Estórias de fim de ano ...by Descla

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Estórias de fim de ano

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dezembro | 2016


Ficha técnica

Caros leitores,

Propriedade, edição e dis­ tribuição: Gomes & Canoso, Lda. Rua São João, nº. 39, Repeses 3500­727 Viseu Telefone: 232 407 544 Telemóvel: 969 474 853

Natal é tempo de convívio, de encontro e reencontro, de matar saudades e de partilhar, conjugando esse verbo pelo menos uma vez por ano. A quadra festiva é, por si só, uma tradição, mas dentro dela cabem muitas outras, momen­ tos únicos, tantas vezes curiosos, que celebram a época com a magia que esta merece.

Directora: Olinda Mar­ tins Redacção: Ana Margari­ da Gomes e Lino Lopes Ramos Publicidade e marketing: Joaquim Gomes e Tia­ go Canoso Telefone: 232 407 544 Telemóvel: 969 474 853 Visite o nosso website em www.descla.pt.

Nesta edição desvendamos algumas dessas tradições do Natal, bem como do Ano Novo e dos Reis. Optámos por um modelo diferente, criando uma espécie de calendário que permite aos leitores escolherem o que fazer em cada dia. Uma agenda, se quiserem, com propostas interessan­ tes, doces e divertidas que são uma verdadeira viagem de norte a sul do país , com um salto às ilhas dos Açores e da Madeira.

Boas leituras e bom Natal! A equipa Descla Fotografia de capa: CM Reguengos de Monsaraz

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Feliz Natal e Bom Ano Novo dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 3


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16 17 18 19 20 Santa Maria da Feira: Perlim

O Perlim decorre na Quinta do Castelo, um espaço com mais de 100 anos. Fotografia: Perlim – Uma Quinta de Sonhos

O maior parque temático de Natal do país fica na Quinta do Castelo, um espaço com mais de 100 anos, e é habitado por seres mágicos que falam a lín­ gua dos Pês. Um dos mais co­ nhecidos é Merlim Querlim Ferlim, feiticeiro e mágico de Perlim, que com o seu pincel gigante promete hilariantes aventuras, onde também são protagonistas a Pimpim e o Perlim, a Fada Piri, a Preciosa e o Pim. Teatros musicais, gran­ des formatos cénicos, cenários interativos e mais de vinte área temáticas compõem o cartaz do evento, que é um dos 5 Melho­ res Festivais para Crianças do País, segundo os Pumpkin Awards, e que já se internacio­ nalizou – há duas edições que os turistas da Galiza represen­ tam 25% do total de visitas a Perlim, segundo dados da orga­ nização. O Perlim decorre de 1 a 30 de dezembro.

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No Mercado de Natal os visitantes encon­ tram sugestões origi­ nais

de

presentes,

como brinquedos de madeira e vestuário feito de matérias natu­ rais. Fotografia: CM Almada

Almada: Mercado de Natal Amigo da Terra De 14 a 18 de dezembro, o centro de Almada acolhe mais uma edição do Mercado de Natal Amigo da Terra, com muita animação e sugestões originais para presen­ tes, como brinquedos de madeira, produtos biológicos acabados de colher, calçado e vestuário feitos com matérias naturais, plantas vivas, bicicletas, cosmética natu­ ral, soluções para quem quer construir uma horta num pequeno espaço na cidade, casas­ninho, mobiliário restaurado ou kits caseiros de produção de cogumelos. Um amplo programa anima a cidade, com música ao vivo e espetáculos de teatro, enquanto o artista de rua Bordalo II faz ao vivo uma instalação de grandes dimen­ sões com peças automóveis e outros resíduos. O mercado disponibiliza ainda aos visitantes um eco­serviço gratuito de entrega de compras em bicicleta, que pode ser solicitado no local.

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Desde 2014 que o Cante é património da humanidade. Fotografia: CM Castro Verde

Castro Verde: Cante ao Menino, Janeiras e Reis 17 de dezembro, 18:00, Basílica Real de Castro Verde A Basílica Real de Castro Verde volta a abrir portas para mais uma edição do Cante ao Menino, Janeiras e Reis. Quatro grupos corais vão interpretar cânticos natalícios, num momento que, além de celebrar a quadra festiva e resgatar memórias de uma tradição que outrora se fazia de porta a porta, é também uma oportunidade de valorizar o Cante Alentejano, que desde novembro de 2014 é Patri­ mónio Cultural Imaterial da Humanidade. Homens e mulheres vestidos a rigor, de jaqueta, lenço e chapéu preto, prometem aquecer a noite de Castro Verde com as suas vozes. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 7


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Música em Fátima

Fátima prepara­se para o centenário das Aparições. Fotografia: Ana Margarida Gomes

