Nº 7 ANO IV
tamo lá! JANEIRO E FEVEREIRO DE 2017
GRATUITO
LISTÃO DOS CLASSIFICADOS do esperança - UFRGS 2017 Angélica Reis - NUTRIÇÃO Antonielle Braga - ADMINISTRAÇÃO Jullya Quintana - ODONTOLOGIA Laryssa Fontoura - HISTÓRIA Livia Rozino - BIOLOGIA Marcelo Fillipe - EDUCAÇÃO FÍSICA Marciliane Da Silva – PEDAGOGIA Melissa Ribeiro - ENGENHARIA CIVIL Nathana Santos - GEOGRAFIA Schai Oliveira - EDUCAÇÃO FÍSICA Parabenizamos os BIXOS que conquistaram suas vagas na UFRGS com o apoio do Cursinho Pré-vestibular Esperança Popular Restinga. Bem vindos a essa nova etapa. Sabemos que esse foi um ano de muito esforço, dedicação e persistência – mas valeu a pena! Equipe DEDS “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem... Quem acredita sempre alcança!” Renato Russo.
Um até breve...
um belo espaço de prática para os educadores em formação, estudantes tendo seu primeiro contato com uma sala de aula, em sua maioria.
Há dez anos iniciava-se uma história carregada de es-
perança, ideias e perspectivas de um futuro melhor para os moradores da Restinga que sonhavam em entrar para uma Universidade. O Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga surgiu da demanda da própria comunidade, que tinha dificuldades em acessar cursos pré-vestibulares na região central. Começou na sede da Associação Núcleo Esperança I, depois passou a atuar na Escola Municipal de Ensino Fundamental Alberto Pasqualini, passando também pela Escola Municipal Professor Larry José Ribeiro Alves e, final-
É o fechamento de um ciclo, que pode, com certeza,
gerar novos ciclos, só depende do querer e da força de cada um em levar para frente seus sonhos e a esperança de chamar uma Universidade de sua e de tornar esse espaço de educação mais popular e inclusivo.
Nossos votos são os de que 2017 traga boas colheitas
e belas surpresas, que as forças para buscar seus objetivos se renovem.
mente, chegou à sede da ASALA (Associação Comunitária Ação, Saúde e Lazer), onde funciona hoje.
O Esperança já contribuiu para a aprovação de
“Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário.” Paulo Freire
cerca de 70 alunos em vestibulares pelo Brasil. E, em todo este tempo, foram muitos os desafios, as conquistas, as frustrações, as aprovações, os erros, os acertos, enfim, obstáculos e vitórias que fizeram e fazem todos os en-
Um abraço da Equipe do DEDS/UFRGS
volvidos crescerem neste trabalho conjunto que é a construção de um cursinho que lida com educação popular. Educandos, educadores, comunidade e a equipe do DEDS cresceram muito nesses anos, na capacidade de apren-
CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR ESPERANÇA POPULAR RESTINGA
der, de ensinar, de conviver...
EDUCADORES
Adriele Albuquerque Alexandre Rodrigues Bernardo De Carli Davi Vergara Denise Aires Ramos Érick Barcelos Goulart Gabriela Sitta Henrique Maciel Leão Israel Teixeira Sasso Kamila Costa Lucas Dalenogare Márcia Reckziegel Marilize Ribeiro Alfaro Matheus Penafiel Patrícia Goulart Pinheiro Pedro I. C. Figueiredo Rodrigo Dos Santos Ronaldo Beraldin Saul Bastos William de Oliveira Silva
Agora, com a chegada de um novo ano, chega também
o tempo de mais renovação no Esperança, de caminhar ainda mais com os pés da comunidade, de educandos e educadores, pois o DEDS se despede e encerra o ciclo do cursinho como ação de extensão da UFRGS. Após o término do Vestibular UFRGS 2017, a Universidade não estará mais coordenando esta ação, mas estará ainda de braços abertos para receber a comunidade da Restinga em todos os seus espaços.
