Gutierre Odontolife - Ed. 59

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ORTODONTIA Novos rumos para a Ortodontia

PERIODONTIA

Preservação do rebordo alveolar associado ao aumento de espessura gengival após a exodontia

REABILITAÇÃO ORAL A arte sob medida

ODONTOPEDIATRIA

Jul/Ago/Set 2014 | ed. 59

Odontologia Intrauterina: o pré-natal odontológico

ISSN - 1807-9954

O futuro das Práticas Integrativas e Complementares na Odontologia www.gutierreodonto.com.br > 1


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 Editorial

Terapias complementares ganham espaço cada vez maior nos consultórios odontológicos

H

á seis anos, desde que foram reconhecidas e regularizadas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) para uso do cirurgião-dentista, as Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal (Laserterapia, Acupuntura, Homeopatia, Hipnose, Fitoterapia e Florais) vêm ganhando espaço cada vez maior nas clínicas e consultórios odontológicos. Embora não substituam os procedimentos e tratamentos tradicionais, essas terapias, quando utilizadas por profissionais devidamente habilitados, são ferramentas poderosas que podem proporcionar uma série de benefícios aos pacientes, facilitando os mais diversos tipos de tratamentos, desde dor, medo, ansiedade e fobias, até procedimentos cirúrgicos e o tratamento de outras patologias. Elas completam o arsenal terapêutico existente e disponível para a solução de problemas e, além disso, em sua maioria, podem ser aplicadas em todos os pacientes (é claro que com exceções) e quase não possuem contraindicações. Mesmo sendo práticas milenares que atravessaram séculos de existência, com eficiência cientificamente comprovada, as terapias complementares ainda esbarram na falta de informação e conhecimento por parte de profissionais e pacientes. No entanto, na Odontologia, assim como na saúde em geral, passam por um período de crescimento em relação ao seu uso e aceitação, com grande possibilidade de serem reconhecidas como especialidades e, assim, serem incluídas nos cursos de graduação nas Faculdades de Odontologia de todo o País. Esse reconhecimento certamente vai alavancar estudos e pesquisas relativas às Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal, vai aumentar a procura e provocar a melhoria dos cursos oferecidos e realçar a necessidade de se fortalecer o interrelacionamento dessas terapias com as demais especialidades odontológicas, entre outras vantagens e, principalmente, beneficiar um número cada vez maior de pacientes, seja na rede particular ou pública. Considerando que o crescimento das terapias complementares na Odontologia seja irreversível e inevitável, abrimos espaço para que profissionais habilitados em diferentes áreas expusessem suas opiniões numa matéria especialmente dedicada ao assunto, que você pode conferir agora. Também nesta edição, você encontra artigos científicos de autoria de profissionais renomados, matérias informativas, calendário de eventos, cobertura de eventos sociais, informes comerciais, lançamentos e novidades do setor odontológico. Boa leitura! Ana Lúcia Pereira Editora 4 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

Jul/Ago/Set 2014 | ed. 59 A Gutierre OdontoLife é uma publicação pertencente à OdontoLife Edição dePeriódicos Ltda. - ME, produzida e distribuída em parceria com a Dental Gutierre Odonto.

Direção Ana Lúcia Pereira de Jesus José Eduardo Gibin Gutierre Editora e Jornalista Responsável Ana Lúcia Pereira (MTb: 24.654) Fone: (16) 98177 0062 ana@revistaodontolife.com.br Redação e Departamento Comercial Rua João Nutti, 1561 - Cj. 12 - Pq. Bandeirantes Ribeirão Preto-SP - CEP: 14090-387 Fone: (16) 3236 4802 - Ana Lúcia Departamento de Marketing Rodrigo Lozano Fone: (16) 3303 1820 rlozano@gutierreodonto.com.br Projeto Gráfico e Diagramação Neto Heleno info@netoheleno.com Distribuição (gratuita) Dental Gutierre Odonto Rua Voluntários da Pátria, 2839 - Centro Araraquara-SP - CEP: 14801-320 Fone: (16) 3303-1820 Impressão Gráfica e Editora São Francisco Ltda. Rodovia Anhanguera, Km 320 + 20m Recreio Anhanguera Ribeirão Preto-SP - CEP: 14097-140 Fone: (16) 2101 4151 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. A Gutierre OdontoLife não autoriza ninguém a retirar, emprestar ou permutar qualquer tipo de material para produção ou similares e nem a negociar em nome da revista sem autorização da diretoria. Normas de Publicação: No Caderno Científico, a revista Gutierre OdontoLife divulga artigos (Científico / Caso Clínico / Técnico ou de Revisão), produzidos por clínicos gerais e cirurgiões-dentistas das diversas especialidades odontológicas. Todo profissional que tiver interesse em publicar seu trabalho em nossas páginas deve enviar o material atendendo às seguintes normas para publicação: 1) Nos trabalhos em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. 2) Os editores da Gutierre OdontoLife podem adaptar o artigo às normas jornalísticas vigentes e ao padrão gráfico da revista. 3) O texto deve ser digitado e entregue em arquivo do word (doc), na fonte Times News Romam, corpo 11, contendo: título, artigo, referências bibliográficas, titularidade do(s) autor(es) e legendas identificadas para todas as imagens (fotos, tabelas ou ilustrações). NÃO INSERIR imagens no arquivo doc. 4) Todas as imagens devem ser enviadas separadamente, em alta resolução (JPG - 300 DPIs) com, no mínimo, 9 cm de largura. Inserir no mínimo três e, no máximo, 16 imagens por artigo. 5) Os trabalhos em grupo deverão conter os nomes e a titularidade de todos os autores, e-mail ou telefone de pelo menos um dos autores. 6) Sobre as referências bibliográficas: devem ser adotadas as normas de Vancouver (as referências são enumeradas de acordo com a ordem de entrada no texto). 7) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor(res). Cada um receberá exemplares da revista em que seu trabalho foi publicado. 8) Anexar ao trabalho os dados completos de todos os autores para contato (nome completo - endereço completo - CEP - telefones e e-mail). Os trabalhos podem ser enviados para o e-mail: contato@ revistaodontolife.com.br ou através de mídia digital (CD ou DVD) endereçados para: Redação Gutierre OdontoLife - R. João Nutti, 1561 - Cj. 12 - Pq. dos Bandeirantes - CEP: 14090-387 - Ribeirão Preto-SP.


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1.“Can’t Live Without” Clinical Research Associates Newsletter, Volume 21, Issue 7, July 1997. 2. Syrop J. Tried & True Products: Ultra-Etch. Dental Product Shopper. 2008;2(6):76-77. 3. realityesthetics.com. © 2014 Ultradent Products, Inc. All rights reserved.

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 Índice

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32 - ORTODONTIA Novos rumos para a Ortodontia. 36 - ORTODONTIA Mordida em tesoura - Síndrome de Brodíe.

CAPA

Terapias complementares podem ser transformadas em especialidades odontológicas

38 - IMPLANTODONTIA Realização de cirurgias com auxílio de planejamento 3D e guia prototipado promovendo upgrades protéticos com tempo reduzido. 42 - ODONTOPEDIATRIA Odontologia Intrauterina: o pré-natal odontológico.

DENTAL GUTIERRE 12 - Qualidade na expedição de mercadorias é um dos diferenciais da Dental Gutierre. 14 - Representante da Gutierre visita fábrica da Ultradent nos Estados Unidos. 14 - Gutierre patrocina mais uma edição do Projeto Voluntários do Sertão. 16 - A emoção do esporte para dentro da empresa. 16 - Eventos 2014 - Programe-se!

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18 - ESTÉTICA Cor e forma: os objetivos da Estética.

46 - JURISPRUDÊNCIA NA ODONTOLOGIA As novas tecnologias a favor da Odontologia Legal.

22 - DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Avaliação do sistema estomatognático e da eficiência mastigatória de indivíduos com necessidade de prótese parcial fixa: estudo preliminar.

48 - VITRINE ODONTOLÓGICA Notícias, informação, lançamentos, novidades e curiosidades na Odontologia.

26 - REABILITAÇÃO ORAL A arte sob medida. 28 - PERIODONTIA Preservação do rebordo alveolar associado ao aumento de espessura gengival após a exodontia.

53 - SOCIAL Flashs dos principais acontecimentos do setor.


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 Capa

Terapias complementares podem ser transformadas em especialidades odontológicas Desde que o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconheceu e regulamentou o uso, pelo cirurgião-dentista, das Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal (Laserterapia, Acupuntura, Hipnose, Homeopatia, Fitoterapia e Florais) a Odontologia vem adotando uma nova abordagem ao paciente, valorizando o ser humano e colocando-o como centro da atenção do profissional que, antigamente, era voltada exclusivamente para as técnicas e medicamentos convencionais. Com isso, o uso das terapias complementares nos consultórios odontológicos vem aumentando gradativamente e, a cada ano, cresce também o número de profissionais que encontram nessas terapias grandes aliadas para diversos tipos de tratamentos. Na Odontologia, elas podem ser aplicadas para diferentes finalidades e todas, cada qual com suas peculiaridades, oferecem inúmeros benefícios aos pacientes.

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oje, observamos a crescente necessidade de atender o paciente de uma forma global. A Acupuntura, técnica milenar que surgiu na China há aproximadamente 4.500 anos e que interfere diretamente na qualidade de vida do indivíduo promovendo saúde, propicia meios para uma anamnese rica em detalhes, observando o paciente de forma mais abrangente. Através de um questionário específico baseado na Medicina Tradicional Chinesa, o profissional intervém no controle da dor estimulando pontos (acupontos) ao longo dos meridianos por intermédio da inserção de agulhas, promovendo a liberação de mediadores químicos com efeitos analgésicos, ansiolíticos e de relaxamento muscular, sanando o espasmo, diminuindo a inflamação e a dor. Suas indicações na Odontologia são: dores orofaciais, mialgias, distúrbios da ATM, hábitos parafuncionais como bruxismo, neuralgia do trigêmeo, paralisia facial, analgesia para fins cirúrgicos, odontalgias, redução do estresse e ansiedade, xerostomia, pacientes especiais, drenagem de abcessos, inflamações bucais, aftas, herpes, gengivites, glossite, hipersensibilidade dentinária, trismo. Os benefícios são inúmeros, pois devido ao seu enfoque integral ocorre um ganho substancial na qualidade de vida do paciente”, explica Odinê Maria Rêgo Bechara, especialista em Endodontia; Acupunturista pelo Instituto Brasileiro de Acupuntura / Xiamen University-China; mestranda em Odontologia Restauradora pela Forp-Usp. “Na Laserterapia os benefícios começam quando ela é associada aos procedimentos convencionais, acelerando os resultados e produzindo tratamentos mais eficientes. A laserterapia vermelha (lasers emitindo entre 600 e 700 nm), por exemplo, aplicada imediatamente após cirurgias ou traumas, acelera a cicatrização, diminuindo dores pós-operatórias e a possibilidade de infecções oportunistas. Outra situação muito comum é a limpeza da cavidade, imediatamente após o término do preparo cavitário e antes da restauração, utilizando a terapia fotodinâmica, aplicando um fotossensibilizador (azul de metileno, por exemplo) e fotoativando com laserterapia vermelha para promover a descontaminação eficiente da dentina superficial e média. Tão interessante quanto, são as cirurgias realizadas com lasers, como a Frenectomia, que possibilita cortar e coagular simultaneamente,

ROSANE LIZARELLI: CD habilitada em Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal na área de Laserterapia, pelo CFO, desde 2009.

“Na Laserterapia os benefícios começam quando ela é associada aos procedimentos convencionais, acelerando os resultados e produzindo tratamentos mais eficientes”. sem necessidade de suturas posteriores e com recuperação (cicatrização) em 72 horas, obliterando totalmente a ferida cirúrgica”, ressalta Rosane Lizarelli, pós-doutorada em Biofotônica pelo IFSC-Usp; habilitada em Terapias Complementares na área de Laserterapia pelo CFO desde 2009; coordenadora do Curso de Habilitação em Terapias Complementares - Laserterapia, da Apcd Regional de Ribeirão Preto-SP. Além de inúmeros benefícios, existem vários estudos científicos atuais que comprovam a eficácia de todas as terapias complementares regulamentadas nos tratamentos odontológicos. “As várias universidades que têm a Homeopatia em seu curriculum, têm docentes e alunos com doutorado e pós-doutorado, com teses sobre assuntos relacionados comprovando sua eficácia. Na Odontologia a ação do profissional se faz através de toda a aparelhagem necessária

para um tratamento odontológico. Quando há a necessidade de uma medicação coadjuvante para a sua complementação, a Homeopatia vem em seu auxílio, aproveitando-se de todos os benefícios que esta terapêutica possui”, explica Adilson de Freitas, graduado pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Usp de Ribeirão Preto desde 1970; especialista em Endodontia desde 1977; homeopata habilitado pelo Instituto Homeopático Francóis Lamasson de Ribeirão Preto desde 1983; ministrador de cursos e palestras sobre Endodontia e Homeopatia no Brasil e no exterior. “Na Hipnose, muitas comprovações são apresentadas em trabalhos científicos de respeitabilidade nacional e internacional, mostrando a todos nós a sua eficiência como uma espetacular ferramenta de trabalho. Na Odontologia atual podemos utilizá-la em quaisquer tipos de especialidade, promovendo bem estar, conforto e segurança ao nosso paciente. Para o atendimento na especialidade de Pacientes com Necessidades Especiais, por exemplo, torna-se quase que obrigatório o conhecimento e a aplicação da Hipnose, pois com seu auxílio conseguimos deixar o paciente completamente relaxado e participativo, principalmente os portadores de paralisia cerebral, que, com comandos certos e precisos, quebramos aqueles movimentos espásticos característicos da doença. Com a Hipnose, o paciente se beneficia da tranquilidade e relaxamento produzido com esse tipo de procedimento”, afirma Claudio A. Gargione, especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial e em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais; habilitado em Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal na área de Hipnose pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) desde 1982; reeleito presidente da Câmara Técnica de Hipnose do Conselho Regional de Odontologia para o biênio 2013/2015. De acordo com os especialistas, a dor é a razão principal que move o paciente até o consultório odontológico e, muitas vezes, pela busca dos chamados “tratamentos alternativos” a fim de encontrar terapias menos agressivas e tão ou mais eficientes, que devolvam o seu conforto diário. Independente da causa da dor, qualquer pessoa (salvo raras exceções) pode ser tratada com terapias complementares. “A forma como vou observar o meu paciente é muito importante e faz toda diferença. A Acupuntura permite identificar as causas que www.gutierreodonto.com.br > 9


 Capa

ODINÊ MARIA RÊGO BECHARA: CD habilitada em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Acupuntura / Xiamen University-China.

“A Acupuntura permite identificar as causas que estão gerando um determinado desequilíbrio. Muitas vezes observamos um paciente tenso, ansioso, que não dorme direito, inclusive pensando na próxima consulta”. estão gerando um determinado desequilíbrio. Muitas vezes observamos um paciente tenso, ansioso, que não dorme direito, inclusive pensando na próxima consulta. A dor por si só já é uma condição que indicaria o início de um tratamento com Acupuntura, porém, é primordial um diagnóstico diferencial, principalmente no caso das dores orofaciais, pois, somente sanar a dor pode mascarar uma doença presente ou até mesmo em evolução. No caso das odontalgias se faz necessária uma avaliação criteriosa, pois em um quadro de pulpite, por exemplo, preciso promover a abertura e a remoção da polpa para o alívio, mas posso potencializar esse atendimento com a Acupuntura diminuindo a ansiedade do 10 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

paciente durante o tratamento. De forma geral, o tratamento com Acupuntura não possui contraindicação. Alguns pontos devem ser evitados em gestantes. Pacientes que fazem uso de marcapasso não devem fazer eletroacupuntura, nem uso do Hai hua.Também não é aconselhável o uso de agulhas em crianças menores de cinco anos. A literatura cita ainda que devemos evitar também o seu uso em pacientes que apresentam estados excessivamente debilitados, como embriaguez, excesso de fome, sede e sudorese”, orienta Odinê Bechara. Todos os pacientes podem ser beneficiados também com a Laserterapia. “O cirurgião-dentista deve estar habilitado para saber como conduzir a irradiação, desde a explicação prévia ao paciente sobre o tratamento, até possíveis sensações novas que poderão ser experimentadas pelo paciente irradiado. Algumas mínimas restrições são identificadas, mas sempre possíveis de serem contornadas, como, por exemplo, pacientes que estejam tomando certos medicamentos fotossensíveis, que não podem ter sua pele irradiada para prevenir ‘queimaduras’ superficiais. Nesta situação, o cirurgião-dentista habilitado em Laserterapia irá orientar o paciente a suspender o medicamento e, após alguns dias de desintoxicação sistêmica, poderá receber a Laserterapia, se assim for necessário”, explica Rosane Lizarelli. Da mesma forma, qualquer pessoa pode ser tratada com Homeopatia ou Hipnose, desde que seja orientada por um profissional habilitado. “Qualquer paciente pode ser hipnotizado, desde que queira e colabore e, o melhor de tudo, é que não existe contraindicação nenhuma, pois o CD preparado e experiente conduz todos os seus comandos com segurança e conhecimento. Com uma excelente anamnese realizada anteriormente e com a ajuda da Programação Neuro Linguística (PNL) eficiente, não vemos dificuldade nenhuma”, completa Claudio Gargione. A regulamentação das Práticas Integrativas e Complementares estabelece normas para habilitação de profissionais e funcionamento de cursos e, ultimamente, o tema tem sido abordado com frequência nos principais congressos brasileiros (a exemplo do 32º Ciosp, onde foram ministradas palestras e conferências em todos os dias do evento). No entanto, para que suas aplicações façam parte da rotina dos consultórios odontológicos, as terapias complementares ainda terão que enfrentar alguns obstáculos, que vão desde a falta de informação e conhecimento, tanto por parte dos profissionais como dos pacientes, até o tão sonhado e prometido reconhecimento como especialidades odontológicas, que ainda não aconteceu. “Falta de conhecimento pleno na área e experiência clínica são os principais obstáculos que enfrentamos. Infelizmente, muitos colegas julgam a complexidade da terapia pela simplicidade como ela se apresenta, para o Não-Habilitado. Em 20 anos de atuação que possuo na área, a consideração mais frequente que ouço dos meus alunos, após aulas iniciais, é: - Poxa, eu não sabia que também poderia aplicar laser nesta situação. Ou seja, a maioria dos colegas que adquire seus equipamentos lasers simplesmente ligam e começam a aplicar, sem, ao menos, estudarem os manuais desses equipamentos,

ou apenas com a orientação de outros colegas. Dessa forma, além de negligenciarem regras de biossegurança, deixam de utilizar a Laserterapia em toda sua plenitude, o que os leva, em pouco tempo, de uma posição de coadjuvantes a obsoletos, dentro do consultório. Outro agravante diz respeito à carga horária mínima para habilitar um cirurgião-dentista. Pelas regras do CFO são 60 horas, o que é bem pouco. Mas os colegas não querem ‘perder muito tempo’ para aprender a usar os lasers e as empresas querem vender equipamentos. Então, surgiram muitos cursos de capacitação com carga horária inferior (em torno de 16 horas), que obrigam os profissionais mais conscientes a fazerem vários desses cursos, pois em apenas 16 horas é muito difícil que o cirurgião-dentista capacitado se torne seguro e independente o suficiente para a clínica diária.

ADILSON DE FREITAS: CD habilitado em Homeopatia pelo Instituto Homeopático Francóis Lamasson de Ribeirão Preto, desde 1983.

“Quando há a necessidade de uma medicação coadjuvante para a sua complementação, a Homeopatia vem em seu auxílio, aproveitando-se de todos os benefícios que esta terapêutica possui”.


Como não há fiscalização exigindo a habilitação, essa tem sido a realidade atual da Laserterapia no Brasil”, desabafa Lizarelli. Para Odinê Bechara, o primeiro passo para os profissionais que pretendem incluir as terapias complementares em suas atividades diárias é a busca por uma formação adequada. “A Acupuntura não é uma crença e sim uma ciência, que possui conhecimentos milenares e que hoje se mostra aberta ao campo das pesquisas cientificas. Por isso, sua fundamentação não pode ser descaracterizada e sua base filosófica ser ignorada. Como em todos os campos do conhecimento, o profissional não pode parar de estudar, buscando sempre técnicas mais avançadas”, acrescenta. A maioria dos cirurgiões-dentistas já habilitados acredita que somente o reconhecimento das Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal como especialidades será capaz de despertar o interesse de um número cada vez maior de profissionais, promovendo assim o aprimoramento científico nessas áreas, que passariam a fazer parte dos currículos das Faculdades de Odontologia de todo o País. Para eles, o uso dessas terapias já é uma realidade e as previsões para os próximos anos, mesmo que em longo prazo, são otimistas e irreversíveis. “Sou otimista quanto ao crescimento e aceitação das terapias complementares na Odontologia nos próximos anos, tanto por parte dos profissionais e pacientes como também das empresas do setor. Acredito que o conhecimento é a base de tudo. A saúde começa pela boca e a nossa responsabilidade como profissionais é

Aula demonstrativa de Acupuntura no curso de Oclusão, DTM e Dor Orofacial/Dape, na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp-Usp), ministrada pela Dra. Odinê Bechara.

CLAUDIO A. GARGIONE: CD habilitado em Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal na área de Hipnose, pelo CFO, desde 1982.