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O Santuário de Fátima comemorou o nascimento de Jesus com o concerto “Fragmentos Musicais I | Pequena Cantata de Na­ tal”, no dia 11 de dezem­ bro, pelo Coro de Câmara da Bairrada, com um re­ pertório ajustado à qua­ dra natalícia, apresenan ­do, entre outras, obras compostas ou arranjadas por compositores portu­ gueses. No dia 18, o Cen­ tro Pastoral de Paulo VI recebe a Orquestra Sinfó­ nica e Coro do Conserva­ tório de Música do Porto para a estreia mundial de uma obra do compositor Fernando Valente enco­ mendada pelo Santuário de Fátima para a celebra­ ção do Centenário das Aparições.


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O bolo­rei representa os presentes oferecidos pelos três Reis Magos ao Menino Jesus. Fotografia: Tiago Canoso

O doce, em forma de coroa, tem muita simbologia, podendo dizer­se que representa os pre­ sentes oferecidos pelos Reis Ma­ gos ao Menino Jesus. A côdea o ouro, As frutas secas e cristaliza­ das lembram a mirra e o incenso está no aroma do bolo. Belchior, Gaspar e Baltasar viajaram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus Menino. O dia de Reis celebra­se a 6 de janeiro, pois terá sido neste dia que chegaram a Belém. Em al­ guns países é neste dia que se entregam os presentes. Baltha­ zar Junior, filho do fundador da Confeitaria Nacional, em Lis­ boa, foi quem introduziu o bo­ lo­rei em Portugal. Aquando da implantação da República, em 1910, o doce passou a chamar­ se “bolo de Natal” e no ano se­ guinte houve mesmo uma pro­ posta parlamentar para alterar o nome para “Bolo República”, que acabou rejeitada.

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Bolo podre E se no Natal lhe oferecessem um “bolo podre”. É o que pode acontecer no Alentejo, onde são típicos estes doces secos, em for­ ma de cone, que se conservam du­ rante vários dias devido ao facto de não levarem ovos e sabem a ca­ nela e erva­doce. O bacalhau é o prato típico da consoada, mas houve um tempo em que o galo ia para a mesa. No dia de Natal co­ me­se peru recheado com enchi­ dos alentejanos e assado no forno, mas também pode haver carne de O bolo podre conserva­se durante vários dias pois não leva porco com amêijoas, empadas de ovos. Fotografia: Tiago Canoso galinha, ensopado de borrego e sopa de feijão. Além do bolo podre à alentejana, a sobremesa varia entre coscorões ou carolo, barrigas­de­freira, tou­ cinho­do­céu, queijadas ou azevi­ as de grão, doce tradicional conventual cuja massa é recheada com pasta de grão cozido e miolo de amêndoa, assumindo a forma de rissol. Depois de feitas, as aze­ vias são polvilhadas com açúcar e canela. A receita mais apreciada é a do Convento do Bom Jesus, de Monforte. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 11


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O leitão continua a ser um dos pratos favoritos no Natgal. Fotografia: Sónia Pereira

Beiras: do leitão ao cabrito, passando pelo ar­ roz de cabidela Na consoada come­se o bacalhau, acompanhado de ba­ tatas e couve, e no dia de Natal há cabrito assado no forno com batatinhas, mas também se pode encontrar à mesa o arroz de cabidela, o leitão recheado ou as empadas de car­ ne. Como sobremesa, um dos doces mais típicos são as fi­ lhós de joelho, assim chamadas pela forma como eram feitas pelas mulheres, que, sentadas à lareira, as tendiam nos joelhos. As rabanadas, os sonhos, o leite­creme, o pu­ dim de abóbora e a tigelada são outras opções, e se for na Beira Litoral podemos encontrar os formigos cesarenses, originários da localidade de Cesar, em Oliveira de Aze­ méis, que normalmente são preparadas na noite da conso­ ada reaproveitando o pão duro.

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Castelo de Natal na Póvoa de Varzim Nos sábados, domingos e feriados de dezembro a Fortaleza da Nossa Se­ nhora da Conceição trans­ forma­se num Castelo de Natal com entrada gratui­ ta, onde os mais pequenos podem encontrar teatros infantis, momentos de magia, ateliês natalícios, algodão doce, pipocas e animação de Princesas. As crianças entre os 6 e os 13 anos podem ainda partici­ par nas Colónias de Natal, promovidas pelo municí­ pio, entre 19 e 23 de de­ zembro. Até à véspera de Natal o Pai Natal recebe no seu palácio, instalado na Praça do Almada, grande convidados, como a Cinderela, a Branca de Neve e dos 7 anões, o Ba­ tatinha, o Aladino e o Gé­ nio da Lâmpada.

