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Ficha técnica 04 – Editorial Propriedade, edição
06 – Chocolate, uma perdição com milhares de anos
e distribuição: Gomes & Canoso, Lda. Rua São João, nº. 39, Repeses 3500-727 Viseu Telefone: 232 407 544 Telemóvel: 969 474 853 Directora: Olinda Martins
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20 – Duas toneladas de chocolate em Óbidos 26 – Chocolate de norte a sul
Redacção: Ana Margarida Gomes e Lino Ramos Paginação: João Barbosa Publicidade e marketing: Joaquim Gomes e Tiago Canoso Telefone: 232 407 544 Telemóvel: 969 474 853 Visite o nosso website em www.descla.pt.
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Editorial
Quando pensámos no tema da edição de Fevereiro, o chocolate surgiu, naturalmente, no nosso imaginário. Primeiro, porque é neste mês que se celebra o Dia dos Namorados, ao qual ele está inevitavelmente associado. Depois, porque é em Fevereiro que começa o Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, o mais importante evento do género em Portugal. O cacau, planta da qual se faz o chocolate, foi desde muito cedo comtemplado pelo Homem. Os povos Toltecas e Maias acreditavam que dava energia e tinha propriedades afrodisíacas. Mais tarde, espanhóis e portugueses des4 | Chocolate ...by Descla
cobriram o potencial do cacau e mundializaram-no, abrindo caminho ao aparecimento da indústria do chocolate, uma das mais importantes na actualidade. Nesta edição recordamos a história do cacau e do chocolate, viajamos até Óbidos, onde por estes dias é fácil perder-se em tentações, e olhamos para outros eventos, como festivais e feiras de chocolate que acontecem um pouco por todo o país ao longo do ano. É uma revista doce no tema. Esperamos que o seja também na leitura. Boas leituras, A equipa da Descla
Fotografia: Bernd from Yokohama, JapĂŁo
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Chocolate, uma perdição com milhares de anos Os Maias bebiam a xocolatl, quente e amarga, pois
Texto: Lino Ramos
acreditavam que dava energia e era um afrodisíaco. Muito mudou desde então, mas o chocolate continua a fascinar todas as gerações Em 2014 foi notícia que a Universidade de Cambridge, em Inglaterra, andava à procura de um estudante para ingressar num doutoramento no mínimo invulgar: inventar uma barra de chocolate resistente ao calor. Até agora não se sabe o que aconteceu ao aluno…Que o chocolate é uma perdição, todos sabem. O que nem todos conhecem, e muito menos adivinham, são os novos usos e aplicações deste bem de consumo, pois a cada ano surgem ideias novas.
Se em 2015 um mestre chocolateiro belga inventou a moda de snifar chocolate, no ano seguinte um grupo de cientistas russos criou uma receita milagrosa, à base de cacau, carne de ouriço, estrela-do-mar e limão, que melhora o metabolismo e dá anos de vida. As receitas evoluem ao ritmo da imaginação humana. Do bolo de chocolate e laranja ao Kit Kat cor-de-rosa ou à panacotta de chocolate, o único problema é haver uma diferença entre o que queremos e o Chocolate ...by Descla | 7
que devemos comer. Lembra-se do pequeno Charlie e daquela fábrica de chocolate liderada por Willy Wonka, no célebre filme de Tim Burton? E se esse espaço mágico onde as crianças desapareciam devido aos seus vícios fosse transformado num hotel de charme onde tudo faz lembrar chocolate, desde a decoração dos quartos até aos produtos de banho, passando pelos menus do restaurante e por um famoso tratamento rejuvenescedor de chocoterapia? Foi isso que aconteceu com a antiga fábrica A Vianense, em Viana de Castelo, que há mais de três anos deu lugar a um hotel diferente. Algo parecido aconteceu em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, quando há alguns anos um casal comprou um imponente palacete para turismo de habitação e teve a ideia de lhe juntar uma fábrica de chocolate. Além de poderem conhecer por dentro um belo edifício do século XIX, com 8 | Chocolate ...by Descla
quartos modernos construídos em antigos celeiros, todos pintados de castanho e com vista para o castelo, os hóspedes do Palacete da Real Companhia do Cacau podem ainda experimentar uma massagem com chocolate e visitar a fábrica para degustar os bombons aí produzidos. O chocolate é, como pode ver-se, um mundo de oportunidades e ideias. E como se isto não bastasse, ainda dizem que faz bem à saúde. De menos em quando surge um novo estudo sobre os benefícios para o coração e a circulação sanguínea, a memória de trabalho, visual e espacial, o raciocínio abstracto e até mesmo o humor, uma vez que o chocolate liberta as famosas endorfinas, as hormonas da felicidade. Os seus efeitos antioxidantes também são conhecidos, levando a mesma Universidade de Cambridge a lançar uma marca de chocolate, o Esthechoc, que tem poucas calorias
A Casa de chocolate White's, em Londres, foi um dos cenĂĄrios da sĂŠrie de pinturas 'Rake's Progress', de William Hogarth.
