ExperiĂŞncias EnoturĂsticas Descubra as 6 Aldeias Vinhateiras
04 — Editorial 06 — Seis aldeias, um destino turísitico 16 — Enoturismo no Douro 20 — Ver, fazer, provar e chorar por mais
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Catorze experiências
enoturísticas em outras tantas regiões vitivinícolas.
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Editorial A revista que agora lhe apresentamos é dedicada ao enoturismo, uma actividade que tem vindo a crescer em Portugal. Um pouco por todo o país assistimos à criação de novos eventos temáticos, como feiras e festivais, e de produtos turísticos cada vez mais imaginativos: as rotas do vinho, as Aldeias Vinhateiras, os cruzeiros no Douro ou as visitas a quintas e adegas são apenas algumas das experiências já em curso. Não estamos perante uma realidade nova – as primeiras formas de enoturismo em Portugal terão sido as visitas a caves e adegas do vinho do Porto, nos anos 50 do século XX. Mas desde então muito mudou, e muitos agentes do sector começaram a perceber o potencial do seu produto, que não é só o vinho, mas toda a estrutura que o suporta, desde os campos da vinha até ao pisar da uva. Todo esse processo é cheio de história e tradição. Isso mesmo sabem os clientes do enoturismo, que não são necessaria4 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
mente consumidores de vinho, mas interessados na cultura vinícola. Essa lição de história é complementada com um conjunto de actividades de lazer, criando um produto que atrai turistas nacionais e estrangeiros. De acordo com o Turismo de Portugal, o mercado do enoturismo português é procurado sobretudo por clientes do Reino Unido e da França, seguidos de Brasil, Espanha e Alemanha. Poderíamos pensar que se trata de uma actividade exclusiva do espaço rural, mas há inúmeros roteiros enoturísticos urbanos. Isso mesmo vai perceber nas 14 experiências enoturísticas que lhe propomos, uma por cada região vinícola existente em Portugal. Também vamos conhecer de perto as seis Aldeias Vinhateiras, todas na região do Douro, descobrir as novidades da Festa das Vindimas de Viseu e da Feira do Vinho do Dão, em Nelas, além de visitar as caves de Tabuaço e o Museu do Vinho de São João da Pesqueira.
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Seis aldeias, um destino turístico Texto: Lino Ramos Fotografias: cedidas pela Entidade de Turismo do Douro
A Rede das Aldeias Vinhateiras é um projecto criado em 2001 para potenciar o desenvolvimento de seis localidades onde predomina a cultura do vinho. Boa mesa, tradição e carácter são as marcas identitárias de uma ideia que ainda não está acabada
Mosteiro de Salzedas.
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Passeio a cavalo pelas Quintas.
A nossa viagem começa em Barcos, concelho de Tabuaço. É uma aldeia portuguesa, com certeza, mas muito mais antiga do que a nação. O Homem vive aqui pelo menos desde a Idade do Bronze, mas os vestígios mais importantes são medievais, com destaque para os diversos solares e casas senhoriais, bem como a Igreja Matriz e o Santuário de Nossa
Senhora de Sabroso. A freguesia, hoje com pouco mais de 600 habitantes, foi sede de concelho até ao século XIX, daí que exista a Casa da Câmara, a cadeia, além de uma antiga casa da roda dos expostos, que acolhia crianças abandonadas. A aldeia é envolvida por terrenos em socalco que descem para as margens do Douro – são esses trabalhos de mesVinhos e Enoturismo ...by Descla | 7
Bênção do vinho, Favaios.
tria e paciência que ornamentam várias quintas vinícolas, como a Quinta do Serro, narrada pelo escritor Abel Botelho no conto O Serro, de 1898. Todos os anos, em Outubro, a povoação acolhe a Festa das Vindimas, que inclui provas de vinho, azeite e pão. Os néctares de Barcos acompanham à mesa o arroz de forno, o cabrito assado, os milhos e diversos enchidos, entre outros pratos típicos da localidade. 8 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
Favaios, concelho de Alijó Seguimos o cheiro do pão acabado de cozer nas padarias tradicionais. É ele que nos guia pela freguesia de Favaios, abrigada pela Serra do Vilarelho. Já não falta muito para podermos provar as broas que hão-de sair do forno a lenha. O “trigo de quatro cantos”, como lhe chamam por aqui, é um dos ex-líbris deste lugar,
Confecção do pão de quatro cantos, Favaios.
