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desporto cultura lazer Agosto 2019
PatrimĂł n i o de A a Z ĂŞzere
ficha técnica
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Propriedade, edição e distribuição: Gomes & Canoso,lda. Rua São João, nº.39, Repeses 3500-727 Viseu Telefone: 232 407 544 Telemóvel: 969 474 853
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Directora: Olinda Martins Redacção: Ana Margarida Gomes Colaboradores: José Arnaldo Ferreira Paginação: Jonathan Silva, José Diogo Figueiredo e Tiago Canoso Publicidade e Marketing: Joaquim Gomes e Tiago Canoso
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Editorial
Rio Zêzere | Fotografia ADXTUR
Caros Leitores O Zêzere é um dos nossos mais belos rios, o seu caminho encontrase logo ao início eternizado pelo belo vale glaciar ao qual deu o nome. É o rio das beiras, nasce na beira alta depois corre pela beira baixa e antes de desaguar ainda passa na beira litoral, são cerca de 248 quilómetros marcados por algumas das mais belas paisagens de Portugal. Nesta edição convidamos o leitor a seguir viagem ao longo do Zêzere, desde a serra da Estrela até á sua foz em constância onde as suas
águas se fundem com o tejo. Pelo caminho existem maravilhas naturais, localidades únicas e património inigualável. As praias que o Zêzere oferece são magnificas e por todo seu percurso a gastronomia local é imperdível. O segundo maior rio a nascer em Portugal é de extrema importância no quadro da hidrografia do País, e os seus habitats naturais primam pela diversidade e importância. Conhecer o Zêzere é conhecer Portugal. Boas leituras!!
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Gomes&Canoso
Gomes&Canoso
Publiciade
O rio Zêzere Por José Arnaldo Ferreira
Vale Glaciar do Zêzere | Fotografia: Revista Descla
O rio Zêzere percorre cerca de 242 quilómetros desde a sua nascente no Cântaro Magro, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, até desaguar no Mondego em Constância. O segundo maior rio inteiramente português corre pelas Beiras até chegar ao Ribatejo, atravessa zonas de grande beleza natural. Pelo caminho do seu leito existem paisagens, cascatas, praias fluviais e lugares de importância ímpar. As populações à sua volta também beneficiaram da importância do Zêzere. Nos primórdios da nação ajudou a defender o território como sendo uma linha defensiva de
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origem natural, posteriormente alimentou agricultura e pastoreio, movimentou máquinas industriais com a força das suas águas, assim como permitiu a subsistência de imensas povoações através da riqueza originada pela fauna do seu leito. Descrito como um gigante de força impiedosa e desmedida, o seu caudal forte torna o Zêzere num rio com grande potencial hidroelétrico, a Barragem de Castelo de Bode é um testemunho destas características. A diversidade que este rio abraça ao longo do seu caminho torna-o sem dúvida um dos mais importantes e belos do nosso país.
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O rio e a serra A Serra da Estrela e o rio Zêzere necessitam um do outro, a serra deu vida ao rio e este, por sua vez, deu vida à serra. Lugares e pessoas possuem traços marcantes da importância deste que é um dos maiores e mais valiosos rios a nascer em Portugal. Por José Arnaldo Ferreira Fotografia: Tiago Canoso
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Vale Glaciar do ZĂŞzere
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Vale Glaciar do Zêzere
A moldar as paisagens… Nascido em Cântaro Magro na Serra da Estrela, o Rio Zêzere começa a ganhar corpo à medida que o seu leito vai atravessando os covões de origem glaciar por ali presentes. Logo após o seu curso inicial no sítio do Covão da Ametade, o rio segue o seu caminho pelo Vale Glaciar do Zêzere.
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O Vale Glaciar teve origem na última época de glaciação, há muitos milhares de anos. Com 13 quilómetros de extensão percorridos entre o maciço da Serra da Estrela e a vila de Manteigas, é um dos maiores da Europa. Impressiona pela sua grandiosidade. As formações graníticas dos Cânta-
Covão da Ametade
ros, Gordo, Magro e Raso são imponentes, o leito do rio complementa a beleza deste vale, que viu a sua forma ser moldada pela erosão proveniente do degelo outrora ocorrido. Perto de Manteigas a Ribeira de Leandres, afluente do rio Zêzere, encontra um obstáculo ao seu curso.
