Nº4 ANO 2
JULHO E AGOSTO DE 2015
GRATUITO
“ARTEIRO E ESCREVINHADOR”
Eduardo Marinho, “arteiro e escrevinhador”, nos provoca à reflexão sobre quem são os vencedores em nossa sociedade e sugere a necessidade de plantarmos ideias, valores e sentimentos vislumbrando o coletivo.
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FUTURO Estamos sempre nos avaliando para melhorarmos nosso trabalho. Compartilhamos aqui a avaliação realizada pelos educandos sobre o funcionamento do Esperança, em maio/ 2015.
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COMUNIDADE Uma das “mães” do cursinho, Djanira Correa, conta sobre a criação do primeiro cursinho prévestibular popular na Restinga.
DICAS Conheça os grupos de estudo que os educadores do Esperança disponibilizam na rede para complementar as aulas e o material das apostilas. Acesse!
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EXPERIÊNCIA Pedro Figueiredo, bacharel em Biologia, compartilha sua experiência enquanto educador no Esperança Popular, destacando que esta atuação o desafia a cada aula para enriquecer sua formação e contribuir para o crescimento dos educandos.
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PÁGINA 8 www.pvprestinga.blogspot.com.br / www.facebook.com/groups/pvprestinga
EDITORIAL Bernardo Lucero De Carli
A educação é um direito humano, ou seja, é fundamental para qualquer indivíduo tornar-se cidadão e poder se desenvolver como ser humano. É um direito humano que deveria, em tese, ser assegurado pelo Estado. O que assusta é ver uma sociedade muito mais preocupada em punir jovens que não passaram pelos devidos processos educativos do que buscar caminhos para garantir as condições básicas para a construção da cidadania das novas gerações. A proposta de redução da maioridade penal é um atestado da inversão de valores proposta pelo sistema global capitalista, que banaliza a desigualdade social, o preconceito e a fome. A população carcerária é composta majoritariamente por negros e pobres. Em 15 anos, o número de presos no Brasil cresceu 161% enquanto a população em geral aumentou em 20%, isso sem a aprovação da diminuição da maioridade penal. Aparentemente, encaminhamo-nos para um verdadeiro apartheid social onde segregamos, cada vez mais, as populações que tiveram um menor acesso à educação (um direito humano!). Uma solução humana e revolucionária para o problema da violência é atacar as causas dela: a desigualdade social, a exclusão social, a segregação urbana das camadas populares, o individualismo, a educação alienante e deficitária, o preconceito. A ilusão do aumento da punição como solução para os “efeitos colaterais” (violência) dessas situações sociais, geradas pelo sistema global capitalista, assim como ele, é falha em seu princípio: a reincidência criminal nas penitenciárias é de 70% enquanto no sistema socioeducativo está abaixo de 20%. O crime organizado irá recrutar jovens cada vez mais novos. Ora, mesmo que prendêssemos toda a população, um dia ela sairia da cadeia. E como seria? Esperamos por mais algum delito para, novamente, prender? Como educador, sempre vou preferir o caminho da educação e da inclusão, mesmo sendo o mais difícil, do que seguir a proposta da exclusão. A violência não é intrínseca às pessoas, pelo contrário, o sistema esforça-se para torná-las violentas! A proposta de diminuir a maioridade penal é mais uma ferramenta geradora de violência e que ataca os direitos humanos e a cidadania. A luta por um sistema socioeducativo eficiente e por uma sociedade mais justa e igualitária certamente trará resultados muito melhores! “A educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas e as pessoas é que mudam o mundo.” Paulo Freire
AGENDA • ENEM 24 de outubro de 2015 (sábado) - Ciências Humanas e suas Tecnologias. - Ciências da Natureza e suas Tecnologias. 25 de outubro de 2015 (domingo) - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. - Redação. - Matemática e suas Tecnologias. • CONCURSO VESTIBULAR UFRGS 2016 PROGRAMA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS:
A solicitação do desconto ou isenção do valor da inscrição deverá ser realizada exclusivamente pela internet, no site www.vestibular.ufrgs.br, da zero hora do dia 11/08/2015 às 23h59min do dia 31/08/2015. Informações: http://www.ufrgs.br/coperse/concurso-vestibular/vestibular-2016/ concurso-vestibular-2016/edital_isencao2016.pdf
• ESTAÇÃO CIDADANIA Programa na Rádio UFRGS 1080 AM ou http://www.ufrgs.br/radio, todas às quintas-feiras, 13h. • CULTURA DE PERIFERIA: CICLO DE CINEMA 09/09 – 19 h Passinho Dance Off (Direção: Emílio Domingos) 14/10 – 19 h Banca Forte (Direção: Giovani Borba) Sala Redenção da UFRGS Endereço: Av. Eng. Luiz Englert, s/n - Campus Centro • CONVERSAÇÕES AFIRMATIVAS 30/09 das 14h às 17h – Benzedeiras e Rezadeiras Sala 102 da Faculdade de Educação da UFRGS Prédio 12201 - Av. Paulo Gama, s/n - Campus Centro Informações: E-mail deds@prorext.ufrgs.br.
CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR ESPERANÇA POPULAR RESTINGA EDUCADORES
Adriele Albuquerque Bernardo De Carli Bruno Vargas Daniel Bom Queiroz Davi Vergara Denise Aires Ramos Érick Barcelos Goulart Henrique Leão Kamila Costa Kelvin Pereira Lucas Dalenogare Lucas Ebbesen Matheus Penafiel Pedro Figueiredo Rodrigo Dos Santos Saul Bastos
COMISSÃO EDITORIAL
Luciane Bello Rita Camisolão Daiane Moraes
ILUSTRAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Luiza Allgayer
REVISÃO
Rita Camisolão
*As matérias assinadas nesta edição são de exclusiva responsabilidade de seus autores.
Endereço do cursinho: Av. Economista Nilo Wulff, 5000 - Sede ASALA - Restinga
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FUTURO O Esperança Popular está sempre buscando melhorar, para isso avaliamos constantemente nossa equipe e trabalho. Compartilhamos com você a avaliação realizada no mês de maio pelos educandos sobre os educadores e organização do cursinho. Ficamos orgulhosos com o resultado e ainda mais motivados.
Obrigado por fazer parte da família ESPERANÇA!
Gosto muito dos métodos, tanto de aulas quanto administrativos. Adorei como a compra de camisetas foi organizada.
Acredito que a comunicação deva receber elogios. Recebo as informações pelo facebook, e-mail e celular. Não há como dizer que não há notícias do cursinho. Acho que poderia ter maior divulgação dos trabalhos.
Acho a organização do cursinho boa, pois
Gosto do modo de trabalho no geral. Os
os professores vêm bem preparados e sempre trazem atividades diferentes. A parte administrativa em aula está muito boa. Porém gostaria que nas aulas de reforço os professores aplicassem mais exercicíos da UFRGS e do ENEM.
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conteúdos são objetivos, claros e de forma que se façam entender.
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CAPA
QUE VENCEDOR, QUE NADA Por Eduardo Marinho
o contato direto com as necessidades abstratas, as principais do ser, o sentimento de integração, a sensação de utilidade ao coletivo, o equilíbrio emocional, as relações afetivas, a solidariedade, o senso de justiça, o desenvolvimento da consciência.
Diante de uma sociedade que me obriga a coexistir com situações de extrema fragilidade e sofrimento, em que se aceita como “naturais” ou “inevitáveis” realidades como a fome, a miséria e a ignorância, se aponta como valores principais a propriedade, o consumo, a ostentação e se impõe a competição como forma de relacionamento vivencial entre as pessoas, só posso colocar minha vida em contraposição às correntes dominantes. Tanto em valores, quanto em comportamento e em objetivos de vida. É preciso revelar dentro de nós os valores induzidos pelos meios de comunicação de massa, pelo massacre publicitário, pela propaganda ideológica, psicológica, inconsciente, subliminar ou não. Pela pressão social daqueles que aderem aos valores artificiais e, na falta de convicção, precisam impor aos demais, compor grupos e discriminar os que não lhes apóiam valores que, por si, não se sustentam. Temos em nós estes condicionamentos, em maior ou menor grau. São valores-causas do desequilíbrio social - a cultura da competição, em que todos são adversários potenciais, e a do consumo, em que o objetivo principal da vida é consumir, possuir, desfrutar, alcançar o máximo da fartura material, entre a ostentação e o desperdício. São enormes e estratégicas mentiras. Não há competição onde há desigualdade de condições. Há covardia. A massa dos “derrotados” aumenta, os “vencedores” se empilham em pirâmides de poder e privilégios ascendentes. No topo, o pequeno grupo.
