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DIA DE SÃO BRÁS GRUPO CORAL OSSÓNOBA FUNDAÇÃO PEDRO RUIVO

JOSÉ SANTIAGO brilhou na Maratona da Muralha da China 1

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OPINIÃO

Daniel Pina - 6

Portuguese spoken here Paulo Cunha - 24

Um livro há muito esperado… Dália Paulo - 26

Os primeiros seis meses… da década! José Graça - 28

Os comunistas ainda comem criancinhas Mirian Tavares - 30

Cabelo na comida Augusto Lima - 32

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CONTEÚDOS Atualidade - 50

Dia de São Brás - 8

Fundação Pedro Ruivo- 34

José Santiago - 16 Grupo Coral Ossónoba- 42

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Já se faz campanha para as Autárquicas 2017 … e vale mesmo tudo… Daniel Pina

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screvo a minha crónica habitual para a Revista Algarve Informativo com a perfeita convicção de que vou apanhar com mais críticas dos eternos defensores da liberdade de expressão – da qual eu sou, também, um eterno defensor – e dos fervorosos adeptos da transparência política – da qual eu também sou, claro, apologista. Assim, valendo-me dessa tal liberdade de expressão, da qual sou defensor, mas não ao ponto de que se diga tudo o que nos apetece sem pensar nas consequências e nos prejuízos que se venham a causar aos outros, vou também despejar para aqui o que me vai na cabeça quando olho para a pré-pré-précampanha eleitoral das Autárquicas de 2017 no Algarve. Não, não cometi nenhuma gaffe, nem me enganei nas datas, é realmente verdade. Ainda falta mais de um ano para as próximas eleições para o poder local, mas diversas concelhias do Algarve já andam no terreno a fazer o seu trabalho e, desculpem-me lá o desabafo, não como jornalista, mas como cidadão e eleitor, não estou a gostar nada do que se tem passado nos últimos meses. Concordo plenamente com a liberdade de expressão, transparência política é muito boa e saudável para a vida democrática, mas o que tenho assistido é, em alguns casos, política suja, feia, negativa, criticar simplesmente por criticar, criar factos políticos onde eles não existem. Se isto se passa a tanta distância das eleições, nem quero imaginar o que nos espera em 2017, mas prevejo uma campanha bastante feia em

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alguns concelhos. E, verdade seja dita, temos de tudo um pouco do sotavento ao barlavento: - Temos casos onde o atual presidente, não se podendo recandidatar a novo mandato, já é mais o tempo que passa fora do Algarve no desempenho de cargos noutras associações ou entidades, do que no seu concelho, e nem houve uma preocupação séria de se preparar atempadamente uma sucessão natural; - Temos casos em que um partido perdeu a câmara municipal por modernices americanizadas do líder da concelhia, o que originou que não tivesse ido a votos o candidato mais correto, e que agora vai fazer das tripas coração para tentar reconquistar o poder; - Temos casos em que a oposição não passa uma semana sem enviar comunicados a criticar esta ou aquela decisão, ou não decisão, do atual presidente de câmara, mesmo quando não existem motivos válidos para tais táticas; - Temos casos em que um partido manteve a câmara municipal mas, pelos vistos, alguns militantes acham que deviam ter sido eles o candidato e não se cansam de fazer a vida negra ao atual presidente, que até é da mesma cor política; - Temos casos em que o próprio partido do atual presidente de câmara lhe retirou a confiança política e em que faz mais oposição ao edil do que os partidos da oposição;

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Enfim, acho que já deu para perceber o que vai acontecendo nos bastidores da política algarvia. Mas também já deu para perceber mais duas coisas. A primeira é que, na maior parte destas situações, a população está ao lado do atual presidente da câmara municipal e do seu executivo, comprovando que, no que diz respeito ao poder local, as pessoas não ligam em demasia às cores políticas, mas sim ao trabalho que efetivamente é realizado por quem foi eleito para liderar um concelho. A segunda é que, infelizmente, muito deste trabalho «sujo», perdão, de combate político, está a ser realizado pela chamada «carne para canhão», ou seja, políticos em início de carreira que, de repente, foram eleitos presidentes de concelhia porque os figurões, os políticos mais experientes, decidiram fazer um interregno na sua atividade, tirar umas férias, dar uma oportunidade aos mais novos.

presidentes de câmara vão ser reeleitos nas Autárquicas de 2017.

Não estou com isto a dizer que alguns destes novos líderes de concelhia não tenham valor ou qualidade, o futuro pertence às novas gerações e de dinossauros da política estamos todos nós fartos. O problema é que alguns deles não têm qualquer experiência prática na política, nunca desempenharam cargos de direção, nunca estiveram em executivos camarários, nem sequer como vereadores da oposição, portanto, muito dificilmente vão recolher a preferência dos eleitores quando forem a votos. Aliás, não é de admirar que esses novos líderes surjam em concelhos onde, previsivelmente, os atuais

Parece ridículo, no mínimo estranho, estar a pensar no que vai acontecer, ou não, daqui a cinco anos, porém, quem acompanha a vida política há algum tempo sabe bem como estas coisas funcionam e até já viu isto acontecer diversas vezes. Felizmente, o cidadão normal, o Zé Povinho, também já percebeu como funcionam os meandros da política e não vai nestas cantigas. Vota em quem tem trabalho feito, não em quem fala melhor, é mais bonito ou veste roupa mais na moda. Mas que vamos ter uma campanha quente, para não dizer outra vez feia, no próximo ano, lá isso vamos….

Ora, como os verdadeiros aspirantes a presidentes de câmara não querem sofrer uma derrota pesada em 2017, optaram por tirar uma licença sabática e passar a bola aos mais novos. Estes, erguem com vigor os punhos para desgastar politicamente os atuais autarcas, na melhor das hipóteses vão tentar conquistar mais algum vereador para o lado da oposição mas, no momento da verdade, serão, muito provavelmente, derrotados. Depois do trabalho «sujo» ter sido feito, e das contas estarem mais equilibradas, lá regressam ao ativo os pesos pesados para atacar em força nas Autárquicas de 2021 e a «carne para canhão» entretanto foi mastigada e jogada para o lado.

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David Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, Marlene Guerreiro, vice-presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Guilherme d’Oliveira Martins, Secretário de Estado das Infraestruturas, Ulisses Brito, presidente da Assembleia Municipal de São Brás de Alportel e Acácio Martins, vereador da Câmara Municipal de São Brás de Alportel

Município de São Brás de Alportel festejou 102 anos de vida O Município de São Brás de Alportel assinalou, no dia 1 de junho, o seu 102.º aniversário com um programa marcado pela inauguração da obra de renovação da Entrada Nascente e do Skate Parque, a apresentação pública da Rede Wi-Fi e o espetáculo dos D.A.M.A. A data foi ainda marcada pela distinção de algumas personalidades deste concelho da Serra do Caldeirão e a homenagem aos funcionários da edilidade com 25 ou mais anos de atividade. Texto:

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Dia do Município de São Brás de Alportel, coincidente com o Dia da Criança, 1 de junho, arrancou com a cerimónia protocolar de hastear da bandeira, nos Paços do Município, logo pelas 10h, ao som da Banda Filarmónica de São Brás de Alportel e da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários. Logo de seguida, houve lugar à tradicional Sessão Solene Comemorativa, no Salão Nobre da Câmara Municipal, na qual foram entregues insígnias municipais de valor e mérito a funcionários municipais por mais de 25 anos de serviços prestados, bem como a quatro personalidades do concelho, designadamente à empresária Sandra Correia (Pelcor), à Associação In Loco, a Octávio Lourenço (Ferox Surfboards) e ao pediatra Emídio Sancho. No uso da palavra, Ulisses Brito, presidente da Assembleia Municipal de São Brás de Alportel, recordou que foi graças a um grupo de são-brasenses republicanos, sob a forte liderança de João Rosa Beatriz, que se formou este novo concelho na região algarvia. “Era um homem de visão porque percebeu que o desenvolvimento desta terra passava por gerir o seu próprio destino. São Brás de Alportel tem crescido de forma harmoniosa e com qualidade, soube aproveitar uma das principais conquistas do 25 de abril – o poder local – e, nas 9

Ulisses Brito, presidente da Assembleia Municipal de São Brás de Alportel

Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel

Guilherme d’Oliveira Martins, Secretário de Estado das Infraestruturas

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Os funcionários da Câmara Municipal de São Brás de Alportel distinguidos pelos 25 anos ou mais de serviço

últimas dezenas de anos, teve à sua frente presidentes com visão, que têm sabido o que é mais importante para a qualidade de vida da nossa terra”, sublinhou, lembrando o excelente parque escolar do concelho, os equipamentos desportivos construídos e o arranjo dos espaços culturais. “Além disso, a Câmara Municipal tem dado um apoio fundamental às famílias carenciadas do concelho, através de diversos projetos de apoio social”. Ulisses Brito lembrou ainda que são fundamentais boas acessibilidades e vias de comunicação para o desenvolvimento dos núcleos urbanos, pelo que enalteceu a conclusão da Via Circular em redor da vila e a melhoria das estradas secundárias. “Agora, é importante que se melhore a EN2, no acesso a Faro e à Via do Infante, o que permitirá uma deslocação mais ALGARVE INFORMATIVO #60

rápida e segura, facilitando também a fixação de empresas nesta zona do barrocal algarvio, desfavorecida por não estar junta ao litoral, essencialmente turístico”, considerou o presidente da Assembleia Municipal, que não esqueceu o equilíbrio financeiro por que se tem pautado as contas da Câmara Municipal. “É fácil fazer obra, endividando a autarquia e hipotecando o futuro, mas não é isso que tem acontecido em São Brás de Alportel. A Câmara mantém uma boa saúde financeira, não tem dívidas e paga aos seus fornecedores a tempo e horas, apesar de sermos um dos municípios do Algarve que menos dinheiro recebe, por habitante, do Orçamento Geral de Estado e das restrições económicas a que o anterior governo sujeitou as autarquias”, enfatizou. 10


Foi com emoção e alegria que Vítor Guerreiro deu as boas-vindas aos são-brasenses que enchiam por completo o Salão Nobre da Câmara Municipal, salientando igualmente a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins nesta data especial. “Este é um dia de reconhecimento de um percurso que realizamos em conjunto, da capacidade de fazer do poder local e do sucesso deste concelho localizado no coração do Algarve. Com as suas gentes, as suas tradições e os seus recursos, por mais de 100 anos São Brás de Alportel foi construindo uma história de sucesso, com padrões de qualidade de referência em várias áreas: na educação, na cultura, na ação social, no ambiente, nas acessibilidades, no desporto, na gestão autárquica, entre outras”, afirmou o presidente da Câmara Municipal.