“Para o atendimento na especialidade de Pacientes com Necessidades Especiais, por exemplo, tornase quase que obrigatório o conhecimento e a aplicação da Hipnose...”. muito grande. Enxergar o paciente como um todo e saber ouvi-lo é um caminho para o sucesso do tratamento. A Acupuntura nos proporciona uma visão mais ampla e real do problema em questão criando alternativas de tratamento com técnicas que envolvem agulhas, moxabustão, magnetoterapia, Hai hua, eletroacupuntura, entre outras”, destaca Odinê Bechara. Para a laserterapeuta Rosane Lizarelli o crescimento de todas as terapias complementares é inevitável neste século. “Não há mais retorno. Não há mais como empregar somente as terapias convencionais e, muito em breve, essa divisão tornar-se-á invisível também na teoria, não apenas na prática, pois o conhecimento dessas modalidades menos ou nada agressivas nos processos biológicos, em escalas nanoscópicas (nível molecular), nos leva a um novo olhar e a uma nova atuação, utilizando instrumentos muito

mais delicados e eficientes, como é a luz com características especiais, dos lasers. Vou além. O termo mais correto e abrangente em uso hoje, é Biofotônica, onde englobamos, não apenas todos os lasers, mas também sistemas de uso clínico com base de LEDs (diodos emissores de luz), promovendo LEDiterapia e também sistemas de LIP (luz intensa pulsada), onde também, empregando luz, podemos biomodular as respostas fisiológicas do sistema estomatognático. Portanto, atualmente, falamos em Reabilitação Biofotônica Orofuncional, onde, utilizando diferentes fontes de luz, associadas ou não a terapias convencionais e/ou biomateriais (fotossenssibilizadores, materiais odontológicos ou dermocosméticos) e também agregada a outras especialidades odontológicas, promove de forma mais eficiente, rápida e com ausência de efeitos deletérios, a recuperação da homeostase da região cabeça e pescoço”, ressalta Lizarelli. “O crescimento das terapias complementares se dará de forma gradativa e sua aceitação é cada dia maior. Tenho certeza de que no futuro a Homeopatia também poderá ser utilizada à distância, por tratar-se de pura energia”, acrescenta o homeopata Adilson de Freitas. “A Hipnose está autorizada a ser aplicada por todos os CDs que tenham conhecimento dessa matéria por um decreto de Lei de 1966, de nº 5081. Com a habilitação, o profissional aprende a aplicá-la com segurança total e, assim, pode atender seus pacientes com segurança, melhor desempenho, rapidez e eficiência, utilizando essa excelente ferramenta de trabalho. Acredito que falta muito pouco para que as terapias complementares se transformem em especialidade, ajudando assim milhões e milhões de pessoas. Por isso, vale lembrar que nos dias 13 e 14 de outubro deste ano será realizada a reunião da Aneo (Assembléia Nacional de Especialidades Odontológicas), onde serão julgados os méritos para as aprovações das novas especialidades”, finaliza Cláudio Gargione. 

Utilização da Laserterapia no tratamento odontológico. www.gutierreodonto.com.br > 11


 Dental Gutierre

Qualidade na expedição de mercadorias é um dos diferenciais da Dental Gutierre

N

uma empresa como a Dental Gutierre a movimentação de mercadorias, desde a sua chegada até a entrega ao devido destino, envolve praticamente todos os seus setores, em especial os departamentos de depósito e armazenamento, separação, expedição e faturamento, exigindo uma organização detalhada em toda a sua estrutura de comunicação, logística e produtividade. Nesse contexto, a distribuição física de produtos representa um desafio logístico constante e requer uma estratégia bem definida, capaz de promover o fluxo eficiente de materiais com o objetivo de atender os requisitos do consumidor final. “A logística e a expedição garantem que os produtos vendidos pela Dental cheguem ao seu destino nas condições adequadas e nos prazos estabelecidos. Para isso, trabalhamos com uma equipe bem preparada e comprometida com as metas e estratégias estabelecidas pela empresa”, esclarece o subgerente operacional da Dental Gutierre, Edgar Marques de Souza, responsável pela logística de distribuição que envolve os setores de depósito, separação e expedição de produtos. Com atendimento tanto no atacado como no varejo, o sistema de distribuição da Dental Gutierre inicia-se no instante em que as mercadorias chegam até a empresa, quando são

“A logística e a expedição garantem que os produtos vendidos pela Dental cheguem ao seu destino nas condições adequadas e nos prazos estabelecidos". 12 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

devidamente conferidas e armazenadas no depósito. “Uma vez conferidos, esses produtos são lançados no sistema dando acesso para que os vendedores efetuem as vendas, tanto no varejo como no atacado. Hoje nós trabalhamos com mais de 15 mil itens e somente a roteirização adequada desses produtos possibilita maior flexibilidade e velocidade de trabalho com menor custo possível, gerando maior competitividade para a empresa. Depois de efetuadas as vendas os pedidos são encaminhados para a separação, onde são coletados através de código de barras, evitando erros e economizando tempo e, em seguida, seguem para a expedição que consiste basicamente na conferência dos pedidos, na preparação de documentos, pesagem e no carregamento dos produtos nos veículos previamente cotados para frete. Para que todo esse processo aconteça de forma sincronizada, a comunicação

Edgar Marques de Souza, responsável pela logística de distribuição da Dental Gutierre.


Transformamos negócios em sorrisos.

O processo de expedição de mercadorias do dia só é finalizado quando o pessoal do Faturamento emite a última nota fiscal (Andreia Ricci e Thiago Lemos).

eficaz entre os departamentos é fundamental, pois hoje nós atendemos, em média, 200 pedidos por dia. Atualmente nossa equipe é formada por 10 profissionais, dois no depósito, cinco na separação e três na expedição, que se reveza em dois turnos para melhor atender nossa clientela. Além disso, contamos com mais dois funcionários do faturamento, pois a expedição do dia só é finalizada depois que o faturamento providencia a última nota fiscal.”, acrescenta Edgar. Atuando em todo o território nacional, a Dental Gutierre mantém ainda um ótimo relacionamento com as empresas transportadoras para garantir a qualidade e o rápido atendimento às necessidades dos seus clientes, independente de sua localização. “Além da negociação para melhores preços o bom relacionamento com as transportadoras garante a qualidade das entregas nos prazos determinados, evitando extravios, danos e desperdícios. Hoje temos grandes parceiras como a Rodonaves, a Jamef, os Correios, Anpa, Braspress, entre outras, que nos atendem prontamente, com o mesmo nível de qualidade que oferecemos aos nossos clientes. Além disso, para cada região do país a Dental Gutierre oferece frete grátis a partir de um valor mínimo por compra”, ressalta Edgar. Instalada numa área total de com 1.800 m² a Dental Gutierre disponibiliza 672 m² para os setores de depósito, separação e expedição, oferecendo um serviço diferenciado a seus clientes, através da integração dos processos logísticos e da tecnologia da informação, fundamentais para se obter a máxima eficiência no gerenciamento e entrega de produtos. 

No setor de separação todos os produtos são coletados através da leitura de código de barras. www.gutierreodonto.com.br > 13


 Dental Gutierre

Transformamos negócios em sorrisos.

Representante da Gutierre visita fábrica da Ultradent nos Estados Unidos O

vendedor Cleber Regis Garcia, da Dental Gutierre, foi escolhido para visitar a fábrica da Ultradent nos Estados Unidos, em Salt Lake City – Utah, onde permaneceu durante sete dias para participar de um treinamento técnico ministrado por funcionários experientes da Ultradent, com foco em produtos e técnica de vendas diferenciais. A parceria entre a Dental Gutierre e a Ultradent tem como objetivo aumentar e qualificar as vendas através da capacitação de colaboradores. Na oportunidade, o representante da Dental também teve

tempo para pesquisar o mercado americano e conferir as novidades em produtos. “Minha missão nesta viagem foi aprender para ajudar a capacitar nossa equipe, visualizar novas oportunidades de vendas para a Dental e fortalecer nossa parceria com a Ultradent que é uma empresa muito bem conceituada no mundo todo. Agora vou montar um treinamento para replicar para toda a equipe de vendas o que aprendi. Também estamos promovendo uma campanha que irá premiar o vendedor que tiver o maior número de vendas em produtos da Ultradent”, completa Cleber. 

Fábrica da Ultradenta em Salt Lake City-Utha - USA.

Gutierre patrocina mais uma edição do Projeto Voluntários do Sertão P

elo segundo ano consecutivo a Dental Gutierre forneceu todos os materiais e insumos para atendimentos odontológicos no Projeto Voluntários do Sertão. A 14ª edição do Projeto aconteceu na cidade de Una-BA e região, entre os dias 26 de abril e 4 de maio, levando saúde e cidadania aos habitantes. Na carreta, com 10 consultórios odontológicos e um laboratório de prótese e também na zona rural, com mais dois consultórios improvisados, foram realizados 1.223 procedimentos em várias especialidades, como periodontia, exodon-

14 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

tia, endodontia, odontopediatria, prótese, reabilitação oral e estética. A exemplo do ano passado, em Anagé-BA, a Gutierre foi patrocinadora oficial do evento para o setor odontológico fornecendo todos os materiais necessários para os atendimentos. “É muito gratificante e emocionante poder contribuir com um projeto desta grandeza, pois os resultados são imediatos e se traduzem em sorrisos”, revela Eduardo Gutierre, diretor da Dental, que pretende continuar apoiando o Projeto nas próximas edições. Este ano o Projeto Voluntários

do Sertão selecionou 270 voluntários de diversas áreas da saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos e cirurgiões-dentistas) que realizaram 30.435 atendimentos durante os cinco dias de mutirão, entre cirurgias de médio e pequeno porte, dispensação de medicamentos, ultrassonografias, exames laboratoriais e procedimentos odontológicos, além de promover palestras educativas sobre saúde,

higiene bucal, cidadania, orientações previdenciárias, distribuição de kits de higiene pessoal, bucal e de multimistura, óculos de grau e brinquedos. Também nesta edição, a informatização permitiu que a Organização cadastrasse todos os procedimentos realizados, obtendo assim o controle e o número preciso de atendimentos em cada uma das especialidades. 


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 Dental Gutierre

Transformamos negócios em sorrisos.

A emoção do esporte para dentro da empresa A

proveitando o clima da Copa do Mundo de Futebol que aconteceu no Brasil entre os dias 12 de junho a 13 de julho, a Dental Gutierre promoveu uma campanha interna de incentivo aos seus colaboradores. A ideia, desenvolvida pelo Marketing e Vendas da empresa, foi colocada em prática em meados de maio. “Quando todos os funcionários já tinham ido para casa depois do expediente o pessoal do Marketing decorou os departamentos com cartazes motivacionais e adesivos com o tema principal: O melhor time do Brasil. O objetivo era atrelar os principais elementos do esporte, como o trabalho em equipe, a garra, concentração, habilidade,

agilidade e fazer gol, com o mundo dos negócios. Para ser O Melhor Time, cada departamento ganhou uma palavra e motivação. Quando o pessoal retornou ao trabalho no dia seguinte encontrou a empresa toda decorada e já em clima de Copa do Mundo. Essa ação só foi possível graças à parceria com a 3M ESPE, que patrocinou também uma campanha promocional para os clientes, distribuindo muitos baldes de pipoca, canecas e tabelas de jogos. A cada vitória do Brasil a torcida só aumentava,” afirmou o diretor Eduardo Gutierre, que também parabenizou o pessoal do Marketing e Vendas da Dental Gutierre pela iniciativa. 

EVENTOS 2014 - PROGRAME-SE  JULHO  ROAD SHOW - FOCO ESTRATÉGICO Data: 31 de julho e 1º de agosto de 2014. Local: Hotel Oasis Tower – Ribeirão Preto-SP.

 SETEMBRO

 AGOSTO  ROAD SHOW - FOCO ESTRATÉGICO Data: 7 e 8 de agosto de 2014. Local: HD Ensinos Odontológicos - Uberlândia-MG.

 ROAD SHOW - FOCO ESTRATÉGICO

Data: 30 e 31 de outubro de 2014. Local: Filial Gnatus - São Paulo-SP.

 CONGRESSO ORTO SPO

(Dental Gutierre - Patrocinador Prata e Expositor) Data: 25 a 27 de setembro de 2014. Local: Expo Center Norte - São Paulo-SP.

16 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

 OUTUBRO  ROAD SHOW - FOCO ESTRATÉGICO (Organização Rafael Calixto e Jorge Eustáquio) Data: 10 e 11 de outubro de 2014. Local: Maceió-AL.

 NOVEMBRO

 CLÍNICA - REABILITAÇÃO ESTÉTICA OCLUSAL

(Prof. Luiz Antônio Felippe). Parceria KULZER Data: 22 de Noevmbro de 2014. Local: Apcd de Araraquara-SP / (16) 3303 8300.


CADERNO

Científico ARTIGOS CIENTÍFICOS | TÉCNICOS | CASOS CLÍNICOS | ARTIGOS DE REVISÃO

ESTÉTICA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR REABILITAÇÃO ORAL PERIODONTIA ORTODONTIA IMPLANTODONTIA ODONTOPEDIATRIA www.gutierreodonto.com.br > 17


 Caderno Científico | Estética

◗◗ EDSON ARAÚJO Especialista, Mestre e Doutor em Dentística Restauradora pela Universidade Federal de São Carlos (UFSC).

Cor e forma: os objetivos da Estética INTRODUÇÃO A supervalorização da estética é uma realidade nos valores do mundo contemporâneo. A busca por uma aparência saudável, jovial, é facilmente constatada pela quantidade de recursos e tratamentos disponibilizados no mercado. Dentro do padrão estético atualmente proposto, a face ocupa um lugar de grande destaque, e nesse contexto, a aparência do sorriso é considerara fundamental. Além da simetria, do equilíbrio, da harmonia e da sutileza, a cor e a forma são os dois principais objetivos e desafios de qualquer tratamento estético proposto. O clareamento dental passou a ser uma das primeiras etapas e um dos principais, ou o principal, objetivo na grande maioria das reabilitações com cerâmicas ou com compósitos. Entre os materiais restauradores disponíveis no mercado para o restabelecimento da forma, essas duas categorias ocupam um lugar de grande destaque, cada qual com suas características

Figura 1a

Figura 1b

próprias, que devem ser sempre respeitadas e exploradas pelo cirurgião-dentista, de acordo com a necessidade ou prioridade de cada situação clínica. Assim, cabe ao profissional discernir corretamente, quando realmente está indicada a utilização de uma cerâmica ou de uma resina composta, para que o mesmo tire o máximo de proveito das características próprias desses dois diferentes materiais, otimizando assim, o resultado final do tratamento.

CASO CLÍNICO O caso clínico a ser demonstrado retrata o tratamento estético de um paciente jovem, que apresentava elementos dentais com uma coloração inadequada e duas restaurações com compósitos esteticamente deficientes (dentes 11 e 21). O tratamento proposto e realizado consistiu no clareamento dental seguido pela substituição de duas restaurações utilizando-se resina composta.  Figura 1c

Por diferentes ângulos e aumentos, aspecto inicial do paciente. Observe a aparência antiestética do sorriso, proporcionada pela coloração amarelada dos dentes e pela presença de restaurações nos elementos 11 e 21, que apresentam deficiências morfológicas (desgaste) e cromáticas (aparência monocromática e perda de brilho). Figura 2a

Figura 2b

Figura 2c

Tomada fotográfica das moldeiras e do gel clareador (Whiteness Perfect 16%, FGM) para a realização do tratamento e vista frontal do paciente após 25 dias de tratamento clareador. Figura 3a

Figura 3b

Vista frontal e oclusal, respectivamente, após a remoção das restaurações deficientes e durante a etapa de seleção da cor. 18 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59


Araújo E

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Isolamento absoluto do campo operatório.

Prova da guia/matriz de silicone.

Aspecto frontal após a confecção do ensaio restaurador para confirmar as cores dos compósitos selecionados. Figura 7b

Figura 7a

Figura 7c

Condicionamento ácido (Condac 37, FGM) e aplicação do adesivo (Ambar, FGM). Figura 8a

Figura 8b

Figura 8c

Inserção do incremento resinoso (Opallis E-Bleach H, FGM) na guia de silicone para a reconstrução da porção referente ao esmalte palatino, correto posicionamento do conjunto guia de silicone/esmalte palatal e fotopolimerização. Figura 9

Vista frontal após a remoção da guia de silicone, observe que o comprimento, largura, desenho/forma da borda incisal e contato proximal, já estão praticamente definidos. Figura 11

Aspecto frontal após a inserção de um incremento (DA3) para a reconstrução do corpo/lóbulos dentinário.

Figura 10a

Figura 10b

Aspecto frontal durante a inserção de um incremento de compósito (Opallis DB3, FGM), para reproduzir o efeito de halo opaco na borda incisal e vista frontal após a reconstrução do efeito de halo opaco.

Figura 12

Figura 13

Vista frontal após a inserção e fotopolimerização do incremento resinoso (T-Blue) para reproduzir o efeito opalescente nas regiões incisais e proximais, respectivamente.

Aspecto frontal após a inserção e fotopolimerização da primeira camada de compósito (E-Bleach H), para a reconstrução inicial do esmalte vestibular.

Figura 14

Figura 15

Por viés e em maior aumento, tomada fotográfica durante a aplicação de um corante branco, para reproduzir sutilmente, manchas hipoplasicas presentes nos dentes adjacentes. Note a utilização de um pincel de ponta afilada para este procedimento.

Após a aplicação e fotopolimerização do corante branco, uma última camada de esmalte é aplicado sobre toda a face vestibular da restauração. Observe nessa etapa, a utilização de um pincel especial para proporcionar a regularização inicial das restaurações. www.gutierreodonto.com.br > 19


 Caderno Científico | Estética Figura 16a

Figura 16b

Fotografias sequenciais durante o alisamento inicial das restaurações por meio de discos de lixa sequenciais (Diamond Pro, FGM). Figura 17a

Figura 17b

Figura 17c

Figuras 17a, 17b, 17c e 17d: Realização de pequenas marcações realizadas com grafite, para definir o correto posicionamento dos sulcos de desenvolvimento/sulcos verticais. Tomadas fotográficas sequenciais durante a realização dos sulcos e lóbulos de desenvolvimento, por meio de uma ponta diamantada extra fina (KG Sorensen) e borrachas abrasivas. Figura 17d

Figura 18a

Figura 18b

Vista sequencial durante o acabamento proximal por meio de tiras de lixa (Epitex). Figura 19a

Figura 19b

Aspecto frontal durante a realização de pequenos detalhes/recontorno da borda incisal das restaurações. Por viés, tomada fotográfica durante a reprodução dos detalhes de texturização (textura horizontal) das restaurações, com uma ponta diamantada extra fina (2135FF KG Sorensen). Figura 20a

Figura 20b

Figura 20c

Em maior aumento, vista frontal após a finalização do tratamento restaurador. Por diferentes ângulos e aumentos, aspecto final do tratamento. Observe o resultado natural e estético obtido. 20 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59


AraĂşjo E

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 Caderno Científico | Disfunção Temporomandibular

◗◗ GABRIELLE HIGA Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ SÉRGIO OLAVO PETENUSCI Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ CÉSAR BATAGLION Departamento de Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ WILSON MATSUMOTO Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ MARCELO PALINKAS Departamento de Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ SIMONE CECILIO HALLAK REGALO Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ SELMA SIÉSSERE Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). ◗◗ TAKAMI HIRONO HOTTA Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). E-mail: takamihotta@forp.usp.br Correspondência: Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP. Avenida do Café s/n, Monte Alegre CEP: 14040-904. Ribeirão Preto-SP Telefone comercial: (16) 3602 4152 Fax: (16) 3602 0277 Agradecimentos Programa de Bolsa de Iniciação Científica Santander (Ref. Proc. Número 2011.1.1197.58.7).

Avaliação do sistema estomatognático e da eficiência mastigatória de indivíduos com necessidade de prótese parcial fixa: estudo preliminar RESUMO Falhas na reposição protética de dentes ausentes rompem o equilíbrio do sistema estomatognático com consequentes alterações nas funções orais como a mastigação. O objetivo desta pesquisa foi analisar, em um grupo de pacientes com perdas dentais, a relação da classificação da eficiência mastigatória com severidade da DTM, estado da oclusão e tempo despendido na mastigação. Grupo de 32 indivíduos com edentulismo parcial foram submetidos ao Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD), Índice de Helkimo e a função mastigatória dos pacientes foi testada com um método utilizando pedaços de côco e um padronizado sistema de tamises. Os resultados do RDC/TMD mostraram que todos os participantes apresentavam algum tipo de disfunção temporomandibular e, pelo Índice de Disfunção de Helkimo, a maioria deles apresentava um grau de severidade moderado. O índice mastigatório mostrou relação direta com o grau da DTM e o número de dentes ocluídos. Os resultados preliminares obtidos indicaram que esses indivíduos, com necessidade de reabilitação oral e que obtiveram índices de eficiência mastigatória classificados em Mau e em Péssimo, apresentaram maior tempo dispensado para a realização do teste de eficiência mastigatório, índices de disfunção mais severos, menor número de dentes presentes e em oclusão, predominância de interferências oclusais em balanceio. Descritores: Prótese parcial fixa, Mastigação, Oclusão dentária.

