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ALGARVE INFORMATIVO 13 de agosto, 2016

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MARIZA

ao vivo em Loulé e Castro Marim 1

Programa Algarve Cultural| Festival do Marisco de Olhão ALGARVE INFORMATIVO #70 Corações Solidários | Pedro Jubilot | Vital Cities


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OPINIÃO 8 - Daniel Pina 36 - Paulo Bernardo 38 - José Graça 40 - Mirian Tavares 42 - Bruno Inácio 44 - Augusto Lima

ATUALIDADE 10 - Programa Algarve Cultural 16 - Festival do Marisco de Olhão

ENTREVISTAS/ REPORTAGENS 26 - Loulé lidera Vital Cities 48- Mariza 56 - Corações Solidários 70 - Pedro Jubilot

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Sirenes A banda sonora dos nossos dias Daniel Pina

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ivo no Algarve há 18 anos e não tenho memória de um Verão como este. Não falo da região estar cheia de turistas, dos hotéis estarem a abarrotar de estrangeiros, das praias estarem repletas de pessoas e chapéus-de-sol. Falo, sim, de um som que já me habituei a ouvir todos os dias, de manhã à noite, umas vezes quando ando na rua a trabalhar, outras vezes quando estou em casa. Um som que nos entra pelas janelas, estridente, e que nos faz pensar imediatamente no pior. O som das sirenes, de carros de bombeiros ou de ambulâncias, qual banda sonora de um filme de tragédia que tem apoquentado os portugueses nas últimas semanas. Portugal tem estado a arder um pouco de norte a sul, um flagelo a que o Algarve não escapou, com o arrepiante incêndio que assolou a Perna Seca, concelho de Silves. Um incêndio que começou ao início da tarde, colunas de fumo a rumar ao céu, perfeitamente visíveis para quem circulava pela Via do Infante e por quem chegava à região pela autoestrada. Uma nuvem de fumo que, passadas poucas horas, tapava o sol em Lagos, onde me encontrava em serviço nessa tarde. Sol que perdeu a sua cor habitual, transformando-se num círculo vermelho, qual filme de ficção científica. O filme era bem real mas, felizmente, chegou ao fim sem perda de vidas humanas. Contudo, perderam-se mais não sei quantos hectares de uma das principais riquezas do Algarve, o seu meio ambiente. Apesar disso, comparado com o que tem acontecido no resto do país, com particular destaque para a tragédia da Madeira, temos tido sorte. Mas as sirenes continuam a soar, de manhã à noite. São outros pequenos incêndios florestais, alguns incêndios urbanos, acidentes na estrada, problemas com banhistas nas praias, e os nossos bombeiros e socorristas numa roda-viva, sem tempo para descansarem, quase sem tempo para respirarem. A conversa é sempre a mesma: faltam meios para combater os incêndios, faltam homens no terreno, viaturas, equipamentos. Os meios aéreos que ajudam os soldados da paz são de empresas privadas e pagos a peso de ouro, porque algum governante entendeu que a Força Aérea não tinha nada que andar a combater fogos e se deixaram envelhecer

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nos hangares os aviões que havia para lidar especificamente com estas situações. Mas houve dinheiro para se comprar submarinos que nem sequer servem para jogar à batalha naval. A justiça continua, como sempre, a ser cega, não por tratar todos de igual forma, mas por não fazer o seu serviço. Os incendiários andam à solta e alguns até são conhecidos das forças de autoridade, são reincidentes, têm cadastro nesta matéria. Mas quem provocou os incêndios, por exemplo, na Madeira, não deveria ser julgado por fogo-posto, mas sim por homicídio, nem que seja homicídio involuntário. Não se sabe se causaram os incêndios por dinheiro, ou por terem menos um parafuso na cabeça, mas a verdade é que pessoas morreram em consequência dos seus atos. Portanto, não podem ser condenados e ficarem com pena suspensa, ou simplesmente realizarem serviço comunitário, porque é mais que sabido que, no ano seguinte, ou daqui a dois ou três anos, vão voltar a fazer o mesmo. As soluções são mais que evidentes. Não podemos pensar em limpar as florestas apenas quando se aproxima o Verão. Temos que obrigar os proprietários a tratarem dos seus terrenos, da mesma maneira que os donos de prédios urbanos, em bom ou mau estado, têm que assegurar que eles não constituem um perigo para a via pública. Há que dar condições dignas aos bombeiros para desempenharem as suas funções. E garantir a sustentabilidade financeira às corporações de bombeiros, porque estas não podem continuar a contar os tostões para encher os depósitos das suas viaturas, nem podem ficar sem meios de combate aos incêndios por não terem dinheiro para reparar os veículos que ficam danificados. Todos sabemos o que se deve fazer, mas a história repete-se todos os anos. Os governantes não fazem nada, praticamente não passam cartão aos bombeiros durante 9 ou 10 meses e, de repente, no pico do Verão, desdobram-se em palavras de incentivo, em abraços de conforto, enquanto vão inaugurando este ou aquele festival gastronómico no Algarve, ou vão gozando férias num qualquer destino paradisíaco. E nós, cidadãos anónimos, continuamos a ouvir as sirenes a tocar, de manhã à noite .

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Dália Paulo, coordenadora do programa «Algarve Cultural», Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo e Luís Filipe Castro Mendes, Ministro da Cultura

ALGARVE CULTURAL pretende valorizar o território e combater a sazonalidade Foi apresentado, no dia 8 de agosto, no Centro Ciência Viva de Lagos, o Programa Algarve Cultural, que pretende levar a cabo eventos culturais nas chamadas época média e baixa do turismo algarvio, ou seja, de outubro a maio, para ajudar a combater a sazonalidade. Uma parceria entre Turismo e Cultura, duas facetas capazes de tornar o Algarve num destino único e inconfundível, e que assenta em novos eventos, mas também na recuperação de alguns do passado que, entretanto, tinham desaparecido do mapa cultural da região. Texto:

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Centro Ciência Viva de Lagos foi o local escolhido pelo governo para o lançamento oficial, no dia 8 de agosto, do Programa Algarve Cultural, focado na valorização artística e na promoção turística da região e cujo intuito é reforçar e qualificar a programação cultural da região entre outubro de 2016 e maio de 2017. O projeto é uma parceria entre os Ministérios da Economia, através da Secretaria de Estado do Turismo, e da Cultura, contando ainda com o envolvimento do Turismo de Portugal e da Região de Turismo do Algarve, para além, claro, dos agentes culturais locais, sejam eles autarquias ou associações. O objetivo do programa é diversificar a atratividade da oferta turística e cultural no Algarve nos meses das épocas média e baixa, assegurando um calendário de iniciativas que cativem visitantes, nacionais ou internacionais, ao longo de todo o ano. Para esse fim, busca-se um encontro harmonioso entre o património natural e edificado com a criação artística nas suas várias expressões, da música ao teatro, do cinema e artes visuais à dança. Acima de tudo, o Programa Algarve Cultural quer aumentar a competitividade do destino 365 dias por ano, realçando a sua matriz identitária e criativa, mas procura igualmente diminuir as assimetrias existentes no território, inclusive do ponto de vista cultural. O desafio é, assim, a construção de uma oferta consistente, coerente e

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coesa, que acrescente valor e que procure diminuir a sazonalidade turística do Algarve, com vista à sua sustentabilidade futura, contando, para esse fim, com um financiamento de 1,5 milhões de euros, que será suportado, na íntegra, pelo Turismo de Portugal. “É um momento importante para toda a região, por reunir um conjunto de entidades, do turismo e cultura, com as autarquias, e tenho a certeza que vamos ficar todos mais fortes e ricos com este programa. A região constrói-se em termos administrativos e políticos mas, em primeiro lugar, como uma região de facto, e isso acontece quando todos os 16 municípios conjugam os seus esforços para, em conjunto com o Turismo do Algarve, fazer um programa de nível regional”, afirmou Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara Municipal de Lagos, no início da sessão de apresentação do «Algarve Cultural». “Tenho a certeza que vamos ter sucesso, porque a semente e o terreno são bons”, reforçou a edil lacobrigense. De grande sucesso está a ser o presente ano turístico, com o Algarve cheio de visitantes de todos os pontos do mundo e com Portugal a estar, efetivamente, na moda, de acordo com a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. “Entre janeiro a julho desembarcaram, no Aeroporto Internacional de Faro, mais 300 mil pessoas do que em igual período de

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Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara Municipal de Lagos

2015 e, na época baixa, o Algarve teve mais meio milhão de dormidas. Contudo, é nos momentos em que a atividade turística está a correr bem que devemos ser mais ambiciosos e exigentes, até porque os problemas de sazonalidade persistem e ninguém consegue fazer milagres. Há, porém, medidas e instrumentos que se podem aplicar para que, de alguma forma, se possa alargar o período da época alta e, com isso, garantir que os hotéis e os restaurantes continuem abertos e a criar emprego”, sustenta a governante. Reflexo deste conhecido cenário, muitos operadores turísticos queixam-se da falta de vida no Algarve durante o Inverno, daí a vontade destes dois Ministérios trabalharem em conjunto para um fim comum. “Aos agentes culturais interessa dinamizar um programa cultural no Algarve e, aos

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agentes económicos, interessa oferecer outros atrativos a quem nos visita. Queremos um Algarve 365 e este repto foi bem agarrado pela Cultura. Ouvimos os agentes culturais locais para se criar um programa territorial com uma base genuína, feito por quem está no Algarve, e não construído de forma artificial com um papel e uma caneta”, salientou Ana Mendes Godinho, satisfeita pelo elevado número de propostas que foram recebidas. “Este é o início de um caminho que acredito que será rico para todos nós e o Turismo de Portugal usará este programa como fator de promoção do Algarve no estrangeiro para demonstrar que esta região é um sítio fantástico para passar férias, para viver e para trabalhar. O Algarve é muito mais do que sol e praia e é isso que temos que demonstrar a quem nos visita”.

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Satisfeito com a prestação do setor do turismo está, obviamente, Desidério Silva, mas o presidente do Turismo do Algarve há muito que insiste para a necessidade de se ter uma região sustentável ao longo de todo o ano. “Em 2015, o sucesso do Algarve foi inquestionável. Tivemos mais de 16,5 milhões de dormidas e as previsões indicam que esse número será largamente ultrapassado em 2016. No entanto, há que continuar a trabalhar arduamente para encontrar soluções que diminuam a flutuação de turistas, para não termos taxas de ocupação de 100 por cento em julho e agosto e, depois, 25 a 30 por cento em janeiro e fevereiro”, sensibilizou Desidério Silva.

Uma missão difícil, mas não impossível, e as expetativas em relação ao Programa Algarve Cultural são elevadas, por traduzir o reforço da criação artística e da oferta cultural da região, bem como da valorização dos agentes culturais locais. “É o fruto da vontade de várias entidades públicas e privadas, mas quero referir especialmente a participação e intervenção de todos os municípios. Sabemos que cada concelho tem a sua especificidade e o seu conjunto permite uma coesão territorial que propicie um nível de visitantes cada vez mais constante ao longo do ano”, destacou Desidério Silva. “O Algarve tem uma oferta diversificada, o sol e a natureza são

Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo

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Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve

nossos aliados, mas queremos muito mais. Queremos que os portugueses e os estrangeiros nos visitem mais entre outubro e maio e temos produtos de elevada qualidade para os receber, na cultura e no desporto, para além do turismo de natureza, do turismo de saúde e do turismo acessível, da nossa gastronomia e vinhos, do nosso património e, claro, da nossa arte de bem receber”, apontou ainda o presidente da Região de Turismo do Algarve.

