T L AMO
Nº1 ANO 1
Á!
JANEIRO E FEVEREIRO DE 2014
GRATUITO
ALUNOS DA RESTINGA COMEMORAM APROVAÇÃO NA UFRGS Seis alunos do Cursinho Pré-vestibular Esperança Popular Restinga foram aprovados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2014. Dorival Fernando Villela Centeno, Luiza Ferraz Morales, Mariana Pires Morrudo, Silvana Souza
Schmitz, Tais Moni Muniz e Thaís Leal Barcelos conquistaram o ingresso na universidade federal. Juntam-se a esse time de vitoriosos, Gustavo Becker, aprovado no vestibular do IPA, e Joana Souza, aprovada pelo programa ProUni na Uniritter.
COMUNIDADE
O jornal Tamo Lá! conversou com alguns dos aprovados e conta como foi a vitória desses guerreiros, os desafios de um concurso que dura quatro dias como o da UFRGS, as dificuldades, os sonhos de cada um e como eles estudaram em 2013.
Já os não aprovados compartilham suas experiências de prestar o vestibular mais disputado do Rio Grande do Sul. As lições que ficaram do concurso que reuniu mais de 42 mil candidatos disputando pouco mais de 5,4 mil vagas nos 89 cursos de gra-
DICAS
FUTURO
duação da universidade. O aprendizado de cada um, o número de tentativas pro vestibular, as matérias difíceis... Afinal, todos têm dúvidas e é compartilhando ideias que é possível resolvê-las.
PÁGINAS 4 E 5
O educador de História, Gabriel Gonzaga, remonta a história da escravidão no Brasil, associando o passado com o preconceito racial atual.
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EXPERIÊNCIA Um espaço destinado aos membros da comunidade da Restinga. O Tamo Lá! tem a honra de ter, na primeira edição do jornal, as palavras de José Carlos, o seu Beleza.
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O líder comunitário diz que a comunidade está “zonza” por não haver uma liderança que procure buscar os anseios dos moradores da Restinga.
CONTRACAPA
Os colegas do cursinho Resgate Popular relembram como foi a festa das tintas que uniu os cursinhos populares da Capital em um dia de muita festa.
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Ansiedade, nervosismo, tensão. Quando o Ensino Médio vai chegando ao fim, para muitos é o momento de decidir o que fazer dali pra frente, que frutos colher...
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Para quem já terminou há alguns anos, sempre é hora de retomar planos e encarar novos desafios. Quais passos dar rumo a esses novos caminhos?
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AGENDA
EDITORIAL Vivemos em um tempo de grandes discussões a respeito da educação em nosso país e, no restante do mundo, fala-se sobre a necessidade de haver maiores investimentos públicos e privados nesta área, a fim de se fortalecer a base educacional para o crescimento e estabelecimento do Brasil como nação em vias de desenvolvimento. Neste quadro, o acesso à Universidade pelas classes mais baixas da população brasileira sua imensa maioria - tem obtido cada vez mais atenção do governo, dos empresários e do terceiro setor (entidades sem fins lucrativos). E, dentro desta crescente busca de acesso, em 2006, a partir de demanda de lideranças comunitárias da Restinga - dona Teresa e dona Dejanira, do Núcleo Esperança -, é levada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) uma proposta de criação de um cursinho popular voltado à preparação para o vestibular desta Universidade Pública e, mais recentemente, também ao ENEM (prova que já possibilitou a obtenção do diploma do Ensino Médio a muitos de nossos educandos, bem como seu acesso a universidades particulares, através do ProUni). Assim, em abril daquele ano, com o suporte institucional do Departamento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS), da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, o cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular da Restinga inicia suas atividades no salão de festas do Núcleo Esperança, com suas aulas sendo ministradas por educadores acadêmicos oriundos de diversos cursos de graduação da própria UFRGS. Em junho de 2007, transfere-se para a Escola Pasqualini, nossa grande parceira no bairro, que sempre nos acolheu com muito carinho e profissionalismo. Tivemos o privilégio de fazer parte desta história desde o seu
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começo, e conseguimos perceber, ao longo dos anos, seu crescimento, seja em sua organização, seja em seu reconhecimento pela comunidade. Muito mais do que preparar pessoas para o ingresso num curso superior, o Esperança tem a preocupação de formar cidadãos conscientes, preparados e atuantes na sociedade em que vivem. Nestes anos de trabalho junto à Restinga, tem aumentado cada vez mais o número de aprovados na UFRGS, além de muitos outros ingressantes em outras universidades. E é dentro deste contexto de esperanças e de realizações que trazemos à comunidade a primeira edição do Tamo Lá!, jornal do cursinho Esperança Popular da Restinga. Ele será nosso principal canal de comunicação com o bairro, tentando aproximar cada vez mais a comunidade do cursinho a quem ele pertence de fato. Traz reportagens sobre os nossos aprovados na UFRGS, dicas para a escolha profissional e para o vestibular, matéria preparada pela própria comunidade, e muito mais! Você é o nosso convidado para acompanhar e colaborar com nossas próximas edições do Tamo Lá!, que prometem muito mais para a Restinga e para o Esperança, palavras que sempre devem andar juntas!
