NO 14 [ ABR ] 2019
CLAUDIA RAIA Dona do prรณprio destino
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OSTRADAMUS
Sabor, tempero, raízes e história
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TREM DE LUXO
Linha Curitiba-Morretes
18 OTTO E MEZZO PIZZA VERACE
CLAUDIA RAIA Melhor do que nunca
Pedacinho da Itália na Serra Gaúcha
índice Green Valley, 14 Warung, 16 Famosos, 24 Casa Qu4tro 8ito, 52
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MULHERES DO SUL Nossa homenagem
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Bom Apetite, 59
FAMÍLIA VALDUGA
Moda, 62
Paixão e pioneirismo
REGIÃO SUL (SANTA CATARINA, RIO GRANDE DO SUL E PARANÁ) debordo.online CEO Flávio Castor (21) 9.8100-4121 castor@debordo.com.br
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um lugar
Ostradamus
Uma reverência à cultura manezinha por Luciana Pereira
Chef Jaime Barcelos
Ribeirão da Ilha
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Fotos / Divulgação
“A
necessidade cria a vocação”. A crença nesta ideia foi o que transformou uma pequena oficina mecânica localizada no sul da ilha de Santa Catarina em uma das marcas gastronômicas mais respeitadas de Florianópolis. O ano era 1996. Ao perceber as mudanças no setor automobilístico e ver a procura por seus serviços minguar, Jaime Barcelos, 53 anos, autêntico manezinho da ilha (termo popularmente utilizado para designar os nativos de Florianópolis), resolveu se arriscar na cozinha. Um ano depois, abriu um espaço de 35 metros quadrados nos fundos de sua casa, no Ribeirão da Ilha, dispôs algumas mesas de plástico e passou a vender cachorroquente, caldo de cana e água de coco. Para atrair a clientela, incluiu no cardápio uma iguaria ainda não muito explorada por aquelas bandas à época: ostras. Abundante nessa região da Capital que ainda guarda traços da cultura açoriana nas ruas, na arquitetura e na culinária, elas logo se tornaram o carro-chefe do espaço. E nascia, assim, o Ostradamus.
Ribeirão da Ilha
Vinte e dois anos depois, com cerca de 500 metros quadrados, decoração imponente e um trapiche que avança mar adentro e abriga boa parte das mesas da casa, o restaurante em nada lembra o espaço simples de 1998. Porém, preserva o mesmo espírito do vilarejo fundado em 1756, predicado que desperta o interesse de moradores e de turistas pelo bucólico bairro com cara de vila de pescadores. “O Ribeirão da Ilha é o nosso estado natural. Tem DNA muito próprio e uma energia diferente”, explica Jaime.
Ostradamus Ribeirão da Ilha
Ostras in natura: cultivadas na própria fazenda marinha do restaurante
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Por dentro do Ostradamus O Ostradamus não é apenas uma casa especializada em ostras e frutos do mar. A proposta é também promover uma experiência que mistura sabor, tempero, raízes e história. Apesar de novo, o espaço de Coqueiros também é carregado de símbolos que atraem ilhéus e turistas. O novo projeto foi elaborado pelo arquiteto Braian Baggio. Todos os detalhes do restaurante remetem à trajetória do Ostradamus. Os ambientes – o principal e o mezanino – têm vista para a praia. Três enormes painéis, feitos por Anderson Barbosa, ilustram a lida e a produção de ostras. Um terceiro traz um mapa localizando os empreendimentos em Coqueiros e no Ribeirão. Elementos marítimos como canoas suspensas no ar, cordas náuticas, cardápios em formato de pergaminho, a caixa de desejos (as mesas têm um compartimento de vidro em que é possível jogar uma rolha e fazer um pedido), os azulejos portugueses, o teto em madeira... Tudo leva o mar para dentro do restaurante, o que torna o a casa uma experiência que vai além de comer bem. Vale destacar que foram os pescadores da região que instalaram as redes e as tarrafas que decoram o ambiente. Além disso, como forma de valorizar a cultura local, artistas da terra expõem seus trabalhos por lá. “As pessoas não compram apenas um prato, e sim uma vivência. Camarão gratinado
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Transparência na cozinha e na adega Ao contrário de muitos restaurantes, em que a cozinha fica em localização de menor destaque, no Ostradamus ela é o coração da casa, o centro das atenções, tanto que fica bem no meio do salão do térreo. É como se o restaurante tivesse sido construído em seu entorno. Quem senta por ali pode acompanhar todo o processo de depuração das ostras, bem como o preparo dos pratos, já que as paredes são de vidro. Transparência também acontece na adega, que fica no subsolo, porém, é visível aos clientes graças ao chão de vidro. Nela, estão os mais de 100 rótulos disponíveis na carta de vinhos da casa, entre eles, o famoso Dom Perignon. “Pretendemos expandir nossa adega com rótulos de diversas partes do mundo, mas também de Santa Catarina, para mostrar a beleza do nosso terroir”, ressalta Jaime.
Ostras gratinadas
Terezinha Bonfanti
Fotos / Divulgação
Um restaurante não pode se conectar ao público apenas por paredes, mesas, guardanapos, pratos e talheres. Mas também pelo conhecimento de quem atende, pela procedência do produto que chega à mesa, pelo sotaque e simpatia do garçom. Isso é gastronomia de verdade. Aquela que deixa nostalgia, bons momentos, saudade”, complementa Jaime.
A cozinha aberta é o coração da casa e o centro das atenções
Polvo da Andreia (ao lado) e adega com mais de 100 rótulos disponíveis (acima) ABRIL . 2019
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Ostras e frutos do mar, a grande paixão Para agregar valor ao que serve, o Ostradamus investiu em sua própria fazenda marinha de ostras há seis anos. O criadouro fica no Ribeirão da ilha, a cerca de 6 km do restaurante. “Isso acabou se tornando o pulo do gato, o up que faltava. Passamos a ser uma casa que, além de servir a melhor ostra, oferece um produto manipulado por nós. A fazenda fica numa região que não tem praia, as ostras são cultivadas próximas às pedras em área sem mangue, nem saída de rio. Esse cuidado resulta em ostras brancas, puras, com gosto de sal que dá a sensação de se estar abocanhando o mar”, ensina o proprietário. Ele ainda dá uma dica valiosa. “Comece pelas gratinadas, temperadas ou defumadas. Isso quebra um pouco aquele paradoxo do in natura, do molusco que está vivo. É bom fazer uma cadência de consumo até ter coragem de comer a ostra no modo mais natural”, aconselha. No Ostradamus a iguaria é servida de 15 formas diferentes, entre elas, ao bafo, com creme de queijos e à moda do príncipe (com abacaxi, geleia de pimenta, tiras de figo seco e queijo brie). Outro sucesso absoluto da casa é o Sinfonia dos Náufragos – um espeto de camarão assado na brasa, regado ao molho de ervas e servido com acompanhamentos. 12 .
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Fotos / Divulgação
Recém-inaugurada filial de Coqueiros
Terezinha Bonfanti
Terezinha Bonfanti
Juliana Sales e Jaime Barcelos – sócios em Coqueiros
Mas uma receita em especial vem ganhando destaque. Com camarões salteados no gengibre e servidos com abacaxi, manga, queijo coalho, castanhasdo-pará e acompanhado de arroz de coco, o Camarão à Cocoqueiros vem se firmando como prato queridinho na segunda operação do Ostradamus, que abriu recentemente no bairro continental de Coqueiros, mais especificamente na Praia do Meio. O bairro, um dos mais tradicionais e nobres da cidade, é próximo ao Centro e muito conhecido por sua rota gastronômica. “Vir para o lado continental de Florianópolis está suprindo a necessidade de um acesso mais rápido para quem está na região mais central da cidade. Além disso, tem todo o impacto da via gastronômica de Coqueiros, que já é muito conhecida e consolidada há anos”, finaliza a sócia Juliana Sales, 39 anos, que trocou a capital paulistana pela catarinense. n
Ostradamus Ribeirão da Ilha Rodovia Baldicero Filomeno, 7.640 Freguesia do Ribeirão da Ilha, Florianópolis Reservas: (48) 99990-5711 Ostradamus Coqueiros Rua Desembargador Pedro Silva, 2.314 Via Gastronômica de Coqueiros, Florianópolis Reservas: (48) 3771-5377 ostradamus.com.br
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DOIS TEMPLOS DA MÚSICA ELETRÔNICA NO MUNDO
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Green Valley: o número 1 por Luciana Pereira
Para quem gosta de música eletrônica duas casas são destinos certos em Santa Catarina: o Warung e o Green Valley, eleito no ano passado pela revista britânica DJ Mag como o melhor clube do mundo. A deBORDO foi conhecer de perto o que essas casas têm de tão especial e o resultado surpreendeu.
