DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

ELTON DE OLIVEIRA RODRIGUES

DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIO UTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

VOLTA REDONDA 2011


FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIO UTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Design do UniFOA, como requisito à obtenção do título de bacharel em Design de Produto. Aluno: Elton de Oliveira Rodrigues Orientador: Moacyr Ennes Amorim

VOLTA REDONDA 2011


DEDICATÓRIA

A DEUS, por tudo providenciar. AOS FAMILIARES, meu porto seguro de todos os momentos. AOS AMIGOS, fonte eterna da recarga de minhas baterias. AOS PROFESSORES, por sua dedicação, parceria e confiança em minha capacidade.


AGRADECIMENTOS

Agradeço à Fizdecontas, na pessoa de Maria

Inês

esforços

Lavinas

por todos

dispensados

para

os a

conclusão do projeto, aproximando a teoria da prática do empreendedorismo social. Aos professores e profissionais da instituição que colaboraram com ideias, opiniões, críticas e sugestões ao projeto, em especial o orientador Moacyr Ennes Amorim e o técnico Paulo

Ricardo

Alves.

Agradeço

também a todos os que colaboraram com o fornecimento de materiais para a execução do modelo.


RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso tem por tema o “Desenvolvimento de uma linha de mobiliário utilizando como base materiais reutilizáveis”. Como elemento de estudo projetual, foi definido como peça a ser desenvolvida um acento. O projeto objetiva o desenvolvimento de uma peça que possa ser utilizada como fonte de renda para um negócio social, tendo como cliente o microempreendimento social Fizdecontas

(Barra

do

Piraí-RJ).

A

metodologia

projetual

baseia-se

nas

considerações de Bruno Munari que engloba as seguintes etapas: levantamento e analise de dados (onde foram obtidas informações acerca do ecodesign, sustentabilidade e o usuário, projetos similares, estudos ergonômicos, normas técnicas e materiais disponíveis), síntese e geração de alternativas. As opções projetuais desenvolvidas na fase de geração de alternativas tinham como matérias primas: folhas de polionda descartadas pela Peugeout Citroen e garrafas PET. O produto recebeu ainda uma identidade visual, manual e embalagem, sendo nomeado como LEVPET.

Palavras-chave: produto; acento; reutilização; garrafa pet; polionda.


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 13 3 OBJETIVO ............................................................................................................. 21 3.1 Objetivos Operacionais .......................................................................... 21 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 23 5 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................... 25 5.1 Quanto ao lixo ......................................................................................... 25 5.2 Quanto ao mobiliário .............................................................................. 29 5.3 Quanto ao uso de materiais reutilizados .............................................. 30 6 REQUISITOS E RESTRIÇÕES .............................................................................. 31 6.1Requisitos ................................................................................................ 31 6.2 Restrições ............................................................................................... 31 7 DEFINIÇÃO DA LINHA DE PRODUTOS A SER DESENVOLVIDA ..................... 32 7.1 Definição do produto projetual .............................................................. 32 8 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS .......................................................... 33 8.1 Definição de Termos............................................................................... 33 8.1.1 Desenvolvimento Sustentável ou Sustentabilidade ............... 33 8.1.2 Ecodesign .................................................................................. 35 8.1.2.1 Abordagens do Ecodesign ......................................... 37 8.1.2.1.1 Design por componentes ............................ 37 8.1.2.1.2 Redução do material .................................... 38 8.1.2.1.3 Redução dimensional .................................. 38 8.1.2.1.4 Reciclagem e Reutilização .......................... 39 8.1.2.1.5 Substituir o objeto por um serviço ............. 39 8.1.2.2 Design Ecológico x Design Sustentável .................... 39 8.1.3 Greenwashing ............................................................................ 41 8.1.3.1 Os sete pecados do Greenwashing ........................... 41 8.1.4 Reciclagem ................................................................................ 43 8.1.5 Reutilização ............................................................................... 45 8.1.6 Design Social ............................................................................. 46 8.17 Setor 2.5 ...................................................................................... 47 8.2 Público Alvo ............................................................................................ 49


8.2.1 Usuário Final.............................................................................. 49 8.2.2 Fabricante .................................................................................. 49 8.3 Espaço Projetual ..................................................................................... 51 8.4 Similares .................................................................................................. 52 8.4.1 SIE43 (S01) ................................................................................. 53 8.4.1.1 SIE43 – Análise de funções ........................................ 54 8.4.2 Truly Yours (S02) ....................................................................... 55 8.4.2.1 Truly Yours – Análise de funções .............................. 56 8.4.3Re:Pose (S03) ............................................................................. 57 8.4.3.1 Re:Pose – Análise de funções .................................... 58 8.4.4 Rough and Ready (S04) ............................................................ 59 8.4.4.1 Rough and Ready – Análise de funções .................... 60 8.4.5 T-Shirt Chair (S05) ..................................................................... 61 8.4.5.1 T-Shirt Chair – Análise de funções............................. 62 8.4.6 Mousso Koroba Chair (S06) ..................................................... 63 8.4.6.1 Mousso Koroba Chair – Análise de funções ............. 64 8.4.7A La Lata (S07) ........................................................................... 65 8.4.7.1 A La Lata – Análise de funções .................................. 66 8.4.8 Sofá Pet (S08) ............................................................................ 67 8.4.8.1 Sofá Pet – Análise de funções .................................... 68 8.4.9 Poltronas Pet Ama/Go (S09) ..................................................... 69 8.4.9.1 Poltronas Pet Ama/Go – Análise de funções ............ 70 8.4.10 Sofá Away (S10) ...................................................................... 71 8.4.10.1 Sofá Away – Análise de funções .............................. 72 8.4.11 Diferencial Semântico ............................................................. 73 8.4.12Análise dos Similares .............................................................. 74 8.5 Ergonomia ............................................................................................... 76 8.5.1 O ato de sentar .......................................................................... 76 8.5.2 Antropometria ............................................................................ 76 8.5.3 Adequação ergonômica ........................................................... 79 8.5.4 Ângulos de conforto ................................................................. 80 8.6 Materiais ................................................................................................. 81 8.6.1 Garrafas Pet .............................................................................. 81 8.6.2 Polipropileno corrugado .......................................................... 86


9 SÍNTESE ............................................................................................................... 88 10 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ........................................................................ 90 10.1 Alternativa 1 ......................................................................................... 93 10.2 Alternativa 2 ......................................................................................... 94 10.3 Alternativa 3 ......................................................................................... 95 10.4 Definição da alternativa escolhida ..................................................... 97 10.4.1 Aprimoramentos da alternativa adotada .............................. 97 11 DETALHAMENTO TÉCNICO ............................................................................. 99 11.1 Desenho Técnico ................................................................................. 99 11.2 Processo de Fabricação .................................................................... 100 11.2.1 Limpeza do Material ............................................................. 100 11.2.2 Corte das Peças de Polionda .............................................. 100 11.2.2.1 Aproveitamento ....................................................... 101 11.2.3 Corte das garrafas PET ........................................................ 102 11.2.4 Montagem dos módulos PET .............................................. 103 11.3 Resíduos ............................................................................................. 103 12 COMPONENTES ADIOCIONAIS ...................................................................... 104 12.1 Identidade Visual ............................................................................... 104 13 CONCLUSÃO ................................................................................................... 105 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 107


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Mana Bernardes, colar Manda Lá e Cá em pet. ................................... 12 Figura 1 – Mana Bernardes, colar Manda Lá e Cá em pet. .................................. 15 Figura 2 – Um dos itens da empresa Recycline, feito a partir de garrafas pet. 15 Figura 3 – Shigeru Ban, Miyake Design Studio Gallery, Shibuya, Tokyo, 1993. ............................................................................................ 16 Figura 4 – Nido Campolongo, instalação da exposição Viva a Mata, 2009. ...... 16 Figura 5 – Obra do artista plástico Vik Minuz, composta inteiramente de lixo. 17 Figura 6 – Esculturas compostas de restos plásticos, de Sayaka Kajita Ganz. .......................................................................................... 17 Figura 7 - Tartarugas marinhas ingerem detritos plásticos. .............................. 26 Figura 8 – Lixo acumulado dificultando o escoamento de águas pluviais. ...... 29 Figura 9 - Copinho de plástico descartado com larvas da dengue. ................... 29 Figura 10 – Ciclo de vida de um produto (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves, p 36) ............................................................................................................. 36 Figura 11 – Roda da ecoconcepção (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves, p 37) ......................................................................................................................... 36 Figura 12 – Mosaico salas de estar/tv .................................................................. 52 Figura 13 – Assento SIE43 ..................................................................................... 54 Figura 14 – Assento SIE43e seus componentes ................................................. 55 Figura 15 – Truly Yours .......................................................................................... 56 Figura 16 – Truly Your e seus componentes ....................................................... 57 Figura 17 - Poltrona Re:Pose ................................................................................ 58 Figura 18 – Re:Pose e seus componentes. ........................................................... 59 Figura 19 - Cadeira Rough and Ready .................................................................. 60 Figura 20 - Rough and Ready e seus componentes............................................. 61 Figura 21 – T-Shit Chair ......................................................................................... 62 Figura 22 – T-Shirt Chair e seus componentes ................................................... 63 Figura 23 – Mousso Korouba Chair ...................................................................... 64 Figura 24 – Mousso Koroba Chair e seus componentes. ................................... 65 Figura 25 – A La Lata ............................................................................................. 66 Figura 26 – A La Lata e seus componentes ......................................................... 67 Figura 27 - Sofá Pet ................................................................................................ 68


Figura 28 – A La Lata e seus componentes ......................................................... 69 Figura 29 - Mobiliários diversos desenvolvidos pela AMMA .............................. 70 Figura 30 - Poltrone Pet Ama/Go e seus componentes ...................................... 71 Figura 31 – Sofá Away ........................................................................................... 73 Figura 32 – Sofá Away e seus componentes ....................................................... 74 Figura 33 – Dimensões do assento ....................................................................... 77 Figura 34 – Mulher percentil 2,5, plano sagital .................................................... 78 Figura 35 – Mulher percentil 2,5, plano cranial .................................................... 78 Figura 36 – Homem, percentil 97,5, plano sagital ................................................ 79 Figura 37 – Homem, percentil 97,5, plano cranial ................................................ 79 Figura 38 – Área de compatibilização entre usuários extremos ........................ 80 Figura 39 – Inclinação do acento e encosto ........................................................ 81 Figura 40 – Estrutura básica da garrafa pet ......................................................... 83 Figura 41 - Modelos diferenciados de Garrafa Pet .............................................. 83 Figura 42 – Dimensões da garrafa pet adotada para o projeto. .......................... 84 Figura 43 – Garrafas separadas para o envio à reciclagem ............................... 86 Figura 44 – Folha de polionda ............................................................................... 87 Figura 45 – Sofás e Put de garrafa pet, construídos com a técnica do professor Sebastião Feijó ................................................................ 91 Figura 46 –A técnica de construção da cadeira pet. ........................................... 92 Figura 47 - Embarcação Plastiki, que usa de garrafas pet infladas com CO2 (a partir do gelo seco) para sua flutuação ................................................... 93 Figura 48 – O Plastiki visto por baixo d´água e o posicionamento das garrafas ............................................................................................................ 93 Figura 49 - Kaypet .................................................................................................. 94 Figura 50 – Alternativa 1 ........................................................................................ 95 Figura 51 – Alternativa 2 ........................................................................................ 96 Figura 52 – Alternativa 2: variações ..................................................................... 96 Figura 53 – Alternativa 3 ........................................................................................ 97 Figura 54 – Aprimoramento da alternativa adotada (rafes e rendering inicial) 99 Figura 55 – Aproveitamento da lâmina de polionda .......................................... 102 Figura 56 – Corte das Garrafas ........................................................................... 103 Figura 57 – Identidade visual LEVPET ................................................................ 105


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Municípios com coleta seletiva no Brasil .......................................... 27 Gráfico 2 - Média da composição gravimétrica da coleta seletiva ...................... 27


LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Tempo de decomposição dos materiais ............................................ 26 Quadro 2 – SIE43 .................................................................................................... 53 Quadro 3 – SIE43 – análise de funções ................................................................. 54 Quadro 4 – Truly Yours ........................................................................................... 55 Quadro 5 – Truly Your – análise de funções ......................................................... 56 Quadro 6 – Re:Pose ................................................................................................ 57 Quadro 7 – Re:Pose – análise de funções ............................................................ 58 Quadro 8 – Rough and Ready ................................................................................ 59 Quadro 9 – Rough and Ready – análise de funções ............................................ 60 Quadro 10 - T-Shirt Chair ........................................................................................ 61 Quadro 9 – T-Shirt Chair – análise de funções ..................................................... 62 Quadro 12 – Mousso Koroba Chair........................................................................ 63 Quadro 13 – Mousso Koroba Chair – análise de funções.................................... 64 Quadro 14 – A La Lata............................................................................................. 65 Quadro 15 – A La Lata – análise de funções......................................................... 66 Quadro 16 – Sofá Pet .............................................................................................. 67 Quadro 17 – Sofá Pet – análise de funções .......................................................... 68 Quadro 18 – Poltrona Pet Ama/Go ......................................................................... 69 Quadro 20 - Poltrona Pet Ama/Go - análise de funções....................................... 70 Quadro 20 – Sofá Away........................................................................................... 71 Quadro 21 – Sofá Away – analise de funções ....................................................... 72 Quadro 22 - Diferencial Semântico de similares .................................................. 73 Quadro 23 – Medidas antropométricas e medidas extremas .............................. 79


1 INTRODUÇÃO O presente projeto que apresenta como tema “Desenvolvimento de uma linha de mobiliário utilizando como base materiais reutilizáveis”, tem por objetivo propor a valorização dos materiais descartados no final de seu ciclo de utilização tradicional, de forma a gerar algum nível de impacto ambiental positivo.