Um programa cultural genuíno e coeso Seguiram-se as palavras da Coordenadora da Programação, Dália Paulo, que considerou este programa

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inovador pela forma como lança o desafio aos agentes culturais e criativos do território para construir uma oferta cultural de qualidade baseada nos valores identitários, gerando, assim, uma experiência única e diferenciadora aos visitantes e residentes da região. “Estamos aqui hoje para mostrar o resultado do apelo que foi lançado aos agentes culturais do território, um programa que queremos que seja colaborativo, participado, identitário, criativo e diferenciador. E os objetivos são dar vida à região através de uma programação cultural anual; reforçar a identidade cultural do território; valorizar, qualificar, diferenciar e diversificar a oferta cultural e a criação artística, como complemento aos produtos turísticos sol&mar,

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golfe e negócios; construir um produto cultural consistente para estimular a procura do destino; melhorar a experiência turística e a perceção internacional do Algarve, integrandolhe uma forte componente cultural; construir uma oferta cultural nacional e internacional de relevância turística todo o ano; construir um projeto estruturante e sustentável”, explicou Dália Paulo. Assim sendo, e de acordo com a sua Coordenadora, o Programa Algarve Cultural constrói-se a partir da identidade do lugar hoje, numa simbiose que se quer perfeita entre território, comunidades, conhecimento, património, inovação e criação contemporânea. “Neste território milenar onde, desde tempos imemoriais, se cruzam gentes vindas de muitos lugares, o desafio é deixar-

se encantar, deambulando para redescobrir o Algarve através das artes. Um programa de ligações (im)prováveis que aposta nos criadores residentes para, com eles, recriar, aumentar e diversificar a oferta cultural da região. Hoje, estamos perante turistas mais exigentes, o que requer destinos mais competitivos”, indicou. Olhando para os números, 41 entidades candidataram-se ao Programa, apresentando 100 projetos que abrangem os 16 municípios do Algarve. Destes, foram selecionados 48 projetos, integrando 37 entidades, a partir dos quais se definiram nove linhas programáticas que permitem envolver os visitantes e/ou residentes na escuta, interação, criação, (re)descoberta, experiência e fruição do território. Linhas

Dália Paulo, coordenadora do Programa Algarve Cultural

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programáticas que são: Arte e paisagem; Festa e tradição; Gentes que nos inspiram; Música, espaços e paladares; Música, espaços e tempos; Pensar o território; Território e fronteiras; Território e memória; Território, criação e transformação. “É importante e justo agradecer aos agentes culturais e aos municípios da região por terem apresentado as suas propostas num tempo muito curto e por mostraram a sua dinâmica, implicação e capacidade de resposta. As propostas de programação e criação realizadas pelos «fazedores» de cultura do território foram baseadas, na sua maioria, em duas ideias bases: valorizar a identidade e construir uma cultura contemporânea na região; reforçar a programação dos espaços culturais, permitindo que, pelos nossos palcos, passem espetáculos de elevada qualidade e que sejam verdadeiros palcos de internacionalização para os criadores algarvios e para todos os criadores portugueses”, frisou Dália Paulo. Na diversidade temática, nota-se uma clara predominância da música, desde a erudita ao jazz, seguindo-se a animação do património e a dança, bem como a criação de festivais que poderão ter uma grande capacidade para atrair pessoas, pela novidade e complementaridade em relação à oferta já existente no Algarve. “Temos 32 eventos novos, 12 eventos existentes que são qualificados e a reativação do Festival Internacional de Música do Algarve, que teve 31 edições até 2009 e que avança agora pelas mãos da Orquestra Clássica do Sul. Entre 48 ALGARVE INFORMATIVO #70

propostas contabilizam-se mais de 600 apresentações entre outubro de 2016 e maio de 2017”, revelou Dália Paulo, explicando que o Programa Algarve Cultural ainda não está fechado, já que decorrerá uma segunda fase de apresentação de propostas de 9 a 23 de agosto. O programa geral será depois construído até 10 de setembro, para arrancar em força em outubro. A finalizar a apresentação interveio o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, para quem a Cultura é um ativo transversal a todas as áreas da governação. “Atravessa todas as nossas atividades, projetos e esperanças, por isso, há aqui um cúmulo de desafios e respostas”, considerou. Assim, ao desafio do Turismo, a Cultura respondeu, deixando igualmente um apelo à descentralização e à criatividade das pessoas. “Estamos a trazer para nós a criatividade que existe por toda esta região e a construir, em colaboração com as autarquias e os poderes municipais, uma rede de relações, de criatividade, de atividade cultural, que vai beneficiar o turismo e toda a atividade económica. Mais do que isso, vamos junto dos cidadãos, do povo, ouvir as suas propostas, os programas que nos propõem, para depois elaborálos, articulá-los, construi-los de maneira a torná-los mais apelativos. E, num curto espaço de tempo, criou-se um programa tão denso, tão participado, tão fecundo, tão cheio de potencialidades, e acredito que vai fazer muito por este Algarve” . 14


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Festival do Marisco voltou a encher Jardim Pescador Olhanense De 9 a 14 de agosto, Olhão foi um destino privilegiado para milhares de residentes e visitantes nacionais e estrangeiros adeptos dos frutos da Ria Formosa, por ocasião do 31.º Festival do Marisco. A par dos mariscos e dos bivalves, a animação musical foi de peso, com Aurea, Expensive Soul, Azeitona, C4Pedro, Camané e Xutos & Pontapés a fazerem as delícias de miúdos e graúdos. Texto:

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Inauguração do 31.º Festival do Marisco, com o Secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, o Ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, o Presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina, a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, a Vereadora da Câmara Municipal de Olhão, Gracinda Rendeiro e o Presidente da Assembleia Municipal de Olhão, Daniel Santana

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rrancou com o pé direito a 31ª edição do Festival do Marisco, com cerca de oito mil pessoas a fazerem a festa num dos principais eventos do verão algarvio. O palco do maior evento gastronómico a sul do País pertenceu, na primeira noite, a Aurea e a cerimónia de abertura contou com a presença da Ministra do Mar, do MinistroAdjunto e do Secretário de Estado das Pescas. “Esta é uma iniciativa extremamente importante, que promove vários aspetos. Por um lado, divulga o mar e as espécies do marisco do Algarve, que é excelente, mas também promove a gastronomia e o turismo e, portanto, juntam-se neste evento vários aspetos: turismo, pesca, pescado, mar, ALGARVE INFORMATIVO #70

gastronomia e dinamiza-se a economia do mar e o mar do Algarve, que é extremamente importante para a economia do Algarve e do País”, sublinhou Ana Paula Vitorino. O dia de arranque do certame assistiu ainda à inauguração da última peça escultórica que faltava para completar o Caminho das Lendas, no Largo João da Carma. À semelhança dos largos do Gaibéu e da Fábrica Velha, a escultura é da autoria da designer olhanense Isa Fernandes e representa, usando chapas de zinco como material de eleição, o Arraúl, protagonista da lenda da mitologia olhanense com o mesmo nome. Já com o aroma dos mariscos e bivalves, cozinhados como só os 18


olhanenses sabem, o número de visitantes no primeiro dia ultrapassou as expetativas da organização. “Estamos muito satisfeitos com a forma como decorreu este primeiro dia e com a adesão de olhanenses e turistas. É gratificante, entre tantos milhares de pessoas, encontrar algumas caras conhecidas, de visitantes que, não sendo de Olhão, fazem questão de voltar todos os anos”, referiu o presidente da Autarquia, António Miguel Pina. No dia 10 de agosto, o recinto junto à Ria Formosa vibrou com os Expensive Soul, que levaram ao rubro os 19

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milhares de fãs com um alinhamento onde se destacaram temas como «Cupido», «13 Mulheres», «O Amor é Mágico», «Que Saudade», «Dou-te Nada» ou «Agora é Tarde». A animação prosseguiu ao longo de toda a semana, com a música a estar entregue aos Azeitonas, C4 Pedro, Camané e Xutos & Pontapés, no encerramento do festival. Enquanto isso, nas mesas, as estrelas eram as sapateiras, santolas, lavagantes, ostras, gambas, camarões, amêijoas, conquilhas ou berbigões, petiscos de fazer crescer água na boca a qualquer um, mas também as famosas açordas de marisco, cataplanas, arroz de marisco ou as paellas .

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Gracinda Rendeiro e António Miguel Pina, Vereadora e Presidente da Câmara Municipal de Olhão, respetivamente

Olhão vai ter Orçamento Participativo de 400 mil euros Texto:

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ntónio Miguel Pina anunciou, no dia 11 de agosto, em pleno Festival do Marisco, a concretização de um desejo antigo da Câmara Municipal de Olhão, isto é, a implementação de um Orçamento Participativo (OP) no concelho e que, no seu primeiro ano, terá uma verba disponível de 400 mil euros. “É um instrumento que vai complementar outros que já existem e que pretende, essencialmente, que as pessoas sintam que fazem parte da gestão autárquica. É certo que a arquitetura jurídicoALGARVE INFORMATIVO #70

administrativa do nosso país é, por si só, bastante participada, mas há que contrariar o aumento generalizado da abstenção nas eleições”, justifica o edil olhanense. “Por mais que conheçamos os problemas do concelho e tenhamos um conjunto de iniciativas, obras e apoios nos nossos orçamentos anuais para os colmatar, ninguém dúvida que várias cabeças pensam melhor que sete, no caso concreto deste executivo camarário, e a nossa perspetiva é que apareçam ideias de projetos de que

