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Contemporâneos de Duchamp

Figura 17: Fogareiro para vender amendoin feito com lata de arroz Para ligarmos as obras de Duchamp as construções atuais, devemos entender como esta conexão é feita. Estas obras são caracterizadas por sua “ousadia”, dada pela inversão de papéis. Munari afirma:

Mais próximo de nós, Marcel Duchamp apresentou um urinol como fonte. Este objecto, que sempre havia recebido jactos líquidos, agora restitui-os tornando-se uma fonte. (Munari, 2007, p.42).

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Esta inversão se dá em partes de objetos, que desmontados, desligados, descartados dão forma a outros usos. Em Rua dos Inventos, estas partes ao entrar em contato/ interação com semelhantes, em questão de desmanches, assumem outras funções inusitadas. (Figura 17). A desconstrução da lata de arroz para se tornar um “forno/ fogareiro” necessita de uma alteração em sua estrutura, sua sintaxe. Primeiro se corta a lateral, onde será feito o fogareiro, e do outro lado outro corte onde vai o forno, trazendo um novo olhar e mudando completamente sua função de transporte de líquidos para queima de combustível, aquecendo e torrando os amendoins que estão na parte interna do balde.

Esta desconstrução e reconstrução se relacionam convocando os antigos princípios dos artefatos e aplicando-os a novos sistemas.

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Design. Linguagem. Semiótica

Nota. 1

O Design foi adotado como um fator que reuniria os demais.

Nota. 2

Propriedade denominada “materialidade”, também responsável por conferir “forma” ou “desenho” ao objeto, como veremos na sequência. Os “objetos modificados” por Duchamp, embora denominados “arte”, uma vez que foram executados com pretensão artística, podem configurar exemplos de artefatos, em vista da “modificação” que sofreram, tanto na forma/ estrutura, como no significado que assumem. Todo artefato se comunica por meio do seu significado, ou seja, por meio dos fatores ou signos, através dos quais se apresenta, físicos (materiais) e psicológicos e culturais (já citados acima), tendo como principal fator de linguagem o design .

O design tem o efeito de regente dos elementos que compõe um artefato, juntando a forma e a função, ou mesmo estabelecendo uma relação entre ambas. Cada elemento colocado no artefato tem seu propósito, sendo que a junção de todos os elementos selecionados para o objeto resulta na totalidade da informação.

Partindo do material, observamos que o objeto pode ser constituído de papel, madeira, metal, polipropileno, vidro, cimento, e etc… e cada um desses materiais informa uma qualidade própria, como peso, cor, textura, odor, tamanho, durabilidade e resistência; se é ou não transformável, e comunica também, como pode ser transformado.

O design é considerado uma linguagem principalmente visual. Usa a cor para sugerir brincadeira ou masculinidade e o formato para envolver os usuários nas funções ou informá-los a respeito delas. Mas é muito mais que isso: o design usa todos os sentidos. (SUDJIC, 2002, p.89).

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Com o material já introduzido, podemos passar para o próximo fator: o desenho.

O desenho do produto, seu formato, que é denominado como materialidade. Isto é, a forma que o material assume sendo transformado, e que possibilita ao artefato/objeto, em muitos casos, expressar sua finalidade, mostrando como o objeto deve ser manuseado, apresentando fatores importantes como: ergonomia, mecanismos de funcionamento (abertura, dobras, fechos), e qualquer função que o objeto possa desempenhar. Sinaliza ainda, qual será a disposição do objeto e porque estará exposta desta maneira, comunicando então a sua funcionalidade.

Por fim, o aspecto e a produção gráfica aplicada no produto que, em conjunto com o desenho, demonstra, claramente, a linguagem utilizada para este se comunicar com o público. Comumente este aspecto é construído com ilustrações, fotografias, tipografias e letterings. Neste ponto encontramos também o fator que, atualmente, é o recurso mais utilizado para agregar valor ao objeto: a marca, utilizada como demonstrativo de qualidade, identificação, linguagem e até mesmo cultura.

Essa construção, das ideias citadas acima, fica evidente no produto Apple Watch. O relógio inteligente possui seu corpo feito de alumínio e uma tela de vidro touchscreen, conta com uma pulseira de borracha e um fecho adaptado do clássico sistema de cinta. A borracha utilizada na pulseira, de forma anatômica, por ser facilmente “modelada”, juntamente com suas funções transportadas do telefone como: pagar contas, mostrar dados do clima, receber e en-

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Figura 18: Relógio inteligente da marca Apple cujo o nome é Apple watch

viar mensagem, etc., deixam a experiência do usuário mais agradável. Este relógio não possui logo em sua construção física, porém seu nome “Apple Watch” e seu formato, caixa quadrada com cantos arredondados, são características únicas da marca. Não dependendo apenas da tecnologia, o relógio possui a marca “Apple” para gerar o valor. (figura 18) Como afirma Cardoso (2014), não existe diferença funcional entre o relógio de pulso da marca Rolex, para um da marca Swatch e outro da marca Casio. Porém, um relógio Rolex, do modelo mais barato, custa mais que qualquer relógio da marca Swatch e este, por sua vez, tem mais valor agregado que qualquer um da marca Casio. (Cardoso, 2014, p.103) Por fim, para sintetizar todos os conceitos e reflexões mencionadas deve-se fazer um estudo de significado do artefato. E para executar esse estudo vamos recorrer à Semiótica.

“Identificar e definir a natureza de um signo, a relação que mantém com o objeto representado, a atuação possível de um interpretante na prática relacional que estabelece entre o modo de representação de um signo e seu objeto, parcial ou totalmente representado, reconstitui condição imprescindível para que se estabeleçam os padrões característicos de uma linguagem. Ao estudo dessa lógica dá-se o nome de Semiótica.” (FERRARA, 2002, p.11)

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