Agradecemos pelo empenho de todos os educadores
que passaram pelo Esperança, além da contribuição de todos os nossos colaboradores de acompanhamento pedagógico, das formações, palestras, oficinas. Também às escolas e es-
COMISSÃO EDITORIAL Daiane Moraes Débora Simões Rita Camisolão PROJETO GRÁFICO Arthur Bataioli Helo BM DIAGRAMAÇÃO Helo BM
paços que abriram suas portas para sediar o cursinho. Fazemos um agradecimento especial à comunidade da Restinga e aos educandos de ontem e de hoje, que deram início a esse projeto e o mantêm vivo com suas presenças, seus sonhos, questionamentos e carinho. Esta comunidade proporcionou
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pvrestinga.blogspot.com.br facebook.com/groups/pvrestinga
Sí, se puede Sobre os cursinhos populares e o ingresso por reserva de vagas na UFRGS por Denise Jardim * e Tiago Tresoldi **
A reserva de vagas tem gerado intensos aprendizados, para a UFRGS, para os candidatos, e para os profissionais que impulsionam pessoas que nunca tinham pensado em cursar uma universidade pública, até encontrarem-se nos cursos pré-vestibulares populares.
O segundo aprendizado do recém aprovado é de que não sabemos tudo sobre as reservas de vagas e sobre a UFRGS antes de adentrar suas salas, passar por suas exigências. Mas, vencida essa etapa do vestibular, lá do outro lado tem muita gente aprendendo e fazendo.
O primeiro aprendizado é quase um “mantra” que todo o candidato deve ter antes do concurso vestibular e ENEM, e nós aqui na UFRGS acalentamos com muita energia. “Sí se puede”, dizia a torcida do Equador empurrando seu time de futebol para vencer a seleção brasileira. Hoje, sabemos que não somos uma seleção invencível. E como sabemos! Mas, o gosto por lutar parece ter sido novamente despertado.
É como dizem: “a UFRGS não estava preparada”. A isso sempre replico, quem pode se dizer preparado para viver de outra maneira? O certo é que a UFRGS tem aprendido muito e demonstrado que a disponibilidade por aprender é parte do universo acadêmico. A Coordenadoria de Acompanhamento de Ações Afirmativas (CAF) aqui na UFRGS espera que, através dos gráficos que reproduzimos abaixo, vocês possam verificar o quanto os cursinhos pré-vestibulares têm interferido positivamente na vida dos candidatos.
Essa energia de luta do candidato no vestibular da UFRGS através da reserva de vagas vem sendo potencializada fora da UFRGS pelos cursos pré-vestibulares populares. Essa energia despendida já tem um longo caminho percorrido em apenas 9 anos de reserva de vagas. Já podemos demonstrar aqui na UFRGS que “si, se puede” passar por mérito e classificar-se aprovado e que as vagas destinadas a autodeclarados conseguem ser ocupadas por candidatos. No início não era assim, muitos não se candidatavam associando a UFRGS a um mundo inatingível.
Sim, vai como uma provocação a mais, porque vestibulando que é vestibulando, não pode ter medo de gráficos. Vejam aí o quanto o tempo que os alunos se envolvem com a uma rotina dos cursinhos tem feito diferença na aprovação dos candidatos.
Taxa de vinculação, por frequência a curso pré-vestibular, por ano (1997 - 2014)
25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0%
1997
1998
1999
2000
2001
2003
2004
2005
2008
2009
+ de 1 ano _ de 1 ano
16,2%
17,6%
15,9%
14,3%
16,2% 16,4%
2002
16,1%
16,1%
17,7% 17,8% 18,9%
20,7%
19,3% 21,0% 18,1%
17,3% 15,2%
15,6%
10,9%
11,0%
10,7%
10,4%
10,2% 10,2%
10,1%
11,3%
11,2% 12,0% 12,5%
14,1%
15,5% 17,2% 16,4%
15,8% 15,3%
17,5%
Não
6,6%
5,4%
6,6%
5,8%
4,7%
5,4%
6,0%
6,0%
7,7%
8,8%
8,8%
9,0%
1 ano
11,8%
10,5%
11,9%
10,2%
10,9% 12,3%
11,8%
12,6%
12,5% 13,3% 14,4%
16,4%
16,6% 20,0% 18,2%
5,0%
2006
5,9%
2007
6,7%
2010
2011
10,2% 9,4%
2012
2013
8,0%
17,6% 16,4%
2014
16,7%
*Antropóloga e Coordenadora da CAF/UFRGS. ** Doutor em Letras e Técnico Administrativo da UFRGS na CAF.