INTRODUÇÃO A etiologia da disfunção temporomandibular (DTM) apesar de ser um assunto controverso na literatura aparenta uma tendência a ser multifatorial1. Dentre os diversos fatores etiológicos, há polêmicas sobre o papel do fator oclusal, que para alguns pesquisadores é relacionado com a disfunção2,3 enquanto que outros discordam deste ponto de vista justificando não haver evidências científicas quanto à isso4. Como a perda do elemento dental pode vir a 22 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

ocasionar transtornos no posicionamento dos dentes, nas arcadas e entre elas1, e, os efeitos dessa perda podem influenciar nos aspectos funcional, estético, emocional e social do indivíduo5 é importante utilizar-se de recursos motivadores para a reabilitação protética da área desdentada. Deve ser ressaltado que há diversas modalidades de tratamentos reabilitadores que podem reverter essa condição6 promovendo melhoria da condição de saúde bucal do indivíduo, assim como da sua qualidade de vida7. Como a mastigação é uma das funções desenvolvidas pelo sistema estomatognático e o seu desempenho está na dependência da inter-relação adequada de seus componentes anatômicos e fisiológicos8, a condição oclusal pode ser um fator importante a ser considerado na avaliação mastigatória do indivíduo9. A análise da eficiência mastigatória pode ser realizada utilizando-se diversas metodologias e alimentos teste10, 11 em condições clínicas diversas e em diferentes grupos experimentais. Considerando que a perda dental pode promover, dentre outras alterações, redução na eficiência mastigatória e, às vezes, no padrão de mastigação, torna-se relevante a análise desta função em indivíduos com essa condição oral. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar, em um grupo de pacientes com perdas dentais, a relação da classificação da eficiência mastigatória com severidade da DTM, estado da oclusão e tempo dispendido na mastigação.

MATERIAL E MÉTODOS 32 indivíduos com edentulismo parcial, 26 mulheres e 06 homens, entre 32 e 63 anos (48±7,9 anos) foram selecionados sem distinção de idade, raça, gênero, classe social ou religião. Os critérios de inclusão foram presença de espaços protéticos com indicação para prótese parcial fixa de três ou mais elementos, em pelo menos um quadrante da boca, mediante anamnese e exames clínicos. Como critérios de exclusão foram considerados os distúrbios de origem sistêmica ou local que comprometessem o sistema mastigatório como os neurológicos, paralisia cerebral, dentre outros e, os que estivessem em


Higa G / Petenusci SO / Bataglion C / Matsumoto W / Palinkas M / Regalo SCH / Sièssere S / Hotta TH Figura 1

Índices de Eficiência Mastigatória (Ótimo, Bom, Regular, Mau, Péssimo) e respectivos valores médios de Índice de Disfunção (25 pontos). Figura 2

Índices de Eficiência Mastigatória (Ótimo, Bom, Regular, Mau, Péssimo) e respectivos valores médios de Índice de Oclusão.

tratamento que interferissem no estado original da oclusão como tratamento reabilitador protético ou ortodôntico. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (número do processo 2011.1.210.58.0) e os participantes concordaram em participar do mesmo. Todos os participantes foram avaliados quanto à presença de disfunção temporomandibular pelo uso do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD)12, quanto à severidade pelo uso do Índice de Helkimo13,14, quanto à eficiência mastigatória pelo teste de eficiência com alimento teste15 de acordo com o protocolo: tamises com malhas de 5, 4, 3, 2 e 1 mm; 20 gramas de côco em fruta cortado em 4 pedaços; centrífuga, 5 tubos de ensaio graduados, álcool. A sequência experimental foi: Orientar o sujeito a mastigar cada pedaço de côco realizando 50 movimentos mastigatórios, na forma habitual, o tempo decorrido para mastigar cada porção foi cronometrado, e o produto recolhido em um recipiente. Verter as partículas mastigadas sobre as tamises, que devem estar posicionadas da seguinte maneira, a tamis de malha 5 mm sobre a tamis de 4 mm e assim, sucessivamente. Tamisar sob pressão da água. Recolher as partículas nos tubos de ensaio da seguinte maneira: as partículas da tamis de 1 mm no tubo de ensaio A, da tamis de 2 mm no tubo B, da tamis de 3 mm no tubo C, da tamis de 4 mm no tubo D e da tamis de 5 mm no tubo E. Adicionar álcool 96º até 2 cm da borda do tubo de ensaio. Centrifugar durante 5 minutos, numa velocidade de 2000 rpm. Fazer a leitura de cada tubo e aplicar a seguinte fórmula: Índice Mastigatório = 4A + 2B +C / D + E (substituir na fórmula as letras pelos valores respectivos obtidos) A classificação que cada indivíduo recebeu foi de acordo com os índices a seguir: Índice mastigatório superior a 10 = Ótimo; Índice mastigatório de 5,0 a 9,9 = Bom; Índice mastigatório de 2,0 a 4,9 = Regular; Índice mastigatório de 1,0 a 1,9 = Mau; Índice mastigatório inferior a 1,0 = Péssimo.

RESULTADOS

Figura 3

Os resultados laboratoriais e clínicos da eficiência mastigatória, do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/ TMD) e do Índice de Helkimo foram coletados e, considerando o resultado da classificação do índice mastigatório, os demais dados foram tabulados e devidamente inseridos nas Figuras 1, 2, 3, 4 e 5.

DISCUSSÃO

Índices de Eficiência Mastigatória (Ótimo, Bom, Regular, Mau, Péssimo) e porcentagem de indivíduos com os diferentes tipos de interferências oclusais (Balanceio, Trabalho, Protrusão).

Todos os indivíduos foram diagnosticados com DTM pelo Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD)12 e a severidade da disfunção pelo índice de disfunção (Di) que é obtido pela somatória da avaliação da movimentação mandibular, da avaliação da função da articulação temporomandibular (ATM), da dor ao movimento, da dor muscular e da dor na ATM14. Esses parâmetros de avaliação estão relacionados com as atividades funcionais do sistema estomatognático que envolvem a movimentação da mandíbula, como é o caso da mastigação. www.gutierreodonto.com.br > 23


 Caderno Científico | Disfunção Temporomandibular No presente estudo, verificou-se Di médios maiores que 9 pontos o que classificou os indivíduos em Moderada (5 a 9 pontos) e Severa disfunção (até 25 pontos) (Figura 1) e analisando esses valores de Di, dentro de cada classificação de índice de eficiência mastigatória (IEFM), pode-se observar o maior grau de Di estava no grupo de indivíduos com IEFM Péssimo. Considerando a duração do tempo de aplicação do

teste de eficiência mastigatória (Figura 4), encontrou-se que o grupo com IEFM Péssimo dispendeu o maior tempo (351,2 s) para completar o teste. Indivíduos com áreas de desdentamento reabilitadas proteticamente tendem a apresentar uma diminuição no tamanho médio das partículas de alimento teste e aumento na frequência da mastigação. No presente estudo, verificou-se que alguns participantes, pela ausência de dentes

Figura 4

Índice de Eficiência Mastigatória (Ótimo, Bom, Regular, Mau, Péssimo) relacionado com tempo de mastigação (segundos). Figura 5

Higa G / Petenusci SO / Bataglion C / Matsumoto W / Palinkas M / Regalo SCH / Sièssere S / Hotta TH

ou pelo desconforto provocado pela mastigação levaram mais tempo para concluir os 50 ciclos, em cada porção do alimento teste. Os indivíduos com IEFM Péssimo, que dispenderam maior tempo médio de mastigação, também apresentaram maiores porcentagens de interferências oclusais em balanceio e em trabalho (Figura 3), dados compatíveis aos verificados em outro estudo16 em que o grupo com disfunção apresentava maiores médias de tempo de mastigação, de severidade da DTM e interferências oclusais em balanceio e em trabalho. A maior quantidade de tempo dispensada para efetuar a mastigação parece estar relacionada com a severidade da disfunção17, com as interferências oclusais que bloqueiam a livre movimentação mandibular alterando o padrão de mastigação e com o número de dentes, fatores que afetam a performance mastigatória. Vários estudos mostram que a superfície de contato e o número de elementos dentais em oclusão são fatores importantes na realização da mastigação18-20. Neste estudo, o número de unidades funcionais presentes (Figura 5) era menor no grupo com IEFM Péssimo (23,8 dentes) e em oclusão, era menor no grupo com IEFM Mau (12,5) o que é considerado fator relevante na performance mastigatória21, porém, deve-se considerar também que o indivíduo tem a capacidade de adaptação à função evitando alimentos duros, mastigando no lado de maior conforto, no lado de maior quantidade de dentes ocluídos e também alterando o padrão de mastigação e a velocidade, com isso melhorando a eficiência mastigatória, apesar das dificuldades estruturais.

CONCLUSÕES

Índices de Eficiência Mastigatória (Ótimo, Bom, Regular, Mau, Péssimo) e respectivos valores médios de dentes presentes e dentes ocluídos.

Os resultados preliminares obtidos indicaram que esses indivíduos, com necessidade de reabilitação oral e que obtiveram índices de eficiência mastigatória classificados em Mau e em Péssimo, apresentaram maior tempo dispensado para a realização do teste de eficiência mastigatório, índices de disfunção mais severos, menor número de dentes presentes e em oclusão, predominância de interferências oclusais em balanceio. 

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Hotta TH, Nunes LJ, Quatrini AH, Bataglion C, Nonaka T, Bezzon OL. Tooth wear and loss: symptomatological and rehabilitating treatments. Braz Dent J 2000; 11:147-152. 2) Laskin DM, Block S. Diagnosis and treatment of myofascial pain_dysfunction (MPD) syndrome. J Prosthet Dent 1986; 56:75-84. 3) Gesch D, Bernhardt O, Kirbschus A. Association of malocclusion and functional occlusion with temporomandibular disorders (TMD) in adults: a systematic review of population-based studies. Quintessence Int. 2004; 35:211-21. 4) Shiau YY, Chang C. An epidemiological study of temporomandibular disorders in university students of Taiwan. Community Dent Oral Epidemiol 1992; 20:4-7. 5) Hebling E, Pereira AC. Oral health-related quality of life: a critical appraisal of assessment tools used in elderly people. Gerodontology 2007; 24:151-61 6) El-Mowafy OM. Posterior resin-bonded fixed partial denture with a modified retentive design: A clinical report. J Prosthet Dent 1998; 80:9-11. 7) Feine JS, Dufresne E, Boudrias P, Lund JP. Outcome assessment of implant-supported prostheses. J Prosthet Dent 1998; 79: 575-79. 8) Borges Tde F, Regalo SC, Taba M Jr, Siéssere S, Mestriner W Jr, Semprini M. Changes in masticatory performance and quality of life in individuals with chronic periodontitis. J Periodontol 2013; 84:325-31. 9) Deniz DA, Kulak Ozkan Y.The influence of occlusion on masticatory performance and satisfaction in complete denture wearers. J Oral Rehabil 2013; 40:91-8. 10) Gavião MBD, Raymundo VG, Rentes AM. Masticatory performance and bite force in children with primary dentition. Braz Oral Res 2007; 21:146-52. 11) Molenaar WN, Gezelle Meerburg PJ, Luraschi J, Whittle T, Schimmel M, Lobbezoo F, Peck CC, Murray GM, et al. The effect of food bolus location on jaw movement smoothness and masticatory efficiency. J Oral Rehabil 2012; 39:639-47. 12) Dworkin SF, Leresche L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review criteria, examinations, and specification critique. J Craniomandib Disord Facial Pain 1992; 6: 301-55. 13) Camargo APPL, Hotta TH, Mazzetto MO, Cardoso CL, Rodrigues TP. Application of the Helkimo Index and the symptoms of Stress Inventory in patients with temporomandibular disorders: a research report. Stoma (Lisboa) 2004; 70:32-9. 14) Helkimo M. Studies on function and dysfunction of the masticatory system. II. Index for anamnestic and clinical dysfunction and occlusal state. Swed Dent J 1974; 67:101-21. 15) Witter DJ, Woda A, Bronkhorst EM, Creugers NH. Clinical interpretation of a masticatory normative indicator analysis of masticatory function in subjects with different occlusal and prosthodontic status. J Dent 2013; 41:443-48. 16) Felício CM, Melchior MO, Silva MAMR, Celeghini, RMS. Masticatory performance in adults related to temporomandibular disorder and dental occlusion. Pró-Fono 2007; 19:151-58. 17) Felício CM, Mazzetto MO, dos Santos CPA. Masticatory behavior in individuals with temporomandibular disorders. Minerva Stomatol 2002; 51: 111-20. 18) Fontijn-Tekamp FA, van der Bilt A, Abbink JH, Bosman F. Swallowing threshold and masticatory performance in dentate adults. Physiol Behav. 2004; 432:431-36. 19) Magalhães IB, Pereira LJ, Marques LS, Gameiro GH. Influence of malocclusion on masticatory performance – a systematic review. Angle Orthod 2010; 80:981-87. 20) Okamoto N, Tomioka K, Saeki K, Iwamoto J, Morikawa M, Harano A, Kurumatani N. Relationship between Swallowing Problems and Tooth Loss in community-Dwelling Independent Elderly Adults: The Fujiwara-Kyo Study. J Am Geriatr Soc 2012; 60:840-53. 21) Hatch JP, Shinkai RSA, Sakai S, Rugh, JD, Paunovich ED. Determinants of masticatory performance in dentate adults. Arch Oral Biol 2001; 46:641-48. 24 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59


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 Caderno Científico | Reabilitação Oral

◗◗ LEONARDO G. FACIOLI CROSP 73604. CD graduado pela Universidade de Ribeirão Preto-SP (Unaerp). Periodontista e Habilitação em Implantodontia pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto (Aorp). Curso de Cirurgia Avançada de Implantes Osteointegrados com o Prof. Dr. Waldir A. Janson pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (Apcd) Regional de Franca-SP. E-mail: lgfacioli@hotmail.com ◗◗ DOMINGOS F. FACIOLI JÚNIOR CROSP 80350. CD graduado pela Universidade Paulista (Unip). MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). ◗◗ DOMINGOS F. FACIOLI CROSP 727. TPD responsável pelo laboratório Domingos F. Facioli.

A arte sob medida INTRODUÇÃO Arte é um termo que vem do latim que significa técnica / habilidade. A arte é uma criação humana com valores estéticos, como beleza, equilíbrio e harmonia, que representa um conjunto de procedimentos utilizados para realizarmos obras. A reabilitação oral é sempre uma complexa relação de planejamento e execução, onde as fotos, modelos e as radiografias são as principais peças do planejamento. Neste contexto, as ferramentas do mundo atual giram em cinco eixos (Centro de Usinagem Ceramill Motion 2 - Amanngirrbach) e maquinas que fotografam milhares de vezes e criam um modelo virtual (Scanner Odontológico 710 – 3 Shape) para fresarmos em poucas horas uma arte sob medida (Figuras 17, 18).

CASO CLÍNICO O paciente do sexo masculino, 67 anos, ex-fumante apresentou-se com ponte fixa metalocerâmica nas regiões anteriores e prótese removível flexível bilateral, superior e inferior. Juntos decidimos iniciar os implantes pelas regiões edêntulas, mantendo as próteses fixas anteriores em posição, ajudando como guia oclusal e não traumatizando psicologicamente o paciente com a extração total dos dentes remanescentes (Figuras 1 a 4). O caso foi planejado e executado em quatro fases (Figuras 4 a 18): Fase I) Cirurgia de implantes (Cone Morse: Alvim, Drive, WS e Titamax - Neodent) na região bilateral posterior de mandíbula e provisórios em acrilico com reforço metálico fundido (Figura 5). Fase II) Cirurgia guiada na maxila posterior bilateral.(Tomografia-DVI Radiologia Odontológica, Guia Cirúrgica – Compass 3D) e implantes (Cone Morse: EX, WS - Neodent) (Figuras 4, 5 e 6). Fase III) Extrações dos dentes remanescentes na maxila e implantes imediatos (Cone Morse: Drive, EX) na região dos incisivos laterais, carga imediata e prótese tipo protocolo em resina acrílica (Figuras 7, 8, 9, 10, 11 e 12). Fase IV) Extrações dos dentes remanescen-

Figura 1

26 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

Figura 2

tes na mandíbula e implantes imediatos (Cone Morse: Drive), na região dos incisivos laterais, carga imediata e prótese tipo protocolo em resina acrílica (Figuras 13, 14 e 15 - 10, 11 e 12). As próteses fixas das regiões anteriores superiores e inferiores serviram como modelo guia para o enceramento de diagnóstico sendo reproduzido em modelos de gesso (Alginato e gesso presa rápida - Cavex) para o escaneamento e fresagem das próteses provisórias em bloco de resina acrílica ultrarresistente (Bloco de PMNA circular - Vipi) (Figuras 16, 17, 18).

CONSIDERAÇÕES FINAIS As próteses protocolos "provisórias" foram planejadas, escaneadas e fresadas com as ferramentas da mais alta tecnologia protética dental em curto tempo de trabalho com a mais precisa adaptação passiva. O trabalho final será fresado em zircônia com coroas em cerâmica, interfaces em titânio para a conexão com os pilares protéticos. O uso deste tipo de resina acrílica (Bloco de PMNA circular - Vipi) apresenta um tempo de trabalho curto com altíssima resistência, estética e leveza inigualável comparadas com as clássicas próteses protocolos com infraestrutura metálica e dentes de estoque (Figuras 10, 11 e 12). 

Figura 3


Facioli LG / Facioli Jr. DF / Facioli DF Figura 5

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Figura 13

Figura 14

Figura 15

Figura 16

Figura 17

Figura 18

Figura 4

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 Caderno Científico | Periodontia

◗◗ RODRIGO CARLOS NAHAS DE CASTRO PINTO Mestre e Doutorando em Periodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Fousp). Coordenador do Curso de Implantodontia e Plástica Periodontal da Escola Superior de Odontologia (Eso-SP). Coordenador do Curso de Especialização em Periodontia do Senac de São Paulo. E-mail: rodrigocnahas@yahoo.com.br ◗◗ ALLISSON REBELLO Mestre em Periodontia pela Universidade de Guarulhos. Coordenador do Curso de Implantodontia da Escola Superior de Odontologia (Eso-SP). ◗◗ MARIANA S. R. ZANGRANDO Professora Doutora da Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (Fob-Usp). ◗◗ LUIS MARCELO M. CALDERERO Mestrando pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Fousp). ◗◗ JULIANA FELCA QUEIROZ DE SANTANA Aluna do Curso de Implantodontia da Escola Superior de Odontologia (Eso-SP). ◗◗ RITA GARCIA Aluna do Curso de Implantodontia da Escola Superior de Odontologia (Eso-SP). ◗◗ LUCIANA DE SOUZA Especialista em Periodontia pela ABO Santos-SP. ◗◗ GIUSEPPE ALEXANDRE ROMITO Professor Titular da Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Fousp).

Preservação do rebordo alveolar associado ao aumento de espessura gengival após a exodontia INTRODUÇÃO O processo alveolar compreende um conjunto de tecidos dento-dependentes que se desenvolve durante a erupção dentária. Seu volume e forma são determinados pelo eixo de erupção, forma e inclinação do dente1. Por este motivo, a extração de qualquer dente é frequentemente acompanhada de remodelação óssea e alterações no rebordo alveolar remanescente. Este processo é caracterizado por alterações que levam à formação de osso no interior do alvéolo e perda nas dimensões do rebordo em altura e largura2. A maior reabsorção do osso em volume ocorre nos três primeiros meses de cicatrização sendo observada em até 12 meses após a extração dentária. Esta condição promove a redução aproximada de 50% na dimensão vestíbulo/lingual do rebordo alveolar, principalmente em função da perda da tábua óssea vestibular3. O rebordo alveolar reduz em média 3,8 mm no sentido horizontal e 1,24 mm no sentido vertical, seis meses após a extração dentária4. Estas alterações anatômicas e fisiológicas dos tecidos moles e duros podem afetar os resultados funcionais e estéticos nos tratamentos para reabilitação de um dente perdido, além de limitar a quantidade óssea para a instalação de implantes5. Desta forma, procedimentos cirúrgicos de preservação de rebordo alveolar e/ou aumento de espessura gengival são indicados para minimizar a contração do alvéolo e as sequelas no rebordo alveolar provenientes da perda dentária6. Estes procedimentos podem ser utilizados de forma isolada ou combinada à biomateriais e enxertos de tecido mole e associados ou não à instalação imediata de implantes. Têm como objetivos a manutenção dos tecidos moles e duros e preservação do volume do rebordo para otimizar os resultados funcionais e estéticos7. O objetivo deste artigo é descrever uma técnica cirúrgica para preservar a arquitetura do rebordo alveolar e aumentar a espessura do tecido gengival após a extração dentária.