Vítor Guerreiro e o filho do pediatra Emídio Sancho

Ulisses Brito e Nelson Dias, da Associação In Loco

Apelo à requalificação da Nacional 2 No seu discurso, Vítor Guerreiro deu especial nota aos mais jovens, mas lembrou que a inovação empreendida no concelho tem sido feita a olhar para o cidadão de forma global. “Damos esperança e apoio às famílias que se encontram em situação mais fragilizada, preenchemos o dia-a-dia dos nossos seniores, damos condições para um melhor futuro às nossas crianças e jovens, damos apoio para a dinâmica 11

acrescida da comunidade associativa e da economia local”, referiu, endereçando um especial agradecimento aos trabalhadores da autarquia pelo seu empenho nesta missão e à causa pública. “A vossa colaboração tem sido, e certamente que continuará a ser, muito importante para os resultados obtidos e para a continuação de um bom futuro para este concelho”. Em dia de festa, mas também de reflexão, Vítor Guerreiro indicou que a Democracia pressupõe um confronto ALGARVE INFORMATIVO #60


conta de gerência dos últimos anos e sem dívidas a fornecedores. “Com uma gestão sustentada e rigorosa, temos trabalhado para o desenvolvimento do nosso concelho, melhorando a qualidade de vida de quem cá reside e aumentando as condições de atratividade do concelho”. Aproveitando a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Vítor Guerreiro recordou que São Brás de Alportel é o único concelho do Algarve que não possui uma ligação direta à Via do Infante, existindo apenas uma ligação que acaba de completar os 71 anos de vida, o traçado da EN 2 entre Faro e São Brás. “Esteve, em tempos, em cima da mesa o projeto para a construção de uma estrada completamente independente, mas estamos cientes das dificuldades em que Jorge Botelho, Vítor Guerreiro, Sandra Correia, da PELCOR e Ulisses Brito se encontra o país e defendemos uma solução mais económica e de ideias e debate de projetos, mas que servirá, para já, os interesses e o também discursos de responsabilidade, desenvolvimento do nosso concelho: a seriedade e verdade. “Todos nós, requalificação da atual Nacional 2, autarcas, prestamos contas aos nossos cortando algumas curvas, criando duas munícipes, no dia-a-dia, e com zonas de faixas de leves, colocando frontalidade, proximidade, transparência umas rotundas para aumentar a e verdade. Os são-brasenses conhecemsegurança dos peões. É uma ambição e nos, não nos escondemos atrás de um direito dos são-brasenses e leituras deturpadas, nem de ataques esperamos que seja uma realidade o gratuitos cujas intenções residem na mais breve possível”, apelou Vítor marcação de posição”, apontou o edil, Guerreiro. recordando que São Brás de Alportel transitou, para 2016, com o maior saldo de O apelo do edil de São Brás de Jorge Botelho, presidente da AMAL, Ulisses Brito e Vítor Guerreiro com a mãe de Octávio Lourenço

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O Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins, Vítor Guerreiro e Marlene Guerreiro, vereadora da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, na inauguração da requalificação da Entrada Nascente de São Brás de Alportel, rodeados de muitos populares

Alportel foi escutado por Guilherme d’Oliveira Martins, que começou por destacar a bem estruturada rede de acessibilidades deste município. “Importa enaltecer a preocupação de São Brás de Alportel na última década com as matérias da mobilidade, sempre numa perspetiva integrada e inclusiva”, referiu o governante, chamando a atenção para a construção da Variante Sul à N270, a construção da Circular Norte (que envolveu um investimento global superior a seis milhões de euros), a construção da Rede de Passeios Acessíveis. “Por outro lado, há a assinalar a hierarquia da rede rodoviária do concelho, que possibilitou uma gestão mais equilibrada e sustentável do território municipal, mas sobretudo das condições de circulação 13

rodoviária e pedonal, e de estacionamento, promovendo, deste modo, uma significativa melhoria da qualidade de vida dos são-brasenses”, indicou o Secretário de Estado das Infraestruturas. “E a requalificação da Nacional 2 entre São Brás de Alportel e Faro será incluída no Plano de Proximidade Rodoviária dos próximos quatro anos e que está a ser atualmente objeto de revisão e calendarização, certa e séria, por parte das Infraestruturas de Portugal. Sempre, na medida do possível, e dentro dos nossos constrangimentos, poderão contar connosco para projetos como este, que representam melhorias significativas para a qualidade de vida das populações”. ALGARVE INFORMATIVO #60


Descerrar da placa comemorativa da inauguração do Skate Parque de São Brás de Alportel

O programa de comemorações prosseguiu com uma visita ao Museu do Trajo, antes de se proceder à inauguração da obra de renovação da Entrada Nascente, pelo Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins. A concretização desta obra, que encerrou o Plano de Reabilitação das Entradas da Vila, respeitou a vontade expressa pelos são-brasenses no processo de gestão do Orçamento Participativo 2015, tendo sido o projeto escolhido pela comunidade. Por se tratar do Dia da Criança, o Jardim Carrera Viegas foi palco de diversas atividades e animação musical para toda a família e, ali bem perto, assistiu-se a mais um produto do compromisso da edilidade com os mais novos, com a inauguração do Skate Parque de São Brás de Alportel, infraestrutura inserida no Parque de Desporto e Lazer do Município que vem cumprir um sonho há muito defendido ALGARVE INFORMATIVO #60

pela juventude são-brasense. Pelas 17h30, aconteceu a tradicional romagem ao mausoléu do fundador do concelho, João Rosa Beatriz, e ao Jazigo da Família Passos, apresentando à comunidade o projeto de restauro recentemente concretizado, desenvolvido em parceria com a Junta de Freguesia e que contou com a colaboração da Câmara Municipal, do Museu Municipal de Faro e da Universidade do Algarve. À noite, a Praça da República foi palco da apresentação pública da Rede Wi-Fi de São Brás de Alportel, antes do concerto dos D.A.M.A. O encerramento das comemorações deste 102.º aniversário do município de São Brás de Alportel fez-se com luz e cor, com um espetáculo pirotécnico que antecedeu os parabéns e a habitual distribuição do bolo do aniversário, elaborado pelas doçarias são-brasenses, e de champanhe pelo público . 14


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José Santiago brilhou na Maratona da Muralha da China José Santiago saltou para a ribalta internacional ao ficar em segundo lugar na mítica Maratona da Muralha da China, prova onde participaram milhar e meio de atletas provenientes dos quatro cantos do mundo. Aos 49 anos, o antigo motorista de pesados que veste as cores do Centro Desportivo de Quarteira só foi ultrapassado pelo chinês Jason Shen, precisamente o vencedor da edição do ano transato, o que enaltece ainda mais o feito deste louletano. Texto: ALGARVE INFORMATIVO #60

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oi num dos locais escolhidos para treinar para a Maratona da Muralha da China, o Parque Municipal de Loulé, que estivemos à conversa com José Santiago, alentejano de nascença mas que veio viver para Loulé com apenas 15 dias de idade, pelo que se considera, com orgulho, louletano e algarvio. O antigo motorista de pesados sempre teve ligação ao desporto, porém, o atletismo, mais concretamente as maratonas, apareceram mais tarde, por questões de saúde, quando entrou no escalão dos quarentões. “Em novembro de 2008, fui desafiado por amigos para participar nas «X

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Milhas do Guadiana», consegui um bom resultado para a preparação que tinha e parti para a aventura das maratonas. Poucos meses depois fui a Sevilha, o bichinho pegou e esta paixão mantém-se até à data”, recorda, adiantando que a sua filiação no Centro Desportivo de Quarteira remonta ao final de 2010. O bichinho pegou depressa e a escolha da modalidade também foi rápida de fazer, pois José Santiago cedo se apercebeu que as longas distâncias eram as mais indicadas para o seu organismo. No entanto, como atleta amador que é, planifica

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a época de modo a fazer apenas uma ou duas maratonas por ano, conciliando a preparação física com o calendário regional e nacional de outras provas mais curtas. E, por isso mesmo, não corre a pensar em títulos, até porque o escalão etário em que se insere é bastante competitivo. “Tenho um 4.º lugar numa Maratona em Lisboa e alguns Top 10 em provas realizadas em Espanha, Alemanha e Holanda. Este ano, em novembro, como vou mudar para o escalão de Veteranos 4, vou tentar conquistar o título no Campeonato Nacional de Maratona. Vou preparar-me bem e penso que esse objetivo está ao meu alcance”, indica o entrevistado. Um objetivo elevado mas realista, não se trata de imodéstia, de ares de

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grandeza, e José Santiago acredita que, se tivesse começado no atletismo logo em jovem, a sua vida teria sido bem diferente. “Ao virar dos 50 anos, estou a fazer a maratona em 2h38m, 2h40m, portanto, se tivesse entrado para um clube logo em miúdo e seguido uma carreira de alta competição, tinha sido, certamente, um atleta olímpico”, afirma, sem hesitação, mas também sem saudosismos, sem pensar demasiado no passado. “Comecei a trabalhar aos 13 anos porque venho de uma família pobre, sem grandes posses financeiras e com mais irmãos. Mas, como o tempo não pode voltar para trás, desfruto agora desta paixão da melhor forma que posso”.

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Correr que está cada vez mais na moda, com muitos homens e mulheres com as suas profissões do dia-a-dia a vestirem depois o fato de atleta ao fimde-semana e participarem em provas desportivas, de maior ou menor distância, a defender as cores do clube ou associação da sua terra. Uma realidade que alegra José Santiago, porque o desporto é sempre positivo para a saúde e o bem-estar físico. “Todavia, vejo muitas pessoas a cometerem vários erros que podem dar lugar a consequências graves. Fazem umas corridas durante a semana e metem-se logo em grandes distâncias e isso não é aconselhável. Uma má preparação pode arranjar problemas sérios, mas é bom ver as pessoas a caminhar e a correr, é uma sociedade

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completamente diferente da que estávamos habituados a ver”, analisa o louletano. Na moda está também o trail running, corridas em percursos fora da estrada ou dos pavilhões, em terrenos mais acidentados, mas essa vertente nunca chamou a atenção de José Santiago. “Sou do atletismo puro, de pista, estrada e cortamato”, justifica, embora reconheça que a Maratona da Muralha da China acaba por misturar um pouco das duas vertentes. “A Muralha da China é um monumento que sempre me despertou o interesse e, quando criaram lá uma maratona, em 1999, ficou o sonho de ali correr. Não é uma prova típica de atletismo de

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estrada, plana, é mais virada, realmente, para o trail”.

Depois da Muralha, os Templos Constituída por 42 quilómetros e 195 metros, a Maratona da Muralha da China passa, como é óbvio, pela própria muralha, com os seus cinco mil e 164 degraus, mas também pelas aldeias e trilhos da província, sendo uma das mais difíceis do mundo. Isso exigiu uma preparação diferente do habitual a José Santiago, que contou com a ajuda do treinador José Conceição. “Fiz inúmeras repetições em rampas no Cerro de Cabeço de Câmara, subi e desci centenas de vezes os degraus aqui do Parque Municipal de Loulé, fazia estrada, velocidade em pista, participava nas provas curtas que aconteciam ao fim-de-semana e trabalhava bastante o endurance. Na segunda parte da prova, quando regressei das aldeias com 34 quilómetros nas pernas e entrei outra vez na Muralha, senti que a preparação estava a dar frutos”, lembra. Praticamente seis meses de preparação intensa para chegar à Muralha da China, no dia 21 de maio, no pico da sua forma física, mas de nada serviria esse esforço se não tivesse conseguido angariar alguns apoios financeiros para custear a inscrição, deslocação, alojamento e alimentação. “É uma despesa grande

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mas, felizmente, a Câmara Municipal de Loulé e a Junta de Freguesia de Quarteira ajudaramme bastante, agradeço ao vicepresidente Hugo Nunes e ao Telmo Pinto. Outros amigos como o Tonico Fernandes e a esposa Elsa, da Loja das Taças, e o José Bentes, contribuíram igualmente para que conseguisse ir à China”, destaca. Um sacrifício que compensou, mas José Santiago admite que a sua prestação superou as expetativas, já que pretendia apenas terminar a

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corrida abaixo das quatro horas. “Com esse tempo, ficaria nos cinco primeiros, mas correu melhor do esperado, fiz 3h46m. Algumas pessoas diziam-me que acabar já seria positivo, mas eu queria bater-me com os melhores e foi isso que aconteceu”, conta o atleta do Centro Desportivo de Quarteira. “Sai logo na frente e entrei na muralha em primeiro lugar. Depois, perdi algumas posições, que recuperei no exterior e, quando regressei à muralha, já ia na segunda posição. Fiquei a 15 minutos do vencedor, o Jason Shen, que ganhou em 2015 e este ano ainda melhorou a sua marca pessoal. São atletas da zona, que conhecem bem o terreno e estão habituados ao clima”, nota.

em outras provas de prestígio dos quatro cantos do mundo. “Esta organização faz a Maratona da Muralha da China, do Deserto de Petra, do Círculo Polar Ártico, do Templo Bagan e da Savana da África do Sul e estou inclinado para experimentar a maratona dos templos, em Myanmar. Vou continuando a preparar normalmente as minhas épocas desportivas e, se surgir a oportunidade e conseguir apoios, vou tentar outra vez a minha sorte. Treino praticamente como os atletas profissionais, estou a tirar um enorme prazer das corridas e o pensamento está no futuro, não olho para o passado” .

