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ALGARVE INFORMATIVO 15 de outubro, 2016

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Custódio Moreno regressa a uma casa que ajudou a construir São Brás recebeu desfolhada à moda antiga Réveillon de Albufeira | Fernando Cabrita |Confraria da Cerveja ALGARVE INFORMATIVO #79 1 SUPLEMENTO II ENCONTRO INTERNACIONAL POESIA A SUL


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OPINIÃO 8 - Daniel Pina 34 - Paulo Cunha 36 - Paulo Bernardo 38 - José Graça 40 - Mirian Tavares 42 - António Manuel Ribeiro 44 - Augusto Lima

ATUALIDADE 10 - Confraria da Cerveja 20 - Poesia a Sul 28 - Réveillon de Albufeira

ENTREVISTAS/ REPORTAGENS 46 - Custódio Moreno 56 - Desfolhada à moda antiga

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Numa espiral descendente rumo às Autárquicas Daniel Pina

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á disse várias vezes a mim mesmo que não volto a escrever sobre política. Embora todos tenhamos direito a ter a nossa opinião e a exprimi-la, de preferência nos locais próprios e com o bom senso de não ofender ninguém, já sei que, depois, não me livro de algumas sensibilidades ofendidas a azucrinarem-me a cabeça, a ligarem-me para o telemóvel, a despejarem comentários nas redes sociais ou no meu blogue de desabafos pessoais com tom mais rabugento, daí chamar-se «ocarneirorabugento». Por isso, normalmente vejo o que acontece em meu redor, seja na política local, regional ou nacional, partilho as minhas opiniões com os meus botões e por aqui me fico. O problema é que, neste processo, o meu nível de rabugice vai aumentando, e aumentando, até chegar uma altura em que já não me basta desabafar para os botões. E, está mais que visto, agora é sempre a descambar até às eleições autárquicas de 2017. O caso mais mediático destas últimas semanas no Algarve foi a retirada da confiança política do PSD de Castro Marim a Francisco Amaral, a mesma estrutura que o foi convidar para se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Castro Marim, em 2013, quando o médico de profissão já se preparava para se retirar da política ativa. Não vou analisar o trabalho que tem sido feito por Francisco Amaral em Castro Marim, até porque já várias vezes manifestei a minha simpatia pessoal por ele e, portanto, a minha opinião seria suspeita. No entanto, é por demais evidente os motivos que estão por detrás desta tomada de posição do PSD de Castro Marim e que acabam por deixar em maus lençóis o próprio presidente desta concelhia socialdemocrata, uma vez que o presidente do PSD/Algarve já manifestou que os autarcas eleitos pelo PSD que decidam recandidatar-se em 2017 contarão com o apoio do partido. Aliás, o mesmo já tinha sido afirmado há uns tempos por Pedro Passos Coelho, portanto, está para aqui armado um berbicacho cuja solução, para mim, só podia ser uma, ALGARVE INFORMATIVO #79

mas duvido que venha a ser tomada por quem iniciou todo este problema. Mas os problemas estendem-se a outros concelhos, porque a maioria dos presidentes de câmara eleitos, em 2013, no Algarve ainda não atingiram o limite de mandatos previsto na lei, ou seja, vão poder recandidatar-se em 2017 e, salvo alguma surpresa, o mais normal é que voltem a ser eleitos. Isso faz com que, do lado da oposição, os candidatos naturais não queiram dar o passo em frente para não serem derrotados, estendendo a passadeira vermelha a novos elementos, com pouca experiência política e que, em certas situações, estão mais preocupados em atacar tudo o que é feito pelos atuais autarcas do que em fazer oposição digna e construtiva. Uma postura de crítica sem nexo que volta a ganhar destaque agora que os vários executivos municipais estão a preparar os seus orçamentos para 2017 e que, como é óbvio, têm que ser apresentados e devidamente explicados à oposição e aprovados em assembleia municipal, o que gera mais umas críticas porque se corta aqui ou acolá, porque se faz isto ou aquilo, porque não se aposta nisto ou naquilo. E as críticas vão continuar durante mais algumas semanas porque, entretanto, os presidentes de câmara vão fazer o balanço dos três anos de mandato e perspetivar o ano de 2017. Depois, faz-se uma pequena pausa porque a oposição também quer passar o Natal com a família e divertir-se no réveillon com os amigos e, em janeiro, volta tudo ao mesmo, numa espiral descendente que só termina no dia das eleições autárquicas. Nessa altura, contados os votos, vamos verificar que a maior parte dos presidentes de câmara vão ser novamente eleitos, com menos ou mais vereadores a acompanhá-los no executivo municipal. Quanto àqueles que estiveram do outro lado da barricada, o que ganham após um ou dois anos a fazerem má oposição e a dar ainda pior imagem à classe política? Uma posição em lugar elegível nas listas para a Assembleia da República, em troca dos serviços prestados ao partido . 8


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Foto de família da Confraria da Cerveja na Sé de Faro

Faro recebeu XIV Cerimónia de Entronização da Confraria da Cerveja Mais de 40 personalidades foram entronizadas na Confraria da Cerveja numa cerimónia que teve lugar, no dia 14 de outubro, em Faro. Depois da entrega dos símbolos, da confirmação da aceitação e da assinatura do Livro de Honra, houve lugar à tradicional bênção e proclamação do compromisso e brinde à cerveja, seguindo-se um cortejo pelas ruas de Faro dos novos confrades. Texto:

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ogério Bacalhau (Presidente da Câmara Municipal de Faro), Raquel Strada (atriz e apresentadora), Maria Ana Bobone (cantora), Justa Nobre (Chef de Cozinha), Rui Reininho (músico e fundador do grupo GNR), Carlos Ferreira/Kalú (músico e fundador do grupo Xutos & Pontapés), Joana Schenker (Campeã Europeia de BodyBoard), Sandra Isabel Correia (fundadora e presidente da PELCOR), Cláudia Monteiro Aguiar (Deputada ao Parlamento Europeu), Luísa Salgueiro (Deputada na Assembleia da República), Carlos Marta (Presidente da Fundação do Desporto), Augusto Fontes Baganha (Presidente do IPDJ - Instituto Português do Desporto e da Juventude), António Brigas Afonso (Subdiretor-Geral da Área de Gestão dos Impostos Especiais de Consumo da Autoridade Tributária e

Aduaneira), Desidério Silva (Presidente da Região Turismo do Algarve), Ricardo Serrão Santos (Deputado ao Parlamento Europeu), Vítor Neto (Presidente do NERA - Associação Empresarial da Região do Algarve), foram algumas das personalidades entronizadas na Confraria da Cerveja, no dia 14 de outubro. A XIV Entronização da Confraria da Cerveja realizou-se na capital algarvia, mais concretamente na Escola de Hotelaria e Turismo doe Faro, e reuniu diversos apaixonados de uma das mais antigas bebidas da história, celebrando a sua cultura, tradição e a relevante importância socioeconómica que tem em Portugal. A cerimónia foi conduzida pelo GrãoMestre Nuno Pinto de Magalhães e ficou marcada pela entronização de

O auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Faro encheu por completo com os confrades e confradesas

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Francisco Pinheiro, Adelino Soares, Joana Schenker e Desidério Silva

Sandra Correia, Conceição Zagalo e Cristina Amaro

mais um Confrade de Honra Consumidor e pela presença de mais de 60 atuais membros da Confraria da Cerveja, dos quais se destacam nomes como: Rui Lopes Ferreira (Presidente da APCV – Associação), Comendador Mário Pereira Gonçalves (Presidente da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares), João Paulo Girbal (Presidente da Centromarca), Nuno Morais Sarmento (PLMJ – Sociedade de Advogados), Michael Suhr (Embaixador da Dinamarca), Luís Mira Amaral (Sociedade Portuguesa de Inovação), Alberto da Ponte (anterior Grão-Mestre), entre outros. O programa arrancou com as palavras de boas-vindas da parte do Grão-Mestre, que garantiu ser um enorme prazer esta cerimónia realizar-se pela primeira vez no Algarve, e em Faro. “Temos procurado, nestes 13 anos de existência, quebrar preconceitos e mitos, bem como salientar a importância deste setor ao nível da inovação, do investimento, da empregabilidade, da promoção da agricultura nacional, da preocupação com os pilares da sustentabilidade e do consumo moderado e responsável. Mas também do seu papel exportador, da sua ligação à cultura, desporto e lazer, e do seu forte contributo e impacto ao longo de toda a cadeira de

Mário Pereira, Vítor Neto e Augusto Ramos

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valor da economia nacional”, afirmou. Nuno Pinto de Magalhães mostrou-se preocupado com a descida de 23 por cento do consumo per capita de cerveja em Portugal desde 2008, atingindo o valor de 46 litros/ano em 2015. “Contudo, não posso deixar de destacar a importância que o crescimento do turismo tem tido na categoria, permitindo suster ou minimizar a queda mais agravada do consumo de cerveja. Ainda assim, continuam a existir algumas medidas macroeconómicas com impacto penalizar para o setor cervejeiro”, lamentou o Grão-Mestre, falando de uma discriminação em relação ao vinho. “A cerveja tem um IVA de 23 por cento, enquanto o vinho tem 13 por cento de IVA, apesar da contribuição do setor cervejeiro para o PIB ter ultrapassado 1,7 mil milhões de euros em 2014”.