bem como o vinho, o famoso moscatel de Favaios. Essa importância está bem patente no Museu do Vinho e do Pão. A origem desta aldeia vinhateira remonta à época romana, da qual permanecem as muralhas do castelo. As fontes, as casas abrasonadas, os solares de grandes produtores de vinho e os marcos em granito que delimitavam a antiga Região Demarcada do Douro são alguns dos patrimónios que aqui des-
cobrimos, sem esquecer capelas como a de Santa Bárbara, da qual temos uma vista panorâmica sobre o planalto. Provesende, concelho de Sabrosa E eis que chegamos a uma das povoações mais antigas do reino de Portugal. Provesende foi sede de uma comunidade beneditina à qual Dom Afonso Henriques coutou a Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 9
Assalto Ă ponte, Ucanha.
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povoação no ano de 1140. Os pouco mais de 300 habitantes têm a sorte de viver numa terra pequena mas cheia de história e motivos de interesse. A Casa da Senhora Branca, pertencente ao bisneto do navegador português Diogo Cão, é um desses atractivos – é apenas uma do conjunto de 11 casas nobres e solares que aqui encontramos. Foram quase todas construídas no século XVII, quando em Provesende se instalaram várias famílias nobres e numa época de grande desenvolvimento económico associado à cultura vinícola. Foi aqui que, dois séculos depois, o viticultor Joaquim Pereira começou a combater a filoxera, praga que quase destruiu a cultura do vinho do Porto. O templo do Senhor Jesus de Santa Marinha, o cemitério luso-romano e as muralhas do castro de S. Domingos são outros pontos que merecem uma visita nesta localidade.
Uma pausa na viagem. Já conhecemos três Aldeias Vinhateiras e em cada uma descobrimos histórias riquíssimas, patrimónios de fazer inveja a algumas vilas e cidades, bem como tradições que fazem destas localidades recônditas espaços únicos. No entanto, as três continuam a sofrer de um problema que vem dos anos 60, o despovoamento, e nem a criação da rede das Aldeias Vinhateiras, em 20011, alterou a situação. O projecto apresentado nesse ano tinha como objectivo reabilitar social e economicamente estas terras, fomentar a cultura popular e promover o turismo na região do Douro. Havia 12,5 milhões de euros para investir na recuperação de espaços públicos e em quase 500 casas. A rede pretendia ainda incentivar cerca de 300 residentes a iniciarem pequenos negócios turísticos e apostar na realização de festivais para animar as povoações e atrair pessoas. Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 11
Animação de rua em Barcos.
No entanto, com o passar dos anos foi faltando dinheiro para a animação e a expectativa inicial desvaneceu-se. O número de visitantes aumentou, de facto, mas as três freguesias – e as restantes três que vamos conhecer de seguida – continuaram a perder habitantes. O problema é assumido por diversas pessoas e entidades, a começar pela Associação de 12 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
Desenvolvimento das Aldeias Vinhateiras, entretanto constituída. O presidente, Carlos Carvalho, admite que é preciso requalificar as pessoas, promover e internacionalizar o potencial turístico das aldeias. Salzedas Continuamos a viagem até Salzedas, conhecida pelo mos-
teiro cisterciense que chegou a ser um dos maiores e mais ricos de Portugal, com uma biblioteca notável. A povoação começou por se chamar de Algeriz e o seu couto foi doado a D. Teresa Afonso, esposa de Egas Moniz, o aio de Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Foi ela que, após a morte do marido, ofereceu a localidade aos monges beneditinos, aos quais sucederam os de Cister. Estes últimos contribuíram muito para o desenvolvimento agrícola da região, lavrando os campos que rodeavam o mosteiro. Salzedas cresceu à volta do templo. No entanto, a história desta terra é bem mais antiga, já que foi habitada por lusitanos, romanos, suevos, visigodos e muçulmanos. Os judeus também por aqui passaram, como prova o pequeno bairro que se encontra junto ao mosteiro, formado por ruas estreitas e construído com materiais próprios da localidade. Adjacente ao mosteiro existe
