativo assistiu a uma regressão sem precedentes num percurso que augurava realização e êxito para todos os intervenientes, muitos dos que agora vociferam e criticam as medidas que o atual Ministério da Educação se prepara para implementar, então nada disseram nem nada fizeram. Porquê?... Todos sabem a resposta mas só agora parecem ter acordado para uma realidade que é bem maior e mais complexa do que apenas os tão recentemente - escalpelizados “Contratos de Associação”. Quase que me apetece dizer a todos que, de cátedra, agora opinam sobre o seu investimento público no Ensino Privado: “Bem-vindos à Escola Pública!”. A tal que agora tantos defendem com sendo tão boa ou melhor que aquela que muitos não querem largar. É interessante observar a reação das pessoas quando sabem que lhes estão a “mexer nos bolsos” pois, invariavelmente, mexem-se. Quando não sabem ou não querem saber, deixam-se estar!
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“Olhos que não veem, coração que não sente”, parece ser a premissa de muitos educadores e encarregados de educação que em relação aos seus educandos apenas se preocupam com as notas que aparecem na pauta. Saberão efetivamente o que se perdeu no furacão “Troika”, no que à Escola Pública concerne? A resposta será dada quando mais tarde os historiadores e sociólogos se debruçarem sobre quais foram os custos desses cortes na geração “Crise”, a tal de que tantos agora falam e escrevem por motivos de agenda política. Sou daqueles que, enquanto encarregado de educação, não chorei nem chorarei os “tostões” que invisto com os meus impostos na educação pública dos meus filhos. Chorei ter que pagar mais impostos e em contrapartida ter visto diminuído o investimento na educação que preconizei para eles! Falar nos filhos dos outros é por inerência falar nos nossos, por isso sempre estranhei ver tanta permissividade, serenidade, complacência e até concordância com medidas que foram tomadas no Ensino Público. Foram cortes e mais cortes que delapidaram o “mundo” dos nossos descendentes: a Escola Pública. Embora não concorde com determinadas tomadas de posição, percebo-as, pois quem é que não quer o melhor para os seus filhos? À custa do quê e de quem? Pois… Isso são outras estórias! E pelo meio lá vai caminhando a economia de mercado indiferente a quem tem e a quem não tem. Eu tenho absoluta convicção que todo o dinheiro dos nossos impostos que for investido na Educação Pública e na Cultura Pública dará frutos para além do nosso tempo. Germinarão no nosso bem mais precioso! “Haverá lá melhor e maior investimento?!...” .
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São Brás de Alportel
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Paulo Bernardo
ão sei bem quando, mas um dos lemas da vila de São Brás de Alportel era mais ou menos este: «entre a serra e o mar um pequeno microclima, São Brás de Alportel, um bom local para viver». Esta vila bem arrumada na entrada da serra algarvia tem vindo a crescer de uma forma sustentável e com a capacidade de preservar as suas características típicas. Tem uma escola pública de enorme qualidade onde, quer as atividades letivas, como as extracurriculares, são dadas com grande empenho, qualidade e amor, que é muito importante para quem tem o trabalho de formar adultos em potencial. Para além da escola, toda a envolvente a nível desportivo, cultura e artístico é de louvar. E não é um território pequeno, é grande, disperso e envelhecido mas, mesmo a assim, a oferta vai chegando a todo o lado, garantido o apoio a quem mais necessita. É um exemplo de desenvolvimento, num território que aparentemente poderia ter sido esquecido ou abandonado, pois tem todas as desculpas para não se fazer nada. Este trabalho de desenvolver, criar, preservar, não é fruto de um só homem, mas de um conjunto de teimosos que levaram as suas intenções de valor para a frente. Foram empresários, políticos, funcionários públicos e todos os que tomaram São Brás como local para viver. Contudo, nem sempre ou muito poucas vezes este tipo de desenvolvimento tem sido feito pelo nosso território, com gestão do momento, com gastos desnecessários e uma agenda muitas vezes pessoal. Gostava que o exemplo de São Brás pudesse ser usado em cidades maiores e vizinhas que olham para a sua hipotética grandeza, mas
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esquecem que os municípios existem para as pessoas que neles vivem e que deles usufruem. Não são, nem podem ser, formas de pavonear os próprios egos. Nota da semana: Infelizmente, tenho que escolher a triste história da violação em grupo ocorrida no Rio de Janeiro, cidade que em breve vai acolher os Jogos Olímpicos. Vergonha, mas nada que me surpreenda. É triste dizer que não me surpreende, mas é verdade. A falta de respeito que observo no Brasil pelo sexo feminino e pelas minorias é uma questão que me atormenta. Não é fácil de explicar, mas é um tema que se sente no ar, a vivência de abandono, falta de respeito, a quantidade de filhos sem pai. Ainda existe no Brasil uma quantidade grande de machos sem carácter que tem a consideração a nível zero para quem é diferente da sua loucura. Pena que um país fantástico, com uma maioria de mulheres e homens fantásticos e de uma energia positiva louca, tenha estas bestas à solta. Espero sim que este triste acontecimento sirva para criar uma nova consciência. Figura da semana: Os Algarvios que se deslocaram a Lisboa para defender a região do Petróleo. Gostei muito de ver o discurso certeiro e bem construído de todos eles. Foi muito agradável ver o Vítor Neto, com a sua argúcia a calar todos os argumentos, no mínimo estranhos, de quem representava a indústria petrolífera, a calma do Jorge Botelho a esgrimir os factos regionais e a paixão de José Amarelinho. Seria fantástico que o Algarve tivesse sempre este empenho e determinação .
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Como preparar um desastre…
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José Graça
entrada em vigor da lei 46/2005 de 29 de Agosto, prevendo a limitação de mandatos de presidentes dos executivos autárquicos, ditou o fim do exercício daquelas funções a muitos presidentes de câmara municipal e de junta de freguesia. Cessaram funções alguns de boa vontade e com consciência do dever cumprido e saíram outros muito contrariados… Hoje, a Constituição da República Portuguesa dispõe que ninguém pode exercer a título vitalício qualquer cargo político de âmbito nacional, regional ou local, determinando que a lei pode determinar limites à renovação sucessiva de mandatos dos titulares de cargos políticos executivos. Antes e após a publicação daquele diploma, nos primeiros meses do Governo Sócrates, esta temática ocupou o espaço público e motivou um aceso debate onde acabou por dominar o princípio republicano da renovação. Dominou mas não subjugou, assistindo-se a verdadeiros episódios de transumância… Como sempre, a lei era ambígua e permitia exercícios verdadeiramente acrobáticos de análise política e interpretação jurídica, nomeadamente sobre o alcance da limitação imposta. A questão em cima da mesa era a de saber se um autarca que exerceu o cargo durante três mandatos consecutivos numa determinada autarquia o podia vir a fazer numa diferente, acabando por fazer vencimento esta situação, com episódios verdadeiramente caricatos… Para além de permitir-se a transferência dos craques, ditos autarcas-modelo de uma câmara para outra, mesmo ali ao fim da rua, ou a troca de lugares na mesma lista, permitiu-se ainda que os presidentes de juntas com três ou mais mandatos fossem candidatos à mesma cadeira, desde que no respetivo espaço territorial se tivesse verificado o aparecimento de uma “união de freguesias”, mesmo que tal tenha sucedido contra a sua opinião e vontade! “Era imperioso promover a rotatividade de lugares de forma a renovar aqueles que ocupam cargos eletivos e executivos, um sinal de uma cidadania desenvolvida, apta a formar novos políticos, gerar
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outras ideias e criar diferentes oportunidades” escreveu esta semana a professora universitária e colaboradora da RTP Felisbela Lopes no Jornal de Notícias, acrescentando que “eis aqui o momento para fazer crescer uma democracia de iguais e não de caciques. Que apenas será eficaz se tiver tempo e espaço para se desenvolver. Ora, é precisamente isso que falta em muitos municípios.” E o desastre pode acontecer… Pela minha experiência, estou convencido que uma cidadania mais desenvolvida seria capaz de escolher os melhores, deveria estar atenta aos programas eleitorais e ao seu desenvolvimento, ser exigente em relação às atitudes e aos princípios dos eleitos e ativa e participante na vida dos órgãos políticos locais. Estou certo que tal acrescentaria anos de vida ao poder local, colmatando a falta de qualidade de algumas equipas autárquicas, contribuindo para dirimir conflitos pessoais e elevar a fasquia aos seus edis, complementando oficiosamente a necessária vigilância das estruturas partidárias ou substituindoas nas suas faltas e impedimentos, umas vezes deliberadas, outras por acomodação e preguicite… Este primeiro mandato sob as novas regras deveria ter sido aproveitado para introduzir regular e sistematicamente novos quadros nas estruturas, dando lugar às mulheres e aos jovens, assegurando a representatividade dos diversos grupos sociais presentes na comunidade, propiciando a participação de cidadãos não filiados nos eventos públicos e partidários ou promover iniciativas de avaliação e de prestação de contas, mas em poucos lugares tal aconteceu obrigando-nos a refletir sobre o estado das instituições… Agora, com a repetição de velhos vícios e com pouco tempo para inverter a marcha, não se admirem se vos entrar um dinossauro pela porta adentro! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966
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Uma feira é uma feira é uma feira Mirian Tavares
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ma multidão à entrada e mais gente nos corredores criados pelas galerias de arte que se espalhavam pelo espaço do pavilhão da Cordoaria, em Lisboa, onde está a decorrer a ARCO. A emblemática Feira de Artes de Madrid abre, pela primeira vez em Portugal, e fica poucos dias instalada no edifício da Cordoaria, que pertence à Câmara de Lisboa, que apoiou o evento. O mentor da feira disse que a versão de Lisboa era uma espécie de boutique, dada a dimensão reduzida, que condiz perfeitamente com as dimensões do mercado de arte português. E é mesmo disso que trata a ARCO, do mercado de arte, mais que da arte em si mesma. Houve uma grande disputa pelos convites VIP que davam acesso à antestreia, um dia antes, com direito a cocktails e festas e a uma programação de luxo que incluía desde passeios de tuk tuks pelas galerias lisboetas a outras incursões pelos espaços de arte que aproveitando a feira, inauguraram, de propósito, uma série de exposições. Não havia muitos artistas a circular por ali, mas havia uma quantidade grande de compradores, ou de pessoas com ar de quem tem dinheiro para investir em arte, ou pelo menos, naquela arte que estava ali a ser vendida pelos galeristas vários, nacionais e estrangeiros. Há uns anos uma historiadora da arte, de origem mexicana, deu uma entrevista polêmica ao El País em que punha em causa a arte contemporânea, ou parte desta, que desfruta de enorme prestígio apenas pelo facto de ser avaliada, e vendida, por milhões. O valor intrínseco da obra era substituído, segundo a sua
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opinião, pelo valor monetário. Ou seja, a obra valia porque era cara e não era cara porque valia, de facto, alguma coisa em termos artísticos. Polémica à parte, sabemos que a arte tem um valor simbólico, que resulta da mestria do artista, da sua importância no panorama histórico ou atual, do facto de o (a) artista fazer parte da coleção de grandes museus e do seu impacto nos meios certos. Rompidas as barreiras do impossível, tudo passa a ser arte, o que pode provocar o efeito oposto, se tudo é arte, nada é arte. Esse é o grande paradoxo da arte na contemporaneidade, de um lado continuar a afirmar a sua independência e a liberdade do artista e do outro, a sua ligação ao mercado, que faz dela uma prisioneira útil, cujo valor flutua por motivos externos o que obriga muitos artistas a prestar vassalagem às demandas do capital. Muitos o fazem, por gosto ou necessidade. Há no entanto aqueles que resistem e que continuam a ter importância não porque vendem mais ou mais caro, mas porque a sua coerência ética e estética faz com que a sua obra seja visível e que ele, ou ela, possa dizer, como disse o cineasta Luís Buñuel um dia, “La nécessité de manger n’excuse jamais la prostituition de l’art”. E há ainda os que vendem bem e são grandes artistas, porque o mercado, e as feiras, não tornam menos artistas aqueles que de facto o são, mas às vezes torna o mundo da arte um espaço menos interessante para quem, como eu, ainda tem uma visão quase romântica da criação e dos criadores. Porque no fim, parafraseando Gertrud Stein, uma feira é uma feira é uma feira, seja ela de arte ou de legumes . 28