Nuno Pinto Magalhães e Rogério Bacalhau

Nuno Pinto Magalhães e Sandra Correia

Independentemente desta situação, a cerveja permanece uma bebida de referência dos portugueses em momentos de convívio, celebração e amizade, num mercado altamente competitivo, dinâmico e inovador. “Sem prejuízo da nossa saudável competitividade comercial, temos que prosseguir na construção da cultura Nuno Pinto Magalhães e Adelino Soares

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Nuno Pinto Magalhães e Desidério Silva

Nuno Pinto Magalhães e José Manuel Gonçalves Alves

cervejeira, valorizando as nossas origens milenares e a naturalidade da nossa categoria, continuando a apostar na inovação, numa cada vez maior ligação à gastronomia, na oferta de novas experiências e ocasiões de consumo, na aproximação à mulher como elemento decisor e de sofisticação. Assim, conseguiremos imprimir uma maior diferenciação e notoriedade à cerveja”, concluiu Nuno Pinto Magalhães, antes de se proceder à bênção aos novos confrades e à proclamação do Compromisso e Brinde à Cerveja. Criada em abril de 2003, como entidade sem fins lucrativos, a Confraria da Cerveja conta já com mais de 500 Confrades, número que aumenta todos os anos aquando da Entronização anual, que convida figuras públicas e líderes de opinião (Confrades de Honra), parceiros do negócio cervejeiro português (Confrades Protetores) e colaboradores das cervejeiras (Confrades Mestres) a integrarem este grupo de apaixonados pela Cerveja, tornando-se seus Embaixadores em Portugal e contribuindo para a sua divulgação, prestígio e dignificação. Quanto às confrarias, remontam à Idade

Nuno Pinto Magalhães e Vítor Neto

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Média, época em que os mestres de cada ofício se organizavam nas chamadas irmandades mesteirais com o objetivo de defender interesses comuns ligados à sua atividade, e é nesta altura que nascem as primeiras confrarias de mestres cervejeiros. Inspirada na tradição das irmandades, no reconhecimento da importância da cerveja enquanto símbolo de convivialidade, partilha e celebração, e na defesa da arte cervejeira enquanto atividade de relevo para a economia portuguesa, aparece então a Confraria da Cerveja, fruto do sonho e vontade de sete personalidades deste setor, designadamente António Augusto Monteiro Ferreira, João Manuel Jacques de Carvalho e Sousa, José Os músicos Rui Reininho e Kalú também foram entronizados Manuel dos Santos Pinto, economia nacional, a sua presença ao Luís Filipe de Almeida Malha Valente, longo da história do homem, a Manuel Ferreira De Oliveira, Paulo abrangência dos seus apreciadores, os Tiago Mesquita de Araújo Ferreira benefícios que proporciona quando Duarte e Pedro Manuel Baptista consumida com moderação. Moreira da Silva. A Confraria da Cerveja promove a paixão pela cerveja em Portugal através da rede de Acima de tudo, esta Confraria sustenta a ideia que o consumo de confrades e das atividades que cerveja é um ato de celebração de desenvolve ao longo do ano, sem prazer para todos os sentidos. Para nunca esquecer a sua cultura e os além de entronizar líderes de opinião momentos de convívio que que representam os valores proporciona. Em simultâneo, destaca o cervejeiros, promove, no seu dia-a-dia, contributo que dá a todos os setores da 15

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No final da cerimónia, os confrades percorreram as ruas de Faro, passaram pela Feira de Santa Iria e terminaram no Jardim Manuel Bívar, onde tinham uma tuna feminina à sua espera

a cerveja e os seus atributos e benefícios através da partilha de experiências e rituais cervejeiros. Os Confrades são motivados para participarem em iniciativas cervejeiras e são criados fóruns e eventos onde possam desenvolver o seu espírito de comunidade cervejeira e viver os valores da cerveja . ALGARVE INFORMATIVO #79

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Olhão volta a respirar Poesia A segunda edição do Encontro Internacional Poesia a Sul arranca no dia 21 de outubro e traz a Olhão um programa recheado de eventos em torno deste nobre género literário, mas também muita música, exposições, teatro, debates, recitais e apresentações de livros. Depois de, em 2015, os participantes serem essencialmente portugueses e espanhóis, este ano chegam à Cidade da Restauração poetas dos quatros cantos do mundo, desde o Chile e Brasil ao Vietname, para além de muitos nomes consagrados da poesia europeia. Texto:

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ealiza-se, de 21 a 30 de outubro, o II Encontro Internacional Poesia a Sul, numa organização da Câmara Municipal de Olhão, com muita poesia mas não só, pois as diversas atividades incluem música, exposições, teatro, debates, apresentações, leituras e recitais, e com a presença de poetas de renome mundial no lote dos confirmados. E tudo começa com o espetáculo de spoken word de Napoleão Mira & Reflect, «12 Canções Faladas e 1 Poema Desesperado», no Auditório Municipal de Olhão, a que se juntam a apresentação do mais recente volume de Fernando Cabrita, o comissário e mentor deste festival, de seu nome «Oito Livros de Oito Poetas» e a inauguração de duas exposições, também no Auditório Municipal. O dia 22 de outubro arranca com duas palestras no Museu Municipal de Olhão, uma por Fernando Cabrita, sobre o poema «The Waste Land», de T. S. Elliot, a outra do espanhol Augusto Thassio, sobre os «Los Infantes fala sobre a vida e a morte de Miguel Hernandez». Outro dos destaques deste sábado é o debate «A Poesia e o Ensino», na Galeria Sul Sol e Sal, com as presenças de Anabela Batista, Nélia Estevão, Paulo Penisga e Pedro Oliveira Tavares. No domingo, dia 23, o espaço Cantaloupe recebe «Poesia com Vista para o Mar», onde serão apresentados livros de Pedro Jubilot e Raquel Zarazaga, havendo ainda leituras de textos por vários poetas. Há ainda teatro nos Mercados ALGARVE INFORMATIVO #79

Municipais, pelos Te-atrito, uma palestra de Teresa Rita Lopes subordinada ao tema «Pessoa e o Livro do Desassossego» e mais espaço para leitura, sempre nos Mercados Municipais, pelas vozes de Rogério Cão e Fernando Cabrita. A segunda-feira é dedicada à apresentação dos livros de Miguel Godinho e António Ventura e, no dia seguinte, é a vez dos autores Adília César, Marco Mangas, José Luís Rua Nacher e Eladio Orta darem a conhecer ao público as suas mais recentes obras. João Pereira, Pedro Tavares, Said Trigaoui, Eva Vaz, Chi Trung e Luís Ene apresentam volumes da sua autoria no dia 26 de outubro, sempre na Galeria Sul Sol e Sal. Este dia ficará ainda marcado pela exibição da película «Howl», de Allen Ginsberg, na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, e pelo espetáculo de poesia e música de João Pereira e Eduardo Patarata, no espaço Cantaloupe. A programação do «Poesia a Sul» prossegue na quinta-feira, dia 27, na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, com uma homenagem ao poeta algarvio Casimiro de Brito, no âmbito dos 55 anos da «Poesia 61 – A Geração de 1961 e a Nova Poesia Portuguesa». As atividades deste encontro internacional de poesia prolongam-se até dia 30 de outubro, com atividades literárias, musicais e lúdicas, numa edição que contará igualmente com visitas diárias de poetas a escolas e lares 22


do concelho e pela apresentação do Prémio Literário Escolar João Lúcio. Motivos para rumar a Olhão não faltam, então, para os apreciadores de poesia e da cultura em geral e tudo nasceu de uma iniciativa do advogado e poeta olhanense Fernando Cabrita, que rapidamente captou o entusiasmo e o apoio da autarquia local. “Penso que a grande maioria das pessoas percebeu que não se tratava apenas de um encontro de poesia que trouxe essa arte a Olhão e nomes sonantes como Manuel Alegre, Nuno Júdice, Amadeu Baptista, Teresa Rita Lopes, Emilio Durán ou Manuel Moya. O «Poesia a Sul» atraiu um público que, para além de ouvir poesia, veio conhecer e divulgar Olhão, houve vários comentários na imprensa espanhola, 23

uma série de referências nas redes sociais, considerando que era o encontro, realizado a sul de Lisboa, que tinha maior representatividade, que tinha sido o grande evento no sul peninsular”, destaca Fernando Cabrita. O sucesso alcançado criou, de facto, alicerces sólidos para a continuidade deste festival de poesia, mas o mentor garante que, mesmo que o feedback e a afluência de público tivessem sido menores, haveria certamente uma segunda edição do «Poesia a Sul». “É normal que nem tudo corra bem no primeiro ano, com toda a necessidade de improvisar pois era algo inédito na região, com decisões na hora sobre a mudança de salas ALGARVE INFORMATIVO #79


Fernando Cabrita, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão e Gracinda Rendeiro, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Olhão, durante a apresentação pública do «Poesia ao Sul»

ou pessoas que faltam. Após o encerramento, quer os participantes, como os assistentes, perguntaram logo quando é que se fazia um novo encontro destes, mas há que deixar que as edições respirem. Não há capacidade física nem disponibilidade para se organizar outro evento passados dois ou três meses”, explica Fernando Cabrita, daí o carater anual do encontro.