Entretanto, concretizado este sonho, a vontade de José Santiago é participar ALGARVE INFORMATIVO #60

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Portuguese spoken here Paulo Cunha

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doro viver no sul deste velho continente! Não tendo pedido para aqui nascer, tal como muitos de vós fui bafejado pela graça de aqui ter visto a primeira luz do dia e ter vivido muitos dos momentos que me marcaram e moldaram enquanto pessoa. Por isso e por muito mais não me canso de afirmar o carinho e respeito que nutro por este Algarve que a natureza tão bem tratou. Sendo daqueles que acha que quando as coisas estão bem não devem ser mudadas mas sim preservadas, constato que o espírito cívico e ecológico das novas gerações está cada vez mais presente nas suas atitudes no que à manutenção e preservação do Algarve natural concerne. E isso dá-me alento e esperança! Sendo “minha” esta pequena parcela de terra lambida pelo mar, é também de todos aqueles que a tomaram como “sua”. Aliás… é pretensão descabida tomar como nosso seja o que for que a natureza nos concedeu, portanto são algarvios todos aqueles que, no Algarve, o tornam uma província ainda melhor do que já é. Ora é isso que me leva a estar atento à forma como os indígenas tratam quem adota esta terra também como sua. Sabendo que é um dos locais que muitos europeus escolhem para gozar a sua merecida reforma, grande parte adquire uma parcela de terra transformando-se assim num “estrangeiro algarvio”. Seria pois natural que tendo escolhido Portugal como seu segundo país ou país de adoção, todos estes novos algarvios acolhessem como seu o maior símbolo de Portugal. Aquele que Camões e Pessoa fizeram chegar aos quatro cantos de mundo, mas que, ignorante e teimosamente, muitos autóctones não entendem nem reconhecem como uma maisvalia para a nossa afirmação identitária: a nossa língua! Custa-me ter ultrapassado o meio século de vida e continuar a assistir - no Algarve - a diálogos

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completamente improváveis, onde parece que quem, em nome da venda do que quer que seja, reinventa e mastiga palavras em “portinglês” para que estes novos algarvios adquiram a sua mercadoria. Tal como muitos portugueses que ao irem viver para o estrangeiro tentam aprender a língua nativa para assim melhor se orientarem e governarem, não seria natural que quem para cá veio viver aprendesse a língua do país de acolhimento? Sempre assim aconteceu com todos os portugueses que escolheram um sítio para emigrar e que de lá regressaram a falar uma segunda língua como se da primeira se tratasse. Mas o que é facto é que o contrário não se verifica! Custa-me ouvir, recorrentemente, residentes estrangeiros a dizer que não falam nem escrevem português porque se acomodaram à forma de estar dos algarvios, que para vender o seu produto abdicaram da sua língua para mais depressa e eficazmente garantirem o lucro almejado. Muitos até me dizem que por causa disso mesmo não convivem mais com a generalidade dos portugueses, pois sentindo-se confinados à língua universal (inglês), acabam por se fechar em pequenas ilhas socioculturais e informativas onde a portugalidade, tal como a conhecemos, está ausente. Será subserviência, complexo de inferioridade, pequenez intelectual, oportunismo, simpatia exacerbada, maior fluência linguística e facilidade de comunicação? Confesso: não sei! Mas faz-me “espécie”, pois ao contrário de alguns países vizinhos deitamos a perder um dos maiores tesouros nacionais: a nossa língua, escrita e falada. Agora que Portugal parece estar na moda talvez não fosse mal pensado tentar colocar a língua portuguesa também na moda. Saíamos todos a ganhar, algarvios de toda a Europa . 24


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Um livro há muito esperado… Dália Paulo

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a Noite Europeia dos Museus, que o Museu Municipal de Loulé dedicou ao Património Cultural Imaterial, mais especificamente à Mãe Soberana, fez-se a apresentação do livro “Mãe Soberana: Estudos, Ensaios e Crónicas” de João Romero Chagas Aleixo. Referiu o autor, nessa noite, que era “um livro há muito esperado”, passados 463 anos desde a edificação da ermida no cimo do monte. É este feito de ser o primeiro trabalho científico publicado sobre a Mãe Soberana que nos leva a dedicar-lhe este espaço, porque, como tão sabiamente sintetizou António Aleixo, “a alma desse povo/ vai dentro daquele andor”; o que torna quase um contrassenso esta ausência de estudos. Em 2014 iniciou-se, pelo Museu Municipal de Loulé e Paróquia de São Sebastião, o processo de inscrição da manifestação religiosa Mãe Soberana no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e esta publicação surge na sequência dessa inventariação. Um livro que reúne sete estudos, dois ensaios e oito crónicas, escritos entre 2007 e 2016, fruto da “infinita curiosidade do autor” e que pretende desvendar um pouco da “história de Amor que os Louletanos têm com a sua padroeira há quase cinco séculos”. Há neste livro três estudos inéditos: O Culto a Nossa Senhora da Piedade de Loulé: Sua Origem e Breve Historial; Homens do Andor e O Culto durante a Primeira República (1910-1926); outros motivos não houvesse e este seria um ótimo pretexto para ler o livro. Esta obra alia um conteúdo rigoroso sobre a manifestação mariana mais importante a Sul do Tejo com uma apresentação de excelência, esta da responsabilidade de Andreia Pintassilgo. Nestas páginas iremos encontrar um autor acutilante e com olhar crítico para com a sociedade; que alia o seu ser louletano e crente ao autor investigador, uma tarefa de distanciamento muitas vezes difícil de conciliar mas muito bem conseguida pelo autor.

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Ousamos dizer que é um livro onde passa (quase) toda a sociedade louletana e a sua história desde há cinco séculos; um livro cheio de alma, poesia e emoção, aliado ao rigor académico; um livro que nos toca, que nos emociona, que nos faz por vezes sorrir, com as pequenas histórias que o autor tão bem sabe contar e que, também, nos pertence. Somos convidados a deambular pela construção da ermida, pela fundação do culto a Nossa Senhora da Piedade, pela origem da imagem, pelas influências do culto, pela relação que os poderes foram tendo com a Mãe Soberana ao longo do tempo, pela estreita relação dos louletanos com a sua Mãe Soberana, relembrando, também, figuras típicas como o Manuel da Baracinha ou a Maria das Bananas. Descobrimos a origem dos Homens do Andor que, num estudo interessantíssimo, nos explica a sua origem e mudança a partir de 1760 (sobre o porquê da data terão que ler o livro); durante a leitura deste estudo relembrou-se os versos de Cervantes, que podiam ter sido escritos para os nossos Homens do Andor, que aqui lhes dedico: “Sonhar o sonho impossível,/ Sofrer a angústia implacável,/ Pisar onde os bravos não ousam,/ Reparar o mal irreparável,/ (…)/ Tentar quando as forças se esvaem,/ Alcançar a estrela inatingível:/ Essa é a minha busca”. Outra verdadeira delícia é o Dicionário Maesoberaneiro que reúne 55 palavras ou expressões sobre esta manifestação de fé; destas, destaco três: “De palheta a palheta”; “Entregar a Roupa” ou “Pataludo”; as restantes ficam para uma vossa leitura. Um livro que não se lê, mas que se vai lendo e relendo! Um livro que fortalece a identidade louletana; um livro que nos desvenda um historiador louletano e um cronista atento que “põe quanto é no mínimo que faz”. Viva a Mãe Soberana! . 26


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Os primeiros seis meses… da década! José Graça

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eis meses depois, aquilo que parecia improvável para muitos vai consolidando-se na sociedade portuguesa e demonstrando que, mesmo em política, os impossíveis são apenas figuras de retórica destinadas a testar a nossa determinação e reconfigurar os limites das ideologias e das relações interpessoais… Apesar de ter ficado longe da vitória eleitoral, António Costa apostou na queda do governo eleito nas urnas em pleno Parlamento, acreditou numa união das esquerdas representativas da vontade maioritária dos eleitores e assegurou o seu apoio, logrando fazer algo que os nossos vizinhos espanhóis demonstraram agora ser uma tarefa hercúlea só concretizável pelos melhores. O atual primeiro-ministro português tem esse mérito, Pedro Sanchez teve a oportunidade de lograr algo semelhante mas deixou-se enredar na questão catalã e hipotecou o seu futuro político e o do PSOE. Passados seis meses, Espanha vai voltar às urnas ainda neste mês junho… Entretanto, Aníbal Cavaco Silva foi substituído por Marcelo Rebelo de Sousa em Belém e, ao contrário daquilo que muitos previam, a relação entre o Governo e a Presidência da República desanuviou-se como que da noite para o dia. Com sucessivos apelos ao diálogo, essencial no atual contexto parlamentar como ficou provado com a solução governativa encontrada, Marcelo ganhou um papel central na atividade política e sabe que terá uma palavra a dizer numa crise qualquer que possa surgir. Contudo, não poderá continuar com este ritmo frenético de declarações e posições públicas sem correr riscos e fragilizar a autoridade do cargo. Nas duas últimas semanas, já teve momentos menos felizes e a peregrinação a Berlim só ajudou António Costa o que, como diria alguém, já não é nada mau! Seis meses passados, aqueles que receavam a instabilidade da solução governativa apoiada pelos deputados do Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido Ecologista Os Verdes no Parlamento já entenderam que não têm motivos para a recear e, para mal de Pedro Passos Coelho, é o próprio Presidente da República que dá o seu aval à solução política encontrada para gerir os destinos do País. Neste curto período de tempo, a maior parte dele sem um Orçamento de Estado alinhado com os objetivos da

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nova maioria, foi possível cumprir alguns dos compromissos assumidos com os portugueses nomeadamente o aumento do salário mínimo nacional, a diminuição das taxas moderadoras na saúde, a reversão dos cortes nas pensões e da taxa extraordinária sobre o IRS, a reposição dos feriados civis e religiosos (favorecendo as pontes que combatem a sazonalidade da atividade turística), o aumento dos beneficiários da taxa social de energia, a adoção por casais do mesmo sexo e o alargamento da procriação medicamente assistida, o acordo com a TAP para a manutenção de cinquenta por cento de capital pública, a redução do IVA na restauração ou a reabertura dos tribunais (por exemplo, Monchique e Vila Real de Santo António no Algarve) encerrados pelo anterior Governo. Depois do lançamento do SIMPLEX MAIS e da promulgação do diploma que acelera a contratação de médicos para o Serviço Nacional de Saúde, vamos ter no dia 1 de julho a reposição das 35 horas na função pública e a redução do IVA na restauração e, a concluir até as eleições autárquicas do próximo ano, um processo de descentralização visando a aproximação das decisões da Administração Pública das populações que delas beneficiam. Ainda não será a desejada implementação da regionalização administrativa constitucionalmente prevista desde 1976, mas é um passo fundamental para validar politicamente os órgãos de gestão das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, sendo um sinal importantíssimo do Estado no sentido de respeitar o princípio da subsidiariedade e transferir atribuições e competências para uma administração regional até agora inexistente no território continental. Este é um tempo de confiança e, cada vez mais, de esperança num futuro melhor! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 (Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve e da Assembleia Intermunicipal do Algarve)

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Os comunistas ainda comem criancinhas Mirian Tavares

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onfesso que só li O Capital em banda desenhada e num folheto de cordel. Mas li o 18 Brumário de Luís Bonaparte e muitos dos exegetas do Marx. Durante a minha formação, como jornalista fui inclinando-me sempre à esquerda e devorei, com muito gosto, a obra dos teóricos da Escola de Frankfurt. Essa conversa sobre Marx e os marxistas vem a propósito de uma sensação estranha que me tem assolado nos últimos tempos: sinto que as pessoas, muitas delas, enlouqueceram. Ou, em alternativa, que são extremamente mal formadas e que nunca leram sequer a orelha de um livro marxista, que dirá O Capital, mesmo em banda desenhada. Um conhecido jornalista e pretenso romancista (ou vice-versa, confesso que dá igual), disse há uns dias que o fascismo tinha origem no marxismo. E apresenta lá um rol de argumentos que se comprovam porque, segundo o próprio, estão nos livros que ele mesmo escreveu. Mas ele não é o único a tresler, ou a ignorar, o que de facto disse Marx. Ou o que significa o comunismo. Porque tanto ele quanto um conjunto alargado de pessoas continuam a vender a ideia, e a comprar, que os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço. Se há, da parte dos governos democraticamente eleitos e instituídos, qualquer gesto que lembre, minimamente, a manutenção/preservação do Estado Social, a grita se levanta: comunistas! É, no mínimo, um trabalho que deve ser feito pelos sociólogos de plantão, ou pelos semioticistas: perceber o