uma quinta que integra a Capela do Desterro, da autoria do arquitecto italiano Nicolau Nasoni, o mesmo que projectou a Torre dos Clérigos, no Porto. Os miradouros de Santa Bárbara e de Nossa Senhora da Piedade, assim como a ponte românica, são outros pontos de interesse em Salzedas. Trevões, concelho de São João da Pesqueira Antes de ser santa, Marinha foi perseguida por se converter ao cristianismo e sofreu constantes torturas, das quais saiu miraculosamente curada, até que a degolaram. Passou a ser padroeira de Trevões, povoação que encontramos entre os vales dos rios Távora e Torto. É uma terra de grande religiosidade, como provam as muitas ermidas e capelas, sendo a mais antiga a dedicada ao mártir S. Sebastião. Outros sinais dessa devoção são a famosa procissão do SeVinhos e Enoturismo ...by Descla | 13
nhor dos Passos, que se realiza todos os anos em Abril, e o Museu de Arte Sacra, cujo acervo provém da ancestral ligação de Trevões ao poder eclesiástico de Lamego. Além do vinho, esta terra é conhecida por produzir azeite, frutas, produtos hortícolas e madeira. Um outro museu guarda as memórias dos espaços ligados à vida quotidiana da freguesia e dos seus habitantes ao longo dos séculos. Ucanha, concelho de Tarouca Ao olharmos para a ponte medieval de Ucanha e para a torre que se encontra numa das suas extremidades, não imaginamos a importância que já tiveram. A fortaleza, com 20 metros de altura e três andares, servia para defender a povoação, controlar o tráfego de pessoas e bens e cobrar portagens. Foi, por isso, uma importante fonte de receitas para 14 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, que nessa época detinha o couto de Ucanha. A terra era um importante ponto de passagem desde o tempo dos romanos: ainda hoje se observam alguns troços de calçada da antiga estrada que de Lamego se dirigia para o interior, passando por Moimenta da Beira e Trancoso. As portagens foram abolidas em 1504 e a torre perdeu grande parte da sua importância, o edifício entrou em declínio e começou a ser usado como armazém de produtos. O conjunto foi entretanto classificado como património nacional e é considerado o exemplo mais completo de ponte medieval com torre de protecção em Portugal. Ucanha, que deixou de ser freguesia em 2013, tem hoje cerca de 400 habitantes, desejosos que a sua terra volte a um tempo áureo. A Rede das Aldeias Vinhateiras terá que contribuir para isso, aqui como nas restantes cinco freguesias.
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Enoturismo no Douro Texto: Ana Margarida Gomes Fotografia: cedidas pelo município de Santa Marta de Penaguião
Na origem do nome Santa Marta de Penaguião está uma história ancestral… Reza a lenda que um desconhecido cavaleiro francês, o
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Conde de Guillon, invadiu as terras de Santa Marta de Pe-
naguião e mandou queimar a capela. A Santa apareceu-lhe e ditou-lhe um castigo: tinha que plantar uma vinha e cuidar dela. Arrependido e humilhado, nem quis ver a aparição e, curvado, tapou os olhos com as mãos, mas, ao descobri-los, tinha a seus pés um corvo, ave profética e sagrada, de acordo
com crenças antigas, símbolo do mau agoiro que pressente a morte com o seu grasnar. O conde cumpriu a dura penitência, e ficou cheio de alegria na hora da vindima, porque nunca tinha produzido nada na vida. Lembrou-se então de oferecer à Santa as uvas, fruto do seu suor, e em vez de um corvo, Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 17
apareceram-lhe pombas brancas e um cordeiro, símbolos da pureza e da reconciliação. Estava perdoado. E, desde então, a localidade começou a ter um nome: Santa Marta de Pena (castigo) de Guillon. Que, segundo a tradução (e tradição) popular, veio a tornar-se “Santa Marta de Penaguião. Em plena região vinhateira, Santa Marta de Penaguião é um concelho com mais de 20 produtores engarrafadores, com vinho de uma qualidade acima da média, o que pode ser comprovado pelas inúmeras medalhas ganhas em vá18 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
rios concursos mundiais. Ao longo de todo o ano existem na localidade provas de vinho e iguarias da região. Nesta altura é possível a participação nas vindimas, desde o corte da uva, ao próprio pisar da uva nos lagares. “Os turistas vêm ao Douro participar nesta recolha do fruto do trabalho de um ano e registar as tradições que em muitos locais ainda se mantêm”, refere o município. O município integra a Rota da Estrada Nacional 2 e as Caves de Santa Marta desenvolveram estrategicamente um produto vínico com o rótulo EN2.
