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ALGARVE INFORMATIVO 1 de outubro, 2016

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Ana Figueiras recorda Francisco Rosado e fala do 18.º Encontro de Música Antiga de Loulé

Associação Oncológica do Algarve | Walking & Cycling ALGARVE INFORMATIVO #77 1 Observação de Aves | Tavira debateu Turismo Acessível


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OPINIÃO 8 - Daniel Pina 36 - Paulo Cunha 38 - Paulo Bernardo 40 - José Graça 42 - Mirian Tavares 44 - António Manuel Ribeiro 46 - Augusto Lima

ATUALIDADE 10 - Walking & Cycling 16 - Turismo Acessível 22 - Observação de Aves

ENTREVISTAS/ REPORTAGENS 48 - Associação Oncológica do Algarve 60 - Encontro de Música Antiga de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #77

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O cliente tem sempre razão, mas o cidadão não… Daniel Pina

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Algarve está ao rubro por estes dias, por ocasião das comemorações do Dia Mundial do Turismo, mas também pelo lançamento do programa «365 Algarve», que pretende dinamizar mil e uma atividades culturais entre os meses de outubro de 2016 e maio de 2017. Poderia, por isso, falar dos empreendimentos turísticos que foram inaugurados na Praia da Salema e no Autódromo Internacional do Algarve, ou nos passeios de bicicletas e nos eventos culturais com a presença de membros do governo, mas prefiro focar a atenção numa das máximas do turismo, e de qualquer negócio, de que «o cliente tem sempre razão». Ora, o cliente até pode ter sempre razão, mesmo quando não a tem, mas o cidadão é que, pelos vistos, nunca tem razão e, mesmo quando a razão está do seu lado, isso não interessa para nada porque as decisões são tomadas de acordo com a vontade de quem está lá em cima. E, neste arranque de ano letivo, milhares de pais foram mais uma vez confrontados com esta triste realidade. Eu sou do tempo em que as aulas do primeiro ciclo começavam bem cedinho, logo pelas oito da manhã, com o primeiro turno a decorrer até à hora do almoço, e um segundo turno a acontecer da parte da tarde, de forma ininterrupta, tirando o merecido intervalo para a miudagem andar a correr feita maluca nos recreios das escolas. Se calhar, no Inverno, era um bocadinho chato para as crianças irem para a escola ainda o sol não brilhava forte no horizonte ou para, à tarde, regressarem a casa já com o dia a dar lugar à noite, mas não via grandes queixas da parte da malta nova e de certeza que, para os pais, a vida era bem mais fácil. Como Portugal, entretanto, tem que seguir os padrões europeus, criou-se um raio de horário que não tem a mínima consideração por aqueles pais que, não sendo ricos, têm que trabalhar e não têm motorista para levar os filhos às escolas. Assim, temos crianças a entrar para as salas de aulas praticamente à mesma hora que os pais deveriam estar a entrar ao serviço nos seus empregos, o que se traduz numa tremenda confusão e correrias desenfreadas à porta dos estabelecimentos de ensino às nove da manhã. Depois, os filhotes têm as suas aulinhas e um intervalo, uma hora de almoço desafogada, mais umas aulinhas à

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tarde e, de repente, chegados às quatro da tarde, terminam a sua jornada de trabalho. O que não significa que os pais tenham a mesma felicidade, mas os governantes não se preocupam em saber quem vai buscar as crianças à escola, ou o que elas vão andar a fazer o resto da tarde enquanto os pais estão nos empregos. Claro que há as supostas atividades extracurriculares, o que significa mais uma hora para ocupar as crianças na escola, mas essas também demoram a arrancar porque, primeiro, há que contratar professores para as dar e organizar os calendários. Enquanto isso, e no Algarve em concreto, há pais que só saem do emprego às 19h, outros entram ao serviço precisamente às 16h, e não têm maneira de ir buscar os filhos, mesmo que tivessem onde os deixar depois, nomeadamente com os avós. Mas, como se sabe, o cliente pode ter sempre razão, mas o cidadão nem por isso. Entretanto, deparei-me com outra situação caricata que nem me tinha passado pela cabeça. Como a minha filha mais velha entrou agora para a primária, é tempo de iniciar também a catequese, e voltamos a bater na mesma tecla de que as nossas opiniões nunca interessam para nada. A Igreja é, de facto, muito eficiente a mandar a cartinha para casa a recordar os pais que têm que inscrever os filhos na catequese, colocando ao dispor dois horários para a frequência das aulas: nos sábados à tarde ou nos domingos de manhã. Como se adivinha, a maior parte dos pais não tem possibilidade de levar os filhos à catequese no sábado à tarde, nem de ficar com eles durante a missa que se segue, porque estão a trabalhar, portanto, quase todos preferiram o domingo de manhã, que sempre é mais fácil de gerir. Mas, pelos vistos, a segunda opção era só no papel, pois, na realidade, a catequista não está disponível para dar aulas nas manhãs de domingo naquela paróquia. Ou seja, a Igreja não nos deixa esquecer que, quando batizamos os nossos filhos, assumimos o compromisso de os educar segundo os princípios na fé cristã, o que, numa primeira instância, se traduz na frequência da catequese. Mas isso tem que acontecer no dia e na hora que mais convém à igreja, e não aos pais das crianças. Neste caso em particular, os pais até se podem considerar «clientes» da igreja, mas não é por isso que têm razão .

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Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo

Secretária de Estado do Turismo veio ao Algarve conhecer a Ecovia do Litoral Na véspera do Dia Mundial do Turismo, a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, deslocou-se ao Algarve para conhecer, no terreno, a Ecovia do Litoral. O passeio de seis quilómetros, na tarde de 26 de setembro, aconteceu entre a Torre d’Aires, em Luz de Tavira, e a Fuzeta, e contou com a presença de diversos deputados da Assembleia da República, bem como dirigentes associativos e autarcas da região. Texto:

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om ponto de encontro no edifício sede da Região de Turismo do Algarve, em Faro, a comitiva que participaria num passeio ao longo da Ecovia do Litoral, no âmbito do projeto «Cycling & Walking Algarve», cedo se começou a juntar, reunindo, para além de Desidério Silva, Presidente da Região de Turismo do Algarve, os deputados do PS/Algarve António Eusébio, Fernando Anastácio e Luís Graça, o deputado do PSD/Algarve José Carlos Barros, a par de dirigentes associativos e autarcas dos concelhos de Tavira e Olhão. A deslocação até Torre d’Aires, na freguesia de Luz de Tavira, fez-se por autocarro e, no local de partida para um troço de seis quilómetros, percorrido em bicicleta, estava à espera Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo. Este novo produto «Cycling & Walking Algarve» é uma iniciativa da Região de Turismo do Algarve, Associação Turismo do Algarve, Comunidade Intermunicipal do Algarve, Turismo de Portugal e ANA Aeroportos, e o objetivo é tornar o Algarve num dos maiores destinos cicláveis e de caminhadas da Europa e atrair 11

José Manuel Guerreiro, Carlos Martins, António Eusébio e Fernando Anastácio

José Manuel Guerreiro, Delmino Pereira, Desidério Silva e José Liberto Graça

Durte Padinha, Dália Paulo, Fernando Anastácio, Dora Coelho e Élio VIcente

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mais turistas na época baixa. “Queremos mostrar um Algarve diferente, que se reposiciona fora do paradigma tradicional do «sol e praia», e estamos aqui numa atividade de bicicletas”, explica a governante, acrescentando que este produto se integra numa estratégia de posicionamento global do destino que inclui igualmente iniciativas de cariz cultural durante a época baixa. A missão é, pois, demonstrar que existem motivos que justifiquem uma visita ao Algarve ao longo de todo o ano mas, como é claro, essas atividades, iniciativas, produtos, têm que existir na prática. “Não podemos promover aquilo que não há e é para isso que estamos todos a trabalhar”, afirma a governante, confirmando que estas

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ciclovias ainda não estão implantadas em toda a região. “Temos quatro rotas, mas o intuito é criar um trajeto contínuo ao longo de todo o Algarve e o projeto tem sido bastante interessante porque mobiliza várias entidades. Não estamos à espera do ideal para começar a promover este produto e o que interessa é colocar todas as autarquias a trabalhar em conjunto. Os fundos arranjam-se, o fulcral é perceber que intervenções são necessárias fazer e em que zonas e estão sentados à mesma mesa o Turismo de Portugal, o Turismo do Algarve, a ANA Aeroportos, as autarquias, as associações e os empresários”, destaca Ana Mendes Godinho.