Expoente da cena eletrônica brasileira, o clube Green Valley, que tem entre seus DJs residentes nomes como Alok e Vintage Culture, tornouse uma vitrine ao longo dos anos. Localizado em Camboriú, na região sul de Santa Catarina, passou a atrair o interesse de DJs nacionais e internacionais e ajudou a colocar Santa Catarina em evidência dentro desse segmento. “Nosso estado se destaca pela natureza, praias, alto astral e segurança. Tudo isso somado a pessoas que curtem e acompanham as tendências da música eletrônica do Brasil e do mundo. Com certeza, é o estado mais forte nesse quesito por conta de um grande esforço do Green Valley e também de outros clubes por estarem sempre na dianteira”, diz Eduardo Philipps, um dos sócios da casa. O espaço, que festeja 12 anos em novembro, é o único fora da Europa a ser considerado o Nº 1 do mundo segundo o ranking da revista Inglesa DJ Mag, referência na cena eletrônica mundial. O Green Valley já alcançou a posição nos anos de 2013, 2015 e 2018 desbancando nomes importantes da cena eletrônica como o Space Ibiza, na Espanha, e a Fabric, na Inglaterra. “Ter sido eleito o primeiro do mundo nos motiva a renovar, cada vez mais, a levar o nome do Green Valley e do Brasil para os quatro cantos do planeta. Este é um reconhecimento do público que frequenta ativamente as nossas festas”, encerra.
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Warung, o templo de Itajaí Balada, marca de roupa e label de música, o Warung Beach Club – ou "Templo" – como é chamado pelos frequentadores, ajudou a colocar Santa Catarina no mapa mundial da cena eletrônica e é outro destino certo para os amantes do estilo musical. Radar de tendências mundo afora, a casa, localizada na belíssima Praia Brava, em Itajaí, é expert em trazer novos DJs até então desconhecidos por aqui. E tem dado certo. Com 16 anos de existência e uma vibe ligada à natureza e aos esportes de praia, o ‘Templo’ mantém a tradição de proporcionar aos frequentadores sets de alguns dos melhores artistas do mundo, além de oferecer ao público opções do que escutar, vestir e onde ir. “Estamos conectados com tudo o que acontece no cenário mundial. Pesquisamos, lançamos tendências e 16 .
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apresentamos novos talentos. Buscamos ser referência na cena e, para mim, isso está interligado com uma coisa só: o amor que sentimos por esse lugar mágico”, destaca Gustavo Conti, DJ, produtor e sócio-fundador do espaço. A região em que está situado sempre teve uma forte vocação para a noite. A casa noturna Baturité, que perdurou durante 30 anos, sendo um dos principais motivos do desenvolvimento de Balneário Camboriú, foi uma das precursoras desse movimento. O Warung chegou para ficar e dar início a uma era cool, elevando a qualidade da noite no local que ganhou projeção nacional. A bagagem do ‘Templo’ não teve inspiração apenas nos grandes clubes do mundo. A cultura dos festivais também foi essencial à construção da identidade da marca. “Desde cedo frequentamos os principais festivais que são referências mundiais. Acredito que a nossa presença nesses lugares, vivenciando novas culturas e locais, nos traz um background musical importante para aprimorarmos
o nosso negócio”, conta Luis Gustavo Zagonel, coordenador de marketing do beach club. Dessa inspiração nasceu o Warung Day Festival, um dos eventos mais relevantes da música eletrônica na América Latina, e que já está em sua sexta edição. No dia 13 de abril, em Curitiba, serão 13 horas de música e 23 atrações confirmadas tocando em três palcos simultâneos na Pedreira Paulo Leminski. O espaço possui oito mil metros de área coberta e estrutura com praça de alimentação e food trucks. “Costumo dizer que um evento de sucesso começa pela escolha do local. E sem dúvida, nesse quesito fomos muito felizes com a opção da Pedreira Paulo Leminski, que nasceu de uma pedreira abandonada”, explica Patrik Cornelsen, sócio e diretor de produção do Warung Day Festival. A expectativa é que este ano o festival receba cerca de 14 mil pessoas, sendo que o mapa de ingressos mostra que 50% do público vem de fora da cidade, inclusive de todos os continentes. n
Green Valley Rua Antônio Lopes Gonçalves Bastos, 1083 Bairro Rio Pequeno | Camboriú – SC Reservas (47) 9.9903-4303 greenvalleybr.com Warung Beach Club Av. José Medeiros Vieira, 350 Praia Brava | Itajaí – SC (47) 3348-7643 e (47) 3348-7585 warungclub.com.br 6º Warung Day Festival Pedreira Paulo Leminski Parque das Pedreiras – Rua João Gava, 970 Abranches – Curitiba – PR
13 de abril, sábado abertura dos portões às 12h Início do evento: 13h | 18 anos warungfestival.com.br
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Engraçada, falante e cheia de personalidade, aos 52 anos, Claudia Raia afirma estar na melhor fase da vida, em que é dona do próprio destino, realizada na carreira e no amor, e chega para ser a capa da deBORDO com muita história para contar.
ClAUDIA RAIA melhor do que nunca
por Márcio Gomes fotos Tato Belline
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sou ligada nos 220 volts (risos). Quando vejo, o dia acabou, já gravei mais de 20 cenas e ainda estou cheia de disposição”. Sem dúvida, Claudia Raia é assim e um pouco mais. Falante, irrequieta, pra lá de divertida, tem presença – jamais passa despercebida. Junte a isso, os seus 1m79, uma personalidade forte, talento e amor pela profissão. “Sou uma privilegiada por trabalhar com o que eu gosto. Ganho a minha vida fazendo arte, é lindo”, fala. Dançarina, atriz, cantora, ela sabe do seu potencial. Talvez, seja a única profissional completa, aquela que sobe ao palco, canta, dança e interpreta. Aos 52 anos, impressiona pela forma física, conquistada por conta de muita dedicação. “Há 48 anos sou bailarina, malho e consigo manter uma rotina diária de exercícios. É um corpo cultivado. E nada é sacrifício, é disciplina. Claro que hoje não faço mais os 800 abdominais porque a coisa da maturidade muscular é muito legal. Agora, o meu treino é a metade do que era antes. Já dou o estímulo e ele vem”, explica a atriz. Dedicada, de verdade, Claudia Raia não mede esforços para se cuidar. Em certos momentos, quando o dia está apertado, ela não hesita em correr na esteira à meia-noite (pasmem!). “Sim! E isso acontece, às vezes, até no fim de semana. Em média, eu treino mais de uma hora e meia de dança, e uma de musculação”, afirma, com muita disposição. Divertida, quando o assunto são sabores à mesa, ela dispara: “Tenho horror a essa coisa de vegano!”. Não segue dietas da moda e muito menos tem hábitos radicais em suas refeições. “O que me faz perder a linha é arroz, em especial o risoto. Amo! Tem um índice glicémico altíssimo, mas sou capaz de comer uma panela inteira de arroz quentinho, aquele que é feito na hora”, entrega.
Maturidade “Não me trocaria por duas Claudias de 20”. Desse jeito, acompanhado de uma boa risada, La Raia brinca e encara com naturalidade a questão do passar do tempo. “Tudo se potencializa. Tanto os defeitos, quanto as qualidades. O bom é que agora estou na fase de falar menos, me colocar menos, porém, não quer dizer que estou apagada, com menos energia. Pelo contrário, trata-se de qualidade. Não adianta falar, discutir com quem não está aberto para um diálogo, isso é perda de tempo. Mas é sério quando falo que me sinto melhor agora do que aos 20 anos. Estou menos ansiosa, antes queria desbravar o mundo – e ainda sou assim um pouco porque tenho a alma de 14 anos. Eu diria que sou uma adolescente um pouco mais madura”, dispara. 20 .
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A mulher dos 50 é a nova dos 30 anos. As pessoas têm medo porque ela já é dona da própria vida. Sentindo-se melhor hoje do que nos anos 80, quando estreou na TV, nos folhetins, com a divertida dançarina Ninon, de “Roque Santeiro”, a atriz brinca que não tem mais aquela sensação voluptuosa da época. Os anos se passaram, mas Claudia lida bem com o assunto. “Você envelhece ou morre. Eu prefiro envelhecer! Acho que preciso de mais uns 100 anos para realizar tudo o que quero (risos)”, brinca e ainda completa: “Tenho muita coisa para viver. A maturidade me trouxe sabedoria. Este é o melhor momento que estou vivendo”.