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Sementes de cacau | Fotografia: Tiago Canoso
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e retarda o envelhecimento da pele. “O chocolate não vai reverter o processo e tornar as pessoas mais jovens, mas espero que possa abrandar o envelhecimento dos tecidos e inibir os processos que são responsáveis pelo mesmo”, explica Ivan Panyaev, um dos investigadores responsáveis pela invenção. “Caminhar um dia inteiro” Desde muito cedo que o Homem aprendeu as vantagens de consumir cacau, a matéria-prima da qual se faz o chocolate. Os Toltecas, povo que dominou grande parte do México entre os séculos X e XII, acreditavam nas propriedades afrodisíacas desta planta. Um dos seus reis, Quetzalcóatl, chegou mesmo a decretar que só ele e os amigos mais próximos tinham direito a provar a “poção mágica”. Também os Maias bebiam cacau com esse propósito. A partir das sementes da planta faziam um líquido amargo, chamado xocolatl, geralmente temperado com baunilha e pi-
Fotografia: Tiago Canoso
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menta. Estavam convencidos de que ajudava a combater o cansaço, e a ideia parece fazer sentido: quando os espanhóis tomaram conta dos impérios Maia, Asteca e Inca, passaram a usar a bebida de cacau como fonte de energia. “Uma taça da preciosa bebida permitia aos homens caminhar um dia inteiro sem necessidade de outros alimentos”, escreveu o conquistador Hernan Cortés ao imperador Carlos V. Os espanhóis e os portugueses mundializaram uma planta para eles nova, mas já muito antiga: os primeiros registos que se conhecem são de há mais de 4 mil anos. Os primeiros cacaueiros surgiram no que é hoje a Venezuela e o Brasil, mais precisamente nas margens dos rios Orinoco e Amazonas. O cacau começou a ser levado para outras regiões quando as primeiras civilizações americanas descobriram que podiam plantar os grãos deixados para trás pelos 12 | Chocolate ...by Descla
pássaros. O novo alimento ganhou fama e chegou ao México pela mão dos Olmecas, que terão sido pioneiros a “domesticar” o cacau. Séculos mais tarde, os primeiros grãos entraram na Europa pelo porto de Sevilha, um dos mais importantes do século XVI, a par do de Lisboa, e rapidamente se espalharam pelo Velho Continente. Os portugueses levaram-nos para São Tomé e Príncipe, introduzindo assim o cacau no continente africano, cuja região ocidental é hoje é um dos maiores exportadores do produto. No século seguinte, o chocolate, até então consumido apenas como bebida, passou a ser usado também na forma de doces, tornando-se uma iguaria muito apreciada pela nobreza europeia. Foi por esta altura que surgiram as primeiras “casas de chocolate”, em Inglaterra, que eram espaços de jogos e distracção mas também de intrigas políticas.