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porquê da persistência da imagem deturpada do comunismo na sociedade contemporânea pósqueda do muro e afins. E não estou aqui a defender o comunismo em si mesmo, que de facto nunca passou de teoria. O que o mundo viveu, e vive ainda, são ditaduras que usaram os preceitos marxistas como bem lhes apeteceu. Se calhar nem eles leram Marx. O que critico é a persistência, na atualidade, da defesa da propriedade privada, e de tudo que seja privado, do hedonismo de uma sociedade que se fecha sobre si mesma, de maneira “sélfica”, autorretratando-se a cada instante como se a imagem fosse uma forma de marcar território. O que denota uma qualidade, no sentido daquilo que caracteriza algo, da sociedade contemporânea: a ignorância e o jactar-se da mesma. Não li e não gostei. Ou só leio o que escrevo. Ou só escrevo porque não gosto do que li. São afirmações de um mesmo calibre. Do calibre daqueles que atiram antes de pensar. Ou que sequer pensam porque que é que, ainda hoje, o comunismo, ou as ideias marxistas, assustam tanto. Ou por que é que o Estado Social não pode ser uma mais-valia, distribuindo de forma equilibrada, os bens essenciais à toda a população. Mas são perguntas que ficarão sem resposta, pois os que afirmam que o fascismo tem origem em Marx leem o mundo como veemse a si mesmos. Nada existe mais além dos seus próprios umbigos .

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Cabelo na comida Augusto Lima

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stou ligeiramente cansado de ouvir falar sobre este tema e de ouvir explicações muito pouco assertivas sobre o mesmo.

Nem por acaso, há dias, um cliente, barbudo e bigodudo, enviou de volta á cozinha, um dos meus “miminhos”, por este conter um cabelo. Verifiquei, e de facto continha um, curto, negro, grosso, mesmo parecido com qualquer um dos que ostentavam a cara do cliente. Caríssimos! – um cabelo na comida, (em cima desta, não no seu interior (por exemplo, uma omeleta, um rissol, ou outra confeção), pode ter origem no próprio cliente ou vizinho da mesma mesa ou de outra ao lado, ter viajado pelo ar (portas/janelas), ter caído da roupa (sua ou de outro), ter sido transportado por si ou por outro cliente, ter vindo de um dos empregados de sala ou mesmo, claro, de um dos colaboradores da cozinha, no momento de empratar.

– Retire o cabelo e continue comendo; – Não cause alvoroço e constrangimento a si ou ao estabelecimento (lembre-se o cabelo pode ser seu (ou de algum dos seus, ou qualquer outra situação descrita acima); – Não seja “melhor que ninguém”; – Se achar por bem, notifique o empregado, peça um outro prato/iguaria (o Restaurante não se irá negar a tal); – Guarde e leve para análise clínica de ADN o tal cabelo; Mas prepare-se: pode ser seu ou do seu companheiro/amigo/familiar e depois terá que se auto punir com uma multa que proponho, reverta a favor de uma qualquer Associação de beneficência. Chiça! .

O que contesto e não admito é que se venha logo dizer: é da cozinha! Sugiro que, em caso de se verificar esta situação, que pense e haja de acordo com o seguinte:

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Fundação Pedro Ruivo dedicada à cultura há duas décadas A Fundação Pedro Ruivo está a assinalar os 20 anos de atividade e um dos pontos altos do programa de comemorações foi, sem dúvida, o concerto de Tito Paris no Teatro das Figuras, no dia 28 de maio. Antes disso, estivemos à conversa com Maria de Jesus Bispo, presidente da Direção praticamente desde o nascimento desta entidade, que falou do trabalho realizado em prol da cultura ao longo de duas décadas, das dificuldades sentidas nos últimos anos, dos projetos em mãos e do futuro de uma fundação que continua a desempenhar um papel importante na região algarvia. Texto:

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Fundação Pedro Ruivo nasceu da força e querer de um homem, Pedro Ruivo, que toda a sua vida apoiou e seguiu de perto a carreira da esposa, Maria Campina, pianista de grande projeção internacional. O casal sempre se mostrou empenhado na divulgação da cultura e esta instituição sem fins lucrativos surgiu precisamente para identificar, promover e criar atividades artísticas e educacionais, divulgar e debater ideias, acima de tudo, impulsionar o desenvolvimento social e cultural de toda a região algarvia. Antes disso, em 1972, Maria Campina viu concretizado o +sonho de abrir uma escola de música, a primeira no Algarve, num espaço cedido pelo Teatro Lethes até 1992, ano em que foi construído o Conservatório Regional do Algarve Maria Campina. Quanto a Pedro Ruivo, consciente da falta de uma formação artística de rigor na região, e sabendo da existência de jovens dotados, mas com carências económicas, deixou estabelecido em testamento a vontade de criar uma Fundação com o seu nome e na qual depositou meios financeiros para a sua execução. Assim, em meados de 1994, foi criada uma comissão próFundação da responsabilidade da Direção do Conservatório e, com a ajuda de amigos, surge finalmente a Fundação Pedro Ruivo. Com o espólio legado por Pedro Ruivo foi ainda criado um museu em memória de Maria Campina, com o intuito de recordar a vida e obra de tão importante pessoa no panorama artístico do Algarve.

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Duas décadas depois, encontramonos à conversa com Maria de Jesus Bispo, presidente da Direção desde a entrada em atividade da Fundação Pedro Ruivo, também ela consciente da falta de espetáculos culturais de qualidade no Algarve naquela época, aliás, o auditório da entidade era praticamente o único existente na região. “Começamos a fazer óperas, uma verdadeira inovação para o público algarvio, que olhou para nós com ar desconfiado. É um produto algo elitista, mas as pessoas, felizmente, aderiram. Fizemos também bons concertos com orquestras internacionais e apresentamos ballets, entre outras novidades”, recorda Maria de Jesus Bispo, sem esquecer, claro, o Concurso Internacional de Piano Maria Campina, cujo objetivo primordial era promover os alunos que tiravam o curso de piano no Conservatório Regional do Algarve. “Além disso, fizemos investigação do Cancioneiro Popular, temos um livro publicado, e material para lançar outro, mas as condições económicas não são as mais favoráveis e atravessamos uma fase algo complicada”, reconhece a dirigente. Dificuldades que advêm da crise que se instalou no país, é verdade, mas também da enorme oferta cultural que foi surgindo no passado recente e com a qual a Fundação Pedro Ruivo não consegue competir, nomeadamente os eventos dinamizados pelas câmaras

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municipais. “As autarquias têm os seus teatros e auditórios municipais com uma programação própria e nós somos uma fundação sem grandes meios financeiros. Eu tento aplicar os meus conhecimentos de empresária para fazer bolos sem ovos – conseguimos trazer cá o Tito Paris, no dia 28 de maio – mas não é fácil”, desabafa Maria de Jesus Bispo, lembrando mais uma inovação desta entidade, um festival de música africana que se realizava no Largo da Sé, em Faro. “E alguns fadistas que, hoje, têm uma grande carreira, como é o caso da Mariza, passaram primeiro pelo nosso auditório”, acrescenta a entrevistada. Ninguém duvida, por isso, que a Fundação Pedro Ruivo desempenhou um papel importante na sociedade algarvia ao abrir-lhe os horizontes para outras

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formas de expressão artística, numa altura em que a região já estava focada no turismo mas que, em termos culturais, ainda denotava grandes lacunas. “Partimos muita pedra até que o nosso público começasse a apreciar algumas das coisas que trazíamos e tivemos vitórias que muito nos animaram, com casas cheias com o ballet e a ópera. Ainda recentemente tivemos a Ópera de Pequim, em colaboração com o Observatório da China, que é bastante interessante e demonstra a cultura dos chineses através da dança. Inauguramos também há pouco tempo uma exposição de gravuras e esteve cá o Embaixador da China”, conta, revelando, assim, mais uma faceta da Fundação Pedro Ruivo.

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equipamentos culturais. Apesar disso, a Fundação não baixou os braços, alterou a sua forma de trabalhar e continua a apresentar espetáculos, embora as megaproduções de outros tempos pertençam, precisamente, a outros tempos. “Tornou-se incomportável trazer companhias e orquestras estrangeiras, porque é preciso dar-lhes também alojamento e alimentação, às vezes a mais de 100 pessoas para um simples espetáculo. Enveredamos por outros caminhos, mas a competição do Teatro Municipal de Faro faz-se sentir bastante, por ter umas belíssimas instalações e por ter um programa mais diversificado e rico. Com o Estado ninguém consegue competir”, lamenta Maria de Jesus Bispo.

Tito Paris esgotou o Teatro das Figuras no dia 28 de maio

Inovar para sobreviver Depois de ter atravessado um período bastante áureo, a Fundação Pedro Ruivo tem sofrido as consequências da crise económica que se instalou em Portugal nesta década e que conduziu ao corte de muitos apoios estatais à cultura. As próprias autarquias, em dificuldades financeiras, reduziram nos subsídios que atribuíam às associações e, conforme referido, começaram igualmente a apostar forte nos seus próprios

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Muitas adversidades, a que se somam duas décadas de empenho e dedicação, dai que se note um certo cansaço no semblante da presidente da Direção da Fundação Pedro Ruivo. “Como se sabe, nas associações, há duas ou três pessoas que efetivamente trabalham nos projetos, as outras dão a cara, mas têm as suas vidas pessoais e particulares”, aponta, reconhecendo que os artistas até são compreensivos em determinadas ocasiões e flexíveis no que toca aos cachets que cobram. “Há muitos bons artistas portugueses que participam em festivais na região, a valores inferiores ao normal, por

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uma questão de promoção. Esses festivais são organizados pelas autarquias e isso traz também os seus benefícios políticos, são mais eleitores que, se calhar, vão conquistar. Mas não sou contra isso, todos os partidos funcionam da mesma forma, é algo que está quase que institucionalizado”, admite, com um sorriso. Os espetáculos são diferentes, mas o público, a «clientela» da Fundação Pedro Ruivo, continua a ser bastante exigente, o que obriga a manter a aposta na qualidade e em novos produtos. “É o caso dos espetáculos direcionados para as crianças, nos quais temos tido um sucesso assinalável com eles, mas já se sabe que as pessoas andam sempre a ver o que o colega está a fazer, para depois fazerem o mesmo. É a lei da concorrência, não é nenhuma novidade para mim. Os espetáculos infantis eram uma lacuna em Faro, os pais apreciam 39

que se façam coisas deste género, peças divertidas, mas com caráter pedagógico também”, descreve Maria de Jesus Bispo, salientando ainda o êxito da aposta no teatro de revista. “Sei que não é um produto extremamente cultural, mas a casa está cheia e as pessoas divertem-se. Temos que agradar a todos os públicos, seja o muito intelectual até ao mais popular”, justifica. Neste cenário, Maria de Jesus Bispo garante que não se pode pensar em ter lucro com a Cultura, o melhor que se pode almejar é ter pouco ou nenhum prejuízo, mas a tarefa não é fácil e a vontade de desistir, por vezes, é grande. “Já não tenho força anímica para continuar muito tempo e quero arranjar uma pessoa que me substitua. São 20 anos a dar da minha pessoa a esta causa, e ainda tenho outra associação na qual me envolvo ALGARVE INFORMATIVO #60


bastante, a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, onde estou há cerca de 15 anos. Tudo isto desgasta e eu não estou agarrada ao cargo, antes pelo contrário”, desabafa a entrevistada, ainda esperançada em encontrar alguém que assuma o leme da Fundação Pedro Ruivo. “Só que as pessoas que ainda trabalham, dificilmente vão abdicar do seu tempo pessoal para liderar uma entidade, já não se encontram carolas como antigamente. Outras pessoas têm uma certa vontade, mas assumem o receio de não conseguir fazer o mesmo que tem sido feito até à data. Mas, mais dia, menos dia, tenho que passar o testemunho e seria uma pena se este trabalho não tivesse continuidade”, afirma. Um trabalho que, na hora da verdade, não está ao alcance de qualquer ALGARVE INFORMATIVO #60

associação ou mesmo autarquia, pelo saber acumulado pela Fundação Pedro Ruivo na organização de eventos como o Concurso Internacional de Piano Maria Campina, entre outros. “Quando começamos, as pessoas estavam muito fechadas em casa, não iam ver um espetáculo de dança ou um concerto de piano. Com a nossa insistência, e de outras entidades, foi-se modificando a mentalidade dos algarvios e agora estão sempre a perguntar o que vai acontecer nos próximos tempos. Ainda há muito para fazer, mas não tem nada a ver com o que se assistia há 15 ou 20 anos. E, por muito que se tente dizer que a Fundação não existe, ela está cá, sempre vai estar e há produtos em que não temos concorrência”, garante . 40