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As modas na Cozinha Augusto Lima
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á aqueles que fazem a moda, os que andam na moda, os que apanham boleia da moda, os que copiam a moda e há a necessidade de andar na moda. Ainda bem que está na moda falar sobre cozinha, que é moda falar em gastronomia, em mostrar o trabalho dos cozinheiros, em divulgar a cozinha e a sua arte, quer através de livros ou programas de televisão. E depois temos os bons programas de televisão e os maus programas de televisão. E quando se está no auge da moda, há sempre quem a aproveite e diga-se, em abono da verdade, de forma inteligente e outros, diga-se igualmente em abono da verdade, com muito mau gosto. Nós por cá, assim como outros por lá, teimamos em utilizar de forma exaustiva os maneirismos e metodologias que entretanto ficaram na moda, de modo a que quase tudo se pareça com o mesmo, ou seja uma cópia, por vezes muito má, de uma qualquer celebridade que reinventa, cria, busca formas diferentes e se afirma pela diferença. Todos se lembram da moda que foram as esferificações, ares e outras técnicas criadas pelos mestres cozinheiros Espanhóis onde o Catalão Ferran Adrià foi exponenciador e criador. Todos se lembram da exaustiva utilização, a grande maioria francamente má destas técnicas nas mesas de muitos restaurantes de norte a sul do País, da Europa e do Mundo. A moda passou e veio outra (sempre virá uma nova), a de colocar de forma mais ou menos artística pequenos pedaços de comida e outros adereços comestíveis em um local preciso na geometria do prato, usando para o efeito pinças e colheres especiais. O empratamento não é novo mas tem vindo a implementar-se pela alusão que
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faz a um jardim/canteiro, geometricamente desenhado. Confesso que me agrada vê-lo a ser usado por quem há muito o faz, que o implementou e reeditou ou ainda que o tomou como seu, no seu pleno direito de se estar na moda. Mas o que me causa espanto é esta apetência pelo copianço em detrimento da técnica usada ou a usar. O que me causa desgosto é a apetência pela banalização mediática, de forma incompreendida, não assimilada em detrimento da busca e aprendizagem do básico para depois se evoluir, de forma sistemática na aprendizagem. Muitos são os que falam em esferas, xantana, agár-agár, pinças, baby vegetables sem contudo saberem como se desossa um frango, se limpa um lombo, se arranja uma alcachofra, se fileta um peixe-galo, se faz uma maionese ou se equilibra uma acidez. O que me causa desgosto é que se ensine tudo isto sem se ensinar o ABC da cozinha, as suas técnicas, como se afia uma faca, a necessidade de um bom caldo ou de uma boa mise-en-place, ou ainda o que é saltear, escalfar, grelhar, fritar, confitar, guisar ou estufar. Os tempos são outros, as coisas mudam, o Marketing evoluiu e não pára de surpreender, o Designe inundou a sala, a mesa, a cozinha, as cores e formas alteraram-se no vestuário do artesão de cozinha e de sala mas há coisas que não mudam - técnica, paixão, alma, verdade, unicidade. E ainda bem que está na moda a cozinha, a gastronomia e ser-se Cozinheiro. E se eu quisesse copiar alguém diria – amém . 30
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A força do candidato permanente com hobby de ser Primeiro-Ministro Carlos Gouveia Martins
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pós seis meses de governo de António Costa, temos a certeza que uma parte substancial do meio sindical simplesmente deixou de se preocupar em representar o povo e os trabalhadores portugueses. Isso é evidente no caso da FENPROF, liderada por um professor (se fosse farmacêutico, já não o era por falta de créditos formativos) que da última vez que deu uma aula ainda se vislumbrava nos jornais da época que a ala mais ortodoxa do Partido Comunista da ex-União Soviética iniciava o golpe de Estado para retirar Mikhail Gorbachov. Julgo que ninguém levará a mal que se pergunte como é que um docente que não leciona há quase 25 anos pode representar efetivamente os professores. Como também julgo ser natural nós questionarmos sobre a razoabilidade deste "profissionalismo sindical" de Mário Nogueira, visível por em 36 anos de carreira ter a módica quantia de apenas 11 anos de exercício já extintos no século passado. Mas a FENPROF agora anda mais preocupada em procurar justificar as diferenças do seu líder sindical com Estaline, que a JSD utilizou para satirizar o domínio possessivo sobre o Ministro (é?) da Educação, esquecendo este sindicato cada vez mais político de quando também em cartaz procuraram semelhanças de Pedro Passos Coelho com a Morte. Bonita a liberdade de expressão de Mário Nogueira, que também deve ter ficado perdida, tal como leccionar, lá para a década de 80/90. Mas o fosso entre sindicalistas profissionais, ou sindicalistas políticos acima de tudo, e trabalhadores não se cinge à FENPROF. Vejamos a CGTP, um clássico aparelho partidário dissimulado num qualquer sindicato para favorecer a "visão" do povo. Vejamos as duas últimas celebrações do 1.º de Maio. Em 2015, Arménio Carlos pedia aos trabalhadores que transformassem “as eleições legislativas no momento alto da luta (…) pondo um ponto final na política de direita e no Governo PSD/CDS” que, dizia, tinha “destruído 500 mil postos de trabalho” e “centenas de milhar foram obrigados a emigrar.” Era o Arménio Carlos na versão sindicalista musculado, fortíssimo na defesa dos interesses do tecido sindical e dos trabalhadores. Ora... em 2016, o líder da CGTP tirou o meio milhão de
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desempregados do discurso e esqueceu os 20 mil postos de trabalho que se perderam no primeiro trimestre. Temos Arménio Carlos em versão sindicalista ou esquerdalho alzheimeriado com o passado recente? Foi tão meiguinho para a geringonça, suportada pelos seus camaradas do comité central, que até teve que justificar a mobilização deste ano como um ataque ao governo anterior. Um governo que já não existe há meses, diga-se. Isto é no mínimo caricato e, factualmente, prova do clubismo existente na CGTP. Eu bem sei que Arménio Carlos prometeu umas jornadas de luta aqui e ali, já removendo o célebre "governo para a rua" – é natural, por via da ancoragem do PCP ao PS- , mas a CGTP deve estar a ressacar, mais do que nunca na sua história, por não ter um governo em que bater. A geringonça está com força aparente porque os custos do seu colapso seriam imensos para todos os envolvidos, ao ponto de concordarem até nos pontos em que discordam. O objetivo é simples: manter as bases despertas e o eleitorado seguro. Portanto, na hora da verdade, ou muito me engano ou a montanha de protestos prometidos pela CGTP vai parir um rato. E isto encerra um problema tremendo no futuro do movimento sindical. Ao suavizar drasticamente os problemas do país, e especialmente os dramas dos trabalhadores, a CGTP colou-se definitiva e descaradamente a António Costa. É ventríloqua do governo em vez de ser porta-voz dos trabalhadores e do povo. Já a cheirar a 2011. Número após número, relatório após relatório, instituição atrás de instituição, não há nada nem ninguém que não reveja em baixa as previsões para a economia portuguesa. Só o Governo e os seus parceiros não parecem (CGTP e FENPROF também) estar minimamente preocupados com o assunto sustentando o meu receio daquilo que de facto quiseram: o poder a todo o custo e custe o que custar. Afinal de contas há prioridades e conduzir uma campanha eleitoral é muito mais importante do que governar um país... António Costa é um candidato permanente que tem como hobby ser primeiroministro.
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Alexandre Graça, Fernando Chumbinho, Débora Jerónimo, Teresa Godinho, Marília Gonçalves e Cristina Kaysyn
Olhão é potência na esgrima nacional A esgrima portuguesa já viveu melhores tempos no contexto internacional e o Rio de Janeiro’16 serão os segundos Jogos Olímpicos consecutivos em que o nosso país não estará representado na modalidade. Isso não significa que não haja talento, antes pelo contrário, e Olhão, mais concretamente a Esgrimalgarve, é uma das maiores potências nacionais, sobretudo nos escalões jovens. Se depois vão mais longe ou não, depende da sua dedicação e empenho, mas também de uma aposta séria do governo na esgrima. Texto:
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equipa da Esgrimalgarve esteve em grande destaque nos Campeonatos Nacionais de Esgrima que decorreram recentemente na Brandoa, trazendo para Olhão sete medalhas em masculinos e femininos, nas idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos. Assim, liderados pelo professor Marco Rojo, Débora Jerónimo sagrou-se campeã nacional, Teresa Godinho foi vicecampeã nacional e Marília Gonçalves e Cristina Kaysyn ficaram em terceiro lugar ex-aequo, todas em sabre. No escalão masculino, Alexandre Graça é o novo campeão nacional de sabre, com Fernando Chumbinho a ocupar a segunda posição do pódio na mesma arma. A isso somou-se um terceiro lugar por equipas em espada, pela diferença mínima de um ponto para a medalha de prata. Uma prestação de altíssimo nível que, porém, não veio interromper a rotina habitual dos cerca de 15 atletas da Esgrimalgarve, uma equipa que foi a evolução natural do clube de esgrima que existia na Escola EB 2,3 Dr. Alberto Iria, em Olhão, desde 2000, e que treina todas as segundas, quartas e quintas-feiras ao final da tarde. “Melhor era bastante difícil, porque levamos oito atletas e trouxemos seis medalhas individuais. Foram cinco raparigas e só quatro é que podiam subir ao pódio e, nos rapazes, foram três e dois ficaram no primeiro e segundo lugar”, analisa Marco Rojo, indicando que Alexandre Graça é o que está há mais tempo a treinar consigo, há cerca de quatro anos. O feito dos esgrimistas algarvios é ainda maior se percebermos que alguns deles jogaram contra adversários de um escalão 35
etário acima do seu, já para não falar da batalha inglória que é preciso travar para se cativar atletas para esta modalidade. “A concorrência com o futebol é extremamente desleal e ainda bem que há alguns miúdos que não se interessam pela bola, ou que não têm muito jeito para ela, e optam por outros desportos. Como sou professor numa escola, convivo com eles todos os dias, alguns pedem para experimentar por curiosidade e vão ficando”, conta o treinador, sem esquecer o impacto que os resultados alcançados pela Esgrimalgarve tem junto dos mais novos. “Quando um destes atletas chega à escola, depois de uma prova que aconteceu durante o fim-de-semana, com uma medalha ao peito e fotografias dos sítios todos por onde andou, os outros ficam também com o bichinho. Tentamos sempre conciliar a participação nos torneios com atividades lúdicas e culturais. Se formos ao Porto, no regresso paramos em Conímbriga para eles conhecerem as ruínas. Se vamos a Mafra, visitamos ao Convento. Em Lisboa, vamos ao Parque das Nações, ao Centro Cultural de Belém ou à Fundação Calouste Gulbenkian. Queremos que eles saibam que há mais mundo para além de Olhão e do Algarve”, indica Marco Rojo. Uma estratégia que tem surtido resultados mas que só é possível graças ao apoio concedido, desde 2015, pela Câmara Municipal de Olhão através da celebração de contratos-programa para a equipa participar em torneios internacionais. E assim se proporcionou que Alexandre Graça, Fernando Chumbinho e Débora ALGARVE INFORMATIVO #59
Jerónimo tenham ido jogar a Barcelona, em abril, com Alexandre a ficar a meio da tabela, resultado muito bom na opinião do entrevistado. “Depois, foram visitar a Sagrada Família e o Estádio do Barcelona. Claro que os colegas depois também querem ir nestes passeios mas, para isso, têm que praticar esgrima e serem bons”, afirma Marco Rojo. “E antes disso já o Hélder Farroba (atleta em cadeira-de-rodas) tinha conquistado a medalha de bronze num torneio em Madrid”. Ser bom que, como se adivinha, não é para qualquer um, embora o professor reconheça que, às vezes, aparecem os tais prodígios, jovens que nasceram para a esgrima, que aprendem com grande facilidade e que têm um desenvolvimento motor acima da média. “Outros, naturalmente, sentem mais dificuldades no seu trajeto e eu, se tivesse que escolher entre um atleta muito trabalhador, e um muito talentoso, provavelmente escolheria o primeiro. A esgrima é uma modalidade extremamente difícil, exige um treino bastante intenso e obriga a uma capacidade de entrega e perseverança muito grandes”, avisa Marco Rojo, reconhecendo que muitos atletas se desmotivam quando as primeiras competições correm mal. “O bom atleta é aquele que já perdeu muitas vezes, é difícil começar logo a ganhar”.
