Ano Europeu do Património Cultural ...by Descla

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AnoEuropeu do Patrimรณnio Cultural by

SCL

desporto cultura lazer

Agosto de 2018


ficha técnica Propriedade, edição e distribuição: Gomes & Canoso,lda. Rua São João, nº.39, Repeses 3500-727 Viseu

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Telefone: 232 407 544 Telemóvel: 969 474 853 Directora: Olinda Martins Redacção: Ana Margarida Gomes e Lino Ramos

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Colaboradores: Carolina Brilhante Mariana Rodrigues Paginação: Filipa Pinto, João Barbosa e Tiago Canoso Publicidade e Marketing: Joaquim Gomes e Tiago Canoso

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Caros leitores, O que será mais importante do que ensinar as crianças a valorizarem o património e a cuidarem dele? Afinal, elas são o futuro, as principais responsáveis pela sobrevivência desse bem comum. Foi a pensar nisso que Esposende lançou a iniciativa “1 criança + 1 semente = 1 árvore + 1 ambiente melhor”: os alunos do concelho plantaram no espaço da escola árvores de espécies autóctones, deram-lhes um nome próprio e estão a acompanhar o seu crescimento. É apenas uma das iniciativas que compõem o programa nacional do Ano Europeu do Património Cultural (AEPC) – são centenas de eventos em todo o país, entre concertos, exposições, visitas guiadas, festivais ou roteiros turísticos. Ainda que deixe a desejar, a agenda prima por abordar temas estruturais como a

desertificação do interior do país, o individualismo da sociedade actual ou o papel da iniciativa privada em projectos culturais. O AEPC foi criado pelo Parlamento Europeu, por iniciativa da Comissão Europeia, e tem como objectivos promover o diálogo intercultural e a coesão social, sensibilizar os cidadãos europeus para os valores que partilham e destacar a importância do património para o bem-estar de todos. A ideia é nobre, para mais num mundo cheio de desafios, como a globalização e os seus efeitos na perda de identidade, a crise de valores, as migrações ou as alterações climáticas, entre outros. Em Portugal, a maior barreira ainda é mobilizar os cidadãos para as iniciativas que envolvem o património. Será desta que se consegue?

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Boas leituras!


ANA MOURA 18 AGO • MARIA RITA 25 AGO • RUI VELOSO 01 SET • XUTOS & PONTAPÉS 15 SET • MICKAEL CARREIRA 15 AGO • AMOR ELECTRO 10 AGO • ANSELMO RALPH 24 AGO • DIOGO PIÇARRA 08 SET • D.A.M.A 22 AGO • QUINTA DO BILL 29 AGO • ORELHA NEGRA 05 SET • RICHIE CAMPBELL 17 AGO • CALEMA 31 AGO • PAULO SOUSA 13 AGO • RAQUEL TAVARES 11 AGO • ESPETÁCULOS • DIVERSÕES • GASTRONOMIA • COMÉRCIO • CULTURA


Ano Europeu do Patrimรณnio Cultural: um alerta e uma oportunidade

Em 2018, o Parlamento Europeu promove a iniciativa pela primeira vez. Texto: Lino Ramos

Fotografia: Lino Ramos

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Fotografia: CM Reguengos de Monsaraz

“Ano Europeu do Património Cultural”. À primeira vista, parece uma expressão demasiado vaga, apenas mais uma iniciativa da União Europeia (UE) para ocupar a agenda cultural dos cidadãos comunitários e seus responsáveis políticos. Na verdade, é muito mais do que isso. A iniciativa parte da UE, sim, mas tem um objectivo ambicioso: promover a diversidade cultural, o diálogo intercultural e a coesão social. Com isso, a Europa espera chamar a atenção para o papel da cultura e do património no

desenvolvimento social e económico no “velho continente” e nas suas relações externas, e motivar as pessoas para os valores comuns europeus. Mas, como fazê-lo? O mais difícil nestas acções, normalmente, é envolver os cidadãos, mobilizá-los para os eventos. Em Portugal, conhecemos, cuidamos e valorizamos o património, mas mobilizamo-nos pouco para as iniciativas – é o que diz o Eurobarómetro num estudo recente. Se os portugueses vão ou não participar activamente no Ano Europeu