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Grupo Coral Ossónoba deslumbrou na Cantata Mundi Como parte das comemorações dos 200 anos da morte do Benemérito Bispo do Algarve D. Francisco Gomes de Avelar, o Grupo Coral Ossónoba realizou três concertos, em Faro, Tavira e Boliqueime, com a «Cantata Mundi», composição elaborada a partir do conteúdo musical de Rodrigo Leão e com arranjos e orquestração de Ana Margarida Encarnação e Rui Baeta. O Algarve Informativo assistiu à atuação do dia 28 de maio e ficou deslumbrado com a qualidade dos coralistas que esgotaram por completo a Igreja Matriz de Boliqueime. Texto:

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«Cantata Mundi» resultou de uma encomenda da Diocese de Santarém, com base numa produção de Bonifácio Rodrigues, para a inauguração do Museu Diocesano daquela cidade, no âmbito da Rota das Catedrais, e teve a sua estreia a 12 de setembro de 2014. Na sua base está a música do conceituado compositor Rodrigo Leão. A partir dela, Rui Baeta construiu e idealizou um projeto complexo e, com a compositora Ana Margarida Encarnação, foi desenhada uma obra de 50 minutos em que se celebra o sagrado a partir da condição humana. Uma particularidade da «Cantata Mundi» é privilegiar um instrumento que só é possível encontrar em igrejas,

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o órgão de tubos, daí ter sido apresentada, no Algarve, na Sé Catedral de Faro, na Igreja de Santiago de Tavira e na Igreja Matriz de Boliqueime. É, igualmente, uma obra complexa pelo número de elementos que envolve, neste caso concreto um barítono solista (Rui Baeta), um Coro Misto (Coral Ossónoba), um Coro Infanto-Juvenil (Pequenos Cantores d’Ossónoba e Ossónoba-Coro Juvenil), um organista (André Ferreira), uma percussionista (Neusa Felicidade) e um quinteto de cordas (Jan Pipal, Alicia Arias, Gina Malina, Vasile Stanescu e Jean Christian Houde), tudo sob a orientação do Maestro Nuno Sequeira Rodrigues. Ora, foi para conhecer melhor um

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Rui Baeta

dos elementos deste cocktail de talentos, o Grupo Coral Ossónoba, que fomos até Faro conversar com o presidente de Direção António Dias e que nos contou que tudo começou, em 1980, por vontade de um grupo de amigos que já cantava e que tinha saído do coro do Conservatório Regional de Música do Algarve. Sob a direção do Padre José Pedro Martins iniciou-se um percurso que incluiu a formação de outros grupos – Pequenos Cantores (6 aos 13 anos), Ossónoba Coro Juvenil (13 aos 20/21 anos) e Coro de Câmara (este último já extinto) – que movimentam, a par do Coral Ossónoba (+ de 16 anos), 130 pessoas. “Alguns elementos estão connosco há quase 20 anos, já se formaram e constituíram família, outros, entram a meio caminho, numa fase posterior da vida, porque isto funciona um pouco como um antisstress. Reunimo-nos duas ou três vezes por semana, principalmente à noite, para cantar e esquecemos aquilo que aconteceu durante o dia. Os problemas ficam do lado de fora, isto é uma vitamina”, garante o presidente de direção há mais de três décadas. Apesar de não serem transmitidos 45

conhecimentos formais sobre o canto, até porque o Grupo Coral Ossónoba está sedeada nas instalações do Conservatório Regional de Música do Algarve, os mais novos vão evoluindo ao longo dos tempos e dali têm saído cantores profissionais - aliás, disso são exemplo Rui Baeta e Ana Margarida Encarnação. No entanto, muito embora o Coro Juvenil englobe 27 elementos, António Dias reconhece que não é fácil cativar as novas ALGARVE INFORMATIVO #60


gerações para este estilo musical, onde ainda predomina o sexo feminino. “Os moços que aparecem normalmente são os namorados de algumas das nossas coralistas, no início é mais uma forma de estarem juntos. Depois, há muitos jovens que vêm assistir aos ensaios e ficam perplexos com o que encontram, não tem nada a ver com os típicos coros de igreja. Neste momento, temos um Coro Juvenil que nos representou bastante bem numa digressão por Itália no ano transato, digamos que está de boa saúde”, assume. Verifica-se, assim, que o programa dos três coros é bastante diversificado, desde peças sacras até músicas que passam frequentemente nas rádios e que foram adaptadas para este formato. Tudo isto executado por um instrumento muito único, a voz, e que ALGARVE INFORMATIVO #60

exige cuidados específicos. “Antes de começarmos a cantar, fazemos sempre um aquecimento de cerca de meia hora, para que as cordas vocais não se venham a ressentir. Tudo se molda, mas o essencial é ter bom ouvido, conseguir reproduzir um determinado som que nos é proposto. Depois, é ter um grande querer”, adianta António Dias, continuando com as suas explicações sobre a essência de um coro deste tipo. “A base é constituída pelas vozes agudas femininas (sopranos), vozes graves femininas (contraltos), vozes agudas masculinas (tenores) e vozes graves masculinas (baixos), para além dos intermédios (barítonos). Quanto ao repertório, temos a felicidade do nosso atual maestro, o Nuno Sequeira Rodrigues, ser também compositor e 46


tem feito arranjos de muita música ligeira e contemporânea para o coro interpretar. Em 2014, participamos nos 50 anos do Festival RTP da Canção com o nosso espetáculo «O Sonho da Música», 10 temas que não eram tipicamente para coro”, salienta. Não é de espantar, por isso, que o Grupo Coral Ossónoba se tenha encaixado como uma luva na «Cantata Mundi» de Rodrigo Leão, com os arranjos de Rui Baeta e Ana Margarida Encarnação para diversas vozes. Tal não significa que virem costas aos clássicos, nada disso, garante António Dias. “Em julho, vamos fazer um concerto na Sé de Faro com a Missa da Coroação de Mozart, temos programas para todos os ambientes, ao ar livre ou no interior. O programa é sempre adaptado ao local onde vai ser interpretado e ao público a que se destina”. Atuações que podem incluir apenas o coro, ou ser acompanhadas por orquestra ou piano, o que implica maior logística, mais ensaios, como foi exemplo este «Cantata Mundi». “Fizemos cinco ou seis ensaios com a orquestra e o órgão, pois nada podia falhar. É quase como que uma segunda profissão, pelo gosto que sentimos a cantar e pelos imensos compromissos que temos em agenda. Se as pessoas faltam aos ensaios, perdem a pedalada”, frisa o entrevistado, uma responsabilidade que é encarada de igual forma por pequenos e graúdos. “Os mais novos têm ensaios às sextasfeiras, das 20h30 às 21h30, quase 22h, e não têm pressa em ir para casa. Há 47

sempre espaço para brincarem depois do coro e arranjam aqui um grupo de amigos que, por vezes, não têm na escola”.

Público não falta, felizmente Entretanto, num grupo que existe há quase quatro décadas, já se percebeu quais os momentos mais delicados da vida do coralista, ou mais suscetíveis de levarem ao abandono desta atividade. Assim, quando os jovens terminam o ensino secundário e rumam à universidade, o Grupo Coral Ossónoba perde vários elementos por estes partirem para outras cidades. Curiosamente, muitos deles, depois de regressarem a casa após concluírem os estudos, voltam também ao Coro, neste caso para outra formação, porque o bichinho não desaparece. “Da mesma forma há pessoas que chegam de outras cidades e que desejam entrar para a formação principal, para o Coral Ossónoba, onde estão atualmente 65 elementos e temos lista de espera”, indica António Dias. De volta aos cuidados a ter com a voz, o presidente da Direção alerta para o perigo das bebidas frescas, sobretudo quando se aproxima uma atuação. Também não se deve cantar de estômago muito cheio, por isso perturbar todo o trabalho que é necessário realizar ao nível do diafragma e da respiração. E o tabaco, claro, também prejudica a ALGARVE INFORMATIVO #60


respiração. “Se queremos singrar na vida, se queremos realmente atingir qualidades que não são fáceis de alcançar, são precisos, de facto, alguns cuidados”, reforça. E profissionais têm saído, efetivamente, do Grupo Coral Ossónoba, Rui Baeta, Ana Margarida Encarnação, Beatriz Miranda, Ticha Modesto, uns seguiram a música clássica, outros tiraram um curso superior tradicional e abraçaram a música como segunda atividade, como um hobby apaixonante e encarado com enorme seriedade. “Sempre passaram por cá grandes alunos e os miúdos sabem que, para estarem aqui, precisam ter boas notas na escola. Houve uma rapariga que, num segundo período, tirou nove negativas. Os elementos da direção e os colegas falaram com ela, motivaram-na para estudar, e passou o ano sem nenhuma negativa”, recorda António Dias. Outra questão pertinente é como está Portugal em termos de público para espetáculos de Coros e o entrevistado rapidamente diz que o Grupo Coral Ossónoba não tem razões de queixa nessa matéria. “Os espetáculos em Faro, Tavira e Boliqueime estavam a rebentar pelas costuras. Quando atuamos no Teatro das Figuras, também enchemos. Porém, nos primeiros anos, chegamos a fazer concertos por esse Algarve fora com duas pessoas e um cão a assistirem. O público cria-se e educa-se e, hoje, onde vamos, normalmente temos casa cheia”, assegura, sorridente. Saúde ALGARVE INFORMATIVO #60

financeira é, todavia, outra história, contrapõe o dirigente. “Vivemos uma situação estável e essencialmente daquilo que produzimos porque, a partir de 2009, os subsídios acabaram por completo e sentimos isso numa fase inicial. Nesse sentido, começamos a realizar um espetáculo anual no Teatro das Figuras que nos dá uma almofada para aguentarmos o resto do ano. A qualidade foi aumentando bastante e vendemos espetáculos para sobreviver, uns com patrocinadores, mas nada de subsídios”. E despesas há muitas, engane-se quem pensa que, por não haver instrumentos num coro, que se gasta menos dinheiro. “Em 2005, o nosso orçamento foi uma coisa assombrosa na ordem dos 300 mil euros. Agora, para se arranjar 30 mil euros, é uma complicação tremenda. As senhoras estrearam uma farda que custou uma dezena e meia de milhares de euros, mas comparticipamos todos na medida dos possíveis, mesmo nas deslocações ao estrangeiro”, explica António Dias. “É feito um orçamento, a associação mete uma parte, o resto é suportado pelos coralistas. O ano passado fomos a Ceuta e o Coro Juvenil foi 10 dias para Itália, encaixado num Programa Erasmus +. Este ano, os Pequenos Cantores vão para Jerez de la Frontera, em outubro”. Sobre a «Cantata Mundi», o projeto foi proposto por Rui Baeta e Ana Margarida Encarnação ao Grupo Coral 48


Ossónoba em janeiro do corrente ano e, depois dos maestros examinarem a obra e darem o seu «OK», foi meter a máquina em andamento. “Começamos com os ensaios em força porque as datas de apresentação já estavam definidas e tínhamos quatro meses para preparar tudo”, lembra, ao mesmo tempo que revela que o projeto não deve ficar por estes três concertos realizados no Algarve. “O objetivo sempre foi fazer a Rota das Catedrais e estamos em negociações para seguir por esse país acima, mas é uma obra bastante dispendiosa. São cento e tal pessoas, é uma megaprodução que envolve uns milhares de euros. Felizmente, tivemos alguns patrocinadores, outros espetáculos conseguimos vender. Tivemos o apoio do Cabido da Sé de Faro, da Direção Regional da Cultura do Algarve, das autarquias de Faro, Tavira e 49

Loulé e da União das Freguesias de Faro. Para além destes, o apoio das paróquias onde atuamos, porque os estrados que é necessário montar impedem até a celebração de algumas missas”, destaca António Dias. Avizinha-se, assim, uma agenda recheada para o Grupo Coral Ossónoba, que participa, já nos dias 24 e 25 de junho, nos Dias do Solstício, em Faro. “Levamos tudo bastante a sério, porque somos uma entidade de Utilidade Pública e o nosso Plano de Atividades e Orçamento são submetidos à Presidência do Conselho de Ministros. Em janeiro, já sabemos o essencial da nossa programação e temos que honrar os nossos compromissos com qualidade”, finaliza .