CASO CLÍNICO Paciente do gênero feminino, 55 anos de idade, não fumante, ausência de doenças sistêmicas e de medicação de rotina, apresentou-se com a queixa principal relacionada à dor, edema gengival e mobilidade do dente 14. O exame clínico e radiográfico revelou a presença de cárie radicular e fratura longitudinal do remanescente envolvido associado à ausência de reabsorção 28 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

óssea ao redor da raiz (Figuras 1 e 2). O plano de tratamento proposto para a paciente foi a exodontia minimamente invasiva do dente seguida de instalação imediata do implante (Alvim Cone Morse Drive Neodent®). Foi utilizado, concomitantemente, enxerto ósseo liofilizado de origem bovina (Bio-Oss®) para o preenchimento da lacuna (gap) remanescente entre o implante instalado e a tábua óssea vestibular e enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (ETCS) sobre a cortical óssea vestibular com objetivo de aumentar a espessura do tecido mole e minimizar a sua contração. Com a finalidade de manter o perfil de emergência do tecido mole, imediatamente foi realizada a instalação de coroa provisória sobre o implante. A associação desses procedimentos permitiu aumentar a espessura do tecido gengival e minimizar a contração dos tecidos duros e moles ao redor do dente extraído e, consequentemente, melhorar os resultados clínicos, funcionais e estéticos. Durante o tratamento foi realizada a remoção da coroa metalo-cerâmica e do núcleo metálico para a confirmação do diagnóstico de fratura. Após a realização da assepsia intra e extrabucal, a área cirúrgica foi anestesiada. Com uma lâmina de bisturi 15C foram realizadas incisões intrasulculares no tecido gengival ao redor do dente para remover a inserção das fibras gengivais. A exodontia minimamente invasiva foi realizada com periótomos delicados, de espessuras variadas e com auxílio de um dispositivo de extração vertical. Essas manobras mantiveram a arquitetura dos tecidos moles e duros ao redor do dente e produziram mínimo trauma (Figuras 3 e 4). Não foi realizado o retalho vestibular para minimizar o trauma cirúrgico aos tecidos moles e duros. Após a inspeção das paredes ósseas do alvéolo deu-se início ao preparo do alvéolo cirúrgico e instalação do implante (Alvim Cone Morse Drive Neodent 3,5 X 11,5 mm). O implante foi instalado com um torque acima de 45N e 5 mm abaixo da margem gengival. A avaliação do espaço entre o implante e a tábua óssea vestibular (gap) foi realizada para verificar a possibilidade de enxertia óssea (Figuras 5 e 6). Para a provisionalização foi selecionado o pilar CM de 1,5 mm de transmucoso a ser instalado sobre o implante e um cilindro de titânio para ser cimentado no interior da coroa provisória (Figuras 7 e 8).


Pinto RCNC / Rebello A / Zangrando MSR / Calderero LMM / Santana JFQ / Garcia R / Souza L / Romito GA

Aspecto inicial do dente 14 na estética do sorriso.

Observar o edema gengival e o contorno satisfatório dos tecidos moles ao redor do dente envolvido.

Fixação do parafuso no interior do conduto radicular para a utilização do dispositivo de extração vertical.

Posição 3D do implante satisfatória.

Pilar CM instalado e torqueado sobre o implante.

Cilindro de titânio preparado e adaptado sobre o pilar CM.

Visualização do ETCS que será acomodado entre o tecido gengival e a cortical óssea vestibular do rebordo alveolar.

Preenchimento do GAP com o enxerto liofilizado de origem bovina (Bio-Oss®). Figura 12

Figura 11

Figura 10

Avaliação do GAP entre o implante e a parede óssea vestibular. Espaço suficiente para a enxertia óssea. Figura 9

Figura 8

Figura 7

Visualização do remanescente radicular cariado e confirmação da fratura radicular. Figura 6

Figura 5

Figura 4

Figura 13

Figura 3

Figura 2

Figura 1

Sutura de estabilização para acomodação e fixação do enxerto. Figura 14

Observar o aumento de espessura de tecido mole proporcionado pelo ETCS imediatamente após o término da cirurgia. Preservação da arquitetura do rebordo alveolar.

Figura 15

Manutenção da arquitetura do rebordo alveolar do dente 14 (vestibular e interproximal) com o acompanhamento de um mês. www.gutierreodonto.com.br > 29


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Figura 16

Vista lateral do aumento em espessura do tecido gengival vestibular.

Figura 18

Figura 17

Manutenção de arquitetura gengival do dente 14 (vestibular e interproximal) com o acompanhamento de 8 meses. Figura 19

Aumento em espessura do tecido gengival vestibular proporcionando um aspecto clínico, funcional e estético satisfatório e compatível com a saúde periimplantar.

Aspecto radiográfico final com acompanhamento de 8 meses

O preenchimento do gap foi realizado com um enxerto liofilizado de origem bovina (Bio-Oss®). Associado à esse procedimento foi realizado o ETCS (Figuras 9 e 10). O ETCS foi removido da região do palato (mesial do primeiro molar a distal do canino) pela técnica da incisão única com o intuito de coletar a maior espessura possível de tecido conjuntivo. Com o auxílio de instrumentos delicados para tunelização foi criado um espaço entre o tecido mole e a parede óssea vestibular para acomodação do enxerto. A sutura de estabilização foi realizada com fio de sutura nylon 5-0 (Ethicon®) para acomodação e fixação do enxerto sobre o rebordo do dente 14 (Figuras 11 e 12). Concomitante a realização do procedimento cirúrgico foi confeccionada uma coroa provisória de resina acrílica respeitando o perfil de emergência do tecido mole. O cilindro de titânio foi cimentado no interior da coroa que foi polida com taças de borrachas e feltros. O conjunto coroa/cilindro de titânio foi instalado sobre o pilar cone morse previamente torqueado (Figuras 13 e 14). Como medicação pós-operatória, a paciente recebeu Amoxicilina 500 mg de 8/8h por um período de sete dias; Nimesulida 100mg de 12/12h por um período de cinco dias. Foi instruída a fazer bochechos delicados com gluconato de clorexidina 0,12%, duas vezes ao dia durante três semanas. Durante este período foi orientada a não escovar o dente tratado. A sutura foi removida após 15 dias e não foi relatada nenhuma intercorrência durante o período de cicatriza-

ção. O acompanhamento se deu no período de 30 dias (Figuras 15 e 16), 2, 3, 6 e 8 meses após a cirurgia (Figuras 17 e 18). Após este período foi observado o aumento em espessura do tecido gengival vestibular e a manutenção da arquitetura do rebordo alveolar do dente 14 (vestibular e interproximal). Essas características proporcionaram um aspecto funcional e estético satisfatório e compatível com a saúde periimplantar. A radiografia tomada aos 8 meses de acompanhamento refletiu os resultados clínicos obtidos (Figura 19). Observamos a presença e manutenção da crista óssea interproximal, importante para a manutenção da papila e estética periimplantar.

30 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

DISCUSSÃO No caso descrito foi demonstrada uma técnica cirúrgica para preservar a arquitetura do rebordo alveolar e aumentar a espessura do tecido gengival após a extração dentária. As técnicas de aumento de espessura do tecido gengival e preservação de rebordo têm sido propostas com o objetivo de minimizar perdas dimensionais dos tecidos moles e duros após a extração de um dente. Conceitualmente, as técnicas de preservação visam manter o perfil do rebordo alveolar e as técnicas de aumento buscam uma melhora dimensional do tecido ósseo e/ou gengival5. A abertura ou não do retalho vestibular de espessura total é importante para minimizar o trauma cirúrgico aos tecidos moles e duros. A elevação do retalho de espessura total parece não preservar o perfil do rebordo alveolar e o

efeito das técnicas de preservação é prejudicado. Manter o periósteo em posição, sem elevação do retalho, parece minimizar a reabsorção do rebordo alveolar8,9. Por outro lado, após a extração dentária, a dimensão do rebordo alveolar é reduzida significantemente, porém, a abertura ou não do retalho de espessura total parece não influenciar o resultado desse processo no longo prazo10. Em nosso caso clínico, optamos por realizar uma abordagem cirúrgica sem a elevação do retalho vestibular para minimizar a reabsorção da tábua óssea externa e otimizar o resultado clínico, estético e funcional. Foi demonstrado na literatura que, independente do tipo de retalho vestibular utilizado para a abordagem cirúrgica inicial, este deve ser realizado de forma menos invasiva para não influenciar no processo de reparação no interior do alvéolo10. Após a extração dentária, algumas decisões deverão ser tomadas, tais como: a instalação ou não do implante imediato, a utilização ou não de um biomaterial para preenchimento do interior do alvéolo e o aumento ou não da espessura do tecido gengival vestibular. A instalação imediata de implantes resulta num menor tempo de tratamento. Porém pode apresentar algumas desvantagens como a dependência da estabilidade primária do implante4 e o maior risco de infecção11. Além disso, a perda óssea biológica pós-extração pode comprometer os resultados estéticos do tratamento4. Quando instalados em áreas de pré-molares com baixa importância estética e anatomia favorável, o implante imediato é indicado5. Em nosso caso, optamos pela instalação do implante imediato na região do dente 14 devido ao baixo comprometimento estético e a anatomia favorável da região. A macroestrutura do implante permitiu sua estabilização primária acima de 45N e as características do encaixe protético do tipo “cone morse” parecem minimizar a reabsorção da crista óssea interproximal, importante para a manutenção da estética papilar12. A tomada radiográfica periapical realizada oito meses após a cirurgia demonstrou a manutenção da crista óssea interproximal, o que foi fundamental para o resultado estético obtido. Existe divergência na literatura em relação às técnicas de preservação de rebordo e instalação imediata de implantes. No entanto, alguns estudos clínicos que avaliaram esta técnica demonstraram resultados favoráveis quando combinados à instalação de implantes imediatos13,14. O uso de enxerto ósseo autógeno tem sido considerado o padrão ouro em cirurgia reconstrutiva, porém as informações a respeito da prevenção ou minimização da contração do alvéolo após a perda dentária são limitadas. Estudos em animais demonstraram que fragmentos de osso autógeno extraídos da parede óssea vestibular e inseridos no alvéolo fresco não estimularam ou retardaram a neoformação óssea e, portanto, não interferiram no processo de reabsorção do rebordo15. Durante a fase inflamatória inicial da cicatrização do alvéolo, este enxerto parece ficar exposto à ação da atividade osteoclástica15. Em nosso estudo, optamos pelo preenchimento


Pinto RCNC / Rebello A / Zangrando MSR / Calderero LMM / Santana JFQ / Garcia R / Souza L / Romito GA

do gap com um biomaterial de origem bovina (Bio-Oss®). O preenchimento do espaço formado entre o implante e a parede vestibular do alvéolo é importante para minimizar a contração desta parede no período de cicatrização. A aplicação de biomateriais ósseos regenerativos foi utilizada para manter as dimensões anatômicas do rebordo alveolar após extração dentária, demonstrando níveis de sucesso variados16. Quando avaliados substitutos ósseos sintéticos (Straumann Bone Ceramic) e bovinos liofilizados (Bio-Oss®), estes preservaram parcialmente a largura e a altura da crista óssea interproximal do rebordo alveolar17. Radiograficamente, observaram uma pequena diminuição do osso interproximal aos quatro e oito meses em ambos os grupos após o procedimento cirúrgico18. No nosso caso, observamos aos oito meses, um resultado favorável tanto funcional como estético após a utilização do Bio-Oss®. Quando utilizado este biomaterial para o preenchimento dos gaps vestibulares em implantes imediatos reduziu-se significativamente a reabsorção de osso alveolar vestibular19. Após uma revisão sistemática avaliando todos os diferentes materiais utilizados para o preenchimento do alvéolo após a exodontia, foi observado que não houve diferença significante entre eles, exceto quando utilizado o plug de colágeno sozinho, que demonstrou resultados negativos5. A importância dos tecidos moles torna-se fundamental quando avaliamos a interface entre o tecido gengival e a reabilitação protética5. A perda de tecido mole associada à perda de tecido duro ocorre principalmente na superfície vestibular do rebordo, no sentido horizontal. Esta perda possui um significado importante em áreas estéticas onde a perda em espessura

de ambos os tecidos pode ter um impacto clínico negativo20. O aumento da parede vestibular pode ser realizado por meio da colocação de enxerto ósseo particulado sobreposto à parede vestibular proporcionando o aumento do contorno dos tecidos moles21. No caso descrito, como não havia perda óssea na parede vestibular, optamos por tunelizar um ETCS para aumentar o contorno vestibular do tecido gengival, produzindo resultado estético e funcional satisfatórios da área operada. A literatura demonstra resultados favoráveis quando utilizado o ETCS para o aumento da espessura tecidual22. Diante das diversidades dos estudos, tanto as técnicas cirúrgicas quanto os biomateriais disponíveis necessitam ser avaliados para suas comprovações científicas, o que deve ser alcançado por meio de ensaios clínicos randomizados que avaliem seus resultados no longo prazo. Até o momento, os procedimentos de manutenção de rebordo alveolar parecem demonstrar resultados de acordo com a técnica cirúrgica eleita e à experiência do operador14.

CONCLUSÕES O procedimento cirúrgico ideal para a preservação de rebordo ainda não foi indicado pela literatura, assim como o biomaterial perfeito para o preenchimento do alvéolo. No caso descrito, a combinação do procedimento minimamente invasivo para a exodontia do elemento dental perdido, a instalação imediata do implante, o preenchimento do gap com osso liofilizado (Bio-Oss®) e a fixação do ETCS na parede vestibular do osso alveolar proporcionaram resultados estéticos e funcionais satisfatórios na preservação e aumento do tecido gengival vestibular após a exodontia. 

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) SCHROEDER, H.E. The periodontium. Berlin Heidelberg: Springer-Verlag, 1986. 2) DARBY, I.; CHEN, S.; DE POI, R. Ridge preservation: What is it and when should it be considered. Aust Dent J 2008; 53: 11-21. 3) ARAÚJO, M.G.; LINDHE, J. Dimensional ridge alterations following tooth extraction. An experimental study in dog. J Clin Periodontol 2005; 32: 212-218. 4) LANG, N.P.; PUN, L.; LAU, K.Y.; LI, K.Y.; WONG, M.C . A systematic review on survival and success rates of implants placed immediately into fresh extraction sockets after at least 1 year. Clin Oral Implants Res 2012; 23: 39-66. 5) HÄMMERLE, C.H.F.; ARAÚJO, M.G.; SIMION, M. Evidence-based knowledge on the biology and treatment of extraction sockets. Clin.Oral Impl. Res 2012; 23: 80-82. 6) TEN HEGGELER, J. M. A. G.; SLOT, D.E.; VAN DER WEIJDEN, G.A. Effect of socket preservation therapies following tooth extraction in non-molar regions in humans: a systematic review. Clin. Oral Impl. Res 2011; 22: 779–788. 7) VAN DER WEIJDEN, F.; DELL’ACQUA, F.; SLOT, D.E. Alveolar bone dimensional changes of post-extraction sockets in humans :a systematic review. J. Clin Periodontol 2009; 36: 1048–1058. 8) FICKL, S.; ZUHR, O.; WACHTEL, H.; BOLZ, W.; HUERZELER. M.Tissue alterations after tooth extraction with or without surgical trauma: a volumetric study in the beagle dog. J Clin Periodontol 2008; 35: 356-363. 9) FICKL, S.; ZUHR, O.; WACHTEL, H.; KEBSCHULL, M.; HÜRZELER, M. B. Hard tissue alterations after socket preservation with additional buccal overbuilding: a study in the beagle dog. J Clin Periodontol 2009; 36: 898-904. 10) ARAÚJO, M.G.; LINDHE, J. Ridge alterations following tooth extraction with and without flap elevation: an experimental study in the dog. Clin. Oral Impl. Res 2009; 20: 545-549. 11) SANZ, I.; GARCIA-GARGALLO, M.; HERRERA, D.; MARTIN, C.; FIGUERO, E.; SANZ, M. Surgical protocols for early implant placement in post-extraction sockets. A systematic review. Clin. Oral Impl. Res 2012; 23: 67–79. 12) CASTRO-PINTO RCN; COLOMBINI BL; ISHIKIRIAMA SK;CHAMBRONE L; PUSTIGLIONI FE; ROMITO GA. The subepithelial connective tissue pedicle graft combined with the coronally advanced flap for restoring missing papilla: A report of two cases. Quintessence Int 2010; 41: 41-48. 13) CHEN, S.T.; WILSON, T.G. JR.; HAMMERLE, C.H. Immediate or early placement of implants following tooth extraction: review of biologic basis, clinical procedures, and outcomes. Int. J. Oral Maxillofac. Implants 2004; 19: 12–25. 14) AGHALOO TL, MOY PK. Which hard tissue augmentation techniques are the most successful in furnishing bony support for implant placement? Int J Oral Maxillofac Implants 2007; 22 Suppl: 49-70. 15) ARAÚJO, M. G.; LINDHE, J. Socket grafting with the use of autologous bone: an experimental study in the dog. Clin Oral Impl Res 2011; 22: 9-13. 16) VIGNOLETTI, F.; MATESANZ, P.; RODRIGO, D.; FIGUERO, E.; MARTINS, C.; SANZ, M. Surgical protocols for ridge preservation after tooth extraction. A systematic review. Clin Oral Impl Res 2012; 23: 22-38. 17) MARDAS, N.; CHADHA, V.; DONOS, N. Alveolar ridge preservation with guided bone regeneration and a synthetic bone substitute or a bovine-derived xenograft: a randomized, contolled clinical trial. Clin Oral Impl Res 2010; 21: 688-698. 18) MARDAS, N.; D’AIUTO, F.; MEZZOMO, L.; ARZOUMANIDI, M.; DONOS, N. Radiographic alveolar bone changes following ridge preservation with two different biomaterials. Clin Oral Impl Res 2011; 22: 416–423. 19) CHEN, S.T ; DARBY IB; REYNOLDS EC. A prospective clinical study of non-submerged immediate implants: clinical outcomes and esthetic results. Clin Oral Implants Res 2007; 18: 552-562. 20) IASELLA, J. M.; GREENWELL, H.; MILLER, R.L.; HILL, M.; DRISKO, C.; BOHRA, A.A.; SCHEETZ, J.P. Ridge preservation with freeze-dried bone allograft and a collagen membrane compared to extraction alone for implant site development: a clinical and histologic study in humans. J Periodontol 2003; 74: 990–999. 21) CAIAZZO, A.; BRUGNAMI, F.; MEHRA, P. Buccal plate augmention: a new alternative to socket preservation. J Oral Maxillof Surg 2010; 68: 2503-2506. 22) CASTRO-PINTO RCN; FERREIRA LA. Utilização de cirurgia plástica periodontal para conversão de biotipo periodontal em dentes escurecidos. Revista Dicas 2012; 1: 32-37.

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 Caderno Científico | Ortodontia

◗◗ EDUARDO MENDES GOTARDO Especialista em Ortodontia e em Ortodontia Funcional dos Maxilares. Curso de Ortodontia pela Universidade de Michigan-USA. Professor responsável pelos cursos de Aperfeiçoamento, Atualização e Especialização em Ortodontia no Centro de Estudos Ortogotardo de Sertãozinho-SP e Ribeirão Preto-SP. E-mail: dugotardo@hotmail.com ◗◗ PAULO HENRIQUE BARBOSA STOPA Mestre em Ortodontia. Especialista em Ortodontia pelo Conselho Federal de Ortodontia (CFO). Professor nos cursos de Aperfeiçoamento e Especialização do Centro de Estudos Ortogotardo de Sertãozinho-SP e Ribeirão Preto-SP. E-mail: stopapaulo@gmail.com ◗◗ DANILO DE CARVALHO Especialista em Ortodontia pelo Centro de Estudos Ortogotardo de Ribeirão Preto-SP e professor nos cursos de Aperfeiçoamento e Especialização do Centro de Estudos Ortogotardo de Sertãozinho-SP e Ribeirão Preto-SP.

Novos rumos para a Ortodontia RESUMO No aspecto de evolução odontológica, a Ortodontia, assim como as outras especialidades, tem proporcionado tanto ao ortodontista quanto ao seu paciente uma gama de acessórios, materiais e instrumentais que conduziram para uma satisfação de ambas as partes. Ocasionando, uma melhora significativa na relação custo/benefício e tempo para a correção das más oclusões, proporcionando assim, um aumento no conforto para paciente com discrição e estética relevantes. Tem-se o propósito, com este artigo, poder apresentar alguns destes materiais que são utilizados na prática clínica diária.

INTRODUÇÃO A Ortodontia é resultado de anos de estudo, pesquisa, experimentos, acertos e erros de clínicos e pesquisadores que, com seu esforço, idealizaram, criaram, modificaram artifícios e maneiras de conduzir os dentes a posições mais adequadas funcionalmente e agradáveis esteticamente. O ponto inicial para a elaboração de um conceito antigo de se fazer Ortodontia e que perdura até hoje (um fio retangular preenchendo total ou parcialmente o interior também retangular de um bráquete), partiu de Edward Hartley Angle por volta de 1925. Desde então, baseadas no mesmo princípio, modificações foram sendo feitas por outros estudiosos com o objetivo de sobrepujar as limitações inerentes do sistema. No panorama atual, o clínico se depara com diferenciadas filosofias, ou maneiras de abordar o planejamento do tratamento, com diversas opções mecânicas para a realização de determinados movimentos dentários, e com uma variada quantidade de modelos de bráquetes e de prescrições para o posicionamento dentário, havendo hoje a possibilidade de se poder optar por um tipo ou outro de aparelho a ser aplicado no caso, dependendo das suas necessidades1.

