Gutierre odontlife ed61

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ISSN - 1807-9954

Jan/Fev/Mar 2015 | ed. 61

Imagem 100% digital

Resistir é andar na contramão ESTÉTICA

Clareamento dental caseiro supervisionado após tratamento ortodôntico.

ORTODONTIA

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2 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61


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Bretas

Especial


 Editorial

Cirurgiões-dentistas brasileiros ainda resistem aos avanços tecnológicos e ao uso de imagens 100% digitais

N

ão é mais possível agir analogicamente em plena era digital. Resistir aos avanços tecnológicos é remar contra a maré e querer excluir-se de uma revolução inevitável. Se na Educação, por exemplo, os cursos de graduação em tempo real, interativos e não presenciais (on-line) já existem e são reconhecidos há anos, se na Medicina são realizadas cirurgias complicadas à distância fazendo uso da informática e da tecnologia digital, se não existem mais fronteiras entre os continentes e o mundo inteiro se comunica pela internet, a Odontologia não pode ficar fora disso e a questão não é mais se o cirurgião-dentista deve ou não aceitar os avanços tecnológicos, mas sim, como pode valer-se deles. No mundo globalizado não há mais como evitar que recursos informáticos e tecnológicos sejam utilizados ética e amplamente na Odontologia, entendendo que ‘amplo’ significa muito mais do que ter um computador no consultório para fazer agendamentos ou organizar prontuários de pacientes. Estamos falando de novos recursos, novos tipos de exames, novas aplicabilidades da tecnologia na Odontologia, onde a Radiologia Odontológica pode ser considerada a mola que impulsiona a Odontologia em direção às tecnologias de ponta e aos processos informatizados, tendo evoluído, nos últimos 10 anos, para o formato digital num caminho sem volta. Diante desta nova ‘forma’ o melhor a fazer é tentar entendê-la para extrair dela o máximo de utilidade e o melhor que pode oferecer. Comprovadamente a imagem 100% digital oferece inúmeras vantagens em relação aos métodos convencionais, como menor dose de radiação ao paciente, eliminação dos processos químicos de revelação (contribuindo com o meio ambiente), otimização de tempo para o profissional, maior precisão no diagnóstico e no planejamento do tratamento odontológico, entre outras. No entanto, grande parte dos cirurgiões-dentistas brasileiros, cerca de 99%, ainda resiste em utilizar as imagens 100% digitais enquanto os centros de radiologia odontológica lutam para tentar mudar esta realidade. Para colaborar com essa luta publicamos uma matéria especial, com a participação de especialistas em Radiologia Odontológica Digital, para informar os profissionais do segmento sobre as vantagens, benefícios e tendências da documentação 100% digital no Brasil. Também nesta edição, o leitor encontrará artigos científicos inéditos, notícias do segmento odontológico, calendário de eventos e diversas informações de interesse da classe odontológica. Boa leitura! Ana Lúcia Pereira Editora 4 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

Jan/Fev/Mar 2015 | ed. 61 A Gutierre OdontoLife é uma publicação pertencente à OdontoLife Edição dePeriódicos Ltda. - ME, produzida e distribuída em parceria com a Dental Gutierre Odonto.

Direção Ana Lúcia Pereira de Jesus José Eduardo Gibin Gutierre Editora e Jornalista Responsável Ana Lúcia Pereira (MTb: 24.654) Fone: (16) 98177 0062 ana@revistaodontolife.com.br Redação e Departamento Comercial R; João Nutti, 1561 - Cj. 12 - Pq. Bandeirantes Ribeirão Preto-SP - CEP: 14090-387 Fone: (16) 3236 4802 - Ana Lúcia Departamento de Marketing Juliana da Silva Finato Fone: (16) 3303 1820 jsfinato@gutierreodonto.com.br Projeto Gráfico Neto Heleno - info@netoheleno.com Diagramação OdontoLife Edição de Periódicos Ltda. - ME Distribuição (gratuita) Dental Gutierre Odonto Rua Voluntários da Pátria, 2839 - Centro Araraquara-SP - CEP: 14801-320 Fone: (16) 3303-1820 Impressão Gráfica e Editora São Francisco Ltda. Rodovia Anhanguera, Km 320 + 20m Recreio Anhanguera - Ribeirão Preto-SP CEP: 14097-140 - Fone: (16) 2101 4151 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. A Gutierre OdontoLife não autoriza ninguém a retirar, emprestar ou permutar qualquer tipo de material para produção ou similares e nem a negociar em nome da revista sem autorização da diretoria. Normas de Publicação No Caderno Científico, a revista Gutierre OdontoLife divulga artigos (Científico / Caso Clínico / Técnico ou de Revisão), produzidos por clínicos gerais e cirurgiões-dentistas das diversas especialidades odontológicas. Todo profissional que tiver interesse em publicar seu trabalho em nossas páginas deve enviar o material atendendo às seguintes normas para publicação: 1) Nos trabalhos em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. 2) Os editores da Gutierre OdontoLife podem adaptar o artigo às normas jornalísticas vigentes e ao padrão gráfico da revista. 3) O texto deve ser digitado e entregue em arquivo do word (doc), na fonte Times News Romam, corpo 11, contendo: título, artigo, referências bibliográficas, titularidade do(s) autor(es) e legendas identificadas para todas as imagens (fotos, tabelas ou ilustrações). NÃO INSERIR imagens no arquivo doc. 4) Todas as imagens devem ser enviadas separadamente, em alta resolução (JPG - 300 DPIs) com, no mínimo, 9 cm de largura. Inserir no mínimo três e, no máximo, 16 imagens por artigo. 5) Os trabalhos em grupo deverão conter os nomes e a titularidade de todos os autores, e-mail ou telefone de pelo menos um dos autores. 6) Sobre as referências bibliográficas: devem ser adotadas as normas de Vancouver (as referências são enumeradas de acordo com a ordem de entrada no texto). 7) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor(res). Cada um receberá exemplares da revista em que seu trabalho foi publicado. 8) Anexar ao trabalho os dados completos de todos os autores para contato (nome completo - endereço completo - CEP - telefones e e-mail). Os trabalhos científicos podem ser enviados para o e-mail: contato@revistaodontolife.com.br ou através de mídia digital (CD ou DVD) endereçados para: Redação Gutierre OdontoLife - R. João Nutti, 1561 - Cj. 12 - Pq. dos Bandeirantes - CEP: 14090-387 - Ribeirão Preto-SP.


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 Índice

8

30 - IMPLANTODONTIA A Biotecnologia e o design influenciando a taxa de sucesso de implantes cone morse. 34 - PERIODONTIA Recobrimento radicular por meio de tracionamento coronário sem enxerto variações de técnica.

CAPA

Documentação 100% digital: caminho sem volta para a Radiologia Odontológica brasileira

38 - REABILITAÇÃO ORAL E ESTÉTICA Planejamento reverso para obtenção do sucesso em reabilitações orais.

DENTAL GUTIERRE 14 - Dental Gutierre prepara mais um show de novidades para os participantes do 33° Ciosp.

18 - DENTÍSTICA ESTÉTICA Clareamento dental caseiro supervisionado após tratamento ortodôntico. 20 - DENTÍSTICA ESTÉTICA Clareamento dental: associação de técnicas para obtenção de efetividade e naturalidade. 22 - DENTÍSTICA ESTÉTICA Desafios em Odontologia: laminado cerâmico unitário em incisivo central escurecido. 26 - ORTODONTIA Aparelho autoligado passivo - uma boa escolha para casos com extração de pré-molares.

6 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

36 - PERIODONTIA Planejamento protético de overdenture e protocolo visando a manutenção da higiene a longo prazo.

42 - JURISPRUDÊNCIA NA ODONTOLOGIA Responsabilidade do cirurgião-dentista pela atualização técnica e a terapêutica. 43 - VITRINE ODONTOLÓGICA Notícias, informação, lançamentos, novidades e curiosidades na Odontologia. 46 - SOCIAL Flashs dos principais acontecimentos do setor.


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 Capa

Documentação 100% digital: caminho sem volta para a Radiologia Odontológica brasileira Cirurgião-dentista brasileiro tem “olho na mão”. Ele precisa sentir, precisa tocar, precisa pegar a película radiográfica, da qual não consegue se desprender e colocá-la contra a luz para analisá-la. Enquanto os centros de radiologia brasileiros fazem um esforço de guerra para tentar introduzir a imagem 100% digital no meio odontológico, investindo pesado em equipamentos de última geração, buscando apoio das indústrias, desenvolvendo e ministrando cursos, investindo em propaganda, saindo na frente quando o assunto é sustentabilidade e preservação do meio ambiente, 99% dos mais de 200 mil profissionais espalhados pelo Brasil ainda resistem aos avanços tecnológicos, não conseguem assimilar todas as vantagens que a imagem digital oferece e continuam reféns do filme radiográfico. Mas a documentação 100% digital é caminho sem volta para a Radiologia Odontológica, uma realidade não muito distante que certamente causará impactos significativos em todas as especialidades. E tentar resistir a isso significa andar na contramão. Mais do que a simples limitações técnicas e/ou financeiras, acreditamos que a barreira que impede a plena disseminação da imagem odontológica 100% digital no Brasil esteja mais diretamente ligada a questões culturais, provenientes sobretudo da falta de esclarecimento e informação por parte dos cirurgiões-dentistas. Por isso, com o objetivo de diminuir o abismo que existe entre os profissionais do setor e tudo o que de mais moderno o mercado da documentação odontológica digital pode oferecer, decidimos nos aprofundar no assunto conhecendo a opinião de radiologistas nacionalmente reconhecidos e de odontólogos que já fazem uso constante da imagem 100% digital em seu dia-a-dia. 8 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61


O QUE É UMA IMAGEM 100% DIGITAL Durante quase um século, desde 1919, o aparelho de raio x dentário foi o único meio para a realização de filmes radiográficos intra e extrabucais. Em meados da década de 80 foram feitas as primeiras imagens radiográficas digitais, com a digitalização indireta de imagens convencionais (película) utilizando-se um scanner ou uma câmera digital. Em 1987, o primeiro sistema direto (que dispensa a película) de radiografia digital intraoral para Odontologia, o Radiovisiography, da Trophy, foi apresentado pelo cirurgião-dentista e inventor francês Francis Moyen, em Geneve. A partir daí e com a rápida evolução da informática, a Imagenologia conquistou lugar definitivo na área das Ciências da Saúde, entre elas a Odontologia. No entanto, e ao contrário do que muita gente acredita, são muitos os profissionais (de diversas áreas) que não sabem exatamente o que é uma imagem digital e, principalmente, como ela é produzida. A digitalização de imagens pode ser realizada de duas formas diferentes: direta ou indiretamente. No sistema indireto, a imagem digital é produzida a partir de uma radiografia convencional, que pode ser fotografada com uma câmera digital ou scanneada. A grande desvantagem desse sistema é que requer o processamento do filme radiográfico, com revelador, fixador, etc. No sistema direto, mais utilizado atualmente pela maioria dos centros de radiologia mundial, a imagem digital é capturada

diretamente através de um sensor conectado ao computador e disponibilizada imediatamente, descartando todos os antigos e ultrapassados processos químicos. Além de dispensar o uso de agentes químicos, a imagem 100% digital é indicada para todas as especialidades odontológicas e oferece inúmeras vantagens. “A imagem digital diminui a dose de exposição de raios x aos pacientes, podendo reduzir em média até 50% em comparação com radiografias convencionais. Elimina o processamento químico, não sendo necessário ter mais as caixas de revelação portátil ou câmara escura, com todos os inconvenientes de instalações hidráulicas especiais. Além disso, é uma bela forma de contribuição com o meio ambiente. Diminui o tempo de atendimento ao paciente, uma vez que eliminamos a revelação do filme radiográfico. Desta forma reduzimos também o número de repetições em função dos erros de processamento do filme. Facilita o compartilhamento das imagens, permitindo a comunicação entre colegas para planejamento conjunto, segunda opinião em diagnóstico ou mesmo encaminhamento das imagens

aos pacientes. O sistema digital nos permite ajustes de contrastes e densidade, ampliação e outros recursos que podem nos auxiliar no diagnóstico radiográfico. Sem contar que, neste sistema, as imagens apresentam 256 tonalidades de cinza enquanto a radiografia convencional apresenta apenas 25 tonalidades”, explica o especialista em Radiologia e Implantodontia, Luiz Roberto da Cunha Capella, cirurgião-dentista graduado pela Faculdade de Odontologia da Universidade São Francisco (Fousf), diretor da Papaiz Associados, centro de radiologia odontológica de São Paulo-SP que atua desde 1987. A RESISTÊNCIA ÀS IMAGENS DIGITALIZADAS Falta de informação, falta de hábito, falta de tempo, comodismo? Tudo isso e um pouco mais. Mesmo oferecendo tantas vantagens e facilidades em relação às radiografias convencionais, a maioria dos cirurgiões-dentistas brasileiros ainda resiste às imagens 100% digitais. Por isso, ultrapassar esta barreira tem sido um dos maiores desafios dos centros de radiologia odontológica “A maioria dos profissionais que está no www.gutierreodonto.com.br 9


 Capa

LUIZ CARLOS FERREIRA PIRES Endodontista e radiologista, diretor da CIRO Radiologia.

“A qualidade das imagens entregues pelos centros de radiologia odontológica brasileiros compete de igual para igual com o que há de melhor no mundo”. mercado há mais de dez anos, é mais resistente porque não tem o hábito de utilizar a internet para fins profissionais. Ele liga o computador para ler jornal, para entrar no facebook, para conversar com amigos, mas não para analisar uma radiografia digital. E digo mais, no Brasil, a imagem digital só existe por conta da impressora dry, que dispensa o uso de reveladores e fixadores e imprime o filme a seco, a película. Se não fosse isso, não sei como seria a receptividade da imagem digital por aqui, porque só haveria a imagem no computador e a película deixaria de existir. Nós não conhecemos essa 10 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

experiência. Aqui o colega tem necessidade de pegar a película com as mãos. Os centros de radiologia oferecem toda essa estrutura para o profissional e ele insiste em ter a película”, comenta Luiz Carlos Ferreira Pires, cirurgião-dentista formado pela Uniube desde 1981, especialista em Endodontia pela Fob-Usp desde 1983 e em Radiologia Odontológica pela Acdc desde 1996, diretor da Ciro Radiologia, de Ribeirão Preto, que atua no mercado há 18 anos. “Esse é um dos maiores contrassensos da radiologia odontológica brasileira. Hoje, enquanto o mundo inteiro está imprimindo menos, aqui no Brasil a quantidade de impressoras vendidas é absurdamente maior. Enquanto no resto do mundo cada panorâmica digital vendida representa uma impressão a menos, no Brasil acontece exatamente o contrário. Para cada panorâmica digital vendida, vende-se uma impressora porque o dentista não se desapega da película. Os estrangeiros que participam de congressos no Brasil não entendem isso. Em 99, um colega comprou um aparelho de radiologia digital e montou uma empresa em Ribeirão Preto-SP com a proposta de introduzir a imagem digital no mercado sem a película impressa. Não deu certo. Nessa mesma época, muitas empresas tentaram vender equipamentos digitais em congressos, mas não tiveram sucesso porque o dentista brasileiro quer ter a película na mão”, revela Hugo Rosin, formado pela Forp-Usp desde 2001, com especializações em Radiologia pela Fop-Unicamp (2003) e Ortodontia pela FoAr-Unesp (2008), diretor da DVI Radiologia, há 10 anos no mercado, com nove unidades instaladas no Estado de São Paulo. Muitos profissionais se queixam que a imagem digital exige que você tenha um computador no consultório, isso requer recursos financeiros e também é preciso saber utilizar os programas para poder manipular as imagens. Para a maioria dos radiologistas esse tipo de desculpa não cabe mais. “Para o cirurgião-dentista receber as imagens das clínicas de radiologia odontológica não é necessário um investimento muito alto. Para ver os seus exames basta ter um tablet, smartphone ou um computador com acesso à internet e com configurações básicas, o que hoje gira em torno de 1.500 reais. Já o cirurgião-dentista que pretende fazer o planejamento/estudo de uma tomografia, utilizando software (viewer) a configuração mínima recomendada é um processador com dois ou mais núcleos, 2 Gb de Memória Ram e uma placa de vídeo dedicada de 1 Gb, com valor médio de mercado de 2.500 reais. As vantagens da digitalização são inúmeras, como por exemplo, além de ter um histórico clínico do seu paciente para sempre, você economiza espaço físico para armazenagem destes exames. Para evitar problemas com seus dispositivos e possíveis perdas de arquivos, uma dica é fazer back-up dos arquivos em cloud (nuvem), orienta Jeferson Orofino Costa, cirurgião-dentista graduado

pela Unimar desde 1995, pós-graduado em Endodontia e Radiologia Odontológica, diretor da Papaiz Associados. “Hoje em dia, qualquer loja de departamentos vende computador em até dez vezes ou mais, então preço não é mais desculpa. Por pior que seja, a internet está ativa em todo o território nacional e tecnologia não é mais algo estranho na vida das pessoas. Esse mesmo dentista que não quer receber a imagem digital, tem banda larga, tem computador, smartphone, tablet ou notenook. Esse mesmo colega que insiste em receber a película impressa porque afirma não ter o hábito de usar o computador no consultório, troca fotos com os amigos pelo whatsapp, entra no facebook e paga o ipva do carro pelo site do banco. Estamos falando de um problema cultural, da resistência ao que é novo. O profissional que hoje bate no peito e diz `eu não gosto de imagem digital´ está

EDUARDO PEREIRA ZANELLA Especialista em cirurgia bucomaxilofacial.