Fotografia: Tiago Canoso
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Fotografia: Tiago Canoso
Do moinho hidráulico aos M&M’s O resto da história do cacau é igual ao de outras matérias14 | Chocolate ...by Descla
-primas. Inventaram-se novos produtos e modos de transformação e a tecnologia foi-se aperfeiçoando: a moagem manual manteve-se até século XVII, quando nasceram as pri-
Misturador de cacau | Fotografia: Sanjay Acharya
meiras fábricas de chocolate e mais tarde o primeiro moinho hidráulico, do qual o cacau saía em forma de tortas, até aparecer uma máquina que moía, misturava e aglomerava a massa da planta. Os primeiros “empresários do cacau” surgiram no século XIX. Um deles, o inglês Joseph Fry, produziu em 1849 a primeira barra de chocolate comestível e pouco depois o chocolateiro suíço Daniel Peter aproveitou a invenção do leite condensado, pelo alemão Henri Nestlé, para criar o chocolate de leite. Este último ficou conhecido por fundar a empresa com o seu nome, que hoje é uma das maiores companhias de alimentos e bebi-
das do mundo. De invenção em invenção, em 1941 o norte-americano Forrest Mars criou os M&M’s, uma espécie de pastilhas de chocolate cobertas por uma camada de açúcar colorido – ter-se-á inspirado ao ver soldados espanhóis a comerem algo parecido durante a Guerra Civil de 1936-1939. A Mars é, actualmente, a maior compradora de cacau do planeta. Não foi a primeira nem a última vez que os caminhos do chocolate e de um conflito armado se cruzaram: durante as grandes guerras mundiais os Estados Unidos incluíram a iguaria nas rações dos soldados, pois já era reconhecido o poder energético e antidepressivo da mesma. Chocolate ...by Descla | 15
Fotografia: Tiago Canoso
Portugueses chegam aos 2 kg per capita No negócio do cacau os preços costumam ser muito voláteis, devido às alterações climáticas e às pragas que 16 | Chocolate ...by Descla
afectam as colheitas, mas também por causa da instabilidade política, especialmente nos países africanos. A maioria da produção é feita por pequenos agricultores em pequenas propriedades. Muitos juntaram-se em cooperativas. Um dos
maiores desafios que estas enfrentam é a concorrência das grandes multinacionais, que tentam convencê-los a deixar a cooperativa, oferendo-lhes um preço mais elevado. Apenas três países, Costa do Marfim, Gana e Indonésia, representam 68% da produção mundial, mas isso não diz tudo: 70% do cacau mundial reconhecido como fino e de qualidade vem do Equador. O país sul-americano ganha assim na qualidade devido às condições do clima, ao solo e à luminosidade, que dão ao cacau um sabor e aroma muito valorizados. A planta é o produto símbolo de uma nação que exporta 260 mil toneladas de cacau e cujo Governo estabeleceu como objec-
tivo chegar às 400 mil por ano até 2020. Há vários anos que decorre um trabalho de recuperação de plantações tradicionais com grande qualidade. O Equador pertence às nações do Sul, que tradicionalmente exportam a matéria-prima em bruto, a qual vai ser transformada em chocolate nos países do Norte, que ficam com a maior parte dos lucros. Segundo a Fairtrade International, no mercado convencional os produtores só recebem cerca de 6% do preço do chocolate pago pelos consumidores. No entanto, o país não quer ser apenas um fornecedor mas também um produtor e exportador de chocolate: já há algumas fábricas, embora não Chocolate ...by Descla | 17
muito grandes, e cooperativas a desenvolver semielaborados como manteiga de cacau, licor e pó para exportação. Estas realidades quase passam despercebidas à maioria de nós, essencialmente preocupados com o produto final, o chocolate. Em Dezembro de 2017 a Associação dos Industriais de Chocolates e Confeitaria (ACHOC) previa que o consumo per capita em Portugal nesse ano seria de 2 quilogramas, mais meio quilo do que em 2012, e que as vendas ultrapassariam os 200 milhões de euros, crescendo entre 3 a 5% face a 2016. “Há uma tendência de crescimento sustentado do consumo de chocolate em Portugal”, revelou à agência Lusa o secretário-geral da associação, Manuel Barata Simões. Os portugueses são, ainda assim, dos europeus que menos chocolates consomem: segundo o ranking publicado em 2017 pela revista Forbes, a Suíça é o país mais guloso do mundo, com um consumo per capita de 8,98 quilogramas, seguida da Alemanha (7,89) e da Irlanda (7,39). 18 | Chocolate ...by Descla
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Duas toneladas de chocolate em Ă“bidos
O Panda e o Urso Polar são duas das esculturas que este ano poderão ser vistas no Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, de 23 de Fevereiro a 18 de Março, cujo tema são as alterações climáticas A primeira impressão é a de que chegámos a um mundo encantado, entrámos numa daquelas histórias de reis e princesas onde não há limites ao sonho. Há um castelo, efectivamente, que é uma das Sete Maravilhas de Portugal, mas o que prende a atenção é o chocolate que está à sua volta: cerca de duas toneladas compõem a edição deste ano do Festival Internacional de Chocolate de Óbidos. Poder-se-ia pensar que é apenas mais um evento de iguarias e perdições, mas é muito mais do que isso. Uma equipa de talentosos pasteleiros faz esculturas únicas e deliciosas, baseadas sempre