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Trabalho em conjunto que é essencial para o «Cycling & Walking Algarve» ser um sucesso, porque não basta criar procura e atrair turistas, há que garantir que os aeroportos e os hotéis estejam, por exemplo, preparados para receber estes visitantes e as suas bicicletas. “É verdade que os portugueses não estão habituados a andar a pé e de bicicleta, mas isso tem mudado nos últimos anos”, sublinhou a Secretária de Estado do Turismo, antes de partir para a praia da Salema, em Vila do Bispo, para a inauguração de um novo empreendimento turístico. A importância deste evento foi igualmente confirmada por Desidério Silva, para dar a conhecer as diferentes

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realidades da região e para se perceber que, em final de setembro, existiam condições perfeitas para a prática de atividades no exterior. “A nossa intenção é promover e divulgar que o outono e inverno são excelentes para o ciclismo e as caminhadas. Esta ação é apenas um sinal do que está a ser feito no terreno para evidenciar que o Algarve tem outras ofertas e potencialidades para além daquelas que são sobejamente conhecidas do grande público”, referiu o presidente da Região de Turismo do Algarve, garantindo que a interligação entre as várias ciclovias existentes na região é uma preocupação de todos os envolvidos. “Faremos tudo ao nosso alcance para que os presidentes dos 16 concelhos do Algarve compreendam a

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importância de existir uma única ciclovia do sotavento ao barlavento”. Prova disso é que, enquanto foi presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Desidério Silva procurou que essa ligação existisse entre os Salgados e Vilamoura, mas compreende que há autarcas que se debatem com grandes constrangimentos. “Têm a ver com o PROT Algarve e com o POOC, mas a presença da Secretária de Estado do Turismo demonstra que o governo está empenhado neste processo, para que tenhamos um Algarve todo o ano e não apenas a funcionar durante seis meses”, concluiu o presidente da RTA .

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Ana Mendes Godinho e Desidério Silva, à chegada do passeio, na vila da Fuzeta

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Tavira debateu Turismo Acessível e Vilamoura é um dos exemplos a seguir No seguimento das comemorações do Dia Mundial do Turismo, que este ano foi dedicado ao «Turismo para Todos», a Câmara Municipal de Tavira promoveu, no dia 27 de setembro, na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, um seminário sobre «Turismo Acessível – a caminho da igualdade». Perante uma plateia atenta composta por autarcas, empresários e especialistas na matéria, foi dada a conhecer, entre outros casos, a requalificação operada em Vilamoura nos últimos anos. Texto:

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Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira e Manuela Rosa, professora da Universidade do Algarve

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seminário «Turismo Acessível – a caminho da igualdade» visava sensibilizar as instituições para a necessidade de criar espaços públicos livres de obstáculos ou adaptá-los ao usufruto de todas as pessoas, com ou sem limitações. A ideia é que, assim, todos possam desfrutar, em pleno, dos seus momentos de lazer, seja no quotidiano ou em férias, e para demonstrar o que pode ser feito nesta matéria foram dados a conhecer quatro casos: Vilamoura – Mobilidade Suave e Sustentabilidade; Anda Lisboa! Um Passeio Acessível; Parques de Sintra Acolhem Melhor; e Turismo Inclusivo? Nicho de Oportunidades. A sessão de abertura contou com a participação de Jorge Botelho, ALGARVE INFORMATIVO #77

presidente da Câmara Municipal de Tavira, e de Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, sinal de que este é um desafio, não só para um concelho em particular, mas para toda a região. “Podíamos ter feito palestras de tudo e mais alguma coisa neste Dia Mundial do Turismo, mas quisemos dedicar a nossa comemoração às questões da mobilidade, porque queremos que, em Tavira, elas entrem na ordem do dia. Para isso, é preciso fazer muita coisa, até porque a nossa cidade é difícil e complexa nesta matéria mas, com a reabilitação que está a acontecer, com o turismo sustentável que pretendemos e com as preocupações que estamos a ter, esse é o caminho a seguir”, afirmou Jorge Botelho, que é também o 18


presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve. Face ao crescimento do turismo sénior e ao próprio envelhecimento da população residente, estão, de facto, a surgir novas preocupações no que toca ao planeamento das cidades e que já não passam apenas pela questão das vias cicláveis, mas da própria circulação das pessoas a pé, evidenciou Jorge Botelho. “Ter uma cidade mais acessível não é só fazer rampas e carreiras dedicadas, ou apostar em modos suaves, é também trabalhar nos materiais que muitas vezes estão velhos e desadequados dos tempos modernos, colocando um conjunto de obstáculos que devem ser removidos. Para isso é preciso ter um conjunto de planos integrados, ainda para mais numa cidade histórica como Tavira”, defendeu o edil tavirense. Presidente da autarquia de Tavira há sete anos, Jorge Botelho garante que estas preocupações não são recentes, mas há timings a respeitar e o socialista acredita que o Algarve está, finalmente, a olhar da mesma forma para as questões da mobilidade. “Nova legislação implica a reformatação de muitos projetos existentes, a legislação que vai sendo aprovado vai sendo transposta para os novos projetos e, por vezes, surgem contratempos para tornar as cidades acessíveis”, sublinha, dando o exemplo do acesso aos núcleos históricos. “O que queremos é uma cidade e concelho de Tavira para todos, e um Algarve verdadeiramente para todos, tanto na mobilidade pedestre, 19

como nas mobilidades suaves. Para isso, todos devemos ter uma prática desportiva que combine com o turismo de qualidade e há muitos caminhos para se atingir esse objetivo, numa rede que se vai completando por fases”, considera, adiantando, contudo, que tal envolve investimentos bastante relevantes, o que, por vezes, atrasa a concretização dos projetos. No uso da palavra, Desidério Silva voltou a enfatizar a necessidade de se tornar o Algarve sustentável ao longo de todo o ano e o turismo acessível é um dos elementos que pode contribuir para esse objetivo. “Há um conjunto de números que estão identificados e que são públicos sobre o turismo acessível e o turismo sénior, mas há que concretizar projetos e isso depende de uma parceria forte entre o público e o privado. Se os privados fazem um esforço para encontrar soluções para as pessoas com dificuldades de mobilidade, o setor público também o deve fazer”, defende o presidente da Região de Turismo do Algarve, lembrando que o Plano Estratégico da RTA contempla, precisamente, um conjunto de preocupações e intervenções sobre este assunto. Certo é que o turismo acessível é uma das áreas que mais poderá ajudar o Algarve a combater a sua típica sazonalidade, já que é entre outubro e maio que a região é mais procurada por visitantes de idade ALGARVE INFORMATIVO #77


mais avançada ou com dificuldades de mobilidade, motivo pelo qual Desidério Silva apela a uma maior articulação entre os privados que têm meios financeiros para investir e as autarquias e o poder central. “O Algarve tem estes turistas todos mas não existe, por exemplo, uma rede de transportes

públicos que atravesse os vários municípios. Neste momento, há uma forte sensibilidade sobre este assunto, há pessoas no terreno que sabem eliminar barreiras, contornar obstáculos e encontrar soluções e isso tem que ser aproveitado”, indica.

Mobilidade suave e sustentabilidade de Vilamoura é caso de sucesso

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m destaque entre os casos apresentados durante o seminário esteve «Vilamoura – Mobilidade Suave e Sustentabilidade», ilustrado por Fátima Catarina, membro do Conselho de Administração da Inframoura, empresa municipal que gere o território de Vilamoura e Vila Sol, por delegação de competências da Autarquia de Loulé. “Temos uma área de intervenção de 18 quilómetros quadrados e o nosso orçamento ronda os nove milhões de euros anuais, para fazer face a atividades como a distribuição da água, saneamento básico, recolha de resíduos, limpeza urbana, espaços verdes, rede viária, estacionamento público, bicicletas partilhadas, ocupação de espaço público e publicidade”, explicou. Com uma estratégia assente nos pilares da sustentabilidade, mobilidade e acessibilidade, Fátima Catarina falou resumidamente do primeiro aspeto, no qual se destacam: a modelação ALGARVE INFORMATIVO #77

hidráulica, que visa controlar as perdas de água na rede pública; e o plano de substituição de contadores de água por tecnologia mais recente. “Somos das entidades a nível nacional que temos menos perdas 20