Encontro ultrapassou as fronteiras ibéricas As diligências e os contatos para o II Encontro Internacional Poesia a Sul iniciaram-se antes do Verão, até porque, desta feita, os escritores chegam de todos os pontos do globo e não apenas da Península Ibérica. É disso exemplo o ALGARVE INFORMATIVO #79

vietnamita Chi Trung Nguyen e a chilena Vittoria È Nato, mas haverá representação também da poesia brasileira e francesa, para além de um grande contingente espanhol e português. E o encontro é, também, solidário, com os donativos recolhidos aquando do espetáculo de Napoleão Mira & Reflect a reverterem a favor da ADAPO – Associação de Defesa dos Animais e Plantas de Olhão. Perante tão rico programa, já há quem faça comparações com o «Cosmopoética», festival internacional de poesia que acontece em Córdoba, em Espanha, pois verificou-se um grande salto qualitativo e quantitativo de 2015 para 2016, numa aposta clara da Câmara Municipal de Olhão no 24


evento. “Independentemente das outras atividades, tudo vai girar em torno da poesia, da palavra falada ou cantada, das formas, dos sons, das cores. Este ano vamos ter outro acréscimo, em colaboração com o Clube de Cinema de Olhão, com a projeção do filme «Howl»”, sublinha o Comissário, confirmando que a participação de poetas de outras nacionalidades é reflexo do ultrapassar de fronteiras do «Poesia a Sul». “Com as redes sociais, nomeadamente o Facebook, as pessoas estão todas em contato, por muito afastadas que estejam geograficamente. Tenho participado em diversos festivais internacionais de poesia, vou agora a Marrocos e Porto Rico, e em abril estive em Marraquexe, onde encontrei poetas mexicanos, tunisinos, argelinos, vietnamitas, que já tinham alguma referência deste festival de Olhão”. Fernando Cabrita é o mentor do encontro, o rosto mais visível do festival, mas afirma prontamente que é apenas uma das peças da máquina que organiza o «Poesia ao Sul», destacando o papel da autarquia olhanense, mas também de figuras como Carlos Campaniço, Cristina Marreiros, os elementos da Galeria Sul, Sol e Sal, o Cineclube de Olhão, Fernando Madeira. “São pessoas que estão nos bastidores mas que foram fundamentais para o êxito da edição de 2015 e do sucesso que se espera repetir este ano. Apesar disso, não nos podemos iludir, porque o público para a poesia é limitado. Não é um problema português, nem ibérico, sequer, mas sim mundial. Se 25

houver um jogo de futebol na sala ao lado, e um espetáculo de música com um cantor pimba na outra sala, ninguém vai ao festival de poesia. Já assisti a grandes poetas portugueses a apresentar os seus livros numa tarde em que dava um jogo qualquer na televisão e estavam seis pessoas na sala”, desabafa o escritor. Uma realidade que há que combater, que tentar modificar, e estes eventos são importantes para mobilizar as pessoas, para levar à participação da população, para que conheçam os seus poetas, os seus autores, as suas obras. “O nosso objetivo não é meter pessoas nas salas, mas sei que os olhanenses são um público grato e que gosta de mostrar que a sua terra sabe receber, e o mesmo acontece com Faro, Tavira, com o Algarve em geral. Acredito que a adesão vai ser boa, mas ter 20 pessoas numa apresentação de um livro de poesia é um número bastante considerável, tendo em conta a quantidade de livros que são publicados em Portugal, e dos livros de poesia que lá vão no meio”, analisa Fernando Cabrita. “Há pessoas que vivem de escrever romances ou guiões para filmes ou para a televisão, mas muito dificilmente alguém fará vida de escrever poesia. Embora seja uma arte superior, a poesia não anda à procura do comprador, não é uma indústria”, reforça .

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Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira

Áurea e D.A.M.A. aquecem Réveillon de Albufeira Foi apresentado, no dia 12 de outubro, no terraço panorâmico do Hotel Baltum, o cartaz da passagem de ano de Albufeira, e o grande destaque vai para o espetáculo de Áurea e dos D.A.M.A. na noite de 31 dezembro para 1 de janeiro. Mas há muito mais para animar a capital do turismo algarvio por esses dias, nomeadamente mais uma edição do SolRir, do Paderne Medieval e do Presépio da Guia, para além de outros atrativos na baixa de Albufeira e na Oura. Texto:

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pesar dos ameaços, S. Pedro não estragou o cocktail de apresentação do cartaz do Réveillon de Albufeira 2016/17, que teve lugar, no dia 12 de outubro, no terraço panorâmico do Hotel Baltum, com o mar no horizonte. A festividade é uma organização da Câmara Municipal de Albufeira com o apoio da APAL – Agência de Promoção de Albufeira e vai trazer à Praia dos Pescadores as estrelas Áurea e D.A.M.A., bem como o tradicional fogo-de-artifício ao bater das 12 badaladas e a Star Parade à zona da Oura. Mas a festa não se restringe à cidade de Albufeira, com a realização de mais uma edição do Paderne Medieval, do Presépio da Guia e do festival de humor SolRir, no Palácio de Congressos do Algarve. “É um evento que já marca o calendário das preferências da passagem de ano e temos que continuar a corresponder, de uma forma digna e bem-disposta, a esse desígnio”, frisou o edil Carlos Silva e Sousa. Com Albufeira a ser sobretudo conhecida pelas suas praias soberbas, num mercado que está perfeitamente consolidado, o presidente da Câmara Municipal defendeu a necessidade de se manter uma aposta forte na promoção e na criação de produtos de excelência, como é o caso do Réveillon. “Tenho o prazer de ter em Albufeira uma associação de empresários que está ao lado do município, e que sabe que o município está ao seu lado, para que se faça essa promoção. Ninguém deve delegar nos outros o trabalho e o 29

esforço financeiro da promoção e depois colher os benefícios do esforço de terceiros, daí que todos devam contribuir com o seu conhecimento e experiência para a APAL. Só remando todos para o mesmo lado é que conseguiremos obter melhores proveitos para os empresários, enquanto indivíduos, e engrandecer o nome de Albufeira”, salientou Carlos Silva e Sousa, perante uma plateia repleta de empresários da hotelaria, restauração e animação noturna do concelho. Quanto à programação em concreto do Réveillon 2016/17, as iniciativas arrancam logo no dia 29 de dezembro com o Paderne Medieval, que decorre até 1 de janeiro e que promete transportar esta aldeia do barrocal algarvio para a Idade Média. “Temos que tirar cada vez mais partido desta freguesia, do seu aspeto cultural e gastronómico, dos passeios pedonais e cicláveis, porque devemos desfrutar de todo o concelho e não apenas da cidade de Albufeira”, apontou Carlos Silva e Sousa. Nos dias 29 e 30 de dezembro, e 1 e 2 de janeiro, acontece mais uma edição do Festival SolRir, um momento de boa-disposição a que ninguém ficará indiferente. No dia 31 de dezembro, a festa na Praia dos Pescadores começa com o espetáculo de Áurea, seguido de um fogo-de-artifício com um orçamento reforçado, e do concerto dos ALGARVE INFORMATIVO #79


D.A.M.A., conciliando-se vários gostos numa noite que se pretende bem animada. Na Oura, como vai sendo hábito, realiza-se mais um Star Parade. Depois da estreia em 2015, este ano volta a haver também um Presépio na freguesia da Guia e vai-se notar, igualmente, mais iluminação pública alusiva à época natalícia por todo o concelho, reflexo de uma situação financeira mais folgada da autarquia. “Contudo, não basta o grande espetáculo, é necessário que, antes e depois, existe oferta, de restauração, de alojamento, de animação. Por isso, deixo aqui o apelo aos empresários para que mantenham os seus estabelecimentos abertos. Não digo que estejam todos abertos mas que, entre vós, encontrem uma forma de fazer escala, de termos uma Albufeira com vida”, reforçou Carlos Silva e Sousa.