Fall in love E, realmente, ela está numa ótima fase. Mãe de Enzo e Sophia Celulari, fruto da relação com Edson Celulari, com quem ficou casada por 17 anos, Claudia reencontrou o amor ao lado de Jarbas Homem de Mello – oficializou a união com o ator em dezembro do ano passado, numa cerimônia budista, religião que a atriz é praticante há 20 anos. “O meu lema de vida e o mantra “Nammyoho-rengue-kyo”, que significa ‘Peço perdão de todas as minhas causas passadas, harmonia com o Universo e fusão com Deus’. Plantar o amor em tudo o que faz, estender a mão, saber enaltecer é maravilhoso. A vida fica incrível quando não desejamos o lugar da outra pessoa. Acho que a gente consegue viver em paz”, reflete. Cheia de personalidade, direta no ponto, apesar de estarmos em pleno 2019, a atriz acredita que há muito preconceito na sociedade. “A mulher dos 50 é a nova mulher dos 30 anos e que as pessoas têm medo porque ela é dona da própria vida, já sabe o que quer. Mas a nossa cultura é de achincalhar a mulher achando que ela não tem lugar ao sol. Mas é ao contrário. É ela quem tem lugar ao sol. As outras precisam ainda conquistar. Falo por mim. Estou no auge dos meus projetos, com saúde, casei-me aos 51 anos e posso engravidar. Só o Brasil é que não vê o que o mundo inteiro já fala”, diz a atriz. ABRIL . 2019
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E ainda completa: “No caso da Xuxa, que é uma mulher deslumbrante e tem uma carreira maravilhosa, ela fez uma foto nas férias dela, publicou na própria página e as pessoas (as mais jovens) fizeram aquilo. É um absurdo. Nós vivemos num país extremamente machista em que os homens têm é medo. Tanto que preferem uma novinha, que não tem a menor opinião, a uma mulher madura”.
de hoje, eu acho que andamos para trás. Antes ninguém estava tão preocupado com a vida alheia, em fiscalizar o desejo do outro. Agora, eu vejo um falso moralismo, o preconceito nas pessoas. É um retrocesso. Tínhamos uma liberdade que perdemos. As pessoas querem controlar a felicidade alheia, querem ditar o que é certo e o que é errado, não dá!”, explica.
Recentemente, um baque na vida da atriz foi a perda da mãe, Odette Raia, aos 95, no mês passado. Ela prestou uma linda homenagem em sua página de uma rede social. “Voe para a Luz, Rainha Raia! Te amarei eternamente", escreveu.
No ar com um figurino colorido, divertido, e um cabelo no estilo anos 90, volumoso, ela brinca que as madeixas estão na tonalidade merthiolate. “É bem uma cor da época! Ficou perfeito com o figurino dela, que é inaceitável. A personagem é equivocada em tudo, da cabeça aos pés. Porém, tem harmonia, não sei como. A Lidiane é mais, é toda errada”, diz.
Back in the 90’s De volta à TV com a impagável Lidiane, uma ex-atriz de pornochanchada que faz de tudo para a filha Manu (Isabelle Drummond) voltar ao estrelato, a atriz afirma que o trabalho com o novo folhetim é uma delícia. “É uma trama leve, solar, uma delícia de fazer. E, claro, tem toda uma nostalgia que a época traz. A década de 90 foi muito especial para mim. Foi nela que eu consolidei a minha carreira, que fui mãe”, conta. Desse tempo, Claudia ainda guarda outras boas recordações no que tange à parte do comportamento. “Se compararmos com os dias
Com 35 anos de carreira, 480 capas de revista e muitos sucessos na TV, como Tancinha, de “Sassaricando”, Adriana Ross, de “Rainha da Sucata”, Donatela, de “A Favorita”, entre outros, ela brinca que foi a década das musas. “Eu fui de tudo: do verão, do Brasil, dos anos 90. Existia uma alegria, um colorido, foi um tempo dançante. E até hoje na minha playlist sempre tem músicas dessa época. Ídolos que eu escutava e estão na novela como Cazuza, Tim Maia, Rosana, Gretchen. Foi tão bom esse tempo que posso te garantir que sinto falta de tudo! Até mesmo do telefone com fio (risos)”, finaliza. n ABRIL . 2019
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Vida nova Fabiana Karla surgiu diferente no ar para viver a divertida Madá, em “Verão 90”. Ela fez uma tatuagem no pulso esquerdo, que é um símbolo celta, que representa a feminilidade, os elementos da natureza. A transformação também aconteceu com a alimentação. A atriz reduziu o açúcar (usa somente no café) e passou a realizar refeições mais proteicas, mas sem esquecer o carboidrato. “Não vivo sem, senão desmaio”.
De volta ao batente
(@fabianakarlareal)
Quem estava com saudade do bonitão Bruno Cabrerizo, longe da TV desde a trama de “Tempo de Amar” – que marcou a sua estreia na dramaturgia brasileira – já pode comemorar! O ator está de volta à TV na trama de “Órfãs da Terra” e promete arrancar suspiros das suas fãs vivendo o capanga Hussein. Curiosidade é que antes de fazer sucesso por aqui, foi jogador de futebol, apresentador de TV na Itália e fez novelas em Portugal. (@bruno_cabrerizo)
Novidade fashion A atriz Jeniffer Oliveira, no ar dando vida à protagonista Flor, em “Malhação”, acaba de se lançar no mundo da moda com a sua nova marca beachwear: a Jeni.O. Apaixonada por moda praia, ela amadureceu a ideia após anos de estudos e pesquisas, e a colocou em prática ao criar a própria brand, que já nasce vitoriosa. Mesclando bom gosto e qualidade, a coleção, batizada como Amora, chega cheia de estilo para invadir araras e closets. Entre os destaques estão biquínis com amarração chiclete e tops de meio bojo, sunkinis de cintura alta, e maiôs – no estilo shoulder e off-the-shoulder – com direito a laços amarrados no ombro, para trazer a pegada navy. Lindos! (@usejeni.O)
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Mulheres do Sul
kátia maraschi Empresária Balneário Camboriú
Manolo Rodríguez
Nosso destaque Mulheres do Sul é a empresária Katia Maraschi. Com 42 anos a economista, especialista em finanças corporativas, e mestre em administração, comanda a KM Polímeros, consolidada no mercado há 19 anos. Com sede em Balneário Camboriú, a empresa atua na representação de matérias-primas virgens e recicladas para a indústria plástica. Kátia é reconhecida por sua expertise e habilidade nas negociações internacionais com vários países do mundo. Não apenas uma empresária, mas uma mulher que consegue atingir os seus objetivos sem perder a elegância, a simpatia e, principalmente, a vaidade.
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especial | Bento Go n ç a lve s
FAMÍLIA VALDUGA paixão e pioneirismo que ultrapassam gerações
Acervo / Família Valduga
Da produção de uvas à excelência em vinhos e espumantes, a história da família Valduga se desenvolveu em torno dos vinhedos e hoje é um dos maiores nomes da vitivinicultura brasileira.
Da esquerda para a direita. Em pé: Luiz Valduga, Maria Valduga, Elisabete Maria Panno Valduga, Breno, Marlene, Erielso e Juarez Valduga Sentados: João Valduga e Carmen Fontanive Valduga, com as crianças Eduardo, Jones, Luísa e Ana Paula Valduga
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por Camila Severo
O casal Maria Valduga e Luiz Valduga
Juntos, cada um com uma função bem definida dentro da empresa, eles seguem um legado que começou em 1875. Para fugir da pobreza, os primeiros imigrantes da Famiglia Valduga, liderados por Marco, chegaram ao Brasil. Vindos de Rovereto, ao norte da Itália, eles ainda não sabiam que ao cultivar os primeiros parreirais começariam a fazer história – não só da família, mas também, a que se confunde com a do vinho brasileiro. O local onde se instalaram foi o Vale dos Vinhedos – microrregião dentro da cidade gaúcha de Bento Gonçalves, que possui um terroir com tal grau de excelência, é a única avalizada pelo selo de Denominação de Origem (DO) no Brasil. "Meu avô não sabia ler e nem escrever, plantava e revendia uva, mas um dia pararam de comprá-las. Como ele já produzia uma bebida de qualidade, decidiu fazer vinho como negócio", conta o neto mais velho, Jones Valduga, que trabalha com o pai e os tios. Dayson Marx
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E
nólogo de formação, João Valduga herdou o carisma do pai e é o "relações públicas" da família. Erielso, o mais reservado e workaholic dos irmãos, chega a dormir dentro de um caminhão em meio aos vinhedos se o momento exige atenção extra. Já Juarez Valduga, que completa o trio, quase virou padre, por pouco não seguiu carreira no exército e se formou em engenharia civil. No entanto, ele largou tudo a pedido da mãe, Maria Valduga, que percebeu que o esposo, Luiz Valduga, já não dava mais conta para tocar o pequeno negócio sozinho, ainda mais após a perda abrupta de dois dos filhos. "Nunca vou esquecer do dia em que fui até um banco pedir dinheiro para comprar um quilo de café, outro de açúcar e de sal. Chamaram-me de 'colono grosso' e aquilo doeu. Afinal, eu tinha estudado e acabado de largar tudo. Com as compras em mãos, chorei os seis quilômetros caminhando na estrada de terra, de volta para casa... Hoje, eu me reconheço com orgulho: ser colono é minha profissão", diz Juarez, que jamais fica longe do seu chapéu de palha.