Jogar xadrez com uma espada Em termos físicos, o responsável da Esgrimalgarve ressalva que os praticantes ALGARVE INFORMATIVO #59
mais altos têm alguma vantagem inicial por se conseguirem manter a uma distância superior dos adversários, mas uma maior velocidade do mais baixo pode compensar a falta desses tais centímetros. A grande diferença de nível pode acontecer, porém, devido a fatores psicológicos, à velocidade de raciocínio, à capacidade de concentração, ao pensamento estratégico, sustenta Marco Rojo. “Na esgrima existem infinitas soluções e possibilidades e ninguém tem sucesso apenas por mecanizar movimentos. É um jogo de xadrez a alta velocidade e é impossível para um atleta memorizar todas as ações que podem acontecer e o contexto em que elas podem ocorrer”, garante o antigo praticante. “É óbvio que é preciso um trabalho de repetição de determinados movimentos para que se aprenda a executá-los bem tecnicamente, mas depois é a criatividade de cada atleta que determina quais os movimentos que ele vai utilizar para atacar. Ao mesmo tempo, tem que observar o adversário, tentar prever o que ele vai fazer e preparar uma defesa e contraataque. E também tem que saber induzir o adversário a fazer algo, preparar uma armadilha para o vencer”. Se as semelhanças são muitas, a principal diferença é que um jogo de xadrez pode demorar várias horas, enquanto, na esgrima, a ação acontece em meros segundos, pelo que o processo de tomada de decisão e sua execução devem ser bastantes rápidos. “A esgrima é um jogo inteligente e 36
Alexandre Graça, Fernando Chumbinho e João Rocha
desenvolve a capacidade de observar uma situação, procurar uma resposta que solucione aquele problema, aplicar a opção escolhida e analisar se está a surtir o efeito desejado ou não. E, como em qualquer desporto de combate, a esgrima promove a interação pessoal”, sublinha o professor, fazendo uma comparação simples com o atletismo. “Nos 100 metros, um atleta só precisa de um cronómetro e de ter 100 metros retos à sua frente para treinar e ser campeão olímpico ou do mundo. Na esgrima, podemos preparar as melhores estratégias do mundo, mas temos um adversário pela frente e não fazemos a mínima ideia o que ele vai fazer”, aponta. Neste sentido, total concentração no que se está a fazer é fundamental e a 37
mínima hesitação ou distração pode significar a diferença entre a vitória e a derrota, como aconteceu ainda agora na Taça do Mundo de Paris. “Tivemos lá um atleta de espada que foi eliminado no quadro de 64 porque, a 30 segundos do fim, hesitou entre uma ação e outra. Demorou meio segundo a tomar uma decisão, mas foi o suficiente para levar o toque que definiu o combate”, lembra Marco Rojo. “Quando um atleta entra em pista, é como se o resto do mundo desaparecesse. A única coisa que nós, treinadores, desejamos é que ele consiga estar concentrado a 100 por cento no adversário e que não ouça nada do que se passa no recinto a não ser a nossa voz. Contudo, às vezes notamos alguma coisa, queremos dar
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Débora Jerónimo, Marília Gonçalves, Cristina Kaysyn e Teresa Godinho com as suas medalhas de ouro, prata e bronze
uma indicação ao nosso atleta, mas ele nem sequer escuta os nossos gritos”.
Sem concorrência não se cresce Para os menos entendidos na matéria, a Esgrima não se resume à espada, existem ainda as modalidades de sabre e florete e é bastante raro que um atleta domine as três variantes, por serem armas com diferentes características e regras de jogo. Assim, há que escolher, numa fase inicial de aprendizagem, qual a arma de eleição, uma escolha que pode ser feita pelo próprio aluno ou pelo professor. “Se um atleta de outro clube treina três vezes por semana com espada, e o meu atleta divide os dias entre a espada, o sabre e o florete, é normal que, no dia da ALGARVE INFORMATIVO #59
competição, o adversário parta em vantagem. Por isso é que há clubes que só praticam uma arma. Nós temos as três, o sabre é o nosso ponto forte, algumas miúdas estão também na espada e o Hélder Farroba joga com florete”, diz-nos Marco Rojo. “O problema é quando um atleta obtém bons resultados em mais do que uma arma, gera-se uma dor-de-cabeça positiva. Nessas situações, é ver em qual arma o atleta se diverte mais, de qual retira mais prazer”. De regresso ao início da conversa, percebe-se, então, que os atletas iniciados da Esgrimalgarve dominam no sabre a nível nacional, tanto em masculinos como femininos, mas o fosso para o panorama internacional é ainda grande, o que não surpreende 38
num país que está praticamente todo virado para o futebol. “Para se obter melhores resultados além-fronteiras é preciso mais ritmo de jogo, de competição, mas não há mais clubes no Algarve, treinamos apenas uns com os outros, o que limita a capacidade de cada um evoluir. O Alexandre Graça, por exemplo, está num patamar muito acima dos colegas, é campeão nacional de iniciados, ganhou o campeonato de cadetes no ano passado, que é o escalão acima do dele, e ficou entre os oito primeiros nas duas últimas provas do circuito adulto absoluto. Na última final, ganhou ao adversário, que é também da nossa equipa, por 15-3”, salienta Marco Rojo. Prosseguindo com a sua análise, o treinador entende que o seu pupilo necessita treinar com atletas do mesmo nível, ou mesmo superior, para evoluir, o que não vinha acontecendo até há bem pouco tempo. “Ele estava a ganhar competições com tanta facilidade que isso poderia levá-lo a pensar que não precisava treinar muito para vencer. Assim, o objetivo de inscrevê-lo em provas mais duras, no estrangeiro, é para que perceba que, afinal, ainda está bastante longe daquilo que pode atingir”, revela o entrevistado. “2015 foi o primeiro ano dele como Iniciado e nós fomos jogar uma prova do Circuito Europeu de Cadetes em Londres, com um nível altíssimo. Apanhou miúdos dois ou três anos mais velhos do que ele, húngaros, russos, japoneses, alemães, norte-americanos, australianos, italianos, deu três toques num, os outros combates perdeu todos a zero. Foi bom para ele alargar 39
horizontes, para subir a fasquia para o próximo ano”, entende. Outro problema grave para a esgrima nacional é que um clube italiano, por exemplo, tem quase tantos atletas como Portugal inteiro. A Sala de Armas de Madrid, clube da vizinha Espanha, tem cerca de 200 atletas, quando, no nosso país, estão inscritos na federação entre 500 a 700 atletas, desde os benjamins (-11 anos) até aos veteranos, e desses se calhar metade é que compete regularmente. “Às vezes apanhamos atletas juniores, ou nos primeiros anos de seniores, que alcançam bons resultados, que prometem, que até podiam ir aos Jogos Olímpicos e ficamos todos entusiasmados. Depois, chegamos às provas e eles não aparecem, foram para a universidade, arranjaram uma namorada, começaram a trabalhar, casaram e abandonaram a modalidade”, lamenta Marco Rojo, lembrando que Portugal vai para os segundos Jogos Olímpicos em que não leva atletas de Esgrima. “Há enormes restrições orçamentais que limitam o trabalho dos clubes e da Federação e os próprios atletas têm consciência de que a esgrima não lhes vai garantir um futuro financeiramente viável. Foi o que aconteceu comigo quando tinha 19, 20 anos, parei para pensar e escolhi ir para a universidade”, refere. A própria situação geográfica complica a vida dos esgrimistas portugueses, pois qualquer ida a uma competição mais afastada do que Madrid já provoca alguns embaraços ALGARVE INFORMATIVO #59
Alexandre Graça, Inês Pereira, Débora Jerónimo, Marco Rojo, Marília Gonçalves, Soraia Inocêncio e João Rocha (em cima) e Fernando Chumbinho, Cristina Kaysyn, Beatriz Santos, Luísa Aveiro e Teresa Godinho (em baixo)
económicos aos seus clubes, garante Marco Rojo. Assim, para se inverter o atual panorama, as grandes instâncias têm que apostar forte neste desporto, bastando recordar o que foi feito nos anos 80 e 90 do século passado. “Nessa época, a Federação Portuguesa de Esgrima tinha muito dinheiro e criou dois centros de alto rendimento, um no Porto, para trabalhar o florete, outro em Lisboa, para a espada. Depois, contratou dois mestres húngaros, criou uma seleção nacional e colocou-a a competir nos circuitos internacionais. Resultado: Portugal foi Campeão da Europa em florete. O Joaquim Videira foi Vice-Campeão do Mundo. O João Gomes ganhou Taças do Mundo e foi a três Jogos Olímpicos seguidos. A partir do momento em que acabou esse investimento e começaram
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as restrições financeiras, foi tudo por água abaixo”, conta. Esquecendo o passado e olhando para os próximos meses, a Esgrimalgarve vai participar, nos dias 11 e 12 de junho, no Campeonato Nacional Absoluto onde os Iniciados algarvios vão competir contra adultos para tentar elevar o seu nível individual. Objetivos mais altos estão definidos para a prova que vai acontecer, no dia 9 de julho, no Jardim Pescador Olhanense. “Vamos montar pistas ao ar livre, em frente à Ria Formosa, para as Finais Nacionais do Circuito Infantil e Juvenil, e ai é para ganhar no sabre. Contudo, como vão estar presentes muitos atletas espanhóis, será uma prova com um nível superior ao habitual, vamos ver o que acontece” . 40
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Vânia Beliz andou em viagem pelo Algarve a falar sobre
Educação Sexual «A Viagem de Peludim», de Sara Rodi e Vânia Beliz, é mais do que um simples livro, é uma verdadeira ferramenta em educação sexual direcionada para os mais jovens, designadamente os alunos do 1.º ciclo, porque há que desconstruir certos mitos que se foram instalando na sociedade nos últimos tempos. Não admira, por isso, que as autoras andem constantemente numa roda-viva de norte a sul de Portugal, como foi o caso de Vânia Beliz que, no fim-de-semana de 21 e 22 de maio, participou em workshops e palestras em Albufeira, São Brás de Alportel e Portimão. Texto: ALGARVE INFORMATIVO #59