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Assim, para o autarca, não faz sentido gastar-se dinheiros públicos em promoção e organização de eventos – e o Réveillon de Albufeira tem um orçamento de 100 mil euros – para se combater a sazonalidade e, quando os turistas chegam ao concelho, encontram as ruas desertas e os hotéis, restaurantes, bares e discotecas de portas fechadas. “Ou se opta por fechar tudo e vivemos apenas do Verão, ou decidimos não nos conformarmos com a sazonalidade, porque temos muito mais para oferecermos a quem nos visita, um clima sempre ameno, gente boa, gastronomia riquíssima, uma oferta cultural que estamos a tentar melhorar cada vez mais, para que as pessoas desfrutem de Albufeira fora da época balnear”, indicou Carlos Silva e Sousa,

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Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, no uso da palavra

alertando, porém, que essa batalha não pode ser apenas travada pela Câmara Municipal. “E, se queremos ter uma oferta turística mais qualificada, também precisamos de recursos humanos mais qualificados e isso não se consegue com trabalho precário, mas com a manutenção dos postos de trabalho e com formação”.

Albufeira não pode fechar na época baixa No uso da palavra, José Lourenço dos Santos, presidente da APAL – Agência de Promoção de Albufeira, confirmou que a situação dos empresários de Albufeira melhorou em relação aos anos mais difíceis do passado recente. “Há que manter alguma contenção e 31

não desperdiçar aquilo que nos pode fazer falta mais tarde, mas temos aqui um espetáculo de fim-de-ano que vai ser bastante bom, com artistas de grande renome nacional. A APAL faz o seu papel de sensibilizar os empresários para que consigamos reunir meios financeiros para organizar este réveillon, em parceria com a autarquia, mas também outras iniciativas para promover o destino Albufeira, não só a nível interno, como no plano internacional”, disse o dirigente. Apesar das melhorias verificadas, José Lourenço dos Santos avisa que as empresas do concelho ainda não estão numa situação confortável e que ainda persiste muito endividamento, mas já vai havendo ALGARVE INFORMATIVO #79


alguma almofada financeira para aproveitar os ventos favoráveis que sopram em termos turísticos. “Temos que nos promover nos destinos estrangeiros, mas também a nível nacional, e o Réveillon de Albufeira é uma referência, com um mediatismo assinalável”. E porque terminou mais uma época balnear sem registo de incidentes, o presidente da APAL enalteceu o desempenho das forças de segurança do concelho. “A segurança é um fator determinante para a escolha de um país para se gozar férias e dá também tranquilidade aos empresários para continuarem a investir nos seus negócios. E o aumento de voos que vamos ter durante a época baixa leva-nos a ouvir com mais atenção o apelo feito pelo presidente da Câmara Municipal para mantermos os estabelecimentos de portas abertas, porque as pessoas não podem vir para Albufeira e encontrar uma cidade sem vida, seja diurna ou noturna”. As últimas palavras couberam a Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, que depressa alertou para o perigo da região se acomodar aos excelentes resultados do corrente ano. “Vamos bater todos os recordes, por causa de alguns problemas de insegurança em países concorrentes, mas também por tudo aquilo que os empresários, os serviços públicos, os municípios, foram capazes de fazer no passado recente para colocar o Algarve no topo das escolhas dos turistas”, considerou o antigo presidente da Câmara Municipal de Albufeira. “Este ano ALGARVE INFORMATIVO #79

Áurea é uma das cabeças de cartaz do Réveillon de Albufeira

recebemos milhares de visitantes que nunca cá tinham vindo e que saíram com uma excelente opinião do que encontraram, portanto, no próximo ano, mesmo que as coisas regressem à normalidade nos nossos concorrentes, eles estarão inclinados a voltar ao Algarve. Por isso, não podemos baixar os braços na questão da sazonalidade e o Aeroporto de Faro vai receber mais voos, mais cerca de 100 mil lugares, durante a época baixa. Se as companhias aéreas e o Aeroporto estão a fazer esse esforço, as pessoas precisam ter onde dormir, comer e beber em Albufeira”, avisou Desidério Silva . 32


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Inovar? Sim, para humanizar! Paulo Cunha

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e atentarmos nas tensões recentes e constantes entre a Uber e os táxis, a Airbnb e os hoteleiros, a Spotify e as discográficas, a TripAdvisor e as agências de viagem, entre outras, veremos que as mesmas são apenas um dos fenómenos mais visíveis da atual revolução e disrupção tecnológica e digital a que assistimos diariamente e nos ultrapassa de forma veloz, pela esquerda e pela direita e, aparentemente, sem marcha atrás. Reféns de uma economia de mercado onde a gradual desumanização da produção é justificada por uma globalização de processos, assente numa maior rentabilização dos recursos tecnológicos colocados ao nosso dispor, caminhamos para um futuro cada vez mais incerto e imprevisível. O que não seria necessariamente mau, se os ditos meios de produção fossem colocados ao serviço e em benefício do bem-estar de todos. E também porque o sonho vive de uma realidade desconhecida, mas desejada! Cada vez mais, as palavras-chave para esta nova geração que já nasceu em plena era tecnológica e digital são: «empreendedorismo», «inovação» e «mérito». São palavras que carregam em si todo um desejo de crescer, superar e vencer. Desejo que acompanha e, ao mesmo tempo, é acompanhado pela voracidade e velocidade com que as novas tecnologias se desenvolvem com o intuito de fornecer mais «armas» para esta enorme corrida global ao topo da pirâmide do mundo empresarial.

Educação - de forma devidamente programada e continuada - como meio de nos posicionarmos num patamar em que dependamos cada vez menos de vontades alheias e dúbias. Esta revolução contínua que, ao contrário da industrial, substitui o petróleo, o carvão, o aço e outros recursos naturais pelo conhecimento e pelo empreendedorismo, aponta-nos um caminho de constante mudança. Constitui um novo paradigma de vida onde a eminente «fuga para frente» e o desejo de descobrir não nos deixam, muitas vezes, tempo para consolidar determinados conhecimentos e práticas. Daí a dificuldade em aceitar a mudança apenas pela mudança, destituída do propósito principal de beneficiar a humanidade. É intrínseco à natureza humana a vontade de cada nova geração querer embarcar e navegar em águas diferentes às dos seus progenitores. E nesta agitação constante “…sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança.”. Mas na necessidade constante de inovar, esquecemos por vezes o principal: porquê e para quê inovar? Centrados no «como, quando e quanto», negligenciamos a quem, em última análise, se destina a mudança. Perder de vista o objetivo principal das mudanças operadas, em nome de um progresso urgente, emergente e competitivo, fazme pensar e alertar para a necessidade da reflexão atenta, participada e ativa de todos. Porque a todos interessa que, pela humanização da máquina não se maquinize o homem! .

Sendo favorável e adepto das novas tecnologias (tecnologias de informação e comunicação, energia e robótica) e vendo com enorme agrado a forma como grande parte das mesmas nos ajudam a obter mais tempo de qualidade, a nos aproximar mais uns dos outros e a tornar o planeta mais saudável e sustentável, defendo o investimento na

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O mundo é uma grande plataforma Paulo Bernardo

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oje, o mundo é uma grande plataforma digital, onde o ser humano gravita. Os táxis trouxeram esse tema para a ordem do dia, mas todos os dias usamos as Uberes desta vida. Veja-se a mudança que se opera na banca, com o home banking, ou seja, em português, o banco em casa. Todos nós já nos habituamos a estas plataformas, contudo, ninguém questiona o porquê de os bancos terem cada vez menos pessoas e menos balcões. Questão que só é possível graças às plataformas. Hoje, quando viajamos, já não conseguimos encontrar um balcão de uma companhia aérea e as agências de viagens cada vez são menos, mas todos nós já estamos habituados a usar as plataformas informáticas para comprar bilhetes de avião, reservar quartos de hotel, alugar carros. Hoje, é habitual não ir a uma repartição pública para pedir um documento, obter uma informação ou fazer um requerimento, isso faz-se através de uma plataforma. Por isso, é inevitável que os próprios táxis tenham que concorrer com uma plataforma, seja ela qual for. O que é estranho neste caso é que o serviço da plataforma seja melhor que o tradicional. Normalmente, a plataforma é menos pessoal e mais marca branca, contudo, no caso dos táxis, o problema é que a cópia é melhor que o original. Contudo, o mundo hoje é dominado por várias grandes plataformas, como a Booking para a hotelaria, a Alibaba para as compras on-line, o Facebook como central de notícias, a Uber para os táxis, dando apenas algumas como exemplo. Assim, o futuro está nas plataformas. Não me perguntem se é bom ou mau, é o que é, também ainda não tenho uma opinião formada.