Diversos são os artistas, artesãos, e designers que já perceberam a riqueza de possibilidades presentes na reutilização de embalagens, peças de roupa, móveis, eletrodomésticos, enfim, tudo o que é descartado corriqueiramente. Mana Bernardes, Vick Muniz, Sayaka Kajita, e muitos outros, que através de a reutilização criam produtos e obras de arte.

A preocupação com o meio ambiente, a cada dia se faz mais urgente em todos os ambitos da sociedade. E, utilizando das premissas do desenvolvimento sustentável e do ecodesign, é possível o desenvolvimento de produtos que agridam menos o ambiente, sejam mais duráveis e até mesmo mais acessíveis a toda a população.

Um dos âmbitos de atuação da sustentabilidade é o desenvolvimento social, que preconiza, conforto e bem estar para todas as pessoas. No entanto, a atual situação brasileira, e porque não dizer, mundial, mostra uma minoria que concentra em suas mãos a maior parte dos recursos disponíveis. Por que não desenvolver produtos de qualidade que sejam acessíveis às camadas rejeitadas pelo capitalismo? Por que não desenvolver formas de renda para promover o desenvolvimento econômico e social para pessoas abaixo da linha da pobreza?

De encontro a estes questionamentos, o design social e o setor 2,5 apresentam caminhos alternativos através dos chamados negócios sociais, com o objetivo de gerar renda de forma ética e ecológicamente responsável, para pessoas que estão à margem dos serviços básicos necessários a um ser humano. Projetos como o REVALE, onde o design agregou valor aos produtos desenvolvidos por uma cooperativa de reciclagem de palets, são um exemplo claro de aplicação do design social. 11


Por fim, o presente projeto objetiva o desenvolvimento de um mobiliário que utilize como materias-primas itens reutilizáveis, encontrados em abundância e que em condições normais iriam diretamente para o lixo ou seriam descartados de forma inapropriada no meio ambiente. O projeto objetiva ainda que, este possa ser utilizado como um produto de fabricação e venda para um negócio social.

Utilizando uma metodologia de desenvolvimento de projeto baseada na identificação do problema, levantamento de dados pertinentes e analise destes, chegou-se a determinação da proposta ideal, posteriormente parametrizada e prototipada e testada.

O projeto apresenta os dados inerentes levantados, como o Ecodesign, Sustentabilidade, Setor 2.5, Design Social, entre outros, além de um levantamento e análise de projetos similares já existentes; adequação ergonômica; e levantamento de materiais disponíveis, com o objetivo de determinar a melhor alternativa para o desenvolvimento deste mobiliário.

Em seus capitulos são apresentados os desdobramentos de cada etapa da metodologia adotada, a saber: problematização, levantamento e análise de dados, Síntese,

gerações

de

alternativas,

detalhamentos

técnicos,

prototipagem,

experimentações, verificação e desenvolvimento do modelo final.

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2 JUSTIFICATIVA “Encontro-me na mesma situação de Gustave Eiffel, que na sua época deixava arquitetos e engenheiros perplexos com suas estruturas de ferro” Shigeru Ban

Diversos materiais já processados, resultantes do descarte consumista tem se constituído verdadeiras matérias para a construção de novos produtos, instalações e obras de arte. Sob o ponto de vista da sustentabilidade, tais materiais se tornaram o combustível para a criatividade de diversos designers, comprovando que a reutilização é um grande nicho a ser explorado.

Conforme cita Theirry Kazazian (2005), em Haverá o Tempo das Coisas Leves, o ideal é que todo produto retorne ao ciclo de produção com vistas a lhe acrescer valor em seu fim de vida: “A valorização designa toda etapa de tratamento que dá lugar seja à reutilização do produto ou de um de seus componentes, seja à recuperação de energia pela incineração ou de materiais via reciclagem” 1

No entanto, somente a reciclagem em sua mais pura essência, nem sempre é o melhor caminho. Há que se avaliar todo um contexto de métodos e processos que esta prática inclui, como, transporte, energia e custos, por exemplo, dispensados no decorrer da reciclagem de um material. “De fato, uma logística pesada que consuma muita energia terá mais impactos ambientais que a utilizada de uma nova matéria prima”2

Como alternativa, ainda há a reutilização, processo que via de regra possui uma demanda de custos e energia muito menor. Projetos como os de Mana Bernardes, que transforma garrafas pet em verdadeiras jóias, são exemplos da aplicabilidade de materiais reutilizados. “Enfim, é simplesmente a imaginação do usuário que pode modificar a função de um produto e lhe dar outro destino” 3 1

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. 2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 54 p. 2 Idem. 3 Idem.

13


Figura 1 – Mana Bernardes, colar Manda Lá e Cá em pet.

Figura 2 – Um dos itens da empresa Recycline, feito a partir de garrafas pet.

Projetos que apresentam novas perspectivas de aplicação a um determinado material também são fontes de referência. Nildo Campolongo e Shigueru Ban utilizam o papelão e suas variações, como elementos arquitetônicos e na construção de mobiliários.

14


Figura 3 – Shigeru Ban, Miyake Design Studio Gallery, Shibuya, Tokyo, 1993.

Figura 4 – Nido Campolongo, instalação da exposição Viva a Mata, 2009.

O uso de materiais reutilizáveis também se apresenta no meio artístico, como por exemplo, nas peças gigantescas construídas com lixo do artista plastico Vik Muniz; ou as belas esculturas feitas por Sayaka Kajita Ganz, utilizando resíduos plásticos.

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Figura 5 – Obra do artista plástico Vik Minuz, composta inteiramente de lixo.

Figura 6 – Esculturas compostas de restos plásticos, de Sayaka Kajita Ganz.

Buscar novos horizontes a partir da atual situação global, no tocante ao meio ambiente, faz-se a cada dia uma atitude essencial em diversos campos de atuação do design. A sustentabilidade no desenvolvimento de produtos (e até de peças gráficas), passou a ser requisito, uma vez que é necessário pensar no destino e impacto deste objeto em todo o seu ciclo de vida, desde a sua concepção até o seu descarte.

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No entanto, é preciso preocupar-se também, com os resíduos já existentes, até então gerados, e que por um bom tempo continuarão a ser fabricados, sem ainda uma política de coleta ou devolução, aos montes são despejados no lixo diariamente. Embalagens diversas como garrafas pets e outros frascos plásticos, bolsas de supermercado, caixas de papelão, pallets de madeira, e tantos outros, são peças, que ainda que descartadas, são frutos de um processo de produção em massa, lhes conferindo uma padronização de material, forma, cor, resistência e outros parâmentros, transformando estes itens matérias prímas para novos objetos.

No outro extremo do descarte, temos o consumismo, a cada dia disseminado e potencializado pelo desejo de ter, de se “incluir”, de fazer parte da pequena porcentagem de pessoas que podem pagar por um determinado produto. “Essas ínfimas nuances, justificando a próxima compra, tornam-se a tábua da salvação dos indivíduos que procuram a identidade em um consumo de massa.” 4

Esta possibilidade de consumo e acesso a bens materiais diversos (em sua maioria supérfluos) tem um quê de exclusividade, uma vez que considerável parcela da população mundial ainda não tem acessso à satisfação das necessidades de um ser humano, como água, comida e habitação, por exempo.

Ao que parece, por hora, os ícones de consumo ainda se mostram mais fortes que os apelos ambientais do planeta. Isso demostra que remar contra o capitalismo não é o caminho a ser seguido. “Não se trata de produzir menos, mas de outro modo: imaginar objetos eficientes, de simples uso e cujo fim de vida tenha sido antecipado: ampliar a oferta de produtos que respeitem o meio ambiente. E seduzir que essa evolução seja fácil”

5

4

SCHNEIDER, Beat. Design - uma introdução: o design no contexto social, cultural e econômico. São Paulo: Blucher, 2010. 127p . 5 KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável.2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 10p.

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É um caminho sem volta. A chave talvez esteja em repensar o futuro a partir das situações do presente. Para isso, cabe ressaltar duas situações intimamente relacionadas: 1 - o regime capitalista, que traz o “ter” cada vez mais como um símbolo de status e identificação das massas, mais forte que os apelos ambientais pelo qual o planeta passa, e que também gera abismos sociais cada vez maiores, especialmente em países de terceiro mundo; 2 - o consumo desenfreado e despreocupado com meio ambiente, gerando resíduos que levarão centenas de décadas para se degradar e exaurindo os recursos naturais não renováveis.

Nesse contexto de demandas sócio-ambientais, vem surgindo os negócios sociais ou também chamado Setor 2.5. “Negócio Social é um modelo de empreendimento criado para promover a transformação social. Para isso, ele comercializa produtos e/ou serviços que atendem a necessidades básicas da população de baixa renda anteriormente não atendidas pelo mercado.”

6

Os negócios sociais, aplicados em localidades específicas tem se mostrado uma ferramenta importante no intúito de prover a sustentabilidade de uma determinada coletividade, que se inclui dentro do regime capitalista, uma vez que também tem um foco financeiro, com a diferença de que desta vez o objetivo é a geração de renda e não somente lucro. O Brasil, em especial, é terreno fértil para o desenvolvimento desta modalidade de negócios, já com diversas iniciativas em andamento com casos de sucesso como o Projeto Revale, que buscou a valorização dos produtos através do design para cooperativa de mobiliário a partir de pallets descartados; e a Divisão de Desenho Industrial do INT (Instituto Nacional de Tecnologia) que desenvolveu sofás e pufs utilizando garrafas pets em sua estrutura principal, aplicado em cooperativas e comunidades do Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. 6

Dois e Meio. Negócios Sociais. Disponível em: <http://www.doisemeio.com/setor_negocios.asp>. Acesso em 02 mar 2011.

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Não se trata de uma utópica solução final para todos os problemas de desigualdade social do país. Mas, é uma vertente, com resultados já comprovados de uma economia não excludente, acessível a todos, e que tem preocupação com o bem estar social e ambiental. Este modelo propõe a geração de lucro e renda (e é sempre importante perceber a diferença entre estes dois termos), saindo dos tradicionais modelos assistencialistas onde o que resta é oferecido a quem não pode pagar pelo todo (e novo), sem dar-lhe meios de se auto-sustentar.

Neste contexto encontra-se o objetivo de desenvolver produtos que respondam às anseios da sustentabilidade, reutilizando materiais descartados, e que podem mais tarde vir a se tornar um negócio social para uma comunidade ou grupo de pessoas, possibilitando, através de uma produção orientada pelo design a reprodução e venda destes objetos.

Cabe neste momento ressaltar a importância do design enquanto linha de referência projetual, de modo a diferenciar “artesanato” de “design”. Uma vez que os produtos descartados são provenientes de um processo de produção industrial, é possível parametrizar medidas, formas e outros elementos, de modo que este novo produto possa ser reproduzido repetidamente com as mesmas características de seu protótipo base. Além disso, há ainda no processo questões ergonômicas, formais e estéticas, que irão determinar o produto final. Não se trata de “fazer design para pobre”, justificando assim um produto sem apelo visual e até funcional. Trata-se, sim, de se tentar solucionar problemas (tal como preconiza a essência do design), que ao capitalismo, não interessa perder tempo em resolver.

Espera-se também o desenvolvimento de mobiliários mais leves e financeiramente acessíveis, e que tendo uma visibilidade adequada, possam vir a ser adotados pela indústria e principalmente pelos consumidores, não somente das classes menos abastadas, mas da sociedade como um todo, contribuindo para a consciência ambiental da coletividade, ainda que movida pelo consumo e pelo status de “ser sustentável”. “Produzir sem destruir e conceber um objeto do cotidiano, do

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mais elementar ao mais sutil, tornando seu uso durável e seu fim assimilável por outros processos de vida.”7

7

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. 2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 8p.