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Fotografia: CM Reguengos de Monsaraz

do Património Cultural (AEPC), só o tempo o dirá. Alguns eventos já aconteceram, outros estão em andamento e há os que ainda não começaram. Entre concertos, exposições, visitas guiadas, concursos ou actividades recreativas ao ar livre, há de tudo um pouco no programa desenvolvido pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) em colaboração com diversas entidades públicas e privadas. Em 2019 poderá fazer-se um primeiro balanço, com a certeza de que esta iniciativa não se fica por aqui. Com efeito, esta é uma oportunidade de olharmos com mais atenção para o património, o construído – apostar mais na conservação de monumentos,

por exemplo – e o imaterial (o fado, o cante alentejano ou os bonecos de Estremoz), reforçando a ligação das pessoas com os seus saberes e tradições.

Adoptar um monumento? No caso português, parece faltar, sobretudo, mobilização. É importante acabar com “uma ideia estática e passadista do património”, como alertava o comissário nacional do AEPC, Guilherme d’Oliveira Martins, em Janeiro deste ano, em entrevista à Renascença. A juntar a esse desafio nacional, há outros mais gerais – a globalização, o desenvolvimento acelerado no uso

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Fotografia: Lino Ramos

de novas tecnologias de informação e comunicação, as crises de valores e identidade, as alterações climáticas, os conflitos, as pressões e contradições geradas pela cada vez maior mobilidade humana por todo o planeta. As novas gerações têm aqui um papel decisivo, daí que o programa seja muito direccionado para elas. As escolas portuguesas, por exemplo, podem adoptar um monumento,

conhecê-lo e cuidar dele, através de uma aplicação móvel. O mundo digital e as novas tecnologias são essenciais neste trabalho de conservação e valorização do património, pois permitem novos olhares sobre ele e ligam a outras culturas e mentalidades. O balanço final, esse, será feito daqui a alguns anos. Se o Eurobarómetro concluir, então, que o AEPC ajudou os cidadãos europeus a viver melhor, o principal objectivo terá sido alcançado.

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Lumina Festival da Luz, 2013 © OCUBO

Uma vila mágica Jogos de luz e vídeo mapping tomam conta dos edifícios e espaços da vila de Cascais entre os dias 21 a 23 de Setembro. Texto: Carolina Brilhante

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Lumina Festival da Luz, 2016 © OCUBO

O LUMINA festival da Luz 2018 vai regressar a Cascais nesta 7ª edição com a apresentação de espectáculos com muita luz e cor, projecções multimédia gigantes, esculturais e luminosas instalações que vão interagir com os visitantes, numa expe-

riência cultural inovadora e gratuita destinada a todas as idades. Vão ser três noites mágicas, com a presença de 400 artistas nacionais e internacionais, que vão transformar Cascais na experiência mais luminosa deste Verão.

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Lumina Festival da Luz, 2015 © OCUBO

No passado ano o festival LUMINA foi considerado pelo jornal britânico The Guardian um dos 10 melhores Festivais de Luz da Europa, com obras de artistas nacionais e internacionais que realçaram o seu património através de

um percurso pelas ruas de Cascais - ao mesmo tempo garantindo momentos únicos de descoberta para serem vividos em família ou com amigos. É um evento de entrada livre, que anualmente é visitado por mais de

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Lumina Festival da Luz, 2017 © OCUBO

400 mil pessoas para assistirem a momentos culturais inesquecíveis e surpreendentes. O Lumina, da autoria do atelier æ, define-se como o “festival mais luminoso do país”. Nesta que é a 7ª

edição, o evento é dedicado ao tema “Cores e Formas” - e, pela primeira vez, é exibido em paralelo o LUMINA X, um espaço que vai iluminar a Marina de Cascais com obras de carácter experimental.