A Cinderela, o Aladino e o Génio da Lâmpada são algumas das figuras que este Natal invadem a Fortaleza da Póvoa de Varzim. Fotografia: Fortaleza da Póvoa de Varzim

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A enorme fogueira é acesa na noite e 23 para 24 e dezembro. Fotografia: CM Penamacor

Madeiro de Penamacor Duas semanas antes do Natal, os rapazes e raparigas em idade de ir à tropa juntam­se para cortar os troncos que hão de alimentar a fogueira. Carregados os tratores, partem em direção ao adro da igreja, num cortejo seguido de perto pela população, à qual atiram os frutos do ramo de laranjeira que a praxe manda trazer, cantando acompanhados à concertina. Tempos houve em que os jovens eram obrigados a roubar madeira, bois e carros para a transportar, tudo a coberto da noite, para dar prova do brio da “Malta das Sortes”. A fogueira é acesa na noite de 23 para 24 de dezembro e assim se mantém por vários dias. Depois a consoada, é habitual as famílias juntarem­se à sua volta, num gesto de fraternal encontro.

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A ronca de Elvas A ronca é o instrumento mu­ sical que acompanha os cantos de Natal em Elvas. Os homens juntam­se nos espaços públi­ cos, cada qual com a sua ronca, para tocar em conjunto e cantar à vez, improvisando sobre uma base poética tradicional. A tra­ dição manda que o ronca seja guardado em casa e proíbe o seu empréstimo. A ronca é feita a partir de bar­ ro cozido e consiste num mem­ branofone de fricção constituída por uma estrutura cilíndrica com uma pele estica­ da numa das aberturas. É per­ cutida por uma cana fixada no centro da membrana. O execu­ tante, com a mão molhada, fricciona a cana fazendo vibrar a pele e produzindo um ronco. Luís Pedras é, atualmente, o único artesão em Elvas a man­ ter o fabrico de roncas, numa cidade que já teve uma comuni­ dade de oleiros e ceramistas – ainda hoje existe a rua dos Oleiros.

A ronca, feita a partir de barro, é o instrumento tradicional dos cantos de Natal em Elvas.

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A Festa dos Rapazes integram as festividades do Solstício de Inverno e assinalam a passagem à idade adulta. Fotografia: Direitos reservados

Bragança: Festa dos Rapazes Os mancebos vestem fatos coloridos cobertos de fitas, campainhas e choca­ lhos e envergam uma expressiva másca­ ra de pau, couro, cortiça ou lata que lhes protege a identidade. É no conforto desse secretismo que, pela alvorada, percorrem as ruas da aldeia aos gritos, lançando impropérios, saltando, dan­ çando ao som da gaita de foles e “cho­ calhando” as mulheres, no que pode ser interpretado como um ritual de fertili­ dade. Entram nas casas muitas vezes sem permissão para roubar o fumeiro,

mas também são convidados a provar o vinho novo na adega. À tarde, expõem na praça pública os comportamentos reprováveis que ocorreram na comuni­ dade durante o ano. As raparigas sol­ teiras são as principais visadas, em especial pelos namoricos. Designado por “comédias”, “loas” ou “colóquios”, o ritual tem como objetivo purificar ou absolver os autores desses comporta­ mentos e prevenir a sua repetição, pre­ parando­se a comunidade para a entrada no novo ano.

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A Festa dos Rapazes acontecem maio­ ritariamente nos dias 25 e 26 de de­ zembro e são uma das celebrações mais características do nordeste transmonta­ no. Estão integradas no ciclo de festivi­ dades do Solstício de Inverno e assinalam a passagem à idade adulta. As tropelias que cometem e a ideia de impunidade de que gozam elevam­nos a uma espécie de seres superiores, má­ gicos, proféticos e transcendentes. Os mordomos, eleitos entre os mais ve­ lhos, fazem cumprir as normas instituí­

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das, aplicando penas mais ou menos se­ veras, consoante a gravidade dos “deli­ tos”: multas em dinheiro, castigos físicos (mergulhos no rio ou nos tanques de água gelada) ou trabalhos a executar (no contexto da festa). Com raízes no tempo dos Celtas, estas festividades chegaram a ser proibidas pelo Cristianismo, por se­ rem contrárias à celebração do Nasci­ mento de Cristo, dos Santos, do Ano Novo ou dos Reis. Além dos rapazes, em algumas aldeias já se admitem raparigas e homens casados.