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Todavia, sei que as plataformas estão a transformar a forma de fazer negócios e existe uma atividade que está a crescer sem dúvida, as transportadoras para levar os produtos do produtor para o consumidor. Assim, hoje potencialmente é mais fácil um produtor de vinhos de Portugal vender diretamente o seu vinho para um consumidor na Alemanha usando uma plataforma de vendas. Portanto, podemos partir do princípio que as plataformas são boas para os produtores e para os consumidores, e é óbvio que vão fazer grandes mudanças na forma como os negócios acontecem. Dizem que está a surgir um controlo destes meios de negócios por grandes grupos financeiros. Não digo que não, pois o capital está sempre onde julga que pode ganhar mais dinheiro. Na minha opinião, as plataformas vão ser uma boa mudança para quem produz, pois vão ter a capacidade de colocar consumidor e produtor mais próximo. Vão também servir de uma nova forma de comércio mais justo, pois vai retirar intermediários do meio e manter a margem de lucro mais próximo do produtor. Obviamente que vai fazer muitos empregos mudar de lugar, isso cria sempre convulsões e problemas sociais, mas mais uma vez julgo que vai ser inevitável, pois o mundo vai continuar a rolar. Como sugestão, fica a ideia de quem se adaptar melhor à mudança vai ter mais hipóteses de ter sucesso. Não vale a pena parar o relógio para que o tempo não ande .

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Algarvios no mundo José Graça

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na Cabecinha, Ana Eusébio, Aníbal Cavaco Silva, António Cavaco Carrilho, Cláudia Neto, Cristina Silva, Desidério Lázaro, Fernando Júdice, António Livramento, João Moutinho, João Virgínia, José Correia, José Luís Costa, Júlio Resende, Lídia Jorge, Luís Conceição, Luís Ferrinho, Lurdes Baeta, Maria João Bebiano, Maria José Ritta, Miguel Sousa, Paulo Dentinho, Pete Tha Zouk, Sandra Isabel Correia, Susana Travassos, Teresa Conceição, Tiago Henriques, Viviane Parra… Certamente, o estimado leitor já ouviu alguns dos nomes acima referenciados. Tratando-se de uma lista que não se pretende exaustiva, procurámos trazerlhe à memória alguns dos nossos conterrâneos que bem exemplificam aquilo que são na atualidade os algarvios no mundo. Alguns entram-nos pela casa adentro sem pedir licença, outros cruzam-se connosco nas bibliotecas ou nos escaparates das notícias. Talvez tenham abalado da terra natal com uma mala na mão e agora sejam gestores de negócios de milhões algures no planeta… Num mundo rolando a velocidade crescente e com catadupas de informação atropelando-nos no quotidiano, por vezes torna-se necessário parar e refletir um pouco sobre o nosso papel, como estimamos as nossas gentes e valorizamos a nossa herança comunitária. É certo que 2016 termina em glória, foi um ano em que tudo parece ter concorrido para elevar a autoestima dos portugueses e há que aproveitar a onda… Como muitos outros, Álvaro de Campos, António Aleixo, António Ramos Rosa, José Mariano Gago, Maria de Jesus Barroso, Rosa Mendes ou Teixeira Gomes já não estão entre nós, mas as suas obras e os seus percursos de vida ainda hoje permanecem frescos nas memórias dos seus admiradores e estudiosos. Muitos outros vultos naturais da região, ou residentes por opção própria no Algarve durante grande parte das suas vidas, também mereceriam essa dedicação e estudo, nem que fosse para salvaguardar os seus espólios para as gerações vindouras. E como agregar estes nomes, as suas carreiras e as suas obras de forma a dar um contributo sério para

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despertar a consciência coletiva do Algarve?! Nos dias que correm, será que temos orgulho em ser algarvios ou, simplesmente, deixamo-nos ir na corrente e festejamos satisfeitos as conquistas e feitos de um grupo maior onde também estamos integrados e para o qual também acabamos por dar algum contributo?! Como terra de acolhimento ao longo dos milénios, fomos absorvendo pacificamente aquilo que bem entendemos das gentes que se aproximavam, vindos no Mediterrâneo ou das terras do Norte, construindo uma cultura de hospitalidade e partilha, encarando a diferença com naturalidade, respeitando o outro e não discriminando ninguém em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual. Também vivemos tempos difíceis, também escapámos às crises e às guerras, também fomos por esses mares fora e participámos na missão de dar novos mundos ao mundo. Antes e agora, há milhares de algarvios no mundo, que com a força das ideias e do seu trabalho procuram fazer a diferença e podem constituir um estímulo forte construirmos essa consciência coletiva que tanta falta nos faz em momentos cruciais. Mesmo sem tendências autonomistas ou independentistas latentes, ao contrário da Espanha ou do Reino Unido, mostra-se cada vez mais necessário afirmar o Algarve no contexto nacional e internacional, garantindo igualdade de tratamento com outros territórios e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que promovam o desenvolvimento harmonioso, integrado e sustentado da região! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 (Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve e da Assembleia Intermunicipal do Algarve) 38


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Do prazer das leituras noturnas Mirian Tavares

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odas as noites vou para a cama com um policial. Não consigo resistir ao charme daqueles a quem Edmund Wilson em tempos chamou de the boys in the back room ou the poets of tabloide murder. Quando somos consumidores compulsivos, livro após livro, encontramos quase sempre as mesmas histórias, um pouco mais ou menos duras, um pouco melhor ou pior escritas. Mas é reconfortante saber que haverá uma solução para o enigma, por absurdas que sejam, as respostas serão dadas. Claro que nem sempre é assim. Há aqueles cujos detetives só povoam a nossa mente de incertezas. Por isso, é preciso distinguir os romances policiais entre si porque, se em muitos deles conseguimos identificar toda a trama a partir das primeiras páginas, há outros que possuem uma estrutura labiríntica que convidam os incautos leitores a entrar numa atmosfera de claustrofobia e terror. A grande dama Agatha Christie criou um subgénero, dentro do romance policial, em que a arma utilizada pelos detetives era o cérebro: Hercule Poirot, a sua mais conhecida criatura, é um homem idiossincrático - suas descobertas são frutos de um raciocínio ágil e de um grande conhecimento da alma humana. Seu estilo deixou seguidores: P. D. James, Margery Allingham, Dorothy L. Sayers, Ngaio Marsh. Podemos considerá-los herdeiros de Conan Doyle, criador do inconfundível Sherlock Holmes, que resolvia todos os mistérios usando a lógica e a dedução (armas científicas, pois aqueles eram tempos positivistas).

20 do séc. XX, cria personagens que depois vão frequentar nosso imaginário vestidos de trench coat e com a cara do Humphrey Bogart (graças ao chamado film noir, nos anos 40 e 50). Os detetives hard-boiled têm ainda uma origem mais longínqua - Edgar Allan Poe que nos trouxe as ruas estreitas, os becos escuros e um assassino sanguinário na lendária rua Morgue. Hammet criou Sam Spade e logo a seguir aparece, dentre muitos, o Marlowe de Raymond Chandler ou o Mike Hammer de Mickey Spillane. Há ainda autores como James Cain, David Goodis, Boris Vian, Patricia Highsmith e Ruth Rendell que, mesmo sem a figura central de um detetive, escreveram histórias com um clima, uma textura, uma nota mais ácida ou feroz retirada das lições de Hammet. A crítica literária, seguidora de Edmund Wilson, costuma classificar o romance policial de subliteratura. Quando vou para a cama com um policial confesso que esta é uma questão que não me passa sequer pela cabeça. A minha relação com esses livros é quase amorosa, por isso me é difícil a distância crítica. Lê-los é um processo constante de retorno – é como visitar um antigo conhecido que me faz evocar o passado. Mesmo sem a sacrossanta neutralidade científica posso assegurar que há vida além do vício: como em toda literatura, há bons e maus escritores, há livros grandes e pequenos. E há o prazer de sua companhia .