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Ver, fazer, provar e chorar por mais Catorze experiências enoturísticas em outras tantas regiões vitivinícolas. É o que lhe propomos neste artigo. Aceita o desafio? O vinho é, por si só, um património. Mas por trás de cada vinha, casta ou quinta há uma história, uma narrativa por vezes milenar que se cruza com a história do país e nos dá a conhecer as origens daquele local, a sua evolução, e nos permite saber como chegámos ao presente, porque é que o vinho é como é. As diversas vinhas que existem em Portugal são pequenos e grandes monumentos construídos pelo Homem, testemunhos de gerações, contos de família, alguns com vários séculos. Juntas, as centenas de quin20 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
tas e herdades criam um roteiro de experiências enoturísticas cada vez mais arrojadas. Participar nas vindimas, pisar cachos, aprender os segredos de uma casta, passear de charrete ou praticar golfe são apenas algumas das actividades à espera dos turistas. Em Portugal existem 14 regiões vitivinícolas. Neste artigo, escolhemos uma experiência para fazer em cada: são 14 propostas para um dia de folga, um fim-de-semana romântico ou umas miniférias.
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Setúbal
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les esperam por nós. Dão voltas e voltas nas águas do Sado a ver se aparece alguém para os observar – são exibicionistas, especialmente quando o barco se aproxima. A observação de golfinhos é uma das experiências mais marcantes da Região Vitivinícola da Península de Setúbal. Mas o convite não fica por aqui. Feita a viagem de barco, os turistas são desafiados a meter-se num jipe e percorrer os trilhos da Reserva Natural do Estuário do Sado. De Tróia à Comporta, dos Arrozais à Carrasqueira, eis que alcan-
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çam o emblemático porto de pesca Palafita. Segue-se uma visita à Adega da Herdade da Comporta, onde podem provar os vinhos. Há um mundo por descobrir nesta viagem que demora cerca de oito horas: no périplo pelas localidades de Monte Novo e Montevil, é impossível não contemplar as diversas aves que vão surgindo, das cegonhas aos maçaricos, das garças ao perna longa, passando pelo guarda-rios e, em Invernada, alguns grupos de flamingos. O regresso pode ser feito a Setúbal ou Tróia.
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Túnel para estágio de espumante.
Bairrada
A
liança Underground Museum. É debaixo da terra que nos aguarda uma das experiências vínicas mais marcantes em Portugal. Localizado em Anadia, este museu convida os visitantes a provarem o famoso vinho da Bairrada, diversos espumantes e aguardentes enquanto apreciam obras de arte com milhões de anos. As oito colecções variam entre a arqueologia e a etnografia, passando 24 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
por cerâmica e azulejos. Quem quiser pode ser enólogo por um dia: basta intuição para um exercício essencialmente prático, já que a componente teórica é transmitida durante o mesmo por um técnico de enoturismo. Uma outra actividade dá pelo nome de Nariz Distraído, que permite sentir aromas de diferentes perfis (floral, frutado, balsâmico), identificá-los e enriquecer a memória olfactiva.
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Madeira
F
unchal. O destino é, só, por si, apetecível, mas pode tornar-se ainda mais na experiência de um spa com terapia do vinho. É isso que propõe o Hotel The Vine no seu The Vine Spa. Sementes de uva, extractos de folhas de videira e de óleos dessas sementes são os ingredientes de uma sessão com alto teor de antioxidantes e que por isso combate o enve-
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lhecimento, garantem. A experiência parece ser desejável logo à partida, uma vez que os produtos têm uma fragrância exclusiva, dos primeiros vinhos do Porto. Os programas de spa variam entre um e dois dias e incluem, entre outras propostas, um Sabor a Uva com a duração de três horas, uma Fuga Divina, de cinco horas, ou um momento romântico, o Retiro a Dois.