Sistemas autoligáveis Figura 1a

Figura 1b

A - Bráquete convencional, necessita de borrachinhas para prender o fio. B - Bráquete autoligável, dispensa o uso de borrachinhas. 32 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

A técnica de bráquetes convencionais originou-se no final do século XIX, quando Edward Angle criou a filosofia conhecida como Edgewise. Filosofia esta que perdura até os dias de hoje baseada na igualdade de todos os bráquetes2. O sistema autoligável é a tecnologia mais moderna hoje para tratamentos ortodônticos fixos. Este tipo de aparelho ortodôntico, conta com um mínimo atrito3 entre o bráquete e o arco, podendo assim utilizar forças levíssimas sobre os dentes, as quais são facilitadas com o uso de fios de alta flexibilidade proporcionando aumentando no conforto e diminuindo consideravelmente o tempo de tratamento durante o alinhamento e nivelamento dos dentes em relação aos tratamentos convencionais4. A tendência em se fazer o tratamento ortodôn-

tico com um menor número de atendimentos, ou seja, ter períodos mais longos entre uma consulta e outra, em média, a cada 45 a 60 dias, é uma realidade em países da Europa e nos Estados Unidos. A diminuição do tempo de cadeira gera benefícios tanto ao ortodontista, que otimiza o seu tempo clínico, quanto ao paciente, que se sente mais confortável com um menor número de consultas5 (Figuras 1a e 1b). Estudos recentes demonstram que a utilização de bráquetes autoligados proporciona uma redução significativa do atrito quando comparado aos bráquetes convencionais. Isso facilita a mecânica de deslizamento, utilizada para fechamento de espaços, principalmente em casos de extrações dentárias6 (Figuras 2a, 2b e 2c). Além disto, estas são as principais vantagens do aparelho autoligável em comparação ao aparelho convencional: 1) O aparelho convencional perde o efeito após alguns dias de ativação, pois as borrachinhas possuem uma curta vida útil. O aparelho autoligável fica ativo na boca por muito mais tempo, pois o arco é preso diretamente às travas do bráquete. Este é o principal fator que faz com que este método seja mais eficiente que os aparelhos convencionais; 2) Agilidade no andamento do tratamento ortodôntico, com redução significativa no tempo de alinhamento dos dentes; 3) Menor acúmulo de bactérias, pois o aparelho autoligável não utiliza as borrachinhas; 4) Menos consultas ao dentista. As manutenções podem ser feitas em prazos maiores que 30 dias, o que gera economia de tempo aos pacientes (principalmente aos que estudam, viajam ou trabalham), principalmente em adultos7.

Alinhador estético A Ortodontia tem evoluído, em consequência a esta procura, principalmente no sentido de oferecer aparelhos que corrijam a má oclusão sem comprometer a estética do sorriso durante o tratamento. Com esta finalidade os aparelhos fixos de cerâmica (chamados de transparentes) e a Ortodontia lingual (aparelho fixo colado na face lingual dos dentes) podem satisfazer grande parte dos pacientes que não querem usar os aparelhos fixos metálicos8 (Figuras 3a, 3b e 3c). Entretanto, alguns pacientes adultos não aceitam o tratamento com dispositivos fixos (bráquetes, tubos e bandas) e os arcos metálicos de movimentação. Com os alinhadores estéticos tornou-se possível a correção de muitos destes casos com a utilização de alinhadores confeccionados com um polímero especialmente desenvolvido para esta finalidade e empregando tecnologia de última geração para a obtenção dos melhores resultados9


Gotardo EM / Stopa PHB / Carvalho D

Figura 2a

Figura 2b

Figura 2c

Sistema autoligável utiliza-se o uso de fio de alta flexibilidade com memória de forma que propicia um menor tempo de cadeira ao paciente, maior intervalo entre as consultas com resultados em menor tempo de tratamento. Figura 3a

Figura 3b

Figura 3c

Tratamento ortodôntico realizada com bráquetes estéticos. Figura 4a

Figura 4b

Figura 4c

A - Fotografia inicial evidenciando o apinhamento anterior inferior. B - Após a moldagem de trabalho, obtem-se o alinhador estético, onde o mesmo está sendo ativado para proporcionar a correção necessária. C - Vislumbra-se a mudança de posicionamento dentário com a correção do apinhamento. Figura 5a

Figura 5b

Figura 5c

Caso clínico onde evidencia-se a correção da má oclusão de Classe II com falta de espaço para a erupção do canino superior esquerdo (elemento 23) com a utilização de miniimplantes para distalização de molares.

(Figuras 4a, 4b e 4c). São feitas as correções de posicionamento dentário no modelo de gesso com acréscimo e redução nas áreas a serem movimentadas. O próximo passo é a confecção de um alinhador estético confeccionado com placa de acetato10. Novas modificações podem ser solicitadas para o refinamento do resultado oclusal ideal. Por serem alinhadores personalizados e removíveis, o tratamento depende muito da disciplina do paciente, pois os alinhadores somente podem ser removidos para alimentação e higiene. A movimentação dos dentes é obtida através da troca

periódica dos alinhadores realizada sob supervisão do ortodontista a cada quatro semanas.

Figura 6

Miniimplantes A utilização de dispositivos transitórios de ancoragem, como coadjuvante no tratamento ortodôntico, tem demonstrado, nos últimos anos, alta versatilidade de aplicação clínica, principalmente no que tange o uso dos miniimplantes. Estes aparatos surgem como alternativa para os casos em que a ancoragem se torna fator crítico para o sucesso do tratamento ortodôntico11. As diversas formas de ancoragem descritas na

Separador elásticos utilizado previamente à instalação da banda ortodôntica. www.gutierreodonto.com.br > 33


 Caderno Científico | Ortodontia Figura 7a

Figura 7b

Gotardo EM / Stopa PHB / Carvalho D Figura 7c

Correção da mordida cruzada posterior (bilateral) com disjuntor necessitando de bandas ortodônticas.

literatura, como barra transpalatina, botão de Nance, arco lingual, elásticos intermaxilares e aparelho extrabucal, apesar de eficientes em muitos casos, permitem certo grau de movimentação da unidade de ancoragem ou são dependentes da colaboração do paciente12. Sendo que, para o tratamento de más oclusões mais severas, a otimização de resultados com mecânicas mais simples ou, ainda, diminuição do tempo de tratamento, atualmente, o ortodontista pode lançar mão de dispositivos transitórios de ancoragem esquelética13. Ortodontia divide-se, basicamente, em três tópicos de igual importância: o diagnóstico, o plano de tratamento e a mecânica ortodôntica a ser utilizada. Os miniimplantes surgiram como meio de anulação da força que causasse efeitos colaterais indesejáveis (Figuras 5a, 5b e 5c) Motivo este que faz saltar aos olhos a variabilidade e a versatilidade deste acessório. Os mesmos propõem deste a ancoragem em casos de retração total dos dentes anteriores até a intrusão viabilizando a reabilitação protética14,15.

Tubos de colagem A obtenção de adequada oclusão dentária constitui um dos principais objetivos do tratamento ortodôntico e, desde longa data, tem sido definida por inúmeros autores. A oclusão dentária normal é um conjunto estrutural constituído fundamentalmente pelos dentes e ossos maxilares, caracterizado pela relação normal dos planos inclinados dos dentes que se acham situados, individual e coletivamente, em harmonia arquitetônica com os ossos basais e com a anatomia craniana, apresentando pontos de

contato proximais e inclinações axiais corretos, associados com o crescimento, desenvolvimento, posição e correlações normais com todos os tecidos circundantes16. Um dos desafios do ortodontista bem treinado e perspicaz é a correta interpretação da definição de oclusão normal e a consequente obtenção desta oclusão ideal para cada paciente. As bandas ortodônticas ainda fazem parte do repertório de materiais utilizados na prática diária dos procedimentos ortodônticos, onde são necessários separadores elásticos interproximais prévios a consulta de instalação e cimentação das mesmas (Figura 6). Elas são utilizadas com frequência em aparelhos como disjuntores, barra transpalatina, botão de Nance, grade lingual e arco lingual de Nance, que proporcionam desde recursos como ancoragem, correção de rotação dentária e mantenedor de espaço (Figuras 7a, 7b e 7c). Com o advento do condicionamento ácido de esmalte que propicia o uso de resina compostas para colagem, a prática de colagem de bráquetes e tubos contribuiu de forma a otimizar o trabalho do ortodontista5,6,17. Os adesivos podem aumentar a adesão na colagem, diminuindo o número de descolagens durante o tratamento ortodôntico. O resultado disto é um menor número de falhas na interface esmalte/compósito. Uma menor quantidade de compósito na superfície dentária pode ser uma vantagem, por facilitar o processo de limpeza do dente. O uso de tubos colados proporciona aos pacientes uma tranquilidade durante a consulta de colagem, pois não são necessários elásticos sepa-

Figura 8

Tubos colados nos molares e bráquetes autoligáveis.

radores prévios que causam desconforto e dor intensa por um período de três dias, utilizados às bandas ortodônticas17. Como fator importante na preservação da integridade do esmalte dos tecidos de suporte, a presença dos tubos contribui de maneira eficiente para obtenção da higienização e monitoração local (Figura 8).

CONCLUSÃO A Ortodontia evoluiu muito nos últimos anos, e várias novidades foram incorporadas aos procedimentos clínicos dos especialistas. Como exemplo: as colagens de tubos, sistemas autoligáveis (bráquetes autoligáveis e fios de alta flexibilidade), alinhadores e bráquetes estéticos e miniimplantes ortodônticos foram introduzidos à rotina de nossas condutas diárias. Aos profissionais cabe a busca pelos novos métodos de diagnóstico e tratamento que possam trazer benefícios aos pacientes, evitando-se as novidades que o tempo mostra não serem efetivas na obtenção dos melhores resultados. 

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Roth, R.H., The straight-wire appliance 17 years later. Journal Clinical of Orthodontics, set/1987. 21(9): p. 632-42. 2) Kesling, P.C.K., C. K.; Rocke, R. T. . Tip Edge brackets and the differential straight-arch technique. In: GRABER & VANARSDHALL, 2000. Orthodontics current principles and techniques. 3) Almeida, M.R.H., F.; Fattal, A.; Davoody, A. R.; Nanda, R.; Uribe, F, A comparative anchorage control study between conventional and self-ligating bracket systems using differential moments. Angle Orthodontics, jun, 2013. 1(5): p. 15-23. 4) Cacciafesta, V.S., M.F.; Ricciardi, A.; Scribante, A.; Klersy, C., Auricchio, F., Avaliação do atrito de braquetes de aço inoxidável e estéticos auto-ligados em diversas combinações de braquetefio. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, mar/abr 2006: p. 1-11. 5) Arnold, R. W.; Combe, E. C.; Warford JR., J. H., Bonding of stainless steel brackets to enamel with a new self-etching primer. American Journal and Dentofacial Orthopedics, set/2002. 122(3): p. 274-76. 6) Zeppieri, I.L.C., C. H.; Mante, F. K. , Effect of saliva on shear bond strength of an orthodontic adhesive used with moisture-insensitive and self-etching primers. American Journal and Dentofacial Orthopedics, out/2003. 126(4): p. 414-19. 7) Castro, R., Braquetes autoligados: eficiência x evidências científicas. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, jul./ago. 2009. 14(4): p. 20-24. 8) Dorminey, J.C.D., W. J.; Taloumis, L. J., Shear bond strength of orthodontics brackets bonded with a modified 1-st etchant-and-primer technique. American Journal and Dentofacial Orthopedics, out/2003. 124(4): p. 410-13. 9) Kyung, H.M.P., H.S; Sung, J.H.; Bae, S.M.; Kim, I.B., The Lingual Plain-Wire System with Micro-Implant Anchorage. Journal Clinical of Orthodontics, 2004. 38(7): p. 388-95. 10) Park, J.H.K., T. W., Deep-Bite Correction Using a Clear Aligner and Intramaxillary Elastics. Journal Clinical of Orthodontics, jun/2009. 43(3): p. 152-57. 11) Araújo TM, N.M., Bezerra F, Sobral MC., Ancoragem esquelética em ortodontia com miniimplantes. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 2006. 11(4): p. 126-56. 12) Laboissière M Jr, V.H., Bezerra F, Laboissière, M, Diaz, L., Ancoragem absoluta utilizando microparafusos ortodônticos. Protocolo para aplicação clínica (trilogia-parte II). Implant News, 2005. 2(1): p. 47-46. 13) Marassi C, M.C., Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 2008. 13(5): p. 57-75. 14) Janson, M, Ortodontia em adultos e tratamento interdisciplinar. Dental Press Editora, 2008. In: Capítulo 7. 15) Lee JS, P.H., Kyung HM., Micro-implant anchorage for lingual treatment of a skeletal class II malocclusion. Journal Clinical of Orthodontics, 2001. 35(10): p. 643-7. 16) Vianna, V.F.M., J. N., O posicionamento vertical dos acessórios na montagem do aparelho ortodôntico fixo* Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, jul./ago. 2006. 11(4): p. 66-75. 17) Romano, F.L.C., A.B.; Magnani,M.B.A.; Nouer,D. F.; Correr Sobrinho, L., Colagem de braquetes em esmalte condicionado com Transbond Plus Self Etching Primer. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, jun./jul. 2005. 4(3): p. 26-32. 34 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59


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 Caderno Científico | Ortodontia

◗◗ ANTÔNIO JOSÉ BORIN NETO Especialista e Mestre em Ortodontia pela Profis - Bauru-SP e SLM - Campinas-SP. Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Curso em Morfologia - Desordens da ATM e Músculos da Mastigação pela Unifesp. Curso de Ortodontia pelo Roth - Williams Center for Functional Occlusion. Curso de Ortodontia e Ortopedia pela Michigan University. Curso de Dor Orofacial - ATM pela Kentucky University. Ex-professor coordenador de cursos de Aperfeiçoamento em Ortodontia em Araraquara-SP, São José do Rio Preto-SP e Franca-SP. Ex-professor do curso de Prática Profissionalizante na Forp-Usp - Planejamento e Preparo de pacientes para Cirurgia Ortognática. Professor coordenador de Ortodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional (Eap) da Associação Paulista de CirurgiõesDentistas Regional de Ribeirao Preto-SP (Apcd-RP). Clínica privada de Ortodontia em Ribeirão Preto desde 1980. E-mail: borinneto@gmail.com

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) MOYERS, R E. Classificação e terminologia da má-oclusão. In: Ortodontia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. p. 156-157. 2) YOGOSAWA, F Case Report AE: NonSurgical correction of a Severe Class II mal Occlusion (Brodie Syndrome). The Angle Orthodontist,1991. 60 (4): p. 299-304. 3) BORIN NETO, A J; CECANHO, R; PEREIRA da SILVA, HCF Desenvolvimento e comparação de um método de construção de arcos ortodônticos individualizados com um método tradicional de escolha de arcos ortodônticos pré-fabricados. R Dental Press Ortodon Ortop Maringá, março/abril 2009. 14 (2): p.109-119.

Mordida em tesoura Síndrome de Brodíe INTRODUÇÃO As mordidas cruzadas, com base em sua etiologia, segundo Moyers1 são classificadas, em: dentária - quando resultante da erupção dentária sem orientação natural, onde um ou mais dentes posteriores irrompem numa relação de mordida cruzada, não afetando o tamanho ou a forma do osso basal; muscular - quando ocorre uma adaptação funcional em presença de interferências dentárias, sendo que os dentes não estão inclinados dentro do processo alveolar, mas a mandíbula apresenta um desvio da linha média; óssea - ocorre em consequência de uma discrepância na forma transversal da mandíbula ou maxila. Esta má oclusão pode se apresentar uni ou bilateralmente. No diagnóstico definitivo devemos posicionar a mandíbula de tal maneira que haja coincidência das linhas médias, inferior e superior e, a maioria dos pacientes com mordida cruzada unilateral são portadores de um estreitamento bilateral do arco. Quando é possível se encaixar o arco dental mandibular completamente no arco dental maxilar é caracterizado uma mordida cruzada bucal ou vestibular. Sendo esta, definida como mordida em tesoura ou Síndrome de Brodíe2. Esta condição é de baixa incidência na população. Esta má-oclusão pode resultar também em excessiva largura da maxila, deficiente largura da mandíbula ou ambos. O que se observa em um maior número de casos é a existência de uma incoordenação de arcos em regiões de pré-molares e/ou molares unilateralmente Figura 2

Figura 1

Figura 3

36 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

ou bilateralmente, podendo ser de um único dente, de dois e até de todos os dentes posteriores e que, se corrigido precocemente, evitará um tratamento mais complexo e com um maior tempo de duração. O aumento na forma, em largura do arco maxilar é formatado pelos contatos entre as faces vestibulares dos dentes inferiores com as faces palatinas dos dentes superiores e os contatos das faces palatinas dos dentes superiores nas faces vestibulares dos dentes inferiores, que estreitam o arco mandibular.

DISCUSSÃO Quando é possível se encaixar o arco dental mandibular completamente no arco dental maxilar é caracterizado uma mordida cruzada bucal. Sendo esta, referida como mordida em tesoura ou Síndrome de Brodie. Esta condição ocorre em menos de 0,01% da população segundo estudos norte-americanos2. Alguns autores sugerem que a Sindrome de Brodíe teria componente genético e estaria caracterizada pelo completo englobamento da maxila pela mandíbula, quando envolve somente dentes posteriores uni ou bilateral, ou ainda um ou dois dentes, seria melhor definido como mordida em tesoura e, provavelmente, sua etiopatogenia seria por fatores locais.

CASO CLÍNICO Paciente com 22 anos de idade (Figura 1) crescimento terminado, gênero masculino, queixa principal: mordida torta, estalos nas articulações


Borin Neto AJ Figura 4

Figura 5

Figura 6

(temporomandibular) com a presença de dor algumas vezes, padrão mesocéfalo, assimetria facial nítida com a mandíbula desviada para a esquerda provocada na maior parte pela mordida em tesoura dentária do lado direito. (Figura 2 - A, B, C, D e E) (Figura 3 - A, B e C). Manipulando o paciente em “relação cêntrica” observou-se um movimento mais harmônico entre as articulações direita e esquerda e as linhas médias dentárias se aproximarem e pode-se constatar a ausência de coordenação entre os arcos dentários, maxilar e mandibular nos planos transversal e vertical. O tratamento foi iniciado com uma placa estabilizadora mandibular cimentada na maxila, (Figura 4 - A, B e C) cuja função era liberar a oclusão e estabilizar as articulações (ATM) facilitando a correção transversal, vertical, o alinhamento e nivelamento, coordenando o arco dentário maxilar com o mandibular e finalizando com uma oclusão equilibrada. Foram usados aparelhos fixos superior e inferior, placa de prensagem a vácuo complementada com resina acrílica quimicamente ativada e cimentada com ionômero de vidro, (Figura 4 - D, E e F), aparelho bi-helix inferior, arcos de nivelamento e alinhamento de nitinol, 0.014”, 0.016”, 0.018” e, como auxiliares, semiarcos de “TMA” 0.017” x 0.025” e elásticos de classe III 5/16 médios, arcos de aço cromo-níquel “rígidos” 0.016” x 0.022”, 0.017” x 0.025”, 0.019” x 0.025” formatados e coordenados no Arcograma3 para a finalização (Figura 5 - A, B, C e D) (Figura 6 - A, B, C, D, E e F). Tempo de tratamento - dois anos e sete meses. Remoção dos aparelhos com contenção superior móvel e inferior fixa por lingual dos dentes. Estética e função reestabelecidas. Não houve mais estalos e nem dor segundo o paciente e exame clínico. Monitoramento feito em média a cada dois anos e, após oito anos, o paciente não apresenta nenhum sinal ou sintoma e o caso encontra-se estabilizado (Figura 7 - A, B, C, D e E) (Figura 8).

CONCLUSÃO

Figura 7

O que devemos ter em mente é que quanto mais o tempo passa, uma vez observado o problema, mais difícil ou mais complexa e demorada será a solução. Portanto, de acordo com a literatura já conhecida, independente do tipo de maloclusão transversal apresentada pelo paciente devemos tratá-lo o mais precocemente possível.  Figura 8

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 Caderno Científico | Implantodontia

◗◗ RONALDO SILVA Doutor em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-SP (Forp-Usp). Coordenador do Curso de Residência em Implantologia Oral do Instituto Ronaldo Silva. E-mail: inplantcenter@institutoronaldosilva.com.br ◗◗ FABRÍCIO PETERSEN QUINTINO DA SILVA Graduado pela Universidade de Uberaba-MG (Uniube). Mestrado em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic – Campinas-SP. ◗◗ CAMILO FERREIRA FILHO Graduado pela Universidade de Ribeirão Preto-SP (Unaerp). Especialista em Implantodontia pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto (Aorp). ◗◗ ANTÔNIO SERRÃO NUNES JÚNIOR Graduado pela Universidade de Ribeirão Preto-SP (Unaerp). Cursando Residência em Implantodontia no Instituto Ronaldo Silva. ◗◗ ANGÉLICA MOREIRA DE SOUZA Graduada pela Universidade de Ribeirão Preto-SP (Unaerp). Cursando Residência em Implantodontia no Instituto Ronaldo Silva.