RITA DE CÁSSIA DOS SANTOS CAMISOLÃO Coordenadora da Ação de Extensão - Programa de Apoio ao Acesso à Universidade RODRIGO SILVA DOS SANTOS Educador coordenador do Cursinho Pré-vestibular Esperança Popular Restinga
Te liga nessas dicas do Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga. Não te esquece dessas datas! Anota, memoriza, copia, recorta, circula, mas não perde!
O QUE É O CURSINHO? O cursinho Esperança é um curso preparatório para quem quer ingressar no Ensino Superior. Na UFRGS, tem como coordenação e apoio o Departamento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS), Pró-Reitoria de Extensão (PROREXT) e Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE).
QUALQUER UM PODE SER ALUNO? Não. Apenas as pessoas que estão no 3º ano do ensino médio ou que já concluíram o ensino médio. Quem não concluiu o Ensino Médio, pode conseguir o seu diploma através do ENEM tirando nota média maior do que 500 pontos. Assim também está apto ao cursinho.
DOCUMENTAÇÃO - Cópia do RG e do CPF
PARA QUE SERVE? O Esperança é destinado a quem quer passar na UFRGS ou em outra instituição de ensino superior, através do ENEM ou qualquer outro tipo de concurso. Ao longo de todo o ano, todas as nove matérias que compõem o vestibular são trabalhadas por alunos da UFRGS que atuam como educadores.
MATRICULE-SE! DATA: 17 a 20 de fevereiro de 2014 HORÁRIO: 19h-22h LOCAL: E.M.E.F. Alberto Pasqualini ENDEREÇO: R. Tenente Arizoly Fagundes, 250 - Restinga Nova TAXA DE INSCRIÇÃO: 10 reais
NÃO SE ESQUEÇA TAMBÉM!
- Foto 3X4
- Cópia do comprovante de renda do candidato e de TODOS os membros do grupo familiar (todos que vivem na mesma casa)
- Cópia do comprovante de conclusão do Ensino Médio ou comprovante de matrícula do 3º ano, certificando a possibilidade de término em 2014
- Menores de 18 anos devem entregar obrigatoriamente cópia do RG e do CPF dos pais ou responsáveis
- Cópia de um comprovante de residência
ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS Depois de entregue a documentação, será marcada uma entrevista individual para seleção dos candidatos. A entrevista terá duração de 10 minutos e pode ser agendada para sábado (22/FEV) manhã/tarde ou para domingo (23/FEV) manhã.
PERDEU AS DATAS? Não se preocupe. Vá ao local do cursinho e se informe sobre o preenchimento total das vagas. Em caso de suplência, o Esperança dará prioridade aos suplentes que estiverem na lista dos selecionados. Em julho, será aberta nova seleção.
SOBRE AS AULAS RESULTADO DOS SELECIONADOS: 26 de fevereiro de 2014, a partir da meia-noite, no site do cursinho AULA INAUGURAL: 26 de fevereiro de 2014, quarta-feira HORÁRIO DAS AULAS: 19h-22h10 MENSALIDADE: 25 reais
MAIS INFORMAÇÕES TELEFONES: (51) 3308-2919 ou (51) 3308-2920 E-MAIL: cursinhorestinga@gmail.com SITE: http://www.pvprestinga.blogspot.com.br/ FACEBOOK: Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga
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Tem alguma exposição, palestra, congresso ou evento legal para compartilhar com a gente? Envie um e-mail pro Esperança: cursinhorestinga@gmail.com
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FUTURO DÚVIDAS E INCERTEZAS
23h59min, HORA DA DECISÃO
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are. Olhe para o relógio por um instante. Veja que ele não para nem um só momento. Nem mesmo quando a pilha acaba porque outros ponteiros de outros aparelhos continuam se mexendo por aí. E é justamente por não ter a opção “pause” que muitas decisões são tomadas quase sem se pensar nas suas consequências.