Da esquerda para a direita. Sentados: Juarez, Erielso e João Valduga Em pé: Eduardo, Ana Paula, Elisabete Maria Panno Valduga, Pedro Rotava Valduga, Elisabete Rotava Valduga, Bruna, Carmen Fontanive Valduga, Luísa, Rachel Romagna e Jones Valduga
Juarez Valduga: “Insistência, persistência e não desistência”
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Cave de espumantes na Casa Valduga
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Atualmente, entre as diversas empresas, o conglomerado soma cerca de 350 funcionários e tem como carro-chefe a conhecida Casa Valduga. "Trabalhamos para ser uma vinícola conceito no Brasil, unindo avançadas tecnologias agrícolas ao fazer a coisa certa, tanto para o homem quanto para a natureza", comenta João Valduga, expesquisador da Embrapa e que herdou do pai o dom e o prazer em receber bem as pessoas.
A vinícola "Antes de fazer duas garrafas de vinho faça uma, mas bem feita", já dizia o patriarca e fundador da casa, Luiz Valduga, que, junto com os seus filhos, estabeleceu importantes parcerias, possibilitando o crescimento da Valduga, a primeira vinícola familiar com produção de vinhos finos na região, aberta em maio de 1973. Hoje, a empresa produz uma média de dois milhões de garrafas ao ano, em sua maioria espumantes, em cerca de 250 hectares de vinhedos próprios no Vale dos Vinhedos; em Encruzilhada do Sul, na Serra do Sudeste; e em Uruguaiana, na Campanha.
Vinhedo em Encruzilhada do Sul >
Ainda exporta para 20 países, possui a maior adega particular da América Latina – com espaço para seis milhões de garrafas e ocupação atual de 2,5 milhões – e tem inúmeros rótulos premiados. "Na cerimônia de posse dos presidentes brasileiros é servido o nosso espumante 130 Brut, considerado um dos melhores do Brasil", diz o enólogo João, com a satisfação de quem sabe que, em breve, vem mais coisa boa por aí. Afinal, eles estão se preparando para lançar os vinhos da histórica safra de 2018, considerada uma das melhores de todos os tempos. "Acho que será o melhor chardonnay produzido pela Valduga". ABRIL . 2019
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Loja de produtos Casa Valduga
Conhecida por ter sido a primeira vinícola a construir um complexo enoturístico no Brasil, na década de 1990, eles possuem, no mesmo espaço, a vinícola, os vinhedos, o restaurante e as pousadas (com apenas 24 acomodações e batizadas com os nomes dos vinhos ícones da Casa Valduga – Pousadas Raízes, Leopoldina, Identidade, Gran e Storia). Elas aliam o rústico ao moderno, associados ao charme de estar hospedado no coração de uma vinícola e cercado de parreirais, com o encantador Vale dos Vinhedos como pano de fundo. Sem dúvida, trata-se de uma experiência única. "Para tentar fazer um resgate histórico, fomos os pioneiros a oferecer a pisa da uva. Há 20 anos tínhamos apenas cinco pessoas para atender, hoje, a cada fim de semana são dezenas. Ficamos muito felizes, pois sentimos como se estivéssemos chamando os visitantes para dentro de casa e dizendo: eu quero beber com vocês o meu vinho", comenta João.
Pousada Leopoldina
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O jeito de "casa da nonna", a comida típica com receitas caseiras servida no restaurante Maria Valduga, o bom vinho e o povo acolhedor fazem da Casa Valduga um case de sucesso quando o assunto é turismo.
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Pioneirismo
Suíte 23 da Pousada Storia
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Colheita na Vindima
Atrações Aos frequentadores o espaço oferece uma imersão no mundo da uva e do vinho que inclui visitações, cursos e experiências. Entre os destaques, duas chamam a atenção: a Festa da Vindima (apenas nos meses de janeiro e fevereiro, com café da manhã sob os vinhedos e a famosa pisa da uva) e o My Exclusive Champenoise. Este último propicia que cada um seja enólogo de seu próprio espumante ao longo de um fim de semana. O pacote abrange 18 garrafas do espumante elaborado com rótulo personalizado.
“Na cerimônia de posse dos presidentes brasileiros é servido o nosso espumante 130 Brut”
Além disso, há opções diárias de visitação, onde é possível conhecer o processo de elaboração de vinhos e espumantes, a tecnologia e os cuidados para originar produtos de alta qualidade. Este passeio costuma ter duração de até 1h30 e, mediante reserva, tem a opção de guia falando inglês ou espanhol. O custo é de R$ 40 e o visitante leva para casa uma taça de cristal gravada com a marca da Casa Valduga.
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especial | Bento Go n ç a lve s
O Maria Valduga Fartura, simplicidade e sabor. É assim, seguindo os passos dados pela matriarca Maria Valduga, que o restaurante que leva o seu nome conquistou os turistas. No local, coberto por históricas pedras de basalto e onde funcionava a pequena cantina do Luiz, são servidas receitas inspiradas nas criações da matriarca, como o galeto ao primo canto e a sequência de massas artesanais. Quem for até lá não pode deixar de dar uma espiada na Cave das Pipas: um ambiente carregado de histórias, com mesa única, cercado de pipas centenárias – local onde a família iniciou a elaboração e produção de vinhos. Hoje, a mão de ferro do local é outra figura feminina da família. Trata-se de Elisabete Maria Panno Valduga, esposa de Juarez. “Tudo é produzido aqui, as massas são caseiras e boa parte dos insumos plantados”, comenta. Para quem quiser conhecer, o local fica aberto diariamente para almoço (quando serve uma sequência típica italiana com sopa, saladas, carnes e massas) e em alguns dias para o jantar (quando ainda há a opção à la carte). n
Storia Merlot: vinho ícone da vinícola, com tiragem limitada Luiz Valduga: o vinho mais expressivo da história da vinícola Maria Valduga Brut Vintage: uma joia em homenagem à matriarca
Vinícola Casa Valduga | Pousada | Restaurante Via Trento 2355 – Linha Leopoldina – Vale dos Vinhedos Bento Gonçalves/RS | (54) 2105-3122 Enoturismo: visitações, cursos e experiências (54) 2105-3154 | casavalduga.com.br
Restaurante Maria Valduga
O conglomerado da Famiglia Valduga Casa Valduga – 2,5 milhões de garrafas produzidas ao ano e exportadas para 20 países. Casa Madeira – Inaugurada em 1992, produz de suco de uva a geleias, chás e antepastos 100% artesanais. Cave de Pedra – Desde 1997, cerca de 45 mil garrafas de vinhos e espumantes são elaboradas por safra nesta vinícola criada por empreendedores da região de Bento Gonçalves e que tem como um dos sócios a família Valduga. Ponto Nero – Há 11 anos produz espumantes pelo método charmat (a Valduga usa apenas o método tradicional), com 12 variedades. Domno – Importadora aberta em 2008, trabalha com 260 rótulos de vinhos, de 11 países, e cervejas especiais. Leopoldina Jardim – Há cinco anos, uma casa centenária, que fica em um terreno próximo à vinícola, oferece variada programação ao ar livre, gelatos artesanais, bistrô, além de loja. Cervejaria Leopoldina – Aberta em 2015, produz cerca de 30 mil litros de cerveja artesanal por mês. Vinotage – Há quatro anos a empresa produz cosméticos que têm como base o óleo de semente da uva.
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Um pedaço de Nápoles em plena Serra Gaúcha Assistir à final da copa de 1970 tomando um Aperol Spritz é só um dos atrativos da pizzaria que conseguiu fugir do óbvio e criou um ambiente que te leva direto para a Itália. 36 .
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por Camila Severo fotos Benito Rizzo
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pizzaiolo Jorge Marini, 42 anos, é neto de italianos, viveu por 13 anos no país da bota e era um adolescente quando o seu filme favorito, “Oito e Meio”, de Federico Fellini, foi lançado. A obra o marcou de tal jeito que foi escolhida para ser o nome do seu negócio: a pizzaria Otto e Mezzo Pizza Verace, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. E mais: tudo foi montado na convidativa casa onde ele cresceu, de propriedade dos avós maternos. “Esse filme fala da vida, da morte, da arte, da memória”, diz o proprietário do estabelecimento, que resolveu levar um pouco desta intensidade para o próprio empreendimento. Hoje, com 11 meses de funcionamento, o espaço já se tornou um verdadeiro point na cidade, com seus lugares disputados por moradores e turistas. O sucesso é creditado a três motivos: a decoração – um misto de objetos de família e de antiquários – é alegre, irreverente e charmosa –, o sabor da pizza, que é artesanal (a massa passa por um período de 24 horas de fermentação natural e é feita em forno a lenha com produção limitada), e os ingredientes, selecionados com rigor, alguns (farinha de trigo e extrato de tomate) vindos direto da Itália
Jorge Marini, pizzaiolo e anfitrião ABRIL . 2019
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O lendário jogo Brasil 4 x 1 Itália
(Nápoles). “Um dos segredos é este. A lenha, por exemplo, não pode ter resina e a água precisa ser pura”, explica Jorge, que está sempre circulando pelas mesas e esbanjando simpatia. “A vida é uma festa, vamos vivê-la juntos”, diz, parafraseando o filme preferido, com um belo sorriso.