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A vila de Óbidos está este ano mais as­ sustadora. Fotografia: Município de Óbidos

Óbidos Vila Natal Na pista gelada há monstros marinhos, polvos gigantes, focas e icebergues e os mais novos podem ser, por momentos, capitães do submarino Nautilus, imagi­ nado por Júlio Verne no século XIX. Tintim, o famoso jornalista, espera na rampa de gelo por quem queira acompa­ nhá­lo numa viagem à lua em foguetão atómico. A aventura segue dentro de momentos no país das maravilhas de Alice, onde vivem a maldosa Rainha de Copas e o simpático Coelho Branco. A vila de Óbidos está este ano mais assustadora por causa da The Nightma­ re Experience, que consiste em duas histórias passadas numa casa assom­ brada. A primeira, para toda a família, é “Um Conto de Natal Assombrado”, que

conta a história da bruxa Aliena, conhe­ cida pelo seu espírito mesquinho e mi­ serável e por detestar o Natal. Miúdos e graúdos podem interagir com ela e ca­ çar fantasmas. “The Haunted Christmas Eve”, por sua vez, recorda a véspera de Natal de 1888, quando Óbidos acordou chocada com uma notícia macabra… “Os visitantes podem experienciar uma aventura assustadora, interagir com en­ tidades, assistir a evocações e aprender mais sobre temas paranormais, lendas e narrativas assombradas, que criam uma experiência totalmente envolvente e singular”, garante a Câmara Municipal de Óbidos. A festa decorre de 30 de novembro a 1 de janeiro.

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Madeira: bolo de mel e um bom licor regional O bolo de mel é uma das iguarias mais típicas da gas­ tronomia natalícia na Ma­ deira, tendo surgido nos tempos áureos da produção de açúcar na região autóno­ ma. Manda a tradição que o bolo, à base de mel, mantei­ ga, nozes, amêndoas, vinho da Madeira, erva­doce e ca­ nela, comece a ser feito no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Concei­ ção. Até ao dia de Natal, co­ me­se um bolo que sobrou do ano anterior... Antes de chegar à sobremesa, que os madeirenses acompanham com um licor regional, há que comer a canja de gali­ nha, seguida de espetadas, feitas de carne de porco temperada com vinha­de­ alhos com migas de pão e le­ gumes. Queijadas, broas de mel e rebuçados de funcho completam a doçaria. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 19


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A pista de gelo, com 100 m2, é a grande atração deste ano. Fotografia: CM Vouzela

Vouzela Vila Natal Uma pista de gelo com cerca de 100 m2 e lotação máxima para 25 crianças é a grande novidade da edição deste ano do Vouzela Vila Natal, que decorre entre 13 e 28 de dezembro. O espaço de lazer vai estar disponível até ao dia 8 de janeiro do próximo ano. Entre as atrações da 4ª edição do Vouzela Vila Natal destacam­se a casa do Pai Natal, o parque de diversões, o Circuito da Luz, o Circuito dos Presépi­ os, concertos e espetáculos, oficinas e workshops, mercado de sabores, ruas e casas temáticas, comboio turístico e passeios de charrete.

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Os concertos de Natal em Lisboa são uma viagem pelo rico património eclesiástico da cidade. Fotografia: EGEAC

Natal em Lisboa O Natal em Lisboa, programa de concertos para toda a família em diversas igrejas, estende­se este ano a novos espaços, como o Cinema São Jorge, o recém­inaugurado Capitólio e o Aeroporto Humberto Delgado, com um repertório de músicas dos quatro cantos do mundo. Um dos destaques é, precisamente, neste último espaço, que no dia 15 de dezembro recebe um concerto inesperado: o Coro Infanto­

juvenil da Universidade de Lisboa dá as boas­vindas ao que aterram na cidade interpretando cantos natalícios portugueses, mas também da Hungria, Colômbia, Finlândia, Argentina ou Israel. O roteiro musical termina a 17 de dezembro, na Igreja de São Domingos, com a atuação da Orquestra e Coro Sinfónico da Escola Superior de Música de Lisboa.

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O evento decorre junto ao histórico castelo do século XI. Fotografia: Penela Presépio

Penela Presépio “O Presépio”, ex­líbris do evento, está no cimo da encosta, decorada com o ca­ sario branco e encimado pelo castelo me­ dieval do século XI. Através de novas tecnologias e impressões 3D, mais de uma centena de figuras contam histórias através de quadros representativos da época. Na zona histórica da vila, junto à igreja matriz, fica o Presépio Tradicional do Espinhal, que simboliza a freguesia e o seu património histórico, natural e paisa­ gístico. Destacam­se, ali, as aldeias, as ri­ beiras e as casas senhoriais, mas também A Gruta e a Casa de Nazaré, com figuras construídas em tamanho real. Para os amantes do ferromodelismo, há uma pista gigante onde circulam, em simultâneo, dez comboios. O conhecido