Do outro lado temos os que sujam as mãos; que andam nas ruas escuras e que não tremem diante do perigo real; que são profundamente ambíguos, com um passado e/ou carácter muitas vezes duvidoso, mas com um inexpugnável código de honra. Estes são herdeiros de Dashiell Hammet, ele mesmo um ex-detective privado que, nos anos ALGARVE INFORMATIVO #79

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Perda voluntária da memória António Manuel Ribeiro

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contece diariamente, até sem grande esforço individual. Por exemplo esta semana, pela notícia que demos 6 às ilhas Faroé em dia de manif taxista, e logo a seguir um sujeito com treino militar apurado que andou aos tiros e matou no norte beirão – quase tudo se apaga à volta. Mas o orçamento do Estado para 2017 (OE) vem aí, discutido pela troika parlamentar com António Costa na China. Ontem, quarta-feira, estive com o Dr. Paulo de Morais em entrevista no Canal Q – fomos ao Inferno, assim se chama o bloco informativo, e saímos iguais, ou seja, não chamuscados. A conversa foi a propósito da Frente Cívica, que nasceu da sua corrida presidencial perdida. Mas houve gente que votou e acreditou que é possível discutir/mudar a democracia – é disso que a Frente trata: debate, ouvir e acrescentar. Achámos curioso quando o Aurélio Gomes nos informou que à sua volta havia quem assinalasse a estranheza de eu – do rock, tout court – estar a seu lado. As mentes autolimitam-se, vá-se lá saber porquê, é uma questão de tradição, de arrumação da sala mental, mesmo entre os alternativos, e de muito preconceito. Quando estalou nas redes sociais a vergonhosa polémica sobre o concerto que os UHF cancelaram no Avante deste ano, impensável para mim, por se tratar tão só de incumprimento contratual por parte do contratante – nunca desmentido, como se sabe, mas mal informado ao público quando alegaram terem sido ‘apanhados de surpresa’: as negociações presenciais e escritas duraram 14 (!) dias -, houve quem me chamasse fascista e de direita. Eram crentes de uma religião obsoleta e bateram à porta errada. Não me desviei um milímetro do que penso, é disso que trata “Vernáculo (para um homem comum)”, editado em livro em 2006 e gravado como canção

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em 2013. A memória perde-se na primeira esquina. E é grave se não a voltamos a achar. Todos os anos, por esta altura, os sucessivos OE descobrem novos impostos para aplicar e todos eles têm uma legenda: atingir equidade no esforço contributivo. É pena, também aqui, a perda de memória generalizada. Novos impostos, ciclicamente criados, conduzem à desconfiança no investimento, sobretudo o tão apregoado estrangeiro – comprar empresas e bancos não é criar riqueza mas tão só adquirir negócios certos que precisam de capital. Ninguém confia num país que está sempre a mudar as regras do jogo. O que os políticos não nos dizem, apesar das preces (mesmo entre os ateus) é que, maquilhados os números do PIB (descobrimo-lo sempre no ano seguinte), a economia não está a responder porque se estivesse era por si só fonte de mais receita. Será que o apregoado IMI para as habitações dos ricos é extensível às comunidades chinesa, russa e europeia que andam a comprar bairros inteiros nas nossas cidades? Declaração de interesses: não tenho casa que atinja o valor anunciado para a nova taxa. Um livro: «De Mal a Pior», uma selecção das crónicas de Vasco Pulido Valente organizada por Miguel Pinheiro (D. Quixote, 2016). Vale a pena recordar o que um dos chamados ‘profetas da desgraça’ antecipou semanalmente em milhares de linhas dirigidas aos portugueses. Memória de prognósticos que se tornaram realidade crua .

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A Brincar aos Restaurantes III Augusto Lima

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m dia, um pintor colocou um quadro seu na frente do atelier. O quadro reproduzia uma mesa onde descansava uma travessa de bacalhau com azeite, batatas pequenas inteiras, alecrim e dentes de alho. Apetecia comer, tal o realismo. Como fundo, uma pérgula onde heras, videiras e hibiscos coabitavam. Logo depois, alguém se aproximou e abanou a cabeça. De imediato o pintor perguntou – Algo errado? – Sabe, respondeu o homem – Tenho um Restaurante e sou construtor. Aqui este canto da pérgula não está bem pintado. E explicou com detalhe. O pintor agradeceu. No dia seguinte, o mesmo homem chamando o artista confidenciou: Sabe, este bacalhau tem algo de errado, acho que o alecrim deve ter caído lá de cima, não? Meu caro, respondeu o pintor – não queira o construtor ser cozinheiro, por favor! – E por acaso o pintor é cozinheiro? Repicou de imediato. – Sim, sou, e dono do Restaurante em frente. Como profissional, admito que pouco sei sobre muitos e variados temas. Contudo, sou preocupado e interessado, disponível para aprender e ensinar de forma acertada o que aprendi e, sobretudo, aberto à partilha de experiências. Já brinquei aos Restaurantes. Tinha cerca de quatro e continuei até aos treze. O fogão de brincar, com acendalha, da minha irmã, era meu por força. Na brincadeira, eu assumia a posição de Dona de casa. O fim precoce deste entretenimento deveu-se ao facto de ter emigrado para Portugal. Já brinquei às comidas, já não brinco mais. Abrir um Restaurante não é uma brincadeira, mas sim, muito provavelmente, o negócio de maior risco. Como já alguém disse: Não abra um restaurante, está proibido! Se mesmo assim se achar capaz, tem dinheiro e quer apostar, aprenda, informe-se, peça ajuda a um consultor idóneo. Já trabalhei por dezasseis e dezoito horas consecutivas, dias incontáveis. Já tive, em horas extraordinárias, dois salários anuais que nunca ALGARVE INFORMATIVO #79

seriam pagos. Já me cortei, vezes sem conta. (faltam-me pedaços de carne). Já dormi, dias seguidos, com uma das mãos em água gelada, por queimaduras muito graves. Já sofri choques elétricos de várias naturezas. Já trabalhei horas a fio, em lugar de estar em repouso, por ter febre, gripe, dores várias. Já estive em coma, um ano sem trabalhar, por cedo no trabalho querer estar. Em trinta e três anos de profissão não gastei ao estado seguros, baixas médicas e outras coisas. Já tive momentos de pânico, stress, de vergonha; momentos de agonia, dor atroz; ocasiões de júbilo, prazer, orgulho. Já fui vexado, ultrapassado, odiado, amado, desejado. E quando vejo alguém, ainda novo, sem formação adequada ou saber real, chegar e ser contratado como Chef de Cozinha, sem Cozinheiro formado ser, tenho um misto de revolta e espanto. Mas sabeis vós uma coisa? A culpa não é dele (cozinheiro), mas sim do Dono do espaço (restaurante de brincar). Consequências: mau serviço, falta de profissionalismo/ética/moral, desperdício de tempo, de dinheiro, afastamento de verdadeiros profissionais, etc. Fala-se muito e faz-se pouco, em muita coisa. Estamos sempre preocupados com os elitismos, com a avareza de abrir mão daquilo que conquistamos, não nos preocupando com a máxima que diz, que quanto maior for o número de pessoas a deter determinado conhecimento, melhor será a equipa e o espaço de trabalho. Voltando a repetir-me, falar em Restauração é falar em saúde pública e é urgente legalizar a medida de obrigatoriedade de os Restaurantes terem na sua Equipa de Cozinha, um profissional credenciado, tal qual uma farmácia necessita de um profissional habilitado para poder exercer a venda de medicamentos . (Cozinheiro, Formador, Consultor, Presidente ACPA – Associação Cozinheiros e Pasteleiros Algarve)

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Custódio Moreno regressa a uma casa que ajudou a construir Custódio Moreno é, desde o dia 12 de setembro, o novo Diretor Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude, regressando, 13 anos depois, a uma instituição que ajudou a construir, primeiro como técnico, depois como adjunto, finalmente como Delegado Regional. Durante década e meia, foi o rosto mais visível da Juventude no Algarve mas, com a mudança de cor política no governo, saiu em 2003. Agora, está de novo à frente de um IPJ que ganhou, entretanto, mais uma letra, o D de Desporto. Texto:

Fotografia:

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olvidos 13 anos, são poucos os elementos que sobreviveram da antiga equipa liderada por Custódio Moreno à frente da Delegação Regional do Instituto Português da Juventude de Faro, mas as paredes do edifício localizado junto ao Jardim da Alameda são as mesmas e recordam-se bem dos tempos áureos duma instituição que era um verdadeiro porta-estandarte da juventude algarvia. Por isso, pelos corredores, quase se pode escutar, sentir, os sussurros da memória, como que dizendo «O Zeca está de volta». E, de facto, depois de ter saído por vontade própria, em 2003, face à mudança do partido que comandava os destinos da nação, o socialista Custódio Moreno está de regresso, agora a um IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude. “Está a ser, não posso mentir, um regresso bastante emotivo, porque este espaço diz-me muito. Longe de mim pensar que voltava cá outra vez mas, sempre que passava em frente a este edifício, sentia uma pele de galinha a arrepiar. Quando fui confrontado com a hipótese de voltar, não hesitei. Da outra vez estive cá 15 anos, agora, 15 dias não devem ser, mas não sei se serão apenas 15 meses ou cinco anos. O espírito de missão é o mesmo, venho motivadíssimo e encontro uma equipa bastante mais pequena e com muito mais responsabilidades”, aponta o professor olhanense. Apesar deste cenário, Custódio Moreno rejeita, de imediato, qualquer discurso do coitadinho, muito menos de empunhar a desculpa dos menores

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recursos, humanos e financeiros. “Temos que ser parte da solução, não vamos ser o problema. Não quero ser o Diretor Regional do croquete e do pastel de bacalhau para ir às inaugurações, queremos deixar a nossa marca”, afirma, não querendo fazer muitas comparações com a sua primeira passagem por esta casa. “As falsas modéstias, às vezes, não nos ficam bem e tenho a consciência que 48


tínhamos feito um excelente trabalho. A vontade é a mesma, mas as coisas mudaram, e a diversos níveis. As câmaras municipais fizeram um trabalho fantástico no que toca às infraestruturas e, naquela altura, haver um vereador com o pelouro da Juventude era quase um achado no deserto. Hoje, todos os concelhos têm um vereador e técnicos especializados na área da Juventude”, refere o 49

entrevistado. Quanto ao Desporto, há muito que está consolidado e Custódio Moreno dá o exemplo do programa «Desporto para Todos», que na época já existia na Direção Geral dos Desportos. “É fundamental na vida de qualquer sociedade, é sinónimo de progresso e desenvolvimento, une os povos”, considera.