Pedacinho da Itália A casa onde funciona a Otto e Mezzo pertenceu aos avós de Jorge, a nonna Rosa Linda Sonaglio e o nonno Olivo Paese. E é no porão que o local tem o seu ponto alto. Destaque para a decoração colorida com objetos antigos e frutas. E ainda as cenas que presenciamos por lá: pessoas fazendo fotos “com os óculos e o chapéu” de Marcello Mastroianni, junto de um bom Aperol Spritz em uma das mãos e um farto pedaço de pizza na outra. Para completar tem o cenário da final da Copa do Mundo de 1970 (o lendário jogo Brasil 4 x 1 na Itália) passando em uma televisão em preto e branco. E, se tiver sorte, ainda será possível presenciar grupos que ocupam as mesas maiores e cantam canções típicas. Sim, isso é algo comum. Afinal, Bento Gonçalves é terra de italianos, eles estão por todos os lados e não negam as origens: são alegres, falam alto e não têm vergonha de ser feliz.
Oito pizzas (e meia!) Na Otto e Mezzo o cliente encontra no cardápio fixo oito pizzas e meia disponíveis (olha a influência de Fellini de novo!). Cada uma fica pronta em cerca de dois minutos. “Um para preparar e o outro no forno a lenha”, explica. 38 .
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Dayson Marx
Sergei Norgini, o “Ciccio Bello”, produzindo mais um Aperol Spritz
A focaccia, que ocupa lugar de destaque entre as mais pedidas da casa, é servida como uma pizza. Vale ressaltar que a pizzaria trabalha com uma produção limitada. Por dia, são feitas entre 90 e 100 unidades de pizza. “Temos que ser simples, mas ter excelência no que fazemos”, reforça Jorge.
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Luigi Florian, 47, que é de Treviso, no Vêneto, e hoje mora com a esposa na Serra Gaúcha, é um dos frequentadores assíduos da Otto e Mezzo Pizza Verace. “Não se encontra pizza igual na região. Se um italiano que mora no Brasil vem aqui, mata a saudade”, diz. Um detalhe: é tradição na casa saborear a autêntica pizza napolitana com as mãos. Isso mesmo! Porém, o local dispõe de pratinhos de papel e guardanapos, não cobra a rolha e não tem garçons, ou seja, cada um se serve. Basta abrir a geladeira e pegar uma cerveja artesanal ou lançar mão de uma garrafa de vinho ou de espumante, anotar tudo no bloco – que fica disponível em cima da mesa –, e mais tarde levar até o caixa. “Sermos honestos já é o início de uma revolução”, pontua o proprietário, que ainda fala: “Tudo é energia, movimento e evolução… E a saudade é o sentido da vida”. Porém, antes de cruzar a porta de saída, não deixe de pedir um legítimo gelato italiano e uma dose do tradicional limoncello (um licor produzido no sul da Itália, especialmente na região do golfo de Nápoles, na Costa Amalfitana e na ilha de Ischia e Capri). n
Rua Brasília, 329, Botafogo – Bento Gonçalves – RS (54) 3702-5000 | Aberto: quarta a domingo, a partir das 18h30 Aconselhável fazer reserva facebook.com/ottoemezzopizzaverace ABRIL . 2019
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Regina Nobrez
Membra da Academia de Belas Artes, Regina Nobrez é uma das principais entusiastas da arte no Brasil
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ornalista, cantora, agitadora cultural e embaixatriz da arte pela Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro, Regina Nobrez, é uma figura emblemática da ilha de Santa Catarina. Vivenciou os tempos áureos de Florianópolis nos anos 1980, quando foi repórter da TV Cultura. Também trabalhou em rádio e teve uma agência de modelos e eventos, a Focus Agência Fotográfica de Modelos e Eventos, em parceria com o ex-marido. “Estudei
Jornalismo, trabalhei em rádio e tive essa agência de modelos e de eventos. Trouxe muitos cantores que se apresentavam no eixo Rio-São Paulo como Djavan e Ivan Lins. Também produzi desfiles, mas sempre mantive um pé no mundo da arte”, explica. Aos 27 anos decidiu rumar para o país que transformaria a sua vida. “Eu me mudei para a Itália bem jovem, numa época em que era raro as pessoas
saírem do Brasil para viver em outra parte do mundo. Comecei a fazer contatos até que consegui trabalhar nos jogos das Olimpíadas de Inverno de Torino. Organizava a parte cultural, eventos, degustações, música, arte e moda. Então parti para cidades como Firenze para produzir grandes eventos. Apaixonada por música, passei a cantar, uma das coisas que mais amo fazer na vida”, destaca ela, que gravou o álbum Tutti I Colori Dell’ Anima, em que toda a renda foi revertida para a ong italiana Emergency – que desenvolve um trabalho para os refugiados de guerra, e para o Lar Recanto do Carinho, de Santa Catarina. E foi ao conhecer os donos da galeria Tartagliarte, em Roma, que seu maior encontro com a arte aconteceu. “Comecei a trabalhar com eles e fiz cursos de curadorias. Dali parti para o rumo que definiria de vez a minha vida. Casei-me com o Ricardo, filho do galerista e aprendi com ele a admirar e reconhecer a boa arte. Como curadora, passei a levar artistas brasileiros para a Europa e trazer uns de fora para cá, organizando mostras internacionais e promovendo esse intercâmbio maravilhoso”, completa Regina, que se divide entre Roma, Firenze, Rio e Florianópolis. Pela curadoria de Regina, grandes nomes da arte contemporânea expuseram fora do Brasil. Ela já trabalhou em exposições de artistas como Luciano Martins, Juliana Hoffmann, Rogério Botelho, Ilka Barcelos, entre outros. “Estou com a curadoria de um circuito de arte que está percorrendo o Centro Cultural dos Correios de diversas cidades. Já passamos pelo Rio de Janeiro (e vamos voltar em novembro), São Paulo, Brasília e agora estamos em Porto Alegre”, finaliza. (@reginanobrez | tartagliaarte.org)
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Em alta Com 12 anos de experiência na área de beleza, a médica e PHD em Biotecnologia da Beleza, Andrea Soccol, vem trabalhando há oito anos em cima de um produto para atender a todos os tipos de pele das mulheres. E ela conseguiu! A expert criou a marca Je Suis que vai chegar ao mercado ainda neste primeiro semestre. Em julho, ela viaja para Nova York para receber o prêmio de uma revista de celebridade brasileira, por conta do seu primeiro livro, “A Cura Física”. Andrea ainda vai lançar após o meio do ano outro livro: “Liberdade: A Beleza está em Você!”. Sucesso! (@draandreasoccol)
Poderosa Claudia Gomes é o nome quando falamos de famosos e pessoas influentes de Santa Catarina. Há 10 anos trabalhando como colunista social, ela já teve programa na Record News e escrevia para o jornal Notícias do Dia. Atualmente, Claudia tem um programa de entrevistas em uma TV online e ainda assina suas notas, pra lá de influentes, em mais três veículos impressos. (@colunistaclaudiagomes)
No salto Com 19 anos de TV Globo e 12 novelas, com papéis de destaque como Shiva, na trama “A Favorita” – que lhe rendeu o prêmio de Melhores do Ano, Miguel Rômulo já entrou em “Verão 90” e promete movimentar a trama, com garantia de cenas leves e divertidas. No folhetim, ele dá vida a Sabrina, uma Drag Queen que comanda os shows na galeria Sibéria, por onde vão passar diversos personagens. Promete! (@miguel_romulo) 42 .
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Mulheres do Sul
rose campos Arquiteta Florianópolis
Arquiteta de renome, já tendo participado de grandes eventos como a Casa Cor, Rose Campos é expert quando o assunto é decoração de interiores. Com muito bom gosto em tudo o que faz, hoje ela atende em casa, num ambiente mais intimista e diferenciado.
Rafael Feuerharmel
Desde 2000 trabalhando com esse ramo da arquitetura, Rose sempre se mantém atualizada a todas as novidades que chegam, de diversas partes do mundo. “Estou sempre viajando para me reciclar. Estive em Milão para buscar inspirações, ver o que tinha de novo. Procuro fazer um trabalho com os meus traços, meu estilo, mas sempre respeitando o que o cliente quer naquele momento”, finaliza.
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Fotos / Divulgação
Todos a bordo!
Litorina de Luxo
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por Luciana Pereira
Passeio de trem da Serra do Mar Paranaense é um dos principais atrativos do estado do Paraná e pode ser feito em clima de luxo e nostalgia no novo vagão Barão do Serro Azul.
