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PRIMÓRDIOS DO BEISEBOL EM MATO GROSSO
from Lume 40
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Primórdios do Beisebol
em Mato Grosso A história da colonização japonesa e a do beisebol, no estado de Mato Grosso, tem a mesma origem nos primeiros migrantes que aqui se estabeleceram no início da década de 1950
43 E m 1953 chegaram a primeiras levas, vindos inicialmente do interior do estado de São Paulo e, posteriormente, diretamente do Japão. Chegaram à região do Rio Ferro, distante cerca de 500 km de Cuiabá, ao norte, quase chegando no estado do Amazonas, vislumbraram a densa vegetação e pensaram, aqui é terra fértil ! As estradas praticamente não haviam, tiveram que abri-las, atravessar rios sobre balsas, improvisaram pontes, desmataram com as “mãos”, utilizando no início machado, marretas e serras. Construíram suas casas com essa madeira, os telhados eram uma atração a parte, feitos de tábuas de madeira, mas todos unidos em um sonho: o de ganhar dinheiro e retornar a terra natal. FOTOS, ARQUIVO E TEXTO FÁBIO SATORU SASAKI
44 A terra na verdade era muito ácida, e dali não produzia o necessário para sua subsistência “não dava arroz, feijão, legumes”, criávamos galinhas e porcos, alimentando-os com feijão guandu, única coisa que dava naquele solo. Nós também comíamos esse feijão; a mesma coisa que os animais comiam nós também tivemos que comer, além de termos que comer animais silvestres, a exemplo de macacos, sapos, minhocas e ratos. Quem não conseguiu comer, foram os primeiros a morrer de fome de desnutrição. A distância até Cuiabá era um empecilho, apenas uma vez por mês o caminhão da empresa ia buscar mantimentos, gastamos todo o dinheiro fazendo compras, pois da terra nada tirávamos. A plantação de seringueira foi bem, mas para obter lucros com a colheita levava cerca de sete, oito anos para a primeira sangria e dez para ter retorno comercial. Experimentaram o plantio da pimenta do reino e conseguiram uma boa colheita, no entanto, devido a super produção dos países asiáticos, ocorreu desvalorização do produto e um saco de pimenta do reino não valia mais nada. Ainda tinha o custo de levá-la até o porto de Santos, não compensava. Preferiram queimar.
Por causa a falta de conhecimento do solo, da distância, as dificuldades com as doenças tropicais, a resistência foi sendo minada e a esperança se acabou. Os imigrantes que vieram para nosso estado deixaram um grande legado: abriram estradas onde até então não havia nada. Desses locais surgiram cidades como Sinop e Feliz Natal. Hoje a culinária japonesa é muito bem representada nos restaurantes japoneses com seus Sushis e outros pratos. Nas feiras de gastronomia com o Yakisoba, nos esportes com o Judô, o Karatê, o Karaokê e o Beisebol.
PRIMEIRAS TACADAS Falando sobre o beisebol, esta modalidade esportiva chegou a Mato Grosso com estes imigrantes. Se tornou popular, pois naqueles tempos, em fins de semana, os trabalhadores da roça vinham para a sede (Kaikan) praticar os mais variados esportes, dentre eles o beisebol. Era forma de descontrair dos longos períodos de servi-
ço pesado a se que impunham os desbravadores.
Em meados de 1955, com o pátio da sede pronta, foram realizavam as primeiras partidas de beisebol em solo mato-grossense, como forma de reunir as famílias, naquele longínquo sertão.
Segundo as entrevistas feitas aos descendentes, as primeiras partidas entre as localidades seriam do inicio da década de 1960. Disputaram torneios as cidades de Cuiabá, Cáceres, Jurigue e Rio Ferro, tendo o registro em foto de um torneio de 1964.
Os anos seguintes foram comuns estes torneios, geralmente acontecendo de uma a duas vezes ao ano, até no início da década de 1990, onde com a era “dekassegui”. Nessa ocasião muitos seguiram o caminho inverso de seus antepassados, indo trabalhar no Japão. Não só em Mato Grosso como em outras regiões do país, as associações de beisebol perderam membros e algumas até pararam por completo suas atividades.
Com a estagnação da economia japonesa em meados do ano 2000, sucessivas crises econômicas, fizeram que uma grande leva desses emigrantes retornassem ao país, reiniciando as atividades nas suas associações.
Nos dias atuais a Associação Nipo de Cuiabá e Várzea Grande, possui diversas atividades não somente voltadas aos membros da associação, mas aberta a comunidade Brasileira, visto que hoje os praticantes de Beisebol, Kendô, Taiko, possuem grande quantidade de não descendentes. O beisebol, com o apoio da Federação Mato-grossense de beisebol e softbol, desenvolve com apoio do Governo japonês, a prática desse esporte com aulas gratuitas. Existe um voluntário japonês enviado somente para ensinar a prática do beisebol aos Brasileiros.
SERVIÇO: As aulas não são cobradas e, quem se interessar, deverá procurar a associação de Várzea Grande, situada na Rua Castro Alves, esquina com Castelo Branco, no Bairro Cristo Rei, levando apenas um par de tênis e boné, pois o restante dos materiais são fornecidos pela própria instituição.