“Hoje, todos os casos realizados na clínica são planejados virtualmente. Os modelos são scaneados e armazenados digitalmente...”.


LUIZ ROBERTO DA CUNHA CAPELLA Diretor do centro de radiologia odontológica Papaiz Associados, de São Paulo-SP.

“Existe legislação especifica ... que garante a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documento em forma eletrônica, não só as radiografias digitais mais também imagens fotográficas digitais e prontuários eletrônicos.”. indo na contramão. Se nós não adotarmos a tecnologia vamos nos tornar vítimas dela. Essa frase é de um cardiologista americano, que achei fantástica. Seremos analfabetos. A onda da tecnologia é muito rápida. Se você souber levar, vai conseguir surfá-la, se não, vai ser engolido por ela”, ressalta Hugo Rosin. “Na grande maioria das clínicas de radiologia odontológicas situadas nos grandes centros os cirurgiões-dentistas já trabalham exclusivamente com radiografias digitais, tanto para radiografias convencionais como para as tomografias, portanto já estão acos-

tumados e usufruem das vantagens que o sistema oferece. Em relação a utilização nos consultórios odontológicos a adesão é mais lenta. Observamos que os colegas endodontistas e implantodontistas são os primeiros a identificarem e a aderirem os sistemas digitais. Lamentavelmente as universidades brasileiras, por questão de custos, são as últimas a aderirem ao sistema digital fazendo com que o aluno, na sua formação, utilize o sistema analógico”, completa Jeferson Costa. “Não tem mais porque sermos tão reféns do papel. A qualidade das imagens entregues pelos centros de radiologia odontológica brasileiros compete de igual para igual com o que há de melhor no mundo, pois os fabricantes de equipamentos são os mesmos e, nos caso de impressão da imagem digital, impressão da película, a qualidade da imagem é inferior à que aparece no monitor”, acrescenta Dr. Luiz Carlos Pires, que também atenta para as questões ambientais. “Despejar revelador e fixador pelo ralo da pia é crime ambiental, uma penalidade inafiançável que dá prisão imediata. Existe uma resolução da Anvisa que decreta ser expressamente proibido o descarte de produtos químicos na rede pública de esgoto. Vale lembrar que o revelador e o fixador contêm metais pesados que agridem o meio ambiente e contaminam o solo. Quanto mais imagens digitais nós manipulamos, eliminando as películas, mais preservamos o meio ambiente. Daqui há cinco, dez ou quinze anos, essa mesma película produzida hoje vai direto para o lixo, agredindo novamente meio ambiente. Somos corresponsáveis por isso e este é mais um motivo para que os centros de radiologia se recusem a oferecer a película radiográfica, mostrando aos profissionais que, do ponto de vista ambiental, são sustentáveis”. Do ponto de vista jurídico, acordos internacionais criaram meios a autenticação de arquivos digitais tornando-os imutáveis e com validade jurídica. “Existe legislação especifica que trata este assunto, Lei 8.935/94 e a Medida Provisória 2200/2 de agosto de 2001, que institui a infraestrutura de chaves públicas brasileiras (ICP-Brasil), que garante a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documento em forma eletrônica, não só as radiografias digitais mas também imagens fotográficas digitais e prontuários eletrônicos. Qualquer colega pode obter uma Certificação Digital através de uma Autoridade Certificadora Habilitada, como por exemplo a Certisign ou a Serasa. Em março de 2004 o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo patrocinou um Fórum sobre os arquivos digitais na Odontologia, onde ficou claro que o prontuário eletrônico que o colega confecciona, uma vez assinado digitalmente, tem valor legal, não havendo necessidade de recurso de impressão”, explica Dr. Capella. QUEM CONHECE RECOMENDA Em 2014, a Papaiz Associados atendeu pacientes encaminhados por aproximada-

mente 14 mil cirurgiões-dentistas do Estado de São Paulo, dos quais apenas 1% trabalha com imagens 100% digitais, dispensando as imagens analógicas. Considerando que os principais centros de radiologia odontológica do Brasil estão lutando para disseminar a imagem digital há quase uma década esse número é realmente muito reduzido. No entanto, os profissionais que conhecem as vantagens e utilizam a imagem 100% digital não voltam mais atrás e indicam o uso para os colegas. “Na cirurgia ortognática o uso da tecnologia modificou radicalmente a rotina no consultório odontológico. Antigamente , era preciso moldar o paciente no consultório e montar os modelos em um articulador semi-ajustável. A etapa posterior era a cirurgia de modelos, toda feita no articulador, serrando, medindo manualmente, confec-

HUGO ROSIN Diretor da DVI Radiologia.

“Enquanto no resto do mundo cada panorâmica digital vendida representa uma impressão a menos, no Brasil acontece exatamente o contrário”. www.gutierreodonto.com.br 11


 Capa cionando guias, manipulando resinas, etc. Um processo complexo e lento que, para não dispensar pacientes, me obrigava a trabalhar depois do expediente, até de madrugada, para no outro dia de manhã estar no centro cirúrgico ou no consultório. Foram essas dificuldades, a falta de tempo, a falta de espaço para armazenar material e até as questões ambientais que me levaram a buscar novas alternativas e encontrar a solução na tecnologia. Hoje, todos os casos realizados na clínica são planejados virtualmente. Os modelos são scaneados e armazenados digitalmente e todo o processo é realizado em tomografias e imagens digitalizadas. Os guias cirúrgicos são confeccionados em impressoras 3d. Além de qualidade e precisão, a imagem digital também facilita a interação com outros profissionais e com pacientes e,

JEFERSON OROFINO COSTA Endodontista, diretor da Papaiz Associados.

“Lamentavelmente as universidades brasileiras, por questão de custos, são as últimas a aderirem ao sistema digital fazendo com que o aluno, na sua formação, utilize o sistema analógico”. 12 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

principalmente, permite que o cirurgião-dentista economize tempo. Hoje, um planejamento que levava mais de cinco horas para ser elaborado pode ser finalizado em 30 minutos, por exemplo. A digitalização dos consultórios odontológicos, dispensando o uso de películas e modelos de gesso, é uma tendência mundial que deverá ser estendida em breve para um número cada vez maior de profissionais”, afirma o cirurgião-dentista Eduardo Pereira Zanella, especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Já faz algum tempo que não utilizo a película impressa. Para mim ela já desapareceu. O exame digital chega mais rápido, é fácil de armazenar e de organizar. É de rápido acesso, pois basta buscar pelo nome do paciente no computador que consigo ver o exame. A alta resolução da imagem possibilita enxergar um exame maior na tela do computador e, apesar das pessoas acharem que a película dura mais, o arquivo digital pode durar para sempre, sem degradação, basta fazer um bom gerenciamento e back-up. Tudo isso, na minha opinião, com investimento praticamente zero porque todo mundo já tem um computador utilizado para outros trabalhos na clínica. É só passar a utilizá-lo também para visualizar as imagens digitais e hoje nem é preciso armazená-las”, completa o cirurgião-dentista Heitor Bernardes Cosenza, graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru (Fob-Usp) desde 2005, especialista em Implantodontia pela Apcd de São José do Rio Preto desde 2008 e mestre em Implantodontia pela USC de Bauru desde 2010. O QUE FAZER PARA POPULARIZAR O USO DA IMAGEM 100% DIGITAL? Tudo indica que a opinião do cirurgião-dentista sobre a imagem 100% digital mudará consideravelmente e em breve, pois esta é uma tendência mundial e irreversível. Em poucos anos, imprimir imagens digitalizadas ou solicitar a entrega de um raio x periapical pelos Correios será o mesmo que querer comprar um celular analógico, uma televisão de tubo ou um carro novo sem freio abs, ou seja, isso não vai mais existir. Estamos falando de um caminho absolutamente sem volta. De um desafio que não é mais técnico, do tempo que a internet era ruim e computador era caro, pois hoje a informática está impregnada na vida das pessoas. Trata-se de um desafio iminentemente cultural, cuja responsabilidade de fazer expandir o uso da imagem 100% digital nas clínicas e consultórios odontológicos do Brasil se divide entre os centros de radiologia odontológica e o próprio cirurgião-dentista. Aos centros de radiologia cabe insistir um pouco mais na comunicação e na orientação ao profissional, seja ele formado em 1985, 1990 ou 2005, pois hoje a maioria das faculdades de Odontologia do país ainda não está preparada para falar sobre imagem di-

HEITOR BERNARDES COSENZA Implantodontista de São José do Rio Preto-SP.

“Já faz algum tempo que não utilizo a película impressa. Para mim ela já desapareceu. O exame digital chega mais rápido, é fácil de armazenar e de organizar”.

gital com essa mesma propriedade. É preciso falar mais sobre o assunto, informar, mostrar as vantagens, explicar que existem novos recursos, exames mais eficientes, como funcionam e tentar, a cada oportunidade, desmistificar a imagem negativa que o cirurgião-dentista brasileiro tem da documentação odontológica 100% digital. Da mesma forma, cabe aos profissionais da classe terem um pouco mais de iniciativa no sentido de buscar conhecimento, derrubar preconceitos e ceder às transformações intrínsecas da modernização e da informatização da Odontologia atual. 


www.gutierreodonto.com.br ‡ 13


 Dental Gutierre

Dental Gutierre prepara mais um show de novidades para os participantes do 33º Ciosp

Estande principal da Gutierre no 32º Ciosp.

“Nossa meta em 2015 é oferecer excelência no atendimento..., tranquilidade na hora da compra, facilidade no pagamento e pontualidade nas entregas”. 14 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

P

elo sétimo ano consecutivo a Dental Gutierre estará presente no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (Ciosp), maior congresso odontológico da América Latina e, ao longo desses anos, vem conquistando novos clientes em todo o País, ganhando know how na participação em eventos, tendo como objetivo melhorar em todas as práticas a cada ano. A iniciativa de participar de congressos surgiu com a necessidade da empresa estreitar o relacionamento com seus clientes. Em 2008, a Gutierre fez sua primeira participação no Ciosp adquirindo um pequeno espaço em parceria com a Odontoclinic, quando obteve um retorno muito maior que o esperado. A partir de então, passou a investir mais nesse segmento consolidando sua participação no “Congressão”. “Trabalhamos para oferecer sempre o melhor, unindo praticidade, conforto e qualidade. Por


Transformamos negócios em sorrisos.

va Esco al B: r ica O elétr sividade u l exc re no utier 5. da G 01 2 Ciosp

isso, procuramos montar estandes organizados e funcionais, de acordo com as normas e exigências da Agência Nacional de Saúde (Anvisa). Mas a nossa preocupação vai muito além da simples relação comercial com os clientes, pois temos um profundo respeito pelos consumidores. Além de vender a Gutierre trabalha para proporcionar alegria, satisfação e sorrisos aos cirurgiões-dentistas, através de brindes, prêmios e brincadeiras para os visitantes do congresso”, acrescenta Eduardo Gutierre, diretor da dental. Em 2010, a Gutierre lançou o Gutinho, mascote da empresa e a partir daí passou a desenvolver um tema diferente para cada edição do Ciosp, tendo seu mascote no comando das atrações, atividades e novidades. Em 2011, com o tema “Compre e receba em seu consultório como num passe de mágica”, a Gutierre contratou mágicos profissionais para entreter os participantes, oferecendo aos clientes um sistema de entrega de mercadorias personalizado, com qualidade e eficiência no manuseio dos produtos e cumprimento dos prazos estabelecidos. Em 2013 realizou uma promoção inovadora destinando parte da arrecadação das vendas (R$ 13.383,00) para quatro importantes instituições nacionais: Hospital de Câncer de Barretos; Aliança Beneficente Universitária de São Paulo - Abeuni; Instituto Sorrir para Vida, de São Paulo-SP; e Fundação Toque, de Araraquara-SP. Neste mesmo ano a Dental Gutierre lançou sua loja virtual, disponibilizando computadores para que os visitantes da feira pudessem navegar e fazer suas compras pela internet. No ano passado a empresa entrou no ritmo de Copa do Mundo que tomou conta do País e participou do congresso com tema inspirado na Copa do Mundo de Futebol do Brasil. “Todos os anos nós desenvolvemos uma lo-

“Trabalhamos para oferecer sempre o melhor, unindo praticidade, conforto e qualidade. Por isso, procuramos montar estandes organizados e funcionais, de acordo com as normas e exigências da Agência Nacional de Saúde (Anvisa)”. www.gutierreodonto.com.br 15


 Dental Gutierre

Transformamos negócios em sorrisos.

Estande de Ortodontia da Gutierre em 2014.

gística específica dentro do Center Norte que permite que o cirurgião-dentista entre na loja, conheça os produtos de perto, seja devidamente atendido e orientado por profissionais capacitados (inclusive com suporte técnico das indústrias fornecedoras com as quais temos parceria), faça suas compras, podendo ainda solicitar a nossa Entrega Feliz, recebendo a mercadoria adquirida no congresso diretamente em seu consultório, devidamente embalada e conferida, dentro do prazo de entrega estipulado. Tudo isso exige um investimento muito grande, além do comprometimento e eficiência de toda a equipe”, explica o diretor Eduardo Gutierre. Em 2015, com o tema “O melhor da vida é sorrir”, a Gutierre participa do 33º Ciosp com um estande principal e um estande exclusivo para o segmento de Ortodontia, totalizando uma área de 348 m², para atender profissionais de São Paulo e outras diversas cidades do Brasil. “Nossa meta em 2015 é oferecer excelência no atendimento para que os clientes se sintam

cada vez mais satisfeitos, tranquilidade na hora da compra, facilidade no pagamento e pontualidade nas entregas. Estamos levando uma equipe com mais de 70 colaboradores, a maioria deles já com experiência em congressos, oferecendo assim um atendimento ainda mais qualificado. Vamos oferecer quatro tipos de brindes diferentes. Uma das novidades são as escovas elétricas da Oral B, que serão vendidas por um preço especial e com exclusividade no estande da Gutierre. Ao todo, disponibilizaremos mais de seis mil itens das melhores marcas do mercado aos participantes do congresso. Trabalhar no Ciosp é sempre um desafio, mas acima de tudo é uma grande conquista, pois não é qualquer empresa que tem potencial e estrutura para participar de um dos maiores eventos da Odontologia mundial”, completa Eduardo Gutierre, que acredita que o 33º Ciosp será um sucesso e vai superar, em número de participantes, a edição anterior que contou com a presença de mais de 110 mil visitantes. 

Loja virtual: www.dentalgutierre.com.br 16 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

Máquina de brindes: agarre o seu !