num tema diferente. O da XVI edição são as alterações climáticas, e por isso os artistas vão recriar dez símbolos, entre os quais o Panda, símbolo do WWF (World Wildlife Fund for Nature), espécie vulnerável devido à perda de biodiversidade, o Urso Polar, afectado pelo aumento da temperatura no seu habitat natural, ou os Painéis Solares, que permitem reduzir as emissões de dióxido de carbono e melhorar a eficiência energética. “Pretendem levar o visitante a reflectir e a dar o primeiro passo neste caminho que tem de ser feito por todos nós”, revela o município de Óbidos, que organiza o festival e tamChocolate ...by Descla | 21
bém está a dar os primeiros passos para essa mudança, reutilizando o chocolate de edições anteriores na construção das novas esculturas. “Cada escultura, para além de ser uma obra de arte, é um símbolo de uma relação causa-efeito do impacto do comportamento humano no nosso planeta”, acrescenta. Isto porque a cozinha e o que nela comemos “é hoje a montra de como as nossas escolhas podem promover um consumo 22 | Chocolate ...by Descla
responsável, evitando o desperdício alimentar, respeitando os alimentos e dando mais valor a tudo o que a mãe natureza nos dá”. Chef vai desvendar segredos Os pasteleiros já estão a fazer as esculturas para o festival, que começa no dia 23 de Fevereiro. A orientá-los está o chef chocolatier brasileiro Abner Ivan, que se encontra em resi-
dência artística na vila de Óbidos. “É uma excelente oportunidade de aprendizagem para os pasteleiros locais, que através do desafio de elaborar peças complexas e sem nenhuma estrutura a não ser chocolate, adquirem novas competências na arte de trabalhar o chocolate”, sublinha o município. Durante o evento, o profissional vai construir ao vivo duas esculturas, desvendando as técnicas e os segredos deste ofício. As figuras do chef já alcançaram fama mundial, como prova a recente exposição em Madrid das esculturas feitas no ano passado para o festival de Óbidos, quando o tema foi a Música. Madonna, Michael Jackson, Bob Dylan e Amália Rodrigues foram algumas das personalidades construídas pelos hábeis pasteleiros liderados por Abner Ivan. O Festival Internacional de Chocolate de Óbidos é um evento pensado para toda a família, com diversos jogos e experiências para crianças, Chocolate ...by Descla | 23
animação de rua, showcookings de receitas com chocolate e sempre muitas peças extraordinárias para descobrir, conhecer e provar em múltiplos expositores. Entre chocolate negro, branco ou de leite, em estado líquido ou sólido, o mais difícil é escolher. Os visitantes podem provar o chocolate quente, os crepes e as espetadas de fruta com chocolate, a famosa Ginja de Óbidos em copo de chocolate ou as invenções mais recentes, o pastel d’Óbidos, que consiste num 24 | Chocolate ...by Descla
pastel de nata com licor de ginja, e o Ló d’Óbidos, feito com ginja, cacau puro e açúcar amarelo. Os restaurantes do concelho também se juntam ao evento e preparam manjares gastronómicos inspirados no chocolate. A histórica vila prepara-se para receber os amantes de chocolate durante quatro fins-de-semana consecutivos, de sexta-feira a domingo, entre 23 de Fevereiro e 18 de Março. As entradas custam 6,5 euros para maiores de 12 anos, sendo gratuitas para os restantes.
Chocolate de norte a sul Por todo o país há feiras e festivais dedicados ao chocolate. Neste artigo, apresentamos alguns O ser humano é, por natureza, guloso. Não poderia, pois, limitar-se a comer chocolates em dias de festa. O ano é longo, há que preenchê-lo com momentos doces, deverá ter pensado quem teve a ideia de criar o primeiro evento dedicado a esta perdição. Em Portugal, são cada vez mais as iniciativas como festivais, feiras e mercados onde o chocolate é rei. O Festival Internacional de Chocolate de Óbidos é, incontornavelmente, o mais conhecido, por ser o mais antigo, pela dimensão e pelas famosas esculturas feitas por chefs estrangeiros. No entanto, há outros eventos que se destacam ao longo do ano. Um dos mais 26 | Chocolate ...by Descla
importantes acontece em Cascais, que há seis anos consecutivos recebe o “Mercado do Chocolate”. A próxima edição, nos dias 2, 3 e 4 de Março, vai ter bombons, brigadeiros, trufas, crepes e brownies, entre muitos outros produtos feitos de modo artesanal e com pelo menos 70% de cacau. A vila transforma-se, assim, na “Capital do Chocolate Artesanal”, com 40 marcas espalhadas por um espaço de 500 metros quadrados. Além da degustação e da venda, o festival inclui workshops, animação infantil e música, sem esquecer as apresentações de chefs que prometem deixar o público de água na boca.