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Recuando no tempo, todos nos recordamos da figura quase omnipresente de Custódio Moreno em tudo o que envolvesse a Juventude, nas várias iniciativas que aconteciam no diaa-dia, fossem da responsabilidade do IPJ ou promovidas por um movimento associativo que estava a crescer a olhos vistos no início da década de 2000. Mas também encontrávamos o Delegado Regional pela noite adentro a colar cartazes dos eventos do IPJ com a sua equipa de colaboradores, bem como em diversos espaços de animação noturna, indo ao encontro dos mais jovens, ao invés de se limitar a esperar que eles lhe fossem bater à porta do gabinete. Agora, um mês depois de assumir o cargo de Diretor Regional do IPDJ, não pretende fazer nenhuma revolução, virar a casa de cabeça para o ar, dizer ALGARVE INFORMATIVO #79

que tudo vai ser melhor sob a sua liderança. “Há coisas que estão bemfeitas e que são para ficar depois de arrumarmos a casa e de ouvirmos a juventude, de escutarmos quem trabalha diretamente com os mais novos no terreno. Estamos sempre a aprender, numa constante mudança”, salienta. Custódio Moreno admite, porém, alguma preocupação quando pega no diagnóstico de situação que foi realizado nestas primeiras semanas no IPDJ e que revela que, por exemplo, não houve uma única candidatura ao PAI – Programa de Apoio Infra-Estrutural. “Continua a haver muita burocracia, e essa pode ser uma causa, ou então os jovens não estão preparados e nós não lhes damos as ferramentas fundamentais 50


para efetuarem essas candidaturas. Infelizmente, não estamos tão próximos dos jovens como deveríamos estar e é preciso encurtar esta distância”, frisa, continuando a ser um forte defensor de políticas de proximidade e de afeto. “Não conseguimos intervir numa área quando não a conhecemos e temos que perceber que existe uma enorme diversidade nos 16 concelhos que compõem o Algarve, do interior ao litoral, do barlavento ao sotavento. Nota-se que as coisas ainda estão muito concentradas em alguns concelhos do litoral, salvo uma exceção ou outra. Em Alcoutim, Aljezur e Monchique não temos associações juvenis”, evidencia. O Diretor Regional reconhece que o associativismo, como tudo na vida, funciona por ciclos, por fases, mas há que ir aos locais mais recônditos do distrito de Faro e as parcerias e os protocolos de colaboração poderão desempenhar um papel fulcral na mudança de cenário. “Na primeira reunião que tive no Conselho Consultivo Municipal do Emprego, no Instituto do Emprego e Formação Profissional, expliquei que venho «marafado» para fazer protocolos e parcerias porque, face à escassez de recursos financeiros que se nota em todo o país, a Juventude e o Desporto têm que trabalhar com toda a gente”, indica Custódio Moreno, acrescentando que vai iniciar, em breve, um périplo por todos os concelhos do Algarve para perceber o que existe no terreno.

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Jovens têm que estar no centro das decisões A Terra continua a girar em torno do Sol, os minutos não param, os anos sucedem-se e Custódio Moreno já se apercebeu que muito mudou no campo do associativismo desde que saiu do IPJ, em 2003. Logo a começar, as associações de cariz algo generalista foram dando lugar a associações mais temáticas, focadas em interesses particulares, concretos, ligadas à cidadania, ao ambiente, aos desportos radicais, ao design, ao xadrez e por aí adiante. “Do mesmo modo, não podemos falar da juventude como um todo, meter tudo no mesmo saco, porque cada jovem precisa de uma resposta diferente. Depois, os problemas do emprego, da habitação, da saúde, da educação, não são apenas dos jovens, são transversais a todas as faixas etárias”, entende, ao mesmo tempo que defende que os governantes, e os seus representantes nas regiões, não podem constituir um travão para os sonhos e ambições das novas gerações. “Um jovem tem que entrar aqui cheio de ideias a 100 à hora e sair a 200”. Não criticando as opções tomadas pelos seus antecessores, Custódio Moreno considera que há um conjunto de recursos que precisam ser rentabilizados na sede do IPDJ de Faro, como é o caso da galeria de exposições, que pretende colocar à ALGARVE INFORMATIVO #79


disposição dos pintores, escultores e fotógrafos da região, assim como o bar, que deseja reativar. “Este espaço tem tantas valências e capacidade de resposta para os jovens que é um desperdício se não aproveitarmos todas as suas potencialidades. Estamos aqui para cumprir as políticas definidas pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto e para ajudar os jovens a resolver os seus problemas, mas cada região tem as suas especificidades e queremos contribuir para a criação de uma agenda regional com as propostas dos algarvios”, adianta.

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Custódio Moreno reconhece que há centenas de associações a trabalhar para os jovens, mas trabalhar «com» os jovens é diferente, é colocá-los no centro das decisões e não impor-lhes diretrizes estabelecidas pelos poderes superiores. “Os jovens são irreverentes, têm um outro olhar sobre o mundo e há que dar-lhes oportunidade para participarem nas decisões que os afetam. Por isso, é com satisfação que vamos ter, pela primeira vez em Faro, de 15 a 18 de dezembro, a Academia de Desenvolvimento Juvenil, um 52


consórcio das quatro maiores entidades em Portugal que pensam a área da Juventude: o Conselho Nacional de Juventude, o Instituto Português do Desporto e Juventude, a Federação Nacional das Associações Juvenis e o Programa Erasmus”, revela, em primeira mão. “Os nossos dirigentes associativos terão oportunidade de trocar experiências com os maiores crânios deste campo e isso é positivo para a afirmação dos jovens algarvios”.

IPDJ vai implementar o cartão branco Entretanto, por decisão do antigo Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares Miguel Relvas, o Instituto do Desporto de Portugal e o Instituto Português da Juventude fundiram-se no IPDJ, mas depressa se constata que o desporto não é só praticado por jovens, que é um universo completamente diferente e que, face à imensidão de propostas, é quase impossível acompanhar-se tudo, por muita disponibilidade que os dirigentes 53

tenham. “Fui convidado pelo presidente do Portimonense, Fernando Rocha, para assistir à apresentação de início de época de todos os escalões de formação das várias modalidades e juntaram-se ali 600 meninos. Veja-se o trabalho que esse clube está a fazer em termos de apoio à família, de inserção na vida social, de contributo para a prevenção de tudo e mais alguma coisa. Muitas vezes só nos preocupamos em saber se o clube ganhou ou perdeu, se subiu ou desceu de divisão, mas a área do Desporto é muito mais abrangente do que os meros resultados desportivos”, relata Custódio Moreno. Desporto que não é só futebol, convém lembrar, reforçar, salientar, porque muitas pessoas continuam a pensar dessa forma, e o Diretor Regional do IPDJ de Faro indica que só o calendário de marchas coordenado por este instituto contempla 44 atividades, de setembro a junho, ou seja, todos os fins-de-semana há marchas no âmbito de um programa intergeracional que abarca do neto ao avô. “Organizar uma marcha com 600 ou 800 pessoas não envolve apenas a câmara municipal do local onde ela se realiza, porque chegam autocarros de todos os pontos da região com participantes, são os seguros, as refeições, as condições logísticas do terreno, coordenar com as forças de autoridade”, esclarece.