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Beira Interior
Gravuras no Vale do Côa.
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P
ara os apaixonados, as Casas do Côro, em Meda, são uma das melhores opções. Das várias actividades propostas destaca-se a Gourmet & Wine Experience, que inclui uma prova de cinco vinhos com todas as virtudes do Terroir do Douro Superior, seguida de jantar de degustação num cenário mágico e romântico. O programa dura três dias e duas noites e contempla ainda visitas ao castelo de Marialva, às Gravuras Rupestres do Parque Arqueológico do Vale do Côa ou à Quinta da Ervamoira, além de uma caminhada de 40 minutos pelas Casas do Côro e pela Aldeia Histórica de Marialva. Ainda nas Casas do Côro, uma outra experiência, a Eco Suite & Picnic Gourmet & Electric Bike, dá a conhecer um local arrebatador: o Lounge da Vinha. O picnic é feito em plena comunhão com a natureza e uma vista fantástica para a aldeia e o pôr-do-sol. Mais simples mas não menos interessante é o programa Cooking Experience, que permite participar nas actividades culinárias ao lado da chef Carmen e aprender segredos para surpreender os amigos e a família no regresso a casa.
Douro e Porto
D
ez horas. Pomos o chapéu de palha na cabeça, o lenço de tabaqueiro à volta do pescoço, pegamos na tesoura e no balde. Matamos o bicho: caldo de cebola e sardinhas assadas com pão de azeite. É dia de vindima. Procuramos as uvas sãs, cortamos e cortamos até à hora de almoço, servido pela uma da tarde – sopa, carne ou peixe, água, café
e, claro, vinho para quem quiser. Tudo acontece na Quinta da Pacheca, em Lamego, no mês de Setembro. Às 15:30 começa a prova de vinhos e a visita guiada à quinta, mas uma hora depois voltam os afazeres: dão-nos calções e vamos para dentro do lagar pisar as uvas ao som de música tradicional e ao vivo. Para terminar o dia de vindima, um vinho do Porto. Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 29
Castelo de Monsaraz.
Alentejo
E
se pudesse descobrir uma herdade à boleia de uma bicicleta ou mesmo de uma charrete? É isso que propõe a Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz. A viagem em duas rodas inclui um picnic com petiscos alentejanos preparados pelo chef, ao passo que os cavalos nos conduzem pela horta e pelas vinhas, pelo campo ampelográfico, terminando no belo centro histórico daquela que foi a Cidade Europeia do Vinho
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em 2015. A herdade tem ainda uma experiência mais completa: um passeio numa carrinha van que nos leva a descobrir as diversas vinhas, incluindo as biológicas, e as novas técnicas de produção sustentáveis, bem como diversas iniciativas pioneiras. A aventura acaba também ela na zona mais histórica da cidade, com a visita às peças arqueológicas com cerca de 5.000 anos do Complexo Arqueológico dos Perdigões.
Vidago Palace
Trás-os-Montes
O
enoturismo é um mundo de experiências sem fronteiras definidas, daí que possa fazer-se de quase tudo. Gastronomia, cultura, desporto e lazer cruzam-se em programas preparados ao pormenor. No Vidago Palace, por exemplo, os turistas podem aprender golfe com um profissional. Primeiro, há uma breve descrição do campo de golfe, seguida de exercícios de aque-
cimento. Depois aprende-se a chamada posição inicial: colocação da bola, grip, postura e alinhamento do corpo, e após o treino do movimento swing os alunos têm as primeiras aulas de jogo curto – Putter. Para os mais novos se divertirem, o Vidago Palace disponibiliza o equipamento SNAG (Starting New At Golfe) para poderem aprender tudo sobre a modalidade e praticar no campo. Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 31
Távora-Varosa
O
mosteiro de S. João de Tarouca é um belo edifício situado no fundo da Serra da Nave. Construído a partir de 1154, é o primeiro exemplo masculino da arte cisterciense em Portugal. Os monges aproveitaram o vale de Varosa como local de culto e meditação – cedo moldaram o espaço à sua imagem, trabalhando a terra, cultivando a vinha, incutindo normas e tra-
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dições que ainda perduram. É esta história de sacrifício e amor à terra que somos convidados a conhecer através da Rota dos Vinhos de Cister. Alguns dos melhores espumantes nacionais nascem aqui, bem como aromáticos e frutados vinhos de mesa, brancos e tintos. O trajecto confunde-se com a Região Demarcada Távora-Varosa numa união invejável entre o homem e a natureza.