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ATUALIDADE ALBUFEIRA COMEMOROU DIA MUNDIAL DO AMBIENTE COM PEÇA DE TEATRO E MOSTRA DE ATIVIDADES e a Mãe Natureza são as personagens desta história que chamou a atenção para o impacto das alterações climáticas nos Oceanos, nomeadamente na alteração das Correntes Oceânicas e na Fauna Marítima.

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Dia Mundial do Ambiente celebra-se anualmente no dia 5 de junho com o objetivo de alertar as populações e os governos de todo o mundo para a necessidade de preservar o meio ambiente e salvar o planeta. À semelhança de anos anteriores, o Município de Albufeira associou-se às comemorações através da realização de um programa, que este ano decorreu no dia 3 de junho, a partir das 10h, no Auditório Municipal de Albufeira.

Implementada pela «Fun Science, Ciência Divertida®», a peça é baseada num conceito inovador e pioneiro na Europa e em Portugal na área do ensino experimental, que consiste no desenvolvimento de programas educativos e de entretenimento que abordam as áreas do conhecimento científico, social e ambiental, de forma diferente, informal e divertida. Seguiu-se uma Mostra de Atividades Ambientais, onde estiveram patentes os trabalhos realizados pelos alunos do 7.º A, da Escola Básica 2,3 Professora Diamantina Negrão intitulado «Energias Renováveis» e por um grupo de utentes da Casa de Repouso Sra. da Guia, este último sob o mote «A Nossa Praia Limpa» .

A iniciativa animou centenas de crianças dos jardins de Infância, escolas do 1.º ciclo e utentes dos centros de dia do Concelho e foi realizada em parceria com a empresa Ecoambiente, no âmbito das atividades de educação ambiental dinamizadas pelo Município ao longo do ano. O programa arrancou com a apresentação da peça «Vamos Proteger o Oceano Arrefecendo a Terra». O Planeta Terra, o Urso Polar Koda

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ATUALIDADE

ESPÉCIE RARA DE BORBOLETA ENCONTRADA NA RIBEIRA DE QUARTEIRA

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ia 23 de maio foi um dia muito especial para uma turma de crianças do 1.º ano da Escola Básica n.º 1 de Fontainhas, que teve o privilégio de assistir à cerimónia de inauguração da Estação da Biodiversidade da Ribeira de Quarteira (EBIO), na freguesia de Paderne, ao que seguiu uma visita guiada ao longo de um percurso pedestre de rara beleza e extrema importância a nível da diversidade ambiental. O programa começou junto ao Açude do Castelo com os habituais discursos e explicações técnicas acerca do projeto. Desta vez o público era maioritariamente infantil e apesar de irrequietas, como é normal nesta idade, as

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crianças estavam extremamente atentas e dispostas a responder às perguntas dirigidos pelos adultos. Por isso, durante a sua intervenção o presidente da Câmara Municipal de Albufeira interpelou constantemente os mais pequeninos, utilizando um discurso essencialmente pedagógico. Carlos Silva e Sousa chamou a atenção para a beleza paisagística do local, bem como para o património cultural que o rodeia, nomeadamente o Castelo de Paderne e o Açude, que qualificou como “uma riqueza patrimonial e ambiental, que a partir de agora todos podemos desfrutar, de forma

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responsável, em passeios com a família e os amigos, não esquecendo que é fundamental saber preservar e valorizar”. Destacou, igualmente, a enorme diversidade da flora e da fauna, bem como a excelente conservação da ribeira, que contribuíram para a classificação do local na Rede Natura 2000. O autarca frisou que a abertura da EBIO de Quarteira pretende, para além da fruição do espaço por parte de todas as pessoas, assinalar o Dia Internacional da Biodiversidade, que se comemora anualmente a 22 de maio. Ana Vidigal, vereadora com o pelouro do Ambiente, foi quem anunciou a descoberta da borboleta Tagis, visivelmente orgulhosa e feliz, não só pela descoberta em si, mas também pelo facto de a espécie ter sido escolhida pelo Centro de Conservação das Borboletas de Portugal (Tagis) para símbolo da instituição. A EBIO da Ribeira de Quarteira é uma das cinco estações a nível regional, num total de 26 de norte a sul do País, disse. A vereadora sublinhou ainda a importância desta inauguração simbólica contar com a presença de uma turma de alunos da EB 1 de Fontainhas, uma vez que ao longo do ano letivo a Divisão de Ambiente, Higiene Urbana e Espaços Verdes do Município, desenvolve um trabalho de informação e sensibilização com as escolas do concelho no âmbito da temática «Percurso de Interpretação Ambiental – Sítio de Quarteira».

Ribeira de Quarteira, não esquecendo que durante o passeio devem «RIPAR» a biodiversidade: registar através de fotografia, identificar as espécies e depois partilhar através da plataforma www.biodiversity4all.org. A iniciativa contou igualmente com as presenças do vereador Rogério Neto, do presidente da Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água, Hélder Sousa, de Eva Monteiro da Tagis, de Renata Santos do Museu de História Natural e da Ciência e técnicos da Câmara Municipal de Albufeira .

Ana Vidigal exortou as crianças a convidarem pais, familiares e amigos a visitarem a EBIO da

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ATUALIDADE ALGARVE GANHA NOVA ESCOLA DE TREINO CANINO presença ativa em vários campeonatos de diversas modalidades, quer como binómio, quer como homem-assistente onde testa as capacidades de diversos cães em prova. A escola vai prestar serviços nas áreas de socialização de cachorros, cursos de obediência básica e formação de donos, aulas de socialização em grupo para cães adultos, resolução de problemas comportamentais, formação e cães e binómios para segurança e regime de internato.

inaugurada, no dia 5 de junho - Dia Mundial da Natureza - a nova escola de treino canino «Iron Dog», localizada em Quarteira. A escola possui um campo equipado para a prática de várias modalidades desportivas e aulas de obediência para cães. O espaço de treino inserese numa zona calma de campo mas próxima do mar e dispõe ainda de uma grande piscina - dez metros por cinco - para a prática de natação.

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Uma vez que o início das aulas vai avançar durante o verão, nas horas de mais calor quando o treino no campo é difícil, existe agora uma alternativa no Algarve onde donos e cães podem simultaneamente disfrutar de um espaço refrescante. A piscina dispõe de chuveiro e toda a área é vedada. O campo de treino é fresco e acolhedor, com sombras naturais proporcionadas por centenárias oliveiras, alfarrobeiras e figueiras. João Paulino, 38 anos, é o treinador e mentor deste novo projeto. Há mais de uma década que trabalha profissionalmente na área da cinofilia e é conhecido a nível nacional por ser uma

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Um dos grandes objetivos de João Paulino é criar uma equipa para competir a nível nacional e internacional. “De acordo com as habilidades e competências de cada cão com ou sem raça definida – é possível definir-se qual a modalidade em que melhor se enquadra e treiná-lo por objetivos, de forma a atingir os resultados pretendidos. Vamos procurar fazer concretizar treinos objetivos, dinâmicos e divertidos tanto para o dono como para o cão”, explica. A escola de treino canino «Iron Dog» é filiada e reconhecida pelo Clube Português de Canicultura e sob a sua égide irá organizar provas integradas nos campeonatos nacionais das modalidades de RCI e Mondioring, entre outros. “Todos os cães, de todas as raças e idades são bem-vindos e têm capacidade para aprender”, garante Paulino. A natação é aconselhável enquanto atividade fundamental para uma boa condição física do cão, mas nem todos os animais gostam ou sabem nadar. Assim, para que o cachorro não sinta medo de se aventurar na água, é necessário ensiná-lo. E na «Iron Dog» pode começar por habituá-lo à piscina, incentivando-o a entrar na água espontaneamente . 54


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ATUALIDADE LOULÉ APOIA ASSOCIAÇÕES CULTURAIS COM 174 MIL EUROS

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o âmbito da sua política cultural, a Câmara Municipal de Loulé celebrou, no dia 30 de maio, os contratos-programa com as associações culturais e recreativas do Concelho, através dos quais atribuiu uma verba de cerca de 174 mil euros como forma de apoiar as atividades desenvolvidas por estas coletividades. A distribuição desta verba pelas associações obedeceu a critérios definidos no regulamento instituído pelo Município em 2015. Durante a cerimónia de assinatura dos contratos-programa da área da Cultura, o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo, referiu que “para o executivo, investir na Cultura e nas associações que lhe dão vida é essencial para a estratégia de desenvolvimento do território e de promoção de uma cidadania mais participada”. Assim, irão beneficiar deste apoio a Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva, Associação Cultural de Salir, Associação Amigos

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do Alentejo, Associação dos Amigos da Cortelha, Associação de Amizades dos PALOPS no Algarve, Associação Amigos do Rancho Folclórico e Etnográfico de S. Sebastião, Associação Artística Satori, Grupo de Amigos de Loulé, Associação Social e Cultural da Tôr, Centro Social e Cultural Parragilense, Fundação Manuel Viegas Guerreiro, Associação Geonauta, Associação «OS Barões», Associação Cultural e Recreativa das Barrosas, Associação Juvenil Akredita em ti, Casa da Cultura de Loulé e Ao Luar Teatro. Refira-se que o investimento do Município de Loulé na cultura vai muito além deste apoio direto. O apoio logístico, a cedência de espaços ou a colaboração nos eventos promovidos por estas associações são outros dos apoios realizados pela Câmara Municipal de Loulé .

