Revista Odontolife - Ed 60

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ENDODONTIA

Análise da porosimetria do cimento MTA Fillapex em comparação ao AH Plus, Sealer 26 e Endofill

JURISPRUDÊNCIA

O idoso e a Saúde Bucal - Direitos

ONCOLOGIA

Laserterapia no tratamento e prevenção da mucosite oral quimioinduzida

DENTÍSTICA ESTÉTICA

Out/Nov/Dez 2014 | ed. 60

ISSN - 1807-9954

Reabilitação estético-funcional em incisivos superiores pós ortodontia

Odontogeriatria brasileira em estado de emergência www.gutierreodonto.com.br > 1

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 Editorial

Aumento da população de idosos exige preparo e qualificação profissional em atenção à saúde bucal de pacientes da terceira idade

S

egundo Fernando Luiz Brunetti Montenegro, cirurgião-dentista especialista em Odontogeriatria, não há evidências científicas de que o envelhecimento implique, de forma inevitável, na perda de dentes naturais. Por isso, em pleno século XXI, com a Odontologia no auge do crescimento científico e tecnológico, promovendo a saúde bucal de forma mais democrática, podemos afirmar que só não tem dentes quem não quer, certo? Errado! Certo seria se nas últimas décadas não tivesse havido um total abandono, um verdadeiro abismo social cavado pela falta de informação e pela falta de hábitos preventivos e alimentares que levaram os idosos de hoje a terem uma saúde bucal bastante debilitada. Sabe-se atualmente que o edentulismo, ou a perda total dos dentes, é reflexo da falta de prevenção, de informação e, consequentemente, de cuidados com a higiene bucal, que deveriam ser destinados principalmente à população adulta, para que mantenha seus dentes até idades mais avançadas. No entanto, quase 40% da população idosa brasileira hoje é edêntula e, embora existam manifestações esporádicas e isoladas para tentar amenizar os problemas odontológicos da terceira idade, isso só vem acontecendo há pouco tempo, em função do aumento da expectativa de vida da população de idosos no Brasil e também em países desenvolvidos. Com isso, e também pela Odontogeriatria não fazer parte da grade curricular da grande maioria das Faculdades de Odontologia do País, a saúde bucal da população idosa brasileira encontra-se numa situação precária, evidenciada pelo grande número de pessoas sem dentes e pela ausência de programas voltados para este grupo populacional específico. Diante desta realidade, sentimos a necessidade de fazer um alerta sobre a atual e real situação da Odontogeriatria brasileira, chamando a atenção de toda a classe odontológica, bem como de órgãos governamentais, universidades e entidades de classe, para a importância da incorporação do cirurgião-dentista nas equipes de saúde; para a efetivação de um trabalho qualificado e contínuo de prevenção e orientação sobre a saúde bucal do idoso; e ampliação dos estudos nessa área, com o objetivo de melhorar a atenção e a qualidade do tratamento odontológico oferecido à população acima de 60 anos no Brasil. Este é o assunto de destaque desta edição, que traz a opinião de grandes especialistas neste segmento, suas observações, críticas e ideias que podem contribuir para melhorar a qualidade da Odontogeriatria brasileira, uma especialidade muito importante e fundamental para o futuro da Odontologia, que já enfrenta e sofre as consequências do crescimento acelerado da população de idosos no País. Nesta edição, também, você poderá conferir artigos científicos inéditos, notícias, lançamento de produtos, novidades do segmento odontológico e a cobertura dos principais eventos do setor. Boa leitura! Ana Lúcia Pereira Editora

Out/Nov/Dez 2014 | ed. 60 A Gutierre OdontoLife é uma publicação pertencente à OdontoLife Edição dePeriódicos Ltda. - ME, produzida e distribuída em parceria com a Dental Gutierre Odonto.

Direção Ana Lúcia Pereira de Jesus José Eduardo Gibin Gutierre Editora e Jornalista Responsável Ana Lúcia Pereira (MTb: 24.654) Fone: (16) 98177 0062 ana@revistaodontolife.com.br Redação e Departamento Comercial Rua João Nutti, 1561 - Cj. 12 - Pq. Bandeirantes Ribeirão Preto-SP - CEP: 14090-387 Fone: (16) 3236 4802 - Ana Lúcia Departamento de Marketing Juliana da Silva Finato Fone: (16) 3303 1820 jsfinato@gutierreodonto.com.br Projeto Gráfico e Diagramação Neto Heleno info@netoheleno.com Distribuição (gratuita) Dental Gutierre Odonto Rua Voluntários da Pátria, 2839 - Centro Araraquara-SP - CEP: 14801-320 Fone: (16) 3303-1820 Impressão Gráfica e Editora São Francisco Ltda. Rodovia Anhanguera, Km 320 + 20m Recreio Anhanguera Ribeirão Preto-SP - CEP: 14097-140 Fone: (16) 2101 4151 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. A Gutierre OdontoLife não autoriza ninguém a retirar, emprestar ou permutar qualquer tipo de material para produção ou similares e nem a negociar em nome da revista sem autorização da diretoria. Normas de Publicação: No Caderno Científico, a revista Gutierre OdontoLife divulga artigos (Científico / Caso Clínico / Técnico ou de Revisão), produzidos por clínicos gerais e cirurgiões-dentistas das diversas especialidades odontológicas. Todo profissional que tiver interesse em publicar seu trabalho em nossas páginas deve enviar o material atendendo às seguintes normas para publicação: 1) Nos trabalhos em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. 2) Os editores da Gutierre OdontoLife podem adaptar o artigo às normas jornalísticas vigentes e ao padrão gráfico da revista. 3) O texto deve ser digitado e entregue em arquivo do word (doc), na fonte Times News Romam, corpo 11, contendo: título, artigo, referências bibliográficas, titularidade do(s) autor(es) e legendas identificadas para todas as imagens (fotos, tabelas ou ilustrações). NÃO INSERIR imagens no arquivo doc. 4) Todas as imagens devem ser enviadas separadamente, em alta resolução (JPG - 300 DPIs) com, no mínimo, 9 cm de largura. Inserir no mínimo três e, no máximo, 16 imagens por artigo. 5) Os trabalhos em grupo deverão conter os nomes e a titularidade de todos os autores, e-mail ou telefone de pelo menos um dos autores. 6) Sobre as referências bibliográficas: devem ser adotadas as normas de Vancouver (as referências são enumeradas de acordo com a ordem de entrada no texto). 7) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor(res). Cada um receberá exemplares da revista em que seu trabalho foi publicado. 8) Anexar ao trabalho os dados completos de todos os autores para contato (nome completo - endereço completo - CEP - telefones e e-mail). Os trabalhos podem ser enviados para o e-mail: contato@ revistaodontolife.com.br ou através de mídia digital (CD ou DVD) endereçados para: Redação Gutierre OdontoLife - R. João Nutti, 1561 - Cj. 12 - Pq. dos Bandeirantes - CEP: 14090-387 - Ribeirão Preto-SP.

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Capacitação profissional de odontogeriatras não acompanha o crescimento da demanda de pacientes idosos Assim como as previsões demográficas apontam para um grande aumento da população de idosos em todo o mundo, o Brasil também está envelhecendo e, segundo pesquisadores, por volta de 2025 o País terá cerca de 33 milhões de pessoas idosas, a sexta maior população de idosos do mundo, ou seja, 14% de sua população total, com predomínio de mulheres idosas, como resultado de maiores taxas de mortalidade dos homens em praticamente todas as faixas etárias. À medida em que a população envelhece é cada vez maior o aporte de pessoas idosas nos consultórios odontológicos, necessitadas de tratamento e de um conhecimento maior por parte dos cirurgiões-dentistas (CD), fazendo surgir novos caminhos na Odontologia. Com isso, a especialidade Odontogeriatria está se transformando num dos maiores desafios da atualidade para o odontólogo que, cada vez mais, percebe a necessidade de se aprimorar nas questões do envelhecimento, buscando melhor conhecimento a respeito deste processo, pois o profissional que não se adequar à essa nova realidade não estará apto para atender pacientes da terceira idade com conhecimento e segurança. 8 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 60

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onsidera-se um idoso bem sucedido em relação à saúde bucal aquele que mantém por toda a sua vida uma dentição natural, saudável e funcional. Isso envolve aspectos sociais, psicológicos e biológicos. Mantém sua estabilidade psicológica, melhora a autoestima, relacionando-se de forma mais agradável com os outros e, biologicamente, usufrui dos benefícios que uma dentição sadia concede, como estética, conforto, habilidade para mastigar, falar e sentir sabor. São também aspectos que contribuem significativamente na nutrição, na fonética, na melhoria da saúde geral e da qualidade de vida. O edentulismo, ou perda dentária total, ainda representa um grande problema em nosso país. De acordo com pesquisa conduzida pelo Ministério da Saúde (MS) - Condições da Saúde Bucal da População Brasileira, em 2003, 37,8% da população idosa são edêntulos e o resultado do último Levantamento da Saúde Bucal Brasileira, feito pelo MS em 2010, não apresentou mudanças significativas. Mais de 3 milhões de idosos necessitam de prótese total em duas arcadas e, 4 milhões, de prótese parcial em pelo menos uma das arcadas. O fato dos idosos ficarem sem próteses ou com próteses inadequadas acarreta problemas estéticos, funcionais, nutricionais, gastrointestinais e remodelação da ATM, com dores orofaciais e dificuldade de alimentação por diminuição da habilidade mastigatória, o que leva a uma dieta inadequada, pois preferem alimentos macios e pobres em nutrientes, com efeito grave sobre seu estado nutricional. A alimentação desempenha papel importante na prevenção de doenças. Estudos mostram que esses pacientes podem desenvolver doenças sistêmicas como câncer no intestino, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares (essas, por consumo exagerado de gorduras saturadas, dieta pobre em fibras, antioxidante e caroteno). As osteopatias se associam às dietas pobres em cálcio e, a catarata e o risco de câncer, com dietas pobres em frutas, vegetais e vitaminas C. Também relacionadas com a perda total dos dentes temos as alterações miofuncionais e aspectos fonoaudiológicos dificultando as funções de deglutição, mastigação e fala. Daí a importância do tratamento odontológico na terceira idade, da reabilitação oral (quer com próteses convencionais ou implanto suportadas) levando a um impacto positivo na saúde geral e na qualidade de vida do paciente idoso”, explica Dulcinéa Dirce Salgado Mattar, CD graduada

DULCINÉA DIRCE SALGADO MATTAR: Especialista em Odontogeriatria, Gerontologia Social e Saúde Coletiva; diretora da Associação Brasileira de Odontologia de Minas Gerais. Membro da Academia Mineira de Odontologia cad. nº 3.

“Considerando-se que a expectativa de vida aumentou acentuadamente nas últimas décadas, a meta hoje não é acrescentar mais anos à vida, e sim, mais qualidade de vida aos anos vividos”. pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FoUsp); especialista em Odontogeriatria, Gerontologia Social e Saúde Coletiva; diretora da Associação Brasileira de Odontologia de Minas Gerais. Membro da Academia Mineira de Odontologia cad. nº 3. O idoso forma um grupo especial que abre as portas da Odontologia para a interdisciplinaridade porque os problemas relativos ao envelhecimento são complexos e podem ser mais bem estudados num contexto multidisciplinar. Assim, o ideal seria o odontogeriatra trabalhar em conjunto com o médico geriatra, com a enfermeira, com o terapeuta ocupacional, com a fonoaudióloga, com o fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e outros, associando conhecimentos, dividindo responsabilidades, otimizando o diagnóstico e o tratamento, visando melhorar a qualidade de vida do paciente idoso. Com isso,

um dos maiores desafios do cirurgião-dentista hoje é a Odontogeriatria que contém a Geriatria e a Gerontologia (uma ciência mais abrangente que estuda o envelhecimento como um todo em suas nuances sociais e comportamentais). “A partir de um planejamento multiinterdisciplinar, diante de um contexto gerontológico, as condutas em saúde bucal devem ser realizadas por profissionais capacitados em avaliar o idoso como um todo. A saúde bucal é parte de um todo (o corpo humano) e a ocorrência de problemas afetam diretamente a saúde sistêmica desse grupo populacional e vice-versa. O conhecimento das enfermidades que ocorrem no envelhecimento é de fundamental importância para um planejamento correto em saúde bucal. Aspectos relevantes como uma correta mastigação, deglutição dos alimentos, absorção nutricional, auto-estima, sorriso e uma Odontologia a ser capacitada, fazem parte da Odontogeriatria atual. O tratamento odontológico de pacientes idosos pode ser credibilizado nas ações preventivas, tratamentos periodontais, restauradores e, principalmente, na atualidade, pelos reabilitadores (próteses e implantes). Podemos enfatizar também uma Odontogeriatria que vai além do consultório odontológico. A prática odontológica domiciliar (home care) e hospitalar (principalmente nas unidades de terapia intensiva) são algumas vertentes de atuação, muitas vezes desconhecidas pelos próprios cirurgiões-dentistas e pela sociedade”, ressalta Alexandre Franco Miranda, professor do curso de Odontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB); coordenador das disciplinas de Odontogeriatria, Pacientes Especiais e Clínica de Odontologia para Pacientes Especiais da UCB; especialista em Gerontologia e gerontólogo titulado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). “O paciente idoso nos conta apenas o que quer no momento da anamnese (consulta inicial) e, nem sempre, seus cuidadores estão presentes para complementar as informações sobre eles. A colheita de informações inadequada, que impede o profissional de ter a noção real dos problemas daquele paciente, é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo odontogeriatra. Por isso, os exames laboratoriais podem ajudar a enxergar melhor a verdade sobre a saúde geral deste paciente, a descobrir o que está trás do que ele quer ou vai nos contar. Esta visão ampla de sua saúde é fundamental para vermos a real condição do idoso e, com isto, podermos fazer um tratamento www.gutierreodonto.com.br > 9

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FERNANDO LUIZ BRUNETTI MONTENEGRO: Coordenador dos cursos de Especialização em Odontogeriatria no NAP Instituto (5a Turma).

“Não podemos ficar parados sabendo que, em 30 anos, vamos ter mais 65 milhões de idosos e não nos preparamos adequadamente para isto!”. adequado à sua realidade, em conjunto com seus médicos, sem que as intervenções odontológicas possam trazer riscos para pacientes nesta faixa etária. O importante é saber tudo sobre aquele idoso em particular e não tomá-lo por igual aos demais, pois cada pessoa tem sua história de vida, de saúde geral e de saúde bucal. Uma vez denominado quem é aquele paciente e quais são as suas reais condições de saúde, podemos estabelecer um planejamento e propor o tratamento mais adequado a ele, discutido com suas fontes mantenedoras. A partir daí tudo tende a transcorrer sem percalços”, completa Fernando Luiz Brunetti Montenegro, autor de dois livros

publicados (2002 e 2013) sobre Odontogeriatria; com mais de 165 cursos e palestras sobre Odontogeriatria no Brasil, América Latina e Europa. Mestre e Doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FoUsp); coordenador dos cursos de Especialização em Odontogeriatria no NAP Instituto (5a Turma). Considerando que cerca de 70% dos idosos apresenta algum tipo de patologia, além da multidisciplinaridade, o cirurgião-dentista deve ter cuidado também na hora de prescrever medicamentos aos pacientes da terceira idade. “Para qualquer intervenção é necessário conhecimento das doenças sistêmicas que acometem o idoso e sua repercursão na cavidade bucal e vice-versa. Saber as medicações em uso é fator importante. Vários cuidados devem ser tomados antes dos procedimentos. Por exemplo, na necessidade de um a extração em paciente com uso de anticoagulantes (tipo Marevan) o CD deve trabalhar com o médico para suspensão da medicação e controle do RNI para efetuar o procedimento com segurança. Cada caso é um caso, necessita avaliação e trabalho em conjunto de toda a equipe”, explica Dulcinéa Mattar. “A prescrição medicamentosa ao idoso deve ser muito bem avaliada, principalmente na possibilidade de interação com outras medicações que tomam para suas condições sistêmicas, mas também, porque, em certos pacientes, a condição sistêmica não esteja adequada à prescrição. Por isso, faz-se necessária a integração profissional. O odontogeriatra não trabalha sozinho. Ele deve ter a capacidade de interação com os outros profissionais da saúde e com a família do paciente, além dos médicos. A troca de experiências e informações interdisciplinares fazem com que o odontogeriatra esteja sempre estudando e focado no caso clínico específico. Tudo fica mais fácil, tudo fica mais correto e planejado quando atuamos em conjunto... quando percebemos que a Odontologia é apenas uma parte da saúde geral do idoso. É uma Odontologia que vai além da boca!”, acrescenta Alexandre Miranda. “Mais de 50% dos medicamentes normalmente ingeridos pelos idosos, causam a diminuição do fluxo salivar na boca (cujas consequências práticas deveriam ser muito bem discutidas também em cursos de Medicina e Enfermagem, pois é o problema clinico que mais nos afetará nas condições odontológicas bucais e nos atendimentos odontológicos nesta faixa etária). Um idoso pode tomar até a 15 ou 20 medicamentos por dia: imagine os problemas bucais que isto pode causar! No mínimo um excelente suporte preventivo bucal deveria acontecer com este idoso, não só de dentes, mas de tecidos moles, língua, etc.”, completa Fernando Montenegro. Com exceção da idade, acima de 60 anos para países em desenvolvimento como o Brasil e 65 anos para os países desenvolvidos, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) - 1995, pode-se dizer que não existe um perfil padrão para o paciente geriátrico, pois, embora o envelhecimento seja um processo natural comum a praticamente todos os seres vivos, ele não ocorre de forma igual para todos os indivíduos. Há influencias sociais, culturais e biológicas, fatores hereditários, estilo de vida, condições de vida e fatores ambientais que interferem nesse processo. “A terceira idade é um grupo heterogêneo,

mas os pacientes geriátricos apresentam algumas peculiaridades, como as mudanças fisiológicas (diminuição do volume plasmático, diminuição dos líquidos corporais, aumento de gordura e diminuição da massa muscular); a presença de doenças sistêmicas e crônicas (80% com no mínimo uma doença crônica); alta incidência de deficiências físicas e mental; pacientes com deficiências visuais, auditivas e de locomoção; pacientes que podem apresentar problemas cognitivos (depressão, demência ou delírio) temporários ou permanentes; e polifarmácia (25% usam seis ou mais tipos de drogas)”, aponta Dulcinéa. Todos esses fatores tornam o atendimento ao paciente idoso mais complexo, gerando desafios ao odontogeriatra. “O atendimento ao idoso requer um tempo maior, uma avaliação mais detalhada, aspectos relevantes de posição da cadeira e estrutura geral de um consultório preparado (estrutura física e

ALEXANDRE FRANCO MIRANDA: Especialista em Gerontologia e gerontólogo titulado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

“Tudo fica mais fácil, tudo fica mais correto e planejado quando atuamos em conjunto... quando percebemos que a Odontologia é apenas uma parte da saúde geral do idoso”.