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epois de participar num workshop em Albufeira da parte da manhã do dia 21 de maio, Vânia Beliz rumou a São Brás de Alportel, onde iria realizar uma palestra, à tarde, na Escola Secundária José Belchior Viegas. Consigo trazia o livro «A Viagem de Peludim», do qual é coautora, em parceria com a guionista Sara Rodi, sendo as ilustrações de Célia Fernandes, uma obra que pretende suprir uma lacuna existente no mercado no segmento dos mais jovens. “Sou funcionária pública numa autarquia, sempre estive ligada ao acompanhamento, nas escolas, dos Projetos de Educação para a Saúde, e notava que havia uma grande falta de materiais, de recursos para trabalhar estas questões. Como achamos que determinados assuntos devem ser encarados o quanto antes, decidimos avançar para o pré-escolar e para o 1.º ciclo”, explica a Psicóloga Clínica, que tem igualmente uma Pós-Graduação em «Perturbações da Ansiedade e do Medo» e um Mestrado em Sexologia. A par da história de Peludim, o livro inclui uma vertente mais dirigida aos pais, professores e educadores, com uma série de propostas que como trabalhar os seus conteúdos, de como ajudar a explorar os temas e a responder às perguntas que possam surgir. E isto porque, apesar de estarmos no século XXI, o tema da Educação Sexual ainda não é pacífico e gera diversos equívocos. “As pessoas ainda têm muita dificuldade em perceber o que é a Sexualidade e associam-na simplesmente a uma das suas variáveis – a relação sexual – e isso
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é uma grande limitação. A nossa sexualidade começa a partir do momento em que nós existimos, mesmo sem termos nascido ainda”, esclarece a simpática entrevistada, enquanto preparava as coisas para a palestra. “Os pais acabam muitas vezes por projetar, naquele bebé que está a caminho, uma série de fantasias de acordo até com o seu próprio género. Consoante seja um menino ou uma menina, todo o universo é preparado para a chegada daquela criança”. Vânia Beliz entende, assim, que todos os pais fazem Educação Sexual de forma inconsciente e isso nota-se logo quando se começa a decorar o quarto da criança, cor-de-rosa se for uma menina, azul se for um menino. “A principal ocupação das crianças nos primeiros anos de vida é brincar e isso é precisamente aquilo em que mais as limitamos, às vezes sem nos apercebermos. Daí que uma parte do nosso livro incida sobre o «Quem Sou?», para ajudar os pais e as crianças a refletir sobre esta necessidade de se dar liberdade de escolha ao brincar e aos papéis que as crianças experimentam através das brincadeiras”, indica, confirmando que refilar com uma filha por jogar à bola ou com um filho por brincar com bonecas não é benéfico para as suas autoestimas. “Sabemos que há muitas crianças que deixam de experimentar determinadas coisas porque os pais lhes fecham esse universo, por medo, por receio, porque foram educados assim, porque eles também não
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Vânia Beliz na Escola Secundária José Belchior Viegas, em São Brás de Alportel
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tiveram esse espaço. Mas não queremos mudar a cabeça dos pais, simplesmente ajudá-los para que os filhos tenham um futuro mais feliz”, esclarece.
género são bastante complicadas e acreditamos que a Educação Sexual começa em casa e é complementada na escola”.
A verdade é que a Educação Sexual continua a assustar muitos pais, por recearem o modo como a própria sociedade vai olhar para os seus filhos de acordo com as suas atitudes e opções de vida, por exemplo, se não forem heterossexuais. Vânia Beliz avisa, porém, que a orientação sexual de uma pessoa não se define nos primeiros anos de vida. “Não é por um menino brincar com uma boneca que ele é gay. É preciso desconstruir esse mito. Quando os meninos brincam com bonecas, muitas vezes estão a reproduzir o papel da paternidade, da necessidade de cuidar do bebé, como os pais mais modernos também fazem. Estas questões de
Um problema que se nota frequentemente, porém, é que a educação sexual dos mais velhos, nomeadamente dos nossos pais, é influenciada pelas suas crenças, cultura e religião, o que implica que, na escola, através de uma educação sexual mais formal, se tenha que normalizar ou evitar os estereótipos, ou seja, transmitir as informações sem juízos de valor. E algumas dessas questões mais complicadas de explicar aos mais novos são respondidas noutra parte de «A Viagem de Peludim», que aborda o «Como é que eu nasci?» e o «De onde é que eu vim?». “Os pais optam por falar das sementinhas e das cegonhas. ALGARVE INFORMATIVO #59
Estive ontem numa escola no Alentejo e um menino disse-me que o pai tinha comprado a semente dele no Continente. Uma menina contou que desejava ter uma mana, mas o pai não queria e, por isso, atirava pedras às cegonhas”, revela Vânia Beliz, com um sorriso. “Quando pensamos que as coisas estão mais avançadas, percebemos que, afinal, isso não corresponde à realidade”.
Os efeitos da Ditadura e da Casa Pia Em conversa informal entre um workshop e uma palestra num fim-desemana bastante movimentado por terras algarvias, Vânia Beliz reconheceu que o processo da Casa Pia originou um grande retrocesso na forma como se aborda a Educação Sexual e todas as questões que giram em torno dela. “Os pais ficaram super assustados com os abusos e a violência sexual e isso fez com que tivessem medo de falar destas coisas com os filhos”, justifica, observando igualmente que muitos pais sentem uma grande insegurança na sociedade em que vivemos. “Têm necessidade de frequentar workshops para controlar as birras, para ajudar os filhos a comer, para lhes tirar a fralda. Ninguém ensinou aos nossos pais e avós como é que isso se fazia, era algo intuitivo, ou aprenderam com a experiência e no seio familiar. Agora, os pais têm muito pouco tempo e procuram respostas que os ajudem na sua missão de serem perfeitos. Ora, temos que perceber que nada é perfeito
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e é normal que os pais tenham momentos em que falhem, porque os filhos também falham, e temos que saber lidar com isso”, defende a psicóloga sexual. Nesta caminhada, os pais têm também que perceber como foi a sua própria educação sexual, o que é que os seus progenitores lhes contaram, como é que eles se sentiram aquando da transmissão dessas informações e, acima de tudo, há que saber lidar com as limitações de cada um, frisa a entrevistada. “Se temos um casal de pais que não lida bem com a homossexualidade, ou com o facto de saberem que o filho toca no pénis e que a filha toca na vulva, há que ajudá-los a perceber que essas situações são comuns e normais, mesmo que não façam muito sentido nas suas cabeças”, aponta Vânia Beliz, revelando que «A Viagem de Peludim» recebeu os pareceres positivos da Confederação Nacional de Associações de Pais, do Instituto de Apoio à Criança, do Instituto de Educação da Universidade do Minho, entre outras entidades. “Tentámo-nos munir de alguns parceiros, alguns padrinhos deste projeto, que mostrem aos pais, às famílias, à comunidade que educa as crianças, que esta poderá ser uma ferramenta importante para ajudar a responder a algumas perguntas mais complicadas”, sublinha a autora. Outra realidade dos tempos modernos é que muitos adolescentes acabam por estar melhor informados
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sobre esta temática do que os próprios progenitores, já que existe um mundo de informação à solta na internet, mas nem sempre isso é positivo, acautela Vânia Beliz. “Os nossos pais foram educados antes do 25 de abril, os nossos avós viveram sempre num período de ditadura e isso gerou um problema delicado. Os homens, naquela época, eram incentivados a procurar sexo pago para se satisfazerem porque a mulher estava simplesmente dedicada ao lar e à família. Na mulher, a questão da sexualidade praticamente não existia. São essas as nossas raízes, portanto, não é fácil, de um momento para o outro, passarmos do 8 para o 80, que é esta banalização que está a acontecer junto da nova geração”, afirma, preocupada. “Os jovens têm acesso, através da internet e de outros meios, a informação muito rápida e que, na maior parte das vezes, é perigosa, por não ser verdadeira”, enfatiza. Vânia Beliz não se espanta, por isso, quando vai realizar workshops e palestras a escolas e se apercebe que faltam bases fundamentais às novas gerações, lacunas de conhecimento que colocam em risco os nossos filhos. “Os pais não têm muito à vontade para falar com eles sobre isso, porque foram educados noutra altura, e estes miúdos parecem saber muita coisa e querem falar de assuntos bastante atuais como a poligamia ou o swing, banalizando até 49
um bocadinho a questão da intimidade, mas falta-lhes as tais bases”, descreve, assistindo também a uma grande diferença de atitude dos pais para com os filhos consoante sejam rapazes ou raparigas. “Os pais continuam a dar muito enfase à genitália, ao pénis. Os bebés nascem, tiram-lhe uma fotografia e dizem ‘tem aqui um pénis como o pai’. Há uma valorização do órgão genital masculino, que depois gera bastantes problemas aos adultos, principalmente quando existe a disfunção. O homem centra-se muito no pénis, é o seu órgão central, de poder, de masculinidade. Por outro lado, continua-se a dizer às meninas que não podem fazer determinadas coisas por serem meninas e isso faz ALGARVE INFORMATIVO #59
com que muitas mulheres sintam, posteriormente, dificuldades em falar de prazer, de satisfação sexual”.