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ainda não nos tínhamos lembrado”, acrescenta. Uma particularidade do OP de Olhão é que o valor será distribuído pelas cinco freguesias, as quatro formais – Olhão, Pechão, Quelfes e Moncarapacho – e a da Fuzeta, que foi fundida com Moncarapacho na reorganização administrativa de freguesias que teve lugar há alguns anos. Assim, são 400 mil euros, o valor mais alto do Algarve em termos proporcionais, que será dividido pelas freguesias consoante o número de habitantes e a sua área geográfica. “São cerca de 100 mil euros para Olhão, 100 mil para Quelfes, 100 mil para Moncarapacho, 50 mil para Pechão e 50 mil para Fuzeta. As propostas são apenas para investimentos no espaço público, não serão admitidas intervenções em equipamentos privados ou mesmo de coletividades, associações ou clubes desportivos. Também não podem ser investimentos, por exemplo, na água e saneamento, porque essas competências estão fora da alçada da autarquia. E aqueles que são eleitos não participam na votação, porque consideramos que esses já têm o seu espaço para opinarem e decidirem”, explicou António Miguel Pina. O processo decorrerá em duas fases, a primeira das quais contemplando sessões em cada freguesia onde os residentes serão divididos por grupos, cada grupo escolherá três propostas que serão colocadas à votação de todos os participantes, de modo a se 23

encontrarem as três propostas finais de cada freguesia. Numa segunda fase, as propostas finalistas das cinco freguesias irão a escrutínio de todos os munícipes, com os votos a poderem ser efetuados por via presencial ou através de SMS, sendo que haverá uma vencedora por cada freguesia, conforme referido. “A fase de reuniões nas freguesias começa na segunda quinzena de setembro e esperamos ter o processo de votação concluído na primeira semana de dezembro, para que os vencedores possam ser incluídos no Orçamento de 2017. A nossa expetativa é que, ainda em 2017, se concretizem esses projetos”, afirmou António Miguel Pina, confiante de que a adesão da população será elevada. Orçamentos Participativos que já existem noutros concelhos da região, mas só agora houve possibilidade para esta medida avançar em Olhão. “Ao longo destes últimos dois anos fizemos uma contração financeira para se equilibrar as contas e não tínhamos verba para alocar num OP. Felizmente, já passamos a fase mais difícil e estamos agora em condições de projetar o concelho para o futuro”, adiantou o presidente da Câmara Municipal, revelando que o valor do OP pode aumentar nos próximos anos conforme a adesão da população e as propostas que sejam apresentadas . ALGARVE INFORMATIVO #70


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Autarquia de Loulé quer munícipes com mais vitalidade Durante o mês de agosto, Loulé, Almancil e Quarteira disponibilizam quase 60 horas de atividade desportiva, com aulas de diversas modalidades dirigidas a toda a população. É o programa «Agosto Ativo», da responsabilidade da Câmara Municipal de Loulé e que conta com a colaboração de parceiros locais, surgindo no âmbito do projeto europeu «Vital Cities – Make You Active». O objetivo passa por fomentar a inclusão social, mas a própria vitalidade dos cidadãos que estão cada vez mais afastados do exercício físico no seu dia-a-dia. Texto:

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uem passar pelo Largo de São Francisco, Parque Municipal e Bairro 26 de julho, em Loulé, pelo Jardim das Comunidades, em Almancil, e pelo Largo do Centro Autárquico e Calçadão Nascente de Quarteira, logo ao início da manhã ou ao final da tarde, depara-se com várias dezenas de pessoas a praticar atividades físicas que vão desde a Zumba, Pilates e Ioga, ao Tai Chi, Boxe e Piloxing, passando pela Marcha/Corrida e Circuito Geriátrico. Nestas mesmas cidades, a Unidade de Cuidados na Comunidade Gentes de Loulé realiza ações de Prevenção de Quedas e Higiene Laboral, num total de quase 60 horas de atividade desportiva no âmbito do projeto europeu «Vital Cities – Make You Active». Loulé é o parceiro líder das «Vital Cities», onde se encontram mais nove cidades parceiras: Burgas (Bulgária), Cracóvia (Polónia), Budapeste (Hungria), Birmingham (Inglaterra), Vestfold County (Noruega), Rieti (Itália), Usti Nad Labem (República Checa), Liepaja (Letónia) e Sibenik (Croácia). O projeto é financiado pelo URBACT, um programa europeu de aprendizagem e troca de experiências na promoção do desenvolvimento urbano sustentável, e foi sobre isso que estivemos à conversa com Hugo Nunes, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé. “Isto é o resultado de termos sido Cidade Europeia do Desporto em 2015, o que só foi

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possível graças ao trabalho de muitas pessoas ao longo de várias décadas. Conseguimos afirmar Loulé como um concelho em que o desporto tem um papel fundamental no envolvimento das pessoas e isso foi reconhecido, tanto a nível nacional como internacional. Esse envolvimento vai da dimensão formativa, numa ponta, à vertente competitiva, na outra, mas todos temos a perceção que o desporto é uma das formas mais fáceis de promover a inclusão social, pois todas as barreiras – linguísticas, sociais, culturais, económicas e físicas – desaparecem”, afirma o Vereador responsável pelo pelouro do Desporto. Ora, pela dimensão e característica do concelho, o executivo camarário liderado por Vítor Aleixo compreendeu que Loulé não podia ficar fechado sobre si próprio e que devia acompanhar aquilo que outras cidades e concelhos do resto da Europa estão a desenvolver nas mais variadas áreas de intervenção. “Procuramos fugir à lógica dos programas comunitários para financiamento de obras e foi-nos apresentado o Programa URBACT, que promove o intercâmbio de experiências à volta de novas tentativas de respostas às problemáticas que a vida hoje nos traz. Vai desde intervenções na área da inclusão social, da eficiência e funcionamento de

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Hugo Nunes, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, e Tiago Guadalupe, Técnico Superior da Divisão de Desporto e Saúde

serviços, à agricultura urbana”, explica Hugo Nunes, adiantando que este conceito incide sobretudo sobre a promoção de atividades físicas em espaços exteriores em zonas mais ou menos degradadas. Surgem, então, as «Vital Cities» que, num primeiro momento, foram constituídas por Loulé, Burgas, Birmingham e Cracóvia, com a cidade algarvia a liderar. “Esta vida sedentária que todos nós levamos faz com que, na maior parte dos casos, estejamos com excesso de peso, que tenhamos um conjunto de complicações cardíacas ou respiratórias, e este comportamento das gerações mais velhas vai-se reproduzindo junto dos mais novos. Por isso, é consensual que há que

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alterar esta realidade”, reforça Hugo Nunes, acreditando que o Desporto será uma prioridade de todos no próximo período de governação. “Não tanto na perspetiva do lazer, mas da saúde e inclusão social”, acrescenta. Do trabalho inicialmente realizado por estas quatro cidades surge um conjunto de propostas que, na prática, já todas mais ou menos iam desenvolvendo pontualmente, faltava era uma maior coordenação e sustentabilidade. “Quando se faz a recuperação de espaços físicos, já se vai colocando um ou outro equipamento que incentive a prática de atividade física, mas faltava a componente da inclusão social. Todos sabemos que há um

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conjunto de barreiras à prática de atividade física, a começar logo pelo anterior paradigma de se fazerem apenas grandes infraestruturas em zonas periféricas das cidades e às quais as pessoas se tinham que deslocar para fazer desporto”, analisa o entrevistado, reconhecendo que isso funciona apenas para aquelas pessoas que praticam desporto numa dimensão competitiva, formativa e regular. O que se constatou é que existe um grupo cada vez mais crescente de pessoas que vão deixando de praticar desporto, seja pela distância aos equipamentos, pelo fator económico, ALGARVE INFORMATIVO #70

por falta de tempo. “Até mesmo por sentirem que já não têm capacidade para acompanharem o nível de um determinado grupo a que estavam associados. Felizmente, há tendências que vão mostrando que há grupos que vão resistindo a isto e o desafio é que os municípios preparem respostas que permitam recuperá-los para a atividade física. A ideia é levar pequenos equipamentos mais perto das pessoas, em espaços abertos, onde qualquer um possa fazer exercício ao seu ritmo. Os polidesportivos exigem que um determinado número de pessoas decidam praticar desporto à 30


mesma hora e, já agora, que tenham um nível mais ou menos idêntico”, sublinha o vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé.

Exclusão social não é sinónimo de ser pobre O desafio deste projeto é, resumidamente, tirar as pessoas dos sofás, levá-las para o exterior das suas casas e incentivá-las a terem uma vida mais saudável e, com isso, ganharem uma maior vitalidade. E, para isso, não são precisas infraestruturas físicas, basta um jardim com um relvado mais amplo e com pequenos equipamentos, um caminho em que, como é natural,

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há cidades que vão mais avançadas do que outras. “Por isso, primeiro, juntámos as boas práticas que já se faziam na Europa, depois, tentamos perceber se era possível alargar a rede a mais cidades”, refere Hugo Nunes, assim se chegando, numa segunda fase, a 10 «Vital Cities», todas elas conscientes de que as pessoas, hoje, têm dinâmicas diferentes e uma grande propensão para a inatividade. Recuperar pequenos espaços públicos em locais mais degradados ou debilitados socialmente é, então, uma das soluções para fomentar a inclusão social, mas o autarca

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defende que não se pode olhar apenas para zonas mais pobres das cidades. “Temos pessoas excluídas socialmente por outras razões que não o seu poder económico. Há pessoas de idade avançada, que vivem sozinhas, que não têm motivação para sair de casa, e que não podem ser esquecidas”, indica, voltando a reforçar que a atividade gera ganhos de diversas naturezas para os cidadãos. “Ganham novas rotinas e conhecem outras pessoas que, por vezes, até partilham das mesmas dificuldades, do excesso de peso, da hipertensão, da solidão”. Com todas estas considerações em mente, a Câmara Municipal de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #70

lançou, durante o mês de agosto, um conjunto de atividades ao ar livre que acontecem, logo pela manhã e ao final da tarde, em espaços emblemáticos das cidades de Loulé, Quarteira e Almancil. “Digamos que é um pequeno teste e é normal que, numa primeira fase, atraia aqueles que já têm alguma rotina desportiva. Há muitas pessoas que estão habituadas às caminhadas e aos passeios de bicicleta, mas há outras para as quais isso não é praticável, porque implica despender uma hora ou duas, ou porque não confiam nas suas capacidades”, considera Hugo Nunes.

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Acima de tudo, o objetivo deste conceito é incrementar a vitalidade dos cidadãos de cada concelho e Loulé distingue-se dos outros parceiros da rede pela diversidade e ecletismo da sua oferta, pelos estímulos que existem para a prática desportiva. Outros há, porém, que vão mais à frente na monotorização dos dados, o que lhes permite perceber diferenças, quase de bairro para bairro, em questões como a esperança média de vida, taxa de desemprego, taxa de obesidade, entre outras. “Isso possibilita-lhes direcionar os equipamentos e as atividades para os horários e para os espaços mais indicados, onde é mais fácil atrair

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público. Esta rede de 10 cidades tem dois anos para fazer protótipos, para tentar, experimentar e avaliar e não vamos chegar ao fim com todos os problemas resolvidos, a ideia nem sequer é essa. O propósito é termos um conjunto de experiências, de práticas, de respostas, várias delas serão boas, outras serão mais difíceis de colocar no terreno. No fim, poderemos mostrar que, com investimentos muito baixos, e aproveitando os espaços públicos, é possível ajudar a aumentar a vitalidade das cidades e dos nossos cidadãos”, conclui Hugo Nunes .