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ATUALIDADE SECRETÁRIA DE ESTADO VISITOU POSTOS DA GNR DO CONCELHO DE LOULÉ

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Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, esteve em Loulé, no dia 2 de junho, para fazer um ponto de situação das intervenções realizadas e as que estão previstas no âmbito do protocolo celebrado em 2014 entre a Autarquia e a Guarda Nacional Republicana/Ministério da Administração Interna. Depois de ter sido recebida nos Paços do Concelho, onde participou numa reunião de trabalho com o executivo louletano, dirigentes da Autarquia, elemento da GNR a nível nacional, do Comando Territorial do Algarve e do Destacamento de Loulé, esta responsável governamental visitou todos os postos do Concelho e os locais onde irão nascer os novos equipamentos. Na cidade de Loulé, já estão concluídas desde o mês de fevereiro as obras de arranjo e requalificação das cavalariças e secção administrativa do Destacamento Territorial, num investimento realizado pelo Município que orçou os 40 mil euros. Na vila de Salir, Isabel Oneto visitou as antigas instalações dos Bombeiros, um espaço que nunca entrou em funcionamento e

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que se encontra há largos anos sem qualquer utilização. É aqui que irá nascer o Posto da GNR de Salir, obra que irá arrancar na próxima terçafeira. O investimento da Câmara Municipal de Loulé ronda os 150 mil euros e o prazo de execução deste novo espaço que irá acolher esta força de segurança é de 180 dias. Já na zona litoral, a Secretária de Estado esteve na freguesia de Quarteira onde visitou as instalações da GNR de Vilamoura e o futuro espaço do Subdestacamento Territorial que ficará alojado no antigo Quartel de Bombeiros, localizado junto ao Calçadão. O edifício será alvo de trabalhos de reconversão, ampliação e convertido num espaço com todas as condições para os militares que trabalham nesta cidade cuja população triplica nos meses de verão. O projeto de arquitetura e de especialidades está concluído, prevendo-se que o concurso para a obra aconteça na segunda quinzena de julho. O investimento municipal neste equipamento ascende a 750 mil euros. Finalmente, aquela que será no conjunto de intervenções que visam melhorar o dispositivo da GNR no Concelho de Loulé, dando mais condições aos militares mas também aos cidadãos que acorrem a estes serviços, diz respeito à construção de raiz de um Posto da GNR na vila de Almancil. Neste caso o investimento de 1,5 milhões de euros é da responsabilidade do Ministério da Administração Interna mas foi a Autarquia que cedeu o terreno onde será construída esta infraestrutura. O projeto está finalizado estando agora em fase de preparação a abertura de concurso público para a execução da empreitada . 58


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SECRETÁRIO DE ESTADO DAS PESCAS ANUNCIOU EM OLHÃO SIMPLEX 2016 PARA O SETOR DA AQUICULTURA

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secretário de Estado das Pescas deslocou-se a Olhão esta terça-feira, dia 31 de maio, para presidir às cerimónias comemorativas do 18.º Dia do Pescador. Na ocasião, entre outras novidades e desafios lançados aos profissionais do setor, José Apolinário anunciou que estão em preparação pelo governo medidas que visam simplificar o processo de licenciamento e instalação de explorações de aquicultura. “Temos em avançado estado de elaboração um projeto de diploma que visa acelerar os processos de licenciamento de exploração e de instalação da

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atividade da aquicultura, que em Portugal demoram, em termos médios, entre dois e três anos. É importante simplificar, criar procedimentos que permitam simplificar o processo de licenciamento da aquicultura. Esta medida faz parte do Simplex 2016 e é uma das medidas sobre as quais temos estado a trabalhar de uma forma intensa, em conjunto com o Ministério do Ambiente”, anunciou em Olhão o governante. Conhecedor da realidade local, José Apolinário reconheceu que “a evolução do

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direito marítimo internacional e dos próprios recursos levou a uma mudança na atividade da pesca e Olhão é exemplo disso”. “As restrições de acesso a águas soberanas de outros países fez com que em Olhão se tivesse que olhar mais para perto, para os recursos existentes na Ria Formosa”. Na opinião do secretário de Estado, o setor das pescas do concelho tem sabido reagir a estas mudanças, criando alternativas que passam por criação de projetos locais, dando como exemplo o projeto Cabaz FrescoMar, uma iniciativa da Associação de Armadores de Pesca da Fuseta. José Apolinário aproveitou a presença dos muitos pescadores, viveiristas e aquicultores no Salão Nobre da Câmara Municipal para os incitar a aproveitarem ao máximo as verbas do Programa Comunitário Mar2020: “Há até 2020 cerca de 50 milhões de euros para investir no setor. Lanço aqui o desafio para que haja capacidade de apresentar candidaturas para que possa ser retirado o máximo proveito destes fundos comunitários que são colocados à disposição de Portugal”. O presidente da Câmara Municipal António Miguel Pina, recebeu com agrado os anúncios feitos pelo secretário de Estado das Pescas, alguns deles resposta a anseios antigos da autarquia. Na sessão de abertura das comemorações do Dia do Pescador, o edil começou por se referir à data como uma das que mais significado tem para as gentes de Olhão. “A história da cidade de Olhão está intimamente relacionada, com as atividades da pesca, 61

comércio e indústria, atividades tradicionais que ainda hoje estão patentes na cidade e, tendo a cidade de Olhão, Capital da Ria Formosa, um território que sustenta as atividades do marisqueiro, da pesca, da aquacultura e do turismo balnear, o Dia do Pescador não poderia deixar de ter um significado muito especial”, sublinhou António Miguel Pina, demonstrando “apreço por esta classe trabalhadora tão esforçada como são os pescadores e aquicultores”. Referindo-se às especificidades do setor, o autarca reiterou o apoio da autarquia a pescadores, viveiristas mariscadores e todos aqueles que, direta ou indiretamente, vivam do mar, “não só por ser um setor que apresenta um elevado interesse económico, mas principalmente pelo seu enorme impacto social”. “Não podemos ignorar o número de famílias do concelho que são afetadas por esta questão. Quero deixar claro que o município de Olhão estará sempre na defesa dos interesses dos profissionais do setor das pescas”. O Dia do Pescador foi também aproveitado pela Autoridade Marítima Nacional apresentar o projeto «Cidadania Marítima». “Um projeto iniciado há cerca de três meses, que já chegou a mais de 300 crianças neste período, mas que pretendemos também hoje divulgar junto da comunidade piscatória, para que estas pessoas que vivem em comunhão tão íntima com o mar nos possam ajudar a passar a palavra. Trata-se de um projeto cujos objetivos passam pela sensibilização da população para um conjunto de regras de segurança de pessoas e bens, que passa por mostrar que o domínio público marítimo pertence a todos nós, e todos nós temos responsabilidade na sua

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defesa”, referiu o comandante do Porto e da Polícia Marítima de Olhão, Nunes Ferreira.

fica patente na Praça da Restauração até final de junho.

Como habitualmente, as comemorações do Dia Nacional do Pescador em Olhão tiveram como ponto alto e mais simbólico a cerimónia de entrega de distinções aos profissionais do setor que mais se distinguiram no último ano: arrasto, cerco, polivalente local e costeira, armação, aquacultura (moluscicultura), mariscador apeado, mulher na pesca e na aquacultura, pescador mais novo, maquinista marítimo, pescador em progressão, indústria conserveira e o Prémio Mérito na Pesca, a maior distinção do dia. O programa de comemorações do Dia do Pescador contemplou ainda a inauguração da exposição «Mãos do Mar de Olhão», uma seleção de fotografias de várias épocas que fazem parte do espólio do Museu Municipal de Olhão e que retratam o dia-a-dia dos ofícios ligados ao mar. A mostra

Também no Museu Municipal de Olhão, um local com uma carga simbólica muito forte, uma vez que foi naquele edifício que em tempos funcionou o Compromisso Marítimo, foi lançada a revista Embarco – Revista de Estudos Marítimos do Algarve, uma publicação do município, com o apoio do Grupo de Ação Costeira do Sotavento Algarve. “Trata-se do primeiro número de uma revista que retrata um pouco do que é a história das pescas, desde a época romana à atualidade, feita por especialistas, mas com uma linguagem dirigida ao público em geral”, adiantou Hugo Oliveira, coordenados do museu. O dia terminou com uma degustação de pescado das lotas nacionais (cavala e carapau), iniciativa realizada com a Docapesca .

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ATUALIDADE MARCHA DE PORTIMÃO CONVIDADA A DESFILAR NAS MARCHAS POPULARES DE LISBOA

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Município de Portimão será representado nas Marchas Populares de Lisboa 2016 com a participação da Marcha Popular de Portimão, que terá como tema «A Sardinha», sendo composta por 24 pares de marchantes de algumas coletividades do concelho, nomeadamente, o Sporting Glória ou Morte Portimonense, a Sociedade Recreativa Figueirense, o Centro de Instrução e Recreio Mexilhoeirense e a Marcha da vila de Alvor. Para além dos marchantes, a Marcha será ainda composta por quatro aguadeiros e um cavalinho de 12 elementos, o que perfaz 64 participantes. A Marcha de Portimão junta-se à festa nesta partilha de experiências, costumes e tradições, tendo como tema a sardinha, com o intuito de recuperar as tradições ligadas ao mar, onde a faina e as descargas do peixe à beira do Rio Arade são o refrão, o traje, a coreografia e os arcos desta marcha. Nos adereços desta participação foi tido em conta a reciclagem de alguns materiais, nomeadamente garrafões de plástico para a composição das escamas nas saias das marchantes, tudo isto para diminuir os encargos inerentes à mesma. A participação da Marcha Popular de Portimão, fruto de muitas vontades e esforços conjuntos é um fator de potencialização de afluxo turístico ao concelho, pela relevância da sua visibilidade a nível nacional e internacional, uma vez que as Marchas de Lisboa serão transmitidas em direto,

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quer para todo o País, quer para o estrangeiro, através da RTP Internacional, podendo fidelizar e atrair novos visitantes e tornar-se um forte impulsionador da economia local. Junho é sinónimo de Santos Populares em todo o país e é o mês de todos os arraiais, da sardinha assada e de manjericos, mas também de bailaricos pela noite dentro como manda a tradição. Em Portimão, as comemorações dos Santos Populares tem início na sexta-feira, dia 10 de junho com os tradicionais desfiles das Marchas nas ruas das freguesias e que este ano retornam à Praia da Rocha e contam não só com a participação de quatro coletividades do município, mas também com a presença de marchas convidadas dos concelhos vizinhos. O centro da cidade, nomeadamente a zona histórica ganha nova vida, recuperando algumas tradições desta época até dia 29 de junho . 64


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ATUALIDADE VRSA CONSTITUI CONSELHO ESTRATÉGICO PARA GERIR TURISMO NO MUNICÍPIO

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Câmara de Vila Real de Santo António assinou um memorando de entendimento com os hoteleiros e agentes imobiliários com vista à criação do Conselho Estratégico Municipal Turístico. Esta nova estrutura tem como metas o desenvolvimento sustentável de VRSA em termos de qualidade, competitividade e diferenciação turística e decorre da implementação da taxa turística municipal, cuja aplicação prevê a criação de um fundo para a gestão das receitas obtidas. Com este acordo, os agentes do setor reconhecem que a taxa turística em Vila Real de Santo António permitirá a dinamização de um turismo de qualidade e reforçará a promoção do destino, aumentando a sua atratividade. “A receita da taxa vai ser reinvestida no setor através de criação de um fundo que permita a animação e a promoção turística, bem como a realização de alguns eventos, que deverão ser autossustentáveis. Este conselho irá precisamente permitir que o município decida, em conjunto com os hoteleiros, onde reinvestir esse dinheiro”, precisou Luís Gomes. De forma a salvaguardar os compromissos já assumidos entre as unidades turísticas e os

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operadores, a taxa só será cobrada a partir do dia 1 de janeiro de 2017. Ao mesmo tempo, o valor da Taxa Turística (1 euro) a aplicar em unidades hoteleiras e de alojamento local será reduzido em 50 por cento (ficando em 0,50 cêntimos) para os hóspedes maiores de 60 anos, no período de época baixa, entre 30 de outubro e 31 de março, de forma a não prejudicar as unidades durante o Inverno. O memorando reconhece ainda que o elevado número de visitantes tem importância clara na criação de postos de trabalho e de riqueza, mas tem implicado uma sobrecarga dos equipamentos municipais, pelo que a aplicação da taxa permitirá criar um fundo para a sua manutenção. Em paralelo, os hoteleiros chegaram a acordo com a autarquia de VRSA para dar seguimento à instalação de estacionamento tarifado em Monte Gordo, a valores comportáveis, a fim de se assegurar a rotatividade de lugares e impedir o problema do parqueamento desregrado nos meses de verão. A medida destina-se ainda a melhorar a circulação pedonal e as acessibilidades à vila e será aplicada nas ruas de Monte Gordo com maior procura, entre 1 de junho e 15 de setembro. Entretanto, a autarquia de Vila Real de Santo António vai criar, em Monte Gordo, uma bolsa de estacionamento reservada aos trabalhadores do comércio, hotelaria e serviços. O acesso ao parque terá o custo de 5 euros/mês e destina-se a facilitar a mobilidade e o estacionamento, durante a época de Verão, a todos os que vivem da atividade turística. Esta bolsa encontrar-se-á em funcionamento entre os dias 1 de junho e 15 de setembro. Ao mesmo tempo, abre ao público, no dia 1 de junho, uma bolsa de estacionamento gratuita e de acesso universal na zona Poente de Monte Gordo, com capacidade para 250 viaturas.