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ue tal viajar de trem e ter a sensação de estar nos vagões de luxo que cortavam as ferrovias do Brasil nos anos 1930? Para quem curte nostalgia, essa é uma das propostas do percurso da Serra do Mar, com 70 quilômetros, feito entre as cidades de Curitiba e Morretes, município da região litorânea do Paraná. A viagem é hoje o segundo principal atrativo turístico do estado, atrás apenas da cidade de Foz do Iguaçu. “Em média, 200 mil pessoas fazem o passeio por ano, o que representa um impacto bastante positivo para o turismo de Curitiba e também para o litoral do Estado, em especial Morretes”, ressalta Gabriela Junqueira, analista de marketing da Serra Verde Express, empresa que opera oficialmente o trem turístico de passageiros da Serra do Mar Paranaense na ferrovia Paranaguá–Curitiba.
Ferrovia que liga Curitiba a Morretes
Restaurante Serra Verde Express, em Morretes
E desde primeiro de março, o trajeto conta com uma novidade de encher os olhos: o Barão do Serro Azul, novo vagão de luxo com varanda panorâmica. O carro é o sexto da categoria com serviço de primeira classe e tem como diferencial a sensação aumentada de integração com a natureza por conta das amplas janelas – que podem viajar abertas ou fechadas – e da varanda de seis metros quadrados. Assinado pela arquiteta Lucille Amaral, o projeto retrofit foi inteiramente desenvolvido com materiais sustentáveis e madeira certificada. O carro, que data de 1954, foi adquirido em leilão no Espírito Santo e levado a Curitiba para reforma. “O vagão tem capacidade para 32 passageiros e foi batizado de Barão do Serro Azul em homenagem a um importante personagem da história política e econômica do Estado: Ildefonso Pereira Correia, o maior produtor de erva-mate do mundo. Tema de livros e de filme, o poderoso Barão foi assassinado no km 64 da ferrovia Paranaguá-Curitiba durante a Revolução Federalista”, explica Gabriela. ABRIL . 2019
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As belezas que emolduram a estrada de ferro Com mais de 130 anos de idade, a estrada de ferro é considerada uma das cem obras de engenharia mais importantes do Brasil e está localizada na maior área contínua de mata atlântica preservada do país. Túneis, pontes, picos e montanhas desenham a paisagem ao longo de todo o percurso. Entre os destaques está o Parque Estadual Marumbi, que tem diversas cachoeiras, trilhas e espaço para acampar, e abrange os municípios de Morretes, Quatro Barras e Piraquara. É a maior unidade de conservação do Estado aberta ao público e considerado Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco, pela proteção à Floresta Atlântica.
Carlos Renato Fernandes
Na sequência, vem a Cachoeira Véu da Noiva e duas obras magníficas da engenharia. A primeira é a Ponte São João, que desde 1885 tira o fôlego dos viajantes que passam pelo seu vão livre de 110 metros de altura. Agora a atração pode ser apreciada diretamente da varanda do novo vagão. Logo depois se avista o viaduto Carvalho, sustentado por cinco pilares de alvenaria em curva, dando a sensação de que o trem está voando. A histórica Morretes aparece logo no fim da serra.
Mirante Santuário do Cadeado
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Divulgação
Opções de passeio Além do Novo Barão Serro Azul, há outras opções para aproveitar o passeio da linha de trem Curitiba-Morretes. Uma delas é a econômica, sem serviço de bordo, e que custa R$ 65 por pessoa. A classe Turística inclui serviço de bordo com uma água ou um refrigerante, kit lanche e guia turístico (português). Os valores são R$ 125 (adulto) e R$ 82 (criança de até 12 anos). Já as categorias Camarote, Imperial e Barão do Serro Azul oferecem um welcome drink (espumante), água, refrigerante, cerveja, lanche especial (café da manhã ou café da tarde) e guia bilíngue (português/inglês). Cada uma custa R$ 235 (adulto) e R$ 145 (crianças de até 12 anos). Por fim, a opção Litorinas Foz do Iguaçu, Copacabana e Curitiba tem serviço de bordo com welcome drink (espumante), água, refrigerante, cerveja, lanche especial (café da manhã ou café da tarde) e guia bilíngue (português-inglês) nos valores R$ 265 (adulto) e R$ 155 (crianças de até 12 anos). n
Os bilhetes podem ser adquiridos pelo site serraverdeexpress.com.br ou diretamente no saguão da estação de trem (Rua Presidente Afonso Camargo, 330, Bairro Centro) em frente ao Mercado Municipal – Curitiba (41) 3888-3488 e (41) 9.8867-8022
Litorina de luxo na estacão Marumbi | Serra do Mar
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Mulheres do Sul
Zila Nodari e Carol Nodari Empresárias Bento Gonçalves
Outra mulher de destaque na nova seção Mulheres do Sul é a empresária e artista plástica Zila Nodari, com o seu Zila Espaço de Arte, em Bento Gonçalves. Ela conta com o auxílio da filha, Carol Nodari, para tocar a loja.
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Com o espaço bem badalado, as duas trabalham com peças de 40 artistas parceiros de vários lugares como Victor Hugo e Mirian Postal. No local é possível encontrar telas de acrílico, esculturas abstratas e figurativas e artigos de decoração, como vasos, relógios, espelhos, bandejas e muito mais. É tudo lindo!
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Festa do espumante brasileiro Pioneira na elaboração de espumantes no Brasil, Garibaldi mantém viva a cultura da produção de uvas e vinhos, desenvolvida na Serra Gaúcha por imigrantes italianos e descendentes. E por falar em tradição, a Fenachamp (Festa do Espumante Brasileiro), que existe desde 1981 e é realizada a cada dois anos, terá a sua 19ª edição entre os dias 3 e 27 de outubro, com 25 vinícolas no mesmo espaço. Além da variedade de espumantes, a gastronomia será um capítulo à parte. Com mais de dez restaurantes, os visitantes poderão saborear pratos à la carte e coloniais, petiscos e lanches. Atualmente, o evento está no Guinness Book com a maior quantidade de participantes, 277. Imperdível! Parque Fenachamp, Garibaldi. Informações: (54) 3462.6779
Único Com o intuito de elaborar um produto de personalidade marcante, a Vinícola Lovara criou o espumante Gran Nature a partir das variedades da Chardonnay (50%) e do Pinot Noir (50%) para representar a busca pela excelência na bebida. O sucesso é garantido. (vinicolalovara.com)
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Imperdível A união de jovens enólogos e apaixonados pelo consumo sem compromisso do vinho acabou formando o Wine For Us! Quatro vinícolas (Larentis, Lovara, Cainelli e Cristófoli) e um restaurante (Cobo Wine Bar) fizeram do evento um sucesso. Com duas edições realizadas, a próxima já tem data marcada: sete de abril, na Vinícola Larentis, no Vale dos Vinhedos. Muita música boa, espumantes, vinhos e gastronomia! Tudo feito a céu aberto e em meio aos vinhedos. Aberto ao público, a entrada padrão sai a R$ 10 e dá direito à linda taça da campanha "Seu vinho, suas regras" do IBRAVIN, personalizada com a marca Wine For Us. (@wine_for_us)
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CASA QU4TRO OIT8
conectando natureza, pessoas e experiências por Luciana Pereira
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Localizado em Florianópolis, hotel propõe hospedagem afetiva e pautada na interação.