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Pagamos poucos impostos Paulo Bernardo

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nome imposto sem pensar muito remete-nos para qualquer coisa que não é da nossa vontade, ou seja, foi imposto. Como exemplo, e passando isto para o universo infantil, obrigam-me a comer a sopa, isso foi imposto, não foi da minha vontade. Contudo, quando crescemos, os pais ensinamnos que devemos partilhar e pedem-nos para escolhermos alguns brinquedos para dar, por exemplo, às crianças que perderam as casas nos incêndios. Isso aí já não é imposto, é uma partilha, ou seja, uma contribuição. Estamos a contribuir com algo que temos para ajudar o próximo. Do meu ponto de vista, devíamos pagar contribuições e não impostos, mas isso é a minha opinião. Esta semana, e infelizmente fruto de todos os incêndios que temos pelo país, cheguei à conclusão que pagamos poucos impostos, pois julgava que era uma responsabilidade do estado alimentar e dar de beber aos bombeiros de Portugal. Mas apercebi-me que tinha que ser o povo a levar água, alimentos, algum conforto aos bombeiros de Portugal. Isso fez-me chegar à conclusão que pagamos poucos impostos, se não, vejamos: todos os dias ouvimos histórias de falta de médicos e material nos hospitais; todos os dias temos que pagar portagens porque os impostos não chegam; nas universidades, temos que pagar propinas porque elas não têm dinheiro; que a polícia tem carros parados por falta de dinheiro para os arranjar; que a segurança social não é sustentável e, por isso, não vamos receber reformas; que a justiça tem falta de meios para poder ser mais eficiente; que os nossos combustíveis são dos mais caros da Europa, pois tem que refletir taxas e taxinhas; que para dormir em Lisboa também temos mais

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taxas; que os nossos automóveis têm um preço elevado porque pagamos poucos impostos. Podia acrescentar mais histórias tristes mas não os quero martirizar nem entristecer nesta altura do ano e vocês próprios devem ter histórias tristes também de apoios que têm que dar ao estado, porque todos pagamos poucos impostos. Como pagamos poucos impostos, culpa de todos nós, a nossa economia é pouco competitiva, temos dificuldade em crescer. Assim, temos que pagar a eletricidade mais cara da Europa, caso contrário, não era viável ter em Portugal uma empresa que tivesse interesse em vender-nos energia. Temos a sorte que algumas empresas de comunicações nos façam o favor de atuar em Portugal mas, para que isso aconteça, temos que pagar das comunicações mais caras da Europa. Vejam como é difícil em Portugal trabalhar porque pagamos poucos impostos. E os bancos, já viram a sorte que temos deles, mesmo sendo quase não viável, estarem ainda a trabalhar? Por isso, é bastante justo que todos nós contribuamos quando um tem a pouca sorte de não ser rentável e necessite da nossa ajuda. E em Portugal, como pagamos poucos impostos, temos é muito bem que pagar o BPN, o BPP, o BES, o BANIF, peço desculpa se me esqueci de algum, pois já são tantos. Isto só acontece porque pagamos poucos impostos. No entanto, e como eu tenho a certeza que pago muitos impostos, fico com a certeza que muito do meu dinheiro é mal gasto pela máquina pouco eficiente do Estado .

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Lições aprendidas José Graça

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s aberturas dos serviços noticiosos dos últimos dias tem sido dominadas pela temática dos incêndios florestais, falando-se da necessidade de garantir a sua prevenção ou da eficácia dos meios e das formas de combate, apontando-se o dedo a decisões do passado ou perspetivando estratégias futuras, surgindo debaixo das pedras especialistas em tudo e ideólogos de nada… Numa rede social, após o rescaldo do incêndio de Perna Seca (Silves), escrevi que “os Bombeiros do Algarve são gente do outro mundo, suplantam-se sempre, excedem as nossas melhores expetativas, cumprem a sua missão nos momentos de crise, fazem prevenção atempadamente, avaliam o trabalho desenvolvido e aplicam as lições aprendidas”, felicitando os intervenientes pelo sucesso naquela operação. Na minha opinião, deve ser este o registo público do trabalho efetuado! Nestes tempos de opinião fácil e mais tempo livres, com suportes digitais na palma da mão, há sempre a tentação de opinar sobre tudo e mais alguma coisa, com registos (quase) sempre corrosivos e ofensivos (demasiadas vezes numa sociedade cordata e civilizada!), procurando marcar posição… que acabam por esvair-se na espuma dos dias! Dada a natureza das minhas funções profissionais, acompanhei de perto nas últimas duas décadas todos os grandes episódios da Proteção Civil no Algarve, testemunhando a dedicação e o empenho de milhares de agentes e operacionais no seu quotidiano, muitas vezes longe dos holofotes e das câmaras televisivas, desenvolvendo um trabalho de formiguinha para que tudo estivesse preparado quando fosse necessário, mas desejando sobretudo que nunca fosse precisa a sua intervenção! Fernando Reis Luís, João Lima Cascada ou Vítor Vaz Pinto foram (e são!) os rostos visíveis de um serviço público que foi modernizando-se, adquirindo novas competências e, acima de tudo, garantindo um envolvimento sustentado de todas as entidades públicas e privadas do Algarve para o sucesso das operações de proteção e socorro que se têm mostrado adequadas e necessárias. Neles homenageio todos os homens e mulheres que integram uma das estruturas mais eficazes da região, contribuindo de forma decisiva para que o Algarve seja reconhecido

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internacionalmente com um destino turístico seguro e tranquilo! Relativamente aos tema do momento, os agentes de Proteção Civil e a estrutura de defesa da floresta contra incêndios intensificaram de forma significativa os esforços de planeamento e reequipamento, com um forte investimento financeiro das autarquias locais, apostando em exercícios regulares com aplicação dos procedimentos e pressupostos decorrentes da coordenação institucional e da gestão de operações no âmbito do Sistema Integrado de Operações e Socorro (SIOPS), dando particular enfoque às práticas de resposta a incêndios florestais como na Catraia (Tavira), que se alastrou a São Brás de Alportel, mantendo-se ativo durante quatro dias e envolvendo mais de mil operacionais em julho de 2012, para além de um número significativo de voluntários. Envolvendo de forma exemplar os operacionais dos diversos agentes de Proteção Civil e entidades cooperantes do SIOPS, os exercícios promovidos pela Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) de Faro baseiam-se nas “Lições Aprendidas” resultantes da avaliação das operações desencadeadas na resposta às ocorrências mais significativas registadas na região do Algarve. Lembram-se do tornado de Lagoa/Silves ou do incêndio do retail park em Portimão?! Em escassos meses, decorreram estes episódios, foi feita a avaliação e passou-se ao treino regular, corrigindo erros, suprindo lacunas e introduzindo melhorias nos procedimentos de intervenção… É assim no Algarve, e era desejável que fosse a nível nacional, embora seja muito difícil colmatar erros de planeamento e ordenamento do território com décadas, como se assistiu em Albufeira em novembro passado ou no Funchal nos últimos anos, obrigando-nos a repensar e redefinir melhor as prioridades de política legislativa e de investimento público, mas isso seria outra conversa… para ter quando acalmarem as fervuras do momento! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 (Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve e da Assembleia Intermunicipal do Algarve)

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Vá acampar e não me chame Mirian Tavares

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os anos 70, Gilberto Gil cantava “o sonho acabou. Quem não dormiu de sleeping-bag nem sequer sonhou”. Ainda na ressaca de Woodstock e da utopia hippie dos anos 60, o cantor brasileiro lamentava a ditadura que se instalara de modo mais duro no país e tudo o mais que foi acontecendo durante uma década conturbada. O projeto político-libertário dos anos 60 tinha sido um sonho que durou pouco, apesar das muitas conquistas que daí advieram. Lembro-me da canção não pelos melhores motivos, mas pelo facto de saber que o sleeping-bag sob as estrelas, ou dentro de uma barraca, não era um sonho para mim, antes um pesadelo. A ideia de acampar, sobretudo camping selvagem, era alimentada pelos meus amigos e amigas que, sempre que possível, pegavam mochila e toda a tralha e iam, felizes da vida, fugir da dita civilização em busca dos prazeres naturais de uma vida mais selvagem. Eu ficava de fora de quaisquer planos que incluíssem uma barraca e comida enlatada. Que incluíssem lavar-se em rios ou de cachoeiras e absoluta ausência de casa de banho. Que incluíssem uma noite a ouvir ruídos estranhos e a imaginar que seria comida por um urso, mesmo sabendo que não havia ursos nos lugares onde acampavam. Assisti ao filme Hair e gosto bastante da contracultura e das ideias libertárias, legado da geração dos anos 60, mas o sonho de um retorno à natureza, no seu estado bruto, nunca me emocionou.

perigosamente, uma corredeira. Enquanto os amigos deslocavam-se fascinados pela natureza à volta, eu simplesmente congelei numa passagem e não me conseguia mover. Olhava para baixo e via o rio, muito longe, à espera da minha queda que certamente seria fatal. Os amigos, tão entusiasmados estavam com o passeio que me deixaram para trás e fiquei ali uma boa meia hora a amaldiçoar o ar puro, as caminhadas, a natureza e tudo o que me fizesse sair de São Paulo e das suas ruas poluídas e civilizadas. Nunca mais me voltaram a ver numa onda ecológica. Assumi meu lado urbano e deixei para trás essa vida saudável que quase me mata. Pensei, muitas vezes, em estampar numa t-shirt: vá acampar e não me chame. De facto, nunca acampei e nem por isso acho que tenha sonhado menos ou sentido menos a falta de movimentos que mexessem com a juventude e que lhes dessem uma causa. Desde que essa causa, no meu caso, não implicasse uma barraca à luz das estrelas e o barulho ensurdecedor do silêncio. Assumo que sou um bicho urbano. Podem acampar à vontade e desfrutem dos prazeres desse retorno romântico a uma existência mais primitiva. Só não me convidem para acompanhá-los .

Lembro-me de quando vivia em São Paulo que fui com amigos passar um fim-de-semana numa reserva florestal. Saímos a caminhar pelo mato e fomos escalar umas pedras que beiravam,

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8,1%/Estádio Algarve/O Algarvio/ As Zonas Ribeirinhas Bruno Inácio

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A taxa de desemprego no Algarve. São boas notícias. O Algarve é assim a região do País com a taxa de desemprego menor. Foi longo o caminho que nos trouxe até aqui. É preciso relembrar que a taxa de desemprego na região já rondou os 20%, valores absolutamente intoleráveis. Foram os anos fortes de crise que o desvaneio das finanças públicas nos trouxe. Quando as finanças públicas começaram a entrar nos eixos a economia começou a reagir positivamente e quando tal aconteceu a taxa de desemprego começa a descer. Não existiram fórmulas mágicas, existiu rigor na gestão, rigor esse que parece querer resvalar para um conjunto de frases retóricas como o “acabou a austeridade”. Não nos deixemos iludir. Por detrás destes números existe uma grande carga de emprego precário que a sazonalidade no turismo bastante potencia. Aqui mais do que em qualquer outra região do País. E aqui, mais do que em qualquer outra região do País, necessitamos que o estado tenha finanças públicas sadias. Essa é uma prerrogativa que o governo diz estar a assegurar, mas que alguns indicadores económicos teimam em desmentir. Estádio Algarve É sempre mais fácil criticar o Estádio Algarve, quem o pensou, quem o construiu e quem o gere. De pouco valem essas análises porque o Estádio é uma realidade e as soluções de dinamização e rentabilização são difíceis de conseguir e quero crer que não estão no topo das preocupações do poder regional. O Estádio Algarve, ou melhor dizendo, todo o complexo do Parque das Cidades onde o Estádio se insere, pode e deve ser pensado numa lógica regional à imagem de outros grandes investimentos. É também por aí, pela capacidade de olharmos para realidades locais do ponto de vista regional, que podemos afirmar a nossa coesão regional e a nossa capacidade de num futuro próximo exigirmos uma governação regional.