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Desenhar o passado com novas linhas

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“Agricultura Lusitana” é o nome de um projecto da Aldeias do Xisto que remodela ferramentas do uso popular com uma faceta nova. Texto: Mariana Rodrigues Fotografias: ADXTur

Muitas vezes, os objectos que marcaram o quotidiano não muito distante da vida popular caem em esquecimento. Instrumentos ancestrais cujo uso já não é o mesmo acabam por ser relegados na memória coletiva. Mas a organização Aldeias do Xisto tem uma proposta diferente: em parceria com 9 escolas superiores de design e 22 ateliers, ressuscitou esses objectos, dando-lhes uma nova personalidade. O resultado? A exposição “Agricultura Lusitana”, que exibe artefactos típicos do Centro de Portugal remodelados. Sob a coordenação de Rui Simão, o mote da “Agricultura Lusitana” é que a herança agrícola é uma essência do saber fazer, estar e ser. O desafio era, portanto, repensar a identidade dos locais da região Centro. Para isso, os artistas contataram com as popula-

ções locais do projeto, e daí tomaram a liberdade de conferir um design novo às ferramentas tradicionais. Três foi o número de grupos selecionados para dar azo à exposição: os artesãos lado a lado com os designers; os alunos de diferentes escolas com as pessoas das aldeias da Serra da Lousã, Serra do Açor, Zêzere e da região Tejo-Ocreza; e os alunos do 2º ano da Licenciatura em Design do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro com o FabLab.

Designers + Artesãos Este salto até à actualidade é propositadamente para contrariar o esquecimento a que o interior português é habitualmente sujeito. Assim, Vânia Kosta fez dos campos do rio Zêzere a paisagem para as

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Steffi Köhne com o seu Feltrosofia.

suas almofadas, cujos detalhes em patchwork se assemelham às terras cultivadas. Feltrosofia é o conjunto de Steffi Köhne, que consiste num chapéu, lenço e um colar de pimentos em feltro; a artista, residente na aldeia de Benfeita, escolheu lã das alpacas da região. Já Idálio Dias criou saboneteiras gigantes inspiradas por uma saboneteira de pedra da aldeia do Barroso (que as antigas lavadeiras usavam para poisar o sabonete junto ao rio). Segundo a organização, este projecto faz parte da esperança de que “as transformações baseadas em princípios éticos e formas de estar mais ecológicas

vão mudar a nossa forma de viver, promovendo o bem-estar pessoal, social e político no território deste projeto, Portugal”. Mais do que uma simples exibição de design, “Agricultura Lusitana” ambiciona ser uma reflexão sobre áreas distintas do saber e cruzar o conhecimento popular com a visão moderna. A exposição abriu em Março e está patente no Museu de Arte Popular até 30 de Dezembro deste ano. Ainda no mesmo âmbito, o Museu acolhe um programa de actividades diverso, que inclui visitas guiadas, workshops, animações e debates. “Agricultura Lusitana” faz parte da

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programação da Direção-Geral do Património Cultural alusiva à celebração do Ano Europeu do Património Cultural.

Cultivar a Cultura Segundo a organização, este projecto faz parte da esperança de que “as transformações baseadas em princípios éticos e formas de estar mais ecológicas vão mudar a nossa forma de viver, promovendo o bem-estar pessoal, social e político no território deste projecto, Portugal”. Mais do que uma simples exibição de design, “Agricultura Lusitana” ambiciona ser uma reflexão sobre áreas distintas do saber e cruzar o conhecimento popular com a visão moderna. A exposição abriu em Março e está patente no Museu de Arte Popular até 30 de Dezembro deste ano. Ainda no mesmo âmbito, o Museu acolhe um programa de actividades diverso, que inclui visitas guiadas, workshops, animações e debates. “Agricultura Lusitana” faz parte da programação da Direção-Geral do Património Cultural alusiva à celebração do Ano Europeu do Património Cultural.