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Denunciar as mentiras em que tantos acreditam, os valores falsos, as necessidades artificiais, a mediocridade da vida e a mesquinharia dos objetivos oferecidos. Apregoar os valores do espírito, solidariedade, integração, consciência. Denunciar o egoísmo da mentalidade competitiva, a crueldade - ou indiferença - das minorias dominantes. Van Gogh por Eduardo
“Existe em mim a necessidade incontrolável de plantar idéias, valores, questões, sentimentos”. Os donos das mega-empresas transnacionais, dos grandes bancos e corporações financeiras, interferindo e controlando as políticas públicas e a mídia para os favorecer e encher, mais ainda, de poder e privilégios, em prejuízo dos direitos básicos da população e das obrigações principais do Estado. Este é o sentido das minhas ações, do meu trabalho, da minha vida. Não tenho a ingenuidade de esperar ver o mundo conforme eu gostaria. Também não me é possível aderir a esses valores planejados e implantados como “a realidade”, que fazem de irmãos, adversários e do objetivo da vida, o consumo excessivo, a posse e o conforto físico. Perdemos
Não espero colher os frutos das árvores que planto. E isso não diminui minha necessidade de seguir plantando, de trabalhar em direção contrária às correntes, aos valores vigentes, nocivos à grande maioria, embora - e por isso mesmo - a submetendo. A discriminação, a perseguição dos organismos repressivos da administração pública, o desprezo dos convencionais são, por outro lado, elogios a quem não se submete. Eu teria vergonha de aderir aos valores dessa sociedade perversa. De ostentar riqueza como falso símbolo de vitória. Não estou aqui pra competir. Privilégios me constrangem, desperdícios me dão repulsa e entristecem. Superioridade social é uma encenação ridícula, subalternidade humana é uma ilusão triste. Não compartilho dos valores vigentes. Não tenho como andar com as correntes. Sigo somente minha própria consciência. Minha “pobreza” é minha riqueza, minha “derro-
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ta” é minha vitória. Teria vergonha, neste mundo, de ser um “vencedor” .
Por Thayná Barbosa
Eduardo Marinho tem origem em família abastada, morava em bairro nobre e desde criança se questionou sobre a realidade pobre que existia ao seu redor. Ele observava as pessoas mais pobres e percebia que elas tinham uma maneira diferente de se comunicar entre si, uma maneira mais simples e mais amiga. As pessoas onde Eduardo morava não eram assim, eram formais para falar, falavam de uma maneira que a classe mais pobre, por exemplo, não entendia. Quando Eduardo terminou o ensino médio, tentou “dar jeito na vida” como costumamos falar quando temos que trabalhar, fazer faculdade, etc. Ele passou num concurso do Banco do Brasil, trabalhou aproximadamente um ano e saiu. Depois entrou pra escola militar, fez parte do exército militar, na época da ditadura, mas logo percebeu que o lugar dele não era ali. Por último, Eduardo passou na faculdade pra fazer Direito, mas nada disso dava sentido à vida dele. Ele se sentia angustiado, sentia como se não estivesse vivendo realmente, só estava sendo mais
uma peça, entre várias peças de um grande “quebra-cabeça” de pessoas. Foi então que Eduardo largou sua vida rica e sem sentido, para viver nas ruas. Ele viveu a experiência de ser um morador de rua, sentiu no estômago o que era passar fome, viveu no meio da gente pobre e aprendeu a falar a língua deles. Por onde Eduardo passava, fazia uma nova família. Foi dessa forma que ele encontrou o sentido para sua vida. Eduardo começou a ficar conhecido na Internet, pois as pessoas que conheciam seu trabalho artístico acabavam envolvidas pela incrível história de vida dele e sua maneira de pensar sobre assuntos como: mídia, política, grandes empresários e problemas sociais. A partir disso, ele foi convidado para fazer palestras em diversos lugares. É só pesquisar “Eduardo Marinho” no Google que você encontra vídeos de suas palestras no Youtube, além de pessoas que escrevem sobre ele em Blogs. Hoje, Eduardo vive em Niterói, periferia do Rio de Janeiro, e sobrevive da arte. No blog dele é possível encontrar o seu trabalho como artista plástico, relatos de algumas viagens pelo Brasil, diversos textos com críticas à realidade da nossa sociedade, e reflexões sobre sua forma de pensar e ver o mundo.