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O Algarvio O Algarvio recebe bem ou o Algarvio recebe mal. Eis que chega o verão e com ele esta discussão antiga, agora ampliada pelas redes sociais, em que nós, os Algarvios, gostamos de fazer teoria sobre a nossa capacidade de “aturar” quem nos visita e sobre o quão somos bons ou maus a fazê-lo. A coisa tende a depender da experiência do dia que cada um teve. Uma buzinadela recebida na hora errada é o suficiente para mandarmos embora quem por aqui anda a aproveitar o Sol, o mar e tanto que temos para mostrar ao mundo. Também existem aqueles, que em raios de pensamento estratégico gostam de palavrear sobre o quão importantes são os turistas e que temos de ter paciência. Tendo a cair para estes últimos, porque, efetivamente, as pessoas, as muitas que nos visitam, são fundamentais para a nossa economia regional. Tenhamos paciência e saibamos retirar o melhor de quem nos visita. Mesmo quando esse melhor é uma buzinadela. Modelo de Gestão Zonas Ribeirinhas O Governo, pela voz da Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, veio garantir que está a preparar um modelo inédito para a gestão das zonas ribeirinhas. Segundo a governante o modelo pioneiro será testado no Algarve. A região, pelas características que tem, é, ao que parece, o melhor local para o fazer. Não poderíamos estar mais de acordo. Num governo pregador de ilusões, a Ministra do Mar tem sido uma agradável surpresa no que respeita ao tratamento que tem dado ao Algarve. É preciso tratar de forma diferente o que é diferente. E no caso das frentes ribeirinhas é escandaloso o aglomerado de jurisdições que se sobrepõem sendo que quem mais sofre com o imbróglio jurídico são as cidades e vilas que têm visto o seu desenvolvimento e capacidade de regeneração adiado muito anos. Resta agora saber, se a Ministra tem a força política necessária para legislar sobre esta matéria, e se o estado tem capacidade de se reorganizar nesta área . 42


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A Ciência na Cozinha (parte I) Augusto Lima

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instein disse: “A criatividade é contagiosa. Espalhem-na”. Sendo a ciência cada vez mais aquela que nos move no quotidiano, na cozinha, temos a geração dos cozinheiros científicos. Não cientistas, porque esse papel esta reservado àqueles que estudam e desenvolvem ações baseadas em símbolos e equações melhorando performances e qualidades. Científicos, porquanto a ciência sempre tivesse estado empiricamente nos nossos cozinhados, a geração de cozinheiros da qual faço parte, aprenderam no seio da família, mãe, avó etc… e posteriormente desenvolveram a técnica com um profissional mais graduado, sem contudo saberem o porquê. Imperava o saber-saber e não o saber-fazer. O saber-saber não chega, é necessário aprender a utilizá-lo da melhor forma, de modo a melhorarmos o nosso desempenho e isso fará com que os curiosos procurem o saber-porquê. É aqui que o conhecimento nos torna em cozinheiros científicos, adotando as melhores técnicas para conseguir os melhores resultados. Sendo a ciência o conhecimento exato da natureza das coisas, ao registarmos/compararmos/medindo, por exemplo o exato momento do cozimento das iguarias, estamos a fazer Ciência, procurando obter o melhor resultado possível quer na degustação, quer no resguardo de proteínas e vitaminas, fazendo da cozinha atual cada vez mais uma cozinha saudável. O homem ao descobrir o fogo iniciou de facto uma revolução. Grelhar/assar foi sem dúvida a primeira forma de cozinhar os alimentos que utilizamos, depois de ter dominado o fogo e controlado o processo de cozer os alimentos, com mais ou menos calor; Descobriu que a gordura protegia a carne evitando a carbonização da mesma. Ao ferver a água e nela cozinhar os alimentos, tornou-os mais tenros e de mais fácil digestão. Embora empiricamente, a ciência aliada (existente) aos alimentos estava iniciada. Hoje, sabemos que a gordura ao impermeabilizar a carne e não permitindo a sua carbonização, impede a evaporação da hemoglobina e sais minerais. Este cozimento controlado permite a caramelização dos açúcares, resultando tudo isto numa carne com

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textura e sabor perfeito. O contrário, utilizando o calor excessivo, fará com que a albumina, uma proteína da carne se queime e a matéria gorda se transforme em acroleína, nociva à saúde e inimiga da gastronomia. Felizmente para nós, a cozinha conquistou a ciência e visse versa. Felizmente também, não tanto ao ponto de transformar radicalmente a nossa alimentação em termos práticos como anunciava em 1894 o químico Francês Marcelin Berthelot, prevendo que as refeições do século XXI se resumiriam a pílulas insípidas. Na procura constante do gosto anda meio mundo de cozinheiros. Hoje, alguns, aliados a químicos, procuram novos conceitos. O químico Harold McGee foi o precursor da Cozinha Científica na América também conhecida por Cozinha Molecular. Professor no Culinary Institute of América, o seu livro «On Food and Cooking» foi avidamente degustado por uma série de talentosos Chefes. Harold havia descoberto que os legumes verdes têm uma enzima que sujeita a temperaturas entre 60º e 97º C, destruía a clorofila responsável pela cor. Foi possivelmente este facto, que levou o Chefe basco Andoni Adúriz, a criar um dos mais belos trabalhos de arte culinária, apresentada no seu livro – Clorofila. O também basco Ferrán Àdria tornou-se um dos símbolos deste movimento. Criações como a gelatina quente e o café expresso frio são expoentes dessa arte. Em Inglaterra, o Chefe Heston Blumenthal, aliado ao físico-químico Peter Barham, da Universidade de Bristol defende o uso do nitrogénio e tem surpreendido os gastrónomos com as suas invenções. Hervé This, um químico Francês ficou famoso após ter decifrado, em 1992, a «termodinâmica do suflè», com Nicholas Kurti, físico da Universidade de Oxford. Ambos descobriram que, ao contrário do que se pensava, o suflè não cresce por causa da expansão do ar, mas da evaporação da água. "É triste pensar que conhecemos melhor o calor das estrelas do que a temperatura no interior de um souffle", dizia Kurti. A eles devemos a «Gastronomia molecular», um ramo específico da Ciência dos alimentos . 44


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Mariza ao vivo em Loulé e Castro Marim A diva do fado está de regresso ao Algarve para uma dupla atuação, a primeira, em Loulé, inserida na digressão do disco «Mundo», a segunda, num registo diferente, como convidada da primeira edição do Festival de Lucía, em Castro Marim. Duas oportunidades únicas para ouvir os novos temas de Mariza, mas também os êxitos do passado e, ainda, temas celebrizados pelo génio de Paco de Lucía. Texto:

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epois de um interregno de cinco anos dos álbuns de originais, período durante o qual lançou o seu primeiro «Best-Of», em 2014, Mariza está de novo na estrada, em digressão, a mostrar o seu «Mundo», e Loulé será um dos pontos de passagem nesta viagem por Portugal, mas também além-fronteiras, com espetáculos nos vários continentes. Espetáculo em Loulé, já no dia 15 de agosto, num Largo do Monumento Eng.º Duarte Pacheco completamente esgotado para escutar um dos nomes que mais tem promovido o fado em todo o globo e que é, sem dúvida, uma das mais aplaudidas estrelas do circuito mundial da World Music. “Vai ser um concerto baseado no último disco mas, claro, não posso deixar de cantar aqueles temas que os portugueses tanto gostam e que têm acarinhado ao longo dos anos, como «Chuva», «Barco Negro», «Rosa Branca». Espero que se divirtam e estou bastante feliz por estar esgotado”, diznos a artista. Cinco anos se passaram desde que Mariza editou «Fado Tradicional», mas essa pausa não foi devida a um período de introspeção, de mudança de rumo, antes sim por ter sido mãe, esclarece. “Durante muito tempo fiz cerca de 140 concertos por ano, era uma verdadeira volta ao mundo, de tal maneira que, quando chegava a Portugal, me sentia quase uma emigrante na minha própria terra. De repente, nasce-me um filho e senti a ALGARVE INFORMATIVO #70

necessidade de dedicar mais tempo à família e de tentar perceber como conseguiria conciliar o ser mãe com o ser artista. Demorei algum tempo a entender como isso se faria, daí a paragem de cinco anos”, explica, com um sorriso, garantindo que nenhuma mulher fica indiferente a este importante episódio das suas vidas. “Muda completamente a perspetiva de vida, a forma de 50


estar, de sentir, de cuidar da família, de olhar o mundo. Não fiquei imune a tudo isso, o que se reflete neste último disco, na maneira como canto e como estou em palco”, reconhece. «Mundo» que assinala 16 anos de carreira, com mais de um milhão de discos vendidos, edições em mais de 35 países, inúmeras digressões mundiais nas salas mais prestigiadas 51

(Ópera de Sidney, Carnegie Hall em Nova Iorque, Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, Royal Albert Hall em Londres, entre outros), vários prémios nacionais e internacionais. Mariza que abriu a porta a uma nova geração de intérpretes que cantam um fado mais alegre e não aquele tristonho de décadas passadas, mas a cantora não gosta de dizer que fez parte da ALGARVE INFORMATIVO #70


criação de um «novo» fado. “Continuo a respeitar as tradições e as casas típicas onde cresci a ouvir cantar o fado mas, obviamente, tenho uma forma muito própria de estar e sentir. Se isso não transparecesse nos meus concertos e discos, estaria a ser falsa comigo mesmo e a música tem que ser transparente, pura e real. Só assim é que a consigo cantar, que consigo mostrar aquilo que sinto”, salienta a entrevistada. Assim sendo, Mariza nunca se preocupou em ser diferente, em criar um novo estilo, uma nova forma de cantar o fado, mais alegre ou moderno, apenas quer ser ela mesma. Contudo, admite que terá influenciado outras pessoas a explorar novos caminhos e sonoridades, mostrando-se muito feliz por ver tantos jovens a gostar de fado, ao contrário de outros tempos, em que o fado só era ALGARVE INFORMATIVO #70

escutado, pelo menos de forma aberta, pelos mais velhos. “O Fado tornou-se Património Imaterial da Humanidade, do qual eu e o Carlos do Carmo somos embaixadores, mas a maior parte dos portugueses desconhecia o que era o fado tradicional. Desde essa altura, o Museu de Fado tem feito um estudo intensivo e despertou nas pessoas uma vontade de proteger, de acarinhar, de saber, de estudar, de querer fazer mais, o que me deixa bastante contente”, afirma Mariza. “Esta cultura e música fazem parte do povo português, da nossa história e, sempre que aparece alguém que as perpetuem, é um motivo de orgulho, mas também de descanso, porque sabemos que o fado não vai desaparecer”.