Como resultado origina-se uma bela cascata com cerca de 10 metros de altura. A pequena lagoa formada pela queda de água é fascinante: estamos perante o Poço do Inferno. Todo o caminho feito pelo leito do rio enquanto este se encontra em pleno Parque Natural da Serra
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da Estrela é preenchido por paisagens magníficas, mas não se esperava menos de um dos locais mais deslumbrantes do território nacional. Percorrer alguns dos inúmeros trilhos pedestres é partir à aventura rumo a lugares sem igual. As opções são muitas e destacam-se os percursos integrados nos Trilhos Verdes de
Pastoreio na Serra da Estrela
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Manteigas e Grande Rota do Zêzere.
…moldou as pessoas No seu caminho até à foz, ainda em plena serra, o Zêzere altera a orientação do seu percurso. Inicialmente de sul para norte, a jusante de Manteigas começa a seguir de sudoeste
para noroeste, até perto de Belmonte. As aldeias típicas da Serra da Estrela espalham-se um pouco por todo o seu território e estão perfeitamente enquadradas no cenário montanhoso. A vida dos seus habitantes é marcada pela agricultura e pastoreio, que sempre necessitaram de água. O rio Zêzere impulsiona desde há muito quase todas as atividades
dependentes de água pela encosta sul da Serra da Estrela. Para além da agricultura e pastoreio, as primeiras indústrias têxteis da região foram buscar às águas do Zêzere a força necessária para mover as máquinas de tecelagem. A indústria têxtil ainda possui extrema importância na região da Covilhã, e foi responsável pelo desenvolvimento desta cidade.
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Um rio de património O rio Zêzere nasce na Beira Alta, corre pela Beira Baixa e antes de desaguar no Ribatejo ainda passa pela Beira Litoral. O segundo maior rio inteiramente português abraça pelo seu caminho, grande parte da nossa história e património. Por José Arnaldo Ferreira Rio Zêzere | Fotografia: ADXTUR
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Porta D’EL Rei | Fotografia: Município da Guarda
Perto do seu berço A judiaria da cidade da guarda remete para tempo antigos, outrora por ali se estabeleceu uma grande comunidade judaica. O antigo bairro situa-se dentro das muralhas da cidade perto da Porta D´El Rei, as suas raízes datam do século XIII quando D.Dinis deu o foro aos judeus alojados em paroquias da cidade. Bastante empreendedo-
res, os habitantes judaicos da Guarda contribuíram para o desenvolvimento da cidade durante a sua permanência por lá, as casas ainda hoje possuem os traços típicos de antigamente. A Sé Catedral da Guarda é um edifício imponente que combina o gótico com o manuelino. Um marco patrimonial da cidade que está classificado como
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monumento nacional. O rio Zêzere deu a força motriz ás máquinas de tecelagem, assim como água e pasto aos animais. A Cidade da Covilhã cresceu sustentada pelos lanifícios e indústria têxtil, “Os fios do passado a tecer o futuro” é o lema do Museu de Lanifícios. O museu, pertencente à Universidade da Beira Interior, está inserido no
edifício da antiga Real Fábrica de Panos. Foi classificado como imóvel de interesse público e encontra-se integrado nas instalações da instituição de ensino. Criado com o objectivo de salvaguardar o património industrial têxtil, este espaço possui um centro de documentação e arquivo histórico, e ainda áreas afetas a exposições temporárias.