Kombi Celestina
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Eduardo e Bruno
Por Bruno Ampessan
No mês de junho Eduardo Marinho veio até a Restinga, no Pré-Vestibular Esperança Popular, para falar de temas como o sentido da vida, realidade, sentimentos, sobre a falsa inferioridade dos pobres que é implantada, sobre filosofia, psicologia e política. Ele se define como arteiro e escrevinhador, faz pinturas a óleo e serigrafia. Eduardo saiu de casa muito cedo, desfazendo laços familiares, viajando pelo Brasil tendo a experiência de vivenciar o que é não ter nada. Dormiu na rua, pediu comida, teve seus filhos na condição de indigente, viveu muito, ou melhor viveu intensamente experimentando cada sentimento. Com seus cinquenta e tantos anos, Eduardo vive numa constante troca de ideias com as pessoas,z vendendo sua arte pelas ruas do Brasil, sendo transportado por sua Kombi 79 que apelidou de Celestina (por causa da cor: azul celeste). Assina o blog http://observareabsorver.blogspot. com.br e é autor do livro “Crônicas e Pontos de Vista”, além de trazer consigo grandes lições de humanidade.
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DICAS GRUPOS DE ESTUDOS Você já conhece os grupos de estudo que os educadores do Esperança Popular criaram? São espaços com várias dicas que poderão auxiliar nos seus estudos de Química, Geografia, Biologia, Física, Gramática, História, Sociologia, Matemática e Filosofia. Os endereços estão aqui:
Química Esperança Popular
Física do Esperança
Gramática no Esperança- Língua Portuguesa
Dalenostória
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Matemática do Esperança Popular
Biologia Esperança 2015
Geografia Esperança Popular
Tardes de Domingo com História
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EXPERIÊNCIA Vida de um bacharel como educador “Hoje entendo o quanto a vida de um educador é cheia de desafios, que devem ser vencidos a cada aula dada”. Por Pedro Figueiredo
Minha ideia principal de pós formado era seguir no meio acadêmico, pretendia entrar direto na pós-graduação, seguir pesquisando e “fazendo ciência”, conforme fui ensinado ao longo de toda a minha formação como bacharel. Mas infelizmente não tive êxito na execução do meu plano principal e me vi “perdido”. Ficar perdido após se formar é mais normal do que se pensa, acontece com várias pessoas que cursam bacharelado, pois dentro de alguns cursos de bacharelado existe uma grande ideia utópica de ensino, que te apresenta apenas para a pesquisa, para a produção, esquecendo que caso você não siga dentro da Universidade fazendo alguma pósgraduação, vai ter que enfrentar a vida real, só que na condição de formado. Teoricamente só se forma quem possui a capacitação para saber empregar de forma prática e profissional todo o conhecimento que adquiriu ao longo da formação, o problema é que, na prática, essa situação se torna bastante complicada. Aplicar o conhecimento teórico em questões práticas diárias dentro da profissão que escolheu se torna um enorme desafio para quem recém saiu da graduação, isso porque, ao longo da formação como bacharel, você praticamente não é ensinado de forma direta a aplicar tudo que aprendeu.