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Realização de cirurgias com auxílio de planejamento 3D e guia prototipado promovendo upgrades protéticos com tempo reduzido INTRODUÇÃO A inovação em prol de técnicas menos traumáticas e menos invasivas é uma tendência nas áreas da saúde e a Implantodontia não estaria à margem desse fenômeno. A necessidade de cirurgias mais rápidas, precisas e com melhores pós-operatórios levou ao desenvolvimento de softwares para a realização de planejamentos virtuais, proporcionando o surgimento das cirurgias virtualmente guiadas. Seu princípio básico consiste em realizar uma tomografia computadorizada que tem pontos de referência, como a própria prótese do paciente ou um guia tomográfico elaborado através de um planejamento reverso1. Essas imagens serão manipuladas em softwares específicos como o DentalSlice, NobelGuide, Neoguide Planner Light, ou o Simplant, que permitem não só a colocação dos implantes no software, mas, a partir disso, a confecção de um guia cirúrgico prototipado de alta precisão. Através desse planejamento virtual surge a possibilidade de realizar cirurgias sem retalhos (flapless) para a colocação de implantes com excelência, buscando o melhor posicionamento tridimensional dos implantes favorecendo, inclusive, o uso da terapia de carga imediata, isto é, instalação imediata da prótese sobre os implantes recém-instalados1-3. O correto posicionamento de um implante é considerado um dos fatores críticos para que um bom resultado protético final possa ser estabelecido e o sucesso clínico é baseado no planejamento adequado, desde a seleção do paciente até os cuidados durante a preparação e instalação dos implantes. Este processo é otimizado através de planejamentos 3D elaborados com auxílio das ferramentas contidas nos softwares específicos. Esse método cirúrgico tem sido adotado pelos implantodontistas por proporcionar alto grau de previsibilidade, ao permitir a visualização do leito ósseo previamente ao ato cirúrgico e possibilitar a realização de um planejamento virtual preciso para a colocação desses implantes1,2,4. Porém, assim como todos os procedimentos na Odontologia, possui algumas limitações e, dentre elas, a impossibilidade de nivelamento ósseo no mesmo ato cirúrgico (por se tratar de uma cirurgia predominantemente flapless) e exigir maior grau de abertura bucal, devido ao comprimento

das brocas (maiores que as convencionais) para compensar a altura do guia cirúrgico3,5. Sua utilização tem sido muito frequente na reabilitação dos desdentados totais tanto em mandíbula, quanto em maxila. Porém, esta técnica cirúrgica também tem sido utilizada em casos parciais, unitários e na instalação de implantes imediatos após extrações2-4. Tendo em vista que os pacientes buscam, constantemente, melhorias nos resultados funcionais de suas próteses pré-existentes, selecionamos este caso clínico que será relatado - cuja proposta foi proporcionar uma melhora significativa na função mastigatória, promover um conforto psicossocial e aprimorar a qualidade de vida do paciente, em um tempo reduzido.

Caso Clínico O paciente C. P., gênero masculino, 54 anos, portador de prótese total superior e prótese removível inferior foi submetido a exame clínico (Figura 1), radiográfico (Figura 2), fotográfico e planejamento. A proposta foi em reabilitá-lo com implantes osseointegrados na arcada superior e a permanência da prótese removível inferior. Com o intuito de proporcionar um menor custo no tratamento a ser executado, propusemos um upgrade protético da prótese total pré-existente, transformando-a em uma prótese fixa transitória, haja vista que a mesma se encontrava em condições ideais para mantê-la em uso (Figura 3). Por estar nessas condições favoráveis, foi utilizada como guia tomográfico que tem como pré-requisito a realização de marcações com guta-percha – para transformar a prótese no guia tomográfico – e encaminhamento do paciente para a realização de uma tomografia computadorizada (Figura 4). Após a realização da tomografia, o cirurgião-dentista realizou o planejamento dos implantes através do software DentalSlice (Figura 5) e foi obtido o guia cirúrgico pelo método de estereolitografia. Previamente à cirurgia, o paciente foi medicado com amoxicilina 500mg, dexametasona 4mg, diclofenaco de potássio 50 mg e 2 pasalix. O guia cirúrgico confeccionado é colocado em posição e estabilizado através de um registro de mordida interoclusal de silicone (Figuras 6 e 7) e fixado ao arco (Figura 8). Neste momento, é imprescindível que o paciente mantenha-se com


Silva R / da Silva FPQ / Ferreira Filho C / Nunes Júnior AS / Souza AM Figura 2

Figura 1

Figura 3

Aspecto clínico do rebordo da maxila.

Radiografia panorâmica inicial.

Figura 4

Sorriso do paciente na situação inicial. O mesmo encontrava-se satisfeito com a estética da prótese superior.

Figura 5

Marcações de guta-percha na prótese previamente ao exame tomográfico. Figura 6

Planejamento Virtual utilizando o software Dental Slice.

Prova do guia e confecção do registro de mordida em silicone para auxiliar na estabilização do guia durante a sua fixação. Figura 7

Figura 8

Figura 9a

Vista oclusal do registro de mordida e sua adaptação no guia cirúrgico prototipado. Figura 9b

Guia correspondente da broca instalado e perfuração respeitando-se o limite do implante planejado.

Guia cirúrgico fixado. Figura 10a

Implantes do tipo Cone Morse (Neodent) com diâmetro e 3,75 mm.

Perfuração para instalação dos implantes através do guia de broca de tamanho correspondente. Figura 10b

Anilhas-guia azuis correspondendo ao diâmetro dos implantes já instalados - Neodent 3,75 Titamax EX. www.gutierreodonto.com.br > 39


 Caderno Científico | Implantodontia Figura 11

Figura 12

Aspecto clínico imediatamente após a remoção do guia cirúrgico, demonstrando a característica de mínima invasividade. Figura 14

Instalação dos cilindros de titânio com barra distal nas extremidades, para transformar a prótese total em prótese protocolo. Figura 17

Uso do Osstell para verificar a estabilidade primária dos implantes. Figura 15

Instalação dos minipilares cônicos na mesma sessão.

Figura 16

Perfuração da prótese para seu assentamento sobre os cilindros de titânio. Figura 18

União da prótese ao cilindros de titânio.

Figura 20

Figura 13

Paciente ocluindo para verificação do assentamento e eliminação de interferências oclusais. Figura 19

Moldagem do rebordo através da injeção de material leve de adição. Figura 21

Instalação dos análogos. Encaminhamento ao laboratório para a obtenção de modelo de trabalho e alteração das características da prótese pré-existente. Figura 22

Alteração da prótese total, transformando-a em uma prótese do tipo protocolo.

Aspecto clínico da prótese protocolo instalada.

Resultado clínico obtido, com alto grau de satisfação do paciente.

a boca fechada para estabilizar o guia; as perfurações foram feitas em movimento de “entra e sai” com a fresa específica até o seu final e os pinos fixadores são colocados até o stop. Após isso passamos a execução dos implantes (Figuras 9a e 9b - perceba o tamanho aumentado das brocas devido ao comprimento das anilhas do guia cirúrgico prototipado), nas regiões do 21, 12, 23, 13, 14 e 15 foram instalados implantes Titamax CM EX de 3,75X13 mm (Figuras 10a e 10b) com torque: 70N/cm, 60N/cm, 60N/cm, 60N/cm, 60N/cm e 50N/cm; respectivamente. Na região do 25, foi instalado um implante Titamax

CM EX de 3,15X15 mm com torque de 50N/cm. Iniciam-se as perfurações com a broca lança utilizando-se o guia de broca correspondente, tendo como primeira escolha o implante central, seguido pelos laterais; em seguida, trabalhamos com as sequências de brocas, sempre com os guias de broca correspondentes, sondando os limites ósseos com o profundímetro antes da instalação de cada implante. Ao final da cirurgia, logo após a remoção do guia (Figura 11) foi realizada a análise de frequência de ressonância utilizando-se o aparelho Osstell (Figura 12) e os resultados obtidos nas

áreas: 21, 12, 23, 13, 14 e 25 foram respectivamente: 82, 81, 74, 80, 71 e 75 ISQ ou Implant Stability Quocient (coeficiente de estabilidade do implante). Foram instalados os minipilares (Figura 13), todos com torque de 32 N/cm e cilindros provisórios de titânio (Figura 14); sendo que nos implantes distais instalamos cilindros com barra distal e realizamos os alívios na prótese (Figura 15) com base no planejamento virtual obtido. A prótese foi assentada de forma passiva (Figura 16) e unida aos cilindros (Figura 17), foi injetado material de moldagem (Figura 18) e,

40 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59


Silva R / da Silva FPQ / Ferreira Filho C / Nunes Júnior AS / Souza AM

após sua presa, os parafusos foram soltos para que a prótese fosse removida e os análogos encaixados (Figura 19) obtendo-se um modelo para que o técnico laboratorial possa dar os devidos acabamentos, transformando-a em uma prótese protocolo, embora considerada temporária, trazendo consigo as vantagens de uma prótese fixa (Figura 20). A prótese foi instalada com 10N de torque nos parafusos dos minipilares, os forames foram fechados com resina Bioplic e foram realizados os ajustes oclusais (Figuras 21 e 22).

DISCUSSÃO A cirurgia virtual guiada tem sido adotada com bastante sucesso entre os implantodontistas por se tratar de uma técnica cirúrgica que além de contemplar um excelente planejamento através de softwares específicos permite uma pré-visualização anatômica favorecendo o posicionamento ideal do implante para cada caso a ser planejado1,6. A técnica promove um ato cirúrgico pouco traumático em função da ausência de retalho gengival e pelo fato dos implantes serem instalados através de um guia cirúrgico prototipado que é confeccionado após a elaboração de um planejamento 3D considerado ideal1-3,5. Este método conservador incorporado à técnica cirúrgica permite que se obtenham algumas vantagens quanto à técnica convencional: a possibilidade de visualização e análise do leito ósseo previamente ao ato cirúrgico, diminuição do tempo de cirurgia e risco de infecção, aumento da agilidade e segurança pelo operador, ausência de retalhos gengivais promovendo um baixo sangramento, ausência de suturas, diminuição da quantidade de medicamentos e anestésicos que serão administrados ao paciente, baixa invasividade, trauma mínimo e ausência de edemas; além de possibilitar um retorno imediato do paciente ao seu cotidiano1,2,5-7. Entre os fatores que limitam a indicação das cirurgias virtuais guiadas estão: investimento em kit cirúrgico específico, tomografia computadorizada e guia cirúrgico prototipado; exige amplo conhecimento das ferramentas disponíveis nos softwares de planejamento 3D, não permite plastia óssea concomitante à instalação dos implantes – pelo fato da cirurgia ser elaborada sem retalho - e o paciente deverá possuir uma abertura bucal suficiente para permitir o acesso das brocas específicas, que possuem maior comprimento a fim de compensar as anilhas do guia prototipado1,5-9. Esses pré-requisitos devem sempre ser levados

em conta ao indicar a cirurgia virtual guiada. Com o planejamento elaborado virtualmente e o guia cirúrgico prototipado confeccionado podemos transferir com fidelidade a cirurgia programada virtualmente para o campo operatório, gerando rapidez, conforto e maior previsibilidade quando comparada ao método convencional1. O guia tomográfico é a ferramenta que transfere as características protéticas pré-estabelecidas do ambiente real para o virtual e pode ser obtido através do planejamento reverso – conjunto de procedimentos que visam a resolução protética do caso. Este planejamento é iniciado a partir de moldagens anatômicas, bases de prova com roletes de cera – para a realização do registro de mordida, montagem de modelos em articulador semi-ajustável e prova dos dentes. O guia tomográfico é obtido com a duplicação e acrilização do planejamento reverso.7,10,11. Haverá casos em que aproveitaremos a própria prótese do paciente, desde que a mesma tenha suas características biomecânicas e funcionais preservadas, como guia tomográfico. Na sequência da cirurgia, essa prótese será transformada em uma prótese fixa temporária. A vantagem é um menor custo financeiro e maior rapidez na execução do trabalho, fatores considerados relevantes pelo paciente, em algumas situações1,3,7-9. Com o guia tomográfico definido, o paciente é encaminhado para a realização do exame tomográfico. Obtidas as informações protéticas e tomográficas podemos partir para a elaboração do guia cirúrgico prototipado responsável pela fidelidade na transferência da cirurgia virtual para o campo operatório1,4. O manuseio do guia cirúrgico, adaptação e fixação na maxila/mandíbula, deve ser criteriosamente realizada, pois, qualquer alteração nestes atos pode interferir significativamente no resultado cirúrgico final1,12. Após a instalação dos implantes devemos checar sua estabilidade primária para que possamos promover a instalação imediata da prótese (carga imediata). O método mais empregado para avaliar a estabilidade primária é através do Osstell – instrumento portátil que utiliza um método alternativo e não invasivo para a medição da estabilidade do implante dentário, a Análise de Frequência de Ressonância1. O sistema inclui a utilização de um SmartPeg fixado ao implante através de um parafuso integrado. O SmartPeg é excitado por um impulso magnético da sonda de medição no instrumento portátil e a frequência

de ressonância, que é a medição da estabilidade do implante, é calculada a partir do sinal de resposta (Figura 12). Os resultados são exibidos no instrumento como o ISQ (coeficiente de estabilidade do implante), que varia numa escala de 1 a 1001. Quanto maior for o número, maior é a estabilidade. Sendo a estabilidade primária dos implantes mensurada com um torque ≥40N/cm ou ≥62 ISQ, podemos proporcionar ao paciente uma carga imediata (Figura 21)13. No caso apresentado, todos os implantes corresponderam aos pré-requisitos – o que proporcionou a captura imediata dos implantes através da moldagem realizada com o guia multifuncional, o upgrade protético e sua instalação imediata.

CONCLUSÃO A possibilidade de transformar uma prótese móvel em fixa em poucas horas é uma realidade na Odontologia e a cirurgia virtual guiada tem um importante papel na otimização desse processo. Apesar de requerer maior tempo de planejamento e um kit cirúrgico específico, a técnica é considerada uma evolução cirúrgica para os implantodontistas. Os recursos apresentados pela mesma abrem novos horizontes e, através do planejamento 3D, possibilita maiores previsibilidade, agilidade no ato cirúrgico e qualidade final do trabalho; proporciona, ainda, mais conforto ao paciente e permite, muitas vezes, o retorno imediato à sua rotina de trabalho. A cirurgia virtual guiada proporciona a possibilidade de realização de cirurgias sem retalho, portanto, com ausência de suturas, não promove edemas, reduz o tempo cirúrgico; promove menores: sangramento, risco de infecção, quantidade de anestésicos e medicamentos. Devemos conhecer os recursos disponíveis nos softwares de planejamento, pois, o uso ideal dessas ferramentas aumenta a precisão cirúrgica dando maior segurança ao profissional. A cirurgia virtual guiada, por ser menos invasiva, permite, em tempo reduzido, upgrades protéticos e proporciona melhorias na função mastigatória, fonética e na condição psicossocial do paciente. Por fim, não indicamos com unanimidade esta técnica, tendo em vista os seus pré-requisitos descritos, além do que, em muitas situações a atrofia óssea exagerada pode exigir a realização da técnica cirúrgica convencional para visualização integral das áreas a serem operadas e assim otimizar os resultados cirúrgicos. 

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Silva RJ, Silva FPQ. Case book: reabilitação osseointegrada: dicas e considerações clínicas. Editora Napoleão, 2012. Cap. 9, p. 310-359. 2) Silva RJ. Reabilitação de desdentado mandibular: da prótese móvel à fixa em 4 horas caso clínico de reabilitação com apoio de planejamento virtual e cirurgias guiadas para um tratamento rápido e seguro - Dentistry Brasil Clínica - Junho 2010. 3) Bruno V, Badino M, Riccitiello F, Spagnuolo G, Amato M. Computer guided implantology accuracy and complications. Case Rep Dent. Sep, 2013; 2013: 701421. 4) Davarpanah K, Demurashvili G, Daas M, Rajzbaum P, Capelle-Ouadah N, Szmukler-Moncler S, Davarpanah M. [Computer-assisted implantology]. Rev. Stomatol Chir Maxillofac. Sep. 2012; 113(4):259-75. 5) Valente F, Schiroli G, Sbrenna A. Accuracy of computer-aided oral implant surgery: a clinical and radiographic study. Int J Oral Maxillofac Implants. Mar-Apr. 2009; 24(2):234-42. 6) Al-Harbi AS, Sun AY. Implant placement accuracy when using stereolithographic template as a surgical guide: preliminary results. Implant Dent. Feb. 2009; 18(1):46-56. 7) Balshi SF, Wolfinger GJ, Balshi TJ. Surgical planning and prosthesis construction using computed tomography, CAD/CAM technology, and the internet for immediate loading of dental implants. J Esthet Restor Dent. 2006; 18:312-23. 8) Flügge TV, Nelson K, Schmelzeisen R, Metzger MC. Three-dimensional plotting and printing of an implant drilling guide: simplifying guided implant surgery. J Oral Maxillofac Surg. Aug. 2013; 71(8):1340-6. 9) Ramasamy M. Giri, Raja R, Subramonian, Karthik, Narendrakumar R. Implant surgical guides: from the past to the present. J Pharm Bioallied Sci. Jun. 2013; 5 (Suppl 1):98-102. 10) Cassetta M, Di Mambro A, Di Giorgio G, Stefanelli LV, Barbato E. The influence of the tolerance between mechanical components on the accuracy of implants inserted with a stereolithographic surgical guide: a retrospective clinical study. Clin Implant Dent Relat Res. Jul. 2013. 11) Drago C, Del Castillo R, Peterson T. Immediate occlusal loading in edentulous jaws, CT-guided surgery and fixed provisional prothesis: a maxillary arch clinical report. J Prosthodont. Apr. 2011; 20(3):209-17. 12) Cassetta M, Di Carlo S, Pranno N, Sorrentino V, Di Giorgio G, Pompa G. The use of stereolithographic surgical templates in oral implantology. Ann Ital Chir. Sep-Oct. 2013; 84(5):589-93. 13) Sennerby L, Meredith N. Compend Contin Educ Dent. May. 1988; 19(5):493-8, 500, 502; quiz 504.

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 Caderno Científico | Odontopediatria

◗◗ FLAVIA KONISHI Mestre e Doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (FoAr-Unesp). Especialista em Periodontia pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (Apcd) Regional de Araraquara-SP. Coordenadora do Curso de Especialização em Odontopediatria e Coordenadora do Curso de Capacitação em Odontologia Intrauterina na Apcd Regional de Araraquara-SP. Psicóloga formada pela Universidade Paulista (Unip). Odontopediatra clínica. E-mail: flaviakonishi@uol.com.br

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Odent M. A cientificação do amor. São Paulo: Terceira Margem; 2000. 2) Kilsztajn S, Rossbach A, Carmo MSN, Sugahara GTL. Assistência pré-natal, baixo peso e prematuridade no Estado de São Paulo, 2000. Rev Saúde Pública. 2003 jun;37(3):303-10. 3) Konishi F, Konishi R. Odontologia intrauterina: um novo modelo de construção de saúde bucal. In: Cardoso R, Gonçalves E. Odontopediatria-prevenção. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p.155-65. 4) Guimarães AN, Silva-Mato A, Miranda Cota LO, Siqueira FM, Costa FO. Maternal periodontal disease and preterm or extreme preterm birth: an ordinal logistic regression analysis. J Periodontol. 2010 Mar;81(3):350-8. 5) Mennella, J. A., Coren P. J, Gary K. B. Prenatal and Postnatal Flavor Learning by Human Infants. Pediatrics 2001;107;e88. 6) Echeverria S, Politano GT. Tratamento Odontológico para Gestantes. São Paulo: Santos; 2014 p42. 7) Ammari.M.A.,Konishi.K.,Damian .B.B., Odontologia para gestantes. In:Odontopediatria-uma visão contemporânea.São Paulo:Santos,2013.p24. 8) Konishi,F;Politano,T.P.;Echeverria,S. Odontologia Intrauterina: um olhar além da Odontopediatria.. In: Sistema de Educação em Saúde Continuada à Distância. (Org.). Pró-Odonto - Prevenção. ed. Porto Alegre/ RS: Artmed Panamericana Editora Ltda, 2013, v. 4 p. 57-100. 9) Andrade ED. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 2 ed São Paulo: Artes Médicas; 2006. 10) Kuymjian A.R.A. A gestante no consultório odontológico. Quando, como e por quê. Monografia de especialização. Araraquara. APCD 2010. 11) Filho L, Corrêa MEG. Saúde e Educação a partir do nascimento ou antes? In: Filho L, Corrêa MEG, França PS. Novos Olhares Sobre a Gestação e a Criança até 3 anos: Saúde Perinatal, Educação e Desenvolvimento do Bebê. Brasilia: LGE; 2002; p.93-115. 42 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

Odontologia Intrauterina: o pré-natal odontológico INTRODUÇÃO Em todas as culturas, embora intuitivamente, o homem sempre reconheceu a existência de uma interação mãe-feto e as repercussões dos eventos da gestação na saúde da criança, porém, nas últimas décadas, a literatura mundial comprova cientificamente o impacto dos estados emocionais e físicos da gestante no desenvolvimento do bebê. De acordo com Michel Odent, considera-se período primal aquele que inclui a vida intrauterina, o momento do nascimento e o primeiro ano de idade do bebê. Muito do que a criança virá a ser está relacionado com esta fase: um breve e crítico período que tem consequências em longo prazo1. O reconhecimento da importância do pré-natal na Medicina remonta a 1928 e, desde então, as pesquisas nesta área ressaltam que a assistência da mulher no período gestacional contribui para uma gestação isenta de complicações, para o nascimento de uma criança saudável e desempenha um papel importante na redução da mortalidade materna2. Apesar da constatação sobre as vantagens do pré-natal para a saúde pública, ainda são poucos reconhecidos, tanto pela área médica, quanto pela própria área odontológica, os benefícios do acompanhamento da gestante por um cirur-

gião-dentista centrado em promoção da saúde. Este modelo de atenção antecipada caracteriza o que chamamos de Odontologia Intrauterina e representa o pré-natal odontológico.

DISCUSSÃO Estudos revelam que problemas e alterações, na dentição decídua e até mesmo na dentição permanente observados pelos pais ou familiares e diagnosticados pelos profissionais durante as consultas odontológicas podem estar relacionados com os eventos da gestação, pois a odontogênese tem início nesta fase precoce do desenvolvimento humano, ou seja, por volta das primeiras semanas do embrião. Condições desfavoráveis durante a gravidez podem colocar em risco a saúde bucal do futuro

Figura 1

Modelo de atenção antecipada caracteriza o que chamamos de Odontologia Intrauterina e representa o pré-natal odontológico.