Judiaria da Guarda | Fotografia: Município da Guarda
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Chegados a Belmonte Em Belmonte por vezes o tempo dá a sensação de ter parado, para além de toda a beleza do espaço, o ambiente envolvente é único. Terra de Pedro Alvares Cabral, esta localidade tem fortes ligações ao Brasil e à comunidade judaica. O castelo de
Belmonte foi declarado Monumento Nacional em 1927, a sua origem remonta ao século XIII. Os antigos Paços do Conselho no largo do pelourinho estão ligados a uma lenda curiosa, diz-se que as suas pedras de armas foram mandadas picar pelo Comandante Junot durante as Invasões Francesas, por Belmonte não se ter rendido. A Igreja de Santiago data do século XIII, uma das rotas de peregri-
Belmonte | Fotografia: Município de Belmonte
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nação a Santiago de Compostela passa por Belmonte. No interior do edifício ainda existem vestígios de frescos no tecto, está presente também uma escultura da Nossa Senhora da Piedade, com mais de metro e meio de altura e origens no século XIV. Esta igreja tal como o castelo também se encontra classificada de Monumento Nacional. As cinzas de Pedro Alvares Cabral e seus familiares repousam no Panteão dos Cabrais ali mesmo ao lado.Ainda hoje não sabemos se foi uma albergaria para viajantes, uma prisão ou um templo, Centum Cellas crê-se ser de origem romana e datar do século I. Fica a apenas 5 quilómetros do centro de Belmonte. Belmonte | Fotografia: Município de Belmonte
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Os museus por aqui presentes são também merecedores de atenção e estão relacionados com a história da povoação. O Museu dos Descobrimentos localiza-se no logradouro do Solar dos Cabrais, a antiga residência da família Cabral, retrata a descoberta do Brasil numa viagem interativa por 16 salas diferentes. A comunidade judaica foi importantíssima no passado desta vila, o Museu Judaico presta-lhe uma merecida homenagem. Um outro edifício histórico a dar casa a um museu foi o antiga Tulha dos Cabrais, O Ecomuseu do Zêzere acompanha todo o percurso do Rio Zêzere desde a nascente até à foz, com especial atenção dada à fauna e flora.
Os Museus contam história Na cidade do Fundão encontramos o Museu Arqueológico José Monteiro. Inserido no espaço do Solar dos Taborda Tavares d’Elvas, edifício datado do século XVIII, o espolio deste museu é dedicado à Pré e Proto-História e também ao período
Romano. A cereja é um dos ex-libris desta região, uma visita ao Centro Interpretativo da Cereja permite ficar a conhecer melhor a história deste fruto, desde os ciclos produtivos às diferentes variedades existentes.
Museu Arqueológico Municipal José Monteiro | Município Fundão
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As Aldeias do Xisto
Barroca | Fotografia: ADXTUR
Construídas com base no xisto, anteriormente muitas destas aldeias encontravam-se em ruínas, hoje em dia são um destino turístico de eleição e basta uma visita para perceber porquê. A Rede das Aldeias do Xisto é composta por um total de 27 aldeias de 16 concelhos do país e divide-se em quatro grupos: Serra da Lousã, Serra do Açor, Tejo-Ocreza e Zêzere, sendo este último ao qual vamos dedicar a nossa atenção.
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O Grupo Zêzere Este grupo é constituído por seis aldeias, Barroca e Janeiro de cima pertencem ao município do Fundão, Álvaro a Oleiros, Janeiro de Baixo a Pampilhosa da Serra, Mosteiro a Pedrogão Grande e Pedrogão Pequeno estão afectos ao concelho da Sertã. Todas as povoações estão sediadas junto das margens do rio Zêzere, excepto Mosteiro, localizada nas mar-
Barroca | Fotografia: ADXTUR
gens da Ribeira da Pena mas próximo de onde esta desagua no Zêzere.
Barroca Aldeia marcada pelo ambiente rural, como atesta a sua parte mais antiga, esta é ladeada por duas linhas
de água cavadas para uso na agricultura, que desembocam em pleno Zêzere. Funciona aqui o Centro Dinamizador das Aldeias do Xisto, sediado na Casa Grande, antigo solar do Séc. XVIII, edifício que também alberga o Centro de Interpretação da Arte Pré-Histórica do Poço do Caldeirão.
Rota do Zêzere Barroca | Fotografia: | ...by Descla ADXTUR21
Janeiro de Cima | Fotografia: ADXTUR
Janeiro de Cima Com fachadas em xisto levemente pautadas pela presença de seixos brancos, por entre as suas ruas estreitas e sinuosas, assim se mostra aos visitan-
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tes esta localidade. Por lá encontramos a Casa das Tecedeiras, espaço dedicado à arte de tecer o linho, que também possui um centro interpretativo.
Janeiro de Baixo Dotada de um vasto património religioso e arquitetónico, Janeiro de Baixo surge entre serras, penedos e vales. Aqui encontramos uma praia fluvial com um extenso areal para momentos de lazer. Aconselha-se
também uma visita ao centro da povoação para ver as igrejas e capelas ali edificadas. É conhecida como a aldeia dos cinco parques: parque infantil, parque desportivo, parque de lazer, parque fluvial e parque de campismo.