Comboio de Natal volta animar o Pene­ la Presépio 2016, levando­o numa via­ gem mágica pela Vila de Penela. “Brincar com a eletrónica”, Oficinas de “Kraft” e jogos interativos são algumas das propostas das “Oficinas de Fanta­ sia”, espaço de interação com o público. Até 8 de janeiro os centros históricos de Penela e Espinhal têm ainda muita ani­ mação, atores e farsantes, malabaristas, dançarinos, mágicos e ilusionistas para criarem momentos permanentes de animação teatral e musical que prome­ tem animar todos os visitantes. Os pro­ dutos típicos da região estão expostos num mercado de agricultura tradicional e familiar, onde não falta o artesanato urbano e local.

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O ritual foi considerado o Maior Espetáculo de Fogo­de­Artifício do Mundo em 2007. Fotografia: Tiago Canoso

Fogo­de­artifício da Madeira: para inglês ver A tradição remonta ao século XVII, quando os habitantes da ilha acendiam fogueiras para iluminar e encher de bri­ lho e cor os seus lares. No século se­ guinte, a comunidade inglesa residente na Madeira introduziu o lançamento de foguetes como forma de assinalar o ano novo, uma tradição retomada mais tar­ de pelo banqueiro madeirense João Jo­ sé Rodrigues. A partir de então, as famílias abastadas da ilha começaram a competir para ver quem tinha o maior fogo­de­artifício, promovendo um espe­ táculo que alastrava até às zonas mais altas da cidade e que, já nessa altura,

servia para prolongar, noite dentro, as comemorações nos salões de baile. O ritual tornou­se um dos maiores eventos turísticos da Madeira, até alcan­ çar, em 2007, o reconhecimento inter­ nacional de “Maior Espetáculo de Fogo­de­Artifício do Mundo” pelo Livro de Recordes do Guinness. Milhares de turistas acorrem de propósito à ilha nes­ ta altura do ano para ver a magia que acontece entre o céu e o mar: enquanto os foguetes clareiam o firmamento, os edifícios da baixa, iluminados a rigor, projetam­se na baía, criando um efeito de presépio gigante.

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No dia 1 de janeiro, pessoas de várias idades desafiam o tempo e a água gelada. Fotografia: Lino Ramos

Banhos de Ano Novo No primeiro dia do ano, pela manhã, pessoas de várias idades acorrem às praias para um mergulho gelado, tantas vezes desafiando a agitação marítima e o vento forte. A tradição acontece em diversas municípios do país, como Espinho, Matosi­ nhos, Gaia, Aveiro, Nazaré, Figueira da Foz ou Carcavelos. Alguns dos banhistas vão vestidos de Pai e Mãe Natal, outros aproveitam o momento para fazer crítica social, como aconteceu em 2016 em Carcavelos, com os prisioneiros número 44, numa alusão ao antigo primeiro ministro português José Sócrates. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 25


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Góis: Aldeias do xisto cantam as Janeiras No primeiro dia de janeiro, a população das aldeias do xisto no concelho de Góis formam um grupo que per­ corre as casas e ruas para tocar instrumentos tradicio­ nais como a pandeireta, os ferrinhos, o tambor e a concertina e cantar quadras específicas, que variam consoante a freguesia. A tradição é antiga e ninguém sa­ be quando começou, mas houve um tempo em que era costume recompensar esse grupo, formado sobretudo por rapazes, dando­lhes bocados de carne, chouriços e chouriças, que eram depois cozinhados com couves, muitas vezes roubadas.

Vem nos anos vem nos anos Que se querem começar Olhem lá por vossas casas Se lá tendes que nos dar Senhora que está lá dentro Nesse banco de cortiça Venha nos dar as janeiras Nem que seja uma chouriça Senhora que está lá dentro Nesse banco de prata Venha nos dar as janeiras Que está cá um frio que rapa Estas casas não são casas Estas casas são casinhas Tantos anos vivam os donos Como ela tem de pedrinhas. Viva o dono desta casa Raminho de laranjeira Anda ainda nesse mundo Já no céu tem a cadeira Pra lembrar a tradição Matar saudades minhas Vamos cantar as janeiras Ao toque de concertinas

O grupo canta e toca instrumentos tradicionais, como a pandeireta, o tambor e a concertina. Fotografia: CM Góis

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A tradição tem como objectivo receber aqueles que habitualmente não têm lugar à mesa na ceia de Natal. Fotografia: Tiago Canoso

Açores: O menino mija? Entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, Dia de Reis, grupos de homens e mulheres andam de casa em casa a visitar familiares e amigos e degustando os doces e lico­ res tradicionais que estão em cima das mesas. Antes de entrar, perguntam “o me­ nino mija?”, uma espécie de senha para um ritual cujo objetivo é receber aqueles que muitas vezes não têm lugar na ceia de Natal, por ser mais restrita à família. Além dos doces, licores e figos, há laranjas em cima das mesas, uma tradição que terá advindo da importância deste citrino na ilha durante os séculos XVIII e XIX. Além de símbolo do património etnográfico do arquipélago, o “menino mija” é também, desde 2014, uma marca de licor.