Algarve
U
m outro exemplo dessa infinidade de experiências que o enoturismo permite são os cursos de vinho e gastronomia. No VILA VITA Parc, Resort & Spa, em Porches, concelho de Lagoa, há duas opções: uma masterclass numa charcutaria ou um tour no mercado de peixe… Na primeira, os turistas são convidados a visitar o talho do VILA VITA, o famoso Metzgerei para conhecer os seus produtos, com destaque para as salsichas e carnes fumadas, produzidas com carne proveniente do gado da Herdade dos Grous, conhecida pela sua qualidade BIO e origem certificada. Junto ao talho situa-se o típico restaurante bavariano, o VILA VITA
Biergarten, onde as especialidades podem ser acompanhadas pela cerveja Erdinger. A segunda experiência é uma cooking class que permite aprender como preparar o melhor peixe fresco. O programa inclui uma visita ao mercado de peixe de Portimão na companhia do chef do VILA VITA Parc, que ensina a comprar e confeccionar, e termina com um almoço regado por vinhos da casa.
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Cavalo lusitano
Dão e Lafões
A
quinta Madre de Água é um daqueles locais abençoados pelas leis da natureza. Localizada em Gouveia, no sopé da Serra da Estrela, a propriedade estende-se 34 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
por verdes campos cheios de vinhas – várias vezes premiadas como as melhores do Dão –, oliveiras, pomares e muitas roseiras. É neste recanto mágico que se alimentam mais de 450 ovelhas bordaleiras, 150 cabras, e vivem cavalos de raça Puro Lusitano. Uma das experiências propostas aos turistas passa pela visita à quinta, que inclui uma passagem pela queijaria, onde podem acompanhar de perto a produção do famoso queijo certificado. Segue-se a prova de seis vinhos aqui produzidos. Para os apaixonados por cavalos há passeios de charrete, aulas com cavaleiro olímpico ou o projecto “Férias com o seu Cavalo”, que permite alugar as boxes ou utilizar o picadeiro, entre outras hipóteses. A visita pode ser enriquecida com uma passagem pelo hotel de charme e pelo restaurante, que entre as especialidades inclui cabrito assado em prato de xisto, ensopado de borrego ou a inovadora francesinha Serra da Estrela.
Lisboa Buddha Eden
O
chofer privado espera pelos turistas num carro de luxo. O seu trabalho é dar-lhes a conhecer, ao longo de um dia, alguns dos melhores produtores de vinho da região lisboeta. A primeira paragem é a Adega Mãe, com uma área de aproximadamente 40 hectares de vinha e capacidade de produção de 1,2 milhões de litros por ano. O “Tour de Vinho pelas Quintas de Lisboa” é uma boa opção para os casais, pois destina-se a grupos de duas pessoas, que depois de visitarem a quinta são convidados a provar os famosos néctares. Segue-se a Quinta do Gradil, uma das mais antigas herdades do Cadaval e da Região Vitivinícola de Lisboa. Localizada a cerca de 50 quilómetros da capital, entre o mar e a serra, foi adquirida pelo Marquês de Pombal em 1760. Trata-se de uma das paisagens mais encantado-
ras para os amantes de vinho e permite degustar bons sabores da gastronomia portuguesa. Talvez o melhor esteja para vir: a visita ao Buddha Eden, na Quinta dos Loridos, no concelho de Bombarral. É o maior jardim oriental da Europa. Estima-se que foram usadas mais de seis toneladas de mármore e granito para edificar esta obra monumental que inclui budas, estátuas de terracota e várias esculturas cuidadosamente dispostas entre a vegetação. A prova de vinhos completa a experiência na quinta. Agora há que seguir para uma das vilas medievais mais bonitas de Portugal, Óbidos. É fácil perder-se de amores pelo castelo e pelo labirinto de ruas e casas brancas. Antes de regressar a Lisboa há que provar a famosa ginjinha de Óbidos. Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 35
Braga e Guimarães.