Pais têm que se envolver na Educação Sexual Já se percebeu que a Educação Sexual é um tema, de facto, com muito pano para mangas, mas Vânia Beliz mostrase particularmente preocupada com a erotização infantil, isto é, com os pais permitirem que, desde bastante cedo, as raparigas se vistam de determinada forma e se portem quase como miniadultos. “Assistimos a uma banalização do corpo com a utilização de roupas demasiado pequenas. As miúdas, atualmente, e devido a questões ambientais e da alimentação, desenvolvem-se mais cedo e não têm a noção que, aos 11 anos, mesmo tendo maminhas, devem ter alguma proteção à sua intimidade. Não tem a ver com pudor, mas com o facto do corpo ser algo especial que devemos proteger”, reforça a entrevistada, lembrando que uma em cada cinco crianças é vítima de violência sexual. “A melhor forma de proteger as crianças é através da Educação Sexual e explicar-lhes, desde cedo, que não é «pipi», mas sim vulva e vagina, e que não é «pilinha», mas sim pénis e testículos”. Compreende-se, por isso, que existam diretrizes do Ministério da Educação para se trabalhar as temáticas da Educação Sexual logo a partir do 1.º ciclo e de acordo com os níveis de
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escolaridade, mas no pré-escolar já se fala do corpo e exploram-se algumas dessas questões. “É nesta fase de desenvolvimento da criança, dos 4, 5 anos, que elas aprendem uma série de conhecimentos e que estão bastante curiosas. E, se lhe negarmos essa informação, vão tentar satisfazer a sua curiosidade de outra maneira”, aponta Vânia Beliz, entendendo que as famílias não podem ser colocadas à parte neste processo, mas que também não deve existir um programa específico de Educação Sexual. “Tem que ser integrado nas áreas de formação, nas ciências, matemática, português e geografia, etc. No préescolar, também deve ser trabalhado de forma natural, porque, quando a educadora leva um menino à casa-de-banho, há uma menina que lhe mexe no pénis e a educadora diz-lhe que não deve fazer isso, isso é Educação Sexual”, salienta. Ajudar os pais e os professores a compreenderem as suas limitações, e a ultrapassá-las, é, então, fundamental para se trabalhar a Educação Sexual sem estereótipos ou juízos de valor e Vânia Beliz sente que iniciativas como as palestras e workshops que veio realizar ao Algarve são bem-vindas, que geram frutos. Prova disso é que é frequentemente convidada para ir a escolas dar a conhecer «A Viagem de Peludim» e, garante, nenhuma pergunta fica sem resposta. “Temos um projeto especial para as
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entidades e municípios, que podem adquirir um pacote que pode incluir uma palestra para o público em geral, um workshop para os pais, uma formação para os professores, aquilo que desejarem oferecer à comunidade. Claro que tudo funciona melhor de boca-a-boca e é mais fácil ter um auditório cheio para aprender a lidar com as birras, do que para falar de Educação Sexual. Também seria mais fácil encher os espaços se publicitasse estes eventos como «Prevenção da Violência Sexual», mas não queremos dar esse aspeto negativo da sexualidade”. A finalizar a conversa, Vânia Beliz deixou o apelo para que os governantes nacionais compreendam que a Educação Sexual está ligada à Saúde e ao Bem-Estar das crianças, pelo que 51
deverá ser realizada uma nova avaliação das necessidades, para além de se dar formação aos professores e fornecer mais recursos pedagógicos aos pais e educadores. “Só assim é que vamos conseguir combater este desfasamento entre os nossos pais que não nos explicavam nada, aos nossos filhos, que aprendem tudo na internet. E este tema deve ser trabalhado desde muito cedo e até ao secundário, quiçá até às universidades. Em Medicina, por exemplo, fala-se muito de anatomia, mas pouco de sexualidade. Sexualidade não é exclusivamente relação sexual. É respeito, amor, sentimentos, reconhecimento, uma série de coisas que as pessoas descuidam, porque se focam apenas no sexo” .
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ECONOMIA
MAR SHOPPING ALGARVE PROJETADO PARA OFERECER MELHOR EXPERIÊNCIA DE COMPRAS E LAZER NA REGIÃO Foram essencialmente dois os desafios colocados aos gabinetes de arquitetura que conceberam o Complexo Comercial do MAR Shopping Algarve, que integra, além do centro comercial, o Designer Outlet Algarve, uma loja IKEA e uma zona de lazer ao ar livre: conceber um espaço que, mais do que um destino de compras, se afirme como uma alternativa de lazer de qualidade na região. Com projeto conceptual de BDP, o MAR Shopping Algarve será um edifício moderno, com inspiração no estilo escandinavo, enquanto o Designer Outlet Algarve, concebido por ATP, se assemelhará a uma típica vila rural algarvia, exibindo muitos dos
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elementos tradicionais da arquitetura regional. O complexo comercial de 82 mil metros quadrados que está a ser desenvolvido pelo Grupo IKEA em Loulé é formado por três edifícios diferenciados: a loja IKEA, no extremo Este, a qual, tal como acontece no MAR Shopping de Matosinhos, terá acesso a partir do centro comercial, que ficará no centro; a Oeste desenvolve-se o Outlet, que será ao ar livre. O complexo contempla ainda, no seu epicentro, entre o centro comercial e o Outlet, uma área de oito mil metros
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quadrados de importância paisagística, onde se desenvolverão diversas atividade de lazer. O centro comercial MAR Shopping Algarve, concebido pela BDP – Building Design Partnership, um dos maiores gabinetes internacionais de arquitetura, e projeto técnico dos portugueses CPU, Quadrante e Iperplano, disponibilizará 110 lojas, salas de cinema, zona de restauração e serviços. Desenvolve-se ao longo de um «mal» com a mesma orientação do edifício, Sudeste/Noroeste, com amplos espaços vazados entre os dois pisos, potenciando a relação visual e de ambiente dos diferentes níveis. Este caminho estabelece a ligação efetiva entre a loja IKEA e o Outlet, que se localizam nos seus extremos e as entradas que lhes estão próximas. O limite sul do «mal», traduzido numa praça entre as duas entradas aí localizadas, assume a ligação por escadas mecânicas e elevadores ao piso superior e ao estacionamento subterrâneo. Será, por sua vez no limite Norte, em torno de uma segunda praça e da respetiva entrada, que se localizará no piso superior a área de restaurantes e cinema. No piso inferior, sem repercussão no piso mais elevado, existirá um
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corredor comercial dedicado a unidades comerciais de maior dimensão, como Primark, C&A, Zara ou Mango, que estabelece a relação entre a entrada Norte e a entrada Nascente, mais vocacionada para o apoio ao supermercado Pingo Doce – ao lado do qual ficará a Worten – através de uma área de terraço ligada ao estacionamento de superfície através de elevadores e tapetes rolantes. Independentemente da sua relação com a cobertura, os espaços de circulação interiores do centro comercial foram pensados de forma a incluir uma componente de iluminação natural significativa, minimizando os ganhos térmicos correspondentes. Os materiais dos acabamentos interiores foram determinados em função da utilização prevista para os diferentes espaços e com o ciclo de vida que se pretende obter dos mesmos. Assim, as zonas de público terão pavimentos cerâmicos, de pedra natural e de madeira, paredes em painéis fenólicos, cerâmicos e de gesso cartonado e tetos falsos metálicos e de painéis de gesso cartonado.
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ECONOMIA
Seguindo o conceito do design escandinavo, que alia a sofisticação à funcionalidade, e inspirado na luz do Algarve, o projeto do interior do MAR Shopping Algarve tem como elemento distintivo o teto falso do «mal», composto por uma estrutura contínua perfurada, em Barrisol, o qual terá um efeito surpreendente. Por sua vez, o Designer Outlet Algarve, projetado pela ATP architects engineers, inspira-se na arquitetura regional, simulando as ruas de uma típica vila algarvia, onde não faltam as tradicionais chaminés ou as paredes caiadas de branco. Com conceção técnica das empresas nacionais CPU e Afaconsult, terá, numa primeira fase, aproximadamente 70 lojas ao ar livre, dispondo, em conjunto com o MAR Shopping Algarve, de uma oferta única ao nível da diversidade.
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O Centro comercial, Outlet e loja IKEA compartilharão o estacionamento, possuindo um parque subterrâneo com aproximadamente mil lugares, e outro à superfície com capacidade para 2.500 viaturas. Com projeto da empresa espanhola theleisureway, a área de lazer estará articulada com os dois pisos do MAR Shopping Algarve através de escadas mecânicas, que complementação os percursos pedestres que ligarão o nível de estacionamento e o piso superior do centro comercial na zona da varanda exterior que, por sua vez, se localizará junto da zona de restaurantes .
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DESPORTO
LOULÉ REACENDE A TRADIÇÃO DO XEQUE-MATE
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PDX Loulé – Plano de Desenvolvimento do Xadrez em Loulé, uma parceria entre a autarquia louletana e jogadores do concelho, já dinamiza a modalidade na região. Prova disso é que 30 xadrezistas de seis nacionalidades, residentes entre a Andaluzia e o barlavento algarvio, participaram no Torneio de Abertura do PDX Loulé. O Algarve sempre teve xadrezistas de eleição, sendo vários os títulos individuais e coletivos que, ao longo das últimas décadas, foram atribuídos pela Federação Portuguesa de Xadrez a jogadores e clubes do distrito de Faro, onde,
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nos anos 90, os campeonatos nacionais de jovens se realizaram anualmente. Mas podese recuar muito, muito mais, no tempo para perceber por que é que a relação entre a região e a modalidade, às vezes muito intensa, outras mais espaçada, nunca foi radicalmente rompida. O xadrez é um jogo milenar cuja origem não é claramente conhecida. Há quem sustente que a sua raiz é o chaturanga – que significa qualquer coisa como «As quatro divisões do exército» (a infantaria, a cavalaria, os elefantes e as carruagens, comandadas pelo
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Rei coadjuvado pelo seu conselheiro) –, jogo que se praticava no século VII na zona da atual Índia. Daí chegou à Pérsia, onde ficou conhecido por chatrang, e quando esta foi conquistada pelos árabes, o jogo espalhou-se pelo norte de África sob a designação de shatranj. O nome do jogo, tal como as regras, continuou a sofrer alterações de acordo com a fonética e a ortografia dos povos que o receberam, e o chaturanga, que no nordeste africano já era designado por shatranj, no noroeste ficou conhecido por shaterej. Com a conquista da península ibérica, a partir de 711, o shaterej foi pela primeira vez introduzido na Europa, evoluindo em Al-Andalus para ajedrez e em AlGharb, o ocidente andaluz, para xadrez. Na Europa central e oriental, os pontos de contacto com outras comunidades árabes fizeram com que o nome do jogo mantivesse uma ligação à fonética original: a designação shatranj foi substituída por versões da palavra
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persa shah (Rei) que também foi acolhida no latim (ludis scaccorum, jogo dos reis), sendo o jogo conhecido atualmente na Itália por scacchi, na Holanda por schaken, na Alemanha por schach. Em português, esta linha evolutiva também teve influência na criação do glossário da modalidade: o famoso «Xeque!» é um aviso dirigido ao sheik, o soberano, e o sempre desejado xeque-mate, de shah mate (o Rei não pode escapar), determina o fim da partida. Foi no Al-Andalus, território hoje integrado na Andaluzia e no Algarve, que surgiram alguns dos mais destacados praticantes e teóricos do jogo. Algumas fontes indicam Xannabus ou Xanbras (Silves? Estômbar? São Brás de Alportel?) como local de nascimento de Ibn Ammar, poeta, político e xadrezista que no século XI, ao vencer uma partida ao Rei Afonso VI de Castela, conseguiu convencelo a desistir de tentar conquistar a taifa de Sevilha, governada pela família dos Abádidas.