Escolhas como casar, ter filhos, morar junto passam tão rápido que, quando a ficha cai, tudo já está feito e aquelas decisões importantes passaram pelas mãos como penas que voam com o vento. Não muito diferente é decidir entre continuar estudando, trabalhar ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E quando se opta pelo estudo, outras dúvidas surgem: se manter estudando pra quê? Que curso fazer? Algo que se gosta ou que dá dinheiro? Esses são apenas alguns questionamentos que surgem na cabeça de quem já não estuda há algum tempo ou daqueles que sofrem fortes pressões por estar terminando o colégio. Para a psicóloga Marcia Nunes, do Núcleo de Apoio ao Es-
tudante (NAE) da UFRGS, a escolha do curso é um processo que deve partir de um autoconhecimento: - A escolha profissional é um processo que deveria começar na infância – diz.
A psicóloga do NAE explica ainda que, mesmo não demonstrando, os filhos têm expectativa de receber a aprovação dos pais quando tomam a decisão. Muitos deles mal sabem que essa escolha não precisa ser definitiva. Não há problema nenhum em voltar atrás e trocar de opção. E isso vale também para os mais velhos. Muitos dei-
Na dúvida, a grande maioria decide recorrer aos testes vocacionais procurando respostas para a sua pergunta. Alguns se surpreendem com os resultados e ignoram sua validade, outros levem aquilo tão a sério que optam por fazer aquilo que o teste mostrou. As psicólogas do NAE não contestam a validade desses testes, mas enfatizam que são apenas um recurso a mais na hora de tomar a decisão.
Para se ter uma ideia do quanto é difícil optar, só na UFRGS são 89 cursos de graduação presenciais. Ou seja, ter 89 opções e ser obrigado a escolher apenas uma. Isso que estamos falando somente dessa uni- É preversidade. ciso olhar se E os caminaquela escohos não se lha de curso limitam a está em sinfazer facultonia com o dade não, plano de vida pois há out– cientiza ras opções Marcia. de cursos superiores Que frutos você quer colher? A psicóloga Cláudia Sampaio Para não que duram te deixar somenos temenfatiza: “O retorno é proporcional ao investimento”. zinho nessa po como os técnicos e os tecnólogos. xaram desejos para trás e difícil tarefa de continuar Diante dessa vastidão de querem retomá-los depois estudando ou voltar a espossibilidades, é preciso de anos, já outros simples- tudar sem saber o que faque os pais também aju- mente pretendem ocupar zer, o Tamo Lá! apresenta os três passos ensinados dem e acompanhem essa a cabeça. pelas psicólogas do NAE escolha: - Em termos de estudo para facilitar no processo - Às vezes, os pais dizem não tem limite pra estudar. de escolha do curso. Importante: assim como simplesmente que querem Tive um aluno de 67 anos que os filhos sejam felizes, que fazia tudo – comenta os testes vocacionais, os mas não acompanham Cláudia Sampaio, também passos também são apenas para contribuir na esse processo – afirma psicóloga do NAE. escolha profissional. Marcia. Imprensa / GEMT
LUCAS EBBESEN Pré-Vestibular Restinga
A UFRGS te apoia O Instituto de Psicologia da UFRGS conta com dois projetos de orientação profissional para seus estudantes e para a comunidade em geral: SOP Destinado à comunidade externa Inscrições presenciais na secretaria Endereço: R. Ramiro Barcelos, 2777, sala 314 Horário: 09h-17h NAE Destinado à comunidade interna Inscrições pelo site www.ufrgs.br/nae Mais informações pelo telefone: (51) 3308-5453.
Pergunta Importante Qual a diferença entre curso técnico e curso tecnológico? Cursos técnicos são programas de nível médio com o propósito de capacitar o aluno proporcionando conhecimentos teóricos e práticos nas diversas atividades do setor produtivo, e os cursos tecnológicos classificam-se como de nível superior. Fonte: Ministério da Educação (MEC)
OS TRÊS PASSOS PARA TOMAR A MELHOR DECISÃO 1º PASSO CONHECER A SI PRÓPRIO
2º PASSO PROCURAR INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Quanto mais informações próprias se têm, mais fácil fica para aproximar o que se gosta daquilo que se tem de parecido.