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Foto: Alexandre Franco Miranda

pessoal) para suprir essa demanda. Pacientes semi e totalmente dependentes necessitam de uma Odontologia fora dos padrões, como a Odontologia domiciliar e hospitalar, pouco conhecida pelos profissionais da saúde, pela população e pelos próprios cirurgiões-dentistas. Além disso, os problemas bucais mais comuns estão relacionados à deficiência de higienização bucal, das próteses e da língua, próteses mal adaptadas e confecciondas, candidose, diminuição do fluxo salivar, cáries radiculares, recessões gengivais, lesões traumáticas por uso de próteses (úlceras, hiperplasias fibrosas inflamatórias) e implantes mal planejados, por exemplo”, classifica Alexandre. “O cuidado com o paciente geriátrico começa antes dele assentar na cadeira. Os espaços devem estar adequados, com barras de apoio, cadeiras mais elevadas, piso não escorregadio, vasos sanitários mais altos, nenhum tapete ou barreira física, portas com vãos largos para passagem da cadeira de rodas e mais espaço. Agendamento sempre no mesmo dia e hora, se possível, evitando atrasos. Pessoal auxiliar com simpatia e gentileza, capacidade para ouvir, paciência e compreensão, doar-se com o coração. As deficiências visuais, auditivas e cognitivas exigem mais atenção do profissional. A anamnese deve ser bem feita, com atenção aos aspectos psicológicos e neurofisiológicos, complementada com exames físico e laboratoriais tradicionais. Verificar as doenças sistêmicas com repercursão na cavidade bucal e suas sequelas. Verificar o esquema de medicações prescrito. Entrar em contato com o médico e com a equipe de atendimento ao paciente idoso para trocar informações e conhecimentos. Fazer diagnóstico e plano de tratamento de acordo com o que o paciente está apto a aceitar. Observar o paciente como um todo é fundamental, pois somos responsáveis por ele e nossa visão clínica deve ultrapassar a cavidade bucal, cuja percepção poderá melhorar a qualidade de vida do mesmo ou salvar sua vida. É possível perceber a desnutrição e a necessidade de alimentação por sonda, uma constipação intestinal, uma pneumonia por aspiração, aumento do estado demencial, desidratação, anemias, escaras, etc. Lembrando que os pacientes idosos podem ser independentes: aqueles com autonomia ou não, portadores de doenças crônicas degenerativas controladas ou não, capazes de realizar as Atividades de Vida Diária (AVD) (capacidade de se vestir, alimentar, banhar, caminhar, controle de necessidades, etc.); parcialmente dependentes: que não conseguem realizar uma das AVDs; e totalmente dependentes: não realizam nenhuma AVD e necessitam de ajuda de cuidadores permanentes (normalmente são institucionalizados)”, explica Dulcinéa. “Higiene e prevenção também são indispensáveis e o cirurgião-dentista deve compartilhar informações a respeito com seus pacientes da terceira idade. A diminuição do fluxo salivar exige maior desempenho preventivo dos idosos (ou de seus cuidadores) e isto precisa ser claramente mostrado, explicado, a ele e seus cuidadores, em todas as oportunidades, pois o profissional tem obrigação de transmitir a real importância de cuidar bem dos dentes nesta faixa etária”, acrescenta Fernando Montenegro. A Odontologia caminha a passos largos, existem muitas alternativas para a reabilitação de

Odontogeriatria permite atendimento a pacientes idosos totalmente dependentes.

pacientes edêntulos em função dos avanços da ciência e da biotecnologia. O aprimoramento das técnicas da implantodontia viabilizou o uso de próteses totais sobre implantes, com carga imediata, reduzindo o tempo de tratamento e produzindo um impacto positivo na qualidade de vida dos mesmos. Resta ressaltar que os idosos que estão para chegar terão condições físicas, psíquicas e sociais bastante particulares e chegarão à terceira idade com boas condições bucais devido aos avanços da Odontologia moderna, que visa a promoção e manutenção da saúde bucal, demandando maior e mais diversificada atenção por parte dos profissionais. “Os idosos têm sido foco de atenção em estudos sobre o impacto da saúde bucal na qualidade de vida, uma vez que o impacto cumulativo dos problemas bucais é maior entre eles. A condição bucal precária observada hoje no idoso é decorrente não só do processo de envelhecimento por si, mas pode ser considerada também uma experiência socialmente construída durante toda a vida. Considerando-se que a expectativa de vida aumentou acentuadamente nas últimas décadas, a meta hoje não é acrescentar mais anos à vida, e sim, mais qualidade de vida aos anos vividos. Neste contexto, o fato de 37,8% dos idosos serem edêntulos é inaceitável. Estamos longe de atingir a meta da OMS que seria, para o ano de 2000, de 50% da população idosa entre 65 a 74 anos com pelo menos vinte dentes em condições funcionais. Para que a condição bucal dos idosos apresente melhoras, medidas preventivas contínuas devem ser tomadas basicamente durante toda a vida, assim como ações educativas e medidas curativas, possibilitando um acesso maior também aos tratamentos restauradores. A Odontogeriatria caminha a passos lentos apesar da crescente necessidade de ampliar os conhecimentos e pesquisas na área, devido à transição demográfica e epidemiológica que o País atra-

vessa. As previsões para o futuro são sombrias falando-se num impacto social. Segundo Kalache e Schamovickz, crescerá a demanda por leitos hospitalares, instituições de longa permanência para idosos, cuidadores de idosos e de aposentadorias. Será que frente à crescente demanda da população que envelhece existem expectativas de oferta adequada de cuidados e serviços nas áreas de saúde e assistência social?”, pergunta Dulcinéa. “A Odontologia ainda não observou a necessidade de campanhas específicas ao idoso, com orientações preventivas, de autoexame contra o câncer de boca, medidas de higienização das próteses e higienização da língua, que poderiam ser mais enfatizadas por campanhas, folders e panfletos direcionados à população brasileira. Coloco também a necessidade de se preparar o `futuro idoso´, que às vezes desconhece o envelhecimento e suas condições específicas, destacando uma correta promoção de saúde bucal. A nossa Odontogeriatria ainda se encontra isolada, porém na busca do espaço e preparo da Odontologia para o envelhecimento. A problemática de querer enfrentar a saúde bucal do idoso sem um preparo adequado poderá trazer consequências negativas ao paciente. As entidades de classe, universidades e os órgãos governamentais precisam se empenhar para que aconteça a inserção dessa especialidade odontológica nos currículos e direcionar a formação em todos os grupos de ensino (público, particular e pós-graduações) da atenção em saúde bucal ao idoso como obrigatório. A elaboração de corretos planejamentos de ensino da área, reforço técnico-científico e massificação dessa informação podem credibilizar a importância de uma disciplina obrigatória, dando fim a um sistema educacional despreparado para lidar com o idoso, com a saúde bucal do idoso, a partir de uma análise bio-psico-social e comportamental das ações clínicas. Precisamos lutar por uma Odontogeriatria próspera, pois teremos www.gutierreodonto.com.br > 11

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Foto: Dulcinéa Dirce Salgado Mattar

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O uso de próteses parciais removíveis e próteses totais é muito comum em pacientes da terceira idade, mas precisam ser confeccionadas adequadamente.

um público alvo específico para atender e compreender. Um público que nos permite atuar além do consultório, uma Odontologia domiciliar e hospitalar que fazem parte da Odontogeriatria. Um vínculo profissional para poucos, pois essa prática é direcionada a quem quer estudar, aprender, se dedicar e, principalmente, tem o perfil de entender o outro. O outro mais experiente, mais vivido, mais certo de que se ele lhe procurou para um atendimento é porque o seu trabalho é valorizado em todos os sentidos. A Odontogeriatria é assim, para profissionais da saúde que agregam na qualidade de vida do idoso a saúde bucal! Um futuro, que talvez, nem eu vá vivenciar o gozar dos benefícios de viver diariamente o estudo e suas especificidades de um envelhecer sadio, um envelhecer que precisa ser inserido em uma prática odontológica capacitada!”, almeja Alexandre Franco Miranda. É notória a necessidade de uma formação específica e adequada aos cirurgiões-dentistas que querem trabalhar com pacientes idosos. No entanto, estamos em emergência e a falta de consciência desta realidade impede de tornar a Odontogeriatria uma disciplina necessária no currículo da graduação nas Faculdades de Odontologia no País. Ao mesmo tempo, na contramão do aumento da expectativa de vida dos brasileiros, e consequentemente, da demanda de idosos nos consultórios odontológicos, é baixíssimo o número de profissionais realmente capacitados para atender pacientes com idade acima de 60 anos, muito aquém do necessário mundialmente. De acordo com dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO), no Brasil existem atualmente 282 cirurgiões-dentistas especializados em Odontogeriatria e, aproximadamente, 36 em curso, o que representa um total máximo de 318 profissionais capacitados previsto para dezembro de 2014, para atender 16 milhões de pacien-

tes idosos, enquanto, na Geriatria médica, por exemplo, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM) existem 1.017 especialistas para atender os mesmos 16 milhões de idosos. “Um dos novos caminhos da Odontologia deveria, com certeza, ser a Odontogeriatria, pois nossos idosos estão sendo muito mal atendidos. Mas o que se vê é um panorama sombrio. Corro o Brasil ministrando cursos na área e, das 203 Faculdades de Odontologia do País, somente 13 têm atividades em Odontogeriatria e, destas, em apenas seis a especialidade faz parte da grade curricular. O grande problema é que o ensino da Odontogeriatria não é obrigatório pela grade curricular mínima do MEC, desestimulando o interesse dos futuros profissionais pela especialidade. Para agravar ainda mais este quadro, com o aumento da expectativa de vida, um número maior de idosos irá existir, mas nada garante que eles terão um atendimento odontológico realmente voltado para suas necessidades atuais e para suas condições de saúde quando tiverem 80, 90, 100 anos..., pois as condições econômicas não seguem este crescimento demográfico. A educação em saúde, a promoção da saúde no trato com pacientes idosos e campanhas de prevenção poderiam contribuir para melhorar a qualidade da saúde bucal dos brasileiros da terceira idade. Mas isso existe em nossos postos de saúde? Existe em todos os estados brasileiros? Nem folhetos

Foto: Alexandre Franco Miranda

Fernando Luiz Brunetti Montenegro

A reabilitação oral de um paciente idoso restaura a dignidade e tem um impacto positivo na qualidade de vida.

preventivos são distribuídos de forma constante nestes locais, onde seria fundamental acontecer! Dos Centros de Referência ao Idoso existentes na capital paulista, por exemplo, apenas dois oferecem tratamento odontológico, sendo insuficiente o número de atendimentos em suas áreas de cobertura, para cidades enormes como São Paulo e seus quase 800 mil idosos. Muitos cursos sobre envelhecimento são ministrados para a sociedade e para profissionais de saúde, mas não se vê nada realmente interdisciplinar e consistente, em termos populacionais, sendo implantado por todo o Brasil. Algumas cidades menores tentam fazer algo (parabéns a elas e às suas populações de idosos), mas prefeitos e secretários da saúde mudam e, com isso, as boas iniciativas acabam desaparecendo ou são colocadas em outro grau de importância pelos novos dirigentes. A maioria dos planos odontológicos não cobrem despesas de Odontogeriatria, pois não acreditam na necessidade de tabelas diferenciadas para o odontogeriatra. Teríamos que atender no mínimo 15 pacientes de convênio para equivaler a um paciente particular, pois, para os convênios, somos apenas profissionais normais que atendem idosos, que não tivemos (e nem temos até hoje) que estudar para podermos encara com dignidade e conhecimentos técnicos um paciente idoso. Quanto aos cirurgiões-dentistas, é claro que muitos de nós gostaríamos de ajudar a atender mais e melhor a nossa população. Mas como, se não tivemos em nossa formação acadêmica as mínimas noções sobre como bem atender esta faixa etária? Como muitas outras coisas para o idoso brasileiro, nossa especialidade, que é muito importante e necessária, está sendo esquecida por autoridades de saúde, de educação, políticos, dirigentes classistas e acadêmicos. Peço desculpas pelo tom excessivamente realista, mas é assim que me sinto e algo precisa acontecer. Não podemos ficar parados sabendo que, em 30 anos, vamos ter mais 65 milhões de idosos e não nos preparamos adequadamente para isto!”, desabafa Fernando Luiz Brunetti Montenegro.

Higiene e prevenção: indispensáveis em pacientes de todas as faixas etárias.

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Controle de Qualidade O elo central que garante a excelência em todos os setores operacionais da Dental Gutierre

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omo o próprio nome já diz, o serviço de Controle de Qualidade de uma empresa serve para manter o seu próprio padrão de excelência e controlar a qualidade de seus produtos e serviços, o que só é possível quando existe uma inspeção eficiente e o acompanhamento adequado, desde a entrada até a liberação de mercadorias, incluindo o pós-vendas, buscando sempre a plena satisfação dos clientes. Ao Controle de Qualidade de uma dental cabe monitorar todos os procedimentos operacionais da empresa, como a aquisição, movimentação, organização e armazenamento de produtos, insumos e medicamentos; verificar a conformidade de processos; administrar toda a documentação técnica, trabalhar de acordo com normas e procedimentos técnicos de qualidade e segurança; liberar produtos e serviços; digitar e enviar relatórios; identificar lotes; organizar e manter arquivos de registros e documentações; informar quaisquer eventuais ocorrências desde a chegada, passando pela movimentação interna das mercadorias, até a sua entrega às mãos do consumidor final; entre outras responsabilidades. Para ter um bom desempenho, além de saber trabalhar em equipe, o profissional que executa

“O Controle de Qualidade faz a análise de todo o material que entra e sai da empresa, inclusive se esse material possui registro na Anvisa e autorização para venda no País. Seu papel é garantir que, no ir-e-vir das mercadorias, a qualidade não se perca...”.

essa tarefa precisa ter grande conhecimento técnico e desenvolver habilidades no uso da ferramenta qualidade. Na Dental Gutierre, esta função é realizada pelo farmacêutico Dr. Eduardo Patricio Nogueira, que também é o responsável técnico da empresa. “Como responsável técnico, respondo por todos os produtos que circulam na empresa, no que diz respeito à sua validade e registro no Ministério da Saúde. Pela Lei Federal 5.991, de 1973, que dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, na qual se enquadra a Dental Gutierre, por ser uma empresa que comercializa medicamentos (soro fisiológico e anestésicos - injetáveis e tópicos), a presença de um responsável técnico inscrito no Conselho

Eduardo Patricio Nogueira, farmacêutico, responsável técnico e também pelo Controle de Qualidade da Dental Gutierre.

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Transformamos negócios em sorrisos.

Para uma empresa do porte da Dental Gutierre, que oferece uma grande variedade de produtos, o rigoroso Controle de Qualidade é indispensável.

Regional de Farmácia é obrigatória”, explica Eduardo. A responsabilidade técnica é a atividade principal do farmacêutico na Dental Gutierre, sendo o Controle de Qualidade mais uma de suas funções. “O Controle de Qualidade faz a análise de todo o material que entra e sai da empresa, inclusive se esse material possui registro na Anvisa e autorização para venda no País. Seu papel é garantir que, no ir-e-vir das mercadorias, a qualidade não se perca e, quando isso acontece, restabelecê-la. No dia-a-dia, a maioria das ações se centraliza no Controle de Qualidade, por isso estou sempre em contato com fornecedores, com clientes e também com as equipes internas. Se uma indústria, por exemplo, identifica um lote de produtos com problemas, ela imediatamente entra em contato comigo para que eu refaça toda a cadeia de vendas a fim de recolher as mercadorias que já foram entregues e efetuar a troca. Pelo lado do cliente, se um cirurgião-dentista tiver alguma dúvida ou problema com um determinado produto é o Controle de Qualidade que vai orientá-lo sobre o que fazer. No caso de avariação de mercadorias durante o transporte sou eu que identifico a proporção dos danos e informo sobre o que deve ser feito pelas transportadoras responsáveis. E assim, o depósito, a separação, os departamentos de compra e venda, a diretoria, o marketing, a informática, enfim, todos os setores estão envolvidos diretamente com o Controle de Qualidade. Nesse sentido, a Gutierre oferece todo o respaldo necessário para que eu possa desenvolver meu trabalho com tranquilidade e autonomia, da melhor forma possível”, acrescenta o farmacêutico.

Monitorar a aquisição, movimentação, organização e armazenamento de produtos, insumos e medicamentos é uma das funções do Controle de Qualidade.

Por isso, e para que o controle da qualidade aconteça de fato e seja eficiente, é necessário que todos os setores da empresa estejam sintonizados e seus colaboradores conscientizados do que devem fazer para manter a qualidade e o padrão dos produtos e serviços oferecidos. Fazer bem feito e com qualidade, proporciona uma economia operacional e de insumos,

uma vez que os produtos passam a ser melhor aproveitados, gerando à empresa maior competitividade no mercado. Por isso, numa empresa como a Dental Gutierre, que atualmente trabalha com uma grande variedade de produtos (mais de 20 mil itens), o papel do Controle de Qualidade é indiscutivelmente indispensável. www.gutierreodonto.com.br > 15

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 Dental Gutierre

Transformamos negócios em sorrisos.