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3 OBJETIVO Desenvolver uma linha de mobiliário tendo como base o materiais reutilizáveis com foco na sustentabilidade e no design social

3.1 Objetivos Operacionais - Determinar os requisitos e restrições do projeto - Determinar os itens que irão compor a linha de mobiliário - Levantar dados acerca das seguintes informações: - Eco Design - Sustentabilidade - Setor 2,5 - Design Social - Público Alvo - Espaço Projetual - Projetos Similares - Normas Técnicas - Ergonomia - Materiais disponíveis - Análisar os dados levantados - Sintetizar os dados - Gerar alternativas - Definir a alternativa mais viável - Levantar informações a cerca de materiais e tecnologias disponíveis - Verificar o atendimento dos requisitos e restrições do projeto - Detalhar tecnicamente o produto através de desenhos sob escala

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CRONOGRAMA Atividade Problematização

Data 02/04

Requisitos e Restrições

26/03

Determinar os itens que irão compor a linha de mobiliário

09/04

Levantamento de dados Definição de Termos Eco Design

23/04

Sustentabilidade

23/04

Reciclagem

23/04

Reutilização

23/04

Setor 2,5

23/04

Design Social

23/04

Público Alvo

29/04

Espaço Projetual

29/04

Similares

18/05

Normas Técnicas

13/05

Ergonomia

18/05

Materiais

21/05

Análise de Dados

20/05

Síntese de Dados

26/05

Apresentação

15/06

Geração de Alternativas

26/08

Definição da Alternativa Escolhida

16/09

Detalhamento Técnico

27/10

Materiais e Tecnologia

06/11

Experimentação e Construção do Modelo

18/11

Apresentação Final

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4 METODOLOGIA

A metodologia de desenvolvimento de produto adotada será a proposta por MUNARI8, na qual a partir da problematização e levantamento de dados, será realizada a análise e sintese das informações colhidas, com desenvolvimento de mockup da alternativa escolhida.

Inicialmente são determinados todos os aspectos relevantes referentes à problematização. A partir da problematização, são definidos os requisitos e restrições do projeto, que mais adiante irão nortear a síntese e, consequentemente o desenvolvimento de alternativas.

Em seguida,

no

levantamento

de

dados,

são

obtidas informações

relacionadas ao produto a ser desenvolvido, tais como espaço projeto, publico alvo, definições de termos, entre outros, através de pesquisas bibliográficas, identificação de similares e suas funções e diferencial semâtico.

Colhidos os dados necessários, estes são analisados de forma a obter informações de relevância para o desenvolvimento do novo produto.

Uma vez sintetizadas, estas informações nortearão o desenvolvimento de alternativas para o projeto. As alternativas são analisadas de modo a identificar aquela que mais atende aos requisitos do projeto, tal como seu objetivo. Para isso são utilizados quadros comparativos que determinam, através das características de cada alternativa, qual será a alternativa adotada para o denvolvimento do protótipo.

São desenvolvidos desenhos técnicos e outros esquemas de visualização, determinando as medidas reais do projeto, tal como as especificações das técnicas construtivas. Com o protótipo em mãos, são realizados testes diversos, de forma a confirmar o atendimento dos requisitos do projeto e identificar os ajustes necessários à peça.

8

MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

23


A partir do protótipo normatizado, chega-se à etapa de desenvolvimento do modelo, com as características formais e funcionais do produto final. Durante todo o processo há uma retroalimentação de informações, podendo haver necessidade de retornar a uma etapa anterior, para ajustes ou acréscimo de informações.

24


5 PROBLEMATIZAÇÃO

5.1 Quanto ao lixo

Diariamente são descartadas uma imensa variade de produtos e embalagens, consequência do consumo de alimentos e outros produtos que tem necessidade de serem acondicionados até o momento do consumo.

Figura 7 - Tartarugas marinhas ingerem detritos plásticos.

Diversos destes detritos ja se encontram no meio ambiente, nos aterros, lixões, esgotos, mares e rios, seja por depósito indevido, ou trasportados por agentes naturais como água (rios, mares, enchentes) e o vento. Estes detritos constituem perigo para a fauna e flora, impedindo o desenvolvimento equilibrado do ecossistema que não possui capacidade para absorver-los a quantidade em que são despejados, tanto quanto pelo tempo que estes levam para se degradar (ver quadro1).

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Quadro 1 – Tempo de decomposição dos materiais Tempo de decomposição dos materiais Material Papel Palito de Fósforo Papel Plastificado

Tempo aproximado de decomposição 2 a 4 semanas 6 meses 1 a 5 anos

Casca de banana ou de laranja

2 anos

Chiclete

5 anos

Latas de metal Pontas de Cigarro Couro

10 anos 10 a 20 anos 30 anos

Sacos Plásticos

30 a 40 anos

Corda de Nylon

30 a 40 anos

Latas de Alumínio Tecido

80 a 100 anos 100 a 400 anos

Vidro

4000 anos

Pneus

Indefinido

Garrafas Plásticas

Indefinido

Fonte: Conlurb Rio. Disponível em <http://comlurb.rio.rj.gov.br/informa_curi.htm>

Não há ainda uma política definida de separação, pelo menos do lixo orgânico, para com os demais detritos sólidos. Somente essa iniciativa já causaria grande impacto, nos aterros sanitários e lixões, facilitando a reciclagem, ao mesmo tempo que agiliza o processo de decomposição do material orgânico.

No entanto esta atitude de separar material orgânico, do inorgânico (ou até mesmo a coleta seletiva) são invalidadas se o município não possui uma estrutura de coleta de lixo que dê destino, separadamente a este material, fazendo com que toda a separação se torne uma massa uniforme dentro do caminhão de lixo, mais tarde destinada aos lixões e aterros sanitários, sustentando as degragantes áreas de cata de material em meio a todo e qualquer tipo de resíduos, expondo catadores à doenças e acidentes dos mais diversos tipos. 26


Apesar do grande volume de informações a respeito da importância da coleta seletiva, faltam políticas públicas que viabilizem esta prática, e estruturas para receber este material separado. Segundo dados da pesquisa Ciclosoft do CEMPRE (Compromisso Empresarial para a Reciclagem) 9, de 2010, apenas 443 municípios (8% do total) operam programas de coleta seletiva.

Gráfico 1 – Municípios com coleta seletiva no Brasil

Os números demonstram um crescimento, ano a ano, mas os valores ainda são insuficientes. Ainda assim, nas localidades em que a coleta seletiva é realizada, segundo as estatísticas do CEMPRE, o serviço não cobre mais do que 10% da população, em geral concentrados nos bairros de maior poder aquisitivo.

Gráfico 2 - Média da composição gravimétrica da coleta seletiva 9

CEMPRE. Ciclosoft 2010. Disponível em <http://www.cempre.org.br/ciclosoft_2010.php>. Acesso em 12 abr. 2011.

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Os detritos plásticos, representam uma porcentagem consideravel do lixo (19,5%). Estes detritos são compostos principalmente de bolsas plásticas e embalagens (garrafas, frascos, potes, etc), sendo que os últimos conservam boa parte de seu volume original, ainda que vazios, diferentemente das embalagens de papel e papelão. Tal característica constitui um dos agentes catalizadores de enchentes, dificultando o escoamento das águas pluviais.

Figura 8 – Lixo acumulado dificultando o escoamento de águas pluviais.

A propriedade de impermeabilidade dos detritos plásticos descartados de forma incorreta, constituem ainda recipientes para acumulo de água das chuvas em determinados períodos, transformando-se em locais propícios para focos de dengue.

Figura 9 - Copinho de plástico descartado com larvas da dengue.

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A maioria das embalagens não possuem uma estrutura de recolhimento após o seu uso, viabilizada por seus fabricantes, uma vez que visivelmente estes não são responsabilizados pelo fim do ciclo de vida da peça descartada e seus impactos no meio ambiente. No entanto, existem algumas iniciativas que tentam reverter este quadro. A Tetrapak por exemplo, criou um site, em conjunto com o serviço Google Maps, chamado Rota da Reciclagem10, que mapeia locais onde é realizado a reciclagem em todo o país, não somente de embalagens produzidas pela empresa, como também de outros materiais, além de postos de entrega voluntária e de compra de embalagens usadas; seguindo esta mesma linha, a prefeitura de São Paulo e o Instituto Sergio Motta, também utilizando a plataforma Google Maps, criaram o E-Lixo11, mapeando os pontos de coleta mais próximos da residência do usuário.

Além do lixo doméstico, há ainda a questão dos resíduos industriais, que em muitos casos apresentam materiais com grandes possibilidades de reutilização, sem passagem pelo lixo, uma vez que estes sejam obtidos direto na fonte, em parceria com as empresas e fábricas que os descartam.

5.2 Quanto ao mobiliário

Peças de mobiliário com materiais convencionais, como madeira, aço por exemplo, geram um peso maior, sendo em algumas situações empecilhos para reconfiguração de um ambiente, ou transporte no caso de mudanças.

O uso de materiais remanufaturados ou de matéria prima virgem, acrescenta maior custo na fabricação, e consequentemente, maior preço de venda.

A demasiada quantidade de componentes estruturais, muitas vezes dificulta o demonte e o descarte da peça de forma adequada.

10

Rota da Reciclagem. Disponível em <http://www.rotadareciclagem.com.br>. Acesso em 12 abr. 2011. 11 E-lixo. Disponível em <http://www.e-lixo.org>. Acesso em 10 maio 2011.

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5.3 Quanto ao uso de materiais reutilizados como elementos projetuais:

De acordo com sua função, o material pode ter sido comprometido durante o seu primeiro uso, através de amassos, furos, rascos, umidade, gordura, etc.

Há que se considerar a falta de padronização em alguns tipos de materiais, como o papelão por exemplo, que pode ter sua espessura alterada em partes diferenciadas da mesma peça, impossibilitando o seu uso para componentes estruturais.

A peça a ser desenvolvida, ainda que com materiais reutilizáveis, em algum momento deverá ser descartada, devido à sua inutilização por um ou mais componentes, inviabilizando seu uso. O descarte desses componentes é uma questão a ser observada.

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6 REQUISITOS E RESTRIÇÕES

6.1 Requisitos

- Leveza; - Resistência à ambientes úmidos; - Os objetos devem ser passíveis de reprodução padronizada mesmo utilizando materiais descartados; - Deve atender as especificações ergonômicas de conforto previstas para o tipo de mobiliário adotado; - Ter um bom apelo visual, embora esteja utilizado materiais que vieram (ou iriam para) do lixo ou foram de alguma forma descartados; - Fácil transporte e montagem/desmontagem, sem necessidade de grandes conhecimentos técnicos.

6.2 Restrições

- Os materiais devem prever sua aplicação em locais com umidade e oferecer algum tipo de resistência à esta; - Tecnologias disponíveis para a construção das peças; - Falta de padronização de alguns materiais; - Baixo conhecimento/escolaridade dos montadores/fabricantes.

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7 DEFINIÇÃO DA LINHA DE PRODUTOS A SER DESENVOLVIDA

A linha de mobiliário será composta de um assento (poltrona, cadeira ou banco), uma cama e uma mesa, sendo estes elementos básicos encontrados (e necessários) em qualquer residência.

7.1 Definição do produto projetual

Como objeto de pesquisa e de desenvolvimento efetivo ao final do processo, será desenvolvido um assento, podendo este ser uma poltrona. A linha de construção, e montagem será sugerida como aplicação para os demais itens da linha, dentro de suas limitações técnicas e construtivas.

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8 LEVANTAMENTO DE DADOS

8.1 Definição de Termos

8.1.1 Desenvolvimento Sustentavel ou Sustentabilidade “Desenvolvimento que permite responder às necessidades atuais de todos os habitantes do planeta sem comprometer a capacidade das futuras gerações em satisfazer suas próprias necessidades. Atua em três setores: econômico, social e ambiental" 12

Em observância à palavra “todos” e “futuras”, em contraponto aos atuais problemas ambientais (redução da camada de ozônio, perda de ecossistemas inteiros, elevação do nivel dos mares) e sociais (fome, miséria, recursos básicos incacessíveis a considerável número de pessoas) pelos quais o planeta passa em seus dias atuais, não é dificil perceber o quanto precisa ser mudado para o alcance de uma sociaedade que possa ser chamada de “sustentável”. “Várias escolas de pensamento constatam que, para criar uma sociedade durável deveríamos nos aproximar de um ponto em que utilizássemos apenas 10% dos recursos que as sociedades industriais hoje consomem.”13

O termo sustentabilidade vem de encontro a este cenário com vistas a garantir, essencialmente, o acesso dos recursos do espaço ambiental a todos através de medidas que torne esse consumo equilibrado e renovado, ou seja, sustentável. Um produto ou serviço “sustentável" deve atender basicamente os seguintes requisitos: - utilizar recursos renováveis (tal como garantir a renovação deste recurso); - otimizar a utilização dos recursos não renováveis; 12

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável.2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 188 p. 13 KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável.2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 58 p.

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- não gerar resíduos que o ecossistema não seja capaz de absorver; - agir de modo que individuo e comunidades de sociedades ricas permaneçam nos limites do seu espaço ambiental, e que os individuos e comunicades “pobres” tenham acesso ao espaço ambiental a que tem direito.

A partir destes requisitos é possivel perceber que em sua essência, muitos produtos encontrados no mercado ditos “ecologicamente corretos ou sustentáveis”, nem sempre o são em sua totalidade. Alguns contribuem em algum nível para o alcance da sustentabilidade, e até mesmo para uma mudança de atitude do consumidor. No entanto outros, considerando somente seu ciclo de vida (mais adiante observado), como a partir do momento da compra pelo consumidor, ignoram completamente os aspectos desde o impactos causados pela extração da matéria prima, até a qualidade de vida da mão de obra utilizada em sua fabricação, de modo a oferecer um produto que em seu descarte não agrida o meio ambiente.

