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gestão

/ fusão e aquisição Por Danilo Sanches, especial para a CRN Brasil

Crescimento de fusões e aquisições no País esbarra em histórico de falta de planejamento estratégico e no custo brasileiro, mas os grandes investimentos em infraestrutura apoiam o boom do crescimento inorgânico no Brasil 48

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cenário de consolidação do mercado de TI no Brasil teve destaque neste ano em função do número de operações realizadas no primeiro semestre. As 46 fusões e aquisições ocorridas entre janeiro e junho colocaram o setor na vitrine do crescimento inorgânico do mercado nacional como o segmento que mais promoveu compras e fusões no semestre. Até dezembro, são esperadas mais 50 operações. Historicamente, o segundo semestre abriga maior número de negociações como fusões e aquisições (F&A). Mesmo assim, o País ainda não oferece um custo de capital competitivo, o que freia o número de operações, em função do risco de serem inviáveis. mentos estratégicos, o crescimento orgânico vem à baila do mercado também como forma de fortalecimento de marcas e como resultado do atendimento das crescentes demandas por tecnologia que cercam o avanço gigantesco da infraestrutura no País na última década.

São estes investimentos que dão a margem do crescimento que ainda há pela frente no mercado nacional, segundo Ruy Moura, diretor da consultoria empresarial Acquisitions. O executivo afirma que o gap de investimentos que ainda há no mercado de TI nacional tan-

Foto: Divulgação

Por outro lado, este cenário não se opõe de maneira excludente ao quadro de crescimento orgânico promovido por outras muitas empresas no setor. Mesmo não sendo uma característica histórica e cultural do mercado brasileiro estabelecer e cumprir planeja-

Alexandre Conde, da Scansource Brasil: cultura de planejamento estratégico da CDC Brasil permitiu antecipação de tendências e crescimento acima do mercado, culminando na compra pela Scansource

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to em relação à média mundial, quanto em comparação aos países que mais investem em tecnologia no mundo, coloca o Brasil no centro do alvo da estratégia de empresas internacionais que querem expandir mercado e das nacionais que buscam fortalecimento e solidez. “O espaço de crescimento para o Brasil é enorme e este momento está chegando por conta dos investimentos que estamos fazendo em função dos megaeventos esportivos, dos quais a área de TI é uma das principais”, afirma Moura. A estimativa de consultorias como o IDC é de que a participação dos gastos em tecnologia saltem de 1,8% do PIB (Produto Interno Bruto), como alcançado em 2009, para 3% nos próximo anos. Este número coloca o País muito próximo do que hoje é o mercado dos Estados Unidos. As oportunidades de consolidação também vêm à tona em função da maturidade que o território alcançou neste mercado, segundo o executivo da Acquisitions. “A maturidade do Brasil é proporcional ao crescimento que estamos vendo e é referendada por grandes players internacionais, que compram empresas nacionais, reconhecendo e percebendo o valor delas no mercado”, afirma Moura. “Também vemos empresas brasileiras que não têm capital aberto, mas recursos próprios e mecanismos financeiros comprando por conta do crescimento do mercado interno.”

Foto: Divulgação

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Ruy Moura, da Acquisitions: “A maturidade do Brasil é proporcional ao crescimento que estamos vendo e é referendada por grandes players internacionais, que compram empresas nacionais, reconhecendo e percebendo o valor delas no mercado”

crescimento, a dinâmica da empresa, a capacidade dela de gerar lucros, a participação e a representatividade no mercado, que são os direcionadores de valor percebidos pelos potenciais consolidadores”, conclui Moura. Seja em qual ponto for do crescimento da empresa, o planejamento estratégico é uma ferramenta da qual não é possível se dissociar. A ideia de que o planejamento é mais valioso para empresas que têm o crescimento orgânico como linha mestra de seu avanço não procede, segundo o executivo.

jetivos da aquisição inadequados, inexperiência das partes, desgaste e perda de confiança no decorrer do processo de negociação, muitas vezes em função de ego ou arrogância.

Custo Brasil Criada em 2001, a partir da fusão de duas distribuidoras de TI, a CDC Brasil já nasceu líder, à época com 26% do mercado de automação no País. Menos de 10 anos depois, a empresa que teve origem nas brasileiras Prohad e Visage e faturava anualmen-

A estrutura do negócio é muito mais importante do que o preço pelo quala empresa évendida Um indicador do aquecimento deste mercado é o número de movimentações em relação à abertura de capital das empresas na BM&F Bovespa em 2011. Os dados divulgados pela bolsa são de que, neste ano, 141 empresas mantêm relacionamento ativo com potencial de abertura de capital. Destas empresas, 25 atuam no mercado de TI. “Hoje, o Brasil atingiu uma senioridade com a qual ele estabelece algumas premissas nas aquisições, que envolve

“A estrutura do negócio é mais importante do que o preço pelo qual ele é vendido”, afirma Moura. “Grande parte do sucesso, diria 90% do sucesso de uma negociação advém de um planejamento meticuloso.” Além da armadilha de pensar que num processo de F&A o planejamento é dispensável, o executivo destaca outros pontos de dificuldades em uma transação, como escolha de estratégia difusa ou não apropriada de F&A, ob-

te cerca de 40 milhões de reais, saltou para 250 milhões de reais de faturamento e foi adquirida pela norte-americana ScanSource numa negociação estimada em 103 milhões de reais, no início deste ano. Desde o início das operações da distribuidora o planejamento estratégico fez parte da gestão, segundo Alexandre Conde, presidente da ScanSource Brasil (ex-CDC Brasil). “Com o uso dessa ferramenta e, principalmente,

com uma equipe muito competente e comprometida com o nosso plano de longo prazo, conseguimos antecipar várias tendências do setor e implementamos ações que resultaram no crescimento do nosso negócio bem acima da média de mercado ao longo dos últimos cinco anos”, afirma. Conde afirma que os custos brasileiros tornam o crescimento via aquisições no País uma operação que necessita de cuidados, uma vez que os custos podem por em risco a viabilidade do negócio. Segundo ele, esta é a principal razão pela qual o número de aquisições de empresas não é tão grande aqui por aqui quanto no exterior. “As ações de crescimento inorgânico são mais comuns em empresas que dispõem de um custo de capital mais competitivo, isto é, um custo bem menor do que podemos encontrar no Brasil”, afirma Conde. “Com isso, a análise do crescimento via aquisição, por empresas que pagam custos financeiros brasileiros, deve ser muito mais criteriosa, pois se o ganho potencial não for muito mais alto do que existe lá fora, a viabilidade do investimento pode não ocorrer.”

Crescimento orgânico Ramiro Guerra Martini, presidente da Cinco TI, uma das 10 empresas de TI que mais crescem no País segundo o estudo da IT Mídia Os 50 Canais que Mais Crescem, é favorável ao avanço também via aquisições. Na visão do executivo, as aquisições ajudam a criar um contexto mais maduro, além de gerar novas oportunidades. Nos seus cinco anos de história, a empresa cresceu organicamente, com alguns aportes de linhas de crédito, bem como de novos sócios a partir de 2010. “É fundamental buscar parcerias que possam agregar conhecimento, incrementar as áreas de interesse e indicar novos mercados para que as empresas sigam sendo competitivas”, afirma Martini. “Estamos em busca de empresas que possam agregar valor ao nosso portfólio.” Na carteira, hoje, a Cinco TI possui mais de 12 mil clientes e conta com 45 funcionários. Desde sua fundação, segue duplicando o faturamento anual e, hoje, é uma das três maiores revendas do Sul do País.

50 1ª quinzena setembro 2011 www.crn.com.br

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