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DESPORTO A Península Ibérica, onde no século XIII surgiu uma das primeiras obras escritas sobre o xadrez (Libro de los Juegos – Libro de Acedrex, Dados e Tablas, mandado compilar pelo Rei Afonso X de Leão e Castela), foi o local onde a modalidade foi mais pulsante até ao Renascimento, com uma comunidade de xadrezistas encabeçada por Pedro Damiano, de Odemira, e Ruy Lopez, de Segura, este último o inventor da célebre e actual Abertura Espanhola. Com o apogeu do Renascimento, também o xadrez passou a bater mais forte em Itália, com Paolo Boi, e depois, com o Iluminismo, a modalidade atingiu novo apogeu em França, com Philidor. A influência das rainhas europeias e da igreja católica também influenciou decisivamente o jogo: - A infantaria do chaturanga deu origem ao peão (em alguns países com o significado de soldado de infantaria, noutros, como na Alemanha (bauer) e na Espanha (peón), de agricultor); - A cavalaria indiana ficou associada aos cavalos (em algumas línguas com o significado de cavaleiro (knight, em inglês), noutros como cavalo de salto (springer, em alemão); - Os elefantes deram origem aos bispos (em alguns locais, aos bobos da corte – Fou, em francês -, aos mensageiros – goniec, em polaco -, aos atiradores – strelec, na República Checa). Em Espanha, o bispo ainda se chama alfil, de al-fil, o elefante); - As carruagens tornaram-se torres (tour em francês; em russo traduzem-se por navios (ladya), em indonésio como castelos (benteng), na Estónia como vagões (vanker)); - O conselheiro/vizir passou a Rainha ou Dama (Donna, em Itália), embora fora da Europa haja alguns países que identifiquem esta peça no género masculino. Mesmo na Europa, na Estónia esta peça traduz-se por bandeira (lipp). Na Rússia (ferz) e na Turquia (vezir) o nome da peça ainda está próximo do firz original. No século XV esta peça ganhou mobilidade e alcance, destronando a Torre como peça de ataque mais valiosa;
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- O rei é que sempre se manteve rei, embora em alguns casos com neologismos (no Japão é kingu, do inglês king). É esta herança e intercâmbio cultural que o PDX Loulé pretende divulgar e potenciar, bem como promover os benefícios associados à prática da modalidade no âmbito da saúde mental e do processo de tomada de decisões, tendo sido realizado, no dia 22 de maio, na Sala da Assembleia Municipal de Loulé, o Torneio de Abertura do Plano de Desenvolvimento do Xadrez em Loulé. Compareceram 30 xadrezistas, 10 Damas e 20 Reis, com idades entre os 8 e os 67 anos, representantes de seis nacionalidades diferentes (22 portugueses, 3 espanhóis, 2 alemães, 1 francesa, 1 holandesa e 1 brasileiro), todos residentes entre a Andaluzia e o barlavento Algarvio, que desta forma fizeram o primeiro lance na reativação do xadrez no Algarve. Para a História, fica a vitória de Oliver Jurado Perez, do Club de Ajedrez Esuri, de Ayamonte, ex-aequo com Javier Jesus, seu colega de equipa. O pódio fechou com Gunter Diete, da ADC Faro. Pedro Martins, de Salir, foi o estreante melhor classificado (4.º da geral), Tomás Mendes, de Loulé, venceu no escalão de formação (6.º da geral) e Cláudia Monteiro, da AC Alte, venceu o escalão feminino (9ª da geral). Os vencedores e os estreantes foram presenteados com doces e bebidas regionais. O passo seguinte passa pela constituição de novos órgãos sociais na Associação de Xadrez do Distrito de Faro e, na próxima época, pelo reforço do calendário desportivo e pela criação de novos núcleos de praticantes. Entretanto, será realizado o I Circuito de Xadrez de Loulé, que percorrerá as diversas freguesias do concelho, sendo disputado, em cada uma, um torneio cujo resultado será integrado na classificação final do circuito .
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CULTURA
Luís Nadkarni com Nuno Campos Inácio, um dos sócios da Arandis Editora
LUÍS NADKARNI LANÇOU «4 CANTOS DO MUNDO»
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o dia em que assinalava mais um aniversário, Luís Nadkarni apresentou, a 22 de Maio, no Museu Municipal de Faro, o seu terceiro livro, intitulado «4 Cantos do Mundo». O conhecido viajante e aventureiro algarvio optou desta vez por um registo diferente, ou seja, organizou um álbum fotográfico, a preto de branco, com imagens exemplificativas da realidade geográfica, cultural, arquitetónica e histórica de cada uma das terras que tem visitado. Deste modo, o leitor terá ao seu dispor um conjunto de imagens artísticas que o transportará, não para os monumentos e paisagens emblemáticos que ilustram os guias turísticos, os livros didáticos ou as páginas de internet, mas sim o dia-a-dia das localidades, ou
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seja, o que qualquer viajante efetivamente encontra quando visita esses destinos turísticos. Uma ideia que começou a ganhar contornos em janeiro do corrente ano, quando regressou de mais uma das suas expedições, mais concretamente ao sudoeste asiático e à Austrália. “Partilhar as fotografias dos locais que visito sempre foi um dos objetivos das minhas viagens e, depois de ter lançado um livro onde narrava, sobretudo, essas experiências, achei por bem complementar o «As minhas Viagens» com uma obra só de imagens”, justifica Luís Nadkarni, que assim reuniu cerca de 160 fotografias tiradas em 37
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Luís Nadkarni, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, Cristóvão Norte, deputado da Assembleia da República e Nuno Campos Inácio Luís Nadkarni com Paulo Santos, vicepresidente da Câmara Municipal de Faro
Luís Nadkarni com José Carlos Barros, deputado da Assembleia da República
Luís Nadkarni com José Amaro, presidente do Moto Clube de Faro
países, desde Portugal ao Chile, passando pela Austrália, Belize, Cabo Verde, Goa, Macau, Marrocos, China e Brasil, entre outros. “Pretendi mostrar situações do quotidiano, não os típicos postais ilustrados que todos nós conhecemos. São cenas -dia menos vistas e que resultam das minhas experiências pessoais”, reforça.
«4 Cantos do Mundo» foi editado pela Arandis Editora, ao fim de vários meses de montagem e Luís Nadkarni aproveita por agradecer a Fernando Lobo, responsável pela conceção gráfica do livro. “É uma personalidade bastante conhecida nas artes gráficas e fez um trabalho magnífico”, enaltece. Quanto ao futuro, o autor de «As Minhas Viagens» e de «Aventuras de Uma Vida» vai permanecer por terras algarvias nos próximos meses para promover a sua terceira obra, mas já está na calha um novo projeto. “É muito provável que vá conhecer o Japão, mas este Verão vou continuar com os meus voos no Aeródromo Municipal de Portimão” . 61
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ATUALIDADE ALBUFEIRENSES VOTAM PROJETOS DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO 2016
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ste ano são 13 os projetos que se encontram a votação no âmbito do Orçamento Participativo (OP) do Município de Albufeira para o ano de 2017. Das 20 propostas mais votadas durante as sessões de participação pública, duas acabaram por ser fundidas, duas excluídas por não cumprirem os critérios de elegibilidade constantes nas normas de implementação do OP e quatro foram retiradas porque fazem parte de um conjunto de obras já projetadas que irão ser executadas brevemente pelo Município. A recolha de propostas para esta 3ª edição decorreu durante a primeira quinzena do mês de abril em todas as freguesias do concelho, a que se seguiu a fase de análise técnica por parte dos serviços da Autarquia de que resultou a aprovação dos seguintes projetos: 1 - Bicicletas de Uso Partilhado de Albufeira| valor 106 mil euros| telefone: 289 599 661 2 - Instalações Sanitárias para Cães| valor 42 mil euros| telefone: 289 599 662 3 - Parques Lúdicos de Vale Navio e da Falésia| valor 53 mil euros| telefone: 289 599 663 4 - Parque da Família de Vale Faro| valor 150 mil euros| telefone: 289 599 664
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5 - Semáforos com Painéis Solares Fotovoltaicos| 56 mil euros| telefone: 289 599 665 6 - Postos de Carregamento de Viaturas Elétricas| 140 mil euros| telefone: 289 599 666 7 - Requalificação da Estrada dos Salgados| 57 mil euros| telefone: 289 599 667 8 - Contadores Decrescentes em Semáforos| 64 500 euros| telefone: 289 599 668 9 - Requalificação Urbana do Espaço envolvente à Igreja Matriz de Paderne| valor 150 mil euros| telefone: 289 599 669 10 - Espaço Cultural e Intergeracional em Paderne| valor 150 mil euros| telefone: 289 599 670 11 - Área de Serviços para Autocaravanas da Fonte de Paderne| valor 150 mil euros| telefone: 289 599 671 12 - Anfiteatro Natural de Paderne| 150 mil euros| telefone: 289 599 672 13 - Percurso Pedonal e Ciclável de Vale Faro| 150 mil euros| telefone: 289 599 673 Com vista a permitir uma participação o mais expressiva possível por parte de todos os interessados, o Município disponibiliza duas formas de votação consideradas abrangentes e de fácil utilização. Assim, quem desejar votar presencialmente pode fazê-lo no edifício dos Paços do Concelho, nas instalações das Juntas de Freguesia, no Pavilhão Desportivo de Albufeira, nas Piscinas Municipais, na Galeria Municipal Pintor Samora Barros e na Biblioteca Municipal Lídia Jorge no horário de funcionamento dos respetivos serviços. Se optar pela votação telefónica deverá utilizar o número de telefone associado a cada um dos projetos, sendo válido apenas um voto por cada contacto telefónico/telemóvel .
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ATUALIDADE MAIOR QUEIJO FRESCO DE CABRA DE RAÇA ALGARVIA SABOREADO NA TERRA DE MAIO e por ali passaram milhares de visitantes, atraídos pelos sabores e saberes mais genuínos da serra algarvia. À semelhança dos anos anteriores, verificou-se uma grande afluência de público espanhol, o que reforça a importância da cooperação entre os três municípios da Eurocidade do Guadiana: Castro Marim, Vila Real de Santo António e Ayamonte.