Fátima Catarina, da Inframoura, apresentou o caso de Vilamoura e Vila Sol

mas, mesmo assim, 14 por cento da água que compramos é perdida”, revela, adiantando ainda que se está a tentar reduzir os consumos de água de rega, com a introdução de plantas de baixo consumo, com a rega gota-a-gota e com a inserção de inertes nos canteiros. “Em prol da sustentabilidade, estamos também a substituir toda a rede de luminárias por tecnologia LED, que poupa cerca de 40 por cento de consumo de energia face a outros tipos de lâmpadas. Até ao final do ano, devemos chegar aos 20 quilómetros e, em 2017, prevemos atingir os 30 quilómetros de espaço público com tecnologia LED”. Um constrangimento prontamente apontado a esta estratégia é que a entidade reguladora não permite que haja investimentos cruzados, ou seja, o que se obtém, por exemplo, de receitas 21

na água tem que obrigatoriamente ser investido na água, e por aí adiante. “Claro que há áreas onde não temos receitas, como os espaços verdes, as estradas, a iluminação pública”, diz Fátima Catarina, falando ainda da reciclagem de pneus em fim de vida, nomeadamente da borracha de pneus de aviões, nas estradas que vão sendo construídas em Vilamoura e Vila Sol. “A baixa de Vilamoura é construída com o betuminoso normal, o alcatrão, mas incluindo também alguma borragem de pneus de aviões para poupar o ambiente”. A nível de mobilidade, Fátima Catarina salientou cinco grandes áreas: regulação do estacionamento; diminuição do uso do automóvel; devolução do território ao peão; promoção do uso da bicicleta; mobilidade e acessibilidade para ALGARVE INFORMATIVO #77


todos. Assim, existem 25 quilómetros de ciclovias em Vilamoura e Vila Sol, mas o objetivo é fazer ainda mais ciclovias e ajustar outras. “No separador central de Vilamoura há uma que é partilhada com o peão e isso, às vezes, gera conflitos. Achamos que é um território bastante bom, mas ainda há muito para melhorar em Vilamoura”, entende. Um projeto em grande evidência na estratégia de sustentabilidade, mobilidade e acessibilidade de Vilamoura são as bicicletas de uso partilhado, que têm promovido imenso o uso do veículo neste empreendimento turístico de luxo e melhorado a mobilidade dos residentes. “Vários estudos demonstram que o modo de deslocação pedonal é o mais eficiente nas deslocações até um quilómetro e que o uso da bicicleta é a melhor opção nas deslocações até quatro quilómetros. Ora, de acordo com o ALGARVE INFORMATIVO #77

IMT, 50 por cento das deslocações em meio urbano têm menos de três quilómetros”, frisa a responsável. Assim, encontram-se espalhadas por todo o território de Vilamoura e Vila Sol 41 estações da «Vilamoura Public Bikes», bem como 336 postes de parqueamento, para comportar um total de 260 bicicletas, 200 delas em constante usufruto por um conjunto de cinco mil utilizadores. E, segundo dados dos 2012 a 2015, já foram realizadas 270 mil viagens com estas bicicletas, tendo sido percorridos 480 mil quilómetros, com um número médio de utilizadores de 88 por dia, que percorrem uma distância média de 4,3 quilómetros por dia. “Segundo uma ferramenta da Organização Mundial de Saúde, estes quilómetros todos geraram uma poupança de 294 mil euros em termos de investimento em saúde”, avança Fátima Catarina. “Ao mesmo 22


tempo, tivemos uma poupança de 17 toneladas de CO2 e de 17 mil e 300 euros em combustível”. Resultados, de facto, excelentes, mas Fátima Catarina introduziu ainda mais dois projetos da Inframoura na conversa: um deles diz respeito à baixa de Vilamoura, cujo percurso é totalmente acessível, oferecendo excelentes condições para percursos pedonais e com um design inclusivo, isto é, com cota zero e bandas/guias para invisuais; o outro prende-se com a requalificação do separador central de Vilamoura, com francas melhorias nas condições de acessibilidade e mobilidade. “Apesar disso, há ainda ruas que não estão requalificadas e que serão as próximas a ser intervencionadas” .

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A observar aves

pelos caminhos da Quinta do Lago e Ludo

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Em pleno Outono, as condições climatéricas continuam perfeitas no Algarve para a realização de atividades ao ar livre e um dos produtos turísticos que maior crescimento tem conhecido no passado recente é o birdwatching. Com diversos pontos de excelência para a observação de aves na região, do sotavento ao barlavento, escolhemos o percurso entre a Quinta do Lago e o Ludo, na companhia da guia e bióloga Bárbara Abelho, da Lands e Formosamar, para nos estrearmos nesta fantástica experiência. Texto:

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Ludo e a Quinta do Lago, em pleno Parque da Ria Formosa, são locais de extraordinária beleza por si só, mas são também sítios muito propícios para o birdwatching, ou observação de aves. Ao longo de alguns quilómetros é possível encontrar uma enorme diversidade de espécies, espalhadas pelos pinhais, salinas, áreas agrícolas, sapais e lagoas de água doce. Algumas das aves mais emblemáticas são o garçote, o caimão, o pato-debico-vermelho e o exótico tecelão-de-cabeçapreta, mas o Outono é particularmente interessante devido à migração outonal e as zonas de caniçais são também muito importantes para várias espécies de passeriformes migradores como a felosa-musical, a petinha-dos-prados e o pisco-de-peito-azul. Ao longo de todo o ano pode-se observar o colhereiro, o elegante pernilongo, o inconfundível alfaiate e o borrelho-de-coleira-interrompida, destacando-se igualmente espécies estivais como a peculiar perdiz-do-mar, o cuco-rabilongo, a alvéola-amarela, o picanço-barreteiro e a andorinha-do-mar-anã. Ao todo, a Ria Formosa alberga numa base regular mais de 30 mil aves aquáticas durante a época de invernada, de forma que, no Inverno, são impressionantes as grandes concentrações de aves limícolas e de anatídeos. Durante a época mais fria do ano são de realçar ainda o garajau grande, a águiapesqueira, o inconfundível peneireiro-cinzento, o tartaranhão-ruivo-dos-pauis e a águia-calçada. Tirando partido da maré baixa, encontramo-nos bem cedo com Bárbara Abelho, da Lands/Formosamar, na ponte que dá acesso à Praia da Quinta do Lago, por as aves estarem mais ativas logo pela manhã e até por questões de luz para a captação de imagens. “Esta zona é bastante interessante porque conseguimos ver uma grande variedade numa distância muito

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curta, principalmente com a chegada das aves migratórias em setembro. O lago de água doce onde se encontra um observatório é um dos melhores locais para esta atividade”, indica a bióloga, explicando que estávamos no limite mais ocidental do Parque Natural da Ria Formosa. “Temos aqui as aves invernantes, mas também se dá a partida de muitas aves que, nesta altura do ano, se concentram na zona de Sagres”. Como que a comprovar as palavras da nossa guia nesta manhã, depressa nos cruzamos com um grupo de birdwatchers, ALGARVE INFORMATIVO #77

totalmente preparados para a «guerra», que é como quem diz, com binóculos, telescópios, máquinas fotográficas de longas objetivas e vestimenta confortável. Mas, para iniciarmos esta atividade, basta ter um manual de identificação, binóculos e muita paciência para se tentar identificar as aves, que é um dos desafios do birdwatching. “As pessoas já têm uma ideia prévia da zona para onde vêm e do tipo de aves que ali podem encontrar e os aficionados, os praticantes a sério, vêm à procura de aves em concreto”, confirma Bárbara 30


Abelho, dando o exemplo da galinha-sultana ou do garçote, mas também do bico-de-lacre e do tecelão, que têm uma população interessante na Quinta do Lago e Ludo. Turistas que são de todas as idades, embora normalmente dos 40 anos para cima, e não o típico «cliente» das praias algarvias, garante a responsável da «Lands», frisando que as aves também são o reflexo da boa qualidade dos ecossistemas da região. “A grande maioria das pessoas chega do norte da Europa, embora, nos últimos anos, se note o crescimento de outros mercados. Não nos podemos esquecer que há 20 milhões de pessoas a fazer observação de aves em todo o mundo e o Algarve é um destino de excelência”, salienta. “Estes turistas até podem ir à praia mas, provavelmente, fazem-no para avistar aves marinhas desde a costa”. Uma riqueza natural que, como é óbvio, tem que ser preservada e esse será o grande desafio dos próximos anos, na opinião de Bárbara Abelho. “Agora, por exemplo, estamos a caminhar no interface entre um resort turístico e uma zona

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natural e conciliar essas duas realidades nem sempre é fácil. Porém, o que cada vez mais atrai as pessoas a um determinado local é a sua autenticidade e, se não preservarmos estas zonas naturais, para além de perdermos toda a biodiversidade que existe nelas, acabamos por destruir também o que nos diferencia dos outros destinos concorrentes”, avisa, considerando que o sotavento tem estado melhor neste campo concreto do que o barlavento, por ter «despertado» mais tarde para o turismo. Convém lembrar que esta zona foi declarada Parque Natural em 1987, mas gerir os interesses dos investidores e das próprias populações locais é uma tarefa árdua. “De qualquer modo, estamos definitivamente a evoluir na direção certa porque cada vez valorizamos mais o ambiente e reconhecemos a sua importância nas nossas vidas. Neste produto, o investimento para se criar áreas de visitação é bastante reduzido, mas não se pode descurar o impacto que essas áreas terão no meioambiente”, acautela. “Mais à frente neste percurso pedestre vamos encontrar salinas e há certos caminhos que estão reservados a quem está a fazer a exploração do sal e não os podemos percorrer. Nesse sentido, é fulcral que os guias sensibilizem os turistas para os cuidados a ter nestes passeios”, afirma. Como que de propósito, sai disparado um cão para a água atrás de algumas aves, enquanto a dona observava tudo impavidamente. E como a atividade da observação de aves, nesta zona do Algarve, está bastante concentrada nos meses de setembro e outubro, convém também não massificar o número de clientes, reforça Bárbara Abelho. “Se estou a fazer birdwatching na época de nidificação, não posso dirigir-me a um local onde uma ave está a nidificar só porque um cliente quer tirar fotografias. Estas atividades podem ter um impacto reduzido, se tivermos cuidado com o que estamos a fazer e sensatez com os programas que desenvolvemos”, assume a bióloga, enquanto nos conduzia em direção ao Ludo, com a Ilha de Faro já bem perto no horizonte . *Um agradecimento especial à Formosamar e Lands pelo passeio ALGARVE INFORMATIVO #77