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O violino do Titanic e outras 600 histórias de música

O Museu da Música Mecânica, no concelho de Palmela, guarda mais de 600 instrumentos de música mecânica, alguns muito raros. E quase todos funcionam! Texto: Lino Ramos Fotografia: Museu da Música Mecânica

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Imagine uma caixa de música com que brincava em criança, mas muito maior, tão grande que lá dentro cabem mais de 600 instrumentos, entre órgãos, pianos mecânicos, relógios musicais, autómatos, fonógrafos e muitas outras peças. É assim o Museu de Música Mecânica, no concelho de Palmela, um dos espaços culturais mais ricos e diferenciadores do país. Ainda cá fora, no alçado principal há uma concavidade que faz lembrar as campânulas dos fonógrafos e gramofones – é ela que assinala a entrada do edifício. Imergimos então num mundo antigo, voltamos ao tempo das máquinas que reproduziram o som e gravaram a voz humana pela primeira vez. Como reagiram as pessoas ao ouvir? “Serão músicos invisíveis?”, terão perguntado, deslumbradas com a nova tecnologia. Há caixas de música que nos fazem sonhar, regressar ao tempo da infância. O som é mágico, agora como há cem anos, o objecto também: cada pormenor fascina, só de olhar. De 1930 há uma máquina de escrever que não escreve mas faz melodias. Mais adiante está uma gaiola com dois pássaros que can-

tam alternadamente enquanto mexem a cabeça, o bico e a cauda. O som provém de foles que se movimentam por força de uma mola. Os órgãos de fole são vários, de rua, salão, barbarie ou realejos, accionados por cilindro ou cartão perfurado. O mais sublime é um órgão de tubos de 1900, construído em Paris pela fábrica dos irmãos Limonaire – é um instrumento pneumático em que o ar, produzido por foles, é canalizado para os tubos de madeira, que emitem a melodia através de bandas de cartão perfurado. Não é só uma máquina, é uma peça de arte. O mesmo pode dizer-se das grafonolas, como a que os Jeovás usavam na década de 30, ou o modelo feito de propósito para os soldados americanos durante a 2ª Guerra Mundial. Deparamo-nos então com um Violino Mills, belo instrumento que combina a melodia do piano e do violino. Poderia passar despercebido, não fosse a história: um exemplar como este estava destinado ao salão de dança do Titanic, quando o navio chegasse à América, no longínquo ano de 1912. É uma das poucas peças movimentadas por corrente eléctrica,

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a maioria funciona através de sistemas exclusivamente mecânicos. Nalgumas é preciso dar corda, noutras manejar a manivela continuamente.

Dos 250 euros aos milhares… Um piano e, por cima dele, acordeão e tambores. Estranhamos, pois claro, mas de imediato entranhamos o som do Seybold, agradecendo ao senhor francês que inventou tal coisa. Igualmente sublime é o Eureka, um gramofone de criança fabricado em 1903 na Alemanha. Tocava discos de cera. No ano seguinte, uma marca

belga escolheu-o para fazer publicidade aos seus chocolates Stollwerk: estes eram apresentados em forma de disco onde podiam escutar-se pequenas canções. Embalados pelo aparelho, os mais novos estariam mais dispostos a comer os doces… Ainda mais antigo é o Gramofone Berliner, famoso por estar associado à imagem do cão Nipper. Quando o dono do animal faleceu, em 1887, deixou a um dos irmãos o gramofone com um disco gravado com a sua voz. Sempre que este tocava, o cão punha-se à frente da campânula, como que reconhecendo a fala do antigo dono,

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o que deu origem à marca inglesa His Master’s Voice. Pelo caminho encontramos um útil catálogo ilustrado, que além das imagens dos mais de 600 instrumentos, descrevendo a sua construção e origem, traz um disco com o som de 50 máquinas diferentes. Gostemos ou não da melodia, facilmente percebemos o valor de cada uma destas peças, distribuídas ao longo das cinco galerias expositivas do museu. As mais antigas são de finais do século XIX, os mais recentes de meados do século XX. E quase todas funcionam! Luís Cangueiro, o homem que está por trás de tudo isto, adquiriu-

-as ao longo de 30 anos em várias partes do mundo, a maioria em antiquários especializados na Europa. É uma história de paixão pela música, a música mecânica. Pelos instrumentos mais baratos, as grafonolas, pagou 250 a 300 euros, pelos mais caros chegou aos milhares. A ideia de criar um museu surgiu em 2001, mas em 2012 as peças ainda estavam guardadas em duas garagens. O espaço icónico, projectado pelo arquitecto Miguel Marcelino, abriu portas a 4 de Outubro de 2016. Fica situado na localidade de Arraiados, freguesia de Pinhal Novo, numa

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propriedade do próprio coleccionador. Neste projecto, tudo é privado. Com uma área de 1.200 m2, o museu inclui, além da zona expositiva, um auditório, uma sala multiusos e uma sala documental, que reúne uma importante bibliografia temática, documentação de época e milhares de fonogramas. Há ainda uma loja e uma cafeteria, apta a receber exposições, espectáculos, conferências, festas de aniversário e outros eventos de culturais, educativos e/ou de lazer.