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Também há uma grande diferença na formação de alunos que cursam o bacharelado ou a licenciatura, e vejo isso claramente hoje, dando aula no Esperança Popular Restinga. Ao longo da minha formação, apenas aprendi como “fazer ciência” e não como ensiná-la para outras pessoas. Na formação de bacharel temos uma grande carga de conhecimento adquirida, mas não somos ensinados a como repassar ela para o público de uma forma geral, fazendo com que a ciência seja feita apenas para aqueles que a praticam e/ou exercem, e não para a população de uma forma geral, como deveria ser. Basicamente o tempo de formação de um bacharel e um licenciado é o mesmo, a diferença está na grade de cadeiras obrigatórias para cada curso. O licenciado realiza várias disciplinas voltadas para sua formação didática, pedagógica e psicológica, enquanto o bacharel recebe uma quantidade enorme de cadeiras voltadas para o meio científico, mas em nenhum momento é ensinado como explicar e ensinar tudo isso que está aprendendo. Hoje me vejo na posição de educador, tendo que passar todo o conhecimento que adquiri ao longo da minha formação para alunos que querem ingressar no ensino superior. Acreditava que, só em saber o conteúdo, já conseguiria ensiná-lo para
qualquer pessoa, mas não é verdade. A prática de didática é de extrema importância para a boa expressão daquilo que se quer ensinar. Hoje, como professor, vejo o quanto me faz falta ter essa formação complementar que os licenciados obtém na graduação. Não adianta apenas saber o conteúdo, é necessário saber como expressar tudo aquilo que se aprende de uma forma que venha a se tornar “entendível” para quem está assistindo a aula e que não possui conhecimento algum sobre o que você está falando. Mesmo com todas as dificuldades e adversidades, posso dizer que a minha experiência como educador do Esperança Popular Restinga não poderia ser mais satisfatória. Em pouco tempo obtive uma evolução pessoal enorme, e vejo o quanto venho evoluindo a cada aula que dou. Hoje entendo o quanto a vida de um educador é cheia de desafios, desafios que devem ser vencidos a cada aula dada. Confesso que ainda não me acostumei com os alunos me chamando de “sor”, mas espero conseguir contribuir para o projeto da mesma forma que ele vem contribuindo para a minha formação, pois o mesmo me mostrou o quanto é possível um bacharel dar aula.
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COMUNIDADE ESPERANÇA POPULAR: O 1º PRÉ VESTIBULAR DA RESTINGA No final do ano de 2005, quando éramos da direção da Associação Núcleo Esperança, a nossa secretária, Maria Teresa Raimundo, que conhecia a professora Nilza do pré-vestibular Zumbi dos Palmares, da cidade de Viamão, nos trouxe a ideia de criarmos um curso pré-vestibular na nossa Associação. Abraçamos a ideia e fizemos várias reuniões até chegarmos no projeto com a UFRGS e o Conexões, e, no começo de 2006 teve inicio o nosso pré-vestibular ,que foi motivo de muita alegria, pois o que a nossa direção queria era dar aos jovens da nossa comunidade a chance de ter fácil acesso a um curso perto de casa e com isso também minimizar a influência que eles recebiam da mídia, associada a drogas e violência. Para nossa surpresa e alegria, as aulas começaram com 40 alunos e o
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curso pré-vestibular funcionou aqui na Associação até terminar nossa gestão. Durante os anos em que o pré-vestibular funcionou na Associação, os resultados foram muito bons, pois os professores que chegavam logo se integravam com a direção e alunos e com a comunidade. Através dos professores, montamos uma minibiblioteca e organizamos festas juninas. Depois, o pré-vestibular conseguiu, com o diretor da época, licença para funcionar na Escola Alberto Pasqualini. Atualmente o cursinho está funcionando na sede da ASALA. Nós lamentamos os transtornos que causaram essas mudanças, mas acreditamos ter conseguido alcançar nosso objetivo, que é valorizar os nossos jovens. Conseguiram ingressar na faculdade vários entre os que cursaram o Pré-vestibular Esperança
Por Djanira Correa
Popular, que ganhou esse nome por estar situado numa parte da Restinga que se chama Núcleo Esperança. Outro ponto positivo, foi que muitos professores que vinham pela primeira vez na Restinga e chegavam meio receosos, logo perdiam o medo. Assim foram os primeiros passos do nosso pré-vestibular. Sobre a historia do Pré-vestibular Esperança Popular, também merece destaque o fato de que ele foi o primeiro curso gratuito fora do centro a se instalar na periferia. Apesar de alegações de que o primeiro pré-vestibular com cunho social e gratuito em Porto Alegre tenha sido criado pelo governo municipal temos como provar que o ESPERANÇA POPULAR foi o primeiro. Lembramos com carinho e gratidão de todos os professores que se dispuseram à vir dar aulas aqui na Restinga e se tornaram nossos amigos: Éder Rodrigues, Helena Bonetto, Anderson, Luana, Iara, Rodrigo e tantos outros. Valeu e está valendo a pena cada vez que ficamos sabendo que mais um jovem que dificilmente teria recursos para frequentar um dos cursos pré-vestibulares caros do centro realizou seu sonho frequentando um pré-vestibular de qualidade, gratuito e perto de casa.
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