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Todos os dias são da Música Paulo Cunha

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esde 1975, data em que foi instituída pelo International Music Council (uma instituição fundada em 1949 pela UNESCO, que agrega vários organismos e individualidades do mundo da música), que o «Dia Mundial da Música» se comemora anualmente a 1 de outubro. Esta data visa relembrar e alertar para a importância de promover a arte musical em todos os setores da sociedade, de divulgar a diversidade musical e de fomentar a aplicação de ideais como a paz, a amizade, a evolução das culturas e a troca de experiências. Quando o carismático vocalista do grupo U2 , Bono Vox, referiu que: “A música pode mudar o mundo porque pode mudar as pessoas.”, quis com o seu testemunho pessoal mostrar-nos o fabuloso e incomensurável poder da música enquanto linguagem humanizadora e pacificadora. Tal como o grande escritor Hans Christian Andersen, que frisou que: “Onde as palavras falham, a música fala.”, também muitas «personalidades» com responsabilidades de vária ordem o sabem, mas não o assumem como prioridade, nem como veículo potenciador de mudança. Já se tornou recorrente, e até maçador, falar e escrever sobre o assunto, mas enquanto se assiste a um desinvestimento acentuado e a um abandono progressivo de medidas que em tempos permitiram ter alguma esperança em ver Portugal na senda da - plena - integração na Comunidade Europeia no que à música diz respeito, assiste-se a uma retórica já gasta, assente nos sacrifícios que «todos» temos que fazer em nome da economia e das finanças públicas do país. «Música política» que os vários artistas da música já se habituaram a ouvir mas continuam a não entender, nem a gostar. Tornou-se habitual festejar o Dia Mundial da Música com música, mas tendo em conta a desproporção entre a qualidade da música que por cá se cria e interpreta e o uso que dela se faz durante todos os dias em que a música não tem honra de destaque, merecia que todos os

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aspirantes a músicos e atuais músicos «colocassem a boca no trombone» e, em vez de tocar, partilhassem o seu testemunho sobre o que é ser, hoje, músico em Portugal. Por certo muita gente ir-se-ia surpreender com o que iria ouvir! Sendo Portugal um país pequeno, é grande na quantidade de bons músicos que possui em todos os géneros musicais. Gente que passou e continua a passar grande parte do tempo a estudar, a aperfeiçoar-se e a atualizar-se, mas continua a ser encarada por todos aqueles que os deveriam promover e destacar como uma das nossas maisvalias enquanto país, apenas como um grupo de meros «entertainers». Fossem os músicos uma classe profissional coesa e, com classe, lutassem pela sua credibilização e valorização artística e laboral e, muito provavelmente, deixariam de ser tratados à margem das outras profissões. Mas isso são «outras músicas», feitas de «quintas e quintais» arraigados na natureza e conduta humana. Ao contrário do que muitos pensam, não se nasce músico, nem é músico quem quer… O músico constrói-se, cresce e amadurece com muito «sangue, suor e lágrimas»! Por isso me confrange ver tantos músicos inebriados pela sua música e de costas voltadas para a música dos outros… porque a música é demasiado grande e importante para a pequenez de alguns homens que dela vivem. Já alguma vez se deram ao trabalho de identificar e quantificar os momentos em que estão em contacto com a música, desde que acordam até ao momento de adormecer? É um bom exercício para nos mostrar a importância da mesma nas nossas vidas. Desde a antiguidade que a música está associada à arte das musas, e assim continuará a estar enquanto houver quem a dignifique e valorize! Assim sendo: viva a música, todos os dias! E já agora, deixem-se atingir… porque, como disse Bob Marley: “A parte boa da música é que quando ela te atinge, não sentes dor alguma.” . 36


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O bom de Empreender Paulo Bernardo

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que escrevo surge no momento por factos que vou vivendo, me vão falando ou que observo. Hoje, a história possivelmente é a mais difícil de começar, pois não é uma história de final feliz, nem sei bem que final vai ter. A história de hoje versa sobre uma menina da idade e nome da minha filha que, por situações completamente alheias a si, vive momentos de angústia e tristeza, momentos esses fruto de uma falta de organização do nosso espaço interior. A menina teve a sorte de nascer qual Heidi de Johanna Spyri, num monte alentejano onde o seu avô tomava conta dos rebanhos. Contudo, o nosso Alentejo, apesar de bonito, é triste e sufocante para uma menina de 10 anos. 10 anos curtidos ao Sol junto dos pequenos borregos e sob o olhar do rafeiro que guarda as ovelhas e a neta. Porém, o mundo dela mudou radicalmente pelas motivações de metamorfismo dos proprietários do terreno, legítimos donos e sem nada a apontar, tendo sempre tratado toda a família como merecia. As novas modas indicavam outros fins para o espaço. Por fim, a menina, num dos dias de visita dos proprietários, agarrou-se às pernas de um deles e implorou com uma lágrima escondida: “não me retire da minha casinha, pois eu gosto tanto dela”. Para uma criança não existem regras de propriedade ou pertence, apenas existe a minha casinha. O seu pequeno mundo, que lhe dá alegria nas pequenas coisas, mas lhe tolhe o futuro na falta de oportunidades que a rodeiam.

preocupasse, que iria permanecer na sua casinha. Não sei qual vai ser o futuro da história, mas é para escrever novos futuros que o empreendedorismo e a vontade de fazer coisas servem. Assim, a pessoa que me descreveu o que vos disse, também me contou que se está a preparar para criar uma nova atividade de forma a poder preservar a propriedade, criar mais riqueza e, por conseguinte, ajudar a quem lhe ajuda, criando postos de trabalho onde estes fazem mais falta qua a chuva. Como vos disse, não sei qual vai ser o futuro da história e o que vai acontecer à menina. O que posso dizer é que ser empresário é isto, ajudar a mudar o mundo, a melhorar as condições de vida das populações e a preservar o que são as nossas raízes. A isso eu chamo um empresário, alguém que ajuda a criar e a distribuir riqueza. O resto, os que exploram para acumular o lucro, esses não são dignos desse nome. Não sei o que vai acontecer, mas sei que, se depender do empreendedor que contou a história, o mundo da menina não só se vai manter, como vai ser melhorado. São estes pequenos momentos em que podemos ajudar um pouco a escrever a história que me dão satisfação de ser empreendedor e diluem a frustração de estar longe da família e dos amigos, de não ser compreendido muitas vezes por quem nos rodeia, se nos sentirmos sós. Meus amigos, pelo sorriso da menina, vale a pena fazer .

Portugal não é igual para todos, as assimetrias cada vez se acentuam mais. Pela pessoa que manda foi-lhe transmitido que não se

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Compromissos e promessas… José Graça

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ão quero lançar aqui um debate sobre a avaliação das políticas públicas, conhecendo-se bem os seus benefícios, quem são os atores envolvidos no processo e sabendo-se que é um instrumento que deve ser utilizado pelos poderes públicos para medir a eficácia de suas ações, visando a melhoria contínua e integração das lições aprendidas em projetos e programas futuros. Não é que a discussão não seja necessária, mas nunca ficaria completa dadas as limitações deste espaço… A polémica recente sobre as viagens oferecidas por empresas privadas a titulares de cargos públicos para assistirem aos jogos da seleção nacional de futebol no Campeonato da Europa revelou um conjunto de virgens ofendidas que nunca se tinham ouvido em anteriores ocasiões, tendo muitas delas beneficiado dessas oferendas e vantagens, inacessíveis ao comum dos cidadãos! Esteve bem o Governo, liderado naquele período por Augusto Santos Silva, em retirar as devidas consequências, reduzindo o assunto à sua insignificância conjuntural e fazendo publicar um Código de Conduta (Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2016 de 21 de setembro), que estimula a autorregulação de natureza ética e constitui um compromisso de orientação assumido pelos membros do XXI Governo Constitucional e pelos membros dos respetivos gabinetes, no exercício das suas funções, alargando-se o seu âmbito aos dirigentes de institutos públicos e de empresas públicas, através das orientações transmitidas pelo membro do Governo que sobre eles exerça poderes de hierarquia ou de superintendência. Esperando que o mesmo tenha a devida aplicação, esta semana fomos surpreendidos com uma revolta no grupo parlamentar do Partido Socialista, porque a respetiva direção de bancada havia realizado uma análise profunda da produtividade dos senhores deputados no exercício das suas funções, com base num conjunto de indicadores disponíveis publicamente no sítio do Parlamento, alegando os mais incomodados que o seu mandato não estaria dependente da avaliação de direções do grupo ou do partido. Apesar de não haver qualquer avaliação qualitativa sobre a produtividade de cada deputado, segundo aquilo que é noticiado, Carlos César elogiou o