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ercada pela beleza da mata atlântica, debruçada sobre a Lagoa da Conceição e localizada em uma cidade que conjuga natureza e contemporaneidade por todos os cantos está a Casa Quatro Oito. Mais que um hotel, o espaço – construído sobre um morro no bucólico Canto dos Araçás, região leste de Florianópolis – propõe uma experiência de hospedagem pautada na troca e no compartilhamento. Inaugurado em 2016, o hotel boutique, que também é bar e restaurante, foi construído com o intuito de promover interação. Para expressar o conceito do espaço, a carioca Bianca Engelhardt Pereira inspirou-se nas memórias afetivas do passado, quando se mudou do Rio de Janeiro para Florianópolis, mais especificamente para a Lagoa da Conceição, aos 15 anos de idade com a família. "Floripa nos acolheu muito bem quando mudamos pra cá no início dos anos 1990. Nos juntávamos com moradores que também vieram de outras cidades e a nossa casa vivia sempre cheia. A ideia do hotel boutique partiu dessa lembrança. Eu cresci no Canto dos Araçás. A casa construída sobre a lagoa é quase um altar pra mim, uma forma de, todos os dias, reverenciar e agradecer pela natureza que há aqui. O empreendimento não foi planejado para as pessoas apenas se hospedarem. É aberto ao convívio entre hóspedes, moradores da cidade e amigos. Por isso tomei a decisão de ter apenas ABRIL . 2019
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quatro suítes, justamente para tornar essas relações e conexões mais íntimas e pessoais", explica Bianca. Após morar uma temporada fora do Brasil, ela voltou à terra natal e viu nas lembranças da adolescência o insight para empreender. De posse da ideia, lapidou a identidade da marca, escolheu o local e ergueu o espaço do chão. Para manter as belezas naturais como protagonista, optou por um íngreme terreno de 70 mil metros quadrados fincado na mata que não tinha nem caminho de acesso. Mas o desafio de levantar uma construção de 700 metros nessas condições foi recompensado com o aproveitamento máximo do que havia por ali como a vista da Lagoa, a boa circulação de vento e até as pedras que já existiam como parte integrante do projeto, assinado pela Arte Arquitetura, sob a batuta da arquiteta Marcia Barbieri. Assim surgia o hotel com proposta inédita na ilha, encrustado na natureza quase selvagem com ares contemporâneos, linhas retas, madeira, concreto aparente e muitas obras e peças interessantes, inclusive, do acervo pessoal de Bianca. Responsável por dar o toque cool sem afetação ao espaço, o fotógrafo, artista e cenógrafo Felipe Morozini fez um verdadeiro garimpo de objetos e itens decorativos que
Bianca Engelhardt Pereira: “Eu cresci no Canto dos Araçás”
Cozinha contemporânea
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se encaixam perfeitamente em cada centímetro dos ambientes. "A escolha dos profissionais uniu dois princípios que eu amo seguir: amizade e excelência. Marcia e Juliana, além de antigas amigas da família, são grandes conhecedoras da região dos Araçás, o que nos ajudou a construir da melhor maneira e com o menor impacto possível. Felipe é um grande amigo e entendeu que mais do que decorar o hotel, a ideia era criar espaços afetivos que já viessem com uma história, uma memória", destaca Bianca.
Vinícola Aurora Suíte 72 traz a sofisticação e sobriedade do preto
As suítes têm varandas privativas, banheiras e piso aquecido
Nos mínimos detalhes O lobby é o coração do hotel. Enorme, foi pensado justamente para tirar os hóspedes das suítes e promover conexões. Os quatro quartos que ficam no andar de cima também estão longe de seguir um roteiro previsível. A suíte 19 é predominantemente branca, o que torna o contato com a natureza do entorno ainda mais vibrante. Já a 28 traz o verde de fora para dentro da casa. A 63 mescla cores cruas e coloridos e a 72 traz a sofisticação e sobriedade do preto em consonância com obras de arte. As suítes têm varandas privativas, banheiras, piso aquecido, minibar e serviço de camareira. E quem quer aproveitar a vibe da Casa Quatro Oito não precisa se hospedar. O restaurante, com pegada contemporânea que reúne gastronomias internacionais como peruana e tailandesa, assim como o Barca, bar da casa cujos drinks são assinados por Tom Oliveira, finalista brasileiro do concurso de coquetelaria Bacardi Legacy, são abertos ao público. Aos sábados e domingos, entre 10h e 14h, há um convidativo café da manhã para quem quiser chegar. Basta reservar. Também está disponível serviço de day use diariamente, das 12 às 19h, para desfrutar da piscina aquecida com vista para a lagoa, da sauna e da academia funcional. Também sob reserva, é possível aproveitar massagem, ioga, manicure e outros mimos. "Nosso lema é "o aconchego de uma casa com a comodidade de um hotel". E acho que as pessoas estão cada vez mais em busca desse tipo de experiência. O objetivo principal era quebrar a frieza e a impessoalidade desse espaço boutique. E conseguimos. Já recebemos hóspedes e clientes de day use de diversas partes do mundo como americanos, ingleses, marroquinos, árabes, suíços... Eles ficam maravilhados com a visita dos nossos outros ‘hóspedes’ como os macacos-prego, tucanos e gralhas azuis... Esse clima familiar em conjunção com a natureza viva e presente por todos os cantos é o grande barato da nossa Casa", finaliza Bianca. n Casa Quatro Oito Rua João Henrique Gonçalves, 1005 Canto dos Araçás, Florianópolis (48) 3236-7686 | casaquatrooito.com.br
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fotos Fernando Willadino
Confraria Feminina do Champanhe de Florianópolis une paixão pela bebida e lições de solidariedade por Luciana Pereira
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á 15 anos, cinco mulheres apaixonadas por champanhe se reuniam pela primeira vez na capital catarinense com o intuito de degustar e compartilhar informações sobre a bebida. Esses encontros foram ficando cada vez mais frequentes e, com o passar do tempo, agregaram ainda mais mulheres interessadas no assunto. Surgia assim a Confraria Feminina do Champanhe de Florianópolis. Regularmente, entre março e novembro, dezenas de mulheres se juntam em diferentes lugares para degustar um jantar harmonizado com diferentes rótulos apresentados por um sommelier ou enólogo, o que já totalizou mais de 300 espumantes apreciados ao longo dos 15 anos de confraria. ”Todos os meses cerca de 60 mulheres, entre médicas, advogadas, empresárias, jornalistas e
sommelières se reúnem em torno do champanhe e da alta gastronomia, sempre em três tempos, entrada, prato principal e sobremesa. Nos nossos encontros já passaram rótulos de diversas vinícolas nacionais e internacionais, entre elas, Cristal, Bollinger, Krug, Pol Roger, Pommery, Taittinger e outras”, explica Ila Duwe, presidente do grupo. Além de entreter e revelar os fascínios que cercam o universo dos vinhos espumantes, a confraria
assumiu um papel social. O grupo abraçou o projeto do cirurgião plástico Dr. Raidel Deusher, que com uma equipe de médicos, anestesistas, enfermeiros e fisioterapeutas voluntários da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, devolve a autoestima a mulheres que enfrentam o câncer de mama, oferecendo cirurgias de reconstrução e orientação pós-cirúrgica. O amor pelo mundo dos espumantes também rendeu um rótulo exclusivo à CFCF, que foi desenvolvido em parceria com a Cave Geisse, vinícola da Serra Gaúcha premiada nacional e internacionalmente. A Confraria também já lançou o livro Planeta Efervescente – Os Champanhes, Os Espumantes, da Tempo Editora, que conta a história do Champanhe no Brasil e no mundo. “Quem quiser participar de um dos encontros pode ir como convidada através de uma confreira. Após rezar o estatuto e participar pelo menos duas vezes da reunião, é possível se associar à família”, encerra Ila. Para mais informações: (48) 9.9980-2444.. n > Ila Duwe
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A FEIRA QUE MELHOR HARMONIZA COM O MERCADO DO VINHO
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EDIÇÃO
FEIRA INTERNACIONAL DO VINHO
Realização
WINESA.COM.BR
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BENTO GONÇALVES - RS BRASIL
Apoio
Andrea Graiz
bom a petite!
Dionisia VinhoBar
Dois clássicos e duas boas novas da capital gaúcha por Camila Severo
Se o convite para conhecer a capital gaúcha for para um roteiro gastronômico variado, com muito sabor à mesa, não pense duas vezes e vá, sem medo, para Porto Alegre. Afinal, a cidade é rica em restaurantes tradicionais e contemporâneos e sabe misturar como ninguém o clássico com o novo. ABRIL . 2019
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Andrea Graiz
b om ap etite!
Dionisia VinhoBar: para os amantes de Baco
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ma verdadeira experiência sensorial. Assim é definida a casa Dionisia VinhoBar, que cultua a cultura do vinho. Afinal, possui 64 rótulos selecionados, em uma viagem por diversas partes do velho e do novo mundo. Estilos, variedades de uvas, novidades e ícones… É só escolher, servirse direto nas máquinas e, se na hora der dúvida sobre algum rótulo, basta pedir a ajuda dos dois sommeliers que ficam à disposição. Além das opções das máquinas, drinques com vinho, com e sem álcool, e espumantes são oferecidos. Já o cardápio foi pensado para exercitar os sentidos, com ingredientes que valorizam o produto, como a burrata, uma das queridinhas da casa. Mas, também há pratos individuais para agradar aos mais exigentes paladares. Além do bar, na Dionisia existe uma loja especializada em vinhos e livros. O espaço abriga uma das mais completas livrarias do mundo da bebida, com cerca de 300 diferentes títulos. Rua Padre Chagas, 314, Moinhos de Vento, Porto Alegre (51) 3392-6467 | Aberto: segunda a sábado (loja do meio-dia às 22h e bar das 18h às 24h). @dionisiavinhobar
Koh Pee Pee: um clássico que nunca sai de moda
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á 30 anos o premiado restaurante Koh Pee Pee se mantém fiel a um propósito: o de apresentar uma mostra real das principais receitas tailandesas, com mais de 40 variedades entre entradas, saladas, sopas, pratos principais e sobremesas. O restaurante possui variados prêmios nacionais e certificados internacionais de excelência, como o The Pride of Thailand – da principal entidade do setor gastronômico da Tailândia, o National Food
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Institute. Contudo, para seguir surpreendendo os amantes da culinária thai, menus sazonais são criados a cada estação. No último verão, o prato mais aclamado foi a entrada Kung Hom Pa. A criação da chef Zelda Dal’Molin é uma combinação de deliciosos camarões envoltos em massa crocante, recheados com castanhas, porco e gengibre. Rua Schiller, 83, Moinhos de Vento | (51) 3333-5150 Aberto: segunda a quinta-feira, das 19h às 23h30 sexta-feira e sábado das 9h às 24h
SUI Rooftop: alta gastronomia e bons drinks
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rimeiro rooftop de Porto Alegre, o SUI abriu suas portas em 2018 trazendo uma mistura que vem dando certo: alta gastronomia asiática, variedade em bons drinks, clima descontraído e um belo pôr do sol à beira da piscina. O cardápio, que conta com a experiência do chef Thiago Maeda, dá ênfase ao umami – palavra de origem japonesa que significa algo como “gosto delicioso” e seria o quinto sabor básico do paladar humano, em complemento ao ácido, ao doce, ao amargo e ao salgado.