Quanto mais informações se têm de cursos e currículos, mais fácil fica para se optar pela instituição de ensino.
Marcia Nunes: “A carreira tem que estar dentro do plano de vida”.
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Cláudia Sampaio: “As pessoas ficam angustiadas em decidir logo e saem fazendo”.
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3º PASSO PENSAR NA MELHOR FORMA DE EXECUÇÃO Quanto mais informações se têm sobre o curso e a instituição, mais fácil fica para se criar uma rede de relações com as pessoas que já fazem o curso escolhido na instituição selecionada. Cláudia Sampaio: “Qual o objetivo de fazer uma formação?”.
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odo mundo tem um sonho. Às vezes menor, às vezes maior, na maioria das vezes, muito mais de um. Pequenos, grandes, médios. Sonhos como ter uma casa própria, comprar um carro, fazer uma viagem... Nossos desejos estão ligados, geralmente, ao consumo. E é aí que vem aquela velha frase: “não tenho dinheiro”.
encontramos na sombra de uma praça da Restinga. Luíza, Mariana e Thaís chegaram com sorrisões, recebendo parabéns de todos. Mesmo com os abraços apertados e as felicitações dos colegas, dos amigos e da família, a ficha parecia não ter caído: - Eu já tava achando que não ia passar mesmo – disse Luíza. A mãe de Luíza, Magda,
Então, duas alternativas restam: ou a gente poupa, poupa, poupa ou parcela em vinte vezes. E ultimamente tem dado até para financiar. Ainda bem que nem tudo na vida depende daquelas notas de dois, de dez, de cinquenta, de cem. Tem sonhos que dão pra realizar de graça ou quase. Estudar é o principal deles. Conhecimento, sabedoria, aprendizado não têm preço e ninguém pode roubar – só o alemão Alzheimer, mas só quando a pessoa está bem velhinha. Dorival, Luíza, Mariana, Silvana, Taís e Thaís são pessoas como qualquer uma. Eles possuem apenas duas semelhanças (não, uma delas não é o Alzheimer!): ambos estudaram no Esperança em 2013 e foram aprovados no vestibular de 2014 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É! A Federal! Aquela mesma! A eles, juntaram-se outros dois vitoriosos: Gustavo Becker, 33 anos, e Joana Souza, 19 anos, aprovados em Educação Física no IPA e em
também aluna do cursinho, estava mais empolgada que a filha. Orgulhosa pela conquista, Magda estava com um sorriso de orelha a orelha. Ao contrário de sua cria, Magda não passou no vestibular. Depois de mais uma tentativa, pensou em desistir e parar de frequentar as aulas, mas voltou atrás: - Ficar em casa olhando novela? Eu, não! Eu tenho 46, ainda tenho esperança. Ainda que a prova da UFRGS tenha fama de ser “difícil”, que faculdade “é coisa de gente rica”, todos que se reuniram embaixo daquelas árvores concordaram com
de 20 anos fazia. Em 2013, tinha tentado entrar em Fonoaudiologia, mas não conseguiu. Nem por isso deixou o sonho para trás. Em frente ao computador, seus dedos suavam aguardando a divulgação do listão que só ocorreria às quatro da tarde. Ela atualizava a página a cada segundo torcendo para que em um desses cliques saísse a lista de aprovados. Em poucos segundos, a ansiedade foi interrompida ao ver seu nome no listão. Logo em seguida, recebeu uma ligação da sua professora Alessandra, de Espanhol, falando da aprovação. Na mesma hora, Mariana ligou para todo mundo pra contar a novidade. Quando chegou em casa, até sua irmã, Maria Eduarda, de 2 anos, a parabenizou: - Parabéns por passar no colégio! – felicitou a pequena. Mal entendia ela que o “passar no colégio” como dizia significava alcançar um objetivo desejado por