CADERNO

Científico ARTIGOS CIENTÍFICOS | TÉCNICOS | CASOS CLÍNICOS | ARTIGOS DE REVISÃO

DENTÍSTICA ESTÉTICA ORTODONTIA IMPLANTODONTIA PERIODONTIA REABILITAÇÃO ORAL E ESTÉTICA www.gutierreodonto.com.br 17


 Caderno Científico | Dentística Estética

BRUNO LIPPMANN Graduado em Odontologia pela Unhiversidade de Joinville (Univille-SC), aluno do curso de especialização em Ortodontia do Instituto Thum de Pósgraduação e Biopesquisas de Joinville-SC. E-mail: bruno@fgm.ind.br

Clareamento dental caseiro supervisionado após tratamento ortodôntico INTRODUÇÃO

O clareamento dental é um tratamento de fácil execução pelo profissional que possui grande efeito de valorização do sorriso como poucos outros tratamentos odontológicos. Esse é um dos motivos pelos quais o paciente constantemente procura o profissional ao concluir o tratamento ortodôntico, por exemplo. Após a remoção dos bráquetes, é necessário identificar resíduos de cimento no esmalte, eventuais trincas nos dentes, exposição radicular, cárie, doenças gengivais/periodontais, etc. Certificando-se clinicamente e radiograficamente da saúde bucal, o paciente poderá então ser submetido ao clareamento. Ele deverá ser instruído de todas as etapas e prognóstico do caso, e deve ser mantido sob vigilância semanalmente em consultas. A assistência oferecida pelo profissional não só provê a segurança que o tratamento demanda como possibilita a maximização dos resultados, satisfazendo os anseios do paciente.

CASO CLÍNICO

Após as etapas de diagnóstico e planejamento, percebeu-se que a melhor indicação para o caso relatado consistia no clareamento caseiro supervisionado com o emprego de gel clareador a base de peróxido de carbamida. Como o paciente mostrou-se disponível para aplicar o gel por um período mais longo diariamente, optou-se pela concentração de 16% utilizada durante 4 horas diárias. O gel escolhido foi o Whiteness Perfect (FGM), que dispõe de diversos artigos comprovando sua eficácia clinica e laboratorial1-9. Durante o tratamento, o paciente manteve seus hábitos de dieta e higiene normalmente e compareceu a consultas semanais para registro da evolução do caso. O progresso referente à alteração de cor foi concluído em 3 semanas, com uma mudança de tons bastante significativa. O resultado obtido somado ao baixo índice de hipersensibilidade trouxe ao paciente grande satisfação com o tratamento. 

Figura 1

Sorriso inicial evidenciando coloração amarelada dos dentes. Figura 2a

Figura 2b

Após profilaxia para remoção da película adquirida, registro da cor dos dentes com escala Vita Clássica: caninos A3,5 e demais dentes A3. 18 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61


Lippmann B

Figura 3

Figura 4

Prova da moldeira individual (Whiteness Placas 1mm). Figura 5a

Paciente utilizando a moldeira por 4 horas diárias. Figura 5b

Resultado após 3 semanas de uso de Whiteness Perfect 16% comparando com escala de cores. Figura 6a

Figura 6b

Fotos denotando o excelente resultado obtido com o clareamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Bernardon, J.K.; Sartori, N.; Ballarin, A.; Perdigão, J.; Lopes, G.; Baratieri, L.N. Clinical performance of vital bleaching techniques. Operative Dentistry, v. 35, n. 1, p. 3-10, 2010. 2) Meireles, S.S.; Santos, I.S.; Bona, A.D.; Demarco, F.F. A Double-blind randomized clinical Trial of two carbamide peroxide tooth bleaching agents: 2-year follow-up. J Dent, v. 38, n. 12, p. 956-963, 2010. 3) Meireles, S.S.; Heckmann, S.S.; Leida, F.L.; Santos, I.S.; Bona, A.D.; Demarco, F.F. Efficacy and safety of 10% and 16% carbamide peroxide tooth-whitening gels: a randomized clinical trial. Operative Dentistry, v. 33, n. 6, p. 608-614, 2008. 4) Marson, F.C.; Sensi, L.G.; Araujo, F.O.; Monteiro Junior, S.; Araújo, E. Avaliação clínica do clareamento dental pela técnica caseira. R Dental Press Estét, v. 2, n. 4, p. 84-90, 2005. 5) Marson, F. C. Avaliação Clínica Do Efeito De Diferentes Unidades De Ativação Sobre O Clareamento Dental. 2006. 132f. Tese (Doutorado na area de concentração Dentistica) Programa de Pós-graduação em Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopolis. 2006. 6) Meireles, S.S.; Heckmann, S.S.; Santos, I.S.; Bona, A.D.; Demarco, F.F. A Double blind randomized clinical Trial of at home tooth bleaching using two carbamide peroxide concentrations: 6-month follow-up. J Dent, v. 36, n. 11, p. 878-884, 2008. 7) Meireles, S.S.; Santos, I.S.; Bona, A.D.; Demarco, F.F. A double-blind randomized clinical trial of two carbamide peroxide tooth bleaching agents: 2-year follow-up. J Dent, v. 38, n. 12, p. 956-963, 2010. 8) Rodrigues, J.A.; Oliveira, G.P.F.; Amaral, C.M. Avaliação in vitro da efetividade de diferentes sistemas clareadores caseiros. Arquivos em Odontologia, v. 41, n. 1, p. 29-40, 2005. 9) Silva, F.M.M.; Nacano, L.G.; Pizi, E.C.G. Avaliação clínica de dois sistemas de clareamento dental. Rev Odontol Bras Central, v. 21, n. 56, p. 473-479, 2012.

www.gutierreodonto.com.br 19


 Caderno Científico | Dentística Estética

JORGE EUSTÁQUIO Mestre em Dentística Restauradora pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic (Campinas-SP). Professor do curso de Especialização em Dentística Restauradora da ABO de Alagoas (Maceió-AL). E-mail: jorgeeustaquio@yahoo.com.br ANNA THEREZA RAMOS Cirurgiã-dentista, aluna do curso de Especialização em Dentística Restauradora da ABO de Alagoas (Maceió-AL).

Clareamento dental: associação de técnicas para obtenção de efetividade e naturalidade INTRODUÇÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Baratieri LN, et al. Clareamento dental. São Paulo: Quintessence, 1996. 2) Francci C, Marson FC, Briso ALF, Gomes MN. Clareamento dental – Técnicas e conceitos atuais. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2010;Ed Esp(1):78-89. 3) Cardoso PC, Reis A, Loguercio A, Vieira LC, Baratieri LN. Clinical effectiveness and tooth sensitivity associated with different bleaching times for a 10 percent carbamide peroxide gel. J Am Dent Assoc. 2010 Oct;141(10):1213-20. 4) Rodrigues Jr S, et al. Clareamento dental caseiro na dentística de mínima intervenção. JBD, Curitiba. 2002 Jul; 1(3):194-200. 5) Joiner A. The bleaching of teeth: a review of the literature. J Dent. 2006 Aug;34(7):412-9. 6) Baratieri LN. Clareamento de dentes. In: Baratieri LN, Monteiro Júnior S, Andrada MAC, Vieira LCC, Ritter AV, Cardoso AC. Odontologia Restauradora: fundamentos e possibilidades. São Paulo: Santos, 2001. 7) Maia EAV, Vieira LCC, Baratieri LN, Andrade CA. Clareamento em dentes vitais: estágio atual. Clínica: Int J Braz Dent. 2005;1(1):8-19. 8) Zekonis R, Matis BA, Cochran MA, Shetri SEAL, Eckert GJ, Carlson TJ. Clinical evaluation of in-office and at-home bleaching treatments. Oper Dent. 2003;28(2):114-21. 9) Haywood VB. History, safety, and efectiveness of current bleaching techiniques and applications of the nightguard vital bleaching technique. Quintessence Int. 1992 23(7): 471-88. 10) Carneiro Júnior AM, et al. Clareamento dental com Whiteness HP: Associação de técnicas sem o uso de fontes de luz. Rev FGM News. 2010 Jan; 12:23-8. 11) Deliperi S, Bardwell DN, Papathanasiou A. Clinical evaluation of a combined in-office and take-home bleaching system. J Am Dent Assoc 2004;135:628-34. 12) McCracken MS, Haywood VB. Demineralization effects of 10 percent carbamide peroxide. J Dent. 1996;24:395-8. 13) Araújo Júnior EM. Influência do tempo de uso de um gel à base de peróxido de carbamida a 10% na microdureza do esmalte – um estudo in situ [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: UNIVILLE, Universidade Federal de Santa Catarina; 2002. 14) Maia EAV. Influência da concentração de dois diferentes agentes clareadores na microdureza do esmalte: um estudo in situ. [Dissertação de mestrado] Florianópolis. Universidade Federal de Santa Catarina; 2002. 15) Joiner A, Thakker G, Cooper Y. Evaluation of a 6% hydrogen peroxide tooth whitening gel on enamel and dentine microhardness in vitro. J Dent 2004; 32(1):27-34. 16) Mondelli RFL, Azevedo JFDG, Francisconi AC, Almeida CM, Ishikiriama SK. Comparative clinical study of the effectiveness of different dental bleaching methods - two year follow-up. J Appl Oral Sci. 2012;20(4):435-43.

20 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

O sorriso é considerado um acessório fundamental que compõe a aparência e a apresentação do indivíduo na sociedade. A globalização tem tornado as pessoas cada vez mais expostas tornando o padrão estético mais exigente e desejado. O bem estar da estética facial concentra-se em fatores como a cor, forma e posição dental, ou seja, dentes brancos e alinhados1,2. Os tratamentos estéticos tem ocupado lugar de destaque na odontologia contemporânea. Visando alternativas minimamente invasivas na recuperação estética, o clareamento dental é a opção de tratamento mais conservadora para a resolução de manchamentos intrínsecos, quando comparados a restauração de resina composta, facetas ou coroas3,4. Diante disso, fabricantes de produtos odontológicos estão em constante desenvolvimento de melhorias e novas abordagens para o clareamento dental, consagrando técnicas conservadoras e eficientes a fim de atender as exigentes expectativas dos clientes5. O tratamento clareador não envolve somente a melhoria da estética, engloba também aspectos como autoestima, confiança e posicionamento social. A cor amarelada dos dentes permanentes é instituída pela dentina. Com o passar do tempo, há disposição de camadas reparadoras o que torna a dentina mais espessa e, os desgastes dentais, por sua vez, tornam o esmalte mais fino, ressaltando assim o escurecimento fisiológico dental6. As técnicas para o clareamento são simples, preservam a estrutura dental, além de promoverem excelentes resultados quando bem indicadas7. Porém o maior desconforto desse tipo de tratamento consiste na possibilidade de uma hipersensibilidade dentinária, independente da técnica utilizada. A escolha da técnica clareadora depende do tipo de alteração cromática, da preferência profissional e do perfil do paciente7,8. Na composição deste perfil do paciente são avaliados a etiologia do escurecimento e, aspectos que poderiam trazer um quadro de sensibilidade, como lesões de erosão, abrasão ou abfração, trincas em esmalte, lesões incipientes de cárie e regiões de desgastes incisal ou oclusal. Apesar das vantagens conhecidas da técnica de clareamento supervisionado, introduzida por Heymann & Haywood, em 1989, hoje tem se estabelecido, por muitas vezes, a preferência do profissional pela técnica associada (supervi-

sionada e de consultório), devido à ansiedade por parte dos pacientes em obter efeitos mais imediatos e à pretensão de um tratamento mais estável e com maior longevidade dos resultados obtidos. A agilidade do processo clareador devido ao tratamento de consultório se traduz em motivação para o paciente em utilizar com maior regularidade a técnica supervisionada, devido ao efeito notório de resultados mais rápidos4,9,10. Essa associação combina rapidez e eficácia na obtenção de resultados satisfatórios para o clareamento dental, pois reduz o tempo de tratamento e diminui irritação gengival e a sensibilidade dental11. Vários trabalhos laboratoriais, in vitro e in situ, foram realizados para avaliar os efeitos deste procedimento sobre a estrutura dental, comprovando que a técnica supervisionada e a de consultório, não prejudicam os tecidos e as estruturas dentais12,13,14,15,16. Fatores como a concentração do gel, capacidade em atingir as cadeias moleculares longas e quebrá-las, quantidade e duração das aplicações influenciam diretamente o grau de clareamento5. O presente artigo relata um caso clínico de clareamento dentário através da técnica associada (supervisionado e de consultório), ressaltando o resultado do tratamento, assim como a presença ou ausência de desconfortos, como o de sensibilidade dentinária.

CASO CLÍNICO

Paciente do sexo masculino, 21 anos, procurou atendimento odontológico apresentando como queixa principal o alto grau de amarelidão de seus dentes (Figuras 1 e 2). Após anamnese e a execução de um exame clínico apurado, verificou-se a ausência de restaurações na região anterior, ausência de trincas, áreas de desgastes ou lesões cervicais. Visando seguir o protocolo de clareamento com a técnica associada, inicialmente foi realizado uma profilaxia com escova de Robson e pedra-pomes/água. Foi realizada a seleção da cor dos dentes através da Escala Vita, tendo como referência inicial a cor A3 para incisivos (Figura 3a) e A3,5 para caninos (Figura 3b). Em seguida, foram obtidos modelos de gesso, superior e inferior, e confeccionadas moldeiras em placas de acetato de 1 mm (Placa para moldeiras Whiteness, FGM, Brasil).


Eustáquio J / Ramos AT Figura 1

Figura 2

Aspecto inicial do sorriso do paciente. Figura 3a

Imagem intrabucal frontal inicial. Figura 3b

Tomada inicial de cor com a Escala Vita. Cor A3 como referência para os incisivos e cor A3,5 para caninos. Figura 4

Figura 5

Barreira gengival fotopolimerizável aplicada de segundo pré-molar a segundo pré-molar (arcadas superior e inferior) com cobertura até 1 mm da região cervical dos dentes.

Cobertura total dos dentes com o gel clareador à base de peróxido de hidrogênio a 35% (Clàriant Office 35%, Angelus®).

Figura 6a

Figura 6b

Após tratamento clareador finalizado, tomada final de cor com a Escala Vita, cor B1 – aspecto mais claro dos dentes em relação a escala, tanto em relação aos Incisivos quanto aos caninos. Figura 7

Aplicação de matriz derivada de esmalte - Emdogain. Figura 9a

Figura 8

Aplicação de matriz derivada de esmalte - Emdogain. Figura 9b

Comparação da cor final dos dentes clareados (B1) com a referência inicial (A3 e A3,5) obtida pela Escala Vita.

Os tecidos moles foram protegidos com a barreira gengival fotopolimerizável (Clàriant Dam, Angelus, Brasil) (Figura 4) e afastador labial. Conforme às instruções do fabricante, o gel clareador à base de peróxido de hidrogênio a 35% (Clàriant Office 35%, Angelus®) foi manipulado e aplicado nas faces vestibulares dos dentes superiores e inferiores até primeiros molares (Figura 5). O gel foi mantido em posição por 40 minutos. Em seguida, removido com auxílio de uma cânula de aspiração. Após realizada a sessão de clareamento em consultório, o paciente foi instruído à continuidade do procedimento clareador com a técnica caseira supervisionada. Para esta etapa foi selecionado o gel clareador à base de peróxido de carbamida a 16% (Clàriant Home 16%, Angelus®). O mesmo foi orientado quanto a quantidade e forma de aplicação do gel clareador nas moldeiras, período de uso, assim como a importância da frequência de uso diário para o êxito do tratamento. O paciente fez a utilização do gel clareador nas moldeiras por três semanas consecutivas, sendo estas utilizadas no período noturno. O paciente foi orientado a retornar semanalmente, quando o nível de clareamento era avaliado e, verificadas possíveis queixas quanto à irritação gengival, sensibilidade dentinária ou qualquer outro desconforto. Após esse período foi alcançado um resultado satisfatório, obtendo cor mais claro que o B1 da Escala Vita (Figuras 6a e 6b). O paciente relatou total satisfação quanto o resultado estético de cor (Figura 7), assim como ausência de sensibilidade dentária e irritação gengival durante e pós-tratamento.