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Os grupos vão de porta em porta anunciar o nascimento de Jesus e desejar um feliz ano novo. Fotografia: Lino Ramos

Cantar as Janeiras Uma das tradições mais enraizadas em Portugal. Nos primeiros dias de janeiro, grupos de amigos e vizinhos, homens e mulheres, vão de porta em porta anunciar o nascimento de Jesus e desejar um feliz ano novo, cantando à capela ou ao som da pandeireta, do bombo, da flauta ou da viola. Terminada a atuação, os donos da casa oferecem “as janeiras”, que podem ser castanhas, nozes, bolo­rei, chouriça ou morcela, acompanhadas do vinho novo ou da jeropiga, mas há quem, por comodismo, comece a mudar a tradição, dando apenas chocolates ou dinheiro. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 29


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A grande atração é a Gruta, com dez metros de largura, onde podemos en­ contrar as figuras de Maria, José e do Menino Jesus. Fo­ tografia:

Direitos

reservados

Braga: Presépio de Priscos Os serradores cortam a lenha, o oleiro molda o barro, a padeira amassa a farinha, o sapateiro concerta as sandálias rompidas… O presépio vivo de Priscos, freguesia do concelho de Braga, recria os trabalhos e ofícios do tempo em que nasceu Jesus, bem como os cenários da época. Nas várias casas das aldeias dos Judeus e dos ro­ manos podemos saborear o “pão de César”, as castanhas assadas, o café no pote, doces de Roma, o famoso pudim “Abade de Priscos, tudo acompanhado de uma ginja ou hidromel, bebida alcoólica fermentada à base de mel e água. A grande es­ trela deste presépio é a Gruta, com mais de dez metros de largura e com as figuras bíblicas de Maria, José, o menino Jesus, a vaca e o burro. As construções são feitas pelos habitantes de Priscos e por reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga. O presépio de Priscos está em Braga de 20 de dezembro a 17 de janeiro.

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Seia: Cabeça, aldeia Natal Os 190 habitantes de Cabeça abrem as portas das suas casas em xisto e recebem quem passa, transformando a aldeia e as ruas num verda­ deiro mercado de Natal onde vendem enfeites da sua autoria e totalmente naturais, bem como o queijo serra de Estrela, o requeijão de Seia, as compotas, os frutos secos e até os chocolates inspirados nos aromas da montanha. Sessões de contos infantis, oficinas temáticas, músicas de Natal, exposições de fotografia e presépios ecológicos, são algumas das atividades propos­ tas. E porque o Natal é especial para as crianças este ano os habitantes criaram, também de for­ ma artesanal, a aldeia dos pequenitos, um es­ paço que irá fazer as delícias dos mais novos. O respeito pelo ambiente e pela biodiversidade é a imagem de marca desta que é a primeira Al­ deia Led do país, designação atribuída pelo in­ vestimento em medidas de eficiência energética, bem visíveis no recurso a esta tecnologia na ilu­ minação do espaço público e das fachadas. O Presépio Vivo e o Mercado de Natal são al­ guns dos atrativos de Cabeça, que promove ain­ da concertos, contos de Natal, observação e fotografia de estrelas, uma oficina para apren­ der a cozer o pão da aldeia e outra de eco­deco­ ração ou um passeio de montanha (“Rota dos Socalcos”), sem esquecer a tradicional Missa do Galo, às 22:00 horas do dia 24.

As casas e ruas da aldeia de Cabeça, em Seia, transformam­se num verdadeiro mercado de Natal onde os visitantes podem encontrar enfeites naturais e produtos típicos, como o queijo Serra da Estrela. Fotografia: CM Seia


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Chaves: Cantar aos Reis em Valdanta Segundo a lenda, a tradição surgiu algures no século XVI na sequência de uma pro­ messa coletiva a S. Sebastião para que acabasse com a peste. Todos os anos o padre da paróquia nomeia os mor­ domos do ano seguinte, ge­ ralmente um ou dois casais, que vivam numa das aldeias da freguesia há mais de 20 anos. Cabe­lhes organizar o grupo de cantadores de reis, que no dia 6 de janeiro per­ corre todas as casas, reco­ lhendo as oferendas à igreja. Os mordomos são ainda en­ carregues de alimentar não só os cantadores, mas tam­ bém todos os comensais ou populares que se apresentem para o “banquete”, à noite, geralmente à base de leitões, cabritos, aves e outras car­ nes.