muitos. Foram 5.461 vagas para mais de 42 mil candidatos, só em 2014. Para Mariana, aquele sonho que parecia tão distante, se tornou real. Tão real que na mesma noite, a menina g a n h o u uma janta especial na casa da avó com direito a um risoto de camarão Administração na Uniritter, uma frase dita por Luíza: respectivamente. - A prova não é difícil, é tu para festejar a vitória. que não te dedicas pra ela. Thaís estava trabalhando e também aguardava com impaciência o resultado As escadas para do concurso. Quando viu O sonho bate à os sonhos que o listão havia sido diAssim que saiu o listão, o porta vulgado no site da UFRGS, Esperança convidou seus Na tarde de sexta-feira, 17 foi direto na letra “T”, mas alunos, aprovados ou não, de janeiro, Mariana estava ao chegar lá, achou mea se reunir. No dia seguinte, trabalhando. Era o segun- lhor descer a página lenmesmo com o calorão, nos do vestibular que a jovem tamente. Olhou todas as
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QUANDO OS SON
por LUCAS
colaboraram ALES e SAUL
Entrar no Ensino Superior é um sonho. So Ensino Médio, desejo de outros que querem dinheiro ou mais crescimento. Há pouco an incentivar o acesso ao Ensino Superior no vida, muitos sonhos não são à toa. É preciso de sono e muita dedicação. E foi graças a esse aprovados na UFRGS. Além deles, outros do das. O Esperança, então, chamou todos seus baixo de umas árvores da Restinga, sentamo star vestibular e ir em busca de um g Taíses que tinham passado até alcançar a altura onde o seu nome deveria estar. E realmente, lá estava. Quando reviu para ver se era o próprio nome que estava ali mesmo, Thaís deu um grito. Uma colega que estava próxima estranhou e perguntou se estava tudo bem. E estava: o grito foi de felicidade, de comoção, de não acreditar que o seu nome que estava junto aos demais aprovados. Thaís chorou de emoção. Daquele momento até o fim do expediente, não conseguiu mais trabalhar de tanta euforia. Ainda assim, a expressão da vitória ocorreu mesmo quando
se aproximava de casa, ao chegar sua família: - Tava na esquina e já comecei a gritar – contou com alegria. Com Luíza, a história foi bem diferente. Naquela tarde nervosa de sexta em que milhares de candidatos aguardavam para procurar o nome no listão, a menina de 23 anos estava no curso. Naquele momento, nem tinha lembrança de que o resultado sairia. Menos ainda, já estava crente de que não havia passado. Durante o intervalo do curso, atendeu à ligação da professora Alessandra. Estranhou. Foi quando recebeu a notícia da aprovação
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APA
NHOS CHEGAM
S EBBESEN
SSANDRA GARCIA BASTOS
onho de uns que recém estão terminando o m ter mais oportunidade de educação, mais nos, programas federais foram criados para o país, uma realidade ainda tão distante. Na o lutar, persistir. Às vezes com poucas noites e esforço que seis alunos do Esperança foram ois foram selecionados em faculdades privas alunos pra ter uma roda de conversa e, emos para conversar sobre a experiência de pregrande sonho. E os sonhos chegam. no vestibular. No primeiro contato com a mãe, a frase da matriarca não foi outra: - Tem que ter faixa!
Faz parte dos sonhos
No fim do mês de janeiro, Thaís foi entregar seus documentos na universidade. Preocupada, consultou os educadores na véspera para certificar que não estava se esquecendo de nada. No momento da entrega e revisão dos papéis, recebeu a notícia: sua matrícula não podia ser validada. Thaís se inscreveu no concurso através do
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sistema de cotas para negros que fizeram o Ensino Médio em escola pública. Só que Thaís tinha estudado em escola particular com bolsa integral. Desde 2013, o edital especifica a desclassificação do sistema de cotas quem estudou em escola particular, mesmo com bolsa integral ou parcial. Pensa que a “muleca” desistiu? Que nada! Thaís vai estudar para garantir a aprovação na próxima prova, quem sabe até se dedicar ainda mais do que em 2013 e, aí sim, poder sentir a sensação de ter sido aprovada na UFRGS duas vezes.