japonesa, o Rock Shrimp. Os chefs Carlo Mota e Nicolas Franke, que atuam diariamente na cozinha do SUI, dizem que o prato nos transporta para a ‘Ásia de verdade’. “Camarões marinados na combinação da acidez do limão, com uma leve doçura do alho confit e a potência do óleo de gergelim, finalizada com a maionese spicy da casa. Um prato que vale quase um carimbo no passaporte”, brincam os chefs.
Para quem quiser visitar o local, vale experimentar um dos sucessos da culinária
Rua Dr. Vale, 579, Moinhos de Vento (junto ao Hotel Laghetto Viverone) | (51) 99127-2489 Aberto: terça a domingo, das 17h30 às 23h30
Chef Thiago Maeda
Gambrinus: o restaurante mais antigo de Porto Alegre
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osé Carlos Lopes Tavares é o cartão de visita do restaurante Gambrinus. Nos mais de 40 anos na casa, serviu turistas ecléticos e até ilustres personalidades, principalmente nomes da política que costumam ser presença frequente no local até hoje. “A mesa 01 é a preferida dos empresários, advogados e grupos mais executivos”, conta. E é com a simpatia de funcionários como José e com um cardápio apetitoso que o Gambrinus segue firme e forte desde 1889. Instalado no
Mercado Público de Porto Alegre, o espaço ostenta o título de mais antigo restaurante em atividade na capital e tem como ponto forte receitas com frutos do mar, além de filés e típicos pratos regionais. E possui o mais famoso pão com manteiga da cidade. Galeria 85, Mercado Público de Porto Alegre Centro Histórico | (51) 3226-6914 Aberto: segunda a sexta-feira, das 11h às 20h30 sábado das 11h às 16h. ABRIL . 2019
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Dayse Soares dayse@debordo.com.br
WW (Wash and Wear) Peças especiais, femininas, sensuais e atemporais, que te acompanham em qualquer ocasião. São leves, perfeitas para viajar, já que não pesam e nem amarrotam, e o melhor: podem ir para a máquina de lavar e depois de secas estão prontas para o uso.
Coleção É um mix total! Animal print combinados entre si e também com florais, cores que vão dos terrosos, passando pelo verde militar e degradês, e uma pitada de tons vibrantes! Tudo para alegrar a vida!
WW (Wash and Wear) vendas (31) 9.9825-0023 Fotos Marcio Rodrigues @marciorodriguesphoto Beauty Léo Cafe @leocafe Modelo Ana Crepaldi @_anacrepaldi Agência DOZE @agenciadoze
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deBORDO
Vestido de malha com tule, patchwork de estampas
Vestido mix animal print
Vestido de malha em tricô, com trama que vai entrelaçando o preto e o branco
ABRIL . 2019
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CHEGANDO A FLORIANÓPOLIS, USE TÁXI CREDENCIADO DO AEROPORTO. É MAIS SEGURO.
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AEROTAXI FLORIPA AIRPORT | 24 horas ATENDIMENTO EM TODA REGIÃO (48) 3331-4182 | (48) 9.9987-0748 Há mais de 22 anos cuidando de seus passageiros.
FIM DE TARDE NA AVENIDA BEIRA-MAR NORTE Foto: Makito | Floripa Convention
Cooperativa dos Motoristas Profissionais Proprietários de Táxi do Aeroporto
Fotos / May Spencer | Mayara Martins Rabello
Turismo terapêutico, a trip do momento
por Luciana Pereira
Viajar pode ser uma ótima oportunidade para buscar autoconhecimento
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ão é novidade que viajar traz bem-estar, mas você já pensou em aproveitar o período para refletir sobre o que te incomoda, repensar escolhas e, sobretudo, se autoconhecer? É o que propõe o turismo terapêutico, uma mistura de viagem com terapia. Em Florianópolis, um dos principais destinos turísticos do Brasil, fica o Teluria Espaço Holístico, que oferece terapias diversas como reiki, hipnose, apometria quântica, florais, barra de acess, mindfulness e outras. À frente do espaço, a terapeuta Mara Bianka Nunes
explica que todas as terapêuticas são complementares e têm como função proporcionar autoconhecimento. “Elas não são concorrentes, pelo contrário, uma soma com a outra. Mas é importante dizer que todo processo terapêutico pode gerar dor, que não é física propriamente dita, mas a de se conhecer, de olhar para si próprio sem vendas”, explica Mara. Ela destaca que momentos de pausa e reflexão aliados à prática de terapias holísticas podem resultar em descobertas sobre potencialidades e virtudes. “Com o reiki, por exemplo, as pessoas aprendem a ser melhores com elas próprias”, fala a terapeuta, que também aplica a técnica a distância. Mara atende, inclusive, pessoas que moram em países como Nova Zelândia, Chile, Portugal, Amsterdã, Japão e Grécia. Além de promoverem uma profunda transformação vibracional, as terapias holísticas proporcionam efeitos práticos que se refletem na melhora do corpo físico. “Existem técnicas que melhoram sintomas como enxaqueca, estresse, insônia e até o que chamo de ressaca da quimioterapia, ou seja, os efeitos colaterais do tratamento”, ressalta Mara. Mas é importante destacar que, apesar de viagens serem boas oportunidades também para experimentar uma terapia holística, pode ser necessário que o tratamento se prolongue. “Há pessoas que fazem poucas sessões e já sentem uma mudança no padrão vibracional, emocional ou físico. Outras precisam de mais tempo de atendimento. Por isso, é necessário que os especialistas avaliem caso a caso”, finaliza. n Av. Governador Adolfo Konder, 63, São José, Grande Florianópolis – SC (48) 9.9921-9243 | facebook.com/teluriaespacoholistico ABRIL . 2019 .
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Nehemias Gueiros, Jr. ngueiros@gmail.com Advogado especializado em Direito Autoral, Show Business e Direito da Internet
O OUTRO LADO DA TECNOLOGIA A primeira geração de CDs já está se deteriorando. Mídias digitais físicas são uma espada de dois gumes. Enquanto a informação digital, propriamente dita, pode ser duplicada em um infinito número de vezes sem qualquer perda geracional – vale dizer que teoricamente ela pode durar para sempre –, os suportes materiais da mesma informação estão sujeitos a defeitos e deterioração física. Em outras palavras, os arquivistas (incluindo nós), precisam substituir o suporte de tempos em tempos antes que ele falhe. Três décadas depois de seu advento, alcançamos uma época em que um dos mais populares formatos de mídia digital, o 'compact disk', ou CD, começa a dar sinais de falha. Uma das primeiras é a sua deterioração, que pode começar a acontecer em cerca de 10 anos. O problema é que as mídias ópticas utilizam uma combinação de diferentes substâncias químicas em seu processo de fabricação, que folheia um disco de plástico com as informações digitais. Erros de leitura, ferrugem e deterioração da qualidade sonora de reprodução estão entre os defeitos. O
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deBORDO
CDR (gravável) é ainda mais suscetível de degradação se comparado ao convencional. Inversamente, vários CDs desfrutam de vidas aparentemente eternas e ultrapassam esse período sem apresentar qualquer problema (o CD foi comercialmente introduzido no mercado há 37 anos, em 1982). Para entender melhor este quadro, é preciso estudar uma variada coleção de CDs de diferentes origens. A biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, por exemplo, realizou um estudo em 2009 para examinar a sobrevida de sua vasta coleção de CDs e descobriu que parte dela
ainda poderá estar em perfeito estado nos próximos 500 anos. Por outro lado, muitos CDs não duram nem 25 anos. A grande ironia do destino tecnológico é que em nossa época o marketing está divorciado da Ciência, pois nós nunca estaremos livres das limitações do mundo físico e do tempo. O homem sempre terá que se adaptar. O fato é que em toda a história da humanidade, nenhum outro meio de armazenamento de informação foi tão eficiente e duradouro como o papel. Basta lembrar dos Pergaminhos do Mar Morto, escritos há mais de 2.000 anos e até hoje intactos. n