Janeiro de Baixo | Fotografia: ADXTUR
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Álvaro | Fotografia: ADXTUR
Álvaro Esta é uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto, pois a maioria das fachadas das casas foi pintada. Álvaro pertenceu à Ordem de Malta, entre os Séculos XII e XIX, Álvaro | Fotografia: ADXTUR
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e possui hoje em dia essa herança cultural. O circuito das capelas mostra imensas manifestações de arte sacra, nomeadamente pinturas e artefactos religiosos, de elevado valor patrimonial.
Pedrogão Pequeno A Ponte Filipina sobre o Zêzere data do século XVII e é uma das principais atrações desta antiga vila. Construída em cantaria foi edificada para substituir uma antiga ponte de tábuas. O seu nome deve-se à sua
origem numa época em que Portugal era regido por monarcas de origem espanhola, a chamada Dinastia Filipina. A Igreja Matriz desta povoação, também uma das “aldeias brancas” do xisto, é outro local merecedor de visita.
Pedrogão Pequeno | Fotografia: ADXTUR
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Mosteiro | Fotografia: ADXTUR
Mosteiro Localizada no fundo de um vale, esta pequena localidade rural foi moldada pela importância da água. Moinhos, levadas, lagares e regadios são os pontos de visita por estas Mosteiro | Fotografia: ADXTUR
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paragens, onde os terrenos férteis perto do leito da ribeira, potenciaram a agricultura. Mosteiro também possui uma bela praia fluvial dentro da sua povoação.
No umbigo de Portugal Em Vila de Rei, mais concretamente no sítio do Picoto da Melriça encontramos o Centro Geodésico de Portugal, ou seja, o lugar mais central do território continental português. O picoto que
assinala o local encontra-se a 600 metros de altitude e permite vistas fantásticas. Para enriquecer este lugar único, foi criado o Museu da Geodesia com uma sala de exposição temática.
Centro Geodésico | Fotografia: Município de Vila de Rei
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O centro de Portugal e os Templários As origens do Castelo de Abrantes são ainda hoje desconhecidas. Actualmente acredita-se que a sua origem seja medieval, relacionada com os Templários que nos primórdios do Reino de Portugal desenvolveram
grandes linhas de defesa nesta região apoiadas pelo curso do rio Tejo. A torre de menagem remete para um passado gótico desta fortaleza, que infelizmente foi bastante adulterada no Século XIX quando tornada num
Castelo de Abrantes | Fotografia: Município de Abrantes
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Convento de Cristo | Fotografia: Município de Tomar
presídio militar. No ano de 2002 finalmente avançaram as obras de conservação deste monumento, classificado como imóvel de interesse público. O Convento de Cristo em Tomar é um monumento imponente, abrange o Castelo Templário e o Convento da Ordem de Cristo. A arquitetura desde monumento narra parte da história do país. Possui testemunhos do români-
co por influência dos Templários, da época dos descobrimentos encontramos manifestações de gótico e manuelino, por fim a reforma da ordem deixou traços do maneirismo e barroco. A construção deste templo em planta redonda por parte dos Templários teve influência na igreja que o imperador Constantino construiu sobre o Santo Sepulcro, em Jerusalém. A beleza ím-
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Convento de Cristo | Fotografia: Município de Tomar
par e importância patrimonial presentes neste monumento determinaram a distinção de Património da Humanidade por parte da UNESCO. A pequena vila de Dornes conjuga harmoniosamente o esplendor da natureza com o peso da sua história. Convento de Cristo | Fotografia: Município de Tomar
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Local de beleza idílica, Dornes está intimamente ligada à Ordem dos Templários, no entanto as raízes da sua fundação são anteriores às de Portugal. A torre pentagonal de origem templária é uma das atrações do local, foi edificada no século XIII
Dornes | Fotografia: Município de Ferreira do Zêzere
para tornar Dornes um ponto estratégico nas linhas de defesa contra os Mouros. No interior da torre existem inúmeras estelas funerárias de cavaleiros da ordem, esta pequena vila juntamente com Tomar onde ficava a sede dos Templários, são os mais
importantes marcos da história desta congregação no nosso território. Não só o património é rico em Dornes, esta povoação situa-se numa pequena península banhada pelo Zêzere, as vistas sobre a natureza ao seu redor são deslumbrantes.