Dental Gutierre no congresso Orto-SPO 2014 C

om um estande de 108 m², devidamente equipado para prestar o melhor atendimento aos mais de 5.000 participantes, a Dental Gutierre marcou presença na 19ª edição do Orto-SPO - Congresso Brasileiro de Ortodontia, que aconteceu de 25 a 27 de setembro, no Centro de Convenções do Expo Center Norte, em São Paulo. Há dois anos a Gutierre incluiu a Ortodontia em seu leque de produtos, oferecendo o que existe de melhor e mais moderno neste segmento, que encontra-se hoje em plena expansão. No Orto-SPO, evento exclusivamente direcionado a ortodontistas, a grande novidade da Gutierre ficou por conta da linha Essix® Clear Aligner, da Dentscler, composta por produtos de alta qualidade e rentabilidade. “O Essix® foi um estouro de vendas no congresso, pois a Gutierre é a única empresa que comercializa esta linha no Brasil. Estamos fa-

lando do que existe de mais moderno e estético em Ortodontia para pequenos movimentos e retenção”, explica Cleber Regis Garcia, do departamento de Vendas da Dental Gutierre. Além do sucesso de vendas, lançamento de produtos, entrega de brindes e promoções diferenciadas, o evento foi importante para consolidar e fortalecer a atuação da Gutierre no segmento ortodôntico. “A Ortodontia encontra-se em pleno crescimento e modernização, por isso a Gutierre pretende continuar investindo neste segmento. No início do ano, a Dental montou um estande somente com produtos ortodônticos no Ciosp 2014, que deverá ser mantido em 2015, assim como nossa participação na próxima edição do Orto-SPO, pois nosso objetivo é continuar participando de eventos direcionados exclusivamente para esta especialidade”, acrescenta Cleber. Com o tema “Crescimento profissional com a

Ortodontia”, o congresso Orto-SPO 2014 contou com a participação de mais de 5.000 visitantes e destacou-se entre os maiores e mais completos eventos do setor ortodôntico, em termos de informação e atualização científica, unindo uma série de técnicas consagradas que foram apresentadas por grandes mestres nacionais e internacionais, a toda uma geração de novos talentos. O evento ofereceu cerca de 200 horas de atividades científicas, 20 cursos nacionais e internacionais de imersão, 140 conferências especiais de 50 e 35 minutos com professores e pesquisadores brasileiros, 400 painéis científicos e a ExpOrto, com a participação de aproximadamente 100 empresas que apresentaram produtos e serviços, além de palestras sobre Tecnologia Aplicada. O evento proporcionou aos participantes uma excelente oportunidade para revisar uma série de técnicas consagradas, integrando assim ciência, tecnologias novas e prática clínica.

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Stand Dental Gutierre no Orto-SPO 2014.

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CADERNO

Científico ARTIGOS CIENTÍFICOS | TÉCNICOS | CASOS CLÍNICOS | ARTIGOS DE REVISÃO

ENDODONTIA DENTÍSTICA ESTÉTICA REABILITAÇÃO ORAL E ESTÉTICA ODONTOLOGIA ONCOLÓGICA ORTOPEDIA FUNCIONAL DOS MAXILARES IMPLANTODONTIA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR www.gutierreodonto.com.br > 17

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 Caderno Científico | Endodontia

◗ ARY GOMES DA MOTTA JÚNIOR Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-RJ. Endereço para correspondência: Rua Buenos Aires, 93/809 – Centro - Rio de Janeiro-RJ. CEP: 20070-020. E-mails: ary.motta@int.gov.br / aryjunior@gmail.com ◗ RIVAIL ANTÔNIO SÉRGIO FIDEL Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-RJ. ◗ ANTÔNIO JOSE DO NASCIMENTO DIAS Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de Janeiro-RJ. ◗ SERGIO LOBIANCO DE ALMEIDA Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de Janeiro-RJ.

Análise da porosimetria do cimento MTA Fillapex em comparação ao AH Plus, Sealer 26 e Endofill RESUMO O objetivo desta pesquisa consiste em analisar através da caracterização física a porosidade dos seguintes cimentos endodônticos: MTA Fillapex, AH Plus, Sealer 26 e Endofill. Para tal, foram realizadas análises dos cimentos manipulados (corpos de prova) através da técnica de análise da porosimetria de mercúrio. A porosimetria mostrou que o MTA Fillapex apresentou os melhores resultados: a menor porosidade, o menor volume médio e o menor diâmetro do poro; o Sealer 26 dentre os cimentos resinosos apresentou o pior resultado; o Endofill mostrou-se melhor que o Sealer 26. Estes resultados podem estar ligados diretamente aos requisitos de um material obturador ideal. A metodologia empregada produziu um novo detalhamento à porosimetria dos cimentos estudados que, com certeza está ligada às suas características físicas, apontando um caminho para novas pesquisas e uma nova discussão na área. Palavras-chave: Materiais restauradores do canal radicular. Cimentos dentários. Propriedade fisica.

INTRODUÇÃO Observamos vários trabalhos na literatura que utilizaram, para o estudo das propriedades físicas e químicas dos cimentos endodônticos, testes com as normas estabelecidas. Dentre elas a especificação nº 57 da American Dental Associations (ADA), a norma ISO 6786, a especificação ISO 6876:2001 e a American National Standards Institute (ANSI) / American Dental Association (ADA) com a especificação nº 57 da ADA. Procuramos uma forma que nos permita discutir melhor os cimentos de obturação. Encontramos, sob a ótica da engenharia e ciência dos materiais, uma maneira de estudar a “caracterização dos materiais” que descreve os aspectos de composição e estrutura (incluindo defeitos) dos materiais, dentro de um contexto de relevância para um processo, produto ou propriedade em particular1. Buscando um maior detalhamento da caracterização física dos cimentos endodônticos.

REVISÃO DA LITERATURA Estudos “in vitro” apresentaram a capacidade seladora do amálgama, super EBA e o MTA como material de preenchimento de raiz utilizando corante fluorescente rodamina B e avaliando com microscópio. As raízes foram divididas aleatoriamente em três grupos, feitos

preparos na raiz e preenchido com os materiais a serem testados. Todas as raízes foram expostas a uma solução aquosa de rodamina B por 24 horas, logo após as raízes foram seccionadas longitudinalmente e o grau de penetração do corante foi medido através da microscopia. A análise estatística mostrou que o MTA infiltrou significativamente menos que o amálgama e o super EBA2. Um material experimental o MTA, foi investigado como alternativa potencial de material restaurador utilizado em endodontia3. Vários estudos em vitro e em vivo têm mostrado que o MTA impede a microinfiltração, é biocompatível e promove a regeneração dos tecidos originais, quando colocado em contato com a polpa dental ou os tecidos perirradiculares. Descreveram os procedimentos clínicos para aplicação do MTA em polpas com pulpíte reversível, apecificação, reparação das perfurações de raiz bem como seu uso como um material retro-obuturador. Estudaram as propriedades físico-químicas dos cimentos endodônticos resinosos Sealer 26 e dos experimentais Sealer plus e MPB comparadas às do cimento Óxido de zinco e eugenol4. Foram realizados testes de escoamento, tempo de presa e radiopacidade, segundo a norma da International Organization for Standardization (ISO) / Draft International Standard (DIS) 6876. Todos os cimentos apresentaram escoamento, tempo de presa e radiopacidade satisfatórios, de acordo com a ISO/DIS 6876. O cimento de Óxido de zinco e eugenol foi o único a apresentar média de infiltração acima de 0,4 mm.

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Gráfico 1

As interações do MTA com um tecido de fluido sintético composto por uma solução salina tamponada com fosfato (PBS) na dentina do canal radicular de dentes humanos, por meio da emissão atômica com fonte de plasma induzido (ICP-AES), da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e da Difração de Raios X (DRX)5. Os autores concluiram que o íon cálcio dominante liberado do MTA, reage com os fosfatos em tecidos fluidos sintéticos, produzindo hidroxiapatita. A capacidade de selamento, biocompatibilidade e atividade dentinogênica do MTA são atribuídas a estas reações físico-químicas. Estudiosos avaliaram a influência do cloreto de cálcio (CaCl2) sobre a capacidade de selamento de três cimentos de MTA: ProRoot MTA, MTA - Angelus e cimento radiopaco Branco (WPC), para obturação retrógrada6. Setenta raízes de dentes unirradiculares extraídas foram instrumentadas e obturadas. A infiltração de corante foi analisada em um microscópio ótico com um micrômetro. Foram usados testes estatísticos de Kruskal-Wallis e Miller. Concluiu-se que o cloreto de cálcio (CaCl2) melhorou a capacidade de selamento dos três cimentos de MTA. Foi comparado a capacidade de selamento apical de dois novos cimentos experimentais com o MTA, pelo método de filtração de fluido. Trinta dentes unirradiculares humanos extraídos foram utilizados e retro-obturados com MTA e com os cimentos experimentais Cimento Tetra-silicato (TC-1 e TC-2)7. Os autores concluíram que não houve diferença estatística entre os dois cimentos e o MTA, quanto à infiltração. Assim, os dois cimentos experimentais apresentaram características satisfatórias para serem utilizados como materiais retro-obturadores. Investigou-se ainda um novo material retrobturador, o Ceramicrete, pelo método de filtração de fluido, MEV e DRX8. Os autores observaram que o Ceramicrete apresentou melhor selamento apical em relação ao Super-EBA e ao MTA, sendo um material alternativo para se utilizar na retro-obturação. Outras experiências investigaram o efeito do cloreto de cálcio (CaCl2) no tempo de endurecimento, no pH e na resistência à compressão do silicato tricálcio9. Os autores observaram que a adição do CaCl2 acelerou a hidratação do Ca3SiO5 resultando na diminuição do tempo de endurecimento e na melhora da resistência à

Porosidade total dos cimentos manipulados.

compressão do cimento, podendo ser utilizado como material obturador. A influência da adição do cloreto de cálcio (CaCl2) a 10%, no tempo de presa, na solubilidade, na desintegração e no pH do MTA branco (WMTA) e do cimento de Portland branco (WPC)10. Fizeram testes do tempo de presa, de acordo com especificação no 57 da ADA, e de tempo de presa final, de acordo com American Society for Testing and Materials (ASTM); de solubilidade e de pH. A adição de cloreto de cálcio (CaCl2) ao MTA e Portland branco (WPC) reduziu o tempo de presa e a solubilidade de ambos. O cloreto de cálcio parece melhorar as propriedades físico-químicas dos cimentos, reduzindo o tempo de presa e a solubilidade, e mantendo o pH alto. Foi realizado um estudo para melhorar as propriedades de manipulação e acelerar tempo de endurecimento do MTA11. Para tal, foi adicionado o lactato-gluconato de cálcio (CLG) ao MTA. O lactato-gluconato de cálcio é um pó com solubilidade superior em relação aos seus componentes individuais. Os resultados sugerem que a adição do lactato-gluconato de cálcio proporciona melhora na capacidade de vedação, bem como acelera o endurecimento e as características de manipulação do MTA. Submeteu-se a adição de um polímero solúvel em água ao MTA12. Os materiais foram testados para que a espessura de cimento estivesse de acordo com a norma ISO 7676 (2002). Concluiu-se que a adição de um polímero solúvel em água ao MTA não alterou as características de hidratação do material, e resultou em um material com propriedades melhoradas adequadas ao uso como cimento endodôntico. Uma revisão com o objetivo de apresentar os estudos sobre a composição química, propriedade física e antibacteriana do MTA. Foi realizada a pesquisa mostrou que o MTA apresenta pH alto, baixa resistência à compressão13. Possui algumas propriedades antibacterianas e antifúngicas, dependendo de sua relação pó-líquido.

Concluiu-se nesta parte do estudo que o MTA é um material que influencia a bioatividade do ambiente circundante. Foi iniciada uma revisão de literatura sobre a capacidade de selamento e biocompatibilidade do MTA no período de novembro 1993 a setembro 200914. Concluíram com base nas evidências disponíveis, que o MTA apresenta um bom selamento e é um bom material biocompatível. Investigou-se ainda o mecanismo de hidratação do cimento de silicato de cálcio carregado com diferentes radiopacificantes para uso como material de obturação endodôntico15. Chegou-se à conclusão de que o óxido de bismuto pode ser substituído por outros radiopacificantes não afetando o mecanismo de hidratação do material. Estudiosos fizeram uma revisão com o objetivo de apresentar uma lista completa de artigos eletrônicos e impressos sobre estudos com animais, aplicações clínicas, desvantagens e mecanismo de ação do MTA16. Os resultados demonstram que o MTA é um material promissor para preenchimento da raiz e fechamento de perfurações, capeamento pulpar direto, formação de barreira apical em dentes com polpa necrótica e ápices abertos. O MTA tem desvantagens conhecidas como: tempo de endurecimento, alto custo e potencial de descoloração. O estudo in vitro avaliou a radiopacidade, tempo de presa, escoamento, espessura do filme, solubilidade, alteração dimensional do cimento AH Plus puro e com 5% e 10% de hidróxido de cálcio. De acordo com os requisitos da norma ISO 6876:2001 e da ANSI / ADA e a especificação n º 57. Adição de 10% de hidróxido de cálcio reduziu o escoamento em comparação ao AH Plus puro. A adição de 5% e 10% de hidróxido de cálcio aumentou a solubilidade. A adição de hidróxido de cálcio ao cimento resultou em maior espessura da película. Adição de 5% de hidróxido de cálcio não afetou a maioria das propriedades físicas do cimento AH Plus17. O MTA e o cimento de Portland nas suas variações dimensionais em função das conwww.gutierreodonto.com.br > 19

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 Caderno Científico | Endodontia dições ambientais, absorção de líquidos, solubilidade e lixiviação armazenados em solução salina balanceada de Hanks (HBSS)18. Concluindo-se que o MTA foi muito suscetível às condições ambientais. A adição de óxido de bismuto para o MTA aumentando a solubilidade do material, causou deterioração da estabilidade dimensional do material. Mais pesquisas são necessárias para estabelecer a porosidade apropriada do material e sua ideal estabilidade dimensional. Estudos avaliaram algumas propriedades físico-químicas (tempo de trabalho, de manipulação, escoamento, solubilidade e absorção de água) do cimento MTA Fillapex (Angelus, Londrina, Brasil) comparando com o AH Plus; (Dentsply, Konstanz, Alemanha). O tempo de trabalho e escoamento foi testado de acordo com a ISO 6876:2001 e o tempo de escoamento de acordo com a American Society for Testing and Materials C266. A solubilidade e absorção de água aumentaram significativamente ao longo do tempo para ambos os cimentos em um período de 28 dias (P <0,05). Conclui que o MTA Fillapex mostrou propriedades físicas adequadas para serem usadas como cimento endodôntico19. O objetivo desta pesquisa consiste em analisar através da caracterização física especificamente a porosidade os cimentos escolhidos. Buscando encontrar uma nova perspectiva para o estudo desta propriedade.

MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Pós (LATEP) do Instituto Nacional de Tecnologia (INT).

Os cimentos endodônticos estudados foram: AH Plus (Dentsply), MTA Fillapex (Angelus), Sealer 26 (Denstply), Endofill (Dentsply). Seguiram-se as instruções de uso e manipulação descritos pelos fabricantes. Confeccionou-se os moldes dos corpos de prova apresentando a medida de 38 mm de diâmetro e 6 mm de espessura, seguiu a metodologia proposta por Correa e Ogasawara (2006). Os cimentos foram manipulados obedecendo às especificações dos fabricantes. Após a manipulação, o material foi introduzido nas matrizes com o auxilio da espátula de manipulação ou pela injeção direta no caso do MTA Fillapex. Imediatamente após o preenchimento das matrizes, colocou-se uma placa de vidro, com a finalidade de fazer leve compressão nas amostras obtendo-se superfícies lisas facilitando-se a leitura das mesmas. Decorrendo-se o tempo necessário para o endurecimento inicial para cada cimento, os corpos-de-prova foram removidos de suas matrizes e mantidos num umidificador durante 24 horas à temperatura 370ºC para o endurecimento completo. Após a confecção dos corpos de prova para os cimentos, foi realizada a caracterização física dos cimentos manipulados e empregamos os ensaios de porosimetria. Para o ensaio de Porosimetria os cimentos manipulados foram colocados individualmente no porosímetro, utilizou-se o aparelho Autoscan-33.

RESULTADOS Os resultados experimentais obtidos da porosimetria dos cimentos manipulados estão representados na Tabela 1.

Tabela 1

Porosimetria dos cimentos manipulados. Gráfico 2

Volume médio do poro dos cimentos manipulados.

DISCUSSÃO Para se analisar e melhor interpretar os resultados obtidos da porosimetria dos cimentos construiu-se s gráficos 1, 2 e 3. Observamos quanto a porosidade total (Gráfico 1), o cimento Sealer 26 mostrou maior porosidade, depois foi o Endofill; o AH Plus e a menor porosidade para o MTA Fillapex. Quanto ao volume médio do poro (Gráfico 2) este acompanhou os resultados vistos anteriormente, com o cimento Sealer 26 mostrando o maior volume, depois o Endofill, o AH Plus e o MTA Fillapex apresentou o menor volume. Quanto ao diâmetro médio do poro (Gráfico 3), também observamos que o cimento Sealer 26 apresentou o maior diâmetro, depois o Endofill, o AH Plus e com o menor diâmetro o MTA Fillapex. Pensávamos que a resina que participava na mistura dos cimentos atuava na redução dos poros, o que pode ser dito para o MTA Fillapex e AH Plus, mas não foi observado para o Sealer 26 com os piores resultados de porosidade total, volume e diâmetro do poro. O MTA Fillapex surge neste estudo com melhores resultados de porosimetria: menor porosidade, menor volume e menor diâmetro do poro. Aferimos que as informações de porosimetria: porosidade total, volume médio e diâmetro do poro estão possivelmente ligados às propriedades físicas dos cimentos tais como: impermeabilidade, umidade e as condições de obliterar o canal tanto no sentido lateral como no vertical e que o MTA Fillapex apresentou o melhor desempenho neste contexto20. Quanto ao Endofill este mostrou um resultado melhor que o Sealer 26, pensávamos que por ser um cimento a base de óxido de zinco e eugenol fosse mostrar um desempenho inferior em comparação aos cimentos resinosos o que não foi visto completamente. Percebemos com tudo que foi apresentado, que a metodologia empregada produziu um novo detalhamento à porosimetria dos cimentos estudados, que com certeza está ligada as suas características físicas, apontando um caminho para novas pesquisas e uma nova discussão na área.

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Motta Jr. AG / Fidel RAS / Dias AJN / Almeida SL Gráfico 3

LÍDE MERCR DE ADO

Diâmetro médio do poro dos cimentos manipulados

CONCLUSÕES Considerando-se a metodologia empregada, os resultados obtidos na pesquisa e após a discussão dos mesmos, foram feitas as seguintes constatações: - O estudo de porosimetria mostrou que o MTA Fillapex apresentou os melhores resultados: a menor porosidade, o menor volume médio e o menor diâmetro do poro; em seguida o AH Plus a segunda menor porosidade e o segundo menor volume médio do poro. O

Sealer 26 dentre os cimentos resinosos apresentou o pior resultado com a maior porosidade, o maior volume médio do poro e maior diâmetro. Estes resultados podem estar ligados diretamente aos requisitos de um material obturador ideal; A metodologia empregada produziu um novo detalhamento à porosimetria dos cimentos, que com certeza está ligada às suas características físicas, apontando um caminho para novas pesquisas e uma nova discussão na área.

◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Mansur, H.S. Técnicas de caracterização de materiais. 2004. Disponível em <www. biomaterial.com/br/capitulo7 part 01. Pdf> Acesso em: 12 out de 2010. 2) Torabinejad, M.; Watson,T. F.; Pitt Ford, T. R. Sealing ability of a mineral trioxide aggregate when used as a root end filling material. J. Endod., Printed, v. 19, n. 12, p. 591-595, Dec. 1993. 3) Torabinejad, M.; Watson,T. F.; Pitt Ford, T. R. Sealing ability of a mineral trioxide aggregate when used as a root end filling material. J. Endod., Printed, v. 19, n. 12, p. 591-595, Dec. 1993. 4) Brandão, Christian Giampietro. Propriedade físico-químicas dos cimentos endodônticos resinosos sealer 26, e dos experimentais, sealer plus e MPB, comparadas às do óxido de zinco e eugenol. 1999. 150 f.Dissertação (Mestrado), Faculdade de Odontologia de Bauru Universidade de São Paulo, 1999. 5) Sarkar, N. K., et al. Physicochemical basis of the biologic properties of Mineral Trioxide Aggregate. J Endod., Baltimore, v.31, n.2, p.97-100, Feb. 2005. 6) Bortoluzzi, E.A. et al. Sealing Agility of MTA and Radiopaque Portland Cement With or Without Calcium Chloride for Root-End Filling J. Endod. Baltimore, v.32, n. 9, p. 897-900,Set. 2006. 7) Gandolfi, M. G., et al. New tetrasilicate cements as retrograde filling material: an in vitro study on fluid penetration. J. Endod., Baltimore, v.33, n.6, p.742-745, jun. 2007. 8) Tay, K.C.Y. In vitro evaluation of a Ceramicrete-based root-end filling material. J. Endod., Baltimore, v. 33, n. 12, Dez. 2007. 9) Wang, X.; Sun, H.; Chang, J. Characterization of Ca3SiO5/CaCl2 composite cement for dental application. Dent Mater., England, v.24, n.1, p. 74-82, Jan. 2008. 10) Bortoluzzi, E. A. et al. The Influence of Calcium Chloride on the Setting Time, Solubility, Disintegration, and pH of Mineral Trioxide Aggregate and White Portland Cement with a Radiopacifier. J. Endod. Baltimore, v.35, n.4, p.550-554, Apr. 2009. 11) Hsieh, S. C., et al. A novel accelerator for improving the handling properties of dental filling materials. J. Endod., Baltimore, v. 35, n.9, p. 1292-1295, Sept. 2009. 12) Camilleri, J. Evaluation of Selected Properties of Mineral Trioxide Aggregate Sealer Cement. J Endod. Baltimore, v. 35, n. 10, p.1412-1417, Oct. 2009. 13) Parirokb, M.; Torabinjead, M. Mineral Trioxide Aggregate: A comprehensive Literature Review – Pat III: Clinical Applications, Drawbacks, and Mecanism of Action. J. Endod., Baltimore, v.36, n.3, p. 400-413, Mar. 2010a. 14) Torabinejad, M.; Parirokb, M. Mineral trioxide aggregate: a comprehensive literature review – Part II: leakage and biocompatibility. J. Endod., Baltimore. V. 36, n.2, Fev. 2010. 15) Camilleri J. Hydration Chracteristics of Calcium Silicate Cements with Alternative Radiopacifiers Used as Root-end Filling Materials. J. Endod., Baltimore, v. 36, n.3, p. 502-508, Mar. 2010. 16) Parirokb, M.; Torabinejad M. Mineral Trioxide Aggregate: A Comprehensive Literature Review – Part I: Cheminical, Physical, and Antibacterial. J. Endod., Baltimore, v. 36, n.1, p.16-27, Jan. 2010b. 17) Duarte, M. A., et al. Influence of calcium hydroxide association on the physical properties of AH Plus. J Endod. Baltimore, v. 36, n. 6, p. 1048-1051, Jun. 2010. 18) Camilleri, J. Evaluation of the Effect of Intrinsic Material Properties and Ambient Conditions of the Dimensinal Stability of White Mineral Trioxide Aggregate and Portland Cemtent J. Endod., Baltimore, v. 37,n.2 , Fev. 2011. 19) Vitti, R.P. et al. Physical Properties of MTA Fillapex Sealer. J. Endod., Baltimore. V.39, n. 7, 915-918, Jul. 2013. 20) Grossman, L.I. Endodontia Prática Tradução de Sylvio Bevilacqua 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.,1983.

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 Caderno Científico | Dentística Estética

◗ MARCELO ALVES Professor do Curso de Especialização em Dentística da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). Clínica Particular em Ribeirão Preto-SP. E-mail: dr.marcelo@mcpremiere.com.br ◗ ÁLVARO AUGUSTO JUNQUEIRA JÚNIOR Mestre e Doutorando em Dentística pela Forp-Usp. Professor do Curso de Especialização em Dentística da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). Clínica Particular em Ribeirão Preto-SP. E-mail: alvarojunqueira@usp.br

Reabilitação estéticofuncional em incisivos superiores pós ortodontia INTRODUÇÃO A inovação constante na Odontologia promove a integração entre especialidades e procedimentos na busca do melhor resultado para o paciente. Em alguns casos a ortodontia bem conduzida proporciona condições mais adequadas para a reabilitação estético-funcional em pacientes que antes não apresentavam esta condição. É responsabilidade do profissional avaliar as condições oclusais e o posicionamento dos elementos dentais nas arcadas superiores e inferiores antes de realizar tratamentos restauradores estéticos, seja com o uso da resina composta ou de técnicas indiretas.

favoráveis pela obtenção de um melhor procdimento adesivo.

CASO CLÍNICO O caso clínico apresentado mostra o passo a passo da técnica restauradora pós-ortodontia com o preparo prévio da cor dos elementos dentais para um melhor resultado estético e enceramento diagnóstico para determinação correta de guias e volume vestibular. Figura 1

DISCUSSÃO

◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Jarad FD, Griffiths CE, Jaffri M, Adeyemi AA, Youngson CC. The effect of bleaching, varying the shade or thickness of composite venneers on final colour: an in vitro study. Journal of Dentistry 36 (2008) 554-559. 2) 2) Joiner A, Hopkinson I, Deng Y, Westland S. A review of tooth colour and whiteness. Journal of Dentistry 36s (2008) s2-s7. 3) Goldberg M, Grootveld M, Lynch E. Undesirable and adverse effects of toothwhitening products: a review. Clin Oral Invest 14 (2010) 1-10. 4) Hahn P, Schondelmaier N, Wolkewitz M, Altenburger MJ, Polydorou O. Efficacy of tooth bleaching with and without light activation and its effect on the pulp temperature: an in vitro study. Odontology 101 (2013) 67-74. 5) Bernardon JK, Sartori N, Ballarin A, Perdigão J, Lopes G, Baratieri LN. Clinical performance of Vital Bleaching Techniques. Operative Dentistry 35-1 (2010) 3-10.

Dentro do planejamento de restaurações estéticas anteriores, o clareamento dental antes do processo restaurador é determinante para o resultado estético em dentes escurecidos1. A cor do elemento dental é um tópico importante não somente para o profissional que deseja selecionar a cor correta para restaurações estéticas ou procedimentos de clareamento dental mas também para pacientes e consumidores que desejam aperfeiçoar o seu sorriso2. Apesar do uso indiscriminado de clareadores comercializados nas drogarias (OTC), temos percebido que os resultados obtidos em casos conduzidos por profissionais que promovem soluções em clareamento dental voltados a individualização do tratamento por controle de concentração e posologia têm apresentado melhor resultado com menor incidência de efeitos colaterais3. Dentre as técnicas utilizadas pelos profissionais, o uso associado de peróxido de hidrogênio a 38% ou 35% e peróxido de carbamida 10%, apresenta bons resultados e, desde que o tempo de exposição seja controlado, é baixa a incidência de efeitos colaterais. A técnica apresenta o mesmo resultado clínico mesmo quando não são utilizadas fontes de luz como laser/led, que, se utilizados de forma inadvertida, podem aumentar a sensibilidade em função do aumento da temperatura intrapulpar4. A técnica acelera o claremento na primeira semana, mas pode apresentar resultados semelhantes a outras técnicas após o término5. Procedimentos restauradores devem ser realizados após um período de sete a vinte um dias em função de estabilidade de cor e liberação do oxigênio residual que impede a melhor performance adesiva. Após este período os resultados de longevidade e pigmentação periférica de restaurações em resinas compostas são mais

Aspecto extraoral, paciente M, 19 anos, recém finalizada ortodontia necessita de tratamento clareador e restaurador na região anterior superior. Figura 2

Vista lateral de sorriso. Figura 3

Aspecto intraoral. Nota-se posicionamento favorável oclusal na região de 12 e 22 e leve topo a topo no 11 e 21. Determina-se a necessidade de clareamento e procedimento restaurador nos 4 elementos.

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Alves M / Jr. Junqueira AA

Figura 4

Figura 5

Com a curva negativa de sorriso e a oclusão anterior em topo a topo o enceramento é obrigatório para definição de altura e volume vestibular dos incisivos.

Figura 7

Figura 8

Para a aplicação do peróxido é necessário o cuidado da aplicação correta da barreira gengival para evitar o contato do gel com o tecido mole.

Figura 10

Protocolo de duas sessões de 30 minutos com intervalo de uma semana com PH 38%. O paciente foi submetido a 21 dias de tratamento clareador com PC 10% no mesmo período.

Figura 11

Figura 6

Antes do procedimento, foi iniciado o clareamento com técnica associada com peróxido de carbamida 10% (Opalescence - Ultradent) e peróxido de hidrogênio 38% (Opalescence Boost - Ultradent). Figura 9

Um dos cuidados mais importantes para uma boa moldeira de clareamento e um bom modelo de Mock up ou muralha de silicone é uma moldagem de boa qualidade (Hydrogum 5, Zhermack).

Figura 12

Enceramento diagnóstico para confecção de muralha de silicone. O objetivo do estudo é evitar interferências nos movimentos mandibulares aumentando assim a longevidade da restauração.

Figura 13

Muralha posicionada mostrando a relação de altura e volume necessários para reabilitação estética.

Figura 14

Ataque ácido.

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 Caderno Científico | Dentística Estética

Figura 15

Alves M / Jr. Junqueira AA

Figura 16

Aplicação de adesivo.

Fotopolimerização do adesivo.

Figura 18

Figura 19

Com a aplicação de compósitos opalescentes na incisal. de acordo com a muralha, inicia-se a estratificação vestibular. Vit-l-escence (Ultradent).

Figura 21

Figura 17

Início do procedimento restaurador. Todo o volume da massa será aplicado na vestibular seguindo o posicionamento da muralha no terço incisal.

Figura 20

Aplicação finalizada.

Figura 22

Vista frontal extra oral imediato.

Figura 23

Sequência de polimento com discos (Jiffy - Ultradent).

Figura 24

Figura 25

Aspecto final

Figura 26

Materiais utilizados.

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 Caderno Científico | Reabilitação Oral e Estética

◗ SANZIO MARQUES Especialista em Prótese Dental e Implantes. Mestre em Dentística Restauradora. Autor do livro “Estética com resinas compostas em dentes anteriores: percepção, arte e naturalidade”. Coordenador do Curso de Excelência em Odontologia Estética do IEO - Belo Horizonte-MG. Coordenador do Curso Dominando a Arte com Resinas Compostas do IEO - Belo Horizonte-MG. Coordenador do Curso de Imersão em Laminados Cerâmicos do IEO - Belo Horizonte-MG. Coordenador do Curso de Excelência em Reabilitação Oral do Instituto Implante-Perio (São Paulo-SP). E-mail: sanzio@sorrisobelo.com.br ◗ JOSÉ VAGNER VIEIRA Técnico em Prótese Dental. Diretor proprietário do Laboratório Vagner (São Paulo-SP).

Realçando o sorriso com “lentes de contato cerâmicas” INTRODUÇÃO A Odontologia Restauradora adesiva atual pode ser alicerçada em dois princípios fundamentais. A reprodução estética dos aspectos óticos dos dentes naturais e uma maior conservação dos tecidos dentários durante a preparação restauradora. A possibilidade de realização de restaurações estéticas sem a necessidade de grandes desgastes das estruturas saudáveis, hoje é uma realidade em vários procedimentos odontológicos. A essência de procedimentos conservadores vai de encontro com uma prática odontológica voltada para manutenção estrutural dos elementos dentários com promoção de saúde. Dentro deste contexto, as chamadas “lentes de contato cerâmicas” desempenham uma modalidade de tratamento moderna, possibilitando ao cirurgião dentista oferecer a seus pacientes novos sorrisos com um mínimo, ou até mesmo, nenhum desgaste de suas estruturas saudáveis.

CASO CLÍNICO O caso clínico relatado a seguir mostra uma sequência clínica passo-a-passo, onde dois incisivos centrais superiores desgastados e com comprometimento estético e funcional foram restaurados com laminados cerâmicos do tipo “lentes de contato”. Uma ótima comunicação clínico-laboratorial foi fundamental para uma finalização de excelência do caso. Figuras 1 e 2) Análise inicial do caso demonstrando um desgaste nas bordas incisais dos elementos 11 e 21, com prejuízos estéticos e funcionais para a paciente. A restauração destas bordas com resinas compostas tem prognóstico ruim em função da pequena espessura de compósito, menor que 2 mm, que apresenta baixa resistência. Figuras 3 e 4) Fotografias das tomadas de cor com escalas apropriadas, para comunicação com o laboratório de prótese. Fotografias bem tiradas são importantes referenciais de comunicação clínico-laboratorial. Figura 5) Cuidadosa inserção de fio retrator Pro Retract 00 (FGM) para afastamento gengival, previamente aos procedimentos de preparo e moldagem. Figura 6) Regularização da borda incisal e arredondamento de ângulos com discos abrasivos Diamond Pro (FGM) de granulação grossa. Observe o mínimo de desgaste realizado como preparos dentais. Figura 7) Dupla moldagem simultânea com um silicone de adição, um material de ótima cópia e estabilidade. Figuras 8, 9, 10 e 11) Laminados cerâmicos

do tipo “lentes de contato” confeccionados em dissilicato de lítio, sistema e.max (Ivoclar Vivadent). Observe a espessura aproximada de 0,2 mm que conferiu ao trabalho alta translucidez. Figura 12) Prova seca dos laminados, onde se verificou perfeita adaptação. Figuras 13 e 14) Provas úmidas das “lentes” com pastas de prova de cor Allcem Veneer Try In (FGM), para escolha adequada da cor do cimento resinoso Allcem Veneer (FGM). Em trabalhos cerâmicos com este alto grau de translucidez a escolha correta da cor do cimento resinoso é de extrema importância no resultado estético final do caso. Figuras 15 e 16) Preparo dental. Condicionamento dos dentes com ácido fosfórico (Condac 37, FGM) seguido da aplicação do adesivo Ambar (FGM). O adesivo não foi previamente fotopolimerizado. Figuras 17, 18 e 19) Preparos das cerâmicas. Condicionamento interno com ácido fluorídrico Condac Porcelana (FGM) por 20 segundos. Silanização com Prosil (FGM), seguida da aplicação de uma camada do adesivo Ambar (FGM). Figura 20) Inserção do cimento resinoso Allcem Veneer (FGM) internamente nas lâminas. Figura 21) Cuidadoso assentamento dos laminados carregados com o cimento resinoso. Figuras 22 e 23) Fotopolimerização inicial do cimento resinoso por apenas 2 segundos para facilitar a remoção dos excessos de cimento. Em seguida, fotopolimerização final por 60 segundos na face vestibular e 60 segundos na face palatina. Figuras 24, 25, 26 e 27) Resultado final onde se observa uma perfeita harmonização estética das “lentes de contato” cerâmicas. As guias incisais foram adequadamente recuperadas e a paciente apresenta agora um sorriso mais belo e jovial. Os incisivos laterais receberam pequenas restaurações em resina Opallis (FGM) melhorando também sua forma. Tratamento concluído de maneira conservadora e com ótimo resultado estético.

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Marques S / Vieira JV

Figura 1

Figura 2

Figura 3

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Figura 5

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Figura 11

Figura 12

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 Caderno Científico | Reabilitação Oral e Estética

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Figura 13

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Figura 15

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Figura 17

Figura 18

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Figura 20

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Figura 22

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 Caderno Científico | Dentística Estética

◗ GABRIELLA CRISPIM GARÓFALO (CROSP: 101.335) Graduada em Odontologia pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). E-mail: gabriella.crispim@hotmail.com

Garófalo GC

Toxina Botulínica na Odontologia INTRODUÇÃO

◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Carruthers J, Carruthers A. Botox: Beyond Wrinkles. Clin Dermatol. 2004 Jan–Feb; 22(1): 89-93. 2) Hoque A, Mcandrew M. Use Of Botulium Toxin In Dentisty. N V Satate Dent J. 2009 Nov; 75(6): 52-5. 3) Lew Mf. Review Of The Fda-Approved Users Botulinium Toxins, Including Data Suggesting Efficacy In Pain Reduction. Clin J Pain. 2002 Nov-Dec; 16 (6Suppl) : 5142 – 6. 4) Majid Ow. Clinical Use Of Botulium Toxins Im Oral And Maxilofacial Sugery. Int J Oral Maxilofac Seug. 2010 Mai; 39 (3): 197-207. 5) Schwatz M. Freund B. Tratament Of Temporomandibular Desordess Wth Botulium Toxin. Clin J. Pain. 2002 Nov-Dec; 18 (6Suppl): S198-203.

Figura 1

Embora a maior parte das pessoas ainda não saiba, a toxina botulínica, mais conhecida como BOTOX, possui funções que vão além da estética. Conhecida por sua utilização cosmética em injeções intramusculares para a redução de rugas faciais, a sua principal aplicação é voltada ao uso terapêutico na Odontologia, utilizando como uma ferramenta auxiliar em diversos tratamentos1. A Toxina Botulínica tipo A é um complexo proteico purificado, de origem biológica, obtido a partir da bactéria Clostridium botulinum. Quando são injetadas pequenas quantidade nos músculos, a Toxina Botulínica atua na sinapse (união) dos nervos com os músculos, evitando a liberação da acetilcolina (substância responsável por levar as mensagens do cérebro aos músculos) e, como resultado, o músculo não recebe a mensagem para contrair, promovendo assim o relaxamento muscular2,3.

DISCUSSÃO

Botox para bruxismo.

Injeções de toxina botulínica são efetivas para diversas desordens clínicas que envolvam atividade muscular involuntária ou aumento do tônus muscular. A toxina botulínica também desempenha um papel no alívio de dor pela inibição da liberação de CGRP e da substância P, neuropeptídios associados ao mecanismo de sensação dolorosa. Além disso, quando aplicada em tecidos glandulares, atua no bloqueio da liberação de secreções. Nesse sentido a toxina

botulínica apresenta um potencial de emprego na área de atuação do cirurgião-dentista, como em casos de bruxismo, correção do sorriso gengival, dores faciais, cefaleia tensional, salivação excessiva, alterações na tonicidade muscular, alterações na articulação temporomandibulares (ATM), hipertrofia do masseter, assimetria de sorriso, e na utilização profilática para a redução da força muscular dos músculos masseter e temporal em alguns casos de implantodontia de carga imediata4,5.