Konishi F

Lennart Nilsson

Figura 2

A odontogênese tem início na fase precoce do desenvolvimento humano, na vida intrauterina, por volta das primeiras semanas do embrião.

bebê, ou mesmo, em casos extremos, a própria gestação. Dentre essas condições, podemos citar o uso de determinados medicamentos, de cigarros, do álcool, as carências nutricionais, as doenças, as infecções e a poluição intrauterina, entre outras3. Não há uma garantia de que todos os problemas possam ser prevenidos, pois são vários os fatores que interferem no desenvolvimento de uma criança e, nem sempre estão sob controle. Podemos citar aqui, a hereditariedade como determinante de alguns distúrbios causados por fatores predisponentes, trazidos por material genético dos pais e que independem dos eventos da gravidez: as síndromes com repercussões na cavidade bucal, algumas doenças gengivais, determinados tipos de mal oclusão, ou até mesmos a ausência de germes dentários e dentes extranumerários. No entanto, muitas condições podem ser prevenidas. Por exemplo, a doença periodontal tem sido apontada como possível fator de risco para partos prematuros e bebês de baixo peso e os bebês que nascem antes da hora, apresentam mais risco de problemas bucais. As bactérias presentes na periodontite são capazes de produzir uma variedade de mediadores químicos da inflamação podendo alcançar a corrente circulatória e, colocando em risco a unidade fetal/placentária4. No início do trabalho de parto também ocorre um aumento no nível de mediadores; prostaglandina E2 e algumas citocinas (moléculas estimuladas pelas bactérias e envolvidas na reação inflamatória) que são indutores fisiológicos das contrações uterinas e dilatação cervical, propiciando no momento adequado, o nascimento do bebê. Durante as infecções periodontais, como esses mediadores inflamatórios já estão aumentados, pode-se chegar a um nível crítico no líquido amniótico potencializando o risco de parto prematuro e bebê de baixo peso. A associação entre infecção e pré-eclampsia também tem sido considerada em diversos estudos, incluindo-se a possível relação com a doença periodontal, porém, os autores sugerem mais

pesquisas nesta área. Problemas no período gestacional frequentemente podem ainda causar defeitos estruturais no esmalte do dente como as hipoplasias que se manifestam na forma de sulcos, ranhuras e irregularidades. Essas lesões hipoplásicas repercutem de maneira muito negativa na vida da criança, pois comprometem a estética, como também predispõem a um maior risco de cárie. Outra alteração que ocorre durante a odontogênese é a hipomineralização do esmalte. Os dentes hipomineralizados apresentam distúrbio na fase de maturação do esmalte e clinicamente, observamos opacidades que variam de brancas, pérolas, amarelas e até marrons. As lesões nos dentes podem causar sensibilidade e comprometimento na aparência, afetando a confiança e até mesmo a auto-estima da criança. A alimentação equilibrada da gestante também é essencial para a saúde do bebê. A integridade estrutural dos dentes durante a fase de formação e mineralização depende da presença adequada de nutrientes. Os nutrientes, como as vitaminas, cálcio e fosfato desempenham papel importante tanto para o bebê quanto para a mãe e, ainda, aumentam a capacidade materna de produzir leite para a amamentação. Outro aspecto que deve ser considerado é a formação do paladar da criança que começa com a alimentação da gestante. A experiência com sabores tem início na vida intrauterina, quando o aroma e o sabor dos alimentos da dieta materna são transmitidos através do líquido amniótico. Os fetos os reconhecem e os recém-nascidos os preferem5. As escolhas que a mãe faz vão influenciar nos padrões alimentares da criança. O útero é a primeira escola do bebê e ele vai gostar do que conheceu na vida intrauterina. O pré-natal odontológico tem como objetivo, manter ou resgatar a saúde bucal por meio de medidas preventivas e/ou curativas. Permite ainda, educar sensibilizar e motivar os pais para melhor cuidarem de seus filhos. Quanto aos cuidados odontológicos preventivos, em linhas gerais, a grávida deve passar por uma avaliação com seu profissional de confiança e assegurar um bom controle do biofilme, através da qualidade na higiene bucal. Isso às vezes, incluem também, procedimentos profisFigura 3

sionais, como profilaxias, raspagem, polimento dental e o uso dos fluoretos tópicos, de acordo com cada caso. No entanto, grávidas são consideradas pacientes com necessidades especiais e os cirurgiões-dentistas devem estar preparados para atendê-las. Por apresentarem particularidades, elas merecem atenção redobrada e conhecimentos específicos para que sejam atendidas com segurança6. Na verdade, a prevenção odontológica deve vir antes de uma gestação. Os cuidados devem ser tomados antes mesmo de a mulher estar grávida, pois um bom planejamento melhora as chances de prevenir possíveis alterações indesejáveis no desenvolvimento do bebê. Sempre que possível a mulher antes de engravidar deve fazer uma avaliação odontológica e realizar os tratamentos quando necessários para que durante a gestação o acompanhamento seja apenas preventivo e que não sejam necessárias as intervenções invasivas7. No passado, o cirurgião-dentista era advertido para tratar gestantes somente em situações de emergências e casos não eletivos. A literatura científica recomendava adiar qualquer tratamento odontológico do parto. Atualmente, em diversos lugares do nosso país e do mundo, programas de saúde oral na gestação estão sendo desenvolvidos, desmitificando certas crenças relacionadas ao período gestacional e à odontologia e mudando conceitos que contribuem para um novo olhar da Odontopediatria sobre a saúde bucal das crianças8. O fato de a mulher estar grávida não deve ser motivo para adiar um tratamento odontológiFigura 4

Imagens cedidas pela FoAr - grupo MIH: Hipomineralizações no esmalte que podem causar sensibilidade e comprometimento na aparência, afetando a confiança e até mesmo a auto-estima da criança. www.gutierreodonto.com.br > 43


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Konishi F

Figura 5

A Odontologia Intrauterina nos traz a possibilidade de melhorar as chances oferecidas a toda uma geração de nascer, crescer e viver em saúde bucal.

co, pois os riscos dos procedimentos realizados durante este tratamento são menores do que os riscos que os problemas bucais não tratados podem causar à mãe e ao bebê. As consequências da dor (que gera uma situação de estresse, propiciando a liberação de catecolaminas pelas suprarrenais) e da infecção (que pode se disseminar) geralmente são muito mais maléficas à mãe e ao feto do que aquelas decorrentes do tratamento odontológico9.

CONCLUSÃO É responsabilidade do profissional da área odontológica, especialmente dos odontopediatras, educar “pais grávidos” sobre a importância da saúde bucal como parte inalienável da saúde geral e a saúde de um filho começa com a saúde da boca de sua própria mãe Importante também ressaltar que uma intera-

ção entre os profissionais da saúde, em especial obstetras-pediatras-dentistas, visando o bem estar geral da gestante pode contribuir para a formação de gerações livres de problemas bucais10. O profissional deve estabelecer as seguintes ações para realizar com a paciente gestante: - Desmitificar crenças e preocupações que envolvem a gravidez e a Odontologia; - Garantir que o tratamento odontológico é seguro e que deve ser realizado sempre que houver necessidade, para que a gestante tenha uma microbiota compatível com saúde; - Controlar o biofilme, incentivando a escovação no mínimo duas vezes ao dia e a utilização de creme dental fluoretado e fio dental diariamente, mostrando a importância da qualidade da limpeza; - Orientar a diminuição da frequência de produtos contendo açúcar, priorizando alimentos

naturais, como frutas, verduras e legumes; - Orientar a não consumir alimentos processados, pelo excesso de aditivos, como corantes, flavorizantes e conservantes; - Prescrever o uso de fluorterapia tópica, por meio de dentifrícios, enxaguatórios e aplicações tópicas profissionais, de acordo com a necessidade de cada caso; - Conscientizar sobre o papel dos pais na saúde da criança, informando sobre os benefícios do aleitamento natural, a importância da higiene bucal do bebê, sobre os meios de transmissibilidade de doenças orais, as consequências de hábitos de sucção não nutritiva, etc.; - Informar sobre a primeira consulta do bebê. A consulta servirá como avaliação, orientação, possibilitando que a criança cresça e desenvolva-se com saúde8. A Odontologia Intrauterina nos traz a possibilidade de melhorar as chances oferecidas a toda uma geração de nascer, crescer e viver em saúde bucal. Saber que esta fase é primordial para a construção da saúde nos faz compreender a importância de se conhecer os eventos da vida desde a concepção e a aplicação desses conhecimentos na prática odontológica. O pré-natal odontológico revela-se um momento único e especial para a promoção da saúde, transforma a nossa visão e abre novos caminhos para o exercício da Odontopediatria. Além disso, “Quem trabalha com gestantes, família e bebês, sabe que pode fazer a diferença para a melhoria do homem enquanto raça humana”11. 

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CADERNO

Informativo ENTREVISTAS | VITRINE ODONTOLÓGICA | SOCIAL

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 Jurisprudência na Odontologia

As novas tecnologias a favor da Odontologia Legal

H

istoricamente, a Odontologia Legal emergiu da casualidade e tornou-se evidente após alguns acidentes, que apontaram para a necessidade de técnicas de identificação das vítimas. Uma das alternativas utilizadas foi o reconhecimento dos corpos através dos dentes. A Lei 5.081/66 definiu as atribuições do Cirurgião-Dentista, inclusive na área pericial, além de regular o exercício da odontologia no território nacional, expressando no seu artigo 6º que compete ao cirurgião-dentista praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de conhecimentos adquiridos, atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive para justificação de falta ao emprego, proceder à perícia odonto-legal em foro cível, criminal, trabalhista e em sede administrativa e utilizar, no exercício da função de Perito-Odontólogo, em casos de necropsia, as vias de acesso do pescoço e da cabeça. Mantendo sua importância em ascensão, a odontologia legal faz parte do elenco de especialidades odontológicas dispostas na Resolução CFO 63/2005, sendo que na seção VIII, artigos 63 e 64 é disposta a sua definição e as áreas de competência do especialista. Portanto, não existem dúvidas de que a Odontologia Legal tem como objetivo principal a identificação humana, que pode ser entendida como o conjunto de procedimentos voltados para individualização humana, meio pelo qual as pessoas podem preservar seus direitos e terem cobrados os seus deveres, seja na esfera cível, seja na esfera criminal. Os métodos de identificação incluem conhecimento visual de vestimentas, objetos pessoais, de impressões digitais, análise de DNA, como investigação médica, esquelética, sorológica, de cabelo e de dente. A identificação humana post-mortem é uma das grandes áreas de estudo da odontologia legal e da medicina legal, pois nos casos em que é necessário realizar a identificação de corpos que se encontram queimados, decompostos, esqueletizados, mutilados ou fragmentados por qualquer outra razão, é extremamente comum a dentição estar intacta e ser a única fonte de informação para esta investigação, possibilitando estabelecer a identidade humana pelo uso de técnicas propícias a serem realizadas por profissionais com conhecimentos específicos nas áreas medicolegal e odontolegal. Assim, define-se que a Odontologia Legal constitui um dos ramos da Medicina Legal, com a qual colabora, fazendo ou complementando exames especializados relativos à arcada dentária e anexos, tratamentos executados, peças dentárias e protéticas, vestígios da ação lesiva provocadas por dentes, dentre outras. Na práti46 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

ca, é necessário lembrar que os arcos dentários, por serem de difícil destruição, permitem uma identificação bastante precisa do indivíduo. Os dentes podem oferecer dados como espécie, grupo racial, idade, altura, dados particulares, determinadas profissões, sexo, dentre outros. Nos processos de identificação de esqueletos, em determinadas situações, é imprescindível a realização da estimativa da estatura. Esta é realizada através de uma metodologia osteométrica, que leva em consideração, principalmente, os ossos longos. Ainda, nos casos de carbonização humana, usualmente há uma limitação do emprego dos remanescentes biológicos para estudo. Nestes casos, tem-se usado, por eleição, dentes para análises forenses, já que sua constituição anatômica proporciona proteção ao material genético. Assim, quando exames antropométricos já estabelecidos são inviáveis para proceder-se à identificação humana, pode-se utilizar a tipagem de um DNA para tal processo, e a polpa dental é um dos poucos materiais orgânicos disponíveis para análise do DNA. Em alguns casos especiais, como acidentes aéreos e corpos carbonizados ou putrefatos a identificação é possível devido a capacidade do dente em agir como uma cápsula protetora das células nucleadas da polpa dentária, de onde se extrai o material genético para esta análise. Continuando os processos de identificação, como uma informação complementar na averiguação forense, a utilização de crânio e dentes tem se mostrado altamente viável para tal objetivo, e mantendo o foco da Odontologia Legal, estudos têm demonstrado que os elementos dentários são as estruturas orgânicas que fornecem os melhores subsídios para estimativa da idade, porque, ao que tudo indica, sofrem menos interferência de fatores sistêmicos e de desnutrição, que afetam sobremaneira a maturidade orgânica e o desenvolvimento ósseo. Além disso, o estudo da evolução dentária possibilita a análise de um número considerável de dados, diminuindo, assim, a margem de erros. Assim, é possível afirmar que a Odontologia Legal tem contribuído com a identificação de pessoas que não apresentam condições de reconhecimento visual e tampouco identificação por meio de datiloscopia. Em trágicos episódios da história, no Brasil e no exterior, a identificação odontolegal significou a solução de grande parcela dos casos. Nestes contexto, os cirurgiões-dentistas costumam registrar fotograficamente alguns dos tratamentos que realizam, alguns dos resultados que obtêm, assim como fazem requerimento de exames complementares, sendo que a maioria destes faz uso de imagens digitais, que podem ser de grande utilidade no meio jurídico. As imagens


odontológicas são divididas em dois grupos básicos: as realizadas como exames complementares, tais como a tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia, radiografias, entre outras e as realizadas com a finalidade de registro clínico, que são as fotografias. A documentação fotográfica já faz parte do sistema legal e sua utilização pode definir sentenças em processos cíveis ou criminais, áreas da justiça onde o cirurgião-dentista participa dos processos como réu, autor ou como perito. A fotografia é um dos mais importantes protocolos aplicados à odontologia legal, sendo considerada como prova em diversos tribunais, pois é assim que o profissional pode registrar a qualidade de adaptação de uma prótese, o ajuste de uma restauração, o antes e depois de um procedimento estético e em qual condição odontológica o paciente chegou na clínica ou consultório. No Código de Ética Odontológica, nenhuma menção é feita sobre poder ou não tirar fotografias. Apenas encontra-se escrito, que os retratos do paciente não podem ser exibidos nos meios de comunicação sem a autorização do mesmo. Além disso, se considerarmos que a imagem do paciente é sigilosa, pode ser considerada infração ética a revelação da imagem odontológica, seja ela fotográfica ou radiográfica, sem justa causa. No entanto, o Código de Ética Odontológica atualmente em vigor, não considera infração ética a quebra do sigilo profissional por apresentar fotografia do paciente nos tribunais, quando houver necessidade do cirurgião-dentista defender seus interesses legítimos. E quando se fala sobre fotos digitais, muitos profissionais pensam que por ser uma imagem manipulável, ela perde sua validade jurídica. No entanto, de acordo com o Código de Processo Civil, em seu artigo 332, “todos os meios legais, bem como moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou defesa.” E no artigo 429 do mesmo diploma legal temos: “Para o desempenho de sua função podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se dos meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças”. Visto que as imagens digitais, como forma de registro, não são expressamente vedadas e que ainda podem ser incluídas em “outras peças”, é admitido seu uso nas cortes. Cabe afirmar que, se formos colocar em questão a realização de ressonância magnética, tomografia computadorizada, todas imagens digitais, fica com semelhante validade, a fotografia digital, e sendo válido o seu uso em odontolo-

gia, os exames imageológicos que têm que ser devolvidos mediante requerimento do paciente, podem ser duplicados fotograficamente de maneira mais fácil, e considerando a fotografia do paciente como parte do tratamento ou parte do planejamento, tem-se que esta só poderá ser realizada mediante autorização assinada do paciente a ser fotografado. Neste contexto, conforme preceituam os arts. 6º, inc. III e 31 do Código de Defesa do Consumidor, é dever moral e jurídico a boa comunicação entre o prestador de serviços, no caso o cirurgião-dentista, e o consumidor, no caso o paciente, devendo todas as medidas a serem tomadas, anunciadas claramente desde a primeira consulta, e somente se ambas as partes estiverem de acordo, o início do tratamento poderá ser feito. Mudanças ou intercorrências poderão ocorrer antes ou durante o tratamento se assim o paciente preferir. Os exames imageológicos e fotográficos deverão estar previstos no planejamento. Assim, as fotografias e imagens convencionais têm seu valor legal bem estabelecido e em virtude da inexistência de leis específicas que invalidem o valor da imagem digital, o profissional da área de saúde poderá fazer uso destas imagens tanto com objetivos de diagnóstico quanto por motivos de documentação com finalidades jurídicas, e cuidando apenas para não cometer infrações éticas no concernente à exposição inadequada da imagem do paciente sem prévia autorização. Independente da finalidade das imagens, o importante é que as técnicas estão à disposição dos profissionais para auxiliar no que for necessário, e neste contexto é necessário afirmar que as fotografias digitais não são a única ferramenta à disposição da Odontologia Legal. Saliente-se que quando corpos precisam ser identificados, radiografias do falecido podem ser utilizadas e comparadas com qualquer radiografia do presumido indivíduo quando vivo. A técnica de identificação utilizando radiografias comuns baseia-se na comparação entre radiografias ante-mortem, e as radiografias obtidas post-mortem, a partir das quais podem ser observadas anatômicas como tamanho e forma das coroas, anatomia pulpar, posição e forma da crista do osso alveolar, além das características únicas e individuais resultantes de tratamentos dentários. Paralelamente, o avanço espetacular da microeletrônica e da informática, aliado à redução no custo de equipamentos, permitiu o desenvolvimento de técnicas mais poderosas e confiáveis de comparação de imagens radiológicas com aplicação em odontologia legal, existindo, portanto, inúmeras variações das técnicas radiológicas digitalizadas cujo método de utilização consiste, essencialmente, em digitalização de imagens radiográficas com emprego de scanner

ou câmera de vídeo ou, ainda, pela aquisição da imagem diretamente de um sistema de raios X acoplado a um computador com monitor, impressora e gravador de CD-ROM, além da manipulação das imagens por um software adequado, permitindo comparações por superposição, interposição ou subtração de imagens, permitindo comparar com precisão relações espaciais das raízes e das estruturas de suporte dos dentes em imagens ante-mortem e post-mortem, existindo softwares que apresentam recursos de rotação, translação e ajuste de tamanho de imagens. Ainda, como método radiológico de aquisição de imagens para identificação humana, pode-se citar a tomografia computadorizada (TC) que pode ser obtida na forma tradicional, em imagem bidimensional e em imagem tridimensional, sendo que a TC ante-mortem proporciona informações que podem ser utilizadas na produção de uma réplica post-mortem, considerando que os pontos craniométricos podem ser localizados com precisão e as mensurações obtidas com acurácia. Nestes termos, saliente-se que novas Tecnologias da Informação, e em particular, softwares que possibilitam a comparação de informações ante-mortem com informações post-mortem, foram empregados em desastres de massa com vistas à identificação humana. O Computer Assisted Postmortem Identification System (CAPMI) é um programa já utilizado há décadas. O programa Disaster Victim Identification (DVI) System International Software foi utilizado, por exemplo, para a identificação de vítimas do tsunami que acometeu o sudeste asiático em 2004. Programas como o DAVID e o WinID têm sido empregados com sucesso. O WinID possibilita o armazenamento de dados como características odontológicas e antropométricas. Foi possível concluir que a utilização de softwares que possibilitam a comparação de dados ante-mortem com post-mortem em muito contribuem para a identificação de vítimas de desastres de massa. Portanto, a análise de radiografias e tomografias ante-mortem e post-mortem tornou-se uma ferramenta fundamental nos processos de identificação humana em odontologia legal, principalmente com o refinamento das técnicas e a incorporação de novas tecnologias, sendo que, diante da variedade de métodos disponíveis, o profissional em odontologia legal pode optar pelo método que melhor preencha as características necessárias para o sucesso da identificação humana, inexistindo qualquer impedimento legal, mesmo ético, para a utilização de imagens feitas ante-mortem e post-mortem, desde que referida utilização seja feita com responsabilidade e por justa causa.  ◗◗ MATEUS CARRER LORENÇATO Advogado sócio de Brasil Salomão e Matthes Advocacia. E-mail: mateus.lorencato@brasilsalomao.com.br

◗◗ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) http://www.portaleducacao.com.br/odontologia/artigos/2544/odontologia-legal-aspectos-historicos. 2) http://www.portaleducacao.com.br/odontologia/artigos/56722/odontologia-legal-os-arcos-dentarios-na-identificacao-humana. 3) http://www.portaleducacao.com.br/odontologia/artigos/12360/regulamentacao-da-odontologia-legal-no-brasil. 4) http://www.revodontolunesp.com.br/articles/view/id/51ae4aa41ef1faca3d003390. 5) http://www.odontogeriatriatotal.com.br/legalidade_no_uso_das_imagens_di.htm. 6) CARVALHO, Suzana Papile Maciel. A Utilização de Imagens na Identificação Humana em Odontologia Legal. Radiologia Brasileira, v. 42, n. 2, p. 125-130, mar./abr. 2009.