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E com Mariza abriram-se também as portas das grandes salas de espetáculo do mundo ao Fado, dos pavilhões aos estádios de futebol, mas a artista gosta de cantar em todos os espaços onde se sinta acarinhada e confessa ser uma privilegiada porque nunca teve um concerto que corresse menos bem. “Seja em Portugal, na China ou no Japão, tem sido um caminho bastante simpático e prazeroso. Mas cantar em casa é sempre diferente, existe um envolvimento direito, as pessoas conhecem-me melhor, acompanham a minha música há mais tempo. No estrangeiro, às vezes é preciso desbravar caminho, mas adoro todos os espetáculos, numa pequena taverna que me recorda a infância, ou num estádio, que me faz lembrar tudo aquilo que tenho conseguido conquistar”, refere.

A influência de Paco de Lucía Registo diferente do habitual vai ser a atuação de Mariza no Festival de Lucía, que acontece, no dia 20 de agosto, em Castro Marim, do qual vai ser Madrinha e que, apesar de ser a primeira edição, está a gerar uma tremenda expetativa, tanto em Portugal, como na vizinha Espanha. “É um festival dedicado à mãe do Paco de Lucía e a todas as mulheres. Penso que poucas pessoas sabem que a mãe dele se chamava Lúcia, que vivia perto de Castro Marim, e que lhe chamavam o Paco da Lúcia, dai o seu nome artístico”, indica, contente por

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participar neste evento especial. “Ele era uma pessoa muito discreta, pelo que é pouco conhecida a sua ligação a Castro Marim, e este festival vai basear-se no legado que nos deixou. O Paco mostrou-nos que a música não tem fronteiras e que podemos pegar em violas e guitarras e fazer música à nossa maneira”. Um festival onde atuará igualmente o Trio de Pedro Jóia, guitarrista que estudou com os maiores mestres de música flamenca em Espanha, sendo Paco de Lucía um dos seus grandes mentores. “Eu venho como convidada cantar alguns temas, tocados de uma forma bastante especial, e tenho imensa pena de nunca ter conhecido esse Deus, esse Mestre, que correu mundo. Mas sei que tudo aquilo que ele nos deixou acabou por me influenciar como artista e cantora”, assume Mariza, que rapidamente se deixou seduzir pelos encantos de Castro Marim. “É uma terra linda, sinto-me como se estivesse em casa. Tenho vindo cá passar alguns fins-de-semana e sou sempre bastante bem recebida. É um privilégio poder estar aqui e cantar em Castro Marim. E acredito que este festival vai trazer um público muito eclético, de Espanha e de Portugal, porque há uma grande curiosidade em saber o que ele nos vai trazer em termos culturais”. Duas noites, então, imperdíveis, em Loulé, a escutar o «Mundo» de Mariza, e em Castro Marim, a recordar Paco de Lucía .

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CORAÇÕES SOLIDÁRIOS

Num destes dias estive à conversa com cinco senhoras ligadas às causas sociais e com um mecenas em comum, Eliseu Correia. No final, descobriu-se que tinham mais outro fator em comum, as dificuldades por que passam no dia-a-dia, muitas delas originadas por um quadro legal que, embora moderno e abrangente no papel, continua bastante desfasado do que acontece no terreno, na realidade prática do quotidiano, de modo que, só com muita paixão e amor à camisola, é possível lutar por aqueles, sejam seres humanos ou animais, que não se podem defender a eles próprios. Texto: 57

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á vários anos que faço trabalhos com IPSS e, independentemente do seu público-alvo, dos seus utentes, todos batem sempre na mesma tecla: é cada vez mais difícil arranjar apoios junto da sociedade civil. E, de facto, os mecenas são coisa do passado. Aqueles senhores e senhoras a que as instituições particulares de solidariedade social podiam recorrer nos seus momentos de maior aflição, porque faltava dinheiro para pagar esta conta, ou porque havia um equipamento com necessidade urgente de ser substituído, ou porque precisavam de uma ajuda extra para um projeto ir para a frente. Aqueles homens e mulheres, na sua grande maioria gente anónima, que, reconhecendo que a vida lhes tinha sorrido mais do que aos outros, não conseguiam dizer que não a quem não tinha sido bafejado pela mesma sorte. Os mecenas são, de facto, coisa do passado. Mas, como em tudo na vida, não há regra sem exceção, e acredito que até haja mais empresários como o Eliseu Correia – embora não acredite que sejam assim tantos mais –, que apoiam as causas solidárias sem terem outros interesses por detrás do seu gesto. O exemplo deste profissional de turismo é que não ajuda apenas uma associação ou entidade, aliás, já perdeu a conta ao número de IPSS, desportistas, clubes, agentes culturais, que recebem ajuda da EC Travel. E como isso é verdade, num instante se reuniram cinco senhoras para uma ALGARVE INFORMATIVO #70

conversa informal, nas instalações da empresa, em Olhão. Marta Correia estava a representar o núcleo de Faro da PRAVI, a maior associação de proteção animal do país, um projeto de apoio a vítimas indefesas dividido em dois departamentos: um de resgate a animais; outro de terapias e atividades assistidas com animais para pessoas portadoras de deficiência, pessoas dependentes, idosos, entre outros públicos-alvo. “Em Faro, temos três terapeutas, coterapeutas caninos e estamos a preparar também um felino. No dia-a-dia, resgatamos cães e gatos, na sua maioria, porque já nos apareceram outras espécies, ao que se segue todo o tratamento veterinário, esterilização e a promoção da adoção”, explica. A PRAVI não se limita, contudo, a realizar este trabalho de terreno, focando-se igualmente na consciencialização da população de que os animais não são nenhuns objetos, mas sim seres cientes, que têm fome, frio, medo, e que a esterilização é fundamental. “Temos um excesso de população animal, algo que não se observa em mais país nenhum da Europa, e isso provoca doenças transmissíveis aos seres humanos, para além de acidentes rodoviários que colocam em causa a segurança da população. Por isso, a causa animal e a causa humana estão intrinsecamente ligadas”, frisa 58


Uma ação da PRAVI no Ginásio Clube Farense, em Faro

Marta Correia, criticando ainda aqueles que, em tempo de férias, continuam a abandonar os seus animais de estimação. “É algo que afeta todas as associações zoófilas, porque as pessoas têm a tendência de descartarem o seu animal de companhia, que devia ser mais um membro da família, para não incorrerem em despesas que, na sua ótica, são desnecessárias. Veja-se que 54 por cento dos portugueses, segundo estudos de 2016, têm, pelo menos, um animal de companhia e cerca de 200 mil animais são abandonados anualmente, entram em canis municipais e são abatidos ao fim de oito dias”, descreve. 59

Uma realidade bastante complicada que afeta estas associações e para as quais não existem quaisquer apoios estatais ou camarários. “Vivemos inteira e exclusivamente da caridade da população que se compadece pelos animais, daquelas pessoas que não fazem distinção entre o sofrimento do animal e do ser humano. Quando tiro um animal doente da rua, não só estou a zelar pelo bem-estar dele, mas também a evitar que ele provoque, por exemplo, um acidente, que pode gerar feridos, leves ou graves, por vezes até mortes”, dispara, num tom

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de voz mais aguerrido, sinal da paixão com que abraça a causa animal.

Enormes contrassensos na causa animal Aproveitando a oportunidade, Marta Correia lembra que os maus-tratos a animais estão correlacionados com a violência a mulheres, crianças e idosos, de acordo com estudos desenvolvidos nos Estados Unidos há várias décadas. Reflexo disso, desde 2016 que os maus-tratos a animais são considerados um risco para a sociedade. “Noventa por cento dos serial-killers e psicopatas começaram precisamente por maltratarem animais, passando depois para os idosos e crianças e, finalmente, para homens e mulheres da sua idade”, afirma a representante da PRAVI de Faro, garantindo que todos os elementos da associação são

voluntários e espaços físicos são praticamente inexistentes. “Se quisermos construir um canil, o espaço tem que estar, por exemplo, «x» metros afastado de habitações mas, depois, a maior parte dos terrenos que estariam nessas condições fazem parte da Reserva Ecológica Nacional. Andamos nisto quase por teimosia, por querermos fazer um pouco para mudar o meio onde vivemos”. E porque estamos na época alta do turismo e numa região que vive essencialmente desta atividade económica, Marta Correia não compreende por que razão a costa algarvia, uma das melhores da Europa, está praticamente toda ela interditada a animais de companhia. “Alguns hotéis são pet-friendly, ou seja, permitem que as pessoas tragam o seu animal, no entanto, as praias, ou são Bandeira Azul, ou são

Marisa Teixeira na sua casa, a sede da Coração100dono

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concessionadas. Neste cenário, ou as famílias deixam o animal no quarto do hotel o dia inteiro, ou não vão para a praia. É um enorme contrassenso”, observa, acrescentando que esta situação está a desviar muitos visitantes para a costa alentejana. “Os animais não votam, mas os seus donos votam. Os humanos tiveram direitos, o ambiente teve direitos, a causa animal é a única que ainda não tem direitos consagrados, o que está a gerar uma grande onda de revolta social por todo o mundo. É inconcebível que alguns políticos ainda pensem que isto é um assunto de menor importância, esquecendo-se que há câmaras municipais que se perdem ou ganham por 100, 200, 300 votos”. Outra defensora acérrima da causa animal é Marisa Teixeira, da «Coração100dono», que passa todos os dias a tratar dos cerca de 200 cães e gatos que alberga na sua residência, com a ajuda das irmãs e sobrinhos, e pouco mais. “Há 18 anos que moro em São Brás de Alportel, que tiro os animais das ruas, e a autarquia dá-me uma ajuda monetária de 430 euros por mês. De resto, organizamos eventos e recebemos apoios de bons corações como o Eliseu Correia e a Sandra Gasalho, mas não há muitos destes casos”, lamenta, reconhecendo que a maior parte dos animais que socorre lhe chegam às mãos em bastante mau-estado. “Só quando um animal está mesmo muito mal é que as pessoas pedem ajuda, mas depois é

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bastante mais complicada a sua recuperação”. Se Marta Correia chamou a atenção para o abandono de animais durante as férias de Verão, Marisa Teixeira está mais preocupada com os caçadores, por não quererem esterilizar os cães. “Depois, deixam fugir as cadelas e são tão bons donos que nunca as conseguem apanhar. Ficam no mato, têm cio de seis em seis meses e dão crias sem qualquer controlo. Ainda a semana passada recolhi um bebé de três meses que morreu atropelado e a pessoa nem sequer parou para o retirar da estrada. É uma falta de respeito”, acusa, irritada com a falta de sensibilidade de alguns seres humanos. “A partir do momento em que adquirem um animal, têm que pensar nele como um membro da família, e um elemento especial que vai precisar dos donos ao longo de toda a sua vida. Os filhos, depois de tirarem o curso e arranjarem emprego, saem de casa. Os animais vão precisar de nós para sempre e muitas pessoas não conseguem perceber isso”. Infelizmente, alguns governantes, alguns políticos nacionais, padecem da mesma falta de sensibilidade ou, pelo menos, de falta de compreensão de que as leis devem funcionar na prática e não apenas no papel. “De que adianta uma lei de não abate se não há espaço para colocar os animais? É ridículo. Estão a jogar areia para os nossos olhos. ALGARVE INFORMATIVO #70


Em Portugal, são abatidos milhares de animais saudáveis, por ano, porque não há locais para os acolher, nem campanhas de esterilização em massa”, sublinha Marisa Teixeira. E como é de pequeno que se torce o pepino, Marisa tem por hábito realizar campanhas de sensibilização nas escolas e depara-se com verdadeiras histórias de terror contadas pelos mais pequenos. “Pais e avós que matam os cães ao tiro, enforcados, à paulada. Antigamente, as pessoas quase que tinham vergonha de passear um cão rafeiro, só quando era de raça é que o faziam. Essa mentalidade, felizmente, mudou, mas faltam os apoios estatais e camarários”. Apoios que deveriam estender-se à própria saúde, com Marta Correia a lembrar que não existe saúde animal pública. “As associações levam centenas

de animais aos veterinários privados e as contas, quando chegam, são aos milhares de euros por mês. A nossa sorte é que ainda existem alguns veterinários com coração e que nos fazem descontos”.