A riqueza do Museu de Música Mecânica valeu-lhe um lugar na lista de eventos oficiais do Ano Europeu do Património Cultural. Poucos serão os espaços onde podemos fazer uma visita na companhia do próprio coleccionador. Aqui é possível, aos sábados e domingos, a partir das 15:30. Ouviremos então Luís Cangueiro contar a história destas máquinas e, pelo caminho, a sua história também, porque as duas serão indissociáveis, adivinhamos…

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O único instrumento português O som é pouco atractivo, mas vale pela raridade: é a única peça mecânica de origem portuguesa. Trata-se de um harmónio construído no final do século XIX, de modo completamente artesanal, por Raymundo José Lagoas, professor primário de Tavira. O docente criou o instrumento musical entre Janeiro e Março de 1894, tendo posteriormente substituído três das sete composições iniciais, a última em 1934.


O Teatro dos teatros Há nomes que são sinónimo da história de um país. O teatro D.Maria II é um deles. Texto: Mariana Rodrigues Fotografias: Filipe Ferreira

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Símbolo máximo das artes dramáticas em Portugal, o Teatro D. Maria II é mais do que uma instituição ou um nome sonante: é um testemunho da passagem do tempo. Com mais de 170 anos de existência, mais do que acolher espetáculos culturais, o Teatro guarda em si partes da história do país. O Teatro Nacional D. Maria II foi inaugurado a 13 de Abril de 1846, a propósito das celebrações do 27º aniversário da Rainha Maria II. O seu nascimento está associado a um período fulcral no panorama cultural e político do país, e deveu-se a nem mais nem menos do que a Almeida Garrett.

O poeta foi encarregue, por portaria régia, de elaborar um plano para fundar um teatro nacional. Por esse mesmo decreto, Almeida Garrett ficou encarregue de criar a Inspeção-Geral dos Teatros e Espetáculos Nacionais e o Conservatório Geral de Arte Dramática, instituir prémios de dramaturgia, e regular direitos autorais. Estávamos então em plena era Romântica, e na Europa cada nação tinha a preocupação de solidificar um repertório dramatúrgico nacional. Portugal estava particularmente necessitado de uma renovação na sua identidade, que saiu lesada com as

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invasões francesas e as lutas liberais. As raízes do Teatro remontam a 1936, ano em que começou a funcionar no Teatro da Rua dos Condes, passando mais tarde para os escombros do palácio dos Estaús, antiga sede da Inquisição. Tudo locais considerados questionáveis e decrépitos. A escolha do arquitecto Fortunato Lodi, para executar o Teatro Nacional, também não foi isenta de críticas. Só em 1842 é que Almeida Garrett conseguiu arrancar com as obras. Após a implantação da República, passou a chamar-se Teatro Nacional de Almeida Garrett. Em 1964, o Teatro Nacional foi palco de um brutal incêndio que apenas poupou as paredes exteriores e a entrada do edifício. O edifício que hoje conhecemos, e que respeita o original estilo neoclássico, foi totalmente reconstruído e só em 1978 reabriu as suas portas. Toda esta história pode ser revisitada com as visitas guiadas ao Teatro Nacional D. Maria II. Desde os camarins até às passagens secretas, os 170 anos de vida da instituição podem ser revelados aos visitantes.