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produção ao vivo do maior queijo fresco de cabra de raça algarvia era o grande desafio da 9ª edição da Feira Terra de Maio e foi um sucesso. Centenas de pessoas puderam saborear um queijo fresco com aproximadamente 40kg e 80cm de diâmetro, no qual foram utilizados cerca de 170 litros de leite e 1,5kg de flor de sal de Castro Marim. Os mentores desta iniciativa, Câmara Municipal de Castro Marim e Queijaria do Azinhal, pretendem, numa próxima edição, candidatar a iniciativa ao «Guinness World Records». A Terra de Maio decorreu de 20 a 22 de maio
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Na abertura, na tarde de sexta-feira, marcaram presença o diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Fernando Severino, o presidente, Francisco Amaral, e vereadores da Câmara Municipal de Castro Marim, Filomena Sintra e Nuno Pereira, os presidentes das juntas de freguesia do Azinhal, de Odeleite e de Altura, António Martins, Valter Matias e Nélia Mateus, Cristina Ferradeira, da Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária da Região do Algarve, Maria Manuel Valagão, Bertílio Gomes e Vasco Célio, autores do livro «Algarve Mediterrânico», e a Prof. Carla Almeida, da Universidade do Algarve, entre outras personalidades. Promover a Cabra de Raça Algarvia e os saberes e sabores a ela
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associados, é o mote deste evento, que tem vindo a crescer e a conquistar espaço no calendário de programação cultural do Algarve e também na andaluza. O objetivo do certame é promover produtos locais e regionais resultantes das atividades ligadas à agricultura e à criação de gado, bem como as próprias atividades em si, e também aumentar o volume de vendas através da comercialização direta. O Concurso da Cabra de Raça Algarvia animou mais uma vez o certame. A competição, que escolhe os melhores exemplares da Cabra de Raça Algarvia, contou com a participação de 11 produtores do território do Baixo Guadiana, num total de 55 animais. A entrega de prémios decorreu no domingo. A Cabra de Raça Algarvia é um animal corpulento, que atinge cerca de 50kg em adulto. Com pelo curto, branco e com malhas castanhas de várias tonalidades, a cabra algarvia resulta de um cruzamento entre a cabra charnequeira do Algarve com a cabra marroquina (no séc. XIX) e do cruzamento posterior com a cabra alpina espanhola (no início do séc. XX). O número de efetivos da cabra de raça algarvia está em crescimento no concelho de Castro Marim. Além de ser rentável em termos de produção de carne, a cabra algarvia tem um excelente potencial leiteiro, permitindo não só a comercialização do mesmo, mas também a produção de derivados. O queijo desta cabra é um produto muito procurado e reconhecido pela elevada qualidade e características organoléticas singulares, reconhecido como o queijo mais saudável, sendo já vendido em grandes superfícies comerciais e servido nos restaurantes da região. O Concurso da Cabra de Raça Algarvia foi uma organização da Associação Nacional dos Criadores de Caprinos
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de Raça Algarvia (ANCCRAL) em colaboração com o Município de Castro Marim. Artesanato ao vivo, música popular e tradicional, workshops, exposição de cabras de raça algarvia, ateliês de pão e queijo, passeios de burro, demonstrações de cozinha ao vivo, tasquinhas com variada gastronomia local e da região Baixo Guadiana, recriação da «Vila de Amêijoas» falcoaria, animação infantil, entre muitos outros atrativos, fizeram mais esta Terra de Maio, que se tem sedimentado a cada edição. Nesta edição, destaque para algumas atividades e espetáculos, nomeadamente a apresentação do livro «Algarve Mediterrânico – Tradições, Produtos e Cozinhas», o seminário «Economia Rural/PDR2020/Bolsa de Terras», o desfile «Bioco Tradition», por Lurdes Silva, o «Passeio Fotográfico pela Nossa Serra», do Centro de Cultura e Desporto do Pessoal da Câmara Municipal de Castro Marim, e os espetáculos de Nuno Markl e Vasco Palmeirim, «Top Genius», no sábado, e de «Sangre Ibérico», no domingo .
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ATUALIDADE FARO RECEBE INVESTIMENTO MUNICIPAL SUPERIOR A QUATRO MILHÕES DE EUROS
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oi apresentado, no dia 24 de maio, o saldo de gerência de 2015 da Câmara Municipal de Faro e, caso venha a ser aprovada, na Reunião de Câmara do próximo dia 30 de maio, esta proposta de revisão orçamental contempla um investimento decisivo na melhoria da rede viária e equipamentos públicos, prevendo ainda a recuperação do parque escolar e desportivo e a duplicação de apoios ao associativismo e juntas de freguesia. De acordo com os dados apresentados pelo executivo liderado por Rogério Bacalhau, as
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contas da autarquia farense encontram-se no ponto mais saudável desde que “a crise internacional e um conjunto de opções erradas nos atiraram para o processo de reequilíbrio financeiro que tivemos que enfrentar a partir de Outubro de 2010”. “Num contexto ainda marcado por atribulações económicas, financeiras e políticas, estes resultados são reflexo do trabalho e empenho dos trabalhadores municipais, assim como de uma gestão municipal rigorosa, exigente e com disciplina orçamental, realizada em parceria com as freguesias do concelho e em
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proximidade com os munícipes”, reforçou o edil. Foi ainda revelado que a dívida total do Município, ao nível do Balanço, cifrou-se no valor mais baixo dos últimos dez anos: 43 milhões, 842 mil e 272,78 euros, o que significa que, em cinco anos, a autarquia saldou cerca de 39 por cento da sua dívida total (em 2010 a dívida era de 71 milhões, 725 mil e 953,88 euros). O Município encerrou ainda o ano sem pagamentos em atraso, o que constitui uma novidade em 10 anos de gestão autárquica. No que respeita à receita total, o Município teve uma taxa de execução orçamental de 98,80 por cento, a mais alta dos últimos exercícios. Assim sendo, o valor do saldo de gerência de operações orçamentais do exercício económico de 2015 a transitar para o ano 2016 totaliza cinco milhões, 455 mil e 822,33 euros, dos quais quatro milhões, 286 mil e 222,33 euros reforçarão o orçamento da despesa. Este investimento será distribuído em cinco grandes grupos, conforme anunciado pelo executivo municipal: Programa Faro Requalifica 2, Recuperação de Equipamentos Públicos, Compromisso com o Comércio, Apoios ao Associativismo e Apoios às Juntas de Freguesia. Depois do sucesso do 1.º programa, o Faro Requalifica 2 permitirá continuar a melhorar as condições de circulação e conforto em algumas das mais importantes artérias da cidade e das freguesias. Desta vez, o investimento global do Município será duas vezes superior e cifrar-seá em dois milhões de euros, constituindo o investimento mais importante efetuado nos últimos anos na recuperação da rede viária do concelho. Investir nas escolas será outra prioridade, assim como recuperar a funcionalidade do parque desportivo existente: pavilhões, piscinas, zonas de lazer, parques infantis e outros. “Para além disto, propomos devolver dignidade e limpeza às urbanizações, espaços públicos e recriar zonas verdes dignas de uma
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capital. Tudo por junto, o Município investirá cerca de 1,65 milhões nestas intervenções”, afirmou o executivo. Mas também a preservação do comércio tradicional será contemplada, com o investimento a rondar os 250 mil euros. A Câmara Municipal de Faro também pretende implementar um programa de apoio ao associativismo que permitirá orientar para as associações de apoio social, cultural, desportivo e juvenil uma verba de cerca de 600 mil euros (o reforço é de 300 mil), mais do dobro do apoio pontual retomado no ano transato, retomando uma prática que há muitos anos não acontecia em Faro, dados os constrangimentos decorrentes da situação financeira em que o Município se encontrava. “Finalmente, vai duplicar o apoio financeiro às Juntas de Freguesia do concelho, uma vez que estas nem sempre dispõem de meios suficientes para o desenvolvimento das atividades imprescindíveis ao cumprimento da sua missão. Este ano, o investimento duplicará e fixar-se-á nos 240 mil euros (o reforço é de 120 mil), destinados sobretudo ao arranjo de caminhos”. A equipa liderada por Rogério Bacalhau reconheceu os sacrifícios pedidos aos Munícipes, por via do reequilíbrio financeiro obrigar à manutenção de taxas máximas, entendendo que “é da mais elementar justiça investir a parte mais significativa do saldo da gerência anterior na melhoria dos espaços públicos”. “A presente proposta de revisão orçamental fá-lo, no quadro de uma política ambiciosa de investimento no desenvolvimento do território e no fomento da economia e das atividades associativas – mantendo a premissa sacramental de estar em dia com os nossos compromissos. O Executivo entende ser esta a forma de assegurar que Faro se torna a cada ano, um concelho mais justo, mais dinâmico, empreendedor e solidário” .
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ATUALIDADE LAGOS ADERE AO PACTO DE AUTARCAS PARA O CLIMA E A ENERGIA
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Câmara Municipal de Lagos deliberou, por unanimidade, na sua reunião pública de dia 18 de maio, aprovar a adesão do Município de Lagos ao Pacto de Autarcas para o Clima e Energia. O Pacto dos Autarcas é uma iniciativa da Comissão Europeia promovida pela Agência Europeia para a Competitividade e Inovação, que estabelece o compromisso das cidades signatárias reduzirem em, pelo menos, 20 por cento as emissões de gases com efeito de estufa nos seus territórios até 2020, tal como é referido no Pacote de Medidas da União Europeia sobre o Clima e as Energias Renováveis. A adesão, recomendada pela Assembleia Municipal em março de 2015, comporta igualmente vantagens em termos de financiamentos comunitários, uma vez que o próximo quadro comunitário de apoio contempla um eixo que valoriza a questão da eficiência energética.
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Em 15 de outubro de 2015 foi lançado, pela Comissão Europeia, o novo Pacto de Autarcas que integra também a vertente do Clima, passando a designar-se Pacto de Autarcas para o Clima e Energia, e reúne milhares de autoridades locais e regionais que voluntariamente se empenham na implementação dos objetivos relacionados com o clima e a energia da UE nos respetivos territórios. Assim, os novos signatários do Pacto comprometem-se a reduzir as emissões de CO2 em pelo menos 40 por cento até 2030, e a adotar uma abordagem integrada para lidar com a mitigação, adaptação às alterações climáticas e acesso a energia segura e sustentável. Além de partilhar a experiência e o saberfazer com outras entidades territoriais, o Município de Lagos compromete-se também a apresentar um relatório de aplicação do Plano de Ação, e a organizar Dias da Energia ou Dias do Pacto Municipal, em cooperação com a Comissão Europeia e outras partes interessadas, permitindo aos cidadãos beneficiar diretamente das oportunidades e vantagens resultantes da utilização mais inteligente da energia .
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ATUALIDADE ESPELHO DE ÁGUA DA SEICEIRA INAUGURADO NO AMEIXIAL este espaço será mais um motivo de interesse para estas celebrações.
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freguesia mais distante da sede do Concelho de Loulé inaugurou, no dia 21 de maio, aquela que é a primeira obra nascida do Orçamento do Município de Loulé no Ameixial, relativa à sua primeira edição (2014). Um espelho de água na emblemática Fonte da Seiceira foi a escolha dos cidadãos que se juntaram para decidir sobre um investimento a realizar pela Câmara Municipal de Loulé no Ameixial. Trata-se de um espaço de lazer e convívio para usufruto da população, criado em plena harmonia com a natureza desta localidade da Serra do Caldeirão. Este espelho de água pretende também ser um ponto de atração para os amantes do turismo de natureza que encontram nestas paragens um ponto de visita obrigatória. Por outro lado, uma vez que a Festa da Seiceira no dia 1 de maio constitui um evento que tem vindo a ganhar cada vez mais público,
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Esta obra significou um investimento de cerca de 50 mil euros por parte da Câmara Municipal de Loulé, complementada com alguns arranjos financiados pela Junta de Freguesia do Ameixial. “Hoje o que aqui têm não foi a Câmara que escolheu, foram os ameixialenses que escolheram”, referiu o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo, sublinhando “a importância deste tipo de participação na vida política do Concelho”. “Esta é uma forma diferente de participar na vida pública e que em Loulé está a aplicar-se em todas as freguesias com excelentes resultados”, considerou o presidente da Câmara Municipal. O Orçamento Participativo é um instrumento de participação dos cidadãos na gestão da Câmara Municipal de Loulé, que tem como objetivo principal contribuir para uma participação informada, ativa e responsável por parte dos munícipes nos processos de governança municipal. Até ao final deste mês de maio está a decorrer a fase de apresentação e recolha de propostas da terceira edição, com a realização de 11 sessões/assembleias participativas pelas freguesias do Concelho .