Centros de acolhimento de jovens deixaram de ser asilos Depois de escutar duas defensoras acérrimas dos direitos dos animais, tivemos oportunidade para falar com Susana Gomes e Mónica Amaro, da Obra da Nossa Senhora das Candeias, sediada no Porto e que se foi espalhando depois pelo resto do país, estando presente no Algarve, mais

O jardim-de-infância Luzinhas é uma das respostas sociais da Obra de Nossa Senhora das Candeias, em Olhão

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concretamente em Olhão, há quatro décadas. A IPSS possui atualmente três respostas sociais – creche, jardim-deinfância e um lar de crianças e jovens – e depressa constatamos que, também neste campo, as novas leis não têm tido reflexo significativo no terreno. “Cada vez são mais os pedidos de acolhimento institucional e aumentam os problemas familiares e sociais, que depois geram consequências nas crianças desde tenra idade. Nós acolhemos jovens a partir dos seis anos e a maior parte deles cresce no lar, é bastante difícil regressarem às suas famílias”, indica Susana Gomes. Crianças que permanecem institucionalizadas, legalmente, até aos 21 anos de idade, mas muitas vão ficando mais tempo, até conseguirem ganhar autonomia própria. Uma independência pessoal que é mais complicada de alcançar quanto mais sérios forem os danos causados por uma infância problemática, porque “a vontade de fazer melhor depende daquilo que já vem com a pessoa”, explica a psicóloga, que está há seis anos ao serviço da Nossa Senhora das Candeias, cenário confirmado pela assistente social Mónica Amaro. “Há histórias com final feliz, outros casos em que, por mais que tentemos, não conseguimos fazer nada. A nossa missão é encaminhá-los, orientá-los, para terem depois uma vida normal e serem felizes, mas nem sempre isso é possível”, desabafa. Uma mudança positiva é que estes centros de acolhimento deixaram de ser 63

o típico asilo de outros tempos onde se colocam as crianças problemáticas. E, nesta IPSS de origem católica, há duas figuras fundamentais, a Diretora Maria de Fátima Moreira e Maria de Lurdes, que dedicaram as suas vidas a esta causa. “Nós damos os nossos pareceres, temos a nossa intervenção, delineamos projetos socioeducativos para os miúdos, propomos atividades, tentamos que os amigos e colegas convivam diretamente com eles e connosco. Temos jovens nos conservatórios, embora não haja nenhum protocolo com essas entidades, pelo que temos que pagar mensalidades iguais aos outros alunos e, por isso, nem todos podem ir estudar música”, conta Susana Gomes. “Quando vemos que esse é o sonho deles, e que têm apetência para isso, tentamos ajudá-los ao máximo para que concretizem os seus objetivos”, acrescenta Mónica Amaro. Vergonha de assumir a institucionalização também tende a desaparecer, do mesmo modo que se vai desvanecendo o estigma de olhar para estas crianças como uns «coitadinhos». “Nós temos boas instalações e isso ajuda a combater essa imagem. Tivemos recentemente uma parceria com a Associação de Crianças Carenciadas do Algarve e conseguimos relva sintética para um campo de futebol pelado. É um casarão grande, amarelo, com duas piscinas, um jardim, uma horta, temos animais, ALGARVE INFORMATIVO #70


tudo envolto num ambiente familiar”, descrevem as duas técnicas, embora frisem prontamente que nada disto é substituto para a família natural das crianças. “Nas escolas, os professores conhecem o trabalho que realizamos e os novos alunos acabam por ser apoiados pelos colegas mais velhos. Acho que não se sentem estigmatizados por viverem num lar de acolhimento, aliás, há colegas que até dizem que eles têm sorte por praticarem tantas atividades”. «Fazer família com os sem-família» é o lema da Obra da Nossa Senhora das Candeias, instituição que nasceu no Porto numa época onde havia muita fome e pobreza e onde os filhos das famílias do interior não tinham acesso ao ensino universitário. “Estas senhoras foram-se juntando para tomar conta dos jovens enquanto eles andavam na faculdade. Quando a crise aumentou, esses jovens deixaram de puder ir para casa durante as férias. Quando as dificuldades económicas se agravaram, começaram a aparecer crianças sozinhas à porta”, conta Susana Gomes como tudo começou nesta obra de caridade que, à medida que a legislação foi mudando, teve que se adaptar, transformando-se numa IPSS com vários núcleos em Portugal.

Prevenção do cancro melhorou bastante Uma das últimas instituições a ser apoiada pela EC Travel é a Associação Oncológica do Algarve, representada ALGARVE INFORMATIVO #70

por Lénia Maria, que comemorou, no dia 21 de julho, os 22 anos de existência. A AOA dedica-se à luta contra o cancro e ao apoio social e humano ao doente oncológico e seus familiares, uma ajuda que se estende ao apoio psicológico e às próprias proses. “Fazemos a ponte com várias marcas através da qual cedemos as próteses a preço de custo, e também temos algumas que são cedidas à associação e que oferecemos às pessoas. Uma mulher que faça uma estectomia necessita de próteses mamárias e soutiens e fatos de banho adaptados. Quem faz quimioterapia, também tem benefícios nas próteses capilares, temos mesmo uma técnica que faz todo esse aconselhamento e acompanhamento”, sublinha. Também neste campo é fundamental a sensibilização junto dos mais novos e da população e a AOA vai regularmente às escolas e às juntas de freguesia, para além de marcar presença em vários eventos que vão acontecendo na região. “O nosso trabalho passa muito pela prevenção. Nos anos 80 e 90, o cancro era logo associado à morte, as pessoas até tinham medo de dizer essa palavra. Felizmente, existem muitos casos de sucesso, principalmente na mama, e mais de 90 por cento das mulheres conseguem superar o problema por causa da prevenção, de fazerem rastreios regulares”, frisa Lénia Maria, avisando que as pessoas não devem ter receio de ir ao médico 64


A Mamamaratona, o evento mais emblemático da Associação Oncológica do Algarve, realiza-se em Portimão

quando lhe aparece um sinal ou uma modificação qualquer na pele. “Nas escolas, ainda há situações em que as crianças não se querem aproximar de colegas que usam máscara por pensarem que o cancro é contagioso, daí sermos bastante solicitados para fazer sessões de divulgação e esclarecimento sobre esta temática”. Este foi o trabalho inicialmente levado a cabo pela Associação Oncológica do Algarve, mas depois chegou-se à conclusão que não havia, na região, qualquer estrutura de apoio ou diagnóstico para pessoas com cancro. Assim, desde 2005, através de eventos como a Mamamaratona e de mecenas como Eliseu Correia, a AOA conseguiu angariar fundos para adquirir uma unidade móvel e construir a Unidade de Radioterapia do Algarve. “A unidade móvel anda pelos 16 concelhos da região a fazer mamografias às senhoras, que são convocadas por via 65

da Administração Regional de Saúde do Algarve. Até essa altura, não havia rastreios no Algarve”, enfatiza Lénia Maria. Claro que há cancros de mais fácil prevenção e tratamento do que outros e os da mama e da pele encabeçam essa lista, em virtude, igualmente, de muitas figuras públicas abraçarem esta causa, por solidariedade ou por, elas próprias, terem sofrido desse problema. “Há outros mais fulminantes e de difícil tratamento, também dependendo do estado em que se encontram quando são detetados. Muitas pessoas pensam que a Associação Oncológica lida apenas com o cancro da mama, mas prestamos apoio a todos os tipos de cancro e, inclusive, já na região do Alentejo. A nossa Unidade de Radioterapia, para cuja construção contamos com fundos europeus, foi a primeira a surgir a ALGARVE INFORMATIVO #70


sul do Tejo, em 2006, e aparece lá qualquer tipo de patologia”, indica a representante da AOA. Certo é que muitos comportamentos de risco são do conhecimento da opinião pública, os sinais de alerta também são sobejamente sabidos, pelo que não há grandes desculpas para as pessoas não estarem atentas e pedirem ajuda num estado inicial do cancro, quando as hipóteses de tratamento ainda são francamente positivas. “Contudo, há muitos cancros silenciosos, na zona do estômago ou intestinos, e as pessoas não duram um mês depois de terem sido detetados. Na mama, por exemplo, se aparecer um caroço e ele doer, isso é bom sinal, normalmente até nem é um cancro”.

Nós estamos apenas a fazer a nossa parte A tarde ia longa, Marta, Marisa, Susana, Mónica e Lénia já tinham partido para outros compromissos profissionais, mas havia ainda que conversar com o homem que esteve na origem da reunião destas cinco senhoras com as causas sociais no coração – Eliseu Correia. “Sempre houve vontade da minha parte em apoiar os outros e, numa primeira fase, olhei para aquelas que conhecia e que pensava que necessitavam de maior ajuda. Por outro lado, procurei causas e pessoas que me incutissem confiança”, explica o empresário de turismo, ele próprio um apaixonado por animais, nomeadamente por cães. ALGARVE INFORMATIVO #70

“Houve uma ocasião em que precisei de apoio especializado e foi a PRAVI de Faro que me auxiliou, do mesmo modo que já tinha acontecido, há uns anos, com o Canil de São Francisco de Loulé”. Mecenas são poucos, conforme todas as entrevistadas referiram, mas mais escassos são aqueles que se envolvem com a causa animal. Apesar disso, Eliseu Correia garante que não pretende ter qualquer protagonismo simplesmente pelo facto de ajudar o próximo. “Nós estamos a fazer a nossa parte, porque o abandono de animais na rua é um flagelo que nos afeta a todos. Ainda por cima, numa região turística como é o Algarve, isso dá uma péssima imagem a quem nos visita”, considera, defendendo que as autarquias e as entidades oficiais devem olhar com mais atenção para este problema. “Cada vez há mais pessoas no mundo com animais domésticos e a consciência animal está mais forte, o que significa que ninguém gosta de ver cães e gatos largados na rua, com fome, mal tratados”, alerta. E porque Marta Correia e Marisa Teixeira falaram insistentemente na esterilização em massa, Eliseu Correia não tem dúvidas de que os custos dessa medida são muito inferiores aos inerentes ao acolhimento ou abate de animais abandonados. “Depressa se chega à conclusão que é um investimento com retorno. A Holanda é o único país da Europa 66