NOME Luíza Ferraz Morales
NOME Mariana Pires Morrudo
NOME Thaís Leal Barcelos
IDADE 23 anos
IDADE 20 anos
IDADE 18 anos
APROVADA EM Museologia
APROVADA EM Física - Licenciatura
APROVADA EM
COMO ESTUDOU EM 2013 “Tudo que absorvi foram das aulas que tive e dos últimos anos de vestibular”
COMO ESTUDOU EM 2013 “Estudei indo as aulas do cursinho e com aulas online que ajudam bastante”
O QUE ACHOU DO VESTIBULAR DA UFRGS “O vestibular não é difícil, a verdade é que nunca estamos preparados pra ele”
O QUE ACHOU DO VESTIBULAR DA UFRGS “O vestibular foi bem difícil, achei o de 2012 mais fácil”
COMO ESTUDOU EM 2013 “Procurei estudar indo nas aulas do cursinho fazendo com que meu desempenho fosse bem melhor que o do ano passado”
UM SONHO “Aprender, estudar e poder trabalhar em algo que eu realmente goste e me identifique”
UM SONHO “Dar aula no cursinho e ajudar outras pessoas a entrarem na UFRGS”
RECADINHO “As coisas custam a dar certo e a maioria das pessoas te falam coisas pra desistir. Tudo no mundo tem seu tempo, o importante é não desistir do seus sonhos”
A torcida Dorival
por
GABRIEL GONZAGA Educador de História
A certeza era grande, a torcida muito maior. A aprovação de Dorival no curso de Administração na UFRGS foi somente o resultado do seu visível esforço durante o ano. Destacou-se pelas participações constantes nas aulas e acumulou elogios dos educadores na sua passagem pelo cursinho. Com o tempo se tornou uma das principais apostas para conseguir uma vaga na federal.
RECADINHO “Aos meus colegas que não passaram que não desistam do seu sonho, continuem estudando”
No fim do ano, Dorival dividiu seu tempo entre o Esperança e os estudos para concursos públicos. Como ele mesmo me relatou, passou a frequentar apenas as disciplinas que julgava ter mais dificuldades, como a Matemática. Mesmo assim, não deixou de ocasionalmente assistir as aulas de História e Literatura, das quais gostava muito. Como pessoa, faltam palavras para caracterizar Dorival, posso dizer que sempre foi muito simpático e educado com todos os colegas e educadores. Venceu todas as dificuldades, cujo tempo para es-
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Educação Física - Bacharelado
O QUE ACHOU DO VESTIBULAR DA UFRGS “Como todos os anos estava bastante cansativo, amas nada que um bom estudo não resolva” UM SONHO “Me tornar uma boa profissional na área de Educação Física” RECADINHO “Estudem, pode ser cansativo, muitas vezes você pensa em desistir mas a recompensa é ótima” tudar era a principal delas. Em minha opinião, a universidade ganha mais com a aprovação de Dorival do que o oposto.
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DICAS HISTÓRIA DO BRASIL Gabriel Gonzaga
A ESCRAVIDÃO E SEUS MALES
A escravidão foi associada ao povo negro durante a colonização da América nos séculos XV e XVI. Através do tráfico negreiro, o negro foi comprado na África e usado como mão de obra escrava no Brasil e em outros países da América Latina. Neste momento, a escravidão negra passou a ser parte da estrutura social do Brasil. Os negros trabalhavam em diversas tarefas, como a produção do açúcar Nordeste e a exploração do ouro em Minas Gerais.
Em 1789, a revolução francesa, através da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, lançava a ideia dos direitos humanos. Em 1794, a França aboliu a escravidão, mas em 1802, Napoleão a restabeleceu.
A escravidão já era praticada nos povos antigos clássicos, Grécia e Roma. Nas duas sociedades, os escravos eram indivíduos de povos conquistados e representavam a camada mais baixa da população, sem nenhum tipo de direito.
Em 1791, influenciados pelas ideias da revolução francesa, os negros da ilha de São Domingos se rebelaram contra sua metrópole, a França. Os rebeldes exterminaram a população branca e declararam a independência do Haiti.
O preconceito com o negro gerou o racismo que, entre diversas faces, abomina toda espécie de cultura desse povo. Durante os primeiros anos de república no século XX, o samba e a capoeira foram proibidos. A partir da década de 1930, os movimentos negros passaram a se organizar e lutar por reconhecimento, a capoeira deixou de ser marginalizada e foi reconhecida como autêntico esporte nacional, a contribuição do baiano Mestre Bimba foi essencial para essa conquista.
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Os negros lutaram contra a escravidão no Brasil. A sua forma de luta mais conhecida foi a organização dos negros fugidos em quilombos. O quilombo mais conhecido é Palmares, que era localizado em Alagoas e seu último líder, Zumbi, ficou famoso na história popular brasileira.