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ATUALIDADE VRSA LANÇOU NOVA MARCA TURÍSTICA PARA PROMOVER PRAIAS E INAUGUROU POSTOS TURÍSTICOS

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autarquia de Vila Real de Santo António acaba de lançar a marca turística «Praias de Cacela». O novo conceito visual engloba as zonas balneares de Manta Rota, Lota e Fábrica e pretende a promoção integrada destas praias, mantendo, contudo, a identidade de cada um dos areais. “A medida assinala o 10.º aniversário da requalificação da frente de mar da Manta Rota e Fábrica, obra que deu origem à maior operação de sempre no litoral do concelho e na qual foram investidos mais de sete milhões de euros”, referiu Luís Gomes, presidente da autarquia de VRSA. A intervenção agora levada a cabo uma década depois contempla a instalação de novos equipamentos na praia da Manta Rota e Lota, a implementação do novo layout em todos os locais públicos, a sinalização integral do passadiço da Manta Rota (o maior do Sotavento), bem como a criação de novos espaços públicos como um parque de lazer. O projeto integra ainda a pintura e adaptação dos apoios de praia e do mercado municipal de Manta Rota à nova marca, assim

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como a renovação dos equipamentos de praia acessível. Na praia da Fábrica, cuja requalificação teve a assinatura do arquiteto Sidónio Pardal, as ações passam pela colocação de sinalética de apoio ao visitante e pela promoção do destino - já considerado como uma das melhores praias do mundo pela revista Travel - ao longo da EN 125. “Hoje, a Manta Rota é um dos destinos mais importantes do Algarve. É por isso fundamental recordar as mudanças que fizemos nos últimos 10 anos, em que evoluímos de uma praia sem estacionamentos para uma das áreas balneares mais qualificadas e procuradas em toda a região. A marca hoje apresentada dá precisamente continuidade ao objetivo de manter a excelência desta faixa do litoral”, nota Luís Gomes. O conceito visual da marca Praias de Cacela pretende a afirmação destas zonas balneares como um local familiar e intergeracional onde a qualidade turística e ambiental são os valores-chave para os seus visitantes habituais. Por essa razão, o conceito foi rematado pela assinatura intemporal «Vemo-nos aqui». A todas estas operações soma-se a abertura do posto municipal de informação turística da Manta Rota, resultado de uma parceria com a Região de Turismo de Algarve. A estrutura de apoio ao visitante situa-se no Centro de Artes e Ofícios, na Praça Central, junto ao acesso ao areal. Em paralelo, Vila Real de Santo António recebe igualmente, a partir do dia 1 de junho, um posto de informação turística no Centro Histórico da Cidade. Situado no Centro Cultural António Aleixo, junto à Praça Marquês de Pombal, o equipamento destina-se a promover a marca «VRSA a Céu Aberto» . 68


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ATUALIDADE «LUGARES DE GLOBALIZAÇÃO» INSCRITOS NA LISTA INDICATIVA DE PORTUGAL

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candidatura à lista indicativa de Portugal ao Património Mundial dos «Lugares de Globalização» recebeu a aceitação da Comissão Nacional da UNESCO. Apresentada no final de 2015, a candidatura integra assim a lista indicativa dos 22 bens divulgada, no dia 30 de maio, pela Comissão Nacional e reúne agora todas as condições necessárias para a candidatura a Património Mundial. Uma revisão dos lugares incluídos circunscreveu a candidatura aos concelhos de Vila do Bispo, Lagos, Aljezur, Monchique e Silves. O Arquipélago da Madeira e o Arquipélago dos Açores, assim como Cabo Verde, Ceuta, Mauritânia e Marrocos, seriam outros dos territórios a integrar a candidatura numa verdadeira rede universal de conhecimento e de descoberta. A Região de Turismo e a Direção Regional de Cultura contaram com o apoio de uma rede de parceiros que se mobilizou em torno da candidatura e que tornou possível este resultado, incluindo a Universidade do Algarve, a Direção Regional de Cultura dos Açores e a Direção Regional de Cultura da Madeira e os municípios algarvios envolvidos (Vila do Bispo, Lagos, Aljezur, Monchique, Portimão, Silves, Tavira e Castro Marim). O Algarve teve entre Lagos e Sagres «o cais primeiro» das viagens de descobrimento, conhecendo desde este território os primeiros grandes contactos transnacionais com a

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realidade africana e a abertura a um «novo Mundo». Até ao século XV estabeleceu-se a partir daqui um mosaico de culturas, uma sociedade dinâmica de complementaridade cultural, linguística, religiosa, técnica, comercial e política. Valores, ideias e práticas provindas das ligações com outros povos foram geradoras de soluções adequadas aos múltiplos problemas com que as sociedades africanas se confrontaram no multissecular percurso da sua história. O trabalho agora iniciado continuará a carecer do apoio de todos para chegar ao resultado desejado de inscrição na lista do Património Mundial da UNESCO, sendo de destacar o apoio científico à candidatura do Professor Doutor Rui Loureiro e a atenção especial do Professor Doutor Guilherme D’Oliveira Martins e da Doutora Lídia Jorge, padrinhos deste empreendimento .

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DESPORTO MIGUEL BARBOSA REGRESSOU ÀS VITÓRIAS EM LOULÉ

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Praça da República recebeu, no dia 29 de maio, a cerimónia de encerramento da edição de 2016 da Baja de LouléAlcoutim-Almôdovar, consagrando os vencedores que aceleraram pelos trilhos da Serra do Caldeirão, na prova elegível para os campeonatos nacionais de TT. Desde muito cedo se percebeu que Miguel Barbosa, navegado por Miguel Ramalho no Mitsubishi Racing Lancer vinha para vencer. Sendo a segunda viatura em pista, fez uma prova ao ataque e, à passagem pelo primeiro controlo, já liderava a prova. Mantendo um ritmo elevado foi gradualmente aumentando a sua vantagem, para somar a quinta vitória na prova algarvia. O seu mais direto adversário, João Ramos, na Toyota Hilux acompanhado por Vítor Jesus,

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entrou ao ataque com uma vitória no Prólogo, mas não conseguiu acompanhar o ritmo do adversário. Estes dois participantes foram prejudicados no final do 1.º setor seletivo, quando apanharam um concorrente atrasado em pista que impediu a marcha normal. A fim de garantir o rigor desportivo, a organização optou por atribuir um tempo de referência (do 3.º participante em pista) e repor a competitividade para o 2.º Setor. Aproveitando da melhor forma alguns percalços de João Ramos, a dupla Nuno Matos e Filipe Serra, que estiveram próximos das viaturas da frente, levaram o Opel Mokka à 2ª posição final, relegando o piloto da Toyota para o último lugar do pódio. De referir a boa prova de Pedro Ferreira/Valter Cardoso, com o Amarok a suplantar os problemas de 72


juventude que o assolaram no início do campeonato. César Sequeira e Tânia Sequeira (Isuzu) venceram entre os T2 e Adelino Oliveira/Ezequiel Fragoso (Mitsubishi) venceram entre os T8. Na competição reservada à Taça FPAK, só se fez o primeiro setor seletivo, sendo os melhores Pedro Valério/Luís Bento (Nissan). Nas motos, Sebastian Buhler venceu pela primeira vez uma prova do CNTT aos comandos de uma Yamaha da classe TT1, depois de uma luta acesa com Gustavo Gaudêncio até ao final do primeiro setor seletivo, com o piloto ribatejano da Honda a sofrer alguns problemas e a perder o segundo posto no final para António Pereira (Yamaha), o melhor dos TT2, mas ainda assim a conseguir ser o melhor nos TT3. O vencedor entre os veteranos foi Sandro Carolino (KTM), na Promoção o melhor foi Tiago Santos (Suzuki) e Flávia Rolo (KTM) venceu entre as senhoras. A prova fica também marcada pela queda de António Maio no prólogo, que provocou lesões que impediram o campeão nacional de continuar no evento.

Nos quads, Beto Borrego (Yamaha) voltou a impor a lei do mais rápido, com o piloto alentejano a manter a invencibilidade na temporada de 2016. Seguiram-se no pódio Arnaldo Martins (Suzuki) e Fábio Ferreira (Yamaha). Nota ainda para o 4.º lugar do piloto de Monchique, José Nunes (Suzuki). Na cada vez mais popular categoria dos UTV/Buggies, o vencedor foi o líder do campeonato, João Dias (Polaris), navegado por João Miranda, seguido de Ricardo Carvalho (Yamaha) e Pedro Santinho Mendes (Polaris). De referir que o primeiro líder foi o espanhol Roberto Viñaras que venceu o prólogo, e abria a pista mas desistiu após o primeiro controle de passagem. A Baja de Loulé 2016 foi uma organização do Clube Automóvel do Algarve sob a égide da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting e da Federação de Motociclismo de Portugal, contando com o apoio dos municípios de Loulé, Alcoutim e Almodôvar, Solverde – Casinos do Algarve, Hydraplan e Acrimolde . Fotos: Sérgio Palma-FotoConcepts e A2Comunicação

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ECONOMIA L’ORANGERIE II ARRANCOU EM VILAMOURA

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ntegrado no conceito de Lifestyle Vilamoura Golf, o empreendimento L’Orangerie ocupa uma área de 70 mil metros quadrados, com uma baixa densidade de construção, composto por 93 unidades, entre villas, moradias e apartamentos, tendo sido concebido com o objetivo de maximizar o potencial que o espaço envolvente oferece. Rodeado por dois dos melhores campos de golfe de Portugal, Victoria e Millenium, este projeto oferece uma construção com padrões de elevada qualidade e exclusividade, beneficiando da ligação natural existente entre o interior e o exterior das habitações, obedecendo a um design que conjuga simplicidade e sofisticação, que reflete o que de melhor se faz na arquitetura contemporânea, com um firme compromisso com a envolvente natural. A construção do L’Orangerie II, extensão da fase I do projeto, tem lugar num terreno de 21 mil e 569 metros quadrados e tem uma área de

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construção de 5.800 metros quadrados. A Fase II do projeto inclui 32 unidades, todas elas viradas aos campos de golfe: seis villas T3 com piscina privada, 18 moradias T2 com jardim privativo e pátios interiores e oito apartamentos, de T1 a T3, com vista de mar e sobre os campos de golfe envolventes, tendo a sua comercialização arrancado no dia 3 de junho. “Dar início à construção e comercialização da fase II de L’Orangerie mostra claramente o nosso compromisso de transformar Vilamoura no destino de eleição da Europa, quer pela excelente qualidade de vida que proporciona, quer pela sua localização estratégica, a sua oferta diversificada e o clima extraordinário. O arranque deste projeto vai impulsionar também o investimento direto estrangeiro em Portugal, já que se trata de um investimento seguro que responde às aspirações de públicos muito heterogéneos, num mercado que tem vindo a registar um crescimento sustentado”, considerou o Presidente de Vilamoura World, Paul Taylor. O executivo salientou ainda que o projeto L’Orangerie está englobado num investimento total de mil milhões de euros, que representa um dos maiores empreendimentos imobiliários em Portugal, proporcionando um impulso à economia nacional e da região algarvia em particular. “Vilamoura aspira, assim, contribuir para o relançamento da economia e para atrair a atenção global sobre Portugal enquanto referência no mercado de investimento imobiliário no Sul da Europa” .

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ALGARVE INFORMATIVO #60


FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina

ESTATUTO EDITORIAL A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética

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profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. 76


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