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ALMEIDA GARRET Almeida Garrett consolidou-se não só enquanto poeta, mas também enquanto figura política. Nasceu no Porto em 1799, e foi durante uma estadia na Inglaterra que tomou contacto com as expressões da corrente Romântica. Tomou parte na Revolução Liberal de 1820. Enquanto impulsionador do teatro português, fez parte da criação do Teatro Nacional D. Maria II e do Conservatório de Arte Dramática. Durante três décadas, escreveu várias peças de teatro, entre as quais Falar a Verdade a Mentir e Frei Luís de Sousa. Faleceu em 1854, estando os seus restos mortais no Panteão Nacional. Para muitos, é a personagem mais emblemática do Romantismo em Portugal.

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Uma imagem vale mais do que mil palavras?

A pergunta é legítima, tendo em conta o projecto Fifty-Fifty, da autoria de Lília Reis, que tirou 77 fotografias e pediu a outras tantas pessoas para escreverem algo sobre as mesmas. Texto: Lino Ramos Fotografia: Lília Reis - Portugueselily

“Habitualmente, olha-se para uma fotografia – raramente se olha para dentro da fotografia”. As palavras são do fotógrafo norte-americano Ansel Adams (1902-1984) e dizem-nos algo tão simples quão complexo: uma imagem é mais do que isso e cada qual a vê de modo distinto. Ninguém é igual, e cada um se impressiona de modo diferente com uma imagem, interpreta-a à sua maneira. Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas o que vale aquilo que ela nos diz, o que nos provoca, o que nos faz pensar? Aquilo que pode dizer-se e escrever-se sobre ela?

Foi este o ponto de partida de Lília Reis, enfermeira apaixonada pela fotografia a preto e branco. No ano passado atravessou um período difícil devido a problemas de saúde, mas não deixou de clicar, registar momentos e emoções, captar vidas. Depois, escolheu várias pessoas, a cada qual mostrou uma imagem, e pediu que escrevessem algo sobre ela. O resultado é o projecto “Fifty-Fifty”, que reúne 77 fotografias e outras tantas legendas. Manteve-se o nome, cresceu a ambição: eram para ser 50 fotos e 50 textos, mas os testemunhos cativa-

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ram tanto que assim foi necessário. Há prosa e poesia, uma pintura, há palavras que são verdadeiros rasgos criativos de desportistas, músicos, bombeiros, médicos, barmans ou cakedesigners, entre muitos outros profissionais que aceitaram o desafio. “O critério foi escolher pessoas diferentes, extractos sociais/culturais diferentes e de alguma forma transmitir que todas são capazes de interpretações únicas, muito dignas, especiais”, conta Lídia Reis. O objectivo da autora foi precisamente esse: estimular a criatividade, o sonho, despertar o lado mais espiritual e criativo de cada pessoa. Quis que cada uma, ao olhar para a imagem, se colocasse no lugar de quem a tirou e de quem foi captado,

vivesse o mesmo processo de descoberta, de contacto com o desconhecido, e a partir daí fizesse a sua interpretação. Tentou – e continua a tentar – que as pessoas não encarem o mundo de forma tão individual. Nenhum participante teve acesso prévio à imagem ou texto de nenhum outro, e também por isso o projecto é tão rico. “Todos os convidados (dos mais conhecidos aos menos) foram excelentes e aos mesmos agradeço o resultado deste trabalho”, confessa. As 77 obras de arte podem ser vistas na página de facebook Portugueselily e no blogue com o mesmo nome. O objectivo de Lília Reis é que Fifty-Fifty resulte numa exposição “com música agradável” e cujos textos estejam também em braile.

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O motor da República

Museu dos Transportes e Comunicações e Alfândega do Porto preserva os carros dos Presidentes da República. Texto: Carolina Brilhante e Mariana Rodrigues Fotografias: Museu dos Transportes e Comunicações e Alfândega do Porto

Trata-se de uma amostra de um vasto conjunto de viaturas que estiveram ao serviço das figuras da República e do Estado Novo, de Manuel de Arriaga a Cavaco Silva, dando a conhecer a evolução dos meios de transporte e algumas edições raras da indústria automóvel - desde as caleches e landaus do final do século XIX que ainda foram utilizados durante a I