No Brasil, a abolição só aconteceu com a proclamação da Lei Áurea pela princesa Isabel em 1888 e, mesmo com a abolição, resquícios da escravidão ainda restavam na sociedade. Liderados por João Cândido em 1910, negros da marinha tomaram os navios e ameaçaram atacar o Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, caso o castigo da chibata não fosse abolido.
O racismo também deixou o negro marginalizado na sociedade brasileira. Nos últimos anos, foi aprovada a lei de cotas que reserva uma parte das vagas nas instituições de ensino federais para a população negra erigida de escolas públicas. A lei de cotas foi encarada como o pagamento de uma “dívida histórica”. O racismo ainda é uma realidade no Brasil. Não se cale diante de situações de preconceito, denuncie!
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EXPERIÊNCIA CONCURSO
FESTA DAS TINTAS
QUE TAL O VESTIBULAR? LUCAS EBBESEN Pré-Vestibular Restinga
Nossos educandos deram sua opinião sobre o concurso vestibular mais temido do Rio Grande do Sul. Afinal de contas, vestibular é o bicho ou não é? Antes de falar em UFRGS, as impressões do ENEM também são importantes. Os dois dias de prova com duração de 4h30min no primeiro e 5h30min no segundo foram cansativos. Os educandos do Esperança ficaram mais desgastados ainda com o último dia de provas composto por uma prova de Linguagens, outra de Matemática e ainda a redação.
A UFRGS NÃO É UM SONHO. É TEU DIREITO. É PÚBLICA Os cursos pré-vestibulares populares são importantes promotores de debate, organização política e mobilização social pela democratização do acesso, ampliação, gratuidade, qualidade e popularização do ensino superior. Esses cursos, além da preparação
para o concurso vestibular nas universidades públicas – motivação inicial e objetivo específico – propõem o compromisso com projetos coletivos e uma perspectiva de inserção social e política nas questões comunitárias e acadêmicas como princípios da formação crítica. Os prévestibulares populares têm como público-alvo as po-
que a probabilidade de aprovação é grande, pois é quase regra que os candidatos que são aprovados no vestibular frequentaram algum curso pré-vestibular, ou seja, só quem dinheiro para pagar Fim do “vestiba”, tem um pré-vestibular consehora da festa gue frequentar o ensino A Festa das Tintas é uma superior. O resultado é a tradição entre os pré- mercantilização da eduvestibulares privados de cação e a elitização da uniPorto Alegre: professores versidade pública. e alunos comemoram o fim do vestibular da UFRGS com uma festa onde to- Fazendo história dos pintam uns aos outros. Dia 8 de janeiro, foi um O verdadeiro significado marco histórico na luta pela dessas festas é que sabem democratização do Ensino
Superior: pela primeira vez todos os cursos populares de Porto Alegre se articulam e realizam sua festa de encerramento do vestibular em conjunto. Essa integração unificada demostrou a capacidade de organização dos cursos populares que realizaram uma linda festa “regada a tintas”. A primeira Festa das Tintas dos populares foi realizada em um espaço público (Parque da Redenção) comemorando o começo da conquista pelas classes populares de outro espaço público: a Universidade!
BERNARDO LUCERO DE CARLI coordenador do Pré-vestibular Resgate Popular
Já para o vestibular da UFRGS, o destaque ficou por conta da educanda Lionara. Nos quatro dias de prova, ela faz questão de chegar às 07h15min na escola. Mais de uma hora antes do horário do início dos testes. Luíza aproveitou a discussão sobre o concurso da UFRGS para falar sobre as pessoas que vestiam camisetas de outros cursinhos apenas para se exibir: - É só pedaço de pano disse uma das aprovadas do Esperança na UFRGS. Em votação rápida sobre a prova mais difícil, a grande maioria disse que sofreu mais com as questões de Física. Biologia, Química e Redação também foram citadas.
Os pré-vestibulares populares de PoA comemoraram o encerramento do vestibular realizando a 1ª festa das tintas com a participação de todos os cursos populares da cidade.
INSCRIÇÕES ABERTAS
CONHEÇA OUTROS CURSOS POPULARES ONGEP - Organiz. Não- Governam. para Educ. Popular
pulações de baixa renda, para as quais, ao longo da história, foi negada a possibilidade de ter uma formação de nível superior.