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desempenho dos eleitos socialistas na primeira sessão legislativa, desafiando-os a fazer melhor naquela que agora começa, refletindo sobre mudanças a aplicar e novos procedimentos a adotar. Compreendendo-se a natural reação à mudança inesperada, sendo a primeira vez que tal análise é efetuada em quarenta anos de Democracia, ninguém poderá aceitar que alguns dos nossos representantes na Assembleia da República recusem-se a fazer uma autoavaliação do seu trabalho, particularmente neste mandato em que o centro das atenções políticas está no Parlamento. Francamente, nos tempos que correm, devemos procurar ser mais assertivos e empenhados no exercício da nossa missão! E que dizer quando pretendemos avaliar os compromissos e as promessas eleitorais, nomeadamente em termos locais e municipais, onde a convivência com o poder político é feita de uma forma mais próxima e no quotidiano de cada cidadão?! Como é que que analisamos as estratégias de informação e comunicação dos entes públicos (municípios e freguesias) que estão á nossa beira?! Como é que cada munícipe e freguês tem conhecimento das reuniões dos seus órgãos ou acesso regular aos respetivos titulares?! Que meios são colocados à disposição dos eleitores para compararem as promessas com as concretizações?! Poderiam colocar-se muitas outras questões, que permitissem reunir os elementos para fazer uma análise mais fina destas áreas… Porém, é fundamental que seja fomentada uma cultura de permanente exigência em relação aos titulares dos cargos de representação e que as entidades públicas e órgãos autárquicos sejam os primeiros a contribuir para a formação cívica dos cidadãos, através de medidas de desenvolvimento da transparência e da participação na coisa pública. A bem da Democracia! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 (Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve e da Assembleia Intermunicipal do Algarve)

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O cinema no Expressionismo: a representação do invisível Mirian Tavares

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m dos problemas fundamentais, que permeia ainda hoje a arte do cinema, é a questão da representação. Porque o cinema, filho do século burguês, herdou esse desígnio: o de representar, de forma mais ou menos fiel, o mundo visível, permitindo assim que a sociedade do fim do séc. XIX, desejosa de encontrar meios que a refletissem, se revisse nos ecrãs. No entanto, vários movimentos artísticos, que despoletaram na passagem do séc. XIX para o XX, usaram o cinema como médium par excellence de derrisão do modo de produção capitalista que se instaurava nas recém-nascidas metrópoles. Na arte, muitas vezes, o realismo foi confundido com o mimetismo e/ou com o figurativismo. As vanguardas históricas demonstraram que a realidade pode aflorar em imagens não-figurativas e amiméticas com uma intensidade avassaladora, mesmo no cinema, que herdara dos irmãos Lumière uma tendência marcadamente realista ou documental. De um modo geral, o discurso das vanguardas e a sua práxis apontam para a desmaterialização do mundo visível. Através da fragmentação das imagens, revela-se o desmantelamento de um modo de vida que foi bastante afetado pelo advento da I Grande Guerra. Para os artistas da época, o gesto de criação já não era um gesto de reprodução/representação do visível, mas sim um gesto criador do invisível.

sua inadequação. Assim sendo, alguns movimentos de vanguarda, através do cinema, desvelam a fragmentação do sujeito e a sua crescente objetificação. Os Expressionistas, de forma programática, tentaram, através da sua arte, revelar o invisível. Vários são os princípios da pintura Expressionista e todos eles se conjugam na tentativa de revelar as dobras, as sombras, o que, de um modo geral tende a ficar ocultado. Ao quebrar as regras da clareza, ao fugir de uma representação mais mimética, os Expressionistas tentaram alcançar a escuridão e lançar sobre ela algumas luzes. Para aqueles artistas, era necessário desmascarar o visível, desinvesti-lo do seu carácter de verdade ou de cópia fiel do real, mostrar que há zonas de sombra entre o que se exibe e o que se sente. Para Vassily Kandinsky, a arte era uma experiência fundamental: ela era o lugar da expressão nua da interioridade e, através dela, o homem poderia comungar com o mundo. Para tal, era preciso ultrapassar a materialidade e vivenciar a verdade do invisível. É por isso que o cinema e a arte Expressionista não apenas revelam o invisível, mas têm visões .

Na obra das vanguardas, a figura humana é afastada do centro do quadro e o discurso artístico é construído a partir da tensão criada entre as margens e o centro; entre o mundo que se distancia e que teima em aparecer; entre o homem que é desmembrado, mas cuja ausência torna presente a sua angústia, os seus medos e a

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Uma democracia plasticínica António Manuel Ribeiro

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oje quero acrescentar uma nova unidade linguística, um vocábulo da minha lavra, ao léxico português. Definirei, sem o patrocínio da Academia, «plasticínica» como um adjectivo, feminino e masculino, que deriva da fusão de plástico com plasticina e cínico. Exercendo a minha cidadania, e por isso estou numa Frente Cívica, coloquei um «gosto» na página do FB que defende a continuidade da acção desinfectante que o juiz Carlos Alexandre vem trazendo ao governo do povo, a demo cracia. Se hoje falar de liberdade e Direito democrático a um jovem deste tempo, que nasceu em liberdade, ele vai-me achar um alvo de um jogo Playstation que sobreviveu e anda à solta. Mas a dignidade reconquistada em Abril de 1974 deu muito trabalho e não é propriedade privada de ninguém, repito, de ninguém, porque é de todos os que aceitam a diferença de cada um que soma uma sociedade.

precisa é de ser julgado e na barra usar a sua defesa, e se o Estado falhou, se ele é o inocente mais vitimizado do país, exigir por reparo uma pesada indemnização, podendo então pagar o que vem pedindo emprestado. É que, e termino, um juiz de instrução não julga, apenas segue indícios, reúne provas e ouve testemunhas. Por isso, lançar sobre o senhor juiz suspeitas por causa de uma entrevista é no mínimo repugnante – lembrei-me deste verbo por causa do mimo que aquele ex-primeiro-ministro ofereceu na passada semana à lucidez da deputada do PS na Europa, Ana Gomes. Mas será que alguém quer saber do que aqui tratei depois de ontem o meu Benfica, na terra dos mafiosos, ter levado quatro? A César o que é de César, mas por ora afastem-no da baliza .

Se um ex-primeiro-ministro se acha no direito excepcional de provocar esse mesmo estado de Direito, usando os truques que a sua posição mediática e meios financeiros permitem, ao invés do comum cidadão sob suspeita, e se os paineleiros do regime seguem na procissão das virgens violadas por causa da prorrogação da fase de investigação do Processo Marquês, (só) ligeiramente diferente de um assalto de pilha galinhas, como se sabe, estamos no regime vetusto do faz de conta e chuta para o lado, que a crise no Deutsche Bank vai trazer seguramente à terra. Portugal não tem dinheiro e a economia não está a resolver a dívida acumulada. Esse ex-primeiro-ministro tem o direito, constituído na lei, de pedir o afastamento do juiz de instrução, mas devia ter o auto-limite moral de o fazer, para ser exemplo. O que este senhor ALGARVE INFORMATIVO #77

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A Brincar aos Restaurantes Augusto Lima

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um País cada vez mais exigente em matéria gastronómica urge que (principalmente) os empresários e os mecenas da Arte Culinária encarem a Cozinha e a Restauração como um projeto imbuído de pinceladas culturais e de moldagens contínuas, procurando a perfeição estética possível aliada à nossa herança lotada de sons africanos, e cheiros orientais assentes entre uma açoteia mediterrânica e um mirante a norte, para o resto do mundo. O serviço de Restaurantes e afins gera economia, emprego, credibilidade, é o Calcanhar de Aquiles do Turismo e promove, para além do País, a sua Cultura, através do folclore, das tradições culinárias, dos produtos autóctones e regionais, das artes de pesca e agrícolas, sempre ligado ao artesanato local. Coisa séria, percebe-se pela descrição, mas que alguns, muitos a seu contento e sem qualquer tipo de avaliação, proliferam e espalham precariedade no emprego, más práticas na manutenção dos espaços e manipulação dos produtos, gestão danosa, desemprego e descrédito da nobre arte de Servir e de Cozinhar. No dia vinte e sete deste mês comemorou-se o Dia do Turismo e já vi entidades e organismos muito aflitos com a real possibilidade de Portugal poder vir a viver nos próximos anos um verdadeiro ciclone de turistas a entrar pelas nossas fronteiras, ávidos com a possibilidade de descobrirem um pouco mais sobre este País à beira-mar plantado, nado atlântico mas filho querido do Mediterrâneo. Urge sem demoras preparar edifícios e pessoas, vias de acesso e condições de acessibilidade, equipamento urbano e informação clara, de modo a podermos receber de forma assertiva a entrada de divisas tão bemvindas. Em todas as empresas, ideias e negócios, o capital humano é o mais importante e o mais difícil de obter e de manter, quer por falta de profissionais, de profissionalismo, falta de ALGARVE INFORMATIVO #77