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Taxa de vinculação, por frequência a curso pré-vestibular, por ano (2004 - 2014, apenas alunos autoidentificados como “negros”) 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0%
2004
2005
2008
2009
+ de 1 ano _ de 1 ano
16,1%
17,7% 17,8% 18,9%
2006
20,7%
19,3% 21,0% 18,1%
17,3% 15,2%
15,6%
11,3%
11,2% 12,0% 12,5%
14,1%
15,5% 17,2% 16,4%
15,8% 15,3%
17,5%
Não
6,0%
6,0%
7,7%
8,8%
8,8%
9,0%
1 ano
12,6%
12,5% 13,3% 14,4%
16,4%
16,6% 20,0% 18,2%
5,9%
2007
6,7%
Basicamente, no período da implementação das cotas diminuiu a diferença relativa ao número de anos entre candidatos, o tempo vinculado a um cursinho, mas o peso da variável “frequentou curso pré-vestibular e por quanto tempo” continua um peso enorme em que podemos visualizar aqueles que ingressam na UFRGS. Como se diz aqui, na equipe da CAF, há fortes indícios de que estar entre colegas, estudar junto nos cursinhos, impacte de modo ainda mais forte as aprovações que aqui damos visualização em gráficos. Em outras palavras, cursos prévestibulares exigem ainda mais do candidato e demonstram que “estudar junto” é algo que reforça aprovações. Como no dito popular, “uma andorinha sozinha, não faz verão”. Então, nada de viver como andorinha! Não há como dizer, sem uma investigação mais detalhada, se isso é devido às cotas e/ou a outros fatores, sobre tudo a expansão de vagas e o aumento da taxa de ocupação de vagas na UFRGS, mas verifica-se o peso da vinculação em cursos pré-vestibulares nas aprovações. O resultado é semelhante se analisarmos a segunda tabela e a vinculação pela frequência a curso pré-vestibular apenas para alunos que se identificaram como negros – de novo, apenas a partir de 2004, quando aí começa a pergunta sobre raça/cor em nossos questionários. Nesse caso, as cotas tiveram um efeito de alterar o número de anos em cursinho pré-vestibular necessários para ingresso na UFRGS. Esse é um recado técnico, em gráficos, para quem precisa de provas científicas para passar o natal e ano novo estudando. É um argumento forte para vencer o calor, para encarar essa como uma luta que sempre precisou de parcerias. Um recado em gráficos que dá materialidade e reconhecimento do importante trabalho coletivo na educação que localmente vem sendo realizado pelos cursinhos prévestibulares populares, por associações comunitárias e por escolas públicas que podem encontrar seus alunos na universidade, perante novos desafios e em um novo patamar de conquistas escolares. Cotas é pra valer! Com as cotas, a UFRGS tem aprendido mais sobre a
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2010
2011
10,2% 9,4%
2012
2013
8,0%
17,6% 16,4%
2014
16,7%
diversidade de nosso país e tem extraído importantes lições sobre os modos de interferir nos destinos de um Brasil muito desigual. A reserva de vagas para ingresso na universidade, para pessoas que concluíram o ensino público e se autodeclaram nas modalidades de cota por raça/cor e renda, é recente. Sim, a política pública tem apenas nove anos de existência. Foi votada em 2007, o que colocou a UFRGS entre as 65 universidades públicas (estaduais e federais) que até 2011 tinham incorporado o ingresso por cotas, 70% das universidades públicas do país, na sua maioria, por decisão de seus conselhos e debate interno na comunidade acadêmica. Isso é uma expressão da autonomia universitária para inovar e decidir sobre os rumos da educação e ciência. Somente em 2012, por decisão federal, as universidades federais públicas que não tinham decidido por reserva de vagas foram obrigadas por lei a recepcionar esse modo de ingresso. Portanto, o maior indicador da receptividade de ca louros não é a lei federal e sim a sintonia das universidades, de sua comunidade acadêmica em impulsionar novas formas de acesso visando à democratização do ensino público. Sim, estamos nessa luta! Em um mundo imaginado não haveria provas. É tudo o que um vestibulando gostaria de ouvir. Mas no mundo que vivemos, os cursinhos dão provas de que os estudantes estão colhendo frutos dessa luta pelo ingresso através do vestibular. Sabemos que não é fácil, é um percurso com decepções e empenho de muitos que participam da vida de um vestibulando. Para isso, contamos até o momento com o DEDS, da Pró-Reitoria de Extensão, que surgira nessa história apoiando ações como os cursinhos populares, em especial o Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga. Estamos em um patamar em que o cursinho popular alcançou e se apropriou do “saber-fazer” e tem a maturidade de gestionar essa energia que vem interpelando positivamente a UFRGS. O DEDS acompanhou o cursinho até aqui, agora seguimos atentos a vocês vestibulandos, no DEDS ou na CAF, e nos mantemos receptivos à boa energia que vem da luta movida por vocês aqui na UFRGS.
tamo lá!