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República, aos modelos motorizados topo de gama da década de 2000. Um conjunto de exposições temporárias que teve o seu início em 2004 na inauguração do museu da Presidência da República, expandindo-se para as cidades do Porto, Lisboa, Figueira da Foz e Guimarães. Cada visitante terá acesso à história de cada carro e à forma como foram adquiridos, através de painéis que se encontram dispersos por toda a exposição, assim como um vídeo explicativo. Com a exposição “Os carros dos

presidentes”, que decorre até 31 de Dezembro, o Museu dos Transportes e Comunicações e Alfândega do Porto criou um espaço de exposição permanente. Do Estado Novo, conservam-se, ainda assim, quatro viaturas de aparato, reservadas ao serviço protocolar: Rolls Royce Phantom III e V, o Mercedes 600 Pullman e o Vanden Plas Princess. Esta exibição é o resultado de uma consciencialização de que as viaturas aqui presentes constituem-se como um património histórico, passando a

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OS VEÍCULOS DO ESTADO NOVO

integrar a colecção do museu da Presidência da República assim que terminam o seu período de serviço. A instalação deste núcleo no Porto vem também ao encontro do objectivo do museu da Presidência da República em promover a descentralização da sua actividade, trazendo esta iniciativa para o Norte do país, região com grande tradição no que toca a colecções automóveis. Por outro lado, é uma oportunidade de os visitantes, conduzidos pelos motores da República, conhecerem a história da instituição presidencial.

Depois do atentado contra a vida de Salazar em Julho de 1937, o Estado adquire dois Mercedes 770 W07 blindados. Contudo, não foram muito usados por possuírem uma manutenção e consumo elevados (cerca de 70l/100km). Mais tarde, foram os carros escolhidos durante a visita oficial a Portugal de Franco, chefe do Estado espanhol, em 1949. Outras viaturas que estiveram ao serviço protocolar do Estado Novo foram os Rolls Royce Phantom III e V, o Mercedes 600 Pullman e o Vanden Plas Princess.

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Tour Vila Adentro – Uma

experiência de culturas e de história e de estórias

Explorar o Algarve mais além é a proposta da Tour Vila Adentro. Texto: Carolina Brilhante Fotografias: Look AL Cultural Experiences

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Faro é histórica. Culturas que perduram na maioria de cada rua em que se passa, ao contar e representar diferentes fases da história da cidade e da civilização universal. De 5 de Março até 31 de Dezembro de vai ser possível comprovar isso mesmo com uma série de experiências. Na cultura algarvia, há imenso por descobrir, sabores por desfrutar e experiências para viver. Passeios,

visitas e degustações são as principais actividades onde poderá experimentar vinhos de qualidade, ouvir segredos e mistérios de uma localidade que possui um vasto Património Cultural. O Tour Vila Adentro é realizado na cidade velha de Faro, e apresenta histórias e estórias da cidade e do país e o que têm em comum com os diferentes povos que nos visitam.

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Inicia-se o tour com uma breve explicação do porquê da origem da cidade, dos diferentes povos que por cá passaram, os diferentes nomes da cidade e a sua evolução até ao nome actual. Durante a visita, é apresentada a antiga Porta Principal da Entrada da Cidade, do século XI, tempos dos árabes, o antigo Fórum Romano, o Palácio do Bispo o Seminário, a Catedral, uma galeria de restauro de

azulejos antigos e museu privado, as Muralhas da Cidade e as suas Torres Bizantinas (do tempo dos romanos). Outros pontos de interesse são a Antiga Judiaria, os Túneis Árabes do século XI, a segunda Porta da Cidade com as suas torres Albarrãs, a Casa do Barbeiro/Enfermeiro, quando Faro foi a “mesa dos sifilíticos” no século XIX, entre muitas outras curiosidades que esta velha cidade pode oferecer-nos.

