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Vanguarda Russa
from Trilha da Morte
A partir da segunda década do século XX, na Europa, os cartazes eram marcados fortemente pelos movimentos de arte moderna como cubismo e construtivismo, porém os designers daquela época estavam com a consciência de que seus cartazes precisavam comunicar e persuadir o público em geral, além de ter um aspecto expressivo e simbólico, era preciso manter a organização visual total para que o outro compreendesse de uma forma legível. No período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o cartaz atingiu seu ápice de popularidade como meio de comunicação em massa, isso se deve ao fato de que as tecnologias de impressão evoluíram rapidamente no período, enquanto os meios eletrônicos ainda não se encontravam em uso generalizado pela população (MEGGS, 2009, p.351). Com isso, os governos recorreram ao cartaz como um dos principais suportes para propaganda política durante a Primeira Guerra Mundial.
Vanguarda Russa
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No século XX a arte é caracterizada por frequentes períodos e movimentos que pretenderam romper barreiras impostas pelas escolas tradicionais de belas - artes. Segundo Christopher W. Mount, curador do MOMA (Museum of Modern Art, New York City), poucas épocas produziram obras que polinizaram as ideias de uma forma tão bem sucedida quanto a vanguarda russa dos anos 1920. O cinema - forma de arte relativamente nova na década de 1920 - claramente possuía uma aplicabilidade social usada como propaganda política e, por isso, o crescimento do cinema e a experimentação artística foram encorajados pela União Soviética (Christopher W. Mount, 1995). A nova perspectiva da revolução Bolchevique instigou o profundo senso de responsabilidade social e estimulou artistas a inovarem em diversas áreas, principalmente na arquitetura, design industrial e design gráfico.
Pôster adaptado , original do artista Anatoly Belsky (1929)
Os artistas de pôsteres de filmes russos, naquela época, usavam técnicas progressistas provenientes dos mecanismos empregados no cinema, assim como ângulos não usuais, proporções desiguais e fotos estouradas que sangravam nas composições realizadas dos pôsteres. Com uma composição interdisciplinar dos elementos, os artistas montavam suas obras com fotografia, litogravura e justaposição de uma cena com outra. Os rostos eram pintados com cores vivas, as
“É hora da arte fluir para a organização da vida.” (Alexander Rodchenko, 1921)
formas eram distorcidas, colocavam corpos de animais em cabeças de humanos e transformavam os créditos dos filmes em parte integrante do design (Susan Pack, 1995, p. 15-27). “Ao contrário da maioria dos pôsteres de filmes, que se concentram nas imagens das atrizes e atores, a estrela do cinema de vanguarda russo é a criatividade e a imaginação do artista” (Susan Pack, 1995, p. 15-27). Ainda que muitos pôsteres de filmes valorizassem, mais do que tudo, os artistas que atuam na película, os pôsteres da vanguarda Russa deixavam as estrelas em segundo plano e o valor determinado era da qualidade do design gráfico de cada um deles. “Muitas pessoas não entendem como um pôster, do qual dezenas de milhares foram impressos, poderia ser raro ou valioso. O problema, no entanto, não é quantos pôsteres foram impressos, mas quantos sobreviveram” (Susan Pack, 1995, p. 15- 27). Segundo Susan Pack (1995), eram produzidas de cada pôster de 8.000 a 20.000 cópias e hoje estas obras são extremamente raras. Um dos fatores que contribuiu para isso foi o rompimento da ideia de que pôsteres não são feitos para durarem e serem conservados e que servem apenas para anunciar algo. A produção de pôsteres era, assim como todo o resto, centralizada pelo sistema da União Soviética e controlada pelo estado. Tudo que era produzido precisava passar por aprovação da Reklam Film, departamento de encomenda de pôsteres cinematográficos e quem estava encarregado de contratar os artistas era Yakov Ruklevsky. Ele costumava chamar pessoas que foram graduadas em Vkhutemas, a maior escola superior estatal de Arte e Técnica que foi estabelecida pelo chefe de governo Vladimir Lenin.