Dornes | Fotografia: Município de Ferreira do Zêzere
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Constância | Fotografia: Município de Constância
A foz na vila poema A bela Constância ergue-se em tons de branco, ladeada pelas águas azuis do Zêzere e Tejo. Conhecida por “vila poema”, inspirou Luís Vaz de Camões enquanto este por lá viveu. As suas ruas pitorescas estão cheias de casas caiadas de branco por entre jardins e escadarias estreitas. As ruínas da casa quinhentista
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onde viveu Camões foram consideradas imóvel de interesse publico, sobre elas foi também edificada a Casa-Memória de Camões para divulgar e preservar a relação do poeta com a vila. Constância também se destaca pela valorização da ciência. O borboletário, parte integrante do Parque Ambiental de Santa Marga-
Centro Ciência Viva | Fotografia: Município de Constância
rida, recria as condições meteorológicas dos trópicos para manter vivas todo o ano, inúmeras espécies de borboletas tropicais. Foi criado para conhecer melhor estes seres e alertar para a importância
dos mesmos.Encontramos ainda o Centro Ciência Viva de ConstânciaParque de Astronomia, este possui um planetário, e um anfiteatro ao ar livre dotado de cinco cúpulas para observação astronómica.
Casa-Memória de Camões | Fotografia: Município de Constância
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A banhos pelo Zêzere Quando se fala em rios, por vezes a nossa mente começa logo a vaguear pelos encantos de uma boa praia fluvial, especialmente se o tempo for convidativo. O Zêzere quer pelo seu leito entre vales, ou mesmo pelas suas barragens, é um dos rios que oferece algumas das mais belas praias fluviais do nosso país. Por José Arnaldo Ferreira
Praia Fluvial Janeiro de Baixo | Fotografia: ADXTUR
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A praia e as serras A praia fluvial da Relva da Reboleira dista apenas a oito quilómetros do centro de Manteigas. A cor verde caracteriza este espaço, que surge na margem esquerda do Zêzere, as suas águas límpidas permitem ver o fundo do leito composto por pedras redondas. A praia está inserida no Complexo da Unidade de Recreio e Lazer da Relva da Reboleira, possui parque de campismo e
caravanismo, parque de merendas e a maior pista de esqui cinética da Europa. A paisagem natural envolvente, cortesia da Serra da Estrela, convida a momentos de relaxamento. No município da Guarda, a praia fluvial de Valhelhas é um recanto paradisíaco banhado pelas águas do Zêzere. As condições de acessibilidade ao espaço foram pensadas para
Praia Fluvial de Valhelhas | Fotografia: Município da Guarda
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servir também pessoas de mobilidade reduzida, as infra -estruturas de apoio aos utilizadores garantem conforto e segurança. Esta praia foi galardoada com a distinção de bandeira azul. A
comunhão das águas claras e tranquilas do rio, com a beleza bucólica do ambiente serrano, pintam um cenário extremamente agradável para um dia bem passado na natureza.
Praia Fluvial de Valhelhas | Fotografia: Município da Guarda
Praias do xisto As Aldeias do Xisto, para além da sua beleza paisagística e importância patrimonial, também são férteis em praias fluviais fascinan-
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tes. Águas cristalinas, paisagens de cortar a respiração, ar puro, muita frescura e tranquilidade são os principais atributos destes espaços, que
Praia Fluvial Janeiro de Baixo | Fotografia: ADXTUR
são constituintes da Rede de Praias Fluviais das Aldeias do Xisto. A praia fluvial de Janeiro de Baixo dispõe de um extenso areal junto à margem do Zêzere. O rio por estas paragens serpenteia entre vales. A qualidade das águas, envolvência natural e estruturas de apoio são os pontos fortes deste local e contribuí-
ram para o hastear da bandeira azul. O bar de apoio é um antigo lagar de azeite recuperado. Ali perto, um moinho de rodízio também retrata o passado rural da população. Em Mosteiro, património histórico e lazer estão de mãos dadas na sua praia fluvial, situada junto ao centro da povoação. Os salgueiros e amieiros oferecem som-
Praia Fluvial do Mosteiro | Fotografia: ADXTUR
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bra ao longo de um extenso espaço verdejante, lado a lado com as águas da Ribeira da Pena, afluente do Zêzere, que banha esta localidade.
As agradáveis águas de Castelo de Bode Lago Azul é o nome como ficou conhecida a praia fluvial da Casta-
nheira, que se localiza na albufeira da Barragem de Castelo de Bode. Considerada um espaço de excelência para a prática de desportos náuticos, as suas águas com temperaturas agradáveis também convidam a banhos. Possui piscinas flutuantes para crianças e adultos, assim como vigilância e estruturas de apoio. Ladeada por montes e florestas com
Praiva Fluvial de Castanheira | Fotografia: Município de Ferreira do Zêzere
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flora diversificada, é também um lugar de grande beleza natural. Foi galardoada com a distinção de Bandeira Azul e Praia Para Todos. A praia fluvial de Aldeia do Mato mostra toda a beleza idílica presente em Castelo de Bode. A zona envolvente é fascinante e tornou este espaço num dos mais procurados pelos ve-
raneantes. Possui também piscinas flutuantes vigiadas, para adultos e crianças, dotadas com rampas de acesso para pessoas de mobilidade reduzida. Para quem se apaixonar ao visitar este lugar, existem bungalows totalmente equipados e com vista panorâmica para a barragem, disponíveis para aluguer.
Praiva Fluvial de Aldeia do Mato | Fotografia: Município de Abrantes
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A Grande Rota do Zêzere de mochila às costas
Rio Zêzere | Fotografia: ADXTUR
São 370 quilómetros ao longo de algumas das paisagens mais bonitas da zona centro, os cenários são variados, o vale do Zêzere é uma das áreas naturais de maior diversidade ambiental do país. Por José Arnaldo Ferreira
A pé, de bicicleta ou mesmo de canoa basta apelar ao espírito aventureiro dentro de nós. Com início na Serra da Estrela, este percurso deslumbra logo nos primeiros momentos, com a passagem pelo Vale Glaciar do Zêzere.
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Até Constância, onde a rota termina e o rio também, são percorridas nove etapas e atravessados 13 concelhos, sendo eles: Manteigas, Guarda, Covilhã, Fundão, Pampilhosa da Serra, Oleiros, Sertã, Pedrogão Grande, Figueiró dos Vinhos Vila de Rei, Ferrei-
ra do Zêzere, Abrantes e Constância. As estruturas de apoio chamadas de estações intermodais, que surgem ao longo do trajeto, permitem ao utilizador trocar o meio de deslocação. Como por exemplo, possibilitam passar da bicicleta para a canoa ou vice-versa e acentuam o carácter aventureiro desta que é uma das melhores experiências para conhecer o rio. Pequenas etapas complementares e derivações do trajeto principal permitem conhecer as Aldeias de Xisto, praias fluviais, barragens e ou-
tros pontos de interesse próximos do percurso original. Grande Rota do Zêzere oferece um contacto próximo com o património natural e a paisagem humanizada que se desenvolveu à volta das margens do rio. De mochila às costas obtém-se uma experiência única. Pelos testemunhos dos participantes a beleza do percurso quase não dá lugar ao cansaço físico, no entanto, pode optar-se por realizar algumas etapas de forma isolada se assim o desejarmos.
Grande Rota do Zêzere | Fotografia: ADXTUR
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Os sabores do Zêzere
Lagostins | Fotografia: Município de Ferreira do Zêzere
Portugal é um país de sabores, a gastronomia nacional sempre exaltou os sentidos, tanto aos portugueses como a quem nos visita. A variedade de pratos e produtos típicos é imensa e quase sempre está ligada ao meio envolvente, o rio Zêzere também reclama a si parte desta identidade gastronómica. Por José Arnaldo Ferreira
Sabores da terra A feijoca de Manteigas possui um paladar único e uma textura aveludada. É regada pelas águas cristalinas
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do Zêzere e cultivada a alta altitude. A receita tradicional, segundo a Confraria da Feijoca de Manteigas,
Cabrito assado | Fotografia: ADXTUR
consiste num guisado de feijocas com carne de porco, acompanhado por arroz de carqueja e enchidos tipicamente serranos. Um prato típico que combina parte do melhor que a região tem para oferecer a nível gastronómico: as feijocas, a carne e os enchidos. Um deleite para os apreciadores de pratos mais tradicionais. O Zêzere com as suas águas criou pastos e forneceu água para os animais beberem. Cabrito assado no forno de lenha e ensopado de borrego são atrações gastronómicas da Serra da Estrela, iguarias que mostram a herança do pastoreio na vida
das pessoas serranas. Ambos os pratos são fáceis de encontrar pelas regiões da Guarda e Covilhã e, se como entrada pedir um queijo típico da Serra da Estrela, tanto melhor. O Maranho também tem origens rurais. É uma receita na qual carne de cabra ou ovelha, presunto e arroz, todos fortemente condimentados, são regados com um bom vinho, e levados a cozer dentro do bucho do animal. Em tempos foi uma iguaria só servida em ocasiões especiais, mas depressa se tornou um prato típico da Beira Baixa e em especial da região da Sertã.