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ATUALIDADE OLHÃO PALCO DA FINAL DA TAÇA DE SUB 18 EM BASQUETEBOL pelos quais ganhámos a realização desta Final da Taça”, destacou Eduardo Cruz.
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Associação de Basquetebol do Algarve, em parceria com a Câmara Municipal de Olhão, candidatou-se e foi selecionada para organizar a Final da Taça de Sub 18 da modalidade, que decorre na cidade olhanense nos dias 4 e 5 de junho. Para o presidente da Associação de Basquetebol do Algarve, Eduardo Cruz, esta candidatura vem reconhecer a atividade que o Ginásio Clube Olhanense tem feito pelo basquetebol. “Este clube de Olhão é um dos pilares regionais da modalidade e foi mesmo o clube fundador da Associação de Basquetebol do Algarve”. “Esta é uma oportunidade de as entidades a nível nacional verem que Olhão tem potencialidades para realizar um conjunto de competições nacionais, que podem projetar o basquetebol e valorizar o que é feito aqui pelo desporto. Gostaria também de ressalvar o apoio que a Câmara de Olhão nos deu desde o primeiro momento, o que foi, sem dúvida, um dos motivos principais
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O Ginásio Clube Olhanense, em cujo pavilhão decorrem os jogos, participou na 2ª Fase Nacional de Apuramento – Zona Sul, tendo ficado a um passo de garantir presença nesta Final da Taça. Marcam presença na Final da Taça o Clube União Sportiva, dos Açores, o Clube Desportivo Francisco Franco, da Madeira, o Galitos Futebol Clube, da Zona Sul, e o Sport Clube Beira-Mar, em representação da Zona Norte. Os jogos disputam-se nos dias 4 e 5 de junho, com jogos agendados para as 15h e 17h de sábado e 9h30 e 11h30 de domingo. Ao todo, serão 64 atletas e respetivas famílias, 8 juízes e staff da organização, que ao longo dos dois dias de competição “terão uma ação relevante na economia local no que diz respeito, por exemplo, ao alojamento e à alimentação”, remata o presidente da Associação de Basquetebol do Algarve, sedeada em Olhão. Parceira desta entidade desde o primeiro momento no apoio à candidatura de Olhão foi a Câmara Municipal. “Este é mais um exemplo da política deste Executivo de promoção da prática desportiva, sobretudo junto dos mais jovens”, considerou o presidente da edilidade, António Miguel Pina .
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ATUALIDADE SILVES RECEBE I CONGRESSO DE GENEALOGIA DO ALGARVE Congresso de Genealogia do Algarve, que arrancará pelas 10h, no Teatro Mascarenhas Gregório. Integrando este evento, serão ainda apresentadas duas novas obras literárias ligadas à história do Algarve, «Sebastião de Vargas – Cavaleiro da Casa Real do Século XVI», de António Horta Correia e «O Recolhimento de São João Baptista de Tavira», obra de Marco Sousa Santos vencedora do Prémio Literário António Rosa Mendes.
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á nove anos, por iniciativa do genealogista algarvio Júlio de Sousa, realizou-se na cidade de Loulé o I Encontro de Genealogistas do Algarve, evento que se repetiu ininterruptamente, pelas localidades algarvias de Loulé, Tavira, Portimão, Faro, Castro Marim, Monchique, Moncarapacho, Alvor e Alcoutim, juntando mais de meia centena de participantes. Este ano, comemorando o X Encontro de Genealogistas do Algarve, a realizar na cidade de Silves, decorrerá o I Congresso de Genealogia do Algarve, dando uma outra forma e dimensão aos encontros de genealogistas algarvios e à genealogia do Algarve. Deste modo, no fim-de-semana de 18 e 19 de Junho, os genealogistas algarvios estarão em trabalho e convívio na cidade de Silves. No dia 18 com o tradicional encontro informal, convívio e troca de informações e no dia 19 com o
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Entre os genealogistas participantes encontram-se nomes como Ana Laginha, António Horta Correia, Custódio Adriano, Fernando Águas, José Cabecinha, José Ferreira Coelho, Lourdes Girão, Luís Soveral Varela, Luísa Pereira, Manuel Costa, Marco Sousa Santos, Maria Elisa Florêncio, Nuno Campos Inácio, Óscar Caeiro Pinto, Segismundo Pinto ou Susana Sousa, entre muitos outros. Para o congresso já estão confirmadas comunicações por parte de António Horta Correia, Aurélio Marcos, João Vasco Reis, José Ferreira Coelho, Luís Soveral Varela, Luísa Pereira, Manuel Costa, Marco Sousa Santos, Nuno Campos Inácio e Óscar Caeiro Pinto, podendo surgir outras comunicações, uma vez que o prazo de inscrição só termina no dia 1 de Junho. As comunicações serão, posteriormente, publicadas em formato de livro .
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ATUALIDADE VILA DO BISPO PRESENTE NO 5.º SALÃO DO IMOBILIÁRIO E DO TURISMO PORTUGUÊS EM PARIS Algarviana e diversos livros sobre a história natural e cultural do território concelhio de Vila do Bispo. Além deste material, foram oferecidas canetas, balões e a prova de queijo de figo produzido em Vila do Bispo.
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concelho de Vila do Bispo marcou presença no 5.º Salão do Imobiliário e do Turismo Português, que teve lugar no Parque de Exposições de Paris – Porte de Versailles, nos passados dias 20, 21 e 22 de maio. O certame realizou-se num pavilhão com seis mil metros quadrados de área de exposição, onde a Câmara Municipal de Vila do Bispo apresentou um espaço de divulgação que seguiu a linha de imagem, o discurso expositivo e os conteúdos estrategicamente desenvolvidos em recentes iniciativas similares (BTN 2015, BTL 2015 e 2016, BOOT Düsseldorf 2016 e Europatag Düsseldorf 2016). Os três representantes de Vila do Bispo contactaram cerca de 2100 pessoas, uma estimativa obtida com base no material de divulgação entregue: guias turísticos, folhetos de alojamento, restauração e animação turística, guias e mapas da Rota Vicentina e da Via
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Na edição de 2015, esta feira contou 180 entidades expositoras, entre empresas, associações profissionais e regionais e municípios, todas dedicadas à promoção de Portugal. Entre os 16 mil visitantes registados em 2015, 12 mil eram luso-franceses, sendo os restantes cidadãos franceses e pontuais empresários de outras nacionalidades. Relativamente aos números oficiais da organização, de 2016, estes ainda não foram disponibilizados. O saldo da participação no 5.º Salão do Imobiliário e do Turismo Português foi considerado bastante positivo, sobretudo como primeira experiência em território francófono que, como se sabe, tem vindo a manifestar um crescente interesse por Portugal, em alternativa aos tradicionais países da orla sul do Mediterrânico. Esta ação de divulgação internacional surgiu na sequência da visita realizada pelo presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares, à sede da Câmara de Comércio e de Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP), integrado numa comitiva de representação da Direção-Geral das Autarquias Locais no âmbito de uma viagem realizada à região Parisiense a convite do Ministério Francês do Interior .
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TURISMO
MONTE GORDO INTEGRA MELHORES DESTINOS DE FÉRIAS PARA O VERÃO 2016
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zona turística de Monte Gordo acaba de ser distinguida pela Trivago e integra o top 10 dos melhores destinos nacionais de férias para o Verão de 2016. Esta seleção cruza as localidades mais procuradas para estadias entre 1 de junho e 30 de setembro de 2016 com os polos turísticos com as melhores avaliações de hotéis.
somam-se muitos outros atrativos como o seu património natural, as extensas praias, a ampla variedade de comércio e restauração, assim como a história e arquitetura de Vila Real de Santo António e Cacela Velha”, destacou Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA.
Foram considerados para este ranking todos os destinos com, pelo menos, 40 hotéis e um rating superior a 75 em 100, pelo que a seleção final apresenta apenas as zonas que conseguiram as melhores médias. “Com esta distinção atribuída a Monte Gordo, o município de Vila Real de Santo António mostra, uma vez mais, a arte de bem receber todos os que nos visitam e prepara já um programa de animação de Verão que vai desde a música ao cinema, passando pelas feiras de época e pelas tradições locais. A tudo isto,
A Trivago.pt é um motor de busca de hotéis que agiliza o processo de pesquisa e reserva, disponibilizando preços de mais de 250 sites de reserva e um milhão de hotéis. O site integra mais de 200 milhões de opiniões sobre hotéis e 15 milhões de fotos. Fundada em 2005, a Trivago opera em 55 plataformas internacionais e o seu motor de busca é consultado por mais de 120 milhões de visitantes todos os meses .
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TURISMO HOTÉIS ALGARVIOS PREMIADOS POR BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS atrativos mais importantes da região”, declara Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve.
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hotelaria do Algarve acaba de ser reconhecida, mais uma vez, pelas suas práticas sustentáveis e amigas do ambiente, através da atribuição do galardão «Green Key» a quatro unidades hoteleiras: Conrad Algarve, Hilton Vilamoura, Vila Galé Albacora e Pine Cliffs Hotel. “É com orgulho que vemos ser galardoadas quatro unidades hoteleiras da região pelas suas boas práticas ambientais e sociais. O Algarve é cada vez mais um destino de turismo de natureza, pelo que é fundamental que entidades públicas e privadas promovam comportamentos sustentáveis que protegem os nossos recursos naturais, que são um dos
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Promovido pela Foundation for Environmental Education e coordenada em Portugal pela Associação Bandeira Azul da Europa, o programa «Green Key» é um galardão internacional que promove o Turismo Sustentável, através do reconhecimento de estabelecimentos turísticos e de restauração que implementam boas práticas ambientais. Procura-se, nomeadamente, a promoção de uma eficiente gestão de recursos naturais, a reciclagem dos resíduos, o uso de produtos de limpeza amigos do ambiente, a preferência por produtos alimentares provenientes de agricultura de proximidade e biológica e a promoção de atividades ao ar livre. Por exemplo, os hotéis com galardão «Green Key» promovem junto dos seus turistas o uso da bicicleta para explorar o meio envolvente. O Algarve tem vindo a assumir-se como um destino de turismo de natureza, com potencialidades únicas para a prática de cicloturismo, caminhadas, observação de aves e turismo equestre, entre outras atividades ao ar livre. A região tem três áreas protegidas e 14 sítios integrados na Rede Natura 2000, o que consagra a sua importância biológica e paisagística em termos europeus .
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FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina
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