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 Vitrine Odontológica >Ribeirão Preto se prepara para receber a oitava edição do CROPI Criado em 1998 pelo professor Dr. Ronaldo Silva, com o objetivo de compartilhar ciência odontológica mundial em Ribeirão Preto e região, o CROPI (Congresso de Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia) é hoje um evento tradicional, capaz de promover visibilidade aos participantes e enfatizar valores através da imediata aplicação clínica. Realizado bienalmente, o evento recepciona um número considerável de participantes e especialistas das áreas afins, que podem agregar novos conhecimentos, avaliar e promover o intercâmbio dos grandes avanços científicos atuais. Em 2014, chega à sua VIII edição que será realizada nos dias 17, 18 e 19 de setembro, no Hotel JP, em Ribeirão Preto-SP. Para comemorar seus 16 anos de existência, o VIII CROPI reunirá profissionais de destaque nas áreas de Estética, Prótese, Periodontia e Implantes Orais. “Em 2010 nós inovamos com a realização do 1º Simpósio de Cirurgia Virtualmente Guiada do país, quando recebemos especialistas de renome que ministraram palestras sobre as novidades nessa área. Na edição de 2012, recebemos 17 importantes profissionais do Brasil, Estados Unidos e Espanha que realizaram palestras e seminários de elevado nível científico. Este ano vamos promover novos Simpósios e reunir profissionais de alto gabarito, oferecendo aos cirurgiões-dentistas iniciantes, experientes e/ou especialistas, uma visão contemporânea da Odontologia, direcionando os profissionais ao caminho da imediata pratica clínica, através de trabalhos científicos, debates e conclusões”, enfatiza o presidente do evento, Ronaldo Silva, coordenador

Para 2014, a previsão é reunir em torno de 250 participantes, entre congressistas e visitantes. Em 2016 o congresso será Latino Americano.

científico do Instituto de Ciência em Implantologia e Reabilitação Oral. Além da programação científica, o CROPI também promove a feira tecnológica, com empresas de renome na área odontológica, proporcionando atualização e suporte tecnológico aos profissionais, com estandes totalmente integrados com o auditório e coffee break, permitindo total interação dos participantes com as empresas que investem para divulgar seus produtos e serviços. “O sucesso de todas as edições do CROPI atribui-se a ações coletivas entre empresas e profissionais, para juntos elevarmos a ciência odontológica a patamares merecedores”, acrescenta Ronaldo Silva. Para 2014 a previsão dos organizadores é reunir um número significativo de participantes, em torno de 250, entre congressistas e visitantes, já para 2016 o congresso será Latino Americano. “O Brasil é o país com o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo registrando 19% dos quase um milhão de profissionais de Odontologia. Segundo o Conselho Regional de Odontologia (CRO), Ribeirão Preto reúne pouco mais de dois mil profissionais registrados e destaca-se como polo nacional odontológico. Pensando no que a cidade representa neste cenário, o CROPI vem enfatizar a importância de aprimoramento para os odontólogos atuantes nesta região. Mais que isso, o CROPI expande seu foco de utilidades também para os pacientes em geral, que conquistam mais recursos tecnológicos, segurança, rapidez e facilidades nos tratamentos odontológicos”, completa o professor Dr. Ronaldo Silva. 

Unesp desenvolve goma de mascar que inibe a formação de cáries Pesquisadores da Unesp desenvolveram uma goma de mascar com microrganismos probióticos microencapsulados que apresentam atividade anticariogênica. O projeto foi objeto da tese de doutoramento da pesquisadora Nadiége Dourado Pauly-Silveira, orientada pelo professor Elizeu Antonio Rossi, pelo programa de pós-graduação em Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp em Araraquara. Atualmente encontram-se disponíveis no mercado chicles e gomas de mascar não cariogênicos, isto é, sem adição de açúcares, mas não anticariogênicos como se apresenta a nova tecnologia. Segundo Rossi,“o diferencial é que as gomas que não possuem açúcar simplesmente não contribuem 48 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

para o desenvolvimento da cárie, uma vez que os carboidratos são substratos para as bactérias causadoras da cárie”. O professor explica: “O nosso produto combate a principal bactéria causadora da cárie: o Streptococcus mutans”. Vale destacar que a goma desenvolvida pelos pesquisadores da FCF também não contém açúcares. De acordo com Nielsen Brasil o mercado brasileiro de goma de mascar e chicles de bola apresentou crescimento de 7% em 2008, movimentando um valor aproximado de U$ 1,3 bilhão, devendo atingir um valor superior a U$ 1,5 bilhão em 2013. O produto é destinado a crianças que ainda apresentam dentição não permanente e também a pré-adolescentes e adolescentes, os quais representam

o principal seguimento consumidor de gomas de mascar, porém existe uma expectativa de aumento de consumidores adultos com o surgimento no mercado de um produto com alegação funcional, ou seja, com capacidade de inibir o desenvolvimento da cárie dental. A tecnologia já passou por alguns testes, foi possível constar que a goma ao ser mastigada libera a cepa probiótica na saliva do consumidor e que essa cepa foi capaz de inibir o desenvolvimento do S. mutans. O pedido de patente da tecnologia foi depositado pela Agência Unesp de Inovação (Auin).  Fonte: www.jornaldosite.com.br


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 Vitrine Odontológica >Colgate lança o aplicativo “Localizador de Dentistas” Tooth Brush Timer O aplicativo faz uma contagem regressiva de dois minutos simulando quanto tempo o usuário deve gastar para limpar cada dente. Além disso, fica disponível uma agenda que indica os dias em que o dente foi escovado e quantas vezes, com um espaço para comentários. Pode ajudar na hora de relatar algum problema para o dentista. http://www.windowsphone.com/pt-br/store/app/ tooth-brush-timer/4976b3e8-06a6-4b0a-adad-bae9f391cb15 A Colgate lançou, para consumidores, o aplicativo que irá ajudar os cirurgiões-dentistas a conquistarem novos pacientes. A app está divulgando esta ferramenta para 3,4 milhões de consumidores, fãs da página Colgate Brasil no Facebook desde o dia 28 de abril, Dia Mundial do Sorriso. O aplicativo foi desenvolvido em parceria com o Conselho Federal de Odontologia (CFO). O "Localizador de Dentistas" é um aplicativo para iPhone e iPad em que a população poderá buscar um dentista por geolocalização, endereço ou proximidade do seu local, especialidade ou pelo nome do profissional. O app também contém outras funcionalidades como lembrete de troca de escova e materiais educativos para pacientes sobre as principais condições bucais. Para se cadastrar e fazer parte da lista de profissionais que vão estar disponíveis para consulta pelos pacientes, o cirurgião-dentista deverá cadastrar sua clínica ou consultório no próprio aplicativo que está disponível na App Store ou no link: http:// www.colgateapp.com/prof/br/localizadordedentistas/index.asp São seis aplicativos desenvolvidos para celular ou tablet que auxiliam na hora de escovar os dentes, ir ao dentista ou orientar as crianças.

Brush DJ O objetivo aqui é tornar o momento de escovar os dentes mais divertido. O Brush DJ acessa sua biblioteca de música e escolhe aleatoriamente uma delas para tocar durante dois minutos, tempo médio para uma boa escovação. O aplicativo ainda tem lembretes para a hora da higiene bucal, passar fio dental, visitar o dentista e trocar a escova. https://itunes.apple.com/br/app/brush-dj/ id475739913?mt=8 Desencoste seus dentes Este é um app especial para pessoas com bruxismo. Tem dicas sobre o problema e no final o usuário pode configurar como quer ser alertado para se lembrar de não apertar os dentes. Pode escolher alertas aleatórios ou sua própria fra-

>Gnatus implanta sistema SAP No início de julho, por meio do Compromisso Inovador Gnatus (Comig), a Gnatus realizou a implantação do SAP, um sistema de gestão operacional, que tem como objetivo melhorar os processos internos da empresa. “Essa é uma plataforma totalmente fácil e organizada, que chega para agilizar nosso trabalho”, destaca o Clóvis Rigo, gerente de Tecnologia da Informação da Gnatus. O sistema abrange toda a cadeia de processos administrativos, financeiros, industriais, pesquisa e desenvolvimento, distribuição, vendas e de marketing da empresa. “A Gnatus tem em seu DNA os conceitos de tecnologia e inovação. Queremos transformar informação em ação, assim, optamos pelo SAP Hana que, com o apoio da Trust, nos possibilita agilidade no cruzamento de dados”, ressalta o Hélio Siqueira, diretor financeiro da Gnatus. As soluções da SAP permitem acessos simplificados às informações decisivas para o desenvolvimento e melhoria em produtividade e processos de gestão da empresa. “O projeto atende aos objetivos de expansão da Gnatus. Com o novo sistema de gestão, a empresa conseguirá expandir a atuação em novos mercados e ampliar as vendas com melhor gerenciamento dos negócios e para os clientes”, enfatiza Clóvis Rigo.  50 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

se, além de definir a frequência dos lembretes. A ferramenta também dá a opção de um aviso para a hora de colocar o protetor bucal para dormir. https://play.google.com/store/apps/ details?id=com.desencoste&hl=pt_BR Smartkids O site Smartkids tem jogos educativos exclusivos para saúde bucal. Com quiz, forca e outras brincadeiras ligadas a assuntos como cárie, maneira adequada de escovar os dentes, entre outros. http://www.smartkids.com.br/jogos-educativos/higiene-bucal.html Guerra dos Mutans Voltado para crianças, a história tem como personagens a família Rizo e os Mutans (“monstros” que aterrorizam a boca dessa família que não escova os dentes). http://www.guerradosmutans.com/ Dream Watcher Um aplicativo para quem já ouviu falar que ronca, mas não acredita. Ele grava o sono durante a noite para que o usuário saiba se sofre do mal e possa, inclusive, exibir as amostras de gravação para o dentista. A ferramenta também disponibiliza um despertador duplo que da primeira vez emite um som baixo e que aumenta gradualmente. Caso este falhe, o segundo alerta será mais alto. O app também ajuda na hora de dormir, com músicas relaxantes. https://play.google.com/store/apps/details?id=com. arcadexxi.dreamwatcher&hl=pt_BR 


>Apcd Central promove 2ª Campanha de Prevenção e Diagnóstico do Câncer de Boca Anualmente, surgem pelo menos dez mil novos casos de câncer de boca no Brasil. Quando o diagnóstico é realizado precocemente, a cura pode ser total. Mas, o grande problema é que a maioria das pessoas só recorre a um cirurgião-dentista quando a lesão está em estágio avançado. Dentro desse contexto, a Apcd está lançando a 2ª Campanha de Prevenção e Diagnóstico do Câncer de Boca, que acontece entre os dias 4 e 8 de agosto, das 9h às 12h, em São Paulo-SP. De acordo com Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Apcd e coordenador da iniciativa, todos os interessados devem antes agendar uma consulta pelo número (11) 2223 2503. Sem prévio agendamento, o paciente terá de entrar numa fila de espera. “Além de ser uma campanha de prevenção e tratamento, vale ressaltar que ela começa na Apcd, mas não termina aqui. Resumindo: o paciente agenda a consulta e, no dia marcado, caso haja alguma suspeita, ele é encaminhado para fazer exames no laboratório Plínio Santos de Anatomia Patológica. Quando o resultado é positivo para câncer de boca, encaminhamos esse paciente para o Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho (Icavc). Ou seja, essa parceria nos permite oferecer um acompanhamento mais abrangente para a população em risco”, diz Cerri. Em 2013, dos 182 pacientes que agendaram atendimento durante a campanha, quase 10% tiveram diagnóstico de câncer de boca confirmado, sendo apenas 20% na fase inicial da doença. O especialista afirma que o principal sintoma do

câncer de boca é o aparecimento de feridas que não cicatrizam dentro de uma semana. Manchas brancas, vermelhas ou pretas, além de dificuldade de deglutição e sangramento, também são fatores importantes. Wagner Seroli, responsável pelo setor de Odontologia Hospitalar do Icavc, afirma que o câncer de boca pode atingir lábios e cavidade oral (língua, gengiva, parte interna das bochechas, assoalho e céu da boca), sendo que, em estágios adiantados da doença, algumas pessoas manifestam dificuldade para falar, mastigar e engolir. “No início, é comum que os sinais passem despercebidos. Por isso, é importante estar atento a alguns detalhes: pessoas com mais de 50 anos, que fumam ou bebem muito, que têm machucados constantes provocados pelas peças protéticas, que têm histórico de câncer oral na família e não têm uma perfeita higiene bucal, são mais propensas a desenvolver a doença”, diz Seroli. A parceria da Eap/Apcd com o Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho e com o Laboratório Plínio Santos na Campanha de Prevenção e Diagnóstico do Câncer de Boca visa principalmente modificar o status atual da doença entre as pessoas menos assistidas, em quem o diagnóstico costuma ser realizado tardiamente, quando o tratamento é bastante mutilador e o prognóstico não é favorável. Os atendimentos serão realizados na sede da Apcd Central, à rua Voluntários da Pátria, 547, Santana, São Paulo-SP. 

> Especialistas trocam experiência durante Encontro Nacional Implante • Perio A primeira edição do Encontro Implante • Perio, que ocorreu nos dias 24, 25 e 26 de abril, em Araraquara-SP, reuniu cerca de 400 participantes. A programação científica teve como destaque a apresentação de mesas-redondas temáticas e palestras de renomados especialistas brasileiros e estrangeiros. O evento também teve cerimônia em homenagem aos Profs. Drs. Elcio Marcantonio e Egbert Toledo, que completam 60 anos de docência em Odontologia. O presidente do evento, Elcio Marcantonio Júnior agradeceu a presença e o envolvimento de todos. “O encontro rendeu ótimos debates e troca de experiências, graças à contribuição dos palestrantes e à participação do público, que ficou tão satisfeito e já está pedindo uma nova edição”, afirma. Um dos destaques do encontro foi a palestra do renomado professor sueco de Periodontia e Biologia Oral, Ulf Wikesjö, que apresentou uma aula sobre "Regeneração óssea e periodontal", no último dia. Ainda no evento, os participantes puderam conferir Hands-On sobre "Novas abordagens para o tratamento de alvéolos pós-extração com o uso otimizado de biomateriais", da Geistlich; "PRF - Plasma Rico em Fibrina", da Intra-Lock System; e "Dominando Carga Imediata com estética, função, previsibilidade e sucesso", da Gnatus. As principais novidades do mercado também estavam disponíveis aos visitantes, nos estandes das 19 empresas participantes. 

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 Vitrine Odontológica >Multilink N apresenta adesão forte e durável a todos os materiais restauradores O compósito de cimentação Multilink N da Ivoclar Vivadent é utilizado universalmente para cimentar restaurações indiretas. A seringa automix permite que se utilize somente a quantidade necessária de material. O compósito de cimentação auto-polimerizável, com opção de fotopolimerização é de aplicação universal. É adequado para a cimentação adesiva de todos os tipos de restaurações indiretas sejam elas de metal, metalocerâmica, dissilicato de lítio, cerâmica vítrea, compósito ou de cerâmica de óxido de zircônio. Adesão forte e durável O Multilink N é capaz de estabelecer uma forte adesão a diferentes tipos de materiais restauradores. A cerâmicas vítreas, à base de silicato; restaurações de metal ou óxido-cerâmico, o cimento é aplicado na peça, em combinação com um silano (Monobond N ou Monobond Plus). No preparo do dente é aplicado o adesivo auto-con-

dicionante Multilink N Primer A/B. Este produto simplifica o procedimento de cimentação, pois elimina a necessidade do condicionamento com ácido fosfórico. O Multilink N Primer A/B que é auto-condicionante e auto-polimerizável, não apenas garante elevada força de adesão como também melhora o selamento dentinário de forma considerável. Além disso, ele promove o sucesso clínico da restauração a longo prazo, influenciando de forma positiva a retenção, a descoloração marginal, a prevenção de cáries secundárias e a resistência a fraturas. Um sistema de utilização conveniente: A seringa automix torna a utilização muito conveniente. Ela permite que a quantidade exata de material necessário seja aplicada diretamente na restauração. Adicionalmente, o cimento apresenta uma consistência que é ideal para aplicação e cimentação. Comparada às cápsulas para mistura, a seringa automix proporciona uma economia

considerável de tempo. Acessórios adicionais, tais como injetor de cápsula, ativador de cápsula ou unidade de mistura, não são necessários. Além do mais, a quantidade de material que pode ser aplicada no total não está limitada ao conteúdo da cápsula. Fórmula Easy Clean-UP: Agora, graças à nova fórmula “Easy Clean-Up” e à Técnica de Quadrantes, o excesso do cimento “Multilink N” pode ser removido com maior facilidade. O excesso do material deve ser fotopolimerizado durante 1 a 3 segundos, por superfície de cada um dos quadrantes (mésio-lingual, disto-lingual, mésio-vestibular, disto-vestibular). Desta forma, o excesso do material obterá consistência gelatinosa, permitindo que, com o auxílio de uma cureta, possa ser facilmente removido. Multilink® é uma marca registrada da Ivoclar Vivadent AG. 

16° CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DE GOIÁS Data: De 21 a 24 de setembro de 2014 Informações: (62) 3236 3100 E-mail: ca@abo-go.com.br

12º CIOMIG - CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DE MINAS GERAIS Data: De 8 a 11 de outubro de 2014 Local: Minascentro - Belo Horizonte-MG Informações: http://abomg.no-ip.com/ abo/12ciomig/pagina-inicial.aspx

 Calendário de Eventos SETEMBRO

CONGRESSO ABO SÃO PAULO-SP Data: De 4 a 6 de setembro de 2014 Informações: (11) 2959 3332/3689 E-mail: secretaria.abo@terra.com.br VIII CROPI Data: de 17 a 19 de setembro de 2014. Local: Hotel JP - Ribeirão Preto-SP Informações: (16) 3797 8080 VII CIOR SOCIEDADE ARGENTINA DE ORTODONTIA - 20º CONGRESSO DA ALADO Data: De 17 a 20 de setembro de 2014 Local: Buenos Aires - Argentina Informações: http://www.cior.org.ar/

52 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

19º CONGRESSO BRASILEIRO DE ORTODONTIA - SPO 2014 Data: De 25 a 27 de setembro de 2014 Local: Expo Center Norte - São Paulo-SP Informações: www.ortociencia.com.br/Orto2014 OUTUBRO

11° CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DO PARANÁ Data: De 6 a 8 de outubro de 2014 Informações: (41) 3028 5800 E-mail: abo@abopr.com.br

XVII CIOBA - CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DA BAHIA Data: De 29 de outubro a 1º de novembro de 2014 Local: Centro de Convenções da Bahia - Salvador-BA Informações: https://pt-br.facebook.com/pages/ Cioba-Congresso-Internacional-de-Odontologia-da-Bahia/134303226686254 NOVEMBRO 4° CONGRESSO MARANHENSE DE ODONTOLOGIA Data: De 9 a 12 de novembro de 2014 Informações: (98) 3227 1719 E-mail: aboma4@hotmail.com


 Social

Formatura da 1ª Turma de Especialização em Endodontia da Apcd Regional de Ribeirão Preto Num ambiente familiar e descontraído foi realizada a formatura da 1ª Turma de Especialização em Endodontia da Apcd Regional de Ribeirão Preto, credenciada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). A entrega dos certificados e a festa de confraternização aconteceram no último dia 14 de junho de 2014, no Espaço Joni Buffet, em Ribeirão Preto e, além dos formandos, contou com a presença de professores, familiares e representantes de entidades do setor odontológico. Sob a coordenação do professor Dr. Artur Rocha Martini e equipe, composta pelos professores José Antonio Brufato Ferraz, Danilo Alessandro de Oliveira, Alexandre Latuf Najar e Alexandre Bonini, o curso teve duração de dois anos e formou os especialistas em Endodontia: Aderley Girade, Ana Flávia Policici Maida, Ana Carolina Menezes Baldin, Anielle Santolin, Caio Cesar Pereira Simon, Catia Cristina Janjácomo Martini, Danilo Dal Rovere Neto, Gustavo Adriano Juliati e Rafael de Paula Mendonça. Confira momentos do evento.

Professores e formandos da 1ª Turma de Especialização em Endodontia da Apcd Regional de Ribeirão Preto.

Artur Martini, Pietra e Cintia Janjácomo Martini.

Ana Carolina Baldin e Mirian Baldin.

Gustavo Adriano, Aderley, Caio Cesar e Rafael Mendonça.

Os professores Alexandre Latuf, Brufato Ferraz e Alexandre Bonini.

Rita de Cássia, Karila Previato e Tatiane Gonçalves. www.gutierreodonto.com.br > 53


 Social

Festa de formatura do curso de Especialização em Ortodontia, do Centro de Estudos Ortogotardo.

Cícero Gomes e Ernani Bezerra, na Feijoada da Aorp.

Márcia Ranal e Fabiana Careli, na Feijoada da Aorp.

Nilda, Lucimar Tiraboschi, Ira Uekama, Odinê Bechara e Ilma Rocha, na 23ª Feijoada da Aorp.

Marcelo Alves, Camila e Cristina, na Feijoada da Aorp. 54 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59

A presidente Renata F. Lollato, na 23ª Feijoada Solidária da Aorp.

Isabela F. Pires, Cassiano F. Pires e Luiz Carlos Ferreira Pires, na Feijoada Solidária da Aorp.

Confraternização no encerramento do curso de Aperfeiçoamento em Ortodontia, do Centro de Estudos Ortogotardo.


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56 > Revista Gutierre Odontolife - EDIÇÃO 59


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