Susana Gomes, Mónica Amaro, Eliseu Correia, Marta Correia, Marisa Teixeira e Lénia Maria

que está livre de cães de rua, porque tiveram uma estratégia a pensar no médio e longo prazo, com multas pesadíssimas, campanhas de sensibilização”, indica, lembrando que em todas as galas de aniversário da EC Travel e nos «Algarve Travel Awards» há sempre recolha de alimentos para animais, para além do apoio financeiro concedido anualmente à PRAVI e à Coração100dono. O apoio à Associação Oncológica do Algarve concretizou-se recentemente com um acordo de patrocínio à Mamamaratona nos próximos três anos, mas outras ajudas foram concedidas pontualmente à instituição. “Não me passava pela cabeça que só existisse no Algarve uma unidade móvel para se fazerem rastreios de 67

cancro, e de uma instituição privada. Eles estavam a precisar de patrocinadores para o evento e nós avançamos imediatamente de uma forma mais abrangente do que eles tinham pedido”, prossegue Eliseu Correia. Já o envolvimento com a Obra da Nossa Senhora das Candeias assume outros moldes, apoiando a reconversão da biblioteca desse lar de acolhimento sediado em Olhão. “Ajudar os jovens a ter um espaço para puderem evoluir como homens e mulheres do futuro, estando em contato com a cultura e bebendo de outras fontes de informação, tem tudo a ver com o nosso ADN. Para além disso, vai-se criar um Concurso Literário para premiar os melhores trabalhados realizados pelas crianças que estão ali institucionalizadas” . ALGARVE INFORMATIVO #70


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TELEGRAMAS DO MEDITERRÂNEO de Pedro Jubilot

Texto:

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Fotografia:

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ascido e criado em Olhão, Pedro Jubilot trocou a Cidade da Restauração pelas margens do Rio Gilão há sensivelmente duas décadas e é na cidade de Tavira que exerce a sua atividade profissional, como professor de inglês do terceiro ciclo. A escrita é um hobby, uma paixão que o acompanha desde tenra idade, mas que nunca praticou com maior regularidade por ser algo que consome bastante tempo, ou seja, só está acessível a quem faz dela, efetivamente, a sua atividade principal. “No segundo ciclo escrevia textos que alguns professores enviavam para jornais locais para serem publicados, o que me dava mais vontade para produzir mais trabalhos. Já nessa altura fazia tudo sozinho, cortava o papel, ilustrava,

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concebia as capas, brincava com todo o processo”, recorda, acrescentando, porém, que todos esses escritos tinham sempre o mesmo destino – a gaveta. Sonhar com uma carreira literária foi algo que nunca lhe passou pela cabeça, não havia essa possibilidade na região, nem sequer nas grandes metrópoles isso estava ao alcance de todos. “Ao olharmos para o número de escritores que temos em Portugal e para aquilo que se pode fazer com a escrita em termos profissionais, é sempre difícil tomarmos essa decisão”, justifica o entrevistado, à conversa durante um café, perto da Praça da República, em Tavira. “Comecei pelos pequenos contos e tenho mantido esse estilo ao longo

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da minha vida. No meu último livro encontram-se pequenos textos em prosa poética, não aquela poesia que estamos habituados a ver com os versos muito divididos, mas escrita com uma estrutura de prosa”, descreve. Dedicado ao ensino de corpo e alma, a veia literária ia alternando entre períodos de grande produtividade com outros de maior inatividade, mas nunca deixou de escrever por completo e até concorreu a alguns prémios, locais e nacionais. Concorreu e venceu, nomeadamente um concurso do jornal «Público» de micro contos de Natal, com um texto que depois foi publicado em vários jornais europeus. “A partir daí comecei a escrever com mais rigor, como autodidata, com os conhecimentos obtidos durante o meu curso superior e treinando um estilo que me agradava particularmente. Mais tarde, o advento dos blogues deume um grande impulso, apesar de muitas pessoas os criticarem, porque nos permitem ter uma maior perceção do feedback do público. Percebi, nessa altura, que podia lançar um livro”, indica Pedro Jubilot. Micro contos que têm um fio condutor, algo que os envolve, como se comprovou, em 2013, em «Postais da Costa Sul», o seu livro de estreia. “São descrições de paisagens, de costumes, de receitas de cozinha tradicional algarvia, qualquer coisa que dissesse respeito ao que estava à minha volta, com uma visão poética. Era uma

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viagem que se fazia desde Aljezur até Alcoutim, percorrendo a costa e onde misturava vários estilos dentro do mesmo texto”, indica o autor. “Às vezes, parece que estamos a ler um conto, depois, assemelha-se a uma notícia, uma opinião ou um poema”, acrescenta, um livro que foi lançado como edição de autor. “Como o meu estilo pode parecer, à partida, um pouco esquisito, não sabia se alguém estaria interessado em editar o livro”. Desta vez, contudo, o processo de produção de um livro já foi encarado com total seriedade, desde a escrita à paginação, à construção da obra, sua edição e apresentação, de tal modo que, volvidos alguns meses, decidiu mesmo criar uma nova editora. “O livro é acompanhado por fotografias do meu primo, o Jorge Jubilot, que aproveitamos para, numa segunda fase, lançar uns postais com textos. Vimos que estávamos a iniciar qualquer coisa e assim nasceu a «CanalSonora», em 2013, que já editou 16 títulos”, aponta o professor de inglês.

Cena literária algarvia é muito rica Independentemente de lançar um livro por uma edição de autor ou através de uma editora profissional, Pedro Jubilot entende que um escritor não se pode isolar do meio que o rodeia, sobretudo da cena

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literária da sua terra, cidade, região, defendendo a sua participação em tertúlias ou encontros de poesia. “Tenho a ideia que não se lança um livro só para se encher o ego e depois voltar para casa e escrever mais. Foi por esse caminho que seguimos na «CanalSonora» e, como somos uma estrutura sem fins lucrativos, tentamos sempre encontrar as melhores soluções para cada caso. As pessoas têm consciência que, na maior parte das situações, a escrita é um hobby, mas isso não impede que seja desenvolvido com qualidade e profissionalismo”, frisa o editor, confirmando que existem, no Algarve, muitos apaixonados pela escrita que nunca puderam assumir essa sua faceta a tempo inteiro. Apesar da tarefa quase impossível que é viver da escrita, o certo é que os últimos anos têm assistido a um boom na

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produção e lançamento de novas obras, para o que tem contribuído, sem dúvida, o aparecimento das tais pequenas editoras e de diversos eventos culturais ligados à literatura. “Acho que entramos neste mundo no momento exato e, de certo modo, temos dado o nosso contributo para esse fenómeno. As coisas estão a acontecer com maior frequência desde 2014 e, em junho, reparamos que, este ano, já tinham sido publicados, pelo menos, cerca de 20 livros de autores radicados no Algarve. E, felizmente, já começa a surgir o interesse de editoras de Lisboa no que é feito na nossa região”, destaca Pedro Jubilot. Da sua experiência, o olhanense não tem dúvidas quando afirma que a cena literária algarvia é bastante rica e que as pessoas estão muito empenhadas em divulgar o seu trabalho e fazem-no de uma forma séria. E, mais do que isso, entende que todos os autores têm características diferentes. “O Fernando Cabrita não escreve como o Luís Ene. Paulo Moreira não escreve como a Adília César. Carla Sabino não

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escreve como o João Pereira. Eu e o Vítor Cardeira não escrevemos do mesmo modo”, exemplifica, reconhecendo que o panorama de edição mudou por completo no passado recente. “As editoras que já estavam no mercado não podem publicar autores que só vendem 200 ou 300 livros. Quanto às editoras que publicam seja o que for, desde que o autor pague o orçamento pedido, cada um é que sabe o que faz. O livro sai bem feito, são bonitos, mas todos têm as capas iguais uns aos outros. Na «CanalSonora», todas as capas são especiais, únicas, personalizadas, com fotografias de autores”, distingue Pedro Jubilot. Entretanto, as novas incumbências com a editora não significaram que tenha deixado de produzir as suas próprias obras, embora com um atraso 75

que se compreende. “Em 2016 saíram, de facto, muitos livros e não podemos andar todos a chocar uns com os outros, porque o mercado é pequeno. Comecei a escrever logo a seguir ao primeiro, mas o «Telegramas do Mediterrâneo» foise atrasando pelo excesso de trabalho”, indica, adiantando que é o segundo tomo de uma trilogia que mantém a essência de combinar vários estilos literários. “Desta vez, a viagem parte de Cacela e regressa a Tavira, dando uma volta pelo Mediterrâneo”. O problema é que, se o panorama da edição se alterou nos últimos anos, também se modificaram os hábitos de leitura dos portugueses, que cada vez compram menos livros, em paralelo com o advento dos livros ALGARVE INFORMATIVO #70


digitais. “A questão do público é universal e a situação de haver muitas pessoas a escreverem e poucas a lerem acontece em qualquer parte do mundo e não sei se isso vai mudar. Mas não acredito que isso faça com que as pessoas deixem de escrever”, analisa Pedro Jubilot. “Para se sobreviver só disto, tem que se vender muitos livros, andar de terra em terra, de porta em porta e, mesmo assim, quase não se consegue pagar a edição. Na «CanalSonora», fazemos edições até aos 200 exemplares, ninguém tem o objetivo de ficar rico assim e, como se diz na bola, vai-se andando livro a livro. Pensamos no presente, cada edição tem que se pagar a ela própria e, quando não der para continuar, não se continua”, refere, com um encolher de ombros. Seja como for, pertencendo a uma geração que permanece, assumidamente, muito agarrada ao livro físico, ao sentir o papel nos dedos, ao gesto do folhear as páginas, Pedro Jubilot não pensa em concentrar-se nas redes sociais ou plataformas digitais para ganhar dinheiro com os seus micro contos, sentimento que é partilhado pelos seus colegas de paixão. “Quando vamos a encontros literários, anda tudo nos «entas», é difícil encontrar pessoas abaixo dos 40 anos nestes meios. É outro desafio para se abraçar, porque nós vamos envelhecendo e, qualquer dia, deixa

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de haver paciência para fazer os livros”, avisa. Preocupações à parte, Pedro Jubilot tem andado muito ativo na promoção de «Telegramas do Mediterrâneo» nas várias feiras do livro que têm acontecido no Algarve nas últimas semanas e que constituem importantes momentos de convívio para os escritores. “As Feiras dos Livros estão melhor organizadas e convidam os autores do Algarve para participar em eventos, o que é sempre uma boa maneira de divulgar o que andamos a fazer. Temos feito parte também de vários eventos na vizinha Espanha, como o «Palavra Ibérica» e o «Edita», e há mais encontros marcados para setembro”, diz, garantindo que pretende avançar o mais rapidamente possível para o último livro desta trilogia de pequenos textos. “Entre estes dois livros, lancei um conto pela «4Águas» sobre uma figura histórica de Olhão, o Bartolomeu Constantino, e muitas pessoas acharam que seria a base de um romance, mas isso exige bastante tempo. Poderei é dedicar-me a contos mais longos, mas dentro da minha disponibilidade, não podemos sonhar alto demais” .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTOGRAFIA DE CAPA: Carlos Ramos

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