CONCLUSÃO Por possuir conhecimento sobre as estruturas de cabeça e pescoço o cirurgião-dentista pode tratar certas afecções da face e da cavidade oral de forma conservadora e segura com a aplicação da toxina botulínica, desde que possua treinamento específico e conhecimento sobre sua utilização e não extrapole suas funções. Ressalta-se ainda que as toxinas botulínicas são o agente causal da doença botulismo, um tipo de envenenamento potencialmente fatal, devendo sempre ser utilizadas por profissionais capacitados. Os efeitos clínicos podem ocorrer em um período de um a sete dias após a administração, sendo comumente notados entre um a três dias, tendo seu pico de efeito em 15 dias, podendo ocorrer a reaplicação caso o efeito não foi desejável. Seu efeito pode ter durabilidade entre três a seis meses. Fotos ilustrativas cedidas pela autora.

Figura 2

Indicada para tratamento de sorriso gengival. Figura 3

Figura 4

Pontos de aplicação para cefaleias: A) Pontos dolorosos na região da a. B) Pontos dolorosos na região superior das costas.

Pontos de aplicação. www.gutierreodonto.com.br > 29

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 Caderno Científico | Dentística Estética

◗ MACIEL JÚNIOR Especialista em Dentística Restauradora pela Fob-Usp e Mestre em Dentística Restauradora pela Unesp/Araraquara. E-mail: macieljuniorpg@yahoo.com.br ◗ MARCELO FERRAREZI DE ANDRADE Professor Adjunto do departamento de Odontoligia Restauradora da Unesp de Araraquara.

Clareamento dental pela técnica mista supervisionada INTRODUÇÃO A técnica de clareamento dental combinada mescla a rapidez da sessão em consultório com a versatilidade do clareamento domiciliar supervisionado, trazendo os benefícios de ambas as técnicas para o paciente. Em algumas ocasiões, os pacientes necessitam de um estímulo para disciplinar-se ao uso das moldeiras no clareamento domiciliar supervisionado e, uma estratégia interessante é iniciar o tratamento com uma sessão de clareamento em consultório. Assim, uma vez que o paciente percebe o primeiro resultado, motiva-se a seguir o tratamento disciplinadamente. Outro benefício da combinação das técnicas é o fato de que ela poderá trazer o resultado final com maior rapidez. Normalmente quando se utiliza somente a técnica domiciliar o tratamento se estende por três a quatro semanas, enquanto que combinada com uma sessão de consultório este prazo se reduz a normalmente duas semanas. A técnica geralmente tem boa aceitação do paciente, principalmente quando este percebe os rápidos resultados iniciais, podendo transformar um paciente indisciplinado em colaborador.

minutos, sem renovação da mistura conforme preconiza o fabricante. Isso é possível devido ao pH estável do produto, que não acidifica ao longo da sessão. A remoção do gel poderá ser realizada com uma cânula cirúrgica de aspiração. Figura 10) Resultado de clareamento após uma sessão de consultório. Figura 11) Modelos de gesso e moldeiras confeccionadas, junto ao gel clareador utilizado (Whiteness Perfect 10%, FGM). Figura 12) Prova da moldeira utilizada por 2 semanas. Figura 13) Ao final do clareamento, faz-se o polimento com discos de feltro (Diamond Flex, FGM) e pasta diamantada (Diamond Excel, FGM) para restabelecer a lisura da superfície a nível microscópico. Figuras 14 e 15) Resultados conquistados evidenciados pela escala de cores. Figura 16) Sorriso da paciente após o clareamento com a técnica combinada.

CASO CLÍNICO O caso descreve o tratamento realizado em uma paciente cujos dentes apresentavam coloração inicial 3R (Vita 3D). Foi realizado exame clínico e radiográfico que demonstraram a saúde da dentição. A técnica de clareamento associado foi sugerida, aplicando-se uma sessão de 50 minutos de Whiteness HP Blue 20% e continuando o clareamento com moldeiras utilizando Whiteness Perfect 10% por mais duas semanas. O resultado foi satisfatório, concluindo o caso na coloração OM (Vita 3D), e a paciente apresentou um grau de hipersensibilidade dental muito baixo, quase inexistente, devido principalmente às concentrações dos géis utilizados no caso. Figuras 1 e 2) Condição clínica inicial. Figura 3) Tomada de cor inicial (3R - Vita 3D). Figura 4) Profilaxia prévia ao clareamento, utilizando pasta profilática. Figuras 5 e 6) Inserção do afastador labial (ArcFlex, FGM) e aplicação da barreira gengival (Top Dam, FGM). Eventuais falhas de aplicação da barreira podem ser facilmente corrigidas aplicando mais material e fotopolimerizando novamente. Figura 7) Manipulação de Whiteness HP Blue 20%, conectando-se as duas fases (peróxido e espessante) e empurrando-se os êmbulos alternadamente por 8 a 10 vezes. Figuras 8 e 9) O gel clareador permaneceu em contato direto com os dentes durante 50

Figura 1

Figura 2

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JĂşnior M / Andrade MF

Figura 3

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 Caderno Científico | Odontologia Oncológica

◗ ALINE S. Q. ALMEIDA Residente em Odontologia Oncológica do Hospital de Câncer de Barretos, Fundação Pio XII. E-mail: aline.queiroz@outlook.com ◗ DENY M. TREVISANI Doutor em Microbiologia e cirurgião-dentista do Hospital de Câncer de Barretos, Fundação Pio XII - Unidade de Cuidados Paliativos. ◗ THAISA T. OLIVEIRA Residente em Odontologia Oncológica do Hospital de Câncer de Barretos, Fundação Pio XII. ◗ NATÁLIA S. KUSUKE Residente em Odontologia Oncológica do Hospital de Câncer de Barretos, Fundação Pio XII. ◗ WILLIAM E. PIROLA Residente em Odontologia Oncológica do Hospital de Câncer de Barretos, Fundação Pio XII. ◗ HÉLIO M. TANIMOTO Doutor em Estomatologia e cirurgiãodentista responsável pelo Departamento de Odontologia do Hospital de Câncer de Barretos, Fundação Pio XII. ◗ KARINA S M MACARI Doutora em Odontopediatria e cirurgiãdentista do Hospital de Câncer Infantojuvenil Presidente “Luiz Inácio Lula da Silva” de Barretos, Fundação Pio XII.

◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Avritscher EBC, Cooksley CD, Elting LS. Scope and epidemiology of cancer therapy-induced oral and gastrointestinal mucositis. Seminars in oncology nursing. 2004; 20(1):3-10. 2) Sonis ST, et al. Perspectives on Cancer TherapyInduced Mucosal Injury: Pathogenesis, Measurement, Epidemiology, and Consequences for Patients. Cancer Supplement. 2004;100:1995-2025. 3) Pinto MTF, Soares LG, Silva DG, Tinoco BEM, Falabella MEV. Prevalência de manifestações orais em pacientes infanto-juvenis submetidos à quimioterapia. Rev Pesq Saúde. 2013;14(1):45-48. 4) Glenny AM, Gibson F, Auld E, Coulson S, Clarkson JE, Craig JV, Eden OB, Khalid T, Worthington HV, Pizer B. The development of evidence-based guidelines on mouth care for children, teenagers and young adults treated for cancer. Eur J Cancer. 2010; 46:1399-1412. 5) Figliolia SLC, Oliveira DT, Pereira MC, Lauris JRP, Maurício AR, Oliveira DT, et al. Oral mucositis in acute lymphoblastic leukaemia: analysis of 169 paediatric patients. Oral Dis. 2008;14(8):761-766. 6) Volpato LER, Silva TC, Oliveira TM, Sakai VT, Machado MAAM. Mucosite bucal rádio e quimioinduzida. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007;73(4):562-68. 7) Mathur, S. J. Epidemiological and etiological factors associated with nasopharyngeal carcinoma. ICMR Bulletin. Indian Press New Delhi. 2003;33(9):1-9. 8) Mimi CY, Jian-Min Y. Epidemiology of nasopharyngeal carcinoma. Seminars in Cancer Biology. 2002;12(6):421–429 9) Lima MAP, Rabenhorst SHB. Associação do vírus Epstein-Barr (EBV) com tumores sólidos. Revista Brasileira de Cancerologia. 2006;52(1):87-96. 10) Brian OMD. Nasopharynx Cancer: Therapeutic Value of Chemoradiotherapy. International Journal of Radiation Oncology*Biology*Physics. 2007;69(2 Suppl 1):S118–S121. 11) Pinho AP, Misorelli JC, Montelli R, Longato SE. Mucosite no paciente em tratamento de câncer. Science in Health. 2010;1(3):145-60. 12) Simoes A, Eduardo FP, Luiz AC, Campos L, Sa PH, Cristofaro M, et al. Laser phototherapy as topical prophylaxis against head and neck cancer radiotherapy-induced oral mucositis: Comparison between low and high/low power lasers. Lasers in surgery and medicine. 2009;41(4):264-70. 13) Campos L, Carvalho DLC, Castro JR, Simões A. Laserterapia no tratamento da mucosite oral induzida por quimioterapia: Relato de caso. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2013;67(2):102-106. 14) Ribeiro O Jr, Borba AM, Guimarães J Jr. Prevenção e tratamento da mucosite bucal: O Papel Fundamental do Cirurgião-Dentista Revisão. Rev. Clín. Pesq. Odontol. 2010;6(1):57-62. 15) Abidia RF. Oral Care in the Intensive Care Unit: A Review. J Contemp Dent Pract. 2007;8(1):76-82.

Laserterapia no tratamento e prevenção da mucosite oral quimioinduzida INTRODUÇÃO A incidência de complicações orais da terapia quimioterápica em crianças varia consideravelmente de acordo com a literatura, entre 30% e 100%1. A probabilidade de a quimioterapia afetar a cavidade oral é maior quanto mais jovem for o paciente. Estudos apontam que crianças são mais propensas para o desenvolvimento de sequelas orais em relação aos adultos2. Além da idade, a condição de saúde oral, o nível de higiene bucal antes e durante a terapia antineoplásica, o grau de malignidade, o tipo, a dosagem e a duração do agente quimioterápico, são fatores determinantes para a severidade das complicações bucais3. Existem duas formas principais de complicações bucais da quimioterapia do câncer. A primeira abrange os problemas resultantes da estomatotoxicidade direta, ou seja, da ação direta da droga sobre os tecidos bucais, levando à mucosite oral (MO), xerostomia e neurotoxicidade. A segunda envolve os problemas orais causados pela estomatotoxicidade indireta, ou seja, pela modificação secundária de tecidos, como por exemplo a medula óssea, propiciando infecções bacterianas, fúngicas, viróticas e sangramento bucal devido a trombocitopenia3. As lesões na cavidade oral são as mais frequentes complicações da quimioterapia antineoplásica, pela alta sensibilidade das estruturas orais aos efeitos citotóxicos dos quimioterápicos. A mucosite é o efeito colateral mais comum, sendo que a prevalência de MO quimioinduzida varia de 30 a 75%, dependendo do tipo de tratamento4. Este número aumenta para mais de 90% em crianças abaixo de 12 anos de idade e acomete com maior frequência pacientes do sexo feminino. Em um estudo com 169 pacientes, a frequência de mucosite encontrada foi de 40% no sexo masculino e 54% no sexo feminino5. A MO é uma manifestação que afeta a capacidade do paciente se alimentar, falar e realizar atividades diárias, incluindo promover a própria

saúde bucal. A dor gerada nos quadros mais graves é importante e, controlá-la, pode exigir narcóticos sistêmicos. Dependendo do tipo de tratamento do câncer, a MO geralmente se manifesta de 5 a 7 dias6 após o início da quimioterapia e, após a conclusão do tratamento, entre 4 a 6 semanas, com o início da terapia específica para a mucosite, obtém-se resultado satisfatório3. O objetivo deste estudo foi relatar um caso clínico onde utilizou-se a Laserterapia de Baixa Intensidade (LBI) no tratamento e na prevenção da mucosite oral (MO), associada a manutenção de rigorosa higiene oral, em paciente submetido a altas doses de quimioterapia com 5-fluorouracil e cisplatina.

CASO CLÍNICO E DISCUSSÃO Paciente NRP, 17 anos de idade, gênero feminino, procedente de Rondônia-RO, procurou o serviço de saúde da origem relatando epistaxe abundante há cerca de 1 ano e 6 meses e linfonodomegalia cervical bilateral, relatando aumento progressivo há 1 ano. A primeira biópsia de linfonodo cervical foi realizada em Campo Grande, cujo resultado indicou “células atípicas suspeitas de malignidade”. Após diversos exames, que inclusive indicaram sorologia positiva para Epstein-Barr Vírus (EBV), a paciente foi encaminhada ao Hospital de Câncer Infantojuvenil Presidente “Luiz Inácio Lula da Silva” Figura 1

Radiografia Panorâmica Inicial.

Figura 2

Classificação da Mucosite Oral segundo a OMS.

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Almeida ASQ / Trevisani DM / Oliveira TT / Kusuke NS / Pirola WE / Tanimoto HM / Macari KSM

Figura 3

da Fundação Pio XII, em Barretos. Através da análise dos exames, os médicos da instituição constataram lesão irressecável, com extensão intracraniana, sem metástase à distância. O diagnóstico definitivo foi de “Carcinoma de rinofaringe com invasão de base do crânio e metástase em linfonodos cervicais”, T4N2M0. A neoplasia de rinofaringe corresponde a 2% dos tumores de cabeça e pescoço, sendo rara em todo o mundo, com exceção da China e região asiática7. Pode estar associada a fatores ambientais, virais e genéticos, sendo mais comum em homens, na proporção aproximada de 2:1, apresentando dois picos de incidência, o primeiro onde 20% dos tumores ocorrem em jovens com idade inferior a 30 anos e o segundo em indivíduos entre a 4ª e 5ª década de vida8. Fatores ambientais, sinusite crônica, má higiene, má ventilação dos seios e infecção por EBV constituem os principais fatores de risco. A ingestão de conservas em uma idade precoce, tabagismo e exposição ocupacional ao formaldeído e pó de madeira também têm sido associados ao risco de desenvolver este tipo de tumor8. Após a confirmação do diagnóstico, a paciente foi encaminhada para avaliação com a equipe multiprofissional, sendo realizada Radiografia Panorâmica Inicial (Figura 1) e planejamento do caso na primeira consulta odontológica. Realizou-se a adequação do meio bucal pré tratamento antineoplásico, que incluiu evidenciação de biofilme dentário, instrução de higiene oral, escovação supervisionada, profilaxia dental, aplicação tópica de flúor, raspagem com ultrassom em todos os dentes, remoção de tecido cariado e restaurações com cimento de ionômero de vidro autopolimerizável nos dentes 14(OD), 17(O), 26(OM), 27(O) e 36(O). Seguiu acompanhamento com a equipe do Departamento de Odontologia do Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos visando minimizar incidência e severidade de complicações orais. Foi preconizada a realização de higiene oral combinando escovação dental 3x/ dia (escova dental extra-macia e creme dental fluoretado) e fio dental 1x/dia. O carcinoma nasofaríngeo é especialmente sensível à quimioterapia e radioterapia10, sendo que o protocolo de quimioterapia proposto foi cisplatina associado a 5-fluorouracil em 3 ciclos. O quimioterápico 5-fluorouracil é apontado como droga de alto potencial de causar estomatite11. A paciente apresentou toxicidade intensa no primeiro ciclo de quimioterapia, necessitando ser encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com quadro convulsivo, toxicidade de pele, mucosite, insuficiência renal e respiratória, onde permaneceu sob ventilação mecânica. A paciente desenvolveu MO grau IV, de acordo com a escala da Organização Mundial de Saúde (Figura 2), com intenso edema, dor e ulcerações em toda cavidade oral, sendo necessário o uso de sonda nasoenteral (Figuras 3 e 4). Foi iniciado o tratamento com LBI para MO (comprimento de onda infra-vermelho - 780 ou 808nm, 40mW de potência, 10 segundos por

Figura 4

Mucosite Oral Grau 4. Figura 5

Figura 6

Laserterapia com Laser de Diodo (MM Optics®, São Carlos, Brasil).

Mucosite Oral Grau 0.

Figura 7

Figura 8

Mucosite Oral Grau 2.

ponto, totalizando 10 J/cm²) com aplicações diárias até a completa cicatrização das lesões orais (Figura 5), acrescido às orientações para paciente, responsável e equipe de enfermagem sobre adequado controle do biofilme bucal, associando bochecho e/ou limpeza oral de 12/12horas com solução de Gluconato de Clorexidina a 0,12%10. Após 5 sessões foi observado controle da dor oral, sendo possível alimentação mesmo com presença de úlceras. Como a quimioterapia atua de forma sistêmica13, foi proposta laserterapia preventiva nos próximos ciclos de quimioterapia, iniciando as aplicações no dia da infusão da droga, totalizando 5 sessões (comprimento de onda vermelho - 660nm, 25mW de potência, 10 segundos por ponto, totalizando 6,2 J/cm²). Foram realizados 40 pontos diários em toda cavidade oral, sendo 12 em mucosa jugal (bilateral), 6 em borda lateral de língua (bilateral), 6 em ventre lingual, 6 em assoalho de boca, 1 ponto em cada comissura labial e 8 pontos em lábios (superior e inferior). Associando a laserterapia a um rigoroso controle da higiene oral, no último ciclo de quimioterapia, após 8 dias da infusão do quimioterá-

pico a paciente apresentava mucosite oral grau 0 (Figura 6). As lesões de MO surgiram 10 dias após a infusão, não ultrapassando o grau II de acordo com a escala da OMS (Figuras 7 e 8). A LBI proporcionou analgesia e acelerou o processo de reparação das feridas de MO e diminuiu a sua severidade quando utilizada preventivamente, confirmando resultados de outros estudos2,10,14. A atuação do cirurgião-dentista durante o tratamento antineoplásico pode diminuir a morbidade e mortalidade relacionadas às complicações orais15, através de terapêuticas adjuvantes, orientações e estabelecendo um controle de higiene frequente e intenso, o que contribuirá para diminuir os índices de MO e outras alterações14.

CONCLUSÃO O cirurgião-dentista apresenta um papel importante no diagnóstico das manifestações bucais e no controle dos sintomas das complicações orais advindas da quimioterapia, onde a laserterapia se mostrou benéfica no tratamento e no controle da mucosite oral, promovendo uma melhor qualidade de vida ao paciente. www.gutierreodonto.com.br > 33

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 Caderno Científico | Ortopedia Funcional dos Maxilares

◗ DR. PAULO ROBERTO MOREIRA DOS SANTOS (CROSP 31.527) Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares pelo CFO. Título de Excelência em Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares. Autor dos livros: “A Lógica do Bom Senso em Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares” (Ribeirão Preto-1996) e “Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares-Normatização de Procedimentos” (Editora Santos São Paulo – 2001). Participação na dissertação de mestrado, apresentado à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp-Usp) “Análise eletromiográfica dos músculos temporal e masseter em portadores de maloclusão Classe II de Angle, durante Terapia Ortopédica Funcional dos Maxilares” (Ribeirão Preto - 2002). E-mail: paulorob@convex.com.br

Terceiros molares (sisos) fora de posição: tirar ou não? RESUMO A grande dúvida dos profissionais, quando do diagnóstico da falta de espaço para os terceiros molares, é se extrai os sisos, evitando- se processos dolorosos e até infecciosos, ou se mantém os elementos, já que fazem parte do projeto oclusal do complexo maxilomandibular do paciente1. O propósito deste artigo é dirimir essas dúvidas, apresentando, dentro da especialidade Ortopedia Funcional dos Maxilares, aparatologias específicas que vão atuar, criando suporte ósseo na região requerida pelos sisos, seja na mandíbula ou maxila e, assim, promover o enquadramento de todos os dentes na arcada dentária, independente da idade, mesmo após a maturação puberal, como parte da oclusão fisiológica do paciente, onde os seus componentes funcionam eficientemente e sem dor 2.

INTRODUÇÃO As radiografias panorâmicas possibilitam uma visualização do posicionamento dos terceiros molares e os aspectos anatômicos dos mesmos, além de todas as estruturas relacionadas3. A Técnica de Ortopedia Funcional, denominada Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares, promove estímulos funcionais ao osso e este estímulo irá se traduzir em fenômenos de formação e reabsorção nas bases ósseas esqueléticas, ossos alveolares e suturas, atendendo dessa forma à demanda óssea necessária à erupção e o posicionamento dos terceiros molares4. Os estímulos funcionais dos aparelhos atuam variando a relação das diferentes forças fisiológicas que fortalece a direção de uma delas e reduzem as restantes. O tecido ósseo está em constante variação modeladora. Sua propriedade fundamental é adaptar-se às funções mecânicas2.

CASO CLÍNICO I O paciente M.O., 28 anos, sexo masculino, apresentava falta de espaço, principalmente para o terceiro molar inferior direito, que se encontrava incluso e impactado. O caso encontra-se ainda em andamento, pois o paciente reside em São Paulo e seus retornos ao consultório são mais espaçados. Porém, o aspecto radiográfico demonstra o suporte ósseo necessário, angariado para que o dente terceiro molar inferior direito tenha conseguido se verticalizar e continuar a ocupar o seu lugar no arco dentário inferior (Figuras 1, 2 e 3). Figura 1

◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) NEOM-RB Pequisa Educação e Atendimento em Odontologia.Vejo um terceiro molar fora de posição ou meio virado na radiografia!!!Tirar ou não??? Disponível em: http//www.neom –rb.com.br/blog Acesso em: 17 Set.2014. 2) SÁ FILHO, F.P.G. As Bases Fisiológicas da Ortopedia Funcional dos Maxilares. São Paulo, Editora Santos - 2ª ed.,1999, 213p. 3) McNEILL, C. Ciência e pratica da oclusão. Rio de Janeiro, Quintessence Books- 1ª ed. 2000. 524p.. 4) Santos, P.R.M. Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares - Normatização de Procedimentos - São Paulo, Editora Santos– 2001, 103p. 5) LIMA, M.V.; SOLIVA, H. Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares - Sem extrações - Rio de Janeiro, 3ªed., 1999, 176p.

Figura 3

Radiografia panorâmica inicial para diagnóstico do posicionamento dos sisos, em 21/08/2012. Figura 2

Radiografia periapical do terceiro molar que apresenta raízes supranumerárias. A imagem mostra que o dente continua se posicionando, ocupando o seu lugar no arco inferior em: 26/07/2014.

Radiografia panorâmica de acompanhamento do caso em 10/03/2013.

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Santos PRM

CASOS CLÍNICO II

DISCUSSÃO

A paciente P.C.C.J, do sexo feminino, 18 anos, frequentou alguns consultórios odontológicos para questionar sobre a manutenção ou não dos seus terceiros molares, visto que estavam promovendo algum desconforto. Os diagnósticos foram unânimes pela retirada dos elementos e assim, encerrar esse quadro traumático. Ciente da não indicação de qualquer tipo de extrações preconizada pela Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares, a paciente optou pelo tratamento com a técnica. Com o uso de aparatologias específicas para o caso, os terceiros molares (sisos) foram preservados (Figuras 4 a 7). Figura 4

Figura 5

Radiografia panorâmica inicial para verificação do posicionamento dos sisos em setembro de 2010.

Aparelho de distalização, encapsulado aos dentes inferiores, utilizado para se obter espaço para erupção e o correto posicionamento no arco dos terceiros molares.

Figura 6

Figura 7

Radiografia panorâmica para acompanhamento do caso, seis meses após o uso de aparelhos.

Radiografia panorâmica final, já com os sisos bem posicionados, um ano após se iniciar o tratamento.

Os aparelhos distalizadores, encapsulados aos dentes, como forma de ancoragem intrabucal, recuperam espaços nas arcadas através do movimento sagital (ânteroposterior) propiciado por parafusos de estimulação óssea, contidos no interior do corpo do aparelho em acrílico para que os dentes possam se alinhar nos arcos dentais sem a necessidade de exodontias4. Este tipo de movimento em corpo de todo segmento posterior, é inerente a esta tecnologia. É um movimento recuperador de espaços e finalizador de tratamentos, promovendo a estabilidade oclusal e, com a manutenção de todos os elementos dentais nos arcos, também a longevidade do sistema estomatognático4. Esta aparatologia é ativada pelo próprio paciente, segundo orientações recebidas do profissional. Os aparelhos são removíveis, propiciando uma mastigação satisfatória, dando condições ao paciente de promover sua higiene oral normalmente, além da prática de suas atividades sociais e esportivas sem nenhum desconforto. Adultos conseguem a mesma remodelação óssea com o uso de aparelhos, havendo tempo de maturação necessária da resposta biológica ao estímulo mecânico. O objetivo do tratamento com aparelhos ortopédicos funcionais intrabucais é manter todos os dentes nos arcos e conseguir o equilíbrio do sistema estomatognático que envolve estruturas relacionadas com a mastigação, respiração e postura do paciente5.

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 Caderno Científico | Implantodontia

◗ LUIZ RICARDO MENANI Cirurgião-dentista graduado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). Mestre e Doutor em Reabilitação Oral pela Forp-Usp. Pós-doutorado em Biomateriais (IQ/Unesp-Araraquara). Especialista em Radiologia pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto (Aorp). Clínica particular em Ribeirão Preto-SP e Monte Alto-SP . E-mail: ricardomenani@yahoo.com.br

Plataforma protética do tipo switching: uma realidade para a preservação óssea peri-implantar INTRODUÇÃO Para que sejam alcançados resultados estéticos e funcionais ao longo do tempo em implantodontia é fundamental manter a maior altura óssea possível ao redor do implante, controlando as dimensões do “espaço biológico”1-2. A manutenção do osso alveolar ao redor da porção cervical do implante, após a instalação da prótese, é um dos fatores utilizados como referência para a avaliação do sucesso do mesmo com o passar dos anos3. Tanto estudos experimentais4 como estudos clínicos5 demonstraram que, na verdade, a remodelação óssea parece ser resultado do restabelecimento do chamado "espaço biológico". A extensão da reabsorção óssea seguida da exposição de implantes ao meio bucal foi determinada radiograficamente, sendo considerado sucesso a perda em altura da crista óssea alveolar de até 1,5 mm no primeiro ano e 0,2 mm nos anos subsequentes6-7. Um dos conceitos que surgiram buscando preservar o tecido ósseo na região peri-implantar é o da plataforma switching. Foi introduzido por Lazzara e Porter8 e consiste na utilização de um componente protético de menor diâmetro conectado à plataforma de um implante de maior diâmetro, criando um desajuste negativo entre o implante e o componente8-9. Ou seja, o diâmetro da plataforma do implante sempre será maior que o diâmetro do componente protético. Estudos radiográficos demonstraram menor perda de osso vertical ao redor de implantes restaurados seguindo este conceito, quando com-

paradas com implantes que receberam componentes protéticos convencionais do mesmo diâmetro do implante. Isto foi atribuído à maior distância existente entre a junção implante/ componente protético à crista do osso alveolar, o que poderia levar a proteção deste tecido, da microflora contida no interior do espaço peri-implantar8. A partir deste estudo8 que introduziu o conceito de plataforma switching, pesquisas passaram a ser realizadas com o objetivo de compreender as razões biológicas daquilo que foi observado radiograficamente e o comportamento do osso alveolar ao redor de um implante que recebeu um componente protético de menor diâmetro. Desta maneira, as razões para a preservação da crista óssea ao redor dos implantes com plataforma protética reduzida têm sido relatadas na literatura. Estas estão relacionadas com o distanciamento da junção implante/componente protético e do seu infiltrado inflamatório (inerente desta junção), da crista óssea marginal peri-implantar. Também, o afastamento desta junção implante/pilar protético da crista óssea alveolar pode reduzir as tensões geradas pelos esforços oclusais nesta área, quando comparado aos sistemas convencionais, onde a plataforma do implante tem o mesmo diâmetro do componente protético4-10-11-12. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar e discutir dois casos clínicos que ilustram a manutenção das cristas ósseas alveolares quando da utilização de componentes que seguem o conceito de plataforma switching.

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Menani LR

CASO CLÍNICO 1 Paciente do gênero masculino, 33 anos, não fumante e ausência de doenças sistêmicas, apresentava o dente 26 com indicação de exodontia devido à cárie, lesão periapical e endodontia mal sucedida (Figura 1). Foi proposto ao paciente a reposição do elemento através da terapia com implantes dentários e finalização protética com coroa metalocerâmica. Duas horas antes da cirurgia foram administrados 1 grama de Amoxilina e 50 miligramas de Cetoprofeno. A exodontia foi realizada de forma atraumática, sem elevação de retalho e com a separação das raízes dentárias, sendo realizada intensa curetagem dos alvéolos após a avulsão total do dente. Após criteriosa análise e devido ao bom remanescente ósseo, foi feita a instalação imediata de um implante cônico (Neodent Alvim Cone Morse 5.0 x 10mm) 3mm infra-ósseo ou subcristal em relação à tábua óssea vestibular, a qual encontrava-se íntegra, sendo obtido travamento inicial de

Figura 1

70 N/cm. Neste ato foi instalado um cicatrizador seguindo o conceito de plataforma switching. Nos espaços alveolares remanescentes (gap) foi enxertado osso liofilizado de origem bovina (Bio-Oss - Geistlich) e sobre este enxerto foi inserida membrana de colágeno reabsorvível (Hemospon - Technew). Uma sutura em “X” sem tensão foi feita para simplesmente garantir a imobilidade da membrana de colágeno. Após o ato cirúrgico, orientações pós-operatórias foram indicadas e um protocolo de medicação foi adotado com 1,5 gramas de Amoxilina e 150 mg de Cetoprofeno diariamente durante 5 dias, além de enxagues cuidadosos com Gluconato de Clorexidina a 0,12%, 3 vezes ao dia durante sete dias. Os cuidados pós-operatórios foram fundamentais para a manutenção dos procedimentos de regeneração tecidual executados. A Figura 2 e a Figura 3 ilustram a situação radiográfica e clínica da área após 30 dias do procedimento cirúrgico. Pode-se notar que os

Figura 2

Aspecto radiográfico inicial: elemento 26 com exodontia indicada.

Figura 4

Figura 3

Situação radiográfica após 40 dias do procedimento cirúrgico.

Figura 5

Situação clínica após 80 dias da cirurgia e já com a presença do pilar instalado.

procedimentos de implantação e de regeneração tecidual encontravam-se em boas condições e que o osso alveolar manteve-se estável. Após 60 dias do procedimento cirúrgico foi instalado um Pilar (Pilar Cone Morse - Neodent) de 1,5mm de altura transmucosa. A Figura 4 ilustra a situação clínica após 80 dias do procedimento cirúrgico, já com a presença do pilar instalado. Nota-se boa qualidade do tecido gengival formado e também que houve a preservação do volume alveolar. Nesta ocasião foi executada a moldagem do elemento para a confecção da prótese metalocerâmica, a qual foi instalada 4 meses pós-cirurgia. As Figuras 5 e 6 ilustram a situação clínica após um mês da instalação da coroa metalocerâmica, ou seja, cinco meses pós-cirúrgico. A Figura 7 mostra o controle radiográfico 2 anos e 3 meses após a cirurgia. Nota-se boa interação do sistema prótese/pilar/ implante e que as cristas ósseas encontram-se preservadas.

Situação clínica após 40 dias do procedimento cirúrgico.

Figura 6

Situação clínica 5 meses após a cirurgia, visão oclusal.

Situação clínica 5 meses após a cirurgia, visão vestibular.

Figura 7

Controle radiográfico 2 anos e 3 meses após o procedimento cirúrgico. www.gutierreodonto.com.br > 37

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 Caderno Científico | Implantodontia

CASO CLÍNICO 2 Paciente do gênero feminino, 57 anos, não fumante e ausência de doenças sistêmicas, apresentava o dente 25 com indicação de exodontia devido à cárie radicular e lesão periodontal, o que impossibilitava o mesmo de ser restaurado através de retentor intra-radicular e coroa (Figura 8). Foi proposto à paciente a reposição do elemento através da terapia com implantes dentários com instalação de coroa provisória imediatamente após a implantação e posterior finalização protética com coroa metalocerâmica. Duas horas antes da cirurgia foram administrados 1 grama de Amoxilina e 50 miligramas de Cetoprofeno. A exodontia foi realizada de forma atraumática, sem elevação de retalho, sendo realizada intensa curetagem do alvéolo após a avulsão total da raiz residual. Imediatamente a isso, foi feita a insta-

Figura 8

lação de um implante cônico (Neodent Alvim Cone Morse 4.3 x 13mm) 2mm infra-ósseo ou subcristal, em relação à tábua óssea vestibular, sendo obtido travamento inicial de 50 N/cm. No espaços alveolares remanescente (gap) foi enxertado osso sintético cerâmico bifásico (hidroxiapatita e ß-trifosfato de cálcio na proporção 70% - 30% - GenPhos HA TCP – Baumer) e sobre este enxerto foi inserida membrana de colágeno reabsorvível (Hemospon - Technew). Também foi instalado componente protético (Munhão Universal 3.3x6x3.5 mm – Neodent) e confeccionada coroa provisória imediata, a qual foi cimentada sobre o munhão. Após o ato cirúrgico, orientações pós-operatórias foram indicadas e um protocolo de medicação foi adotado com 1,5 gramas de Amoxilina e 150 mg de Cetoprofeno diariamente durante 5 dias, além de enxagues

Figura 9

Situação radiográfica inicial.

Figura 11

Figura 10

Aspecto radiográfico após 40 dias do procedimento cirúrgico. Figura 12

Aspecto clínico 4 meses pós-cirúrgico.

cuidadosos com Gluconato de Clorexidina a 0,12%, 3 vezes ao dia durante sete dias. As Figuras 9 e 10 mostram os aspectos radiográfico e clínico da região operada 40 dias pós-cirúrgico. Pode-se notar que o procedimento de implantação e regeneração tecidual foram bem sucedidos e que os volumes alveolares mantiveram-se estáveis. As Figuras 11 e 12 mostram o aspecto da região operada clinicamente, 4 meses após a cirurgia, momento em que foi provada a infra-estrutura metálica. A Figura 13 ilustra o aspecto clínico da região 30 dias após a instalação da coroa metalocerâmica, ou seja, 6 meses após o procedimento de implantação. A Figura 14 mostra a região operada 2 anos e 10 meses após implantação. Nota-se que as estruturas peri-implantares encontram-se preservadas e que o ambiente prótese/pilar/ implante está saudável.

Aspecto clínico 4 meses pós-cirúrgico no ato da prova da infra-estrutura metálica.

Aspecto clínico após 40 dias do procedimento cirúrgico.

Figura 13

Situação clínica 6 meses após o procedimento cirúrgico, 30 dias após a instalação da coroa metalocerâmica.

Figura 14

Situação radiográfica 2 anos e 10 meses após a implantação.

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Menani LR

DISCUSSÃO Os implantes dentários, quando expostos ao meio bucal, podem gerar a remodelação do osso alveolar, alterando suas dimensões11-13. Com o objetivo de reduzir a reabsorção da crista óssea, foi propagado um novo conceito denominado de plataforma switching8. Alguns estudos clínicos14-15 mostram respostas favoráveis em relação à manutenção dos tecidos moles e duros em torno dos implantes que são restaurados no conceito de plataforma switching, quando estes são comparados aos implantes restaurados com o padrão restaurador convencional (implante e componente protético de mesmo diâmetro). Os casos clínicos mostrados neste trabalho utilizam este conceito nas suas resoluções e corroboram com as afirmações dos autores acima. É valido dizer que, em ambas as situações, os implantes instalados possuíam um sistema de conexão protética do tipo cone morse. Este tipo de conexão possui alta estabilidade mecânica16-17, melhor distribuição das tensões oclusais ao tecido ósseo peri-implantar18 e maior resistência à colonização bacteriana na interface implante/pilar protético, quando comparado à implantes de conexões hexagonais19-20. Um estudo feito por Maeda e cols12 utilizando conceitos de plataforma switching em implantes de hexágono externo concluiu que, embora o sistema switching possua a vantagem biomecânica de transferir a concentração de estresse oclusal da região da interface cervical implante/osso peri-implantar para o longo eixo do implante (fator que tem sido apontado como determinante para manutenção da crista óssea peri-implantar), isso pode aumentar o estresse no componente pro-

tético e no parafuso de retenção dos implantes convencionais de hexágono. Isso poderia levar à fadiga e, consequentemente, à desadaptação da peça, fratura ou afrouxamento do parafuso. Também, considerações sobre o posicionamento da plataforma do implante em relação à crista óssea alveolar devem ser elucidadas. Nos casos clínicos deste trabalho, devido a utilização da conexão protética do tipo cone morse, associada ao deslocamento interno da junção implante/componente protético (conceito de plataforma swichting), pôde-se fazer a instalação do implante abaixo da crista óssea remanescente (subcristal). Em implantes convencionais hexagonais, o nível de reabsorção da crista óssea parece estar relacionado com a localização da junção implante/componente protético. Devido à presença de microgap existente nesta interface, microorganismos patogênicos e células inflamatórias podem-se acumular nesta região, acarretando em reabsorção óssea da mesma21-22. Porém, o que foi dito acima21-22 pode não acontecer quando utilizam-se implantes de conexão protética do tipo cone morse e plataforma switching. Nestas situações, algumas vantagens são relacionadas ao posicionamento do implante abaixo da crista óssea remanescente: espaço suficiente para promover um perfil de emergência da coroa protética mais harmonioso23-24, redução dos níveis de tensão transmitidos ao osso peri-implantar25 e possibilidade de formação de tecido mineralizado na interface da plataforma dos implantes26. No caso clínico 1, foi realizada a exodontia e implantação imediata adicionada de instalação de cicatrizador gengival, sem a instalação de elemento dentário provisório. Já no caso clínico 2, também

foi realizada a exodontia e implantação imediata, instalação de componente protético e adaptação de elemento provisório na mesma sessão. Em ambas as situações, foram feitos procedimentos regenerativos. Os resultados obtidos para as duas situações foram satisfatórios, tanto para a reabilitação tardia quanto para a reabilitação dentária imediata, o que corrobora com alguns estudos7,27 que relatam que a técnica parece ser efetiva na estabilidade do tecido peri-implantar ao redor de implantes instalados imediatamente. Da mesma forma, em outro estudo clínico prospectivo28, os autores observaram uma perda óssea significativamente menor para os implantes com plataforma do tipo switching após 12 meses de carga.

CONCLUSÕES • A utilização de componentes do tipo plataforma switching pode reduzir a reabsorção óssea na crista marginal adjacente ao implante devido ao deslocamento das tensões interoclusais desta região para o longo eixo do implante. • A plataforma switching, aliada à utilização de implantes de conexão protética do tipo cone morse, oferece a real possibilidade do posicionamento do implante em posição subcristal, o que pode promover um perfil de emergência da coroa protética mais harmonioso para os casos estéticos. • Nos casos de utilização da plataforma switching com sistemas de implantes providos de conexões protéticas convencionais de hexágono externo, pode ocorrer aumento das tensões na região do componente protético e do parafuso de retenção, o que acarretaria no afrouxamento ou até fratura do mesmo.

◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Berglundh T, Lindhe J. Dimension of the periimplant mucosa. Biological width revisited. J Clin Periodontol 1996; 23(10): 971-3. 2) Calvo-Guirado JL, Ortiz-Ruiz AJ, López-Marí L, Delgado- Ruiz R, Maté-Sánchez J, Bravo Gonzalez LA. Immediate maxillary restoration of single-tooth implants using platform switching for crestal bone preservation: a 12-month study. Int J Oral Maxillofac Implants 2009; 24(2): 275-81. 3) Albrektsson T, Zarb G, Worthington P, Eriksson AR. The long-term efficacy of currently used dental implants: a review and proposed criteria for success. Int J Oral Maxillofac Implants 1986; 1: 11-25. 4) Abrahamsson I, Berglundh T, Wennström J, Lindhe J. The peri-implant hard and soft tissues at different implant systems. A comparative study in the dog. Clinical Oral Implant Research 1996; 7: 212-219. 5) Broggini N, McManus LM, Hermann JS, Medina R, Schenk RK, Buser D, Cochran DL. Peri-implant inflammation defined by the implant-abutment interface. Journal of Dental Research 2006; 85: 473-8. 6) Manz MC. Factors associated with radiographic vertical bone loss around implants placed in a clinical study. Am Periodontol 2000; 5(1):137-51. 7) Canullo L, Quaranta A, Teles RP. The microbiota associated with implants restored with platform Switching: A preliminary report. J Periodontol 2010; 81(3): 403-11. 8) Lazzara RJ, Porter SS. Platform switching: A new concept in implant dentistry for controlling postrestorative crestal bone levels. Int J Periodontics Restorative Dent 2006; 26(1): 9-17. 9) Atieh MA, Ibrahim HM, Atieh AH. Platform Switching for Marginal Bone Preservation Around Dental Implants: A Systematic Review and Meta-Analysis. J Periodontol 2010; 81(10): 1350-66. 10) Becker J, Ferrari D, Herten M, et al. Influence of platform switching on crestal bone changes at non submerged titanium implants: A histomorphometrical study in dogs. 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Clin Oral Implants Res 2010; 21(4):371-8. 25) Chou HY, Müftü S, Bozkaya D. Combined effects of implant insertion depth and alveolar bone quality on periimplant bone strain induced by a wide-diameter, short implant and a narrowdiameter, long implant. J Prosthet Dent 2010;104(5):293-300. 26) Trisi P, Quaranta M, Emanuelli M, Piattelli A. A light microscopy, scanning electron microscopy, and laser scanning microscopy analysis of retrieved blade implants after 7 to 20 years of clinical function. A report of 3 cases. J Periodontol 1993;64(5):374-8. 27) Romanos GE, Nentwig G-H. Immediate functional loading in the maxilla using implants with platform switching: five-year results. Int J Oral Maxillofac Implants 2009;24:1106-12. 24. 28) Linkevicius T, Apse P, Med H, et al. In influence of thin tissues on crestal bone stability around implants with plataform switching: A 1 year pilot study. J. Oral Maxillofac. Surg 2010; 68: 2272-7.

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 Caderno Científico | Disfunção Temporomandibular

◗ EDUARDO TEIXEIRA MARQUES Cirurgião dentista – Especialista em Dentística Restauradora Estética. E-mail: eduitamogi@hotmail.com

Tratamento de paciente respirador bucal em consultório odontológico INTRODUÇÃO

Figura 1

Figura 2

Marques ET

Os pacientes portadores de respiração bucal sofrem uma grande quantidade de distúrbios e que podem ser facilmente resolvidos, em sua maioria, em consultório odontológico. Pacientes portadores de respiração bucal apresentam, geralmente, irritabilidade, ansiedade, falta de atenção na escola, hiperatividade, além de sinais físicos como altura do ombro assimétrica, também assimetria facial, olheiras, boca aberta, palato ogival, cáries em dentes anteriores, coluna vertebral distorcida. Além de tudo isso, nos é relatado que a criança fica gripada constantemente, possui otite, dor de garganta, dor de cabeça, entre outros sintomas.

CASO CLÍNICO Paciente de 9 anos se apresentou no consultório e, depois de constatado a anomalia, em anamnese, sua mãe relatou vários sintomas que nos levaram a identificá-lo como um respirador bucal. Paciente estava acima do peso, ombros assimétricos, roncava muito quando estava dormindo e tinha o sono muito agitado, olheiras, não comia direito, pois, devido à falta de ar que

estes pacientes têm, eles preferem alimentos como massas e doces. Foi descrito o tratamento à mãe e logo começamos os procedimentos. Primeiramente moldamos a boca do paciente e confeccionamos o aparelhos expansor do palato, que deve ficar por 4 meses fixo e deve ser ativado, durante 15 dias, duas vezes por dia. No restante do tratamento o aparelho não é mais ativado para que possa ser formado osso na junção palatina. No acompanhamento, depois de uma semana, nos foi relatado pela mãe que o paciente não mais roncava, tinha o sono tranquilo, estava bem mais calmo, comia melhor. Como ela própria nos relatou, ele estava completamente diferente, ela nem acreditava o quanto o tratamento estava sendo bom e com resultado muito rápido, pois, nos primeiros três dias, o paciente já não roncava mais e dormia muito bem. Depois do tratamento, foi constatada também uma diminuição significativa da adenóide. Não foi mais necessária a adenoidectomia. Depois de quatro meses foi retirado o aparelho, feita a profilaxia e terminamos o caso com total sucesso.

Ombros assimétricos e sobrepeso (antes). Figura 3

Figura 6

Figura 7

Olheiras e assimetria facial (antes). Figura 4

Figura 5

Final do tratamento, após quatro meses.

Comparação das radiografias, antes e depois do tratamento.

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CADERNO

Informativo ENTREVISTAS | VITRINE ODONTOLÓGICA | SOCIAL

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 Jurisprudência na Odontologia

O idoso e a Saúde Bucal - Direitos

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◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Vilas Boas MA. Estatuto do Idoso Comentado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; 2014. 2) Vargas AMD, Vasconcelos M, Ribeiro MTF. Saúde Bucal: Atenção ao Idoso. Belo Horizonte: Ed. UFMG; 2012. 3) Laner BR, Zuccolotto MCC, Bataglion C, Coronatto EAS. Odontogeriatria – A Saúde Bucal na Terceira Idade. RFO [periódicos na Internet]; 2008 Maio/Agosto [acesso em 30 set 2014]; 13 (2) Disponível em: file:///C:/Users/ erika/Downloads/599-2257-1-PB%20(2).pdf. 4) Vinholes A A. Odontogeriatria: A importância do Atendimento Odontológico Especializado ao Idoso [monografia na Internet]; 2010 [acesso em 30 set 2014]. Disponível em: http://www.essex.ensino.eb.br/doc/PDF/ TCC_PDF_2010/2010/TCC%201%20TEN%20AL%20 ANELISA.pdf. 5) Oral Master Implantes e Ortodontia [homepage na internet]. Odontogeriatria [acesso em 30 set 2014]. Disponível em: http://www.oralmasterlondrina.com.br/ odontogeriatria.php.

Estatuto do Idoso está estampado na Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003, e foi criado visando regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos de idade. Toda pessoa, independentemente da idade, goza de direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal, entre eles o direito à saúde. O idoso além de gozar de todos os direitos fundamentais previstos constitucionalmente, possui proteção integral e ampliada, estabelecida pelo Estatuto do Idoso, a fim de assegurar todas as oportunidades e facilidades, com a preservação de sua saúde física, mental, aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade, conforme disposto no artigo 2º do referido diploma legal. Neste sentido, o entendimento é que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito, à convivência familiar e comunitária. Ou seja, é dever de todos os anteriormente mencionados, e não só do Estado, garantir que todos os direitos estabelecidos no Estatuto sejam respeitados e efetivados, devendo ser comunicada a autoridade competente qualquer forma de violação que tenha testemunhado ou que tenha conhecimento. Como se nota, a garantia de prioridade compreende inúmeras disposições, sendo que os órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população estão obrigados expressamente a prestar atendimento preferencial imediato e individualizado aos idosos, sob pena de violação à norma, ressaltando que a não observância das normas de prevenção poderá imputar responsabilidade à pessoa física ou jurídica que a descumprir. Estabelece o Estatuto que os profissionais de saúde, e aqui estão incluídos o profissional odontólogo em sentido amplo, devem atender os critérios mínimos para o atendimento das necessidades do idoso, promovendo as instituições de saúde o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação aos cuidadores familiares e grupos de autoajuda. Ainda, deve ser ressaltado que poderá ser considerada como violência qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano, sofrimento físico ou psicológico. É proibido discriminar, praticar violência, crueldade e opressão em razão da idade avançada. Para garantir a efetividade da norma, é de suma importância que os profissionais de saúde, e repita-se, aqui se incluem os odontólogos, tenham conhecimento das necessidades especiais de cada paciente, com especial atenção às normas do Estatuto do Idoso. Tratando-se da saúde bucal do idoso, atualmente,

temos o profissional de Odontogeriatra, que é o profissional especializado ao atendimento das pessoas que se enquadram como idosos, com formação específica para tanto. O cirurgião-dentista especializado nesta área deve estar atento às mudanças fisiológicas da terceira idade e suas principais patologias orais, analisando as dificuldades do idoso na execução de sua higiene oral, prevenindo e tratando os problemas comuns a essa faixa etária4, dentre outros aspectos, visando sempre buscar o bem estar e qualidade de vida de seus pacientes. Além do tratamento bucal ser comum e essencial a qualquer pessoa, a atenção à saúde bucal do idoso torna-se primordial, principalmente, em virtude de vários fatores que podem vir a ocorrer, pois os problemas bucais podem comprometer o sistema digestivo do idoso e saúde sistêmica, sendo que a falta de dentes pode aumentar as chances de morte por câncer, infarto e derrames cerebrais. Nas faixas etárias mais avançadas podem haver incremento de cárie de raiz, doenças periodontais, patologias da mucosa bucal, e necessidade de próteses4. Ou seja, a saúde bucal comprometida pode afetar a nutrição, a saúde física, psicológica, inclusive, podendo influenciar no prazer de viver do idoso, razão pela qual, é de suma importância um atendimento especializado, capacitado e voltado para este grupo, o que irá contribuir para uma melhor qualidade de vida dos pacientes idosos e, certamente, estarão sendo respeitadas as normas constitucionais e infraconstitucionais supracitadas. Portanto, considerando que uma boa saúde bucal contribui para a manutenção da saúde em geral, proporcionando um bem estar físico, psíquico e social e que os idosos necessitam de atenção especial nesse aspecto (para garantia de uma melhor qualidade de vida), necessário que os profissionais estejam atentos à saúde bucal do idoso, de modo cauteloso, analisando caso a caso, a fim de garantir uma melhor qualidade a estes, diminuindo riscos de processos judiciais e/ou ético profissionais. Da mesma forma, os idosos deverão ficar atentos, exigindo que os direitos conferidos no Estatuto sejam cumpridos, vez que ao entrar na “terceira idade” (ou “melhor idade”), devem gozar de todas as prerrogativas que lhe são conferidas. ◗ ERIKA LOUISE MIZUNO (OAB-SP 325842) ◗ Advogada Sócia do Escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, graduada no Curso de Direito da Unaerp – Campus Ribeirão Preto – SP e pós graduanda em Direito Médico, Odontológico e da Saúde Suplementar pelo Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos - IPEBJ. ◗ MATEUS CARRER LORENÇATO (OAB-SP 211.831) Advogado Sócio do Escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, graduado no Curso de Direito da Faculdade de Direito de Franca – SP e pós graduando em Direito Civil e Direito Processual Civil pela Escola Superior de Direito.

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 Vitrine Odontológica > Congresso de Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia reuniu especialistas de todo o país em Ribeirão Preto De 17 a 19 de setembro, o VIII Congresso de Reabilitação Oral Periodontia e Implantodontia (Cropi) reuniu no Hotel JP especialistas de várias partes do Brasil. O evento, realizado pelo InPlant Center, abordou assuntos como planejamento e seleção de implantes, biomateriais, cirurgia virtual guiada, estética, Perio-Implante entre outros. Há 16 anos o Cropi, bienalmente, vem promovendo encontros científicos, nacionais e Internacionais, proporcionando desenvolvimento e acesso a tecnologias aos participantes. A qualidade da programação e dos conferencistas atrai profissionais de renome de todo território brasileiro. Na edição deste ano, os organizadores fizeram o lançamento do Cropi 2016 que será internacional e terá sua estrutura ampliada. De acordo com o Prof. Dr. Ronaldo Silva, Coordenador Científico do Instituto de Ciência em Implantologia e Reabilitação Oral e presidente do evento, o CROPI vem agregando a Ribeirão Preto-SP importantes valores na conquista do espaço odontológico no cenário nacional. “O nosso objetivo é promover um evento que proporcione desenvolvimento e visibilidade profissional aos participantes, enfatizando valores e imediata aplicação clínica”, explica o presidente. Os participantes, especialistas das áreas afins, puderam somar novos conhecimentos, avaliar e promover o intercâmbio dos grandes avanços científicos atuais. Além da programação científica, o Congresso contou com uma feira tecnológica, na qual participam empresas de renome do setor odontológico, proporcionando aos profissionais a atualização e o suporte científico. “O sucesso de todas as edições do Cropi atribui-se a ações coletivas entre empresas e profissionais para, juntos, elevar a ciência odontológica a patamares merecedores. O evento oferece aos cirurgiões-dentistas iniciantes, experientes e/ou especialistas uma visão contemporânea da Odontologia, direcionando os profissionais ao caminho da ciência, através de trabalhos científicos e evidências clínicas”, afirma Dr. Ronaldo. Cirurgia Guiada Um dos temas de destaque do evento foi a técnica de cirurgia virtual guiada que permite a instalação de implantes dentários de forma menos traumática e com menor risco possível para os pacientes. Para apresentar as novidades, além do Dr. Ronaldo Silva, foram convidados importantes especialistas na área: Dr. Rogério Margonar, professor da graduação e pós-graduação do curso de Odontologia da Uniara; Gustavo de Deus, coordenador dos cursos de especialização em Implantodontia da Estácio de Sá (Rio de Janeiro-RJ) sob mediação do Dr. Hugo Rosin. Cirurgião-dentista, especialista em Radiologia e Ortondontia. De acordo com o Dr. Gustavo de Deus, esta cirurgia envolve a confecção de um guia cirúrgico de alta precisão, elaborado após planejamento dos implantes virtualmente, através de software específico (cópia em escala real da região anatômica escolhida), que tem por objetivo permitir a instalação dos implantes dentários sem cortes na gengiva do paciente. Este guia indica ao cirurgião-dentista o local e a inclinação exata onde os implantes devem ser instalados. Realizando assim uma cirurgia sem cortes e com menos desconforto, isto é, minimamente invasiva. Homenagens e confraternizações Além da parte científica, o evento também é importante para promover a confraternização entre os participantes e homenagear pessoas que contribuíram para o avanço da odontologia. Este ano, no dia de abertura do Cropi foi homenageado o Dr. Arthur Rocha Martini, que foi por anos Delegado da Seccional do Crosp para Ribeirão Preto e região. No Jantar com o presidente, que marcou o encerramento dos trabalhos, a homenagem foi para o Dr. Antonio Carlos Guastaldi, Professor Titular do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química de Araraquara (IQAr-Unesp).

Ronaldo Silva

Antônio Carlos Guastaldi

Fabrício Petersen

Jorge Jacob Liporaci

Zulene Ferreira

Mais de 140 participantes inscritos.

> Professor Dr. Mário Vedovello Filho lança livro durante o Orto SPO 2014 Congresso da Sociedade Paulista de Ortodontia O Congresso da Sociedade Paulista de Ortodontia foi espaço para o lançamento oficial da 2ª edição do livro "Cefalometria Técnicas de Diagnóstico e Procedimentos", escrito pelo Prof. Dr. Mário Vedovello Filho - Coordenador do Programa de Pós-graduação em Odontologia da FHO-Uniararas - e publicado pela Editora Napoleão. Somando-se à homenagem recebida durante o evento através do Prêmio de Honra ao Mérito Prof. Dr. Rubens Simões de Lima, o professor também participou de tarde de autógrafos na companhia de importantes colaboradores e colegas de profissão. Composta de 10 capítulos, a publicação é fruto do trabalho do Prof. Mário e sua equipe, uma importante contribuição para a multiplicação de conhecimentos na especialidade odontológica, conforme descreve Luiz Valdrighi, professor titular da Unicamp, em trecho de seu prefácio para o livro: "Com o lançamento deste importante livro: CEFALOMETRIA Técnicas de Diagnósticos e Procedimentos, composto de dez capítulos, o professor Mário Vedovello Filho e sua equipe trazem uma inestimável contribuição, como fonte de consulta para todos os que buscam a educação continuada nesta importante especialidade clínica. O texto contempla as principais alternativas para mensuração cefalométrica, expostas com meridiana clareza e ilustrações de altíssima qualidade". O Orto SPO aconteceu nos dias 25 a 27 de setembro, no Centro de Convenções do Expo Center Norte, em São Paulo-SP.

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> Automatização de agendamentos e orçamentos chega ao mercado odontológico O mercado de clínicas odontológicas conta com uma nova tecnologia de comunicação entre cirurgiões-dentistas e pacientes para agendamento de consultas e elaboração de orçamentos. O Kalendaro (www.kalendaro.com.br) é um sistema via internet que salva as consultas diretamente no calendário do celular dos pacientes, enviando avisos sonoros e lembrando-os sobre quando deverão ir ao consultório. Ainda dispõe de um banco de dados com todas as possibilidades de tratamentos/serviços para que os orçamentos sejam preparados digitalmente – com o uso de um celular ou tablet - no momento da verificação da boca do paciente. Kalendaro é fruto da experiência de seu idealizador, Dr. Ricardo Ladorucki, e partiu de seu descontentamento com os softwares de gestão odontológica do mercado. “Muitos clientes esquecem que têm consulta e não aparecem, mesmo após terem confirmado por telefone”, explica. A solução funciona integrada ao calendário do Google, tanto em celulares Android quanto iPhones. Segundo o especialista, a função de orçamento é uma inovação absoluta na área e veio solucionar um grande problema: o tempo de elaboração e envio. “Consigo entregar em tempo real o custo do tratamento e obter rapidamente a resposta do paciente”. O principal da tecnologia é a sincronização com a agenda do cirurgião-dentista ou clínica. A partir do momento que a consulta foi agendada, o paciente receberá o aviso do compromisso. Há um ganho também em segurança do banco de dados da clínica odontológica, pois a cada agendamento é criado um cadastro do cliente e armazenado em nuvem segura, sem necessidade de instalar nenhum software, podendo ser acessada de qualquer lugar. “A fase de testes do projeto Kalendaro foi um sucesso no meu consultório e agora está disponível para todas as clínicas por meio de assinatura mensal”, explica Ladorucki. O primeiro mês da assinatura será gratuito, para teste e implantação e, a mensalidade a partir daí é de R$ 69,90. O profissional estima que 30% das faltas de pacientes serão evitadas com o uso da solução. O Kalendaro pode ser integrado a outras tecnologias utilizadas nas clínicas e, ainda, pode ser personalizado. "É uma forma de manter a clínica na vanguarda da tecnologia com ganhos operacionais visíveis, em um setor sem grandes inovações", afirma Dr. Ladoruki. Os investimentos no sistema Kalendaro continuarão e o próximo passo será o desenvolvimento do prontuário digital junto com a sistematização da área financeira dos consultórios. A tecnologia é assinada pela Apu StartUps, aceleradora de startups e consultoria em desenvolvimento e design, que busca gerar maior nível de competitividade para pequenas e médias empresas inovadoras. Ricardo Ladorucki é um odontologista que gosta de tecnologia e busca integrá-la à vida profissional. Formado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FoUsp), tem especialização em Próteses e pós-graduação em Estética nos Estados Unidos. Fez vários cursos de aperfeiçoamento em Nova York, Orlando e Los Angeles, onde as técnicas de aplicação de facetas, pelas quais é reconhecido, são muito utilizadas. No Brasil, possui sua própria clínica há 17 anos.

> Golgran lança instrumentais para especialistas em Ortodontia durante a 19ª OrtoSPO A Golgran lançou a linha de alicates da marca Millennium, durante o 19º Congresso Brasileiro de Ortodontia, específica para ortodontistas. Os novos produtos foram desenvolvidos com o apoio de renomados profissionais da área, que aplicaram as atuais necessidades do segmento para a fabricação de alicates de Ortodontia, porta agulhas e instrumentos de apoio. “A Golgran já atuava no mercado de instrumentais, oferecendo produtos a cirurgiões-dentistas e estudantes de Odontologia. Agora nosso foco é atender os profissionais especializados em Ortodontia, que buscam praticidade, qualidade e conforto em seu uso. Ter o respaldo de grandes ortodontistas brasileiros é um grande passo dado pela Golgran e que iremos levar direto ao público”, diz Orlandinho Golfetto, diretor presidente da Golgran, empresa tradicional, que está no segmento há 40 anos. A linha conta com alicates Ortodônticos de corte (modelos amarrilho e distal), alicates de dobra (nance, meia cana, angle bending, trident, dobra V, saca banda e ômega loop), porta agulhas, entre outros. Os modelos puderam ser vistos e testados no estande da empresa durante o evento, que ocorreu entre os dias 25 e 27 de setembro de 2014, na Expo Center Norte.

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 Vitrine Odontológica > Pesquisa encomendada pelo CFO ao Datafolha revela avaliação da população sobre os cirurgiões-dentistas no Brasil Direito a serviços públicos de qualidade na saúde bucal; acesso ao cirurgião-dentista; Odontologia de emergência; conhecimento das políticas públicas; e avaliação do atendimento ao cidadão. Afinal, como anda a saúde bucal do brasileiro? Estes são alguns motivos pelos quais o CFO encomendou ao Datafolha uma pesquisa sobre comportamento, conhecimento e hábitos, que avaliou questões estratégicas a respeito do tema. O Conselho quis ouvir a população sobre os pontos positivos e negativos dos serviços odontológicos públicos e privados oferecidos e saber como eles chegam às pessoas. Para o CFO, é importante buscar, junto aos CROs, o aprimoramento dos serviços, além da sua atuação na regulação do ofício odontológico. Metodologia da Pesquisa: o Datafolha montou uma amostra de 2.085 entrevistados, a partir dos 16 anos de idade, de todos os níveis econômicos e de todas as regiões do país, reproduzindo a população brasileira adulta de 148,9 milhões de pessoas em termos de distribuição territorial, renda, grau de instrução, sexo e idade. Foram realizadas entrevistas em 133 municípios de grande, médio e pequeno porte, em cidades da região metropolitana e do interior. A margem de erro da pesquisa é de 2,0 pontos percentuais. Principais Resultados: para grande satisfação do CFO, a pesquisa revelou que os brasileiros dão nota 9 para o atendimento recebido do cirurgião-dentista. Na esfera pública, a nota é 8,5 e, na particular, sobe para 9,2. São notas que demonstram a capacidade e a qualidade dos nossos profissionais. Para 59% dos brasileiros, o estado de saúde bucal é ótimo ou bom. Este número é puxado pelos mais jovens, mais escolarizados e das classes sociais mais altas 10% dos brasileiros consideram a sua saúde bucal ruim ou péssima. Dos entrevistados que não estavam em tratamento, 68% afirmam que vão ao cirurgião-dentista pelo menos uma vez por ano, 11% declaram que não costumam ir ao cirurgião-dentista. Nesse segmento, destacam-se os mais velhos, com ensino fundamental, menor renda, moradores do Nordeste e de cidades do interior. Apenas 2% dos entrevistados nunca foram ao cirurgião-dentista: o número é baixo porque a população entrevistada é composta por pessoas com idade acima de 16 anos. Quanto ao acesso ao serviço odontológico, 81% informam que sua cidade tem atendimento odontológico público, 95% é privado e 35% gratuito. No atendimento público em situações de emergência, a pesquisa mostra que há muito a evoluir e que existe, sem dúvida, uma necessidade de ampliar a oferta de serviços odontológicos: 66% declaram não conseguir atendimento público de urgência. Pela pesquisa, podemos cogitar que, em 2013 e durante os cinco primeiros meses de 2014, 111 milhões de pessoas foram ao cirurgião-dentista. Destes, 70% utilizaram serviço particular e apenas 28%, o público. Esse é outro dado que indica necessidade de ampliar as políticas públicas para melhorar a saúde bucal do país. Os procedimentos mais procurados no atendimento público: 33% para extração, 30% limpeza, 27% obturação ou restauração. No privado, foram 40% para limpeza, 25% obturação ou restauração, 17% extração. A pesquisa mostra, claramente, que a dificuldade de acesso a um tratamento continuado praticamente dobra o número de extrações no atendimento público. Tanto que apenas 4% dos entrevistados citam tratamento de

canal, contra 12% no serviço particular. Praticamente, um a cada quatro brasileiros iniciam um tratamento, mas não concluem. Aqui surge um dado relevante: nos serviços públicos, apenas 6% fazem essa alegação e o maior problema é de agendamento de consultas (23%). Nos serviços particulares, agendar consultas não é impedimento, com apenas 2%, mas 23% não concluem por falta de condições financeiras. Portanto, no particular, o problema para o tratamento inacabado é o seu custo. No público, é a falta de profissionais para um atendimento continuado. Mesmo com essas dificuldades, a pesquisa indica que 31 milhões de brasileiros estão fazendo algum tipo de tratamento odontológico. Ao lado da boa avaliação do profissional da Odontologia, a pesquisa mostrou que os bons hábitos de saúde bucal estão sendo disseminados no país. Em média (49%), os brasileiros escovam os dentes três vezes por dia: 78% ao levantar, antes do café da manhã, 76% após o almoço e 61% antes de dormir. Quanto ao uso de fio dental, 57% informam que usam – 30% mais de uma vez por dia e 17% uma vez ao dia. Entrevistados com filhos até 18 anos: 72% já foram ao cirurgião-dentista, sendo que 48% vão uma vez a cada seis meses, indicando que a prevenção está cada vez mais divulgada. A pesquisa também avaliou o Programa Brasil Sorridente, que é conhecido por apenas 32% dos brasileiros.

Isto indica claro problema de divulgação, já que 55% dos entrevistados não sabem se existe este serviço na sua cidade e 33% afirmam que não existe. Apenas 7% dos brasileiros declaram conhecer e estar bem informados sobre esse importante programa do governo federal. Assim, não surpreende que apenas 15% já utilizaram esses serviços. Em termos de qualidade, o programa é avaliado como bom e ótimo por 81% dos que já o utilizaram. Atualmente, 2/3 dos brasileiros adultos (68%) não sabem que a legislação brasileira garante o atendimento a urgências odontológicas, à prevenção, à assistência e à reabilitação da saúde bucal. Quanto maior é a renda mensal familiar, o grau de instrução e o porte do município do entrevistado, pior é a percepção da efetividade dos direitos à saúde bucal. É preciso mudar essa realidade. Muito já foi feito até agora, mas ainda há brasileiros desprotegidos. Às vésperas de mais uma eleição presidencial, o CFO cumpre a sua missão institucional e leva aos candidatos as principais propostas de Odontologia, agora munido de dados concretos revelados por essa pesquisa inédita que, com certeza, irá sensibilizar as autoridades para os problemas de acesso a um serviço público com a qualidade e a quantidade que os brasileiros merecem. Fonte: CFO.org.br

> Cariologista brasileira integrará o grupo da WFPHA até 2018 A cariologista Sonia Groisman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi convidada e integra, agora, o Grupo Executivo da Federação Internacional de Associações de Saúde Pública (WFPHA, na sigla em inglês), no Grupo de Trabalho de Saúde Bucal, representando o Brasil, até 2018. O Grupo Executivo de Trabalho de Saúde Bucal trabalha em cada país de origem, discute seus resultados por meio de plataforma específica on-line e se encontrará no 14º Congresso Mundial de Saúde Pública, na Índia, em fevereiro de 2015. Dentre os projetos trabalhados estão a situação da classe odontológica e seu papel contemporâneo na saúde pública e os objetivos de desenvolvimento para saúde bucal do milênio em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a secretária-geral e coordenadora do GT, Marta Lomazzi, a professora brasileira foi selecionada quando o Conselho WFPHA reuniu-se para analisar os perfis profissionais para o cargo. Sonia Groisman enfatizou a importância da Odontologia brasileira se fazer representar junto a uma organização que trabalha em conjunto com a OMS. Fonte: www.jornaldosite.com.br

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> Alto nível da Odontologia brasileira impressiona ingleses

> Gnatus realiza 3º Circuito de Rua em comemoração ao Dia do Dentista

Não é novidade para ninguém que a Odontologia brasileira está entre as melhores do mundo. Inúmeras pesquisas apontam que o Brasil possui os melhores dentistas, que utilizam as melhores e mais modernas técnicas e que, por isso, incentivam a fixação das melhores multinacionais da indústria odontológica no país. Todos esses fatos chamaram a atenção do jornal inglês Financial Times, um dos mais respeitados do mundo quando o assunto é economia, que recentemente publicou uma matéria a respeito do tema. De acordo com a publicação, é surpreendente um país com tanta desigualdade social possuir uma das melhores odontologias do planeta. Para o cirurgião-dentista Hugo Ricardo Rosin, diretor de comunicação da Associação Odontológica de Ribeirão Preto (Aorp), tal fato pode ser explicado tendo em vista que o modelo de ensino e a formação do cirurgião-dentista brasileiro foi vencedor quando se espelhou no modelo americano, pioneiro em relação à formação específica em Odontologia. “Diferentemente da Europa, onde em alguns países a carreira profissional da Odontologia é uma subdivisão da Medicina, o cirurgião-dentista brasileiro recebe formação de cinco anos, com disciplinas específicas e focadas na atuação da Odontologia moderna que conhecemos hoje”, explica Rosin. O Brasil concentra cerca de 19% dos cirurgiões-dentistas de todo o mundo. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CRO), são quase 220 mil profissionais cadastrados no país. Neste panorama, Ribeirão Preto-SP reúne aproximadamente dois mil dentistas, trabalhando em um universo em constante desenvolvimento, no qual o mercado odontológico é cada vez mais concorrido. O município difunde o alto nível da Odontologia brasileira no exterior, cujo pioneirismo é relatado a partir da fundação da “Escola de Pharmácia e Odontologia de Ribeirão Preto, no ano de 1924 e que tornou-se precursora do ensino superior em saúde. “Essa escola veio a se tornar a Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, a Forp-Usp. Além dessa excelência em ensino e por conta dele, a partir da década de 40, iniciou-se a fixação da indústria ontológica na região, tornando-a um polo de referência do setor”, revela o diretor da Aorp. Dessa forma, a cidade abriga os melhores cursos de Odontologia e pesquisa do país, além de inúmeras empresas fabricantes de equipamentos e produtos odontológicos providos de tecnologia de última geração. E para dar suporte a tudo isso, existem na cidade entidades voltadas à comunidade odontológica, como a Aorp, que, há 68 anos atua em prol do aperfeiçoamento do segmento.

No dia 25 de outubro de 2014, às 8h, a Gnatus Equipamentos Médico-Odontológicos realiza o 3º Circuito de Rua Gnatus. Com o objetivo de integração, o evento acontece em comemoração ao Dia do Dentista, na mesma data. Esse ano, o circuito de 5 km será realizado no Condomínio Alphaville, em Ribeirão Preto-SP. Todos os inscritos receberão medalha de participação e um kit exclusivo com camiseta e outros itens. Ainda, após a corrida, os participantes poderão relaxar no Lounge da Fisioforma, ao som da banda Take One.

 Calendário de Eventos OUTUBRO

XVII CIOBA - CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DA BAHIA Data: 29 de outubro a 1º de novembro de 2014 Local: Centro de Convenções da Bahia - Salvador-BA Informações: https://pt-br.facebook.com/pages/ Cioba-Congresso-Internacional-de-Odontologia-da-Bahia/134303226686254 NOVEMBRO 4° CONGRESSO MARANHENSE DE ODONTOLOGIA Data: 9 a 12 de novembro de 2014 Informações: (98) 3227 1719 E-mail: aboma4@hotmail.com

2º CONGRESSO INTERNACIONAL DE ORTODONTIA DA AMAZÔNIA Data: 20 a 22 de novembro de 2014 Informações: (91) 3202 1516 Local: Computer Hall - Belém-PA E-mail: contato@computerhall.com.br

DEZEMBRO ODONTOLOGIA OBJETIVA - PROF. MARCOS JANSON Data: 4 e 5 de dezembro de 2014 Local: Centro de Convenções do Pernambuco – Olinda-PE Informações: (81) 3231-3643 / 9172-0304 / 9834-0499 Site: www.aborpe.com.br

JANEIRO DE 2015

33º CIOSP CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DE SÃO PAULO Data: 22 a 25 de janeiro de 2015 Local: Expo Center Norte - São Paulo-SP Informações: (11) 2223-2521 | 2516 E-mail: comercial.decofe@pcdcentral.com.br Atendimento ao congressista: 0800 12 85 55

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 Social

Célia Gutierre, diretora financeira da Dental Gutierre, no congresso OrtoSPO.

Clientes posam ao lado do Castor Gutinho, mascote da Dental Gutierre, em ação promocional no OrtoSPO

Adriana Barrico Costa e Cleo Costa, na Caminhada Aorp.

Seizo Suzuki e Renata Suzuki, na Caminhada da Primavera Aorp.

Renata Fronzaglia Lollato e Lilian Saito, na Caminhada da Primavera Aorp.

Antonio Carlos Furlan e Gustavo Martins, na Caminhada da Primavera Aorp.

Eliane Ratier, na Caminhada Aorp. www.gutierreodonto.com.br > 49

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 Social

Pedro José Bistane, Pablo Samueli e Alexandre Gentil.

Ronaldo Silva e a esposa Eloísa.

VIII Cropi: um dos mais importantes encontros científicos da Odontologia nacional e internacional O Congresso de Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia realizado em setembro pelo InPlant Center reuniu especialistas de renome em Ribeirão Preto e promoveu integração, proporcionando aos participantes desenvolvimento e acesso a novas tecnologias. Confira os principais flashes do evento. Fernando Junqueira Leite (DVI), Paulo Henrique e Luiz Carlos Ferreira Pires (Ciro Radiologia) Luiz Ricardo Menani e João César.

Antônio Marcos Montagner e Eliana Pesqueira.

Walter Martins e Oger Soares.

Rafael Soares, Juliano Facioli e Carlos Alberto Soares.

Caetano Biagi (Dabi Atlante) e Ronaldo Silva.

Sônia Gaku, Ricardo Corona e José Benedito.

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