Ali perto, à cidade de Lisboa chegam anualmente chocolates e cacau de todo o mundo, bem como milhares de pessoas desejosas de conhecer as últimas novidades ou simplesmente deixar-se tentar pelo que já conhecem bem. A 5ª edição do “Chocolate em Lisboa”, que decorreu entre 1 e 4 de Fevereiro, reuniu no Campo Pequeno dezenas de marcas nacionais e internacionais, com especial
destaque aos produtos de Brasil, Perú e Venezuela. Durante quatro dias, os visitantes puderam aprender a arte dos chefs e mestres chocolateiros, que mostraram ao vivo como se trabalha este produto, criando obras de assinatura. Enquanto isso, outros chefs deram aulas de chocokooking e houve diversas palestras e workshops dedicados ao mundo do chocolate. Chocolate ...by Descla | 27
Fortaleza de Valença | Fotografia: Município de Valença
Mais para norte, todos os anos por altura do Natal a cidade de Valença transforma-se numa “Fortaleza de Chocolate”, onde o público é convidado a saborear as mais variadas invenções, desde o chocolate tradicional às bombocas de café, ginja ou menta, passando pelos crepes, licores e gelados artesanais, entre muitos outros produtos. O evento decorre no espaço envolvente da Fortaleza de Valença, magnífica construção de defesa militar, e inclui demonstrações de showcooking, 28 | Chocolate ...by Descla
workshops e ateliers, alguns dos quais dirigidos ao público infantil. Os mais velhos, esses, recordam o tempo em que a cidade teve uma fábrica de chocolate, desaparecida nos anos 80 do século passado. Chocolate no spa… O quarto evento que apresentamos não se distingue dos outros pela qualidade, sabor ou aroma do chocolate mas sim pelo local onde decorre: o Mercado Municipal de Loulé. Trata-se de um belo edifício
de fifionomia árabe construído no início do século XX e que hoje é o símbolo da cidade e um dos mais importantes monumentos algarvios. Para dinamizar este local, a autarquia de Loulé organiza anualmente, em Fevereiro, uma Feira do Chocolate, na qual os visitantes podem descobrir bombons, cascatas, fondues, bolos elaborados das
mais diversas formas , ginjinha, bebidas quentes e algumas criações inovadoras. O melhor de tudo é saber que os produtores, que vêm de todo o país, usam artigos e técnicas tradicionais. O público agradece, pois além de poder adquirir e saborear produtos únicos, fica ainda a conhecer a versatilidade culinária do chocolate, as suas propriedades nutritivas
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e até mesmo as formas de uso em tratamentos de beleza. O encanto do chocolate é igual no meio do Atlântico, daí que também na ilha da Madeira haja dias “sagrados” para os amantes do mundo do cacau. Um dos eventos mais conhecidos é o “PortoBay Chocolate & Vinho Madeira” , que anualmente decorre no Funchal e junta provas de chocolate e vinho Madeira, cocktails originais, esculturas de chocolate, visitas guiadas com prova de vinho ou tratamentos especiais com chocolate em spas, entre outros atractivos. A iniciativa pretende dar a conhecer alguns produtos ma30 | Chocolate ...by Descla
deirenses de um ponto de vista diferente e é destinada aos hóspedes de alguns hotéis, que a organizam. O evento inclui ainda jantares e chás da tarde especialmente dedicados ao chocolate. Perante tantos momentos de tentação, o sensato é abster-se ou, pelo menos, não abusar do chocolate. Porque, como quase todos os alimentos, ele tem benefícios e inconvenientes. Ainda assim, os primeiros parecem ganhar vantagem, a acreditar nas notícias que todos os anos surgem sobre as suas vantagens para a saúde. Comamos chocolate, sim, mas com moderação.