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Sabores do rio Os habitantes das Aldeias do Xisto brindam os visitantes com uma sopa de peixe soberba. Barbos e bogas provenientes do Zêzere, juntamente com o pão tradicional português, são os ingredientes principais nesta sopa típica, que pode servir de entrada ou como uma reconfortante refeição principal. O peixe de rio é parte integrante da gastronomia de várias localidades ao longo do Zêzere. Em Vila de Rei, para além da sopa de peixe, o achigã frito Maranho | Fotografia: Município de Sertã
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ou grelhado é igualmente muito apreciado. Sável e lampreia estão amplamente presentes nas cozinhas de Tomar e Abrantes, onde são oferecidos às populações não só pelo Zêzere, mas também pelo rio Tejo. Constância possui como referência gastronómica as suas açordas confecionadas com ovas e polvilhadas com coentros. Ao início eram considerados uma praga, os lagostins do rio são uma espécie invasora do Zêzere.
Ao reparar que no centro da Europa são tidos como uma iguaria exótica, Ferreira do Zêzere inseriu com sucesso os lagostins na sua gastronomia. Entre os meses de março e abril, o município dedica a este crustáceo um festival gastronómico, que já vai na 12ª edição
e atrai visitantes de todo o país. O seu consumo cresceu, assim como a procura, o que permitiu controlar a população de lagostins em Ferreira do Zêzere, contribuindo de forma positiva para a sustentabilidade dos ecossistemas do rio.
Sopa de Peixe | Fotografia: Município de Constância
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Lagostim | Fotografia: Município de Ferreira do Zêzere
E doces sabores Os invernos rigorosos que sempre se fizeram sentir na Serra da Estrela, levaram a que as pessoas procurassem armazenar a maior quantidade possível de alimentos para enfrentar a estação. Os frutos eram conservados em açúcar para poderem ser consumidos durante todo ano, assim, nasceram as famosas compotas e doces desta região. Existem em sabores diversos, frutos silvestres, abóbora, figo, entre muitos outros. Hoje não são mais confecionados por necessidade, tornaram-se uma atração a nível de doçaria regional e continuam
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a ser feitos de maneira tradicional. No século XIX, já eram descritas na capital do país pela Revista Universal Lisbonense, como sendo “fructas do mais exquesito gosto”. A cereja do Fundão sempre se afirmou pelo seu paladar único. Tornou-se um ex-libris desta região, ao ponto de ter sido classificada produto de Indicação Geográfica. Estas cerejas que são carnudas e doces, podem ser a companhia ideal para saborear num belo passeio pelos encantos do Zêzere. A Tigelada é o doce mais repre-
Cerejas do Fundão | Fotografia: Revista Descla
sentativo de toda a região da Beira Baixa. Esta receita à base de ovos, leite e mel é confecionada tipicamente em caçoilas de barro. É desde há muito uma das sobremesa habituais à mesa das famí-
lias deste território nacional. Dotada de uma bela apresentação e um sabor a condizer, acabou por se tornar um marco gastronómico nestas paragens.
Tigelada | Fotografia: Município de Pampilhosa da Serra
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PLUTÃ CENTRO DE EXPLICAÇÕES
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preparação de exames ApOIO AO ESTUDO explicações individuais ou em grupo
Explicações do 1º ano ao 12º ano
TEL: 232 407 544 gomescanoso.pt/plutaocentrodeexplicacoes EMAIL : GERAL@GOMESECANOSO.PT | LARGO GENERAL HUMBERTO DELGADO, Nº1, 1 ESQ., VISEu 48 ...by Descla | Rota do Zêzere