formação e de respeito e falta de boas condutas nas práticas contratuais. A Restauração deveria ser encarada de modo superior com o respeito que merece o alimento e de quem dele trata. Todos os anos ardem milhares de euros em negócios ruinosos, pensados por pessoas sem qualquer tipo de formação na área. É muito fácil abrir um restaurante: dois papeis preenchidos, um deles, o Alvará, que concede o direito de operar como ERB (Estabelecimentos de Restauração e bebidas e um punhado de euros é quanto baste. Mas não deveria bastar ostentar o documento. O hábito não faz o monge. Que experiencia têm, o proprietário e os seus colaboradores. Possuem formação na área? Quantos anos de experiência? Como se recrutam colaboradores? O Patrão tem tempo para gerir o espaço. Onde se compram os viveres? Como agradar o cliente? Qual a postura do empregado, face ao cliente? A culpa é certamente minha, nossa, dos profissionais que praticam esta nobre profissão e também dos gestores e do Governo. E que dizer sobre os empresários que de Norte a Sul se entretêm a brincar aos Restaurantes, a brincar com os nossos tesouros gastronómicos, legado de séculos e de povos; e que dizer daquelas pessoas que possuem empresas de restauração, onde verdadeiros profissionais são arrastados para projetos utópicos, descabidos de qualquer visão empresarial e profissional, o que certamente já aconteceu a muitos profissionais e muito recentemente a mim? Isto faz-me lembrar que existe uma Comissão Nacional da Gastronomia e que ela foi criada por uma comissão de ministros, a mesma que decidiu em boa hora, elevar a Gastronomia a Património Nacional. Voltando a repetir-me, afirmo que um ERB deveria abrir apenas com a supervisão de um profissional credenciado, tal qual uma farmácia necessita de um profissional habilitado para poder ter a porta aberta .

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“O diagnóstico precoce é fundamental no tratamento do cancro”, garante Maria José Pires, vice-presidente da Associação Oncológica do Algarve Outubro veste-se, como é costume, de rosa, para alertar as mulheres para a importância da prevenção do cancro da mama e, no dia 16, acontece mais uma Mamamaratona, em Portimão. Antes disso, fomos conhecer o trabalho realizado no terreno pela Associação Oncológica do Algarve, não só na prevenção, mas também no tratamento e acompanhamento psicológico dos pacientes e na sensibilização junto das camadas mais jovens e da população em geral. Texto:

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o próximo dia 16 de outubro vai correr-se mais uma Mamamaratona, com partida marcada para as 10h na antiga lota da zona ribeirinha de Portimão, contemplando uma marcha/corrida de oito quilómetros, uma minimaratona de 10 quilómetros e uma meia-maratona de 21 quilómetros. O objetivo do evento é, como sempre, sensibilizar a população, em particular as mulheres, para a importância da prevenção do cancro da mama, mas esta é apenas a iniciativa mais visível e mediática da Associação Oncológica do Algarve (AOA), instituição particular de solidariedade social fundada, a 1 de julho de 1994, pelo médico-cirurgião Santos Pereira. Sedeada no Largo das Mouras Velhas N.º 16, em Faro, com delegações em

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Portimão e Albufeira e um núcleo na Freguesia da Fuzeta, a missão da AOA passa por lutar contra o cancro, prestar apoio social e humano ao doente oncológico e aos seus familiares e sensibilizar a população para a doença. “O Dr. Santos Pereira sentiu, na sua prática do dia-a-dia, a brutalidade que era mastectomizar as mulheres por não haver meios de diagnóstico precoce e não existir a possibilidade de se evitar em tantos casos que a cirurgia fosse radical. Se houvesse uma forma de que as mulheres fizessem um rastreio e se identificasse, numa fase precoce, que elas tinham cancro de mama, poderia fazer-se apenas uma tumorectomia, ou seja, extrair o tumor e realizar os tratamentos necessários, nomeadamente quimioterapia e/ou radioterapia”, explica Maria José Pires, psicóloga

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A Mamamaratona, realizada em Portimão, é o evento mais emblemático da Associação Oncológica do Algarve

clínica e vice-presidente do Conselho de Administração da AOA, esclarecendo de imediato que a associação lida com todos os tipos de cancro e não apenas com o cancro da mama. O primeiro passo de Santos Pereira foi entrar em contato com a Liga Portuguesa Contra o Cancro para tentar criar uma delegação na região, mas a ideia daquela entidade, há mais de 22 anos, era cobrir o país de forma sequencial e o Algarve teria que esperar mais algum tempo até ser abrangido. Ao mesmo tempo, havia a noção de que o Algarve possuía grandes assimetrias geográficas entre o litoral, o barrocal e a serra e que não era fácil fazer chegar a informação a todos os pontos da região, nem que todas as pessoas se deslocassem ao hospital para efetuar os rastreios. “Uma das formas de resolver esse problema era a criação de uma unidade móvel de rastreio do cancro da mama, um 51

processo que seria mais fácil para uma instituição não-governamental por não estar sujeita a tanta burocracia. O Dr. Santos Pereira foi falando com várias pessoas, na área da saúde e do direito, que fizeram todos os esforços para que fosse criada a Associação Oncológica do Algarve”, recorda a entrevistada. Criada a AOA, a primeira «casa» foi no Seminário de Faro, depois, mudou-se para o gabinete de advocacia da então presidente da Mesa de Assembleia, Dra. Ilda Martins, até a Câmara Municipal de Faro ceder o espaço onde se localiza, atualmente, a associação, no Largo das Mouras Velhas. “Uma das primeiras atividades que dinamizamos foi o apoio psicológico aos doentes oncológicos e às suas famílias. Ao contrário do que se possa pensar, a associação apenas tem os médicos radiologistas do ALGARVE INFORMATIVO #77


2016, e Loulé, só possível graças aos voluntários que se vão - Se tens perda anormal de sangue ou outros líquidos; juntando a esta - Se tens tosse ou rouquidão permanente; - Se tens dificuldade em engolir ou má digestão permanente; «família». “E, para além do apoio psicológico ao - Se tens um nódulo ou dureza anormal no corpo; doente e família, - Se tens cicatrização difícil de uma ferida; - Se tens alterações nos hábitos digestivos ou urinários; ajudamos igualmente - Se tens um sinal ou verruga que se modifica. com as próteses mamárias e capilares e Consulta o teu médico! com a lingerie A prevenção não é num só dia, mas em todos os dias do ano! ergonómica, que não é apenas o soutien, mas rastreio do cancro da mama, para além também o fato de banho. É do nosso presidente, que é médicofundamental que as pessoas cirurgião. Para além do rastreio, a retomem a sua vida com a máxima nossa principal atividade passa pelas normalidade”, indica Maria José consultas de psico-oncologia, bem Pires. como apoio psiquiátrico, quando necessário, assegurada essencialmente O desconhecimento por voluntários. Quando há boa vontade, conseguimos tudo”, destaca é o pior que pode existir Maria José Pires, aproveitando para sublinhar a ajuda que sempre Em setembro de 2005 entrou em receberam da comunidade, até no funcionamento a Unidade Móvel de apetrechamento da sede. “A Mamografia, que abrange todas as angariação de fundos que fazemos é mulheres residentes no Algarve entre para a obra que efetuamos no terreno, os 50 e os 69 anos, sendo a principal para ajudar os utentes. As nossas forma de diagnóstico precoce do instalações têm ficado, de facto, para cancro da mama na região. De facto, segundo plano, e as características do a unidade rastreia mais de 15 mil espaço também nos impossibilitam de mulheres por ano, a maior taxa de desenvolver mais atividades. Só adesão do país, rastreios realizados temos, por exemplo, uma sala de em parceria com a ARS Algarve, atendimento a pacientes, portanto, só tendo sido distinguida com o 1.º podemos dar uma consulta de cada Prémio na categoria «Parcerias em vez”, reconhece. Saúde» dos prémios «Hospital do Futuro 2007/08». Apesar dos constrangimentos económicos, a AOA tem, conforme Para que este passo fosse possível referido, delegações em Portimão, foram bastante importantes os Albufeira e Fuzeta, em espaços cedidos eventos dinamizados ao longo dos pelas autarquias, estando previstos anos, que servem, não só, para mais polos em Quarteira até final de divulgar o trabalho feito pela 7 sinais de alerta que podem indicar a presença de cancro:

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Sala onde os pacientes recebem apoio com as próteses capilares e mamárias

associação e sensibilizar as pessoas para a problemática do cancro e para a adoção de um estilo de vida saudável, mas também para a angariação de fundos. “Vamos conseguindo patrocinadores que são importantíssimos para nós, alguns cidadãos fazem donativos e há as verbas provenientes das inscrições em certas provas, como a Mamamaratona. Só assim se consegue fazer a tal obra fora destas portas, como a implementação do rastreio do cancro da mama no Algarve”, refere Maria José Pires, adiantando que, para esse projeto em concreto, receberam também fundos do programa «Saúde XXI». “É o Sistema Nacional de Saúde que paga a mamografia, valor que a associação tem que gerir com grande «perícia» para pagar aos técnicos e aos 53

médicos, para além do equipamento e dos seguros. O rastreio é totalmente grátis para as mulheres”, enfatiza a psicóloga. A partir do momento em que a Associação Oncológica do Algarve está no terreno a efetuar estes rastreios junto da população, ficou clara a quantidade de cancros que não tinham sido diagnosticados. O passo seguinte foi a construção da Unidade de Radioterapia do Algarve, inaugurada a 29 de junho de 2006 e que, na época, era a primeira a sul do Tejo, realizando mais de 19 mil tratamentos por ano. “Nós íamos junto das pessoas falar sobre o que fazer perante os sinais de alerta, diminuir alguns medos, tentar que deixasse de ser um estigma, porque ALGARVE INFORMATIVO #77


Iniciativa Pedalar pela Vida

havia muitas crenças e dúvidas de que o cancro poderia ser contagioso. O cancro é visto cada vez mais como uma doença crónica e o facto de o tornar tão assustador é um facilitador de que as pessoas evitem procurá-lo”, afirma, preocupada. “Se existirem medos, há uma negação e, perante a dúvida, tenta-se não se pensar no assunto. O receio de que seja um cancro é assustador e trava, na minha opinião, a procura do médico para se tentar saber o que se passa”. Perante esta situação, Maria José Pires reforça a importância de haver um diagnóstico precoce porque, quanto mais cedo for descoberto um cancro, mais fácil é o seu tratamento e, eventualmente, a sua cura. Não admira, por isso, os bons resultados que se têm alcançado em cada vez mais casos de cancro, porque esse estigma, esse receio, se tem conseguido combater e as pessoas estão cada vez mais ALGARVE INFORMATIVO #77

sensíveis para a matéria. “Pensarmos no cancro como uma doença crónica como a hipertensão ou o diabetes significa que a situação tenha que ser acompanhada com maior atenção, que se tenha que ir ao médico com maior regularidade”, entende, pelo que a unidade móvel de rastreio foi, de facto, um fator decisivo na prevenção do cancro, nomeadamente da mama.

«Casa Flor das Dunas» é o sonho que se segue Olhando aos meios, Maria José Pires revela que, para já, é suficiente uma Unidade Móvel, uma vez que o rastreio segue diretrizes internacionais de boas-práticas, devendo ser efetuado entre os 50 e os 69 anos de idade e de dois em dois anos, espaço de tempo que permite à Associação Oncológica do 54


Algarve percorrer os diversos centros de saúde da região. “A ARS convoca as mulheres desta faixa etária inscritas no centro de saúde onde a Unidade Móvel de Rastreio se encontra e as senhoras apresentam-se nesse dia e hora. Estamos é a trabalhar no sentido de adquirir uma unidade nova, com tecnologia de ponta, que vai beneficiar bastante as mulheres algarvias que fazem rastreio. Essa unidade vai ser adquirida com uma grande ajuda dos Rotários e será uma realidade em 2017”, revela. Quanto à Unidade de Radioterapia, localizada em Faro, assume uma particular importância porque muitos pacientes não efetuavam os tratamentos por terem que se ausentar das suas casas para a unidade de tratamento mais próxima, que era na altura Lisboa. “São tratamentos de quatro a seis semanas e, embora não sejam muito longos, são diários. Ora, quando se tem a família a seu cargo, ou animais, a saúde ficava para último lugar. E já nem falo das questões económicas”, explica Maria José Pires, confirmando que esta foi uma grande conquista da AOA, contando, para tal, com fundos comunitários do Programa INTERREG IIIA, mediante uma parceria com a delegação de Huelva da Associação Espanhola Contra o Cancro. “Quando é identificado um caso de cancro nos nossos rastreios, ele é remetido para os hospitais da área, sempre dentro do Serviço Nacional de Saúde. Nesse sentido, os doentes que necessitam desse tipo de tratamento são reencaminhados posteriormente para a Unidade de Radioterapia do 55

Algarve, que durante alguns anos também serviu a população do Baixo Alentejo”, conta a entrevistada. E porque os tratamentos de radioterapia duram o tempo que duram, outro sonho da Associação Oncológica do Algarve é a Residência «Casa Flor das Dunas», para alojamento temporário desses pacientes. “Temos recebido bastante apoio a todos os níveis, desde a população a empresas, e a Câmara Municipal de Faro também nos ofereceu o terreno onde esta instalada a Unidade de Radioterapia do Algarve e, ao lado, outro terreno onde será construída a «Flor das Dunas». Agora, estamos dependentes da abertura de fundos

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comunitários para construções desta natureza”, adianta Maria José Pires, aproveitando para falar de outra novidade para 2017, um novo acelerador linear, um aparelho de tratamento por radioterapia semelhante ao existente no Instituto Champalimaud. Percebe-se, então, pela conversa com a vice-presidente da Associação Oncológica do Algarve que já não existem razões para as pessoas evitarem recorrer a um especialista sempre que se deparam com um dos sinais de alerta (ver caixa), até porque, detetados a tempo e horas, já é possível o tratamento e cura do cancro. “Os fundos comunitários existem, mas nunca são a 100 por cento, e a parte que nos toca é sempre uma verba avultada, pelo que todos os apoios são

importantes. Aquando da aquisição da Unidade Móvel de Rastreio, todas as autarquias do Algarve contribuíram com um euro por cada cidadão residente no seu concelho, o que é de enaltecer. No dia-a-dia, é fundamental que cada um de nós conheça o seu próprio corpo, para percebermos rapidamente quando acontecem algumas modificações”, apela Maria José Pires. “Se algo aparece fora do normal e não desaparece durante um período de tempo razoável, deve-se procurar o médico de família, que fará o despiste e encaminhará para a especialidade correta. É normal que exista medo perante a ausência de saúde mas, se estivermos atentos e empenhados, é possível evitar ou resolver muitos problemas” .

A Unidade Móvel de Mamografia da Associação Oncológica do Algarve

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Foto: Luís Henrique da Cruz

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ANA FIGUEIRAS recorda Francisco Rosado e fala do 18.º Encontro de Música Antiga de Loulé O Encontro de Música Antiga de Loulé vai levar às igrejas deste concelho, durante o mês de outubro, os melhores solistas e grupos deste género musical. No ano em que atinge a maioridade, o evento presta igualmente uma merecida homenagem ao seu fundador e dinamizador, Francisco Rosado, falecido no ano transato. Para abrir o apetite em relação ao que poderemos ouvir nas próximas semanas, o Algarve Informativo esteve à conversa com a flautista Ana Figueiras, aluna de longa data de Francisco Rosado e a nova Diretora Artística deste conceituado encontro internacional. Texto: 61

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18ª edição do Encontro de Música Antiga de Loulé «Francisco Rosado» acontece de 2 a 30 de outubro, levando às igrejas do maior concelho do Algarve os melhores solistas e grupos que pretendem divulgar repertório situado entre a Idade Média e finais do século XVIII, tendo sempre presente a preocupação com interpretações historicamente informadas, tanto a nível da música vocal como da instrumental. O programa desta edição integra, mais uma vez, uma componente pedagógica, de forma a criar um público atento e esclarecido, apreciador de um género musical. Criado e dinamizado ao longo de 17 anos por Francisco Rosado, falecido em setembro de 2015, este evento permitiu que o concelho de Loulé recebesse importantes grupos de Portugal, Espanha, Itália, França, Bélgica, Holanda, entre outros, sempre aliando os concertos a diversos workshops e masterclasses. “O encontro tem crescido bastante ao longo dos anos, embora, no início, até existissem mais concertos. Nesta edição serão sete atuações, que constituirão uma merecida homenagem ao professor Francisco Rosado, cujo principal objetivo era dar a conhecer um tipo de música que atravessou importantes épocas históricas, bem como as diferentes interpretações a nível instrumental e vocal”, indica Ana Figueiras, flautista, professora do Conservatório de Música de Loulé e nova Diretora Artística do Encontro de ALGARVE INFORMATIVO #77