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Vila Real de Santo António: Presépio gigante A enorme estrutura conta este ano com 4.500 figuras, entre moleiros, pastores ou ferreiros, mais um recorde para este que é um dos maiores presépios do país e o maior do Algarve. A sua construção envolveu mais de 20 toneladas de areia, quatro de pó de pedra e 2.500 quilos de cortiça. Somam­se a isto 160 metros quadrados de musgo e uma mega base de suporte onde se lo­ caliza toda a área técnica da estrutura o que per­ mite, por exemplo, o funcionamento dos lagos, a O presépio, com 4.500 figuras, é um dos mai­ iluminação das casas e os efeitos cénicos. Para dar ores do país e o maior do Algarve. Fotografia: vida a este presépio foram necessários mais de 40 Direitos reservados dias e 2500 horas de trabalho, que começou há quase um ano, com a construção das centenas de figuras e adereços. Segundo a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, a infraestrutura é já uma “referência internacional”, a avaliar pela quantidade de turistas espanhóis, holandeses, alemães, franceses e britânicos. “Uma das razões do sucesso do presé­ pio gigante está nos relevos, cenários e figuras que lhe dão vida, muitas delas me­ canizadas e animadas, fator que o distingue de todos os outros existentes no país”, sublinha a autarquia. As entradas no presépio têm o valor simbólico de 50 cênti­ mos, verba que reverte a favor do Centro de Acolhimento Temporário «Gente Pe­ quena» da Santa Casa da Misericórdia de VRSA, instituição que tem por finalidade o acolhimento de crianças e jovens em situação de risco, dos 0 aos 18 anos. Além do presépio, a cidade algarvia organiza ainda a Aldeia de Natal, onde está a casa do senhor de barbas brancas e a pista de gelo e onde decorre uma feira, bem como diversos espetáculos de música e dança, mostras de artesanato e gastrono­ mia. Até 24 de dezembro, a antiga alfândega abre as portas à Aldeia Doce de Natal – os doces conventuais e regionais fazem a delícia de todos e permitem ainda visi­ tar um dos mais emblemáticos edifícios históricos da cidade.


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Valença: pista de gelo e comboio turístico Este ano, e pela primeira vez, Valença tem pista de gelo artificial, com 300 m2, a funcionar no Jardim Municipal até 8 de janeiro. Os pinguins ajudam a dar os primeiros a pequenos e graúdos, que vão ter à disposição patins do nú­ mero 26 ao 48. Até ao mesmo dia de­ corre a maior exposição de presépios do país, em instalações originais e nas montras dos comércios. Em simultâ­

neo, o comboio turístico percorre os centros históricos de Valença e Tui, em Espanha, dando a conhecer os princi­ pais encantos patrimoniais da Euroci­ dade. A programação da Cidade Presépio encerra com a Festa dos Reis, de 5 a 8 de janeiro, com a transmissão, no último dia, do programa “Somos Portugal”, da TVI.

A maior exposição de presépios do país está em Valença. Fotografia: Tiago Canoso

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Os frutos secos são obrigatórios no Natal. Fotografia: Cláudia Correia

Douro e Minho: comer a “Roupa Velha” Na região do Douro e Minho, a Roupa Velha é o prato forte do dia de Natal: con­ siste nos restos da consoada, normalmente bem regados com azeite e alho, segui­ dos de frutos secos, rabanadas, bolinhas de bolina. No fim do dia, uma das sugestões é o peru assado com creme de castanhas e, para sobremesa, mexidos de leite ou aletria, arroz doce e “mexidos” (pinhões, uvas, pas­ sas, vinho do Porto, muitas gemas e miolo de pão), um dos mais populares doces natalícios desta região. Típicos da época são também os bolinhos de jerimu (bolos de abóbora menina feitos em Viana do Castelo), os sonhos, a sopa dourada (pão­de­ló regado com ovos moles e polvilhado com canela), as rabanadas minhotas ou as “fatias doura­ das”, que são fatias de pão embebidas em leite e passadas por gemas e calda de açúcar. Em Barcelos é costume prepará­las com mel. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 35


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O presépio de rua atrai anualmente milhares de turistas à vila medieval. Fotografia: CM Reguengos de Monsaraz

Monsaraz: Presépio de Rua Os Reis Magos, o pastor, o oleiro, o almocreve, a lavadeira e a fiadeira seguem pelas ruas da vila em direção ao largo do castelo, onde se abrigam a Virgem Maria, São José e o Menino Jesus – são cerca de 50 esculturas feitas de ferro e rede e recobertas por panos impermeabilizados que estão iluminadas durante a noite. O Presépio de Rua, da autoria da escultora Teresa Martins, atrai anualmente milhares de turistas à vila medieval, que prepara um vasto programa cultural, com animação de rua, teatro de marionetas, mostra de artesanato e produtos regionais, para além do tradicional Cante ao Menino e aos Reis.