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Tradidanças em Carvalhais Festival de tradições,

música, Dança e Natureza Música, dança e gastronomia são as actividades que vão ocupar os primeiros dias de Agosto para aqueles que visitarem o Tradidanças em São Pedro do Sul. Texto: Carolina Brilhante Fotografias: Toni Lima Fotografia

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Um evento que não é fácil de replicar em mais nenhum local do país devido a uma tradição inigualável que pode observar-se na região de Carvalhais. O Tradidanças é um festival que une o património da Serra da Arada (Freguesias de Carvalhais e Candal, São Pedro do Sul) à riqueza da diversidade trazida de outros lugares. A música e as danças ligadas às tradições são transmitidas através de oficinas dinamizadas por profissionais, e o público torna-se um dos grandes protagonistas do evento. A edição deste ano, para além de tasquinhas e restaurantes com produtos locais, conta com uma feira de

artesãos com produtos vindos de toda a parte, e uma secção dedicada aos construtores de instrumentos musicais. Perante a grande importância que o assunto de matéria ambiental assume na nossa sociedade, a par da mais-valia que o território do festival oferece com as suas paisagens e valores naturais, a edição de 2018 do Tradidanças integra um novo conceito na sua descrição: “Viagens de Natureza”, que procura oferecer uma programação voltada para o património natural. Na edição de 2018, que decorre de 2 a 5 de Agosto, artistas, participantes e comunidade local partilham e cruzam conhecimentos.

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Era uma vez

Odemira – Por um território educativo

O projecto “Era uma vez Odemira” integra o Ano Europeu do Património Cultural 2018, e pretende facilitar o acesso a aprendizagens ao longo da vida, fundindo-se em todo o potencial educador inerente a este território. Texto: Carolina Brilhante Fotografias: Tiago Canoso

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Ir à descoberta do património natural e edificado de Odemira, dos locais que alimentam as lendas do concelho, ou dos sítios onde as tradições locais continuam bem vividas, é o desafio lançado pelo projecto “Era uma vez Odemira”. Trata-se de um projecto que envolve vários processos de aprendizagem participativos, baseados na experiência, na autonomia e na responsabilidade de cada participante. Projecto este que cria oportunidades para uma educação mais ampla e democrática, não apenas para as crianças, mas também para as suas famílias. Através da distribuição de uma agenda mensal, são descritos “os aspectos mais únicos e valiosos do Pa-

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trimónio natural, histórico/arqueológico, etnográfico e edificado do concelho de Odemira, bem como as actividades económicas mais expressivas”. Todos os conteúdos apresentados na agenda utilizam uma linguagem gráfica e apelativa para as crianças e um vocabulário escrito inteligível para os adultos, de forma a que estes consigam aprender e ensinar aos mais novos que os acompanham nestes passeios pelo concelho. A iniciativa é dinamizada pelas Associações RIO: Reviver e Inovar Odemira e TICTAC: Associação para a Promoção dos Tempos Livres das crianças, e jovens, ambas de Odemira, junto das crianças dos 3 aos 12 anos do concelho.

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1 criança + 1 semente = 1

árvore + 1 ambiente melhor Desde a recolha de sementes à criação de sementeiras: em Esposende as crianças aprenderam a cuidar do ambiente.

Texto: Carolina Brilhante Fotografias: Revista Descla

Por um ambiente melhor, a região de Esposende tomou a iniciativa de formar a campanha de informação “1 criança+ 1 semente= 1 árvore+ 1 ambiente melhor”, de modo a sensibilizar as crianças do concelho de que o ambiente necessita de todos nós. O projecto foi criado no âmbito da

candidatura ao Prémio Fundação Ilídio Pinho “Ciência na Escola” e decorre entre 6 de Novembro de 2017 e 31 de Julho de 2019, sendo já a sua 15º edição. A campanha foi desenvolvida nas Actividades de Enriquecimento Curricular do 1º ciclo do Ensino Básico de

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Ciências Experimentais, em todas a escolas básicas do Agrupamento de Escolas António Correia de OliveiraEsposende. O ponto de partida foi a temática que estava em discussão na praça pública no momento da candidatura: a floresta e os incêndios.

Os alunos foram envolvidos nesta temática atual e que também lhes diz algo, dado os incêndios que tem havido no concelho de Esposende há alguns anos. Neste projecto, os alunos plantaram no espaço da escola uma árvore de espécie autóctone por turma, e acompanharam o

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seu crescimento. Entretanto, abordaram as características das árvores autóctones e apadrinharam a sua nova “amiga árvore” com um nome próprio. Com isto, pretendeu-se humanizar esta temática, aproximando a floresta à sala de aula.

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