DISCUSSÃO

O clareamento dental é um dos procedimentos estéticos mais procurados pelos pacientes que buscam uma melhora na aparência do sorriso10. Harmonizar as estruturas da face com a integração dentolabial proporciona, dentre os benefícios, aumento da autoestima. Para a realização do clareamento dental é necessário um criterioso exame clínico e radiográfico para verificar a presença de fatores que podem influenciar na sensibilidade dental durante e após o tratamento. A sensibilidade dentária é o efeito colateral mais comumente encontrado em decorrer do clareamento dental4. No caso clínico relatado, o tratamento não gerou nenhum tipo de desconforto ou sensibilidade, o que possibilitou a obtenção da cor desejada pelo paciente satisfazendo seus desejos. Ratificando a importância da escolha correta da técnica, assim como do gel clareador utilizado diante da gama de variedade disposta no mercado odontológico.

CONCLUSÃO

Ao término do tratamento, pode-se concluir que a técnica de clareamento associada com o uso do gel clareador à base de peróxido de hidrogênio a 35% (Clàriant Office 35%, Angelus®) em consultório, e gel clareador à base de peróxido de carbamida a 16% caseiro (Clàriant Home 16%, Angelus®) produziu, neste caso, resultados satisfatórios ao clarear dentes naturais, vitais e amarelados, sem causar sensibilidade dentária.  www.gutierreodonto.com.br 21


 Caderno Científico | Dentística Estética

MARCELO RODRIGUES ALVES Especialista em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). Professor do Curso de Especialização em Dentística da Forp-Usp. Clínica particular em Ribeirão Preto-SP. E-mail: dr.marcelo@mcpremiere.com.br MÁRCIO PESSICA Técnico em Prótese Dentária. E-mail: labpessica@hotmail.com

Desafios em Odontologia: laminado cerâmico unitário em incisivo central escurecido INTRODUÇÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Jankar AS, Kale Y, Kangane S, Ambekar A, Sinha M, Chaware S. Comparative evaluation of fracture resistance of ceramic veneer with three different incisal design preparations - An In-vitro study. Journal of International Oral Health 2014; 6(1):48-54. 2) Aiqahtani MQ, Aijurais RM, Aishaafi MM. The effects of different shades of resin luting cement on the color of ceramic veneers. Dental Materials Journal 2012; 31(3):354-361. 3) Runnacles P, Correr GM, Baratto Filho F, Gonzaga CC, Fururse AY. Degree of conversion of a resin Cement Light cured through ceramic veneers of different thicknesses and Types. Brazilian Dental Journal ( 2014); 25(1):38-42.

Figura 1

A Odontologia nos apresenta desafios que tornam-se cada vez mais complexos em função das necessidades estéticas e nível de detalhamento exigidos pelos nossos pacientes. Somos questionados por décimos de milímetros, detalhes sutis em anatomia ou nuances de matiz e valores quase imperceptíveis. Esta é a função do profissional especializado na área, característica esta que difere a dentística da estética dental de alta performance. Estas mínimas diferenças tornam-se mais visíveis em trabalhos que envolvem elementos unitários em áreas de impacto estético como nos incisivos centrais. Alguns casos relatados sugerem o trabalho estético bilateral em dentes adjacentes para diminuir as diferenças e favorecer princípios de semelhança e proporcionalidade. Apesar de concordar com a facilidade de solução do caso, o custo biológico é incomparável ao resultado estético, portanto faz-se necessário o conhecimento de técnicas que possam colaborar com a busca de resultados mais adequados estética e biologicamente. Adequar ciência e demanda dos pacientes no que tange valores e prazos necessita de uma excelente performance de técnicos de prótese dentária além de materiais e equipamentos adequados para tal o que faz com que o profissional responsável tenha habilidade de gerenciar a tríade odontólogo-técnico-paciente.

CASO CLÍNICO

O caso apresentado é de um paciente do sexo masculino, 29 anos, aque presentou-se a nossa clínica particular com escurecimento severo do elemento 21 devido a não remoção completa de material obturador da câmara pulpar. Em função do grau de escurecimento, do tempo disponível para o tratamento (18 dias) e do objetivo do tratamento (enlace matrimonial, noivo), indicamos

Figura 3

Figura 2

Aspecto incial do caso (vista frontal). 22 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

duas alternativas sendo uma de clareamento interno e outra de execução de laminado cerâmico. O paciente, em função de longevidade e segurança, optou pela técnica descrita a seguir, que convergiu para a nossa indicação. Foi realizada a cirurgia de acesso com o objetivo de remover o material obturador e provisório presente na câmara pulpar. Como houve um pequeno desgaste, sem comprometimento de paredes internas e deixada uma adequada espessura de dentina, optou-se por reconstruir em resina composta (Opallis - FGM) a 2 mm da linha amelo-cementária. A porção radicular do preparo foi restaurada com uma resina opaca (opaque pearl) com o objetivo de indicar o conduto radicular em possível caso futuro de retratamento. A finalização do procedimento restaurador foi realizada com a cor DA2 e EA2. Como o objetivo do procedimento indireto era puramente estético, a escolha da técnica de preparo teria que priorizar o espaço necessário para que a cobertura do conjunto cerâmica/cimento pudesse atingir o objetivo. A cerâmica de eleição neste caso foi a Noritake EX-3 Screening, indicada para dentes com grau de manchamento. Devido a estas características e à necessidade de estratificação incisal, optou-se pelo desenho de preparo incisal de 90 graus, o que facilitou a execução da técnica de estratificação, além de ser a técnica com maior resistência1. O preparo vestibular possibilitou um laminado de cerâmica feldspática de aproximadamente 1mm, o que poderia garantir o total mascaramento do substrato. O fato é que a técnica de cimentação também influencia no resultado estético final do procedimento, o que fez com que o uso de pastas try-in fossem determinantes para a escolha da cor correta a ser utilizada na cimentação fotopolimerizável (Allcem Veneer - FGM)2.

Aspecto incial do caso (vista lateral).

Após preparo inicial. Verificar o grau de escurecimento da dentina.


Alves MR / Pessica M

CONCLUSÃO

Com estas duas características, nos chamou a atenção a necessidade de trabalharmos com fotopolimerizadores que apresentassem irradiância adequada para atravessar a cerâmica e gerar Figura 4

a fotopolimerização do cimento por completo. O binômio espessura/opacidade demandam uma potência de irradiância do aparelho a partir de 1200mw/cm2. O aparelho utilizado neste caso (VALO - Ul-

Figura 6

Figura 5

Inserção de fio retrator para avaliação do preparo e moldagem. Figura 7

Durante o trabalho laboratorial e fase de prova. Notar a necessidade de reavaliação de espessura. Figura 8

Retorno do paciente e peça posicionada com pasta try-in (Allcem Veneer - FGM).

Isolamento absoluto modificado. Figura 13

Fotopolimerização 40s (VALO - Ultradent). Figura 16

Após a remoção de fragmentos de cimento resinoso.

Avaliação de matiz e valor. Retorno ao laboratório para ajustes. Figura 9

Preparo da porcelana pré-cimentação. Figura 11

Figura 10

tradent) apresenta 3 potências que podem ser indicadas (1200, 1500 e 3200 mw/cm2). Desta forma poderiamos ter certeza do sucesso do procedimento3. Passo-a-passo da técnica (Figuras 1 a 18). 

Materiais utilizados. Figura 12

Condicionamento ácido com isolamento dos adjacentes (Isotape - TDV). Figura 14

Cimentação da peça com o fio retrator sendo retirado após a perfeita adaptação. Figura 15

Imediatamente após a cimentação, notar a desidratação dos elementos adjacentes. Figura 17

Retorno após dois dias, notar adequação da cor com reidratação da área. Figura 18

Aspecto final do caso.

Acompanhamento após 4 meses. www.gutierreodonto.com.br 23


24 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61


www.gutierreodonto.com.br ‡ 25


 Caderno Científico | Ortodontia

REGINALDO CÉSAR TREVISI ZANELATO Especialista e Mestre em Ortodontia. Professor do Curso de Especialização de Ortodontia da Apcd de Presidente Prudente-SP. Professor do Curso de Especialização da Famosp de Presidente Prudente-SP. Profesor del Curso de Posgrado de Ortodoncia de la Facultad del Desarrollo en Concepción (Chile). Coordenador do curso de Especialização de Ortodontia Facset - Centro Ortogotardo de Ribeirão Preto-SP. Professor do Curso de Formação de Ortodontia da Consolidar e Validar na Cidade do Porto (Portugal). Conferencista internacional da empresa 3M Unitek. Clínica Privada em Presidente Prudente-SP. E-mail: reginaldo@ortozanelato.com.br

Aparelho autoligado passivo uma boa escolha para casos com extração de pré-molares INTRODUÇÃO

Várias inovações tecnológicas são introduzidas com frequência no mercado ortodôntico, dentre elas podemos destacar os aparelhos autoligados que prometem encurtar o tempo de tratamento, pois têm como característica a baixa fricção, que facilita o início do movimento dentário pela diminuição da resistência inicial a movimentação. Essa característica de autoligação comum o todos os bráquetes desperta bastante interesse entre os ortodontistas, que acreditam tornar-se mais fácil e rápido o tratamento. O atrito durante a movimentação dentária pode ser estático ou dinâmico e está intimamente relacionado com o material do bráquete, ao contato do arco com o bráquete e principalmente ao sistema de amarração. Como é possível ter controle sobre estas variáveis que influenciam na movimentação ortodôntica, a escolha do sistema de bráquetes deverá estar relacionada aos objetivos do tratamento, ou seja, nos casos com grandes movimentações por meio do deslizamento, os bráquetes autoligados terão melhor desempenho que os convencionais.

DISCUSSÃO

Atrito durante o movimento ortodôntico. Com a evolução das mecânicas de tratamento e a popularização da técnica do deslizamento, se faz importante conhecer os fatores que dificultam a movimentação dentária, tais como o atrito, que é definido como a resistência oferecida ao movimento dentário, que poderá ser estático ou dinâmico. O atrito estático é a resistência inicial à movimentação, ou seja, é a força mínima aplicada para superar o estado de equilíbrio, ou seja, a inércia. A musculatura, a intercuspidação, o material do bráquete, o contato do fio com o bráquete e, principalmente, o sistema de amarração, interferem no início da movimentação. Os bráquetes metálicos fabricados com aço inoxidável possuem excelentes propriedades mecânicas e a escolha das ligaduras metálicas ou elásticas deve ser considerada, pois vários estudos apontam que as ligaduras elásticas aumentam o atrito estático, dificultando o início da movimentação. Quanto maior o atrito, maior deverá ser a força e isso aumentará os efeitos colaterais, repercutindo no tempo do tratamento e nos danos teciduais ao periodonto. Com a possibilidade de se aplicar a magnitude de força correta aumenta-se a chance de respostas adequadas nos tecidos periodontais, causando movimentações mais eficientes e rápidas que repercutirão nos efeitos colaterais e no tempo de tratamento1. 26 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

O atrito dinâmico ocorre durante o deslizamento dentário, quando o fio se desloca dentro das canaletas dos bráquetes e tubos. As variáveis que interferem neste tipo de atrito estão relacionadas com o material dos bráquetes e dos fios ortodônticos e pelo sistema de amarração. Assim, a escolha do bráquete e do sistema de amarração é imprescindível nos casos onde há a necessidade de movimentos dentários extensos, como nos casos com extrações de pré-molares. Cabe salientar que, o controle do atrito deve ser levado em consideração durante o deslizamento dentário, pois em outras situações clínicas, como na fase de nivelamento e alinhamento, controle de ancoragem e controle de torque, necessita-se de atrito. Outro fator a ser considerado, é a influência da saliva e do biofilme na movimentação dentária. O biofilme, ou placa bacteriana, também pode representar um papel importante em relação ao atrito na movimentação dentária. As irregularidades da superfície dos arcos que permanecem na boca por muito tempo, podem incrementar o coeficiente de atrito do fio, o que sugere a indicação de remoção e higienização dos arcos em todas as consultas de ativação, principalmente nas mecânicas que se valem do deslize1. As vantagens do aparelho autoligado. Quando se inicia a utilização do aparelho autoligado a expectativa é alta e os resultados clínicos, às vezes, demoram a aparecer, em razão da falta de experiência e do desconhecimento de alguns conceitos que regem o uso da autoligação. Como é um aparelho novo, que foi introduzido no mercado recentemente, necessita-se de treinamento apropriado para ser utilizado e, aos poucos, os resultados estarão de acordo com a


Zanelato RCT

nossa expectativa, justificando o investimento. O objetivo deste terceiro tópico é mostrar algumas vantagens do aparelho autoligado comparado com o aparelho convencional. Diminuição do atrito. A diminuição do atrito é a principal característica do aparelho autoligado, facilitando o início da movimentação dentária e diminuindo o tempo de tratamento. O atrito está diretamente relacionado com o sistema de amarração. Como neste aparelho as presilhas ou os clipes não apertam o arco, a resistência à movimentação é diminuída. Cada vez mais, os bráquetes autoligados têm despertado o interesse dos ortodontistas, uma vez que neste sistema a atividade friccional é consideravelmente reduzida e a liberação de forças mais leves é possibilitada, facilitando o movimento dentário, reduzindo o tempo de tratamento e o conforto ao paciente é otimizado2. Os principais fatores envolvidos na determinação do nível de fricção são: o material de composição dos bráquetes e dos fios; as condições de superfície dos fios e das canaletas dos bráquetes; o calibre do fio; o torque na interface fio-bráquete; a distância interbráquetes; o tipo e a força da amarração; a saliva e a influência das funções bucais. Além disso, quanto mais mal posicionado estiver o dente, maior a deflexão do fio e, portanto, o contato deste com o bráquete faz aumentar o atrito estático e a força necessária à movimentação. Quanto maior a área de contato e, dependendo do material para amarrar o arco, o atrito ainda pode ser maior. Nos casos

de amarrilhos metálicos, sabe-se que o atrito estático é significativamente menor, quando comparado às ligaduras elásticas e, se as ligaduras elásticas forem utilizadas em forma de “8”, o atrito aumenta ainda mais (de 70% a 220%)3. Intensidades da força de movimentação. Como a característica principal do aparelho autoligado é a diminuição da fricção durante o movimento dentário, a força aplicada para iniciar a movimentação é menor, repercutindo positivamente nos efeitos colaterais, danos teciduais e tempo de tratamento. O excesso de força normalmente se traduz em perda de ancoragem molar e perda de inclinação dos incisivos, efeitos esses, indesejados durante a fase inicial do tratamento. Os bráquetes autoligados passivos não aceitam excesso de força, pois acarretaria considerável perda de inclinação anterior, assim, cabe aos ortodontistas entenderem este conceito e aplicá-lo corretamente, diminuindo a força nas ativações do aparelho e aumentando os intervalos entre as consultas. Com a possibilidade de se usar bráquetes autoligados e fios de alta flexibilidade, reduzindo o nível de força, diminuem-se os danos teciduais no ligamento periodontal, com a diminuição de áreas hialinas e de lesões na camada cementoblástica que recobre a raiz, que poderiam induzir a perda óssea e reabsorções radiculares. Redução do tempo de tratamento e maior intervalo entre as consultas. O uso de bráquetes autoligados pode diminuir o tempo de tratamento de 4 a 6 meses em relação

ao aparelho convencional ligado e economizar o tempo de cadeira para as trocas de arcos4. Esta diminuição no tempo total de tratamento se expressará mais nas fases iniciais, principalmente durante o alinhamento e nivelamento, em que o atrito estático estará reduzido, facilitando o movimento dentário. Já na fase de arcos retangulares, o atrito é significativamente aumentado em razão do aumento do calibre do arco. A incapacidade de alguns ortodontistas em verificar o desempenho do fio níquel-titânio ativo sobre os demais é a razão de o fio não ser mantido por tempo suficiente. É recomendado que estes fios de liga termo-ativa sejam mantidos na boca por 10 a 12 semanas, pois a liberação da força após a deformação é suave e gradual. Estes maiores intervalos entre as ativações ainda intrigam vários profissionais e pesquisadores, porque a manutenção destes fios por mais tempo permite a verticalização dos dentes e a expansão lenta dos arcos dentários, sem provocar os efeitos colaterais deste tipo de movimento, como a fenestração óssea e o aumento exagerado da inclinação vestibular dos incisivos, o que causa instabilidade5. Assim, quando se usa bráquete autoligado e fios de alta flexibilidade, há uma inserção total do fio dentro da canaleta, sendo recomendado que este fio permaneça por mais tempo, o que evita as trocas mensais de fios, realizadas durante o tratamento com aparelho convencional. A manutenção destes fios por mais tempo permite que os dentes se movimentem para áreas de menor resistência, causando expansões lentas dos arcos dentários sem forçar o nivelamento.