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A nova área de responsabilidade do Instituto trouxe para o seu radar matérias tão distintas como a Lei do Mecenato, o Estatuto de Utilidade Pública, até o licenciamento de parques aquáticos, mas uma grande aposta do governo é a elaboração, no curto prazo, da Carta Desportiva. “Com um simples telemóvel chego a um concelho, vou a uma plataforma online, digito a palavra «andebol» e fico a saber quais os clubes que têm aquela modalidade, a que dias e horas há aulas, em que locais são os treinos”, exemplifica Custódio Moreno. “A formação de dirigentes e treinadores também é fundamental e, no âmbito do Plano Nacional Para a Ética no Desporto, vamos apostar na implementação do cartão branco, através do qual o árbitro vai valorizar determinadas atitudes dos atletas em qualquer que seja a modalidade. É uma forma de chamar a atenção para a maneira como se deve estar em campo, como se deve encarar o desporto, que não se deve olhar para o adversário como um inimigo para jogar abaixo, mas como alguém que me estimula a jogar melhor. É uma iniciativa pioneira do IPDJ a nível europeu”, anuncia. Trabalho não falta, está visto, o problema, como sempre, são os apoios financeiros, mas Custódio Moreno promete que a porta do seu gabinete estará sempre aberta e que ninguém sairá do IPDJ sem uma resposta às suas questões. “Claramente que há menos recursos financeiros, mas há um grande empenho da tutela no sentido ALGARVE INFORMATIVO #79

de reforçar o plafond do Desporto e Juventude, entre os 20 e os 30 por cento, já neste Orçamento de Estado. Também estamos a fazer um grande esforço para que todas as verbas disponíveis sejam aplicadas, para que não haja um cêntimo que não seja executado. É importante que sejamos inovadores nos projetos para que possamos reivindicar mais apoios para o Algarve”, sublinha o entrevistado. De regresso a uma casa que tão bem conhece, Custódio Moreno quer mudar o paradigma de funcionamento do IPDJ de Faro, para que deixe de ser o típico serviço público e assuma uma postura mais empresarial. “Os jovens são os nossos clientes e se, numa empresa, os clientes não aparecem, é porque algo está mal. Queremos ter uma atitude mais agressiva, mais próativa, para nos aproximarmos dos jovens, conquistarmos a sua confiança e apresentar-lhes soluções. Pode parecer retórica, mas temos uma equipa disponível para ir para o terreno e um conjunto de programas que abarcam múltiplas áreas, desde a saúde à ocupação dos tempos livres, aos campos de férias, campos de trabalho internacional, ao parlamento jovem, ao associativismo. Temos a certeza absoluta que, quando as coisas são divulgadas e explicadas no tempo e local certos, há «clientela» para tudo o que o IPDJ tem para oferecer” .

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São Brás de Alportel reviveu tradição da Desfolhada do Milho O Museu do Trajo de São Brás de Alportel foi palco, na noite de 8 de outubro, de uma verdadeira viagem ao passado para se recriar uma desfolhada à moda antiga. Numa eira improvisada, dezenas de populares saltaram das cadeiras, arregaçaram as mangas e «atacaram» o processo de descamisar as espigas de milho, sempre ao som do acordeão. Depois da tarefa concluída, e apesar de não se ter descoberto o lendário «milho rei», a festa prosseguiu com as danças do Rancho Típico Sanbrasense e um bailarico pela noite dentro. Texto:

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uando a agricultura era o ganha-pão das gentes do Algarve, o milho era uma das principais culturas e, sendo uma planta que gosta muito de calor e água, a sua sementeira era realizada no início de maio. No mês seguinte, o milho era sachado para se tirar as ervas daninhas e mondado, ou seja, retiravam-se os pés mais fracos para que os mais fortes se pudessem desenvolver melhor. Após a espiga estar criada, cortavam-se as canas, normalmente para se dar de comer ao gado. Finalmente, quando setembro dava lugar a outubro, era tempo de cortar o milho, que era transportado para as eiras em carros de bois ou carregado por burro. Na eira decorria a desfolhada e as espigas eram colocadas em cestos de verga, ali ficando vários dias para secar, antes do milho ser malhado com o mangual. Em todo este processo

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participavam os jovens cheios de entusiasmo, sempre na expetativa de encontrar o milho-rei, uma maçaroca vermelha que, por ser muito rara, concedia ao felizardo(a) que o encontrasse o direito de dar uma volta a todos os presentes, distribuindo abraços ou beijinhos. Já se percebe que a desfolhada constituía uma oportunidade única para os rapazes e raparigas se aproximarem fisicamente e conviverem sem estarem sujeito às rigorosas convenções sociais da época, nem que fosse por algumas horas, ou minutos. É todo este ritual, esta tradição antiga, que o Rancho Típico Sambrasense e a Junta de Freguesia de São Brás de Alportel se propuseram recuperar, pelo nono ano consecutivo, com o apoio da autarquia local e do Museu do Trajo, espaço escolhido para esta «Desfolhada à Moda Antiga». E assim

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David Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel e Maria do Rosário Parreira, presidente do Rancho Típico Sambrasense

se repetiu novamente a história, a 8 de outubro, numa noite de temperatura amena, com um ambiente fantástico, num local deslumbrante que encheu por completo com os residentes, mas também com muitos estrangeiros à mistura, fascinados por uma festa que, certamente, não encontram nas suas terras de origem. Para animar a festa é fundamental o Rancho Típico Sambrasense, com todos os seus elementos trajados a rigor, um condimento perfeito para transportar os participantes algumas décadas rumo ao passado, conforme indicam a presidente da Direção, Maria do Rosário Parreira, e a vogal Maria Noémia. “É uma recriação do antigamente que fazemos há nove anos, recordando o tempo em que as pessoas se juntavam nas eiras e, durante a noite, descamisavam o milho. Faziam 59

partilha de tarefas, ajudavam-se uns aos outros e, no fim, havia sempre um petisco oferecido pelo proprietário do milho. É algo que já não se faz nos dias de hoje, mas queremos que os nossos jovens aprendam esta tradição”, explica Maria do Rosário Parreira. Uns cantavam, outros tocavam e a festa era ainda maior quando se descobria a maçaroca vermelha, mas tudo isso se foi perdendo com o avançar dos anos, até porque são cada vez menos as pessoas que ainda vão semeando milho no Algarve. “A agricultura entrou em decadência, mas ainda conheci isso na casa dos meus avós e lembro-me dos meus pais ajudarem na desfolhada. O rapaz que encontrasse o milho-rei aproveitava logo para dar um beijinho ALGARVE INFORMATIVO #79


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às moças todas da eira ou à sua amada, era engraçado, mas não quer dizer que haja sempre essa maçaroca vermelha”, esclarece a entrevistada, enquanto os jardins do Museu do Trajo se iam enchendo de pessoas.

da zona de Faro que nos empresta para o descamisarmos e depois devolvemos as sacas com as maçarocas. A descamisa pode ser feita por qualquer pessoa que queira ir para o meio da eira”, indica.

Pessoas que depois participaram no ato de descamisar o milho e na limpeza das carepas, para que depois o Rancho Típico Sambrasense pudesse exibir as suas modas, corridinhos e bailes de roda. E de mangas arregaçadas andava igualmente David Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, que muito tem trabalhado ao longo do seu mandato para recriar as tradições deste município da Serra do Caldeirão. “Era algo que acontecia habitualmente nas eiras das casas ricas de São Brás de Alportel, quando o milho estava preparado para ser desfolhado. Agora, temos que ir buscar o milho fora do concelho, a uma pessoa

Quanto à particularidade do milhorei, David Gonçalves conta que costuma encontrar-se um todos os anos, mas é sempre uma surpresa, não há garantias de existir uma maçaroca vermelha nas centenas de espigas que ali se encontravam para serem descamisadas. “Naquela altura, a desfolhada era um dos momentos mais esperados do ano, era uma forma dos moços e das moças puderem conviver e de se ganhar um beijinho da amada ou amado”, recorda o presidente da junta, satisfeito por observar muitos jovens nos jardins do Museu naquela noite, Museu que também foi uma

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casa agrícola na antiguidade. “Um dos nossos grandes objetivos é transmitir estas tradições às gentes vindouras”, reforçou. Quem não faltou também a esta desfolhada à moda antiga foi Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, garantindo que estes eventos são bastante importantes para se preservar as tradições deste território. “Hoje, há máquinas que tiram as carepas do milho, como se costuma dizer, e a desfolhada desapareceu. Mas as nossas raízes são demasiado valiosas para caírem no esquecimento e é bom que os mais jovens tenham contato com elas. O ambiente está mais uma vez fantástico e o Museu do Trajo é extraordinário para estas iniciativas”, sublinha o edil, recordando que a agricultura e a floresta foram, durante muito tempo, a forma de subsistência dos são-brasenses. “Nas eiras debulhava-se o milho, o trigo, o centeio e a cevada. Agora, a plantação do milho

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é praticamente inexistente, porque não se criam tantos animais. Curiosamente, as papas de milho passaram a chamar-se xerém e são uma iguaria gourmet dos bons restaurantes”. Entretanto, a música ambiente parou e, depois das boas-vindas institucionais aos presentes, foi dado tiro de partida para a desfolhada, com a eira improvisada a ser praticamente inundada por populares e residentes estrangeiros, todos ávidos de participar na festa. À luz das estrelas, e ao som do acordeão, se passou cerca de hora e meia a descamisar as espigas, a colocá-las em sacas, a limpar as carepas do chão, sempre de olhar atento a ver quem descobria o milho-rei. Milho-rei que, este ano, não se deixou ver, mas as gentes não desanimaram e, após as modas, os corridinhos e os bailes de roda do Rancho Típico Sambrasense, o bailarico prosseguiu com a música do acordeonista Júlio Reis .

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