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Comer romãs para ter abundância Segundo a tradição, queMadeira: “Varrer dos Armários” No dia 15 de janeiro, os madeirenses celebram o Santo Amaro com o “varrer dos armários”. Trata­se de uma tra­ dição popular que dita o fim das festas de Natal na ilha: as famílias voltam a reunir­se para desmontar os presépios e todas as decorações natalícias, partilhando e saboreando as últimas iguarias da época, como os licores, a canja, as castanhas assadas e as broas. O concelho de Santa Cruz assinala esta efeméride realizando uma animada festa po­ pular, conhecida por “arraial”. Nas últimas décadas recrudesceu o interesse por esta e ou­ tras tradições, como a Noite do Mercado, a 23 de dezembro, quando o famoso mercado do Funchal (Mercado dos Lavra­ dores) e as ruas à volta dele se enchem de gente animada, num verdadeiro espírito festivo, que canta músicas de Natal, dança e bebe. Os bares da zona estão abertos noite fora a ser­ vir bebidas tradicionais e a especialmente deliciosa sandes de “carne vinha d’alhos”, típica desta quadra festiva. Durante o dia, os madeirenses e os turistas aproveitam para fazer as compras de última hora.m comer romãs no Dia de Reis terá abundância todo o ano. O fruto foi desde sempre considera­ do símbolo de fertilidade devido à quantidade de sementes e à forma harmoniosa como estão dispostas. Diz o povo que no dia 6 de janeiro deitam­se três bagos de romã no lume para o ter aceso, três bagos na caixa do pão e três no bolso do di­ nheiro para ter dinheiro e pão (Teófilo Braga, em O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições). Em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, é hábito comer cinco grãos e dizer "Em louvor dos Santos Reis", pedindo de­ pois um desejo que não pode ser revelado. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 37


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O polvo guisado é particularmente típico da ilha de São Miguel. Fotografia: Azoresphotos.visitazores

Açores: polvo, galinha e um licor O polvo guisado domina boa parte das consoadas açorianas, sendo uma iguaria tradicional do arquipélago, em particular da ilha de São Miguel, e que pode ser servida como prato principal, acompanhado por batata ou arroz branco, ou como petisco. De ilha para ilha há pequenas variações, mas o que nunca falta é o vinho tinto e a malagueta na confecção do polvo. A galinha é também um prato de eleição, em canjas, guisada ou assada. No fim, para adocicar a boca, há rabanadas, diversos bolos secos e o singular Bolo de Natal, feito à base de mel, vinho do Porto, aguardente e frutas cristalizadas, que deve ser feito com oito dias de antecedência, no mínimo, para que o seu sabor seja devidamente apurado e apreciado. O bolo tem mais do que uma versão, consoante as ilhas. No dia de Natal, se não for de novo galinha os açorianos comem porco ou vaca, acompanhado de um bom licor – muitos são artesanais –, concluindo a refeição com um simples mas sempre bem­ vindo arroz doce.

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Madeira: “Varrer dos Armários” No dia 15 de janeiro, os madeirenses celebram o Santo Amaro com o “varrer dos armários”. Trata­se de uma tradi­ ção popular que dita o fim das festas de Natal na ilha: as famílias voltam a reu­ nir­se para desmontar os presépios e todas as decorações natalícias, parti­ lhando e saboreando as últimas iguari­ as da época, como os licores, a canja, as castanhas assadas e as broas. O conce­ lho de Santa Cruz assinala esta efeméri­ de realizando uma animada festa popular, conhecida por “arraial”. Nas últimas décadas recrudesceu o interesse por esta e outras tradições, como a Noite do Mercado, a 23 de de­ zembro, quando o famoso mercado do Funchal (Mercado dos Lavradores) e as ruas à volta dele se enchem de gente animada, num verdadeiro espírito festi­ vo, que canta músicas de Natal, dança e bebe. Os bares da zona estão abertos noite fora a servir bebidas tradicionais e a especialmente deliciosa sandes de “carne vinha d’alhos”, típica desta qua­ dra festiva. Durante o dia, os madeiren­ ses e os turistas aproveitam para fazer as compras de última hora. dezembro 2016| ...by Descla | Estórias de fim de ano | 39


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