Pequena operadora da acesso a banda larga

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S E RV I Ç O S |

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De Quinta-feira 31 de dezembro de 2009 a Segunda-feira 4 de janeiro de 2010

TELECOMUICAÇÕES BANDA LARGA

Em áreas aonde as grandes não chegam, provedores de internet cobrem 75% do território

Pequena operadora dá acesso a banda larga Sem volume de vendas, pequenas e médias empresas assumem o desafio de fornecer acesso a preços menores em áreas distantes das metrópoles são paulo

O desafio da universalização da banda larga, objetivo perseguido pelo governo brasileiro e que devedemandarR$ 75bilhõeseminvestimentos nos próximos cinco anos no País, é também o desafio de pequenas empresas que já atendem a cerca de 75% do território nacional com tecnologias baseadas em fornecimento via satélite e radiofrequência. Sem escala e arcando com os mesmos tributos e taxas das grandes operadoras, elas acabam oferecendo serviços que ganham em alcance equalidade,mas perdemempreço na corrida contra os gigantes das telecomunicações. “Eles são osgrandes agentes da inclusão digital”, afirma Ricardo López Sánchez, presidente do Conselho Nacional dos Provedores de Serviços de Internet (Conapsi). Mesmo sabendo que a inclusão digital de fato demandaria uma oferta ampla e com preço acessível — o que os pequenos provedores não conseguem garantir —, a afirmação do executivo também se refere ao fato de que em localidades afastadas dos grandes centros urbanos há demanda por acesso em serviços básicos como prefeituras, hospitais e mesmo lan houses, suprida por fornecedores que, por vezes, precisamde maisdeum anopara atingir o primeiro milhão.

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LICENÇA

«É muito difícil conseguir uma licença para abrir e operar sua própria empresa para fornecer banda larga no Brasil»

A internet que chega Mais de 1,7 mil pequenos provedores de banda larga atendem à demanda das regiões mais afastadas do País 74,2%* pequenos provedores

BRUCE PATTERSON PRESIDENTE DA ABL

k CONDIÇÕES «As obrigações são as mesmas para uma empresa que fatura bilhões e para um pequeno provedor de banda larga» RICARDO LÓPEZ SÁNCHEZ PRESIDENTE DO CONAPSI

“As obrigações são as mesmas para uma empresa que fatura bilhões e para um pequeno provedor”, diz Sánchez, que também preside aAssociação Brasileirade Pequenos Provedoresda Internet e Telecomunicações (Abrappit). “A Constituição de 1988diz que se privilegiem a pequena e a média empresa nacional.” Sánchez explica quea resistência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a discutir

25,8% grandes provedores *Número de municípios Fonte: Teleco

questões como o preço da outorga para um provedor de internet via GSM — que,segundo ele, custa R$ 9 mil — está cedendo espaço aos incentivos. “Às vezes uma empresa não tem como pagar pela outorga, mas fornece serviço para a prefeitura da cidade”, afirma Sánchez. “No limite, o crime que estão cometendo é o crime da universalização da banda larga.” “O mesmo mega [megabit, unidade de medida de velocidade de transmissão], que custa R$ 4 mil na Amazônia, custa R$ 400 em São Paulo”, afirma Sánchez. No Brasil existem cerca de 1,7 mil pequenos provedores de internet dealta velocidadeespalhados por 4,1 mil municípios, de acordocom dadosdaconsultoria Teleco.

Amazônia

Três graus ao suldo Equador fica a floresta que Bruce Patterson escolheu para abrigarsua aventura, que vem ao encontro da necessidadedeacesso decomunidadese instituições brasileiras. Nascido nos Estados Unidos, Patterson chegou em 2000 ao Brasil como funcionário do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Com seu conhecimento em transmissão via satélite, percebeu que havia parte da população e da estrutura administrativa no Estado do Amazonas não eram atendidas por grandes operadoras. E resolveu encampar a missão, que lhe custou dois anos e um valor quenão soubeprecisar, mas garante: “É muito difícil conseguir uma licença para operar internet no Brasil”. Patterson, que hojeé presidente da Amazônia Banda Larga — empresa que fornece internet via satélite no Estado do Amazonas e atualmente atende a cerca de 50 clientes —, acredita que nem as barreiras de linguagem e culturais foram tão difíceis de transpor quanto as diferenças de legislação entre os dois países. Mesmo tendo constituído legalmente a empresa em 2003, foi em 2005 que instalou o primeiro terminal. Nos planos de Patterson, que tem como clientes algumas empresas e prefeituras de pequenas cidades dos Estado do Amazonas e do Pará, a recuperação da economia no Brasil deve permitir que a empresa alcance 100 clientes atéabril do anoque veme chegue a 200 até dezembro. Percen-

tualmente, seria um ganho de 400% na base de clientes da empresa, quefaturou R$ 1milhão no somatório dos últimos dois anos.

Plano Nacional é o sonho dos fornecedores

Rede rural

“Precisamos saber se o Plano Nacional de Banda Larga vai incluir todos os atores”, afirma Ricardo López Sánchez, presidente do Conselho Nacional dos Provedores de Serviços de Internet (Conapsi) e membro do conselho consultivo da Anatel pela Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel). “Se o parâmetro das licitações for só o menor preço, vai acabar excluindo os pequenos fornecedores”, completa. Sánchez chama a atenção para o fato de que a inclusão digital não deve ter apenas como alvo os usuários, mas as pequenas e médias empresas nacionais que fornecem banda larga e atualmente “já fazem a inclusão em áreas afastadas dos grandes centros urbanos”. “Se o Brasil quer a inclusão digital, tem de fazer a integração entre a pequena e a grande empresa e a legislação tem de amparar isso”, afirma Sánchez, que acredita que o PNBL pode não resolver o problema se não forem criadas condições favoráveis para os pequenos. Sánchez acredita que o papel dessas empresas seja garantir acesso em áreas onde grandes empresas não atuam. “Não devem ceder a pressões para serem redes secundárias.”

Os clientes da Rural Web — que fornece banda larga nas áreas ruraisdo EstadodoRiode Janeiro— não são, decerto, os usuários regulares que fazemparte da carteiradeclientes deumagrandeoperadora.Tanto éque nositeda empresa um dicionário traz os principais termosdo mundovirtual, o que situa os clientes e, embora de forma incipiente, dissemina conhecimento. Podem parecer óbvios para um usuário de metrópole termos como homepage, modem e multimídia, mas aos 104 milhõesde pessoasque ainda não têmacesso àrede noPaís eles podem ser uma barreira. FranciscoIgreja, diretordaRural Web, diz que 70% de seus clientes são empresas ou operam em endereços não-residenciais. O negócio, que começou em 2005, hoje rende cerca de R$ 10 milhões anualmente. Entre os clientes de Igreja, está a Secretaria de Educação de uma cidade no Estado de Minas Gerais. “1,5 mil escolas são atendidas pelo nosso serviço”, afirma.Mas segundoele, ainda é difícil manter um preço competitivo em licitações. danilo sanches Já publicamos 5.500 reportagens sobre

BANDA LARGA Para mais informações sobre esse tema, use nosso buscador nos sites: www.dci.com.br www.panoramabrasil.com.br


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