Minho e Vinho Verde
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se numa rota pudesse conhecer as origens e os sabores da milenar cultura vinícola e descobrir a fundo a História de Portugal? É o convite da Rota dos Vinhos Verdes, que ao longo de 49 concelhos do noroeste nos leva por praias e montanhas, vales e rios que compõem uma paisagem única, predominantemente verde. Na verdade, o percurso divide-se em múltiplas rotas e trajectos que nos permitem descobrir as mais diversas quintas, modernas, seculares ou familiares, onde a hospitalidade seduz
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constantemente os turistas. O que não falta são adegas, restaurantes, mosteiros e outros monumentos para conhecer, bem como produtos emblemáticos, com destaque para a Cereja de Resende, considerada uma das melhores do país. A Rota dos Vinhos Verdes passa ainda por Cidades Património da Humanidade, como a bela Guimarães, onde nasceu Portugal. Ao lado fica Braga, cidade de grande fervor religioso, outrora chamada de Bracara Augusta, uma das mais importantes urbes do Império Romano.
Tejo
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se pudesse visitar as cavalariças e a eguada de uma herdade histórica, com quase 400 anos, e contemplar os poldros em liberdade, ora ruminando, ora a correr pelos campos? Pode fazê-lo na Casa Cadaval, a 80 quilómetros da cidade de Lisboa. No final é servido o almoço, confeccionado pelas cozinheiras da casa. O baptismo a cavalo, à fica marcado para a tarde, montando, em picadeiro, um Puro Lusitano. Há quase quatro séculos na família Álvares Pereira de Mello (Cadaval), a casa é conhecida pelo seu prestígio e pelas belas instalações, as
quais incluem uma loja do vinho equipada com sala de provas. “Um dia com o Cavalo Lusitano” é apenas uma das experiências que os turistas aqui podem realizar. Para quem preferir, há demonstrações equestres e passeios em tractor ou jipe à Herdade de Muje, com passagens pelo Lago, visita às éguas e poldros e observação das diferentes aves, tipos de culturas e montado. A Casa Cadaval é um dos espaços que integram a Rota dos Vinhos do Tejo, um itinerário rico em belos tesouros do gótico e do manuelino, boa comida e vinhas a perder de vista. Vinhos e Enoturismo ...by Descla | 37
Paisagem vínica nos Açores.
Açores Ilha do Pico. O local é, só por si, mágico, mas a experiência pode ser ainda melhor se pisarmos este solo vulcânico à descoberta da cultura da vinha, Património Mundial da Humanidade. Caminhamos entre muros de pedra negra a que chamam de “currais”, uma solução para o terreno excessivamente pedregoso da ilha e, simultaneamente, uma forma de proteger o vinho dos ventos marítimos. Esse vinho de alta qualidade, especialmente o da casta Verdelho, assumiu ao longo dos anos um papel de relevo na economia regional, conquistando merecida fama em países como Inglaterra, Brasil e Rússia. O passeio enoturístico propos38 | Vinhos e Enoturismo ...by Descla
to pela plataforma digital “Pico The Azores” permite degustar os vinhos nas adegas e conhecer os principais pontos de interesse deste património único, com destaque para o Museu do Vinho, na vila de Madalena, que preserva o património cultural e ambiental da antiga propriedade dos frades Carmelitas – os edifícios, a vinha e os dragoeiros – e as memórias associadas à cultura da vinha no Pico. O resto fica por conta da natureza, dessas forças naturais que criaram uma paisagem de suster a respiração, especialmente se nos atrevermos a subir a montanha do Pico, o ponto mais elevado de Portugal, com 2.350 metros de altitude.
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