CASO CLÍNICO Figura 1

Figura 2

Figura 3

Fotografias intrabucais iniciais.

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Aparelho autoligado SmartClip6 na fase incial do tratamento ortodôntico. www.gutierreodonto.com.br 27


 Caderno Científico | Ortodontia

Figura 7

Zanelato RCT

Figura 8

Figura 9

Fase de fechamento de espaços com arco de trabalho 0,019”x0,025” de aço inoxidável.

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Fotografias intrabucais finais.

Figura 13

Figura 14

Fotografias intrabucais finais em norma oclusal.

CONCLUSÃO

A escolha do sistema de bráquetes deve ser realizada de acordo com os objetivos do tratamento. Os bráquetes autoligados passivos têm se demonstrado uma boa opção para os casos de fechamento de espaços das extrações com a técnica do deslizamento. A diminuição do atrito, que á a principal característica deste sistema, favorece a mecânica de fechamento de espaços, propiciando também, um maior intervalo entre as ativações do aparelho. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) CONTRIM-FERREIRA, F.A. A influência do atrito na mecânica ortodôntica. Rev. Clin. Ortodon. Dental Press, Maringá, v.9, n.2, p. 41-48 – abril/maio 2010. 2) MALTAGLIATI, L.A. Bráquetes autoligados - no que diferem? Qual a vantagem em utilizá-los na prática clínica? Rev. Clin. Ortodon. Dental Press, Maringá, v.6, n.5, p. 15-30 out./nov. 2007. 3) DAMON, D. The rationale, evolution and clinical application of the self-ligating bracket. Clin. Orthod. Res., Copenhagen, v.1, no.1, p. 52-61, 1998. 4) BERGER, J. Self ligation in the year 2000. J. Clin. Orthod, Boulder, v.34, n.2, p.74-81, feb. 2000. 5) BAGDEN, A. The Damon system: questions and answers. Clinical Impressions, Glendora, v.14, n.1, p. 4-13, 2005. 6) TREVISI, H.J. O sistema de aparelho autoligado SmartClip. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 28 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61


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 Caderno Científico | Implantodontia

ELIANA PESQUEIRA Especialista em Ortodontia. Pós-graduada em Implantodontia. Mestre em Bioengenharia pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen-Usp). Doutoranda em Biotecnologia pelo Ipen-Usp. E-mail: elianapesqueira@usp.br

A Biotecnologia e o design influenciando a taxa de sucesso de implantes cone morse INTRODUÇÃO

Inúmeras são as tecnologias empregadas em diferentes produtos para beneficiar o dia a dia das pessoas e quando estes benefícios estão agregados à saúde têm importância ainda maior. Há poucos anos, pacientes com mastigação adequada após os 50 anos eram exceções, hoje, com os avanços das pesquisas e evolução dos materiais odontológicos, com a nanotecnologia inserida em diferentes produtos, temos um cenário bem mais otimista. A simplicidade de instalação de implantes odontológicos e altas taxas de sucesso1 refletem nos incentivos às pesquisas e aplicação ainda maior de tecnologia. Muitos são os fatores que interferem na qualidade da formação óssea ao redor do implante, como a técnica cirúrgica, a saúde do paciente, o planejamento adequado, o conhecimento do cirurgião e o design dos implantes, que podem contribuir e muito para o sucesso. A literatura nos mostra que desde 3.000 a.c os chineses tentavam substituir os dentes usando parte de conchas, muito se estudou e pouco se evoluiu até os anos 60, quando Brånemark mostrou ao mundo inovações que são empregadas até hoje. O termo osseointegração2, 3, que significa união do osso ao implante, foi criado por este pesquisador e clínico que desenvolveu um protocolo de implantes simplificando a clínica com o implante hexágono externo, uma vez que tínhamos mais de 1.500 tipos diferentes de implantes somente nos Estados Unidos naquela década. Os implantes odontológicos fabricados com titânio comercialmente puro, grau IV, possuem maior biocompatibilidade do que as ligas, como a de miniimplantes, composta de Titânio-Alu-

mínio Vanádio - Ti6A4V (Figuras 1a e 1b), grau V, que é mais resistente, no entanto, menos biocompatível. A evolução do design foi uma importante contribuição. Roscas mais cortantes para ossos mais densos, roscas compactantes para ossos porosos, ápices arredondados, formatos cilíndricos (Figura 2) ou cônicos são características dos implantes atuais, que favorecem a osseointegração, como o implante cone morse Pross, da empresa Dabi Atlante (Ribeirão Preto-SP / Brasil). A superfície externa do implante pode ser usinada, com aspecto liso e brilhante, no entanto a superfície tratada tem nanoestruturas e torna-se mais nobre por acelerar a osseointegração e este osso apresentar melhor qualidade. O resultado deste investimento de alta tecnologia transporta a indústria brasileira ao primeiro mundo, viabilizando o acesso a Kits de Instrumentais e Implantes de última geração, simplificando o protocolo cirúrgico, melhorando a qualidade da osseointegração e diminuindo o tempo de cirurgia. A implantodontia hoje é o retrato claro da pesquisa favorecendo a saúde, possibilitando acesso ao tratamento de excelente qualidade e trazendo para o cirurgião-dentista a satisfação de devolver ao paciente a qualidade de vida e o sorriso.

Figura 1a

Figura 1b

Imagem de elétrons retro-espalhados obtida por MEV de mini-implante com liga Ti6Al4V. 30 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

Gráfico da análise realizada o MEV-EDS-Quantax 70, realizada no departamento de Microscopia do Ipen-Usp.


Pesqueira E

Figura 2

Implante cilíndrico cone morse, Pross - Dabi Atlante: dupla rosca, plataforma Switching, quatro câmeras no ápice e tratamento de superfície.

DISCUSSÃO

A evolução da implantodontia ocorre em paralelo com o desenvolvimento da biotecnologia e bioengenharia. A nanotecnologia integra mais uma etapa na evolução dos implantes odontológicos na procura de uma melhor neoformação, denominados implantes nanomodificados, que aponta duas hipóteses prováveis de como atuam na regeneração óssea: a presença de nanoestruturas no tecido ósseo e a interação entre as biomoléculas-células-implante, que também ocorre na escala nanométrica4. Os implantes usinados não têm tratamento, apresentam a superfície lisa, conforme Figura 3. As alternativas mais utilizadas para os tratamentos de superfície dos implantes para uma melhor osseointegração são: os métodos de adição, que acrescentam matéria à superfície do implante e o método de subtração, que consiste em remover partículas de titânio, formando depressões com medidas nanométricas, como o duplo ataque ácido na superfície externa. Há relatos na literatura sobre o risco da adição de nanoestrutura, podendo ocorrer deslocamento com consequente perda óssea e inflamação. Os métodos de subtração não oferecem risco1. Há possibilidade de ser esta uma demonstração de que a tecnologia tem seus limites. O foco para a obtenção da nanoestrutura é o maior contato do osso com o implante possibilitando uma maior estabilidade primária, favorecendo a estabilidade secundária, suportando as formas da mastigação e a dinâmica muscular permitindo a transmissão de tensão na interface osso-implante por longo prazo. O tratamento de duplo ataque ácido, que tem excelente topografia, como apresentado na Figuras 4A e 4B, mostrando a imagem de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da superfície dos implantes (Pross, Dabi Atlante). Pesquisadores5 analisaram as modificações de superfície de implantes com jateamento com TiO2, tratamento com flúor e modificação com nano-hidroxiapatita. Avaliação da superfície incluiu análises topográficas, morfológica (MEV), análises químicas com espectroscopia de fotoelétrons de raios-x e teste de torque de remoção. Análises histológicas foram efetuadas após um período de recuperação de quatro semanas. Os resultados da MEV indicaram a presença de nanoestruturas sobre os implantes quimicamente Figura 4a

Figura 3

Imagem de elétrons retroespalhados obtidas por MEV no laboratório de microscopia do Ipen-Usp. Imagem de implante Cone Morse.

modificados. As análises químicas revelaram a presença de titânio, oxigênio, carbono e nitrogênio em todos os grupos de implantes. Valores de torque de remoção revelaram um aumento da retenção para os implantes quimicamente modificados. As análises histológicas demonstraram a formação de osso imaturo em contato com a superfície do implante em todos os grupos. Concluíram os autores que as modificações químicas produziram uma nanotopografia especial em conjunto com os ions presentes na superfície do implante, o que explicou o aumento dos valores do torque de remoção depois de um período quatro semanas após a inserção. Sobre a superfície dos implantes o tratamento com aplicação de laser com diferentes intensidades foi estudado. Os osteoblastos proliferaram em superfícies de titânio com diferentes tratamentos, após aplicação de laser de baixa potência. Análise através de microscopia eletrônica mostrou a formação de filipodia apresentando maturação celular, podendo evidenciar a neoformação após a irradiação com laser1. Em situações extremas e de áreas nos maxilares com tecidos ósseos de baixa densidade, tipo D3, D4 ou D5 (Tipo III e IV) conforme classificado em estudo de Misch et al 19996.

Figura 4b

Imagens de elétrons retroespalhados obtidos por microscopia eletrônica de varredura de implante Cone Morse da marca Pross, Dabi Atlante. www.gutierreodonto.com.br 31


 Caderno Científico | Implantodontia

Pesqueira E

CASO CLÍNICO

Implante Unitário Imediato - de autoria do Professor Dr. Renan Dalla, coordenador do curso de implantodontia da Funorte de Santo André-SP. (Figuras 5a, 5b, 5c, 5d, 5e, 5f, 5g, 5h, 5i e 5j). Figura 5a

Figura 5b

Exodontia do 2º pré-molar superior.

Figura 5d

Figura 5c

Fresagem com broca cônica e protocolo simplificado (Pross Implantes). Figura 5e

Instalação de Implante Cone Morse Cônico – Pross. Figura 5g

Instalação de Implante Cone Morse Cônico – Pross. Figura 5f

Enxerto de Tecido Conjuntivo ao redor do cicatrizador com BSafe.

CONCLUSÃO

Figura 5h

O tratamento de superfície melhora a qualidade da osseointegração. O tratamento de superfície por subtração favorece a osseointegração e não oferece risco tardio. A nanotecnologia e o design do implante influenciam na estabilidade primária e secundária, contribuindo para o aumento da taxa de sucesso de implantes odontológicos cone morse.  Adaptação do tecido gengival. Figura 5i

Controle radiográfico de implante osseointegrado. Figura 5j

Instalação de Pilar Flex 6 mm da Pross.

32 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

Coroa sobre implante Cone Morse.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) ROMANOS, G., CRESPI, R., BARONE, A. COVANI, U. Osteoblast Attachment on Titanium Disks After Laser Irradiation. J Implants Maxillofac. Oral, v. 21, p. 232236, 2006. 2) BRÄNEMARK, P.I., HANSSON, B.O., ADELL, R., BREINE, U., LINDISTRÖN, J., Hallen’, O. & Ö HUMAN, A. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience from a 10-year period. Scandanavian Journal and Reconstructive Surgery, v.16 (1), p.–132, 1977. 3) ALBREKTSON, T. Hydroxyapatite-coated implants: a case against their use. J Oral Maxillofac Surg., v. 56(11), p. 1312-26, 1996. 4) MEIRELLES, L. Nanoestruturas e a resposta óssea. Uma alternativa segura para a reabilitação com implantes osseointegráveis? Revista Implant News, v. 7(2), p. 169-72, 2010. 5) JUNKER, R. DIMAKIS, A. THONEICK, M. JANSEN, M. Effects of implant surface coatings and composition on bone integration: a systematic review. Clin. Oral Impl. Res. v. 20-4, p.185–206, 2009. 6) MISCH, C.E. QU, Z. BIDEZ, W.B. Mechanical properties of trabecular bone in the human mandible: Implications for dental implant treatment planning and surgical placement. J. Oral Maxillofac Surg., v. 57, p. 700-706, 1999.


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 Caderno Científico | Periodontia

ZULENE ALVES FERREIRA Graduada em Odontologia pela Universidade de Uberaba-MG, atuante nas áreas de Periodontia e Implantodontia. Especialista em Periodontia pela Apcd de Araraquara-SP. Mestre e Doutora em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Araraquara (FoArUnesp). Coordenadora do Curso de Reconstrução tecidual Estética da EAP da Associação Odontológica de Ribeirão Preto (Aorp). Curso de Microcirurgia Plástica Periodontal da Apcd de São Paulo-SP. E-mail: zuleneferreira@netsite.com.br WALTER MARTINS JÚNIOR Graduado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (ForpUsp). Especialista em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (Fob-Usp). Mestre em Diagnóstico Oral pela FobUsp. Doutor em Odontologia na área de Periodontia pela FoAr-Unesp. Professor Titular da Disciplina de Periodontia do Curso de Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). Coordenador do Curso de Especialização em Implantodontia da EAP da Aorp. GRASIELE E. CRIPPA PEREZ Graduada pela Forp-Usp. Atuante e especialista em Implantodontia pela FoArUnesp. Mestre e doutora pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-Usp). Doutorado sanduiche pela Universidade de Iowa - EUA. Pós-doutora pelo Depto. de Cirurgia e Traumatologia BucoMaxilo-Facial e Periodontia da Forp-Usp. Professora do Curso de Reconstrução Tecidual Estética da EAP da Aorp.

Diagrama

CASO CLÍNICO 1 Figura 1

Recobrimento radicular por meio de tracionamento coronário sem enxerto variações de técnica INTRODUÇÃO

Em grande parte da população adulta é possível detectar a presença de recessões gengivais. Esta condição periodontal é definida como o reposicionamento da margem gengival em uma posição mais apical em relação à junção cemento-esmalte, com consequente exposição da superfície radicular ao meio bucal1, ocorrendo de forma localizada ou generalizada, podendo estar associada a uma ou mais superfícies2. Elas podem levar à sensibilidade dentinária, cáries radiculares, dificuldade de higienização e comprometimento estético3. Sabe-se que a etiologia da recessão é uma associação de fatores, nunca um fator atuando isoladamente4. Duas condições estruturais encontradas no osso alveolar subjacente e na gengiva marginal estão envolvidas como fatores determinantes para a ocorrência da recessão. Desta forma, para que esta alteração ocorra, deiscência óssea deve estar necessariamente presente (Coatoam 1981)5, enquanto que indivíduos com biótipo delgado possuem maior risco de recessão gengival comparados aos que possuem biótipo espesso6. Estes fatores anatômicos devem estar em necessária associação com higiene bucal insuficiente ou escovação excessiva para que a condição se estabeleça7. A recessão é uma associação Figura 2

Aspecto clínico inicial. Recessões Classe II de Miller generalizadas. Figura 4

Procedimentos cirúrgicos. Desepitelização das papilas com microtesoura. 34 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

de fatores conforme mostra o diagrama8. Procedimentos cirúrgicos mucogengivais objetivam corrigir alterações na relação entre a margem gengival e a junção cemento-esmalte e procuram restabelecer as condições anatômicas de normalidade da área. Estas técnicas compreendem o recobrimento radicular e o aumento da faixa de gengiva ceratinizada que juntamente com o controle dos outros possíveis fatores etiológicos envolvidos no caso buscam solucionar o problema. Os casos clínicos apresentados têm como particularidade a não utilização de enxerto conjuntivo e a presença ou ausência de incisões relaxantes.

DISCUSSÃO

Desde que LANGER & LANGER (1985)9 descreveram a técnica precursora do enxerto de tecido conjuntivo para cobertura radicular, ocorreu notável desenvolvimento e aprimoramento das técnicas cirúrgicas capaz de promover a cobertura de raízes expostas. Recentemente Zuchelli10 apresentou uma variante técnica para cobertura radicular, o retalho reposicionado coronariamente com incisões de deslocamento, é a técnica de primeira escolha para o tratamento de recessões isoladas. Ele é tecnicamente mais simFigura 3

Procedimentos cirúrgicos. Deslocamento do retalho com espessura parcial. Figura 5

Figura 6

Raspagem e alisamento radicular.

Aplicação de EDTA 24% por 2 minutos. (Prefgel®).


Ferreira ZA / Martins Jr. W / Perez GEC Figura 7

Aplicação de matriz derivada de esmalte - Emdogain.

Figura 8

Procedimentos cirúrgicos. Sutura com Vicryl™ 6.0 após reposição coronária do retalho.

Figura 9

Aspecto clínico decorridos 6 meses dos procedimentos cirúrgicos.

CASO CLÍNICO 2 Figura 10

Aspecto clínico inicial. Recessão Classe II de Miller generalizada.

ples e bem tolerado pelo paciente, uma vez que a área cirúrgica é limitada, não prevê retirada de tecido de outras áreas (palato) e permite obter resultados excelentes do ponto de vista estético. Suas indicações se prendem àqueles casos que possuem pelo menos 2mm de mucosa ceratinizada. No caso clínico 1, foi realizada a cobertura radicular de 2 elementos, houve a necessidade de incisões relaxantes. No caso clínico 2, cobertura radicular de pré-molares e molar, foi realizado um retalho tipo envelope, ou seja, sem as incisões relaxantes, que é a técnica de primeira escolha para o tratamento de recessões múltiplas em dentes adjacentes, quando as condições anatômicas locais (presença de pelo menos 1mm de tecido queratinizado, ausência de severas más posições/ proeminências radiculares) e o botipo do paciente (elevada distância JCE-linha mucogengival e vestíbulo profundo são adequados). Em relação ao resultado da cicatrização periodontal após recobrimento dos defeitos por recessão gengival, espera-se pouca ou nenhuma regeneração da superfície após técnicas cirúrgicas convencionais. Os procedimentos de retalho avançado coronariamente associado à utilização de derivados da matriz do esmalte, obtidos dos germes dentários de suínos em desenvolvimento e comercializados sob a denominação de (Emdogain® EMD), alcançou os melhores resultados em termos de nova formação óssea (McGuire)11. Anterior a aplicação da EMD, a superfície radicular afetada deve ser limpa, seca e condicionada com EDTA a 24% (Prefgel®), e lavado abundantemente após 2 minutos.

CONCLUSÃO

Independente da técnica utilizada, o sucesso clínico do recobrimento radicular é preconizado pelo recobrimento integral da superfície radicular, obtenção de profundidade de sondagem inferior a 3mm, ausência de inflamação, coloração e volume tecidual compatíveis com os tecidos adjacentes12-14, fato que pôde ser observado nos casos clínicos apresentados. 

Figura 11

Figura 12

Incisão para divisão do retalho.

Incisão sulcular. Incisão horizontais nas papilas. Ausência incisões relaxantes verticais. Figura 13

Tracionamento coronário do retalho sem tensão. Figura 15

Sutura do retalho após reposição coronária (Vicryl™ 6.0).

Figura 14

Aplicação de EDTA 24% por 2 minutos (Prefgel®). Figura 16

Aspecto clínico após 6 meses dos procedimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) American Academy of Periodontology. Glossary of Periodontal Terms. 4th. Ed. Chicago: Academy of Periodontology; 2001. 2) American Academy of Periodontology; Proceedings of the World Workshop in Clinical Periodontics. In Annals of Periodontology. Chicago, 1989. The Academy. 3) Borguetti A & Monnet-Corti V. Cirurgia Plástica Periodontal 2002. Porto Alegre; Artmed. 4) Wennströn JL. Zuchelli G. Incresed gingival dimensions. A significant factor for successful outcome of root coverage procedures? A 2-year prospective clinical study. J. Clin. Periodontol 1996; 23(8): 770-7. 5) Coatoam G, Behrents R, Bissada N. The with of keratinized gingiva during orthodontic treatment: Its significance and impact on periodontal status. J Periodontol 1981;52:307-313. 6) Zuhr O, Hürzeler M. Cirurgia plastic estética periodontal e implantar. Uma abordagem microcirúrgica. Quintessence 2013. 7) van Palestein Helderman W, Lembariti B, van der Weijden g, van´t Hof M. Gingival recession and its association with calculus in subjects deprived of prophylactic dental care. J Clin Periodontol 1998;25:106-111. 8) Marins Jr W. Comunicação pessoal 9) Langer and Langer L. Subepitelial connective tissue graft technique for root coverage. Journal of Periodontology, Chicago, v.56, n.12, p.715-720, 1985. 10) Zuchelli G, Mele M, Mazotti C, MarzadoriM, Montebugnoli L, De Sanctis, M. Coronally advanced flap with and without vertical releasing incisions for the treatment of multiple gingival recessions: A comparative controlled randomized clinical trial. J Periodontol 2009;80:1083-1094. 11) McGuire MK, Cochran DL. Evaluation of human recession defects treated with coronally advanced flaps and either enamel matrix derivative or connective tissue. 2. Histological evaluation. J Periodontol 2003;74:1126-113. 12) DELIBERADOR, T. M.; LOPES, T. R.; TON, B.; TANCARA, K. M. S.; HIROSE, H. H. O uso do enxerto de tecido conjuntivo para o recobrimento radicular: indicações e técnicas cirúrgicas. Curitiba, 2009, 22p. (Dissertação apresentada à Universidade Positivo para obtenção do Título de Mestre em Odontologia Clínica). 13) LANDIM, F. S.; ANDRADE, K. H. M.; FREITAS, G. B.; XAVIER, J. C.; SANTOS, S. C.; ALVES, V. R. Enxerto subepitelial de tecido conjuntivo para o recobrimento radicular. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., v. 9, n. 4, p. 31-37, 2009. 14) STEFANI, A.; SIQUEIRA-JR, S.; ROSA-JR, W. Recobrimento de recessão gengival utilizando a técnica do enxerto subepitelial- Técnica do envelope. Jornal do ILAPEO. v.6, n.1, p. 25-30, 2012.

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 Caderno Científico | Periodontia

GIRLENE E. PREZOTTO VILLA Especialista em Periodontia e Implantodontia. Mestre e Doutora pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). Coordenadora do Atendimento Odontológico Domiciliar "Dental Family". E-mail: gepvilla@gmail.com FABRÍCIO MARIANO MUNDIM Mestre e Doutor em Reabilitação Oral pela Forp-Usp. Especialista em Prótese Dentária. Professor em Implantodontia da Fundação Odontológica de Ribeirão Preto (Funorp) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).

Planejamento protético de overdenture e protocolo visando a manutenção da higiene a longo prazo INTRODUÇÃO

Com o avanço da idade, várias alterações acabam modificando o estilo de vida, sejam por problemas de saúde ou simplesmente pelo processo fisiológico do envelhecimento. No nível sistêmico podemos citar o enfraquecimento do sistema músculo esquelético e a diminuição da capacidade funcional de sistemas bioquímicos, levando o idoso a um prejuízo que só pode ser amenizado se o cuidador conseguir identificar esse processo1. As alterações bucais ocorrem com a diminuição da capacidade gustatória, decorrentes da diminuição do número de papilas gustativas (80% a menos que na idade adulta). Os dentes ficam mais escurecidos e desgastados, o periodonto tende a ficar mais frágil, sofrendo reabsorções com consequente migração apical da gengiva expondo raízes dentais. A diminuição do fluxo salivar (xerostomia), inerente ao envelhecimento, pode ser acentuada pelo uso de medicamentos provocando "queimação" ou até dores na mucosa bucal2. A diminuição da coordenação motora dificulta a realização de tarefas simples como a escovação dos dentes e o uso do fio dental. Essas mudanças levam os idosos (termo designado a pessoas de 60 anos ou mais) a necessitar de alguém para auxiliá-los nas atividades que antes pareciam simples. Dessa necessidade surge a figura do cuidador que pode ser alguém da família ou um funcionário contratado para este fim. Pesquisa realizada na Faculdade de Odontologia de Araçatuba-Unesp, em instituições que abrigam idosos nessa cidade, mostraram que a idade média dos cuidadores é de 37 anos, predominantemente do sexo feminino (77,8 %), dos quais 5,55% não concluíram o primeiro grau, 60% concluíram o segundo grau, 83% possuem curso técnico de auxiliar de enfermagem, 16,7% não têm qualquer tipo de formação técnica e 61,11% trabalham nessa área por necessidade, não por aptidão. Quase 90% dos cuidadores relatam que realizam a higiene bucal dos idosos pela sua incapacidade de fazê-la. Relatam que costumam remover a prótese da boca do idoso e a colocam num recipiente com 220ml de água com 1 colher de chá de hipoclorito de sódio, durante 15 minutos3. Pode -se também usar produtos efervescentes para higienizar as próteses4,5. O acúmulo de debris na superfície das próteses facilita a colonização de bactérias e fungos contribuindo para o aparecimento de diversos processos 36 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

patológicos como a estomatite protética. Os estudos demonstram que somente a escova não é suficiente para a remoção completa do biofilme e o uso de escovas duras pode provocar desgastes na superfície da resina deixando-a mais porosa e facilitando o acúmulo de biofilme. Concluíram que para a correta higienização das próteses deve-se associar métodos físicos e químicos usando escovas e produtos químicos compatíveis com o tipo da prótese6. Os idosos podem ser classificados em três grupos distintos, de acordo com sua habilidade funcional7: 1 - Independentes (sadios), 2 - Parcialmente Dependentes (com problemas físicos e/ou psicológicos parcialmente debilitantes) e 3 - Totalmente Dependentes (com problemas físicos e ou psicológicos totalmente debilitantes). Os idosos que têm capacidade de realizar sua própria higiene bucal devem ser estimulados para exercitarem a coordenação motora e também elevarem sua autoestima. Higienizar uma prótese móvel é uma tarefa razoavelmente fácil tanto para o idoso independente como para o cuidador. As próteses fixas são as que exigem maior habilidade. Com o desenvolvimento dos implantes e sua grande divulgação na mídia, as próteses sobre implantes, tornaram-se uma prática rotineira na Odontologia. As próteses sobre implantes conferem ao seu portador mais segurança em todas as funções bucais, proporcionando um maior conforto e maior naturalidade quando comparadas com pontes móveis ou dentaduras convencionais8. Quando o indivíduo chega ao ponto de perder todos os dentes naturais e quer reabilitar com implantes, a prótese pode ser de dois tipos: Prótese Protocolo e Overdenture. A escolha entre um tipo e outro, realizada durante o planejamento do profissional, depende de alguns fatores como: quantidade e qualidade óssea, padrão de reabsorção, número e tamanho dos implantes, fatores estéticos, fonéticos e outros9. A prótese protocolo é implanto-suportada e implanto-retida, fixada sobre 4 a 8 implantes em média, parafusada e é retirada somente pelo cirurgião-dentista. Confere boa estética. O inconveniente é que esse tipo de prótese dificulta a higienização, pois todos os dentes são unidos entre si e parafusados nos implantes, não saindo da boca, exigindo mais cuidado do paciente ou cuidador (Figuras 1a, 1b e 1c). A overdenture é uma prótese total removível sobre implantes, que exige menos implantes que a


Villa GEP / Mundim FM

Figura 1a

Figura 1b

Figura 1c

Prótese tipo protocolo. Os implantes na boca.

Prótese superior e inferior parafusada.

Base da prótese protocolo.

tipo protocolo (2 a 6 em média) (Figuras 2a e 2b). A overdenture tem um encaixe em uma barra que une os implantes à prótese dando maior estabilidade, retenção e conforto. Esta prótese pode ser retirada pelo paciente ou pelo cuidador e, por isso, sua higienização é facilitada. Pode ser higienizada com a mesma técnica e escova usada para as próteses totais convencionais e próteses parciais removíveis8. Para a limpeza do tipo protocolo são indicados o fio dental, que pode ser associado ao uso de passa fio, escovas interdentais de diversos diâmetros, escovas dentais próprias para próteses, aparelhos elétricos que proporcionam um jato de água sob pressão para ser direcionado entre a base da prótese e a gengiva10. A retenção de resíduos em torno dos implantes, sob a prótese, leva à periimplantite (sangramento e perda óssea)6, 11 (Figura 3). O uso complementar de agentes químicos para diminuir a quantidade de placa bacteriana, pode ser uma forma de tentar superar a deficiência mecânica, pois requer o mínimo de habilidade do indivíduo para sua utilização12.

hoje mostram-se saudáveis mas que já fazem uso contínuo de anti-hipertensivos, anticoagulantes, dislipidêmicos, hipoglicemiatos orais ou sistêmicos ou que já apresentem problemas visuais ou neurológicos, devem ter seu tratamento planejado com maior atenção14. Dessa forma, deve-se considerar também a saúde geral antes de definir o melhor tipo de prótese. O idoso e/ ou sua família devem ser informados sobre as opções de próteses para o seu caso. A saúde bucal é parte integrante e inseparável

da saúde geral e tem sido relegada ao completo esquecimento pelas políticas públicas, no caso brasileiro, quando se discutem condições de saúde da população idosa15.

Figura 2a

DISCUSSÃO

O aumento da população idosa e a grande divulgação das próteses sobre os implantes, nos levam a refletir sobre a manutenção da higienização a longo prazo. A dificuldade de higienização das próteses fixas, quer sejam elas sobre implante ou não, acarretam sérios problemas para os idosos parcialmente ou totalmente dependentes. Os cuidadores, na sua maioria, não têm habilidade e treinamento para fazê-la e os próprios idosos dificultam, não colaborando com o procedimento3. Essa dificuldade de higienização acaba resultando em periiplantite, perda dos implantes e consequentemente a perda da prótese, somando um grande sofrimento ao paciente idoso e aos seus familiares. Mizuno e Lorençato13, advogados, comentando sobre o Estatuto do Idoso, criado em 2003, relatam que o cirurgião-dentista deve estar atento analisando as dificuldades do idoso na execução de sua higiene oral, visando um planejamento odontológico que busque sempre o bem estar e qualidade de vida de seus pacientes. Para evitar esses transtornos, no momento da anamnese, o cirurgião-dentista poderia observar detalhes que o levassem ao planejamento de uma overdenture ao invés de protocolo. O cirurgião-dentista não pode adivinhar o futuro, mas a anamnese pode orientar em relação à saúde atual do paciente, facilitando projetar o futuro. Indivíduos que

Vista da parte interna da overdenture. Figura 2b

Overdenture superior instalada. Figura 3

Prótese tipo protocolo em paciente totalmente dependente com 80 anos. Implantes expostos, retenção de placa bacteriana em torno dos implantes e na prótese. Hiperplasia gengival, sangramento e priimplantite. Gengivite nos dentes inferiores.

CONCLUSÃO

As próteses do tipo protocolo como overdenture conferem ao paciente edêntulo boa estética, retenção, segurança e conforto para as funções mastigatórias e sociais. A prótese protocolo exige habilidade para a higienização. Essa eficiência para a higienização não é conseguida pelo idoso nem pelo cuidador levando à problemas periodontais, dores e a perda da prótese. Sugere-se que a prótese tipo overdenture seja a indicada, dentro dos limites do planejamento profissional, para idosos parcialmente, totalmente dependentes e para os que façam uso de medicação contínua por desordens sistêmicas importantes, visando a facilidade de manutenção da higiene, conforto e duração da prótese a longo prazo.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Nakatani A. Perfil dos cuiadores informais de idosos com deficit de autocuidado atendidos pelo programa de saude da familia. Rev.Eletron.Enferm.,v.5, n.1,2003. 2) Brunetti R.;Brunetti F.l. Odontogeriatria: noções de interesse clinico.São Paulo: Artes medicas. 2002. 3) Saliba,N.A. et al.Inteface- Comunic. Saude,Educaçao.v.11, n 21,p 39-50,jan/abr 2007. 4) www.odontomagazine.com.br 5) https//m,youtube.com/watch?v=374adGhbhOE 6) Gonçalves,L.F.F. et al. Higienização de próteses totais e parciais removíveis. Revista brasileira de ciências da saúde. v 15, n.1, pg 87-94, issn1415-2177, 2011. 7) Guedes J.S. Sorria toda vida,viva com saude bucal. Autocuidado e cuidadores. São Paulo: secretaria da saúde de São Paulo,2001. Disponivel em : <www. saude.sp.gov.br>. Acesso em 10 de out 2005. 8) Basso, M.F.M. et al. Carga imediata e carga tardia em overdentures sobre implantes. Salusvita, Bauru. 2008. v.27,n.2,p287-308,2008. 9) Batista,A.U.D. et al. Comparações entre overdentures e próteses totais fixas sobre implantes. Revisão da literatura. Rev.ABO nac. 13(4):208-213 ago/ set. 2005. 10) Https://m.youtube.com.br/watch?v=25bzRtMsuiY 11) Hultin M.,Komiyama A, Klinge B. Supportive therapy and the longevity of dental implants: a systematic review of the literature. Clin.Oral Impl. res 18(Suppl 3);50-62,2007. 12) Soares , L.G.et al. Avaliação clínica de Malvatricin na inibição da formação de placa dental. Perionews 8(3):262-8 , 2014. 13) Mizuno,E.L.,Lorençato,M.C. O idoso e a saúde bucal-Direitos. Revista Gutierre Odontolife -edição 60, p.42, 2014. 14) Mazzonetto,R.; Neto, H.D.; Nascimento, F.F. Enxertos Ósseos em Implantodontia.Cap. 4,1ed, ed. Napoleão, SP, Brasil, 2012. 15) Pucca Junior, G.A. A saúde bucal do idoso: aspectos demográficos e epidemiológicos. Disponível em <http://odontologia.com.br/artigos.asp> 2005.

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 Caderno Científico | Reabilitação Oral e Estética

ANA BEATRIZ VILELA TEIXEIRA Pós-graduanda da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (ForpUsp) - Programa de pós-graduação em Reabilitação Oral da Forp-Usp. VALÉRIA OLIVEIRA PAGNANO DE SOUZA Professora Dra. do Departamento de Materiais Dentários de Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). MARIANA LIMA DA COSTA VALENTE Pós-graduanda da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (ForpUsp) - Programa de pós-graduação em Reabilitação Oral da Forp-Usp. ANDRÉA CÂNDIDO DOS REIS Professora Dra. do Departamento de Materiais Dentários de Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-Usp). E-mail: andreare73@yahoo.com.br

38 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

Planejamento reverso para obtenção do sucesso em reabilitações orais INTRODUÇÃO

Um dos desafios da Odontologia é repor os dentes perdidos, restabelecendo função, estética e fonética1. Para o tratamento do edentulismo uma opção é o tratamento reabilitador com implantes2,3. O sucesso desse tipo de tratamento depende de vários fatores como: análise do tipo de osso, seleção adequada do melhor tipo de parafuso (roscas, tratamento de superfície, conexão protética), inserção correta do implante, manejo dos tecidos moles e planejamento reverso1,4. Um planejamento inadequado ou a perda de orientação durante a colocação de implantes gera uma situação clínica desafiadora, já que os mesmos podem ser colocados em posições e angulações que não são ideais. Quando a área envolvida é esteticamente importante, as opções de tratamento tornam-se limitadas5. O planejamento reverso é de fundamental importância para o sucesso e previsibilidade dos implantes, uma vez que orienta o cirurgião-dentista quanto à inclinação correta para a inserção dos implantes e o alinhamento dos mesmos na arcada6. Este planejamento é realizado por meio de exames clínicos, radiográficos, análise de modelos de estudo em articulador semi-ajustável e enceramento diagnóstico; com o intuito de estabelecer o espaço protético e elaborar guias auxiliares para execução correta da fase cirúrgica. A análise radiográfica é importante para avaliar o tipo de osso, o espaço para colocação dos implantes e estruturas anatômicas. Os modelos de estudo permitem a simulação do movimento planejado para a cirurgia, além da confecção do guia cirúrgico e próteses provisórias5. Quando há negligência no planejamento, a execução dos passos clínicos fica comprometida, levando ao incorreto posicionamento dos implantes e dificultando a confecção das próteses; gerando prejuízo estético, fonético, comprometimento da saúde gengival e limitação para o paciente ao realizar a higiene no local1. A perda de dentes leva à reabsorção óssea, resultando na inadequada dimensão para colocação de implantes dentários na posição protética ideal. Assim, há a possibilidade de um aumento da estrutura óssea para oferecer ao paciente dimensões apropriadas do rebordo e assegurar um resultado estético satisfatório. O profissional deve estar ciente das diferentes opções de tratamento para as diversas situações clínicas7. Em alguns casos, não é possível realizar procedimentos de enxerto ósseo, pelas condições de saúde ou vontade do paciente. Assim, há a possibilidade de optar pela não enxertia óssea e fazer um bom planejamento reverso, obtendo-se assim uma

reabilitação com implantes satisfatória. Assim, o objetivo desse trabalho foi descrever o caso clínico de uma paciente, com ausência dos elementos 11 e 21; e insatisfação com a estética, ressaltando a importância do planejamento reverso, sem necessidade dos procedimentos de enxertia óssea.

CASO CLÍNICO

Paciente M.L.P.R.C., gênero feminino, 39 anos, fazia uso de prótese parcial removível provisória superior há 20 anos, procurou a clínica da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, com queixa associada à estética do sorriso, fonação e mastigação. Clinicamente foram identificadas ausências dentárias, dos elementos 11 e 21 (Figura 1). O exame radiográfico evidenciou perda óssea vertical e horizontal (Figura 2), entretanto a paciente mostrou-se resistente à realização de enxertos ósseos. O caso da paciente foi analisado e estudado quanto à possibilidade da não realização do enxerto, e a proposta do tratamento foi baseada na elaboração de guias cirúrgicos; foi feita a moldagem das arcadas superior e inferior da paciente, com alginato (material hidrocolóide irreversível), para obtenção dos modelos de estudo (Figura 3). A partir da análise desses modelos, iniciou-se o planejamento reverso, com o enceramento de diagnóstico (Figura 4), através do qual se realizou o guia cirúrgico (Figura 5). Com a ajuda do guia cirúrgico foram instalados implantes na maxila, na região dos dentes 11 e 21, da marca Conexão Sistemas de Prótese Ltda. © - Master Conect Cônico® - formato cônico, hexágono interno e com tratamento de superfície Porous (tratamento de superfície por meio de ataque ácido), nas dimensões de 3,5x10,0 mm, roscas compactantes (segundo o fabricante, confere maior estabilidade primária em regiões ósseas de baixa qualidade). Após uma semana foi feita a remoção das suturas e uma nova moldagem para confecção da prótese removível provisória superior, processada pelo método indireto em resina acrílica termopolimerizável, para o condicionamento gengival e obtenção de melhor estética; uma vez que a paciente demonstrava insatisfação com a estética em relação ao tamanho dos dentes presentes na prótese antiga (Figuras 6 e 7). A reabertura dos implantes para instalação do cicatrizador foi feita três meses depois. Aguardado o tempo da osseointegração, observada radiograficamente (Figura 8), quatro meses


Teixeira ABV / de Souza VOP / Valente MLC / dos Reis AC

Figura 1

Figura 2

Ausências dos dentes 11 e 21.

Radiografia panorâmica.

Figura 3

Figura 4

Modelos de estudo.

Enceramento de diagnóstico.

Figura 5

Figura 6

Guia cirúrgico para auxiliar na instalação dos implantes. Figura 7

Prótese antiga da paciente. Figura 8

Prótese provisória com diastema anterior.

após a cirurgia, iniciou-se a confecção da prótese sobre implantes definitiva (Figura 9); a paciente ficou satisfeita quanto à estética e função.

DISCUSSÃO

A reabilitação oral com próteses implanto-suportadas apresenta maiores índices de sucesso quando bem planejadas. Todo esse planejamento corrobora para o melhor posicionamento do implante na arcada1,3. Atualmente, são utilizadas imagens tridimensionais, como tomografia computadorizada, para fazer um planejamento

Figura 9

Radiografia periapical após 4 meses da cirurgia, observando a osseointegração.

virtual, confecção de guias cirúrgicos por meio de prototipagens ou fabricação computadorizada (CAM), permitindo um protocolo cirúrgico menos invasivo3. Segundo Almog e Sanchez (1999)8 o tratamento com implantes tornou-se mais viável para compensar a falta dos elementos dentais, porém destacaram que podem existir situações anatômicas imprevisíveis, para isso recursos diagnósticos podem ser usados, como: exames clínico e radiográfico, para adequado planejamento que permita ao cirurgião-dentista e ao paciente não

Prótese sobre implantes definitiva.

correrem riscos desnecessários. Os autores propuseram em seu estudo um método de planejamento que consiste na correlação da “Planned Prosthetic Trajectory” (PPT) e da “Residual Bone Trajectories” (RBTs). Essa correlação associada a imagens tomográficas e um guia cirúrgico planejado com base em princípios protéticos, melhoram a análise do planejamento do tratamento. No caso apresentado, a paciente não aceitou a realização de enxerto ósseo, assim, a realização do planejamento reverso foi utilizada como alternativa para a reabilitação permitindo a conclusão do www.gutierreodonto.com.br 39


 Caderno Científico | Reabilitação Oral e Estética tratamento cirúrgico-protético, proporcionando sucesso da osseointegração e estética. Os procedimentos para enxertia óssea são considerados traumáticos, pois exigem vários passos cirúrgicos, período de cicatrização e osseointegração prolongados. Segundo El Askary (2002)9, o contorno cervical ideal em pacientes com prótese sobre implante envolve uma modificação suave do tecido, através de uma prótese provisória de acrílico, para auxiliar no restabelecimento da arquitetura gengival desejada. Esse procedimento foi executado no presente caso clínico, a paciente fez utilização da prótese provisória por um período de quatro meses até a instalação da prótese sobre implante provisória. Shotwell et al. (2005)10 afirmaram que a determinação da angulação adequada do guia cirúrgico para colocação de implantes pode ser auxiliada por radiografias periapicais padronizadas. O guia cirúrgico apresentado em seu estudo oferece as seguintes vantagens: angulação de perfuração precisa (por meio de um guia radiográfico pré-operatório), oportunidade de ajustar a angulação com a utilização de guias cirúrgicos sequenciais, maior visibilidade do contorno bucal durante a inserção do implante (já que o guia é aberto para o aspecto bucal). Apesar do sucesso apresentado com a utilização do guia cirúrgico no presente caso clínico, pesquisadores concluem em estudo que o uso de guias cirúrgicos não melhora a precisão para a inserção de implantes em comparação com a cirurgia sem guia, embora considerem que o planejamento com guia cirúrgico, a experiência do cirurgião-dentista e o tamanho da área edêntula afetam significativamente a precisão na colocação de implantes11. Uma forma para reduzir imprevistos é a correta seleção do tipo de implante e plataforma pro-

Teixeira ABV / de Souza VOP / Valente MLC / dos Reis AC

tética durante o planejamento e o conhecimento do valor do torque ideal. A inclinação incorreta, próteses mal adaptadas e problemas de oclusão levam a constantes afrouxamentos do parafuso; o que faz com que o cirurgião-dentista acredite que um maior torque do parafuso possa suprir esses problemas12. O sucesso de um tratamento reabilitador com próteses implanto-suportadas depende do íntimo contato entre o osso e o implante, sendo a estabilidade primária um pré-requisito para alcançar a osseointegração13,14. A osseointegração também depende de uma adequada oclusão do paciente, permitindo ao osso resistir à carga mastigatória. Porém, é preciso levar em consideração as regiões anatômicas que apresentam corticais finas e osso esponjoso do tipo IV; nessas regiões a taxa de sucesso de implantes é menor (65% a 85%)15. No presente estudo a paciente apresentou oclusão adequada para esse tipo de tratamento. É necessário controlar os fatores que alteram a estabilidade primária, responsável por impedir a micro-movimentação do implante no osso, desde o planejamento da técnica cirúrgica, tipo de osso, geometria do implante e tratamento de superfície. A morfologia dos implantes depende de fatores como: a forma, tamanho, tipo, número e profundidade das roscas; bem como da conexão protética utilizada. Assim, o cirurgião-dentista deve escolher as melhores características de acordo com cada paciente, para garantir o sucesso clínico14,16. Implantes com superfície tratada por ataque ácido, apresentam maior rugosidade e micro depressões sobre a superfície de titânio, desde 0,5 a 2 µm de diâmetro16; o que melhora a osseointegração e a estabilidade inicial, promovendo uma maior imbricação mecânica entre o substrato e o parafuso. O

implante selecionado no presente estudo apresenta tal tratamento de superfície, favorecendo assim o contato da interface osso/implante. Em se tratando de conexões protéticas de implantes, diferentes tipos de sistema têm sido empregados clinicamente, como o hexágono externo, interno e cone morse; a depender do caso clínico17. Implantes com conexões internas advém de evoluções do hexágono externo, com vantagens sobre este como: favorecer menor desaperto e menor perda de parafuso18, absorver sobrecargas externas19, distribuição mais homogênea das tensões ao redor do implante diminuindo as tensões sobre a crista óssea20. Além disso, é atribuída à esse tipo de conexão uma maior estabilidade, devido ao íntimo contato nas quais as paredes do componente protético com a superfície interna do implante21, reduzindo a possibilidade de micro movimentos durante a aplicação de cargas22,23. Tendo em vista as vantagens do implante hexágono interno, optou-se por usar esse tipo de conexão no presente caso clínico. Dois aspectos encontrados nesse estudo demonstram a importância do trabalho, sendo o primeiro, a importância do planejamento reverso no sucesso da reabilitação com implantes e o segundo, o sucesso obtido sem a realização da enxertia óssea, diminuindo o número de procedimentos e aumentando a qualidade de vida da paciente.

CONCLUSÃO

Fundamentados na literatura e no presente caso clínico, pode-se concluir que o planejamento reverso viabiliza o correto posicionamento de implantes odontológicos e, às vezes, em casos limites, proporciona osseointegração que permite ótima estética, função biomecânica e satisfação do paciente. 

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 Jurisprudência na Odontologia

Responsabilidade do cirurgião-dentista pela atualização técnica e a terapêutica

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á é conhecido do odontólogo que sua responsabilidade pela terapêutica baseia-se numa relação contratual em que assume a obrigação de meio (não de cura), ou seja, assume a obrigação de adotar todos os meios necessários e disponíveis para atingir o melhor resultado ao paciente. Exceção a essa regra somente aqueles procedimentos estéticos em que o odontólogo retira o paciente de uma situação sadia e propõe um novo e melhor visual. Vamos nos ater, no entanto, para esse artigo, à obrigação de meio. A obrigação de meio impõe ao profissional adotar sempre a melhor e mais adequada técnica vigente, ou seja, empreender ao paciente a terapêutica atualizada e reconhecida no ramo da Odontologia. Isso exige a reciclagem do profissional, seja quanto a terapia, seja quanto ao diagnóstico. Além dos exames clássicos de análise de material orgânico, houve um profundo avanço dos serviços de diagnóstico por imagem, cujos resultados têm sido para uma apuração mais fina das patologias, o que viabiliza um diagnóstico do odontólogo mais preciso, em benefício da maior eficiência da terapêutica. Cumprindo os exatos termos de sua obrigação de meio, o cirurgião-dentista está comprometido ao conhecimento dos avanços tecnológicos dos serviços de diagnósticos e pode ser cobrado por isso no caso de alguém lhe imputar um ato de responsabilidade. É importante destacar que a boa técnica exige do odontólogo que: a) Receba bem o paciente e colha todas as informações necessárias para constituição da anamnese; b) Faça o exame clínico como elemento essencial do atendimento e preliminar a todo e qualquer serviço auxiliar de diagnóstico; c) Tenha o conhecimento da tecnologia disponível dos serviços de diagnóstico e a indique caso o exame clínico não seja suficiente para o diagnóstico preciso; d) Que mantenha a ficha do paciente preenchida com a anamnese, avaliação clínica e de exames auxiliares e o prognóstico, com perfeita descrição e cronologia. No caso de ser acionado com a imputação de vício no atendimento, a prova do cumprimento dos procedimentos será fundamental, porque a perícia será feita de forma indireta e se base42 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

ará na análise do cumprimento de todos esses itens, inclusive sobre a utilização da técnica mais adequada de apuração diagnóstica e terapêutica empregada. Quando falamos do uso da técnica mais adequada, tratamos daquela que compõe o protocolo uniforme do procedimento, e não de procedimentos experimentais cujo estudo estatístico ainda é inconclusivo. Nesse caso, preserva-se a segurança do paciente, dentro os padrões técnicos conhecidos e certificados. Nessa linha, é importante ressaltar que, além da documentação adequada do atendimento, da apuração diagnóstica e da terapêutica empregada, está inserido na responsabilidade do odontólogo o conhecimento atualizado da técnica, a certeza do uso do meio mais adequado e eficiente para o diagnóstico e o tratamento da patologia. Essa obrigação sempre será atendida por aquele que exerce a Odontologia com seriedade e comprometimento, não sendo complexa e tampouco inatingível, porque refere ao cumprimento regular da técnica que se vê na maioria, quase que absoluta, dos profissionais que atuam na área.  HENRIQUE FURQUIM PAIVA Advogado especializado em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade de Direito de Franca, com MBA em Direito da Empresa e Economia pela Fundação Getúlio Vargas, e, especialista em Direito Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).


 Vitrine Odontológica > Odontoclinic é a primeira rede a oferecer novas tecnologias em escala Com o objetivo de transformar a experiência de quem vai ao dentista, a Odontoclinic vai implantar equipamentos utilizados na Odontologia moderna que trarão mais conforto ao paciente e mais produtividade ao cirurgião-dentista. O projeto é investir R$ 100 milhões nos próximos cinco anos com a compra de equipamentos como Scanner Intraoral, Raio X Panorâmico e CAD CAM. “O mercado da Odontologia precisa ganhar escala e oferecer novos serviços ao maior número de pessoas possível. Estes serviços não podem ficar restritos às pessoas consideradas triple A”, reforça Jorge Geras, Vice-Presidente de Marketing e Expansão da Odontoclinic. A rede ainda vai transformar o interior das clínicas implantando um Cyber Café para que os pacientes possam navegar na internet enquanto aguardam o horário da consulta. Atuando no mercado do franchising desde 2002, a Odontoclinic é a primeira Franquia de Clínicas Odontológicas do país, segundo a ABF. Com uma unidade multidisciplinar, a rede oferece soluções completas de tratamentos odontológicos com alta tecnologia aplicada e foco na segurança dos pacientes. Atualmente, a rede possui 170 unidades instaladas em 12 estados pelo país.

> Várias novidades da Dabi Atlante para o Ciosp 2015 A Dabi Atlante participa do CIiosp 2015 apresentando algumas importantes novidades para a Odontologia em seu estande. Os lançamentos este ano acontecem em todas as áreas de atuação da empresa (implantes, diagnóstico por imagem e consultórios) oferecendo ao cirurgião-dentista inovações e novas aplicações para o seu dia a dia de trabalho na clínica. Na linha de implantes o destaque é o lançamento da cirurgia guiada PROSS Guide em parceria com a Kea-Tech. Em um processo inovador e simples, a guia tomográfica é transformada em guia cirúrgica, eliminando a central de prototipagem/usinagem do processo. Além de reduzir o custo e tempo com a produção externa da guia, cada etapa do processo pode ser feita dentro do consultório sob o controle do cirurgião-dentista. Isto garante a precisão esperada numa cirurgia guiada e proporciona agilidade, previsibilidade cirúrgica e segurança para o paciente. Na área de diagnóstico por imagem, o sensor intraoral New Ida representa uma contribuição importante da Dabi com a completa digitalização da Odontologia brasileira. O produto oferece uma melhor resolução das imagens capturadas e um software 2.0 que, entre outras funções, realiza a medição do canal radicular. Também na linha de imagens a empresa traz em primeira mão no Ciosp a evolução da sua linha de tomógrafos Eagle 3D VBeam, com FOVs de 5x5, 8x8, 8x12 e 23x16. Uma solução completa com aplicador em endodontia, implantodontia e ortodontia. Na tradicional linha de equipamentos e consultórios, a Dabi apresenta as cadeiras New Galla e New Croma com a versão touch. Isto significa que a empresa estendeu a estes modelos a utilização do IPAD, antes exclusiva para a New Versa, proporcionando aos cirurgiões-dentistas esta importante ferramenta de comando das funções das cadeiras. Além disso, a Dabi promove no Ciosp 2015 o lançamento das novas versões da New Versa, Cart e Flex.

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 Vitrine Odontológica > Tradicionais líderes de equipamentos > Golgran leva a tradição de sua linha odontológicos anunciam processo de de Periodontia ao 33º Ciosp fusão para crescer no segmento de A Golgran, tradicional fabricante de instrumentais odontológicos, leva ao 33º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (Ciosp) a Saúde com foco no mercado global força e qualidade de seus materiais de periodontia da linha Millennium. A Dabi Atlante e a Gnatus, tradicionais fabricantes de equipamentos odontológicos sediados em Ribeirão Preto-SP, anunciaram no dia 12 de janeiro, a fusão das duas empresas, operação ainda pendente de aprovação pelo CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Juntas e após a aprovação da operação pela autoridade antitruste, as duas companhias contarão com 1.100 colaboradores, vendas estimadas em R$ 300 milhões em 2015 e exportações para cerca de 150 países nos cinco continentes. O objetivo da fusão é a criação de uma companhia mais forte e competitiva, com maior atuação global e com foco não só na área odontológica, mas também em outros segmentos da saúde. Após a aprovação da fusão pelo CADE, as duas empresas elegerão um Conselho de Administração único. Até lá todas as atividades, funções e cargos seguem de forma normal e independente. A intenção é, aprovada a fusão com a troca de ações entre os controladores, buscar sinergias e otimizar recursos para serem investidos em outras oportunidades de mercado na área da saúde e de desenvolvimento de produtos, gerando novos e mais qualificados empregos. A união entre Dabi e Gnatus traz como principal complementação as áreas de diagnóstico por imagem e implantes e prevê que as marcas de ambas permaneçam inalteradas e atuando separadamente. A atual concorrência em algumas linhas de equipamentos odontológicos será mantida em vigor até para a manutenção de um mercado competitivo e ativo. A união não afetará as condições comerciais de cada companhia. “Apesar da concorrência acirrada, sempre houve uma admiração mútua entre a Dabi e Gnatus. Com a entrada de novos players no mercado e o assédio internacional às companhias, sentimos a necessidade conjunta de potencializar nossas atuações no segmento da saúde através de uma fusão”, analisa Pedro Biagi Neto, presidente da Dabi. “A fusão surge a partir de um processo maduro para garantir a consolidação das duas companhias e capacitá-las para entrarem em outros segmentos e mercados. A inovação faz parte do DNA das duas empresas que continuarão oferecendo novos produtos e serviços ao mercado”, afirma Gilberto Nomelini, presidente da Gnatus. Ambos estão convictos de que a união resultará em uma empresa brasileira global mais forte e competitiva. Segundo a ABIMO - Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios, o crescimento médio do setor da saúde no Brasil foi na ordem de 12% nos últimos anos. O mercado prevê um incremento médio anual de 8% no próximo ciclo, mas a estimativa da Dabi e da Gnatus é obter um aumento anual em suas vendas acima dos dois dígitos percentuais. Sobre a Dabi Com 68 anos de atividades, a Dabi Atlante produz e comercializa as linhas de consultórios, periféricos, peças de mão, diagnóstico por imagem e implantes. Possui atuação em todo o Brasil e exportações regulares para mais de 30 países, com destaque para os Estados Unidos e América do Sul. Com tradição no desenvolvimento de equipamentos inovadores, lançou nos últimos dois anos o primeiro consultório do mercado comandado por iPad e o primeiro tomógrafo digital odontológico fabricado na América do Sul. Sobre a Gnatus Fundada em 1976, a Gnatus é uma empresa genuinamente brasileira, reconhecida mundialmente pela qualidade e inovação de seus produtos. Com foco na pesquisa e desenvolvimento de equipamentos que asseguram conforto e segurança aos profissionais e a seus pacientes, tornou-se a maior exportadora do setor odontológico brasileiro, com clientes em mais de 140 países. É a única empresa brasileira do segmento odontológico a possuir uma fábrica na China bem como filiais no México, Bolívia e Dubai. 44 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61

“A Golgran é referência em produtos para profissionais de periodontia. Levamos ao evento um conceito diferenciado em nossas curetas e descoladores, que possuem cabos mais leves e com uma espessura maior, proporcionando ao profissional maior empunhadura e segurança nos procedimentos”, diz Orlandinho Golfetto, diretor presidente da Golgran. O evento será realizado entre os dias 22 e 25 de janeiro de 2015, no Expo Center Norte, em São Paulo-SP. Além da linha de Periodontia Millennium, a empresa leva as linhas de cirurgia, dentística, endodontia, ortodontia além da série de cubas, bandejas e estojos. “O Ciosp é o maior evento do segmento realizado no Brasil. É uma excelente oportunidade para reforçar a qualidade de nossas linhas. Além de destacar os instrumentais de periodontia, acentuaremos o trabalho com as cubas, bandejas e estojos, que entram no mercado com preços mais competitivos e alta qualidade”, continua Orlandinho. As soluções em odontologia da Golgran estarão no estande 9194, na esquina da rua 9 mil, com a avenida K, no Expo Center Norte. Fundada em 1975, na capital paulista, a Golgran atua no fornecimento de instrumentos cirúrgicos, médicos e odontológicos, com qualidade internacional.

> 9ª Edição do CROPI marcada para 2016 será internacional A In Plant Center realizará em 2016, a 9ª Edição do CROPI - Congresso de Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia - que será Internacional. O sucesso de todas as edições do CROPI atribui-se a ações coletivas (empresas e profissionais), com o propósito de reunir profissionais de destaques da odontologia, nas áreas de Estética, Reabilitação Oral, Periodontodia e Implantodontia que apresentaram as tendências tecnológicas e evoluções científicas da odontologia. Para as empresas interessadas em participar da edição de 2016, já estamos disponibilizando a proposta comercial referente às cotas de participações deste evento que vem agregando à Ribeirão Preto e ao interior Paulista, importantes valores na conquista do espaço odontológico no cenário nacional. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3797 8080.

> Antisséptico Sem Álcool Muita gente admite a idéia de incorporar o antisséptico bucal em sua rotina de limpeza bucal diária, mas desanima em virtude do álcool contido no produto. Para elas, é desconfortável manter na boca pelo tempo recomendado um produto que contém álcool (muitos têm cerca de 20 por cento de álcool). Outras pessoas têm medo de que os 20 por cento de álcool façam mal a crianças ou adolescentes que experimentem engolir o produto. Há também os alcoólatras em recuperação, que evitam usar o líquido porque já foi comprovado que seu teor de álcool é capaz de provocar uma recaída. Há porém alternativas – existem antisséptico sem álcool que proporcionam praticamente os mesmos benefícios daqueles com álcool. - como antisséptico que contenha CPC (cloreto de cetilpiridínio). Esse ingrediente é encontrado em muitos produtos de higiene e faz parte da fórmula do Antisséptico Pro-Health da marca Crest. Comprovadamente, é um produto seguro e eficaz. No antisséptico, ele age ligando-se à superfície dos germes, que então se desintegram e não se acumulam nos dentes. Fonte: www.oralb.com/brazil


> FGM apoia projeto Barco Sorriso A FGM foi uma das apoiadoras da última viagem realizada pelo Barco Sorriso, projeto realizado por voluntários que prestam atendimento médico e odontológico a três comunidades carentes de Guaraqueçaba, litoral paranaense. Doando alguns de seus produtos e outros de uso clínico, como algodão e gase, a FGM contribui para um serviço de grande valor ao alcançar uma população que habita locais de difícil acesso, encontrando-se em um estado precário de saúde bucal. Para mais informações do projeto, acesse: www.facebook.com/BarcoSorriso. Fonte (texto e fotos): www.fgm.ind.br

> Gnatus marca presença no 33º CIOSP De 22 a 25 de janeiro acontecerá o 33º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo - CIOSP, realizado no Expo Center Norte, em São Paulo - SP. A Gnatus marcará presença no evento com a tradição de qualidade e tecnologia de seus produtos. O CIOSP é um dos maiores eventos do mundo voltado para cirurgiões-dentistas. Na última edição, em janeiro de 2014, mais de 110 mil pessoas visitaram a feira e participaram das palestras da grade científica do evento. A Gnatus está preparando o lançamento de algumas surpresas para mais essa edição do CIOSP. A marca irá levar para o evento toda sua linha de produtos, mundialmente reconhecidos pela qualidade, tecnologia e inovação. São quase quatro décadas dedicadas à pesquisa e ao desenvolvimento de equipamentos que asseguram conforto e segurança aos profissionais e seus pacientes.

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 Calendário de Eventos JANEIRO 38° CONGRESSO FOCAP COSTA RICA - CONGRESO DE LA FEDERACIÓN ODONTOLÓGICA DE CENTROAMÉRICA Y PANAMÁ Data: De 26/01 a 31/01/2015 Local: San José - Costa Rica Informações: www.focap.org IADR/AADR/CADR GENERAL SESSION & EXHIBITION Data: De 11/03 a 14/03/2015 Local: Boston - Massachusetts - EUA Informações: www.iadr.org/i4a/pages/index. cfm?pageid=4434#.VGHrHPnF8e1

Local: Centro Universitário Senac - Santo Amaro - São Paulo-SP Informações: implanteperio.com.br/10anos/congresso.php 5º ITI CONGRESSO BRASIL Data: De 19/03 a 21/03/2015 Local: Serrano Resort Convenções e Spa Gramado-RS Informações: www.iti.org/congressbrazil

1º CONGRESSO INTERNACIONAL IMPLANTEPERIO Data: De 12/03 a 14/03/2015

ABRIL 3º OMB - ODONTO MANAGEMENT BRAZIL Data: De 13/04 a 14/04/2015 Local: Espaço APAS - Alto da Lapa - São Paulo-SP Informações: www.odontomanagementbrazil. com.br XVI ENCONTRO INTERNACIONAL DE ORTODONTIA DA APRO Data: De 16/04 a 18/04/2015 Local: Curitiba-PR Informações: www.ortoparana.com.br/?p=1163

36° INTERNATIONAL DENTAL SHOW Data: De 10/03 a 14/03/2015 Local: Colônia - Alemanha Informações: english.ids-cologne.de/ids/index-2 MARÇO

FDI 2015 Data: 26/03 a 28/03/2015 Local: Santiago - Chile Informações: www.fdi2015lasamericascongress.cl

MEETING DE ODONTOPEDIATRIA Data: De 19/03 a 20/03/2015 Local: SESC Belenzinho - São Paulo - SP Informações: www.iapdbrasil.com.br

XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE PERIODONTOLOGIA Data: De 30/04/2015 a 02/05/2015 Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães - Brasília-DF Informações: conbrape.org.br

 Social Cursos de excelência em Ortodontia

O Centro de Estudos Ortogotardo destaca-se como referência no segmento odontológico por oferecer cursos de excelêcia em Ortodontia, sempre apresentando novidades e perspectivas inovadoras aos seus alunos. O resultado, além das turmas completas, é a formação de profissionais satisfeitos e mais competitivos no mercado.

Aula de Aparelhos Autoligados e Miniparafusos Ortodônticos.

Curso de Aperfeiçoamento.

Curso de Capacitação em Alinhadores Estéticos no Centro de Estudos Ortogotardo. 46 Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 61


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