Música Antiga de Loulé «Francisco Rosado». Com intérpretes oriundos de vários pontos da Europa, a novidade do programa deste ano é a presença de um grupo proveniente do Brasil, e todos eles atuarão um pouco por todo o concelho louletano, do litoral à serra e ao barrocal, das cidades às pequenas aldeias. Quanto ao palco preferencial serem igrejas, a justificação é simples: “Têm sempre uma acústica mais adequada a este tipo de agrupamentos”, explica a antiga aluna de Francisco Rosado. “Nos primeiros anos, era ele que convidava diretamente os grupos para participar no evento. Agora, são os grupos que enviam propostas, porque o encontro ultrapassou as fronteiras nacionais e é conhecido por esse mundo fora. Claro que isto implica uma enorme logística e já tenho muitos projetos para avaliar e escolher para 2017 e mais se deverão inscrever após esta edição. É um festival que tem tido cada vez mais procura por parte dos grupos de música antiga especializados na instrumentação e na interpretação histórica”. Ora, sendo um estilo de música muito específico, quase um nicho de mercado, e tratando-se o Algarve de uma região com cerca de 400 mil habitantes espalhados pelo sotavento e barlavento, muitos deles sem hábitos de consumir regularmente cultura, como estamos de público para o Encontro, questionamos Ana 62


Artemandoline Baroque Ensemble atua na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Alte, no dia 16 de outubro

Figueiras. “Loulé está a tornar-se numa das cidades mais culturais do sul do país, não só pela quantidade de eventos promovidos pela autarquia local, mas também porque os louletanos, ao longo de 18 anos, têm-se tornado bastante assíduos. Vemos sempre muitas caras conhecidas nestes concertos de música antiga”, garante, sorridente. “Tentamos que haja um equilíbrio entre aquilo que se faz lá fora e em território nacional e vamos ter três grupos portugueses, um deles o 63

Ensemble de Flautas de Loulé”, acrescenta. Apesar disso, Ana Figueiras reconhece que, em Portugal, há menos grupos direcionados para a música antiga, estando normalmente concentrados nas zonas de Lisboa e Porto. E, a escassos dias do arranque do encontro, a entrevistada não esconde a honra que é ter sido escolhida para assumir a sua direção artística. “Fui aluna do professor ALGARVE INFORMATIVO #77


«Quinta Essentia» atuam na Igreja Matriz de Loulé, no dia 29 de outubro

Francisco Rosado durante 17 anos, é quase uma vida de aprendizagem com ele e a seguir de muito perto todo o seu trabalho. Marcou imenso a minha vida profissional, foi praticamente o mentor da minha carreira, e foi um orgulho muitíssimo grande ter sido eleita para continuar a sua obra”, admite, lembrando que um dos desejos de Francisco Rosado era, precisamente, que um dos seus alunos levasse o Encontro de Música Antiga de Loulé por diante quando ele se reformasse. “Eu estou aqui no Encontro e no Conservatório de Música de Loulé e está a professora Filipa Oliveira no Conservatório de Música do Algarve, portanto, essa sua ambição está a ser concretizada”. Cativar jovens para a música antiga e para estes instrumentos específicos não é, todavia, fácil, confessa Ana Figueiras, sendo o piano, o violino ou a guitarra bem mais procurados pelas novas gerações. “São instrumentos ALGARVE INFORMATIVO #77

que permitem seguir outros estilos musicais que não a clássica ou a romântica. De qualquer modo, está a ser desenvolvido um bom trabalho em Portugal, por vários professores e entidades, e a procura está a aumentar. E aqueles que têm conhecimento da música antiga acabam por aderir a ela, como se constata na Escola Superior de Artes e Espetáculos do Porto, onde existe mesmo uma classe de Música Antiga”. Um papel que foi desempenhado durante muitos anos por Francisco Rosado, tendo influenciado toda uma geração de músicos, confirma Ana Figueiras. “Foi ele que deu início à atividade de flauta de bisel em Loulé e que criou o Ensemble de Flautas de Loulé, que continua vivo e de saúde. No entanto, como é normal em Portugal, esse esforço e dedicação nem sempre foi reconhecido enquanto esteve vivo e 64


queixava-se frequentemente das batalhas que tinha que travar para conseguir obter algumas vitórias. Mas enfrentar dificuldades e ultrapassar obstáculos faz parte da vida das pessoas e foi isso que ele fez. Foi um lutador, nunca desistiu, e a obra está à vista”, destaca Ana Figueiras.

Música e pedagogia de mãos dadas No arranque do evento, a 2 de outubro, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Querença, recebe o músico sevilhano Emilio Villalba com o concerto «Secretos Medievales /El sonido olvidado». Segredos esquecidos do artesanato musical medieval vão ganhar vida neste espetáculo composto por peças musicais de cariz andalusí até refinadas composições de trovadores da Europa central. A 8 de outubro, o Ensemble de Flautas de Loulé, do Conservatório de Música de Loulé, junta-se ao Ensemble Pictórico, da Escola de Música do Conservatório Nacional, para um concerto de música vocal e instrumental do Período Barroco, que terá lugar na Igreja de S. Sebastião, em Boliqueime. O repertório passará por nomes de realce como Claudio Monteverdi, Henri Purcell e G.F. Handël, entre outros grandes compositores do Barroco inicial e tardio. O Artemandoline Baroque Ensemble leva à Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Alte, no dia 16 de 65

outubro, «Le monde des salons». A música puramente instrumental para bandolim alcançou um alto grau de perfeição no século XVIII, com o ambiente requintado dos salões intelectuais e mansões a dar uma nova direção artística à música do tempo, revolucionando o gosto e a sensibilidade de um público mais vasto. Já «O Espelho Quebrado» é o nome do espetáculo que Arte Mínima, projeto dirigido por Pedro Sousa Silva, irá apresentar na Igreja de S. Lourenço, em Almancil, a 22 de outubro. Trata-se de um concerto de flauta em trio com canto e alaúde – repertório para alaúde e voz. O trio «Os Músicos do Tejo» vai apresentar um concerto com dois cravos e uma flauta de bisel, numa viagem musical imperdível que acontece a 23 de outubro, na Igreja de S. Francisco, em Loulé. A obraprima do ilustre compositor Johann Sebastian Bach, composta no fim de sua vida, deixa-nos perplexos pela sua perfeição e pelos enigmas musicais do seu legado. 270 anos mais tarde, o agrupamento brasileiro «Quinta Essentia» leva esta grande obra em instrumentos históricos à Igreja Matriz de Loulé, no dia 29 de outubro. O último concerto do XVIII Encontro de Música Antiga de Loulé acontece na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Quarteira, a 30 de outubro, com o Grupo de Música Antiga 1500. Esta formação vocal e instrumental dedicada à interpretação da música antiga traz o ALGARVE INFORMATIVO #77


A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Quarteira, recebe, a 30 de outubro, o Ensemble 1500

concerto «Do Divino e o Mundano», uma peregrinação sonora do século XIII ao XVI. O seu repertório compreende desde a música composta nos séculos centrais e finais da Idade Média, até à música do Renascimento e primeiro Barroco, tomando como referência o ano de 1500, que dá nome ao grupo. Paralelamente aos concertos, o programa integra também iniciativas pedagógicas dirigidas não só a quem exerce a sua atividade na área da música, mas também ao público em geral interessado nestas matérias. Assim, no fim de semana de 15 e 16 de outubro, das 10h às 13h e das 15h às 18h, o Conservatório de Música de Loulé recebe o Workshop de Manutenção de Flautas, por Julie Dean, uma das poucas professoras no

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Reino Unido a lecionar o Método Suzuki para flauta de bisel. Pedro Sousa Silva apresenta a, 23 de outubro, a partir das 10h, na Sala Polivalente do Museu Municipal de Loulé, o Seminário sobre «Ornamentação Barroca». Doutorado em Música pela Universidade de Aveiro, com uma tese que discute a interação entre teoria e prática na interpretação de música do Renascimento, como flautista, é frequentemente convidado nos mais diversos contextos em vários países da Europa. É professor adjunto na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo (Porto), integra o centro de investigação CESEM da Universidade Nova de Lisboa e tem dedicado grande atenção ao imenso reportório inédito contido nas

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fontes portuguesas dos séculos XVI e XVII. Finalmente, no dia 30 de outubro, Renata Pereira será a responsável pela Masterclass de Flauta de Bisel, que acontece das 10h às 13h e das 15h às 18h, no Conservatório de Música de Loulé. Graduada em Flauta de Bisel, pela Escola de Música de Belas Artes do Paraná, enquanto docente usa o Método Suzuki. Como solista, foi premiada em concursos e fundou, em 2006, os «Quinta Essentia». “Já tem havido palestras sobre instrumentos e sobre determinado estilo de música, este ano, será uma atividade mais direcionada para a aprendizagem musical e com um especial enfoque no público mais jovem. Nas flautas, por

exemplo, não há quem faça manutenção em Portugal e assim podemos aprender a tratar dos instrumentos, a fazer pequenos ajustes de afinação”, salienta Ana Figueiras, garantindo que o Encontro de Música Antiga de Loulé «Francisco Rosado» é para continuar e com cada vez maior diversidade. “Vou colocar o meu cunho pessoal nos Encontros, sem nunca me afastar da linha que foi criada pelo professor Francisco Rosado, que é uma base na interpretação historicamente informada, com muita variedade a nível instrumental e com diversas atividades dirigidas a todo o tipo de público” .

«Os Músicos do Tejo» apresentam-se, a 23 de outubro, na Igreja de S. Francisco, em Loulé 67

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