RESGATE - Pré-vestibular Resgate Popular
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COMUNIDADE JOSÉ CARLOS (BELEZA)
MANIFESTO DE INDIGNAÇÃO Acontecendo! Hoje somos uma comunidade que a cada dia cresce vertiginosamente sua população e seus problemas cada vez mais insolúveis com o passar dos anos. As criaturas vêm residir na Restinga e imediações com falta de infraestrutura, de serviços públicos. E a “prefa” planeja mal para acompanhar com o crescimento desmedido. Estamos a “bangu”, o crescimento de seres humanos com diferentes demandas não atendidas ao longo da nossa história. Há muito tempo não temos formação política para apreendermos de vez as estruturas coletivas do bem comum que sejam ao nosso favor. Queremos autonomia para viver a vida.
“Estamos a ‘bangu’, o crescimento de seres humanos com diferentes demandas não atendidas ao longo da nossa história.” A mesmice de sempre, a comunidade está cada vez mais “zonza”, não há liderança capaz de responder às indagações, dar direção aos anseios das reivindicações necessárias ao desempenho dos serviços públicos, há muitos anos pautados no orçamento público, sendo aprovadas como demandas priorizadas e hierarquizadas nas instâncias de poder das diferentes esferas públicas
e não aplicados na íntegra. Mas parece que temos que ficar assistindo ao envolvimento maior de jovens nas nossas esquinas com uso de drogas e cenas de violência entre os mesmos; vemos os serviços (escolas, moradia, transporte e lazer) fazerem pouco ou quase nada para o acolhimento, bem-estar e qualificar as ações que beneficiem a todos em nossa comunidade, bem como as ações
mos há bastante tempo. Mas é um verdadeiro faz de conta de profissionais, comunidade e poder público. Na nossa frente nos agradam, sorriem, prome-
MUNDO em processo de execução onde despejam mais e mais gente a cada dia, mas não encontramos um canal de escuta verdadeiro dos nossos anseios. Estamos angustiados no nosso dia a dia, buscando soluções simples e claras construídas com as várias mãos na comunidade, mas não um mero exemplo ou um simples exercício de cidadania, algo verdadeiro. Por isso, conclamamos a
“Na nossa frente nos agradam, sorriem, prometem, assinam documentos, fazem campanha eleitoral...” tem, assinam documentos, fazem campanha eleitoral, mas nestes anos todos que presenciamos com nosso testemunho, poucas coisas melhoram com a demanda
José Carlos dos Santos, o seu Beleza de prevenção à saúde de um modo geral que tenha atendimento qualificado, acolhimentos dignos, atenda às nossas reivindicações elencadas pelo nosso Conselho Distrital de Saúde, com ações do Ministério Público. Assistimos, participamos, denunciamos, reivindicamos com nossos pares na comunidade em que residi-
crescente. Mas continuamos acreditando nas soluções participativas, assim a vida continua. E a limpeza humana para a COPA DO
todas as pessoas de bem, que desejam o bem comum da comunidade da Restinga, ajudem, principalmente os movimentos sociais, entidades que convivem duGUSTAVO GARGIONI / Especial Palácio Piratini rante anos da nossa existência, independente de posição política, a resolvermos os nossos principais problemas p re s e n te s em nossas
Beira-Rio, estádio de Porto Alegre na Copa do Mundo 2014
vidas, que continuam a infernizar o nosso cotidiano do nosso bairro. Devemos nos fazer cargo das demandas que são fruto do nosso entendimento, discussão e exigências das políticas públicas que beneficiam a todos. Por fim, estancar de vez a ação dos indivíduos oportunistas que fazem da comunidade um balcão de
“E a limpeza humana para a COPA DO MUNDO em processo de execução onde despejam mais e mais gente a cada dia, mas não encontramos um canal de escuta verdadeiro dos nossos anseios.” negócios onde os espertalhões comercializam de tudo por dinheiro e poder. Temos que dar um basta com nossa organização, superando as divergências para o bem de toda a Restinga! “Unidos, alegres, bem humorados em qualquer lugar! A Restinga é ‘nóis’!”. JOSÉ CARLOS DOS SANTOS, o Beleza, foi conselheiro tutelar do CT Restinga nos períodos 1992-1995 e 19951998. Ele mantém o blog Boca Livre onde escreve e divulga eventos que ocorrem no bairro. Acesse: http://bocalivrebeleza. blogspot.com.br/
TODAS AS PALAVRAS DESTE ARTIGO SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR
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* TAMO LÁ! *
JAN E FEV/2014