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8.1.2 Ecodesign

Consiste em uma abordagem de desenvolvimento de produtos e serviços que preconizem uma integração e preocupação com o impacto deste elemento sobre o meio ambiente em todas as etapas de seu ciclo de vida, também denominado, Lyfe Cycle Design.

Desde a concepção até o descarte de um produto comum são gerados diversos subprodutos, que também irão influir (as vezes até mais do que o produto principal) em seu impacto ambiental. “O produto em si, vendido como elemento indepenten e homogêneo, é uma ilusão. levar esse produto ao mercado exige, além da infra-estrutura, uma multidão de outros produtos para a sua fabricação, seu transporte e sua utilização”. 14

O esquema abaixo ilustra parte do ciclo de vida de um produto simples até o momento de sua utilização.

Figura 10 – Ciclo de vida de um produto (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves, p 36)

Através da abordagem da ecoconcepção, há uma otimização de cada etapa do ciclo de vida do produto, de forma a integrá-lo ao ambiente com o menor impacto 14

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável.2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 36p.

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possível, sem perda de suas qualidades e desempenho, em uma escala de constante melhoria de suas características.

Figura 11 – Roda da ecoconcepção (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves, p 37)

Ezio Manzini e Carlo Velozzi15, apresentam quatro niveis fundamentais de interferência do ecodesign: - O redesign ambiental do existente: otimizar sua eficiência, no tocante ao consumo de matéria e energia, e facilitar e oferecer caminhos ecologicamente viáveis para sua reciclagem ou reutilização, tal como a sensibilização do usuário para a escolha de produtos ecológicos; - Projeto de novos produtos ou serviços: individualização de produtos-serviços ecologicamente favoráveis, utilizando a inovação tecnologica como ferramenta a ser explorada mais livremente, do que no caso do redesign de produtos e serviços;

15

MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O Desenvolvimento de produtos sustentáveis: Os Requisitos Ambientais dos Produtos Industriais. São Paulo: Edusp, 2002. 20p.

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- Projeto de novos produtos-serviços intrinsecamente sustentáveis: apresenta soluções mais sustentáveis, com pontencial economicamente viável e socialmente aceito, e ainda, radicalmente favoravel ao meio ambiente; - Proposta de novos cenários que correspondam a “Estilos de vida sustentáveis” trata de complexas inovações socioculturais, nas quais o projetista visa promover novos criterios de qualidade sustentáveis, trabalhando o estimulo e geração de novas idéias neste sentido.

Em entrevista ao portal Planeta Sustentável, Manzini atenta para uma visão preocupante das pessoas a respeito da reciclagem e da reutilização “Não se preocupe, consuma porque temos condições de recuperar e recriar tudo."16 Esta é uma visão cômoda e perigosa, pois ainda não há uma estrutura organizada e eficiente para absorver o produto do consumo humano em todo o planeta.

Em contrapartida, há que se pensar no produto em toda o seu ciclo de vida, desde sua concepção ao seu descarte, e possível retorno à cadeia produtiva.

8.1.2.1 Abordagens do Ecodesign

8.1.2.1.1 Design por componentes

Ao idealizar o produto, deve ser levado em consideração seus componentes, separadamente e as relações existentes entre estes, para a substituição de um componente específico, montagem, desmontagem e descarte do produto. “Cada um deles é considerado como um produto acabado, com um ciclo de vida autônomo, mas em relação com os outros”17. Desta forma, prolonga-se a vida útil do produto facilitando a sua manutenção e reutilização. Esta abordagem, especifica ainda, que os componentes devem ser marcados de forma indelével, facilitando sua

16

MORAES, Patrick. Planeta Sustentável. Dez perguntas para Ezio Manzini, especialista em design sustentável. Disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_250932.shtml>. Acesso em 5 mai. 2011. 17 BARBARO, Silvia; COZZO, Brunella. Ecodesign. China: H.F. Ulmann, 2009. 18p.

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identificação e diferenciação, com o intúito de proporcionar o correto descarte (ou reutilização/reciclagem), para cada peça.

8.1.2.1.2 Redução do material

Reduzir a quantidade de matéria utilizada, implica inicialmente e menor impacto sobre a retirada de recursos naturais, otimização da energia dispensada para fabricação, redução de emissões e resíduos ao meio ambiente. A utilização de um único material ou a redução da variedade de materiais em um produto, também é um caminho apontado, para a moderação da matéria: “As vantagens da utilização de um único material são muitas, uma vez que projetar para um só material significa simplificar não somente o processo de produção como também o da reciclagem no fim da vida do objeto”18

8.1.2.1.3 Redução dimensional

Projetar a redução dimensional do produto pode trazer beneficios para o usuário, sob a ótica da redução do espaço ocupado e, ocasionalmente leveza do objeto; e também para o meio ambiente, reduzindo as emissões de CO2, ao possibilitar o transporte de mais unidades por viagem, em sua distribuição.

A eficiência da embalagem também terá grande impacto sobre o tamanho do produto durante o seu trasporte. “A embalagem por sua vezes deverá aderir o mais possível ao objeto, protegendo-o e evitando a criação de zonas vazias desnecessárias”19. Faz-se necessário, muitas vezes projetar o produto e a embalagem ao mesmo tempo, de forma a obter uma boa integração entre ambos.

18 19

BARBARO, Silvia; COZZO, Brunella. Ecodesign. China: H.F. Ulmann, 2009. 18p. Ibden, 27p.

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8.1.2.1.4 Reciclagem e Reutilização

Como o produto (e seus componentes) serão descartados no fim de seu ciclo de vida? Determinar formas de reinserção do produto na cadeia produtiva através da reciclagem ou reutilização, evita que o produto inicialmente pensado para ser “ecologicamente correto” se torne um agente de poluição. É importante ressaltar que muitas vezes produtos são descartados incorretamente por simples falta de informação ao consumidor de como fazê-lo. Cabe também ao designer direcionar o comprador do produto como realizar o descarte deste, inclusive no sentido incentivar e disseminar a cultura da sustentabilidade, respeito e responsabilidade para com o meio ambiente.

8.1.2.1.5 Substituir o objeto por um serviço

Trata de propor usos alternativos ao uso individual e de posse do produto, tornando-o coletivo. O que é oferecido é um serviço, por intermédio do produto. Esta abordagem maximiza a utilização do produto durante a sua vida útil, da mesma forma que reduz a quantidade de itens a serem fabricados. O compartilhamento do uso também cria uma responsabilidade coletiva pela manutenção do objeto, gerando comportamentos consicentes e sustentáveis.

8.1.2.2 Design Ecológico x Design Sustentável Em artigo publicado no site BDXpert20, o designer de produto e analista sustentável Márcio Dupont, faz um apontamento importante, no tocante às nomenclaturas de “Design Ecológico” e “Design Sustentável”, muitas vezes, inclusive, tratadas erroneamente como sinônimos: “Ações de Ongs em relação ao reuso e à reciclagem de materiais seria uma forma de design ecológico, mas não sustentável.” 20

DUPONT, Márcio. BD Expert. Design ecológico (DE) x Design sustentável (DS). Disponível em <http://www.bdxpert.com/2011/05/14/design-ecologico-de-x-design-sustentavel-ds/comment-page-1>. Acesso em 18 mai 2011.

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Conforme a característica do projeto, como por exemplo peças conceituais, de arte ou fabricadas em pequenas quantidade, teriam o cunho ecológico, uma vez visam a conscientização da importância da reciclagem, dentre outros objetivos implícitos. No entanto, o uso de materiais reciclados em tais projetos não é suficiente para gerar impacto ambiental positivamente significativo.

Outra questão importante observada é quanto ao descarte de um produto ecológico. O uso de produtos reutilizáveis ou reciclados em um produto não implica despreocupação com o seu futuro e inevitável descarte. O que vai acontecer com as garrafas pet de uma cadeira feita destas? É necessário preocupação com a conscientização, sem pecar pela falta de informação. Informar o consumidor sobre os métodos possíveis de descarte ou fornecer alternativas de reaproveitamento, são soluções simples que evitam o tão somente “adiamento” do descarte do material.

Sob um ponto de vista interessante, Dupont ressalta que para ser considerado sustentável o produto precisa ser concebido de forma que todas as suas etapas seja observadas desde a extração da materia prima até o seu descarte (ou reinserção na cadeia produtiva). “No design ecológico o designer não tem controle sobre o ciclo de vida do produto, ele apenas adquire algo sustentável (reciclado ou remanufaturado) para o seu projeto.”21

No entanto se considerado o material reutilizado como uma materia prima, é possível encaixar um produto que se utilize desses materiais na categoria de design sustentável, tendo como referencia a visão holística da sustentabilidade que atenta para todo o ciclo de vida do produto.

Quanto ao impacto ambiental, uma vez que este produto possua uma demanda de fabricação e venda, há uma possibilidade de impacto ambiental positivo e social em uma determinada localidade, podendo inclusive agregar valor a um material reutilizado específico, dependendo de sua procura.

21

DUPONT, Márcio. BD Expert. Design ecológico (DE) x Design sustentável (DS). Disponível em <http://www.bdxpert.com/2011/05/14/design-ecologico-de-x-design-sustentavel-ds/comment-page-1>. Acesso em 18 mai 2011.

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8.1.3 Greenwashing

Termo sem tradução para o português, que determina o ato de induzir o consumidor à compra de um produto, tratando este por nomenclaturas “verdes” como “ecológico”, “sustentável”, “ecológicamente correto”, “orgânico”, quando na verdade o produto não apresenta nenhuma destas características, ou estas existem parcialmente. A tradução literal para Greenwashing seria “lavagem verde”, fazendo alusão à prática da lavagem de dinheiro.

Com o aumento do oferecimento de produtos verdes no mercado, e uma significativa atenção da mídia para com assuntos relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade, muitos produtos tentam pegar carona neste nicho de mercado, transformando o que deveriam ser ideais de uma melhora dos produtos e da sociedade, em termos puramente marketeiros. Muitas vezes o que se percebe nas empresas, é um investimento financeiro muito maior em comunicar uma atitude ou produto verde desenvolvidos, do que um investimento neste próprio produto ou atidade de fato. Com isso muitas empresas tentam ganhar de forma oportunista apelo junto ao consumidor, passando a fachada de empresa “ecologicamente correta” e “socialmente responsável”.

8.1.3.1 Os pecados do Greenwashing O site Embalagem Sustentavel22 listou resumidademente, algumas das práticas, no texto referido como “os sete pecados do Greenwashing”:

Custo ambiental camuflado: ocorre quando uma solução ambiental é enfatizada, em detrimento de outras questões mais sérias ligadas ao produto/serviço, de forma a esconder do consumidor, por exemplo, trabalho escravo utilizado na fabricação de um determinado objeto.

22

Embalagem Sustentável. Os sete pecados do Greenwashing. Disponível em <http://embalagemsustentavel.com.br/2009/05/04/os-7-pecados-do-greenwashing/>. Acesso em 6 abr. 2011.

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Falta de Prova: quando não há qualquer comprovação científica ou certificação reconhecida que valide as informações apresentadas. Incerteza: muitas vezes são usados termos tão vagos ou abrangentes, que acabam por não informar nada ao consumidor. Um exemplo clássico, são os produtos que se dizem “naturais”. O arsênio, o urânio e o mercúrio também são naturais tanto quanto venenosos e nocivos ao meio ambiente. Culto a falsos rótulos: a empresa cria um rotulo ou certificação internamente, com o intúito de validar alguma informação apresentada na embalagem do produto, levando o consumidor a pensar que houve uma real avaliação ou certificação no processo. Irrelevância: trata de utilizar como “vantagens ecológicas” situações que já são requisitos mínimos por lei. Por exemplo, informar que um produto é isento de CFC (Clorofluorcarbonato, o gaz mais danoso à camada de ozônio), quando na verdade desde 2010 é proibida a produção deste gás. Menos Pior: um produto afirma ser “verde”, quando este não possui nenhum benefício ambiental. É o caso dos cigarros e inceticidas “orgânicos”. Mentira: tanto os dados quanto os argumentos são elaborados para iludir as pessoas.

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8.1.4 Reciclagem

Consiste na reintrodução de um material em um ciclo de produção, em substituição total ou parcial a uma matéria-prima virgem.

A reciclagem envolve um processo, ainda despendioso de equipamentos, conforme o objetivo final da transformação do material. Tais maquinários irão processar os materiais já separados com vistas a inserir-lo novamente na cadeia produtiva, não necessariamente com a mesma função que tinham anteriormente. Um exemplo disso são os tecidos feitos a partir do processamento de garrafas pet.

A reciclagem para a sustentabilidade tem grande importância no sentido de reduzir os resíduos já gerados pela cadeia consumo até então e, também no intúito de previamente determinar o fim/retorno de um material que não se degrada no meio ambiente.

O processo, em termos práticos, tem seu início com os catadores que são responsáveis pela cata e separação dos materiais. Os itens são obtidos nas residências e empresas que os descartam, ocasionalmente já em combinação informal com os catadores; e também em lixões e aterros sanitários, de forma ainda muito precária e insalubre para os trabalhadores. Tal situação poderia ser minimizada com a implantação da coleta seletiva nas cidades, de modo que o lixo já chegue separado (papel, plástico, vidro, metal, material orgânico), sendo direcionado diretamente para os centros de reciclagem. No entanto, na maioria das cidades nem mesmo a separação do lixo orgânico do inorgânico é praticada e/ou incentivada, o que muitas vezes invalida para a reciclagem diversos materiais.

Apesar de toda a problemática em relação à coleta e condições de trabalho dos catadores, o Brasil ainda é apontado, em relação aos demais países, como um exemplo a ser seguido. Em recente relatório divulgado pela Pnuma (Programa das

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Nações Unidades para o Meio Ambiente), o país é referenciado como um modelo de sustentabilidade no gerenciamento de resíduos sólidos.23 Entretanto há que se considerar que os processos de reciclagem também possuem um custo energético e em alguns casos, também são emissores de poluentes, ainda que em menor escala. Ignorar este fato pode comprometer todo um ciclo sustentável pensado para um produto ou material. “É importante projetar produtos que sejam facilmente reciclados, mas isso deve ser feito após uma análise do ciclo de vida completo do produto; não se deve esquecer de considerar, portanto, o impacto ambiental proveniente do processo de reciclagem e, também, questionar se o produto realmente será reciclado após o seu 24

uso” .

Além da reciclagem, incineração e compostagem, há que se considerar outras possibilidades, como a redução e a reutilização, afim de determinar qual a mais vantajosa no que se refere à todo o ciclo de vida do produto.

23

CEMPRE. Modelo brasileiro de reciclagem é referência em relatório da ONU. Disponível em <http://www.cempre.org.br/ci_2011-0304_desafios.php>. Acesso em 13 mai. 2011. 24 MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O Desenvolvimento de produtos sustentáveis: Os Requisitos Ambientais dos Produtos Industriais. São Paulo: Edusp, 2002. p 213.

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8.1.5 Reutilização

Diferente da reciclagem (e muitas vezes erroneamente confundida com esta) a reutilização consiste em valorizar um produto que ainda possuem características de uso (estéticas, funcionais, estruturais), após a sua primeira utilização, evitando o seu descarte desnecessário, contribuindo assim para a redução do volume de lixo. Um bom exemplo, é o das embalagens retornáveis, uma vezes que o seu uso é maximizado por indefinidas vezes até que de fato a embalagem atenda mais às necessidades básicas para que foi projetada.

Da mesma forma, através da reutilização, é possivel dar nova utilidade a objetos descartados, transformando-os em novos produtos, ou até componente de um produto maior, se beneficiando de suas características antes inexploradas para esta nova função. Iniciativas experimentais no ramo da construção civil, mobiliários, artes, moda, jóias, entre outras, vem demonstrando através da criatividade, experimentação e inovação, a potencialidade dos materiais reutilizados.

Outra grande vantagem da reutilização é a maior independência de maquinário para sua realização. As limitações se restringem às características dos materiais utilizados e a criatividade dos que os experimentam. Para protótipos ou peças de baixa complexidade, é exigido pouco conhecimento técnico/científico, o que representa um acesso à pessoas com baixa escolaridade na construção destes projetos, podendo se configurar mais tarde como um negócio sustentável de relevância para comunidades ou grupos de risco social.

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8.1.6 Design Social

Abrange o design como ferramenta de desenvolvimento social, em especial para a população de baixa renda, qualificando ou criando produtos/serviços que venham a se tornar fonte de renda para instituições ou nucleos populacionais, inserindo estes grupos no mercado de trabalho de forma criativa e elevando sua qualidade de vida. “A ideia de criar designs para produtos, serviços e modelos de negócios capazes de gerar retornos rápidos sobre o investimento parace bastante atraente e não é por acaso que ela surgiu primeiro em locais em que a maioria das pessoas não tem escolha”25

O design social toma também um outro direcionamento quando entra no mérito da responsabilidade do designer enquanto formador de conceitos (presentes por trás dos produtos) para as massas. Que informações o design pode estar agragando aos seus projetos em prol de uma sociedade mais justa, igualitária e menos poluente?

A combinação do ecodesign e do design social tem gerando diversos projetos interessantes, ja com produtos em circulação no mercado e comprovados resultados de melhoria da qualidade de vida de grupos de risco social.

25

BROWN, Tim. Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa Para Decretar O Fim Das Velhas Ideias. Ed. Campus. São Paulo, 2010. 200p.

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8.1.7 Setor 2.5 São caracterizadas como Setor 2.5, iniciativas denominadas “Negócios Sociais” que que tem por princípio alternativas sócio-econômicas não excludentes, com geração de renda e promoção social de comunidades e grupos de risco. “Os Negócios Sociais não são a negação dos negócios tradicionais. Eles apóiam-se justamente na lógica da competitividade e da eficiência dos negócios tradicionais para resolverem os problemas sociais mais críticos da sociedade moderna.”26.

O termo Setor 2.5, designa um setor economico que não está totalmente inserido nos 2º (setor privado) e 3º (ONGs – Organizações Não Governamentais, Entidades Filantrópicas, OSCIPs – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, entre outras) setores, mas que abarca algumas características de ambos. Desta forma, um negócio social tem o lucro não como o seu fim, mas como um meio para a solução problemas sociais de uma determinada localidade, combinando a viabilidade econômica e o impacto social positivo do empreendimento. O grupo Artemísia27, referência na formação de empreendedores sociais, aponta alguns destes impactos sociais pretendidos por emprendimentos do setor 2.5: - Promover inclusão social, por meio da oferta de oportunidades de trabalho que melhoram a renda e a qualidade de vida de pessoas mais pobres; - Oferecer produtos e serviços - de qualidade e a preços acessíveis -

que

diretamente melhoram a qualidade de vida das pessoas mais pobres; - Oferecer produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais pobres, contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas.

O setor 2.5 ainda é uma área nova, em crescente expanção e com grande pontencial de aplicação em países em desenvolvimento, representando também um excelente laboratório para o design de serviços e projetos centrados no ser humano. 26

Dois e Meio. Negócios sociais. Disponível em: < http://www.doisemeio.com/setor_negocios.asp>. Acesso em 29 abr. 2011. 27 Artemisia. Por que surgiram os negócios sociais. Disponível em: <http://www.artemisia.org.br/entenda_o_conceito.php>. Acesso em 18 mar. 2011.

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Diversos empreendimentos sociais se destacam no Brasil e no mundo, entre eles:

- Grameen Bank (Índia), o primeiro banco de microcrédito do mundo, fundado em 1976 pelo professor e Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus; ASEMBIS

- Associação de Serviços Médicos para o Bem Estar Social (Costa Rica), que oferece atendimento médico especializado de qualidade e alta tecnologia a toda a população, por um preço justo;

- Arquitetas da Comunidade, que presta serviços de arquitetura a preços acessíveis para associações de comunitárias áreas da na periferia de Campinas, São Paulo;

- Banco Pérola, oferece microcrédito para jovens de 18 a 29 anos de classes C, D, E na região de Sorocaba, São Paulo;

- Fiz de Contas, desenvolve peças de bijuteria através de materiais reaproveitados, com capacitação de mão obra para a confeção das peças e geração de renda para os produtores, em Barra do Piraí – RJ;

- Tekoha, cria brindes corporativos, buscando junto a artesões alternativas sustentáveis transformadas em presentes requintados através do site da organização.

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8.2 Público Alvo

O publico alvo foi definido em duas vertentes: fabricante e usuário final. 8.2.1 Usuário Final

Não há um usuário restrito para o produto. Pretende-se que seja utilizado por qualquer pessoa, sendo desenvolvivo preferencialmente para as classes com menor faixa de renda (C e D), possibilitando a aquisição de um produto financeiramente mais acessível, em relação aos seus concorrentes e igualmente de qualidade no tocante as suas funcionalidades e estética.

Seguindo a linha do acesso ao produto em relação ao seu preço, produto pode ser ainda utilizado por estudantes que se utilizam de repúblicas ou moradores solteiros iniciando seu espaço próprio e que necessitam de um mobiliário mais acessível, e muitas vezes de tamanho reduzido e modular, podendo adaptá-lo a espaços diferenciados.

8.2.2 Fabricante/Montador/Negócio Social

Aplicado como um projeto ou negócio social, pretende-se que a fabricação do produto seja realizada por pessoas em situações de risco social, o que em no geral envolve características de baixa escolaridade, quando não analfabetismo, baixa auto -estima, desnutrição e/ou alimentação insuficiente. Como cliente real, o projeto estará atendendo ao microempreendimento social Fizdecontas (Barra do Piraí – RJ), dirigido por Inês Lavinas. A empresa tem por objetivo o desenvolvimento de peças a partir de itens descartados, de forma a transformá-los em produtos de venda com apelo comercial. Atualmente a Fiz de Contas atua no ramo de bijuterias e peças decorativas, acessórios e pequenos mobiliários como pufs de garrafa pet.

49


A empresa atua ainda na capacitação de pessoas para a produção das peças no intúito de criar fontes de renda alternativas, elevação da auto-estima e inclusão social de grupos diversos, atuando no município de Barra do Piraí-RJ. As peças criadas pela Fizdecontas, já contam com compradores fixos em lojas do Rio de Janeiro e região, além de constante participação em eventos como o Fashion Business (Rio de Janeiro-RJ). As peças são de criação

50


8.3 Espaço Projetual

O espaço projetual se foca na sala de estar/tv da residência, podendo este também ser aplicado em outras áreas da casa como quartos, varandas e terraços; além de possibilidades de uso em recepções, halls de entrada e outros ambientes não residenciais.

Figura 12 – Mosaico salas de estar/tv

51


8.4 Similares

Na sequência são apresentados produtos similares que utilizam materiais reutilizáveis parcialmente ou em sua totalidade. Os similares serão numerados (S01, S02, S03, etc) de modo a serem listados posteriormente no referencial semântico e comparados com a “Situação Ideal” (SI).

52


8.4.1 SIE43 (S01) Quadro 2 – Similar SIE43

Fabricante/Designer: Pawel Grunert Origem: Polônia Dimensões: 150 x 80 x 90 (H) cm Materiais:

- Armação de aço inoxidável; - Garrafas pet

Características: Layout orgânico inspirado no miolo das flores - Possibilita a manutenção e substituição das garrafas - Leveza Pontos Positivos: - Permite o uso de iluminação indireta, criando um efeito de luz interna através das garrafas plásticas. Pontos Negativos: - Manutenção da estrutura de aço. Observações: Produzida para a feira Eco Trans Pop, em milão Links: http://www.grunert.art.pl/podstrony/siedziska.html#null

Figura 13 – Assento SIE43

53


8.4.1.1 SIE43 – Analise de Funções

1

2

Figura 14 – Assento SIE43e seus componentes

Quadro 3 – SIE43 – análise de funções.

Componente

Função

1

Garrafas Pet

Preenchimento e acento da peça

2

Armação de Metal

Fixar as garrafas e sustentação da peça (pernas)

54


8.4.2 Truly Yours (S02) Quadro 4 – Similar Truly Yours

Fabricante/Designer: Inna Alesina Origem: Estados Unidos da América Dimensões: Não informado Materiais: - Polietileno de Alta Densidade Design modular, que utiliza o lixo gerado pelo proprio usuário, para dar forma ao produto. A combinação dos Características: modulos gera diversas combinações, ao mesmo tempo que concientiza o usuário da quatidade de lixo por ele gerado em seu próprio espaço. - Economia de recursos e energia dispensados para a reciclagem de plásticos; - Permite personalização do produto em formas diversas Pontos Positivos: - Modularidade; - Oferece uma destinação paliativa aos plásticos mistos que não são reciclados; - Leveza. - Equilibrar as densidades na prática pode ser dificil com objetos tão diferentes usados no preenchimento; Pontos Negativos: - Objetos mais rídigos e pontiagudos podem gerar desconforto para o usuário; Links: http://www.designboom.com

Figura 15 – Truly Yours

55


8.4.2.1 Truly Yours – Análise de Funções

3

1 2

Figura 16 – Truly Your e seus componentes Quadro 5 – Truly Your – análise de funções

Componente

Função

1

Recipientes individuais

Armazenar os componentes de enchimento (bolsas plásticas, embalagens, papeis e outros residuos)

2

Base agrupadora

Agrupa os recipientes individuais

3

Material telado

Completa o fechamento da peça garantindo que nada escape dos recipentes.

56


8.4.3 Re:Pose (S03)

Quadro 6 – Re: Pose

Fabricante/Designer: Martin Heck + Baumhaus Collective Weimar Origem: Inglaterra Dimensões: Não informado - Conteiner de Lixo - Lona Sofá desenvolvido a partir de um conteiner de lixo inutilizado por raxaduras em seu fundo (que possibilitava o vazamento Descrição: de liquidos), e acento revestido com lona usada e preenchido com resíduos da produção de colchões. - Mobilidade Pontos Positivos: - Resistência a ambientes úmidos - Facilidade de substituição do acento - Peso Pontos Negativos: - Arestas vivas aparentes nas bordas plásticas Materiais:

Observações: Links: http://www.designboom.com

Figura 17 - Poltrona Re:Pose

57


8.4.3.1 Re:Pose – Análise de Funções

4

2

1 3

Figura 18 – Re:Pose e seus componentes. Quadro 7 – Re:Pose – análise de funções

Componente

1

Conteiner de Lixo

2

Lona

3

Rodízios

4

Reforço de metal

Função Fornecer a estrutura de sustentação básica do assento Revestimento do estofamento da peça e conteiner dos resíduos da produção de colchões. Prover mobilidade a peça e direcionamento durante a rolagem Reforçar o encosto do assento

58


8.4.4 Rough and Ready (S04)

Quadro 8 – Rough and Ready

Fabricante/Designer: Vanja Bazdulj Origem: Slovênia Dimensões: Não informado - Folhas de feltro de lã - Corda A peça consiste basicamente em folhas de feltro espessas dobradas e transpassadas por uma corda, amarrada em um Descrição: dos lados. A espessura das folhas dobradas, confere estabilidade à estrutura. - Fácil confecção; Pontos Positivos: - Leveza; - Customização. - Equilibrio da peça com o apoio do corpo sobre o encosto, Pontos Negativos: na parte traseira e lateriais Materiais:

Observações: Projeto experimental Links: http://www.vanjabazdulj.com/work/

Figura 19 - Cadeira Rough and Ready

59


8.4.4.1 Rough and Ready – Análise de Funções

2

3

1

Figura 20 - Rough and Ready e seus componentes. Quadro 9 – Rough and Ready – análise de funções.

Componente

Função

1

Folhas de feltro de lã

Corpo do assento

2

Folha de feltro de lã

Envolver as folhas centrais e servir de encosto

3

Corda

Manter unidas as folhas dobradas

60


8.4.5 T-Shirt Chair (S05)

Quadro 10 - T-Shirt Chair

Fabricante/Designer: Maria Westenberg Origem: Suécia Dimensões: 52 x 100 x 60 (H) cm - Camisas e tecidos descartados - Estrutura tubular de aço Permite ao usuário confecionar sua própria malha de cores Descrição: utilizando camisas velhas que para este não teria mais serventia. - Fácil confecção; Pontos Positivos: - Leveza; - Customização. Materiais:

Pontos Negativos: Observações: O projeto foi vencedor do Green Furniture Award em 2011 Links: http://www.mariawesterberg.se

Figura 21 – T-Shit Chair

61


8.4.5.1 T-Shirt Chair – Análise de Funções

2 3 1

Figura 22 – T-Shirt Chair e seus componentes Quadro 11 – T-Shirt Chair - análise de funções.

Componente

Função

1

Estrutura de metal

Prover estrutura e receber a telha para a plicação das camisas

2

Tela Malhada de metal

Servir de fixação para as camisas

3

Camisas

Estofamento da cadeira

62


8.4.6 Mousso Koroba Chair (S06) Quadro 23 – Mousso Koroba Chair

Fabricante/Designer: Kix Origem: Berlim Dimensões: Não informado - Sacolas plásticas - Arco de metal e parafusos Permite ao usuário confecionar sua própria malha de cores Descrição: utilizando camisas velhas que para este não teria mais serventia. - Quando fechada ocupa espaço reduzido - A malha pode ser substituida sempre que necessário sem Pontos Positivos: perda da estrutura - Focado na cultura local - Facil construção, montagem e desmontagem Materiais:

Pontos Negativos: Observações:

Projeto representou um desenvolvimento social e econômicopara a população do Mali (África)

Links: http://www.kix.fr

Figura 23 – Mousso Korouba Chair

63


8.4.6.1 Mousso Koroba Chair – Análise de Funções

4

1

3 2

Figura 24 – Mousso Koroba Chair e seus componentes. Quadro 13 – Mousso Koroba Chair – análise de funções

Componente

Função

1

Estrutura de metal

Sustentação e inclianação da peça.

2

Rodizio

3

Parafuso e borboleta

4

Malhada trançada de bolsas plásticas

Auxilia no transporte e trava a inclinação da peça até um ponto seguro. Trava as estruturas de metal em arco, e regula a alutura da cadeira. Sustentação do assento.

64


8.4.7 A La Lata (S07) Quadro 14 – A La Lata

Fabricante/Designer: Carlos Alberto Montana Hoyos Origem: Colômbia Dimensões: Não informado - Anéis de alumínio - Tubo conformado de aluminio Anéis de aluminio profeniente de latas de refrigerante e Descrição: cerveja, unidos atraves de uma malha compõe a peça em conjunto com a estrutura de alumínio. - Leveza Pontos Positivos: - Focado na cultura local Materiais:

Pontos Negativos: Observações: Links: http://www.carlosmontana.com/

Figura 25 – A La Lata

65


8.4.7.1 A La Lata – Análise de Funções 3

2

1 Figura 26 – A La Lata e seus componentes Quadro 15 – A La Lata – análise de funções

Componente

Função

1

Estrutura tubular de alumínio

Apoio para a malha

2

Anéis de latas de alumínio

Compor a malha principal

3

Fios plásticos

Unir os anéis e amarrar na estrutura tubular

66


8.4.8 Sofá Pet (S08) Quadro 16 – Sofá Pet

Fabricante/Designer:

Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT)

Origem: Brasil Dimensões: Não informado

Materiais:

Descrição: Pontos Positivos: Pontos Negativos:

- Couro/Napa - Garrafas pet - Espuma de estofamento convencional - Papelão - Fita adesiva Com as características visuais de um mobiliário convencional, esta peça substitui as estruturas internas de madeira ou metal, por garrafas pet unidas. - Leveza - Aparência semelhante a um mobiliário tradicional - A manutenção/substituição de uma peça pode ser de dificil realização. - Em princípio não comporta o uso de pés ou rodízios

Observações: http://noticias.ambientebrasil.com.br/exclusivas/2006/03/15/ Links: 23616-exclusivo-garrafas-pet-sao-usadas-para-criacao-demoveis.html

Figura 27 - Sofá Pet

67


8.4.8.1 Poltrona Pet – Análise de Funções

3

2

4

1

Figura 28 – A La Lata e seus componentes Quadro 17 – Sofá Pet – análise de funções

Componente

Função

1

Garrafas pet

Compor a armação do mobiário

2

Papelão

Forrar e proteger as áreas de maior contato, entre o usuário e a estrutura

3

Espuma

Estofar

4

Tecido

Revestimentir a peça externamente

68


8.4.9 Poltronas Pet Ama/Go (S09) Quadro 18 – Poltrona Pet Ama/Go

Fabricante/Designer: Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia-GO Origem: Brasil Dimensões: Não informado - Garrafas Pet - Fita Adesiva Peças diversas (mesa, cama, poltrona) desenvolvidas em Descrição: oficinas educativas, através da união de diversas garrafas com fita adesiva. Materiais:

Pontos Positivos: - Leveza - Pouco apelo estético Pontos Negativos: - Ausencia de revestimento - Material aparente Observações: Links: http://www.goiania.go.gov.br/

Figura 29 - Mobiliários diversos desenvolvidos pela AMMA

69


8.4.9.1 Poltronas Pet Ama/Go – Análise de Funções

1

2 Figura 30 - Poltrone Pet Ama/Go e seus componentes Quadro 19 - Poltrona Pet Ama/Go – análise de funções

Componente

Função

1

Garrafa pet

Estruturar e dar volume da peça

2

Fita Adesiva

Unir as garrafas

70


8.4.10 Sofá Away (S10) Quadro 20 – Sofá Away

Fabricante/Designer: Rubcn Origem: Espanha Dimensões: Não informado Madeira Revistas Sofá feito de tiras de revistas descartadas, dobradas e Descrição: trançadas compondo todo o revestimento da peça, e com enchimento de bolas de papel amassadas. - Uso de materiais simples Pontos Positivos: - Fácil construção - Mobilidade - Superficie pode ficar desforme de acordo o enchimento Pontos Negativos: - Pouca resitência à umidade Materiais:

Observações: Links: http://retrain.endekos.com/763

Figura 31 – Sofá Away

71


8.4.10.1 Sofá Away– Análise de funções

2

3

4 1

5

6

Figura 32 – Sofá Away e seus componentes. Quadro 21 – Sofá Away – analise de funções

Componente

Função

1

Fitas de revistas dobradas e trançadas

Revistir a peça e conter o seu enchimento

2

Base de madeira

3

Tampa de abertura

4

Trava

Abrir fechar a tampa

5

Bolas de papel amassado

Dar volume a peça

6

Rodízios

Permitir a movimentação da peça

Fixar o revestimento e servir de base para o enchimento. Permitir o inserção/retirada do enchimento da peça.

72


8.4.11 Diferencial Semântico

Quadro 22 - Diferencial Semântico de similares

S01

S02

S03

S04

S05

S06

S07

S08

S09

S10

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

CONCEITO

3

2

1

0

1

2

3

SI

CONCEITO

LIMPO

SUJO

SIMPLES

COMPLEXO

MODULAR

INDIVIDUAL

LEVE

PESADO

CUSTOMIZÁVEL

DEFINITIVO

CONFORTÁVEL

DESCONFORTÁVEL

SEGURO

INSEGURO

ESTÁVEL

INSTÁVEL

RECICLÁVEL

NÃO RECICLÁVEL

FORMAL

INFORMAL

FACIL MANUTENÇÃO

DIFICIL MANUTENÇÃO

PEQUENO

GRANDE

FRÁGIL

FIRME

73


8.4.12 Análise de Similares

De acordo com o diferencial semântico, e as análises individuais dos similares algumas características pode ser observadas:

- O uso de materiais inusitados e que fogem ao tradicional, confere às peças se um aspecto mais informal e até lúdico em alguns casos.

- As peças que deixam aparentes os materiais reutilizados, o fazem de forma que sua disposição se caracterize como um aspecto estético. Nos casos em que o material tem função unicamente estrutural, não apresentando bom apelo estético, convém que este seja revestido, como por exemplo no similar nº 08 (Sofá Pet).

- A customização é um aspecto desafiador, ficando restrito a possíveis capas ou outros tipos de coberturas/revestimentos que o usuário coloque por cima da peça. Prover a customização pode gerar maior identificação com o objeto, e consequentemente prolongar seu tempo de uso e possíveis manutenções quando necessárias, ao invés do descarte direto e substituição por um novo produto.

- Da mesma forma a modularidade foi pouco explorada na maioria das peças, em se tratando de poltronas individuais. Para efeito de configuração de espaços pequenos ou restritos esta seria uma característica apreciável.

- A manutenção dos compontens está está ligada a sua complexidade. O uso de componentes fixos ou que não podem ser substituidos sem danificar a peça toda, podem diminuir a vida útil do produto se estes não apresentarem boa resistência.

- O número de componentes e suas conexões também pode dificultar o desmonte e a reciclagem do produto no final de sua vida útil. Faz-se necessário informar ao usuário as alternativas de descate do produto para que este não retorne ao meio ambiente como um poluente. - Materiais com pouca rigidez como o papel por exemplo, podem ser mostrar instáveis e irregulares, causando problemas de ordem ergonômica no projeto. Em 74


contrapartida, o uso destes se mostra promissor para enchimentos substituindo a espuma de estofamento.

- Os itens mais pesados, incluiram componentes que facilitam sua mobilidade.

- O conforto está intimamente ligado ao visual da peça. Uma vez que estão sendo utilizados materiais que não foram inicialmente desenvolvidos para este propósito, juízos de valores como “isto parece confortavel” e “isto não parece confortável” podem prejudicar a primeira identificação do usuário com a peça. O conforto físico de fato, será determinado pela preocupação com as determinações ergonômicas e o real uso do produto.

- Peças muito leves demandam maior preocupação com a estabilidade.

75


8.5 Ergonomia

8.5.1 O ato de sentar Estar sentado inicialmente pode parecer uma situação completamente estática, imovél. No entanto, ninguém consegue permanecer muito tempo na mesma posição, ainda que em estado de repouso. Isso ocorre devido a dinâmica do sentar que envolve componentes como a estrutura óssea e muscular, que ficam sob tensão e pressão durante esta atividade. “Cerca de 75% do peso total do indivíduo é apoiado em apenas 26 centímetros quadrados”28, uma carga pesada distribuída sobre uma área relativamente pequena, na parte inferior das nádegas.

A incorreta adequação de medidas da peça pode acentuar ou atenuar esta distribuição. No entanto, ela é inevitável, de modo que um equilíbrio deve ser buscado, pois ao atenuar uma área de pressão nas nádegas por exemplo, pode-se estar compromentendo a postura da coluna vertebral e vice-versa.

8.5.2 Antropometria Considerando um assento padrão as seguintes medidas mínimas devem ser observadas:

Figura 33 – Dimensões do assento

28

PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores: um livro de consulta e referencia para projetos. Barcelona : G. Gili, 2002

76


Onde: AA – Altura do Assento P – Profundidade do Assento AE – Altura do Encosto L - Largura

Para a definição das medidas foram utilizados como referência os dados antropométricos dos usuários extremos, Homem percentil 97,5 e Mulher percentil 2,5, segundo os dados levantados por DIFFRENT 29.

Figura 34 – Mulher percentil 2,5, plano sagital.

Figura 35 – Mulher percentil 2,5, plano cranial.

29

DIFFRIENT, Neils; TILLEY, Alvin; BARDAGJY, Joan. Human Scale 1/2/3. Cambrige, Ed. The Mit Press – 1981. 26p. 27p.

77


Figura 36 – Homem, percentil 97,5, plano sagital.

Figura 37 – Homem, percentil 97,5, plano cranial.

A partir das medidas foi realizada a compatibilização da área de uso da peça, primando pela abrangencia dos usuários extremos.

78


8.5.3 Adequação ergonômIca – área de compatibilidade

Figura 38 – Área de compatibilização entre usuários extremos

Como resultado do processo, é apresentada a tabela abaixo com as dimensões consideradas, as medidas iniciais separadas por sexo/percentil e as medidas extremas, que serão consideradas para efeito projetual. Quadro 23 – Medidas antropométricas e medidas extremas

Dimensão

Homem 97,5 (cm)

Mulher 2,5 (cm)

Medidas Extremas (cm)

Altura do Assento (AA)

47

36,3

36,3 (máximo)

Largura do Assento (L)

41,1

45*

45 (mínima)

Profundidade do Assento (P)

51,1

40,1

40,1 (máxima)

Altura do Encosto (AE)

58,5**

46***

58,5 (mínima)

* Para largura do assento, considera-se a medida da mulher 97,5 ** 48,8 (altura dos ombros) + 9,7 (ísquios) *** 39,6 (altura dos ombros) + 6,4 (ísquios)

79


8.5.4 – Adequação ergonômica – angulos de conforto A partir das definições de Diffrient30 foram obtidos os angulos de inclinação para o encosto e acento de acordo com a atividade prevista para o acento.

Figura 39 – Inclinação do acento e encosto.

30

DIFFRIENT, Neils; TILLEY, Alvin; BARDAGJY, Joan. Human Scale 4/5/6. Cambrige, Ed. The Mit Press – 1981. Anexos.

80


8.6 Materiais

Dentre os diversos materiais reutilizáveis o presente projeto irá se focar no uso das folhas de polionda combinada com a garrafa pet. As folhas de polionda constituem um residuo industrial da Peugeout Citroën (Porto Real-RJ), provenientes de embalagens para lanternas, que recebem internamente berços de EVA. As garrafas pet, de uso bastante popular como recipiente para bebidas é presença constante no lixo urbano, podendo ser obtida através de doação, coleta ou separação, em residências, festas e eventos, restaurantes etc. Por questões higiênicas e estruturais, o objetivo é obter as garrafas antes que estas cheguem ao lixo.

8.6.1 Garrafas Pet

O PET (Poli Tereftalo de Etileno), amplamente popularizado por seu uso no envase de refrigerantes, além de outros produtos, é um polímero termoplástico, que apresenta como principais características sua alta resistência mecânica e química.

Dentre outras vantagens da garrafa pet, podem ser citadas: - Leveza (uma garrafa vazia, pesa em torno de 55g), o que permite o transporte de maiores volumes; - São inquebráveis, trazendo maior segurança no seu uso; - São 100% recicláveis. - São de fácil identificação e separação em meio ao lixo.

As

garrafas

apresentam

aspecto

translucido,

sendo

encontradas

principalmente na cor verde ou transparente. No caso das garrafas de refrigerante, a estrutura básica (ver figura 40) consiste na base, corpo, ombro/gargalo, boca/rosca e tampa.

81


Figura 40 – Estrutura básica da garrafa pet

No mercardo de refrigerantes existem garrafas de formas variadas, de acordo com o molde utilizado em sua fabricação. Marcas de maior expressão no mercado tendem a usar formas personalizadas, acrescentando ao corpo da garrafa ondulações, seções de diâmetro variado, texturas e ranhuras de modo a diferenciálas da concorrência, tal como criar uma identidade marcante para um produto ou sabor específico.

Figura 41 - Modelos diferenciados de Garrafa Pet

Tais variações podem modificar as dimensões das garrafas (altura e dinâmetro), sendo necessário para o projeto em questão, a adoção de um modelo 82


especifico afim de padronizar as peças. Como referência para o projeto estarão sendo utilizados o modelo mais simples (semelhenate ao modelo do refrigerante kuat na figura 41, e com especificações definidas na figura 42), sem ranhuras ou variações de diâmetro em seu corpo, pois apresentam melhores resultados quando encaixadas entre si além de mais estabilidade sobre as folhas de polionda.

Figura 42 – Dimensões da garrafa pet adotada para o projeto.

O tempo estimado de decomposição de uma garrafa pet é de 400 anos, fazendo-se por esse motivo extremamente necessária a sua reciclagem ou reutilização. Sua presença nos aterros sanitários dificulta o processo de decomposição

e

compostagem

do

material

orgânico

além

de

gerar

o

escorregamento de camadas de lixo devido a sua impermeabilidade e superfície que não proporciona aderência.

As garrafas são de fácil obtenção e identificação, uma vez que são descartadas aos montes em meio ao lixo doméstico, em outras situações agrupadas em fardos após a realização de grandes eventos, para posterior descarte. Segundo estatísticas da ABIPET (Associção Brasileira da Indústria do pet), o mercado aponta para um contínuo crescimento do consumo da resina pet para embalagens, tendo, em 2009, as aplicações destinadas a recipientes para refrigerantes, água e óleo, como responsáveis por 90% do total da resina virgem colocada no mercado brasileiro. 83


O valor pago pelo quilo do PET é gira em torno de R$ 0,25 a R$ 0,80 dependendo da localidade e periodo do ano, sendo que para 1 quilo são necessárias aproximadamente 20 garrafas de 2 litros. Este valor vai crescendo a cada etapa do processo, uma vez que são adicionados variantes como transporte, local para armazenagem, maquinário para prensagem e processamento. Para o uso téxtil, por exemplo, são necessárias 2 garrafas para o tecido necessário para uma camisa com malha 50% PET/50% algodão. Via de regra, peças texteis que utilizam o PET em sua fabricação ainda são mais caras do que as que utilizam somente algodão e, segundo a Revista Sustentabilidade31, em 2008 uma camiseta com 50% de PET era encontrada no mercado a valores entre R$ 25,00 e 30,00; o que demonstra o abismo dos valores início do processo (na cata do material) e o valor de venda de uma peça beneficiada pelo PET, ainda que este valor não represente a real margem de lucro.

A reciclagem do material possui destino certo através da popularização das cooperativas de catadores de plásticos em geral, em especial da garrafa pet, gerando uma fonte de renda alternativa para milhares de pessoas em todo o país. O pet reclicado, após todo o processo de transformação é destinado a aplicações como fitas de arquear, peças de injeção à sopro, tubos e conexões, chapas, e indústria têxtil, tendo este último cada vez mais destaque, arrematando a fatia de 37,8% 32 do mercado de utilização do pet reciclado.

31

REVISTA SUSTENTABILIDADE. Com novos produtos, país vive boom do PET reciclado. Disponivel em : < http://www.revistasustentabilidade.com.br/noticias/com-novos-produtos-pais-vive-boom-do-petreciclado> Acesso em 11 set. 2011. 32 Sétimo Censo da Reciclagem Pet no Brasil. Disponível em: <http://www.abepet.com.br/index.html?method=mostrarDownloads&categoria.id=3> Acesso em 2 out. 2011

84


Figura 43 – Garrafas separadas para o envio à reciclagem.

Apesar da existência dos centros de reciclagem em diversos municípios, ainda é frequente a presença das garrafas em meio ao lixo residencial, e consequentemente nos lixões, fazendo com que a cata do material ocorra em condições insalubres em meio a todo tipo de resíduos perigosos para a saúde humana, além de provocar o deslizamento camadas de lixo, no caso das peças que ficam soterradas em meio aos detritos. A simples separação das garrafas (tal como de outros plásticos, vidro e metal) do restante do lixo orgânico ainda não é consenso para toda a população. Ao que parece, a visão que se tem do trabalho de cata de material para reutilização ou reciclagem, é que a separação do material orgânico dos materiais sólidos é função única e/ou exclusiva dos catadores ou trabalhadores dos centros de reciclagem. Enfim, a educação da população também é um item de suma importante neste processo, no tocante a conscientização e resposabilidade.

Entretanto é preciso observar que certos procedimentos prejudicam ou até inviabilizam a reciclagem do PET, como o uso de colas e plásticos de mesma densidade. “A maioria dos processos de lavagem não impede que traços destes produtos indesejáveis permaneçam no floco de PET. A cola age como catalisador da degradação hidrolítica quando o material é

85


submetido à alta temperatura no processo de extrusão, além de escurecer e endurecer o reciclado.”33

A partir desta premissa, toda sorte de rótulos é removida antes do processamento efetivo do pet, devendo também ser evitado, na medida do possível o uso de colas.

Além da reciclagem o pet, o pet pode ser incinerado apresentando altas taxas de combustão, com valores que chegam a 20.000 BTUs/quilo, liberando no processo gases residuais de monóxido e dióxido de carbono, acetaldeído, benzoato de vinila e ácido benzóico. Mesmo com a recuperação de energia, ainda é recomendada a reciclagem do material devido ao alto valor de sucata.

8.6.2 Polipropileno corrugado

A polionda, como é popularmente conhecida a chapa de polipropileno corrugado, é um material utilizado largamente no meio industrial principalmente como materia prima para embalagens, apresentando excelente desempenho, comparável ao papelão e ao plástico injetado.

Figura 44 – Folha de polionda

Sua estrutura é semelhante à uma folha de papelão, composta basicamente de dois planos, unidos por nervuras longitudinais. De acordo as informações no site

33

PET. CEMPRE. Disponível em <http://www.cempre.org.br/ft_pet.php> Acesso em 10 de set. 2011;

86


do

fabricante

Polionda34,

sua

estrutura apresenta

alto

índice

de leveza

proporcionada pelo polipropileno, e resistência, sendo esta composta por 70% de ar.

Dentre outras atrativos, o material é 100% reciclável, impermeável, inodoro e apresenta baixa flamabilidade. As espessuras encontradas são diversas, variando de 2 mm a 5 mm, com uma até 14 graduações de espessuras.

Em muitas indústrias este material se torna resíduo, sendo descartado após a retirada da peça que antes estava embalada pela polionda, constituindo uma fonte de matéria prima interessante para projetos de ecodesign que buscam a destinação e/ou a eliminação de resíduos indústriais, tal como a obtenção de um material leve e resistente. No caso da Peugeot Citroën (Porto Real – RJ) folhas de polionda descartadas são provenientes da embalagem de lanternas. Estas folhas se tornam um resíduo indesejável, uma vez que não há outra serventia dentro dos processos de fabricação da empresa. Parte dessas folhas foi doada ao Centro Universitário UniFOA, para usos diversos pelo curso de Design.

As folhas se apresentam em duas espessuras diferentes, 0,3 mm (polionda translucida branca) e 0,5 mm (polionda azul e polionda preta), com as dimensões aproximadas de 1,44 m de largura por 1,02 m de altura (podendo as dimensões serem invertidas de acordo com o sentido das nervuras). Algumas folhas apresentam ainda residuos de cola e do EVA anteriormente preso à peça, devendo estes ser removidos através de produtos químicos antes de sua utilização.

Quando descartada a polionda deve ser encaminhada para centros de reciclagem para ser processada junto aos demais materiais que utilizam o PP (Polipropileno) como matéria prima. Alguns fabricantes, como a própria Polionda, realizam a recompra e o recolhimento do material, para realizar reciclagem e posterior reinserção do processo de fabricação.

34

Polionda. Polionda Disponivel em <http://www.polionda.com.br/internas.php?pg=polionda> Acesso em 19 de out. 2011

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9 SÍNTESE

De acordo com os dados levantados e analisados, o produto a ser desenvolvido deverá apresentar as seguintes características: Modularidade - Ser modular, possibilitando o uso unitário (como poltrona) ou em conjunto com outros módulos (sofá), dando ao usuário a possibilidade de ajustar-lo ao seu ambiente conforme o seu espaço disponível, além de poder reconfigurar sua disposição sempre que desejar.

Estética - Deve aparesentar um visual atraente para o consumidor, podendo deixar aparente (ou não) os materiais reutilizados, de forma que estes tenham alguma função estética através de sua disposição, cores ou forma. A estética e acabamento do produto terão a função de eliminar ou reduzir a visão de que esté um produto artesanal ou de baixa qualidade. Leveza e Mobilidade - Deve primar pela leveza, o que facilitará seu deslocamento e transporte. Uma vez que não seja possível cumpri o requisito de leveza, o produto deve ser imbuído rodízios ou algum outro dispositivo que facilite seu deslocamento.

Conforto e Ergonomia - A poltrona deve atender as especificações ergonômicas previstas para os seus usuários, dentro das medidas mínimas e máximas, além de prover o conforto necessário.

Descarte e Reciclagem - O produto deverá informar ao consumidor como proceder para descartar a peça, de modo que o desenvolvimento deste projeto não se torne somente o adiamento de sua chegada ao lixo ou ao meio ambiente sem qualquer cuidado. Tal informação terá ainda a função de informar, conscientizar e responsabilizar o usuário pelos atos decorrentes do descarte da peça. As informações podem ser disponibilizadas impressas (manual ou embalagem), e/ou meio digital.

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Fabricação e Montagem - Para a fabricação do produto deverá ser considerada a mão de obra utilizada, sendo estes um dos focos do público alvo. De acordo com as técnicas construtivas, se possível, deve permitir a montagem/desmontagem pelo próprio comprador

Uso de Materiais - Os materiais escolhidos deve ser utilizados de forma racional, aplicando somente o necessário da matéria para a construção da peça, com o objetivo de evitar o desperdício.

Embalagem e Transporte - O produto deve observar questões como embalagem e transporte de forma a otimizá-los tanto para a distribuição atacadista quanto para a compra do usuário final. Alem de proteger a peça durante o seu transporte, a embalagem pode ser integrada ao produto e reutizada como complemento do produto principal, valorizando esta em detrimento do descarte imediato, além de gerar fidelização da marca junto ao cliente.

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10 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

Uma vez definido o uso de garrafas pet como material principal da peça, o processo de geração de alternativas buscou novos usos deste objeto em composição com outros materiais de apoio (como papelão e a polionda por exemplo).

Em sua maioria os projetos de referência onde a garrafa de refrigerante PET é utilizada, esta é colocada na posição vertical de forma fazer uso de seu fundo (mais rígido) e do seu corpo cilindrico para fornecer sustentação e resistência ao peso das cargas aplicadas sobre a garrafa. Dentre outras questões, as possibilidades de projeto rascunhadas objetivaram algo fora dessa linha, visando novas possibilidades, angulos, encaixes e combinações da garrafa pet com outros materiais.

Figura 45 – Sofás e Put de garrafa pet, construídos com a técnica do professor Sebastião Feijó.

Quanto às técnicas de construção já ultilizadas em mobiliários, a principal referência são as cadeiras, poltronas e sofás feitos de garrafa pet, onde a garrafa

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tem sua boca cortada para receber uma nova em seu interior. Esta técnica 35, já patenteada e amplamente difundida na internet, é atribuída ao professor de biologia Sebastião Feijó.

Figura 46 –A técnica de construção da cadeira pet.

Outra importante referência foi o projeto Plastiki36, no qual foi construído um barco com cerca de 12.000 garrafas plásticas, com o intúito de cruzar o oceano pacífico (partindo de São Francisco/EUA em direção a Sydney/Austrália), usando de tecnologias limpas para sua construção, propulção e manuntenção, além de sensibilizar as pessoas quanto às questões ambientais, em especial no tocante ao lixo nos mares. No que diz respeito às garrafas, responsáveis pela flutuação da embarcação, estas são preenchidas com 12 gramas de gelo seco cada uma, o que as mantem leves, rígidas e infladas, através do gás liberado no interior do frasco.

35

Recicloteca. Passo a Passo. Disponível em <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3> Acesso em 25 ago. 2011. 36 The Plastiki Expedition. Diponivel em <http://www.theplastiki.com/> Acesso em 14 set. 2011.

91


Figura 47 - Embarcação Plastiki, que usa de garrafas pet infladas com CO2 (a partir do gelo seco) para sua flutuação

Figura 48 – O Plastiki visto por baixo d´água e o posicionamento das garrafas.

Ainda na mesma linha do projeto Plastiki, há o projeto brasileiro de nome Kaypet37, também descrito em detalhes (materiais, projeto, construção, execução e uso) na internet através de vídeos, onde é construído um caiaque, usando além do método de inflar garrafas com gelo seco, outras informações sobre o corte, colagem, criação de áreas de aderencia, etc. 37

Faz Eco. Kay Pet. Disponível em <http://www.fazeco.com.br/projetos-de-produtos/esporte-elazer/caiaque-de-garrafas-pet/kaypet-kayak-pet-bottles.html> Acesso em 16 de set. 2011.

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Figura 49 - Kaypet

Em se trantando de um produto de ecodesign, questões como a manutenção e o descarte facilitado já devem ser observadas neste primeiro momento.

10.1 Alternativa 1

A peça é constituida de garrafas PET infladas com gelo seco e lacradas, com o objetivo de manter sua forma mesmo quando aplicado peso sobre elas. Cada conjunto de 2 garrafas é unido por um tubo (composto do corpo de uma garrava sem fundo e sem ponta), dispondo as pontas da garrafa para as extremidades do movel.

Folhas de polionda unidas, dispostas nas laterais e ao centro na parte inferior, tem a função de dar apoio às garrafas formando o acento e o encosto, além de dar sustentação à estrutura.

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Figura 50 – Alternativa1

A lateral apresenta ainda um área de pega de forma que o transporte da peça seja facilitado, ainda que a peça seja leve, sem a necessidade de desmontá-la.

Sua fabricação pode ser falicitada através da aquisição de uma prancha de corte/vinco, semelhante às utilizadas em gráficas, com o objetivo de agilizar e padronizar o corte das folhas de polionda. Outra alternativa é realizar o corte manual a partir de uma matriz e fazer as perfurações através de ferramentas rudimentares, já com tamanhos pré-definidos para a peça.

10.2 Alternativa 2

Este modelo também se utiliza de garrafas infladas e lacradas, uma vez que em seu posiconamento horizontal deverá suportar o peso do usuário. Dispostas em pares, as garrafas forma o preenchimento de um colchão tipo “futon”, que pode ser usado como assento, chaise cama. As garrafas devem ser unidas por amarrações de forma que seu posicionamento não se perca.

94


Figura 51 – Alternativa 2

Figura 52 – Alternativa 2: variações

O revestimento da peça deve ser feito com lona de caminhão reulizada ou lona de banners/paineis para comunicação visual. De forma a atenuar a atrito entre a lona e as garrafas, além de oferecer um acolchoamento à peça, o conjunto de garrafas será envolvido em bolsas plásticas.

A peça fica acentada sobre uma base de paletts reutilizados. A fabricação se dá através da união das garrafas, costura da lona e adequação dos pallets para o uso da peça.

10.3 Alternativa 3

A garrafa pet aqui é utilizada como elemento agregador das lâminas dispostas de forma sequencial formando um bloco. As lâminas de polionda do encosto são 95


intercaladas com as lâminas do acento e transpassadas pela garrafa pet, criando união e estabilidade para a peça.

Figura 53 – Alternativa 3

Sua fabricação se dá através do corte e perfuração das lâminas de polionda com base em um molde ou faca de corte, com a a posterior união e inserção das garrafas nos orifícios.

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10.4 Definição da alternativa escolhida

Através de uma matriz de decisão (ver Anexo 1) que contempla os requisitos do projetos, os itens definidos na síntese e as abordangens do ecodesign, foram avaliadas quais alternativas atendiam de forma mais eficaz o projeto como um todo. As comprações quantitativas (por exemplo. a quantidade de material utilizado) levaram em consideração somente as alternativas entre si. Desta forma todos os parâmetros inerentes ao projeto foram considerados para a tomada de decisão, definido através de porcentagens de aproveitamento cada projeto atnigiu em cada grupo de parâmentros.

A tabela abaixo apresenta o resumo da avaliação comparativa entre as alternativas.

Parâmetro/Requisito/Abordagem

ALTERNATIVA 1

ALTERNATIVA 2

ALTERNATIVA 3

Requisitos do Projeto

100%

100%

100%

Síntese

100%

44%

66%

Abordagens do Ecodesign

66%

33%

33%

Avaliação Geral

88,67%

59,00%

66,33%

Tabela X – Avaliação comparativa geral das alternativas.

A partir deste quadro, a alternativa 1 alcançou uma avaliação de 88,67% dos parâmetros/requisitos de projetos atendidos, sendo definida como o Partido Projetual.

10.4.1 Aprimoramentos da alternativa adotada

O partido adotado sofreu ainda alguns aprimoramentos, de forma a corrigir detalhes estrututurais, construtivos e estéticos, que inicialmente na fase de geração de alternativas passaram despercebidos. A detecção de tais problemas foi possível mediante apresentação da idéia, e troca de informações com orientador do projeto,

97


Professor Moacyr Ennes; o técnico supervisor da construção do modelo físico Paulo; e a responsavel pela Fiz de Contas, Inês Lavinas.

Dentre os princiapis aprimoramentos aplicados estão: - criação de uma estrutura interna que impeça o tombamento da peça, intervindo de forma perpendicular às peças principais que suportam as garrafas; - substituição de furos por calhas abertas para receber as garrafas, facilitando uma futura manutenção das peças e permitindo que todas as lâminas que irão suportar as garrafas tenham cortes iguais, além de distribuir sobre uma área maior a tensão exercida pelas garrafas sobre as folhas de polionda; - Arredondamento das arestas de contato com o usuário.

Após estes aprimoramentos o conjunto tomou a forma abaixo, conforme a figura 54 . As linhas principais contiuam as mesmas, com pequenas modificações.

Figura 54 – Aprimoramento da alternativa adotada (rafes e rendering inicial)

98


11 DETALHAMENTO TÉCNICO

11.1 Desenho Técnico

Nas páginas seguintes seguem os desenhos esquemáticos das vistas ortogonais, lista de itens e árvore estrutural.

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11.2 Processo de Fabricação

11.2.1 Limpeza do Material

Antes de qualquer procedimento todas as peças devem ser limpas. As garrafas PET devem ser lavadas e e colocadas para secar á sombra com boca destampada para baixo, fazendo com que não fique qualquer líquido em seu interior.

As folhas de polionda devem ser raspadas e limpas com água-raz afim de eliminar todo o vestigio do EVA ou cola em sua superfície. Logo depois deve ser proceder limpeza com pano úmido levemente emebebido com sabão, eliminando qualquer odor da água raz.

11.2.2 Corte das Peças de Polionda

No processo de fabricação o ponto mais crítico se detem no corte da folha de polionda, mais especificificamente da peça que irá servir de apoio para as garrafas, por conter muitas curvas. Para a execução do corte de forma segura e precisa destas peças, recomenda-se o uso de prancha com faca de corte, na qual já consta todo o desenho da peça e lâmina com profundidade suficiente para atravessar a lâmina de polionda. Esta prancha de corte é semelhante às utilizadas em gráficas para a execução de corte e vinco.

Outra opção para o corte das peças é o uso de tubos metal com a boca afiada em serralheria. Dessa forma, posicionado o tubo sobre a polionda em local previamente demarcado e posteriormente aplicando a força necessária para atravessa o material, o corte seria feito igualmente de forma padronizada. Para isso é necessário que o tubo tenha o diâmetro de 10 cm, conforme especifica o desenho técnico. Associado a esta técnica estaria o corte manual usando de estiletes ou serras para as linhas retas.

100


A terceira opção consiste no corte interiamente manual a partir de uma matriz a ser demarcada sobre a folha de polionda para posterior corte com estilete (para as áreas curvas) ou serra manual/automática para as areas retas.

Após o corte bruto das peças é necessário lixá-las para reduzir os contatos asperos e aredondar as áreas pontiagudas conforme especificado no desenho técnico.

11.2.2.1 Aproveitamento

As folhas de polionda disponiveis para a execução do projeto possuem as dimensões de 144 x 102 cm. Afim de obter o melhor aproveitamento do material, as peças estruturais terão a seguinte disposição de corte sobre a lâmina de polionda:

Figura 55 – Aproveitamento da lâmina de polionda.

Com essa disposição, obtem-se um aproveitamento de aproximadamente 92% da folha, sendo necessárias 3 Lâminas inteiras para a quantidade de itens mínima para montar uma peça (tendo como peças sobressalentes os itens 5, 6 e 7). Vale lembrar que o para as peças que receberão cargas (na figura x indicadas pelos 101


números 1, 2, 8 e 9) deverão sempre ter suas bases perpendiculares às nervuras da folha de polionda.

Para a construção dos modulos de garrafa pet são utilizadas no total 40 garrafas PET. Deste total, apenas 16 são usadas inteiramente. As demais são aproveitadas somente o corpo ou parte do corpo com fundo (ver Desenhos Técnicos – Lista de Itens).

11.2.3 Corte das garrafas PET

As garrafas receberão dos tipos de cortes (ver figura 56). Estas peças irão compor os pontos de união e extermidades dos módulos pet.

Figura 56 – Corte das Garrafas

Antes de ser feito o corte deve ser feita uma linha guia sobre a garrafa, garantindo que o corte seja feito de forma linear. Para iniciar o corte, deve ser feita uma incisão com o estilete sobre a linha, e proceguir o restante do corte com tesoura.

102


11.2.4 Montagem dos módulos PET

Cada módulo PET é comporto por duas garrafas inteiras e tampadas. As garrafas deverão ser encaixadas pelo fundo no anel formado pelo corpo cortado de uma garrafa (ver Desenho Técnico – Lista de Itens). Após o encaixe das duas garrafas ambas deverão receber em seu interior 10g de gelo seco (equivalente à meia tampa de garrafa) e tamapadas imediatamente, procurando fechar lacrar ao máximo a abertura. Para finalizar o modulo, encaixa-se as pontas (fundos de garrafa) até que a tampa da garrafa encoste em seu fundo.

11.3 Resíduos

As peças descartadas a partir do corte das garrafas pet e das folhas de polionda deverão ser agupadas e enviadas para o processo de reciclagem.

103


12 COMPONENTES ADIOCIONAIS

Afim de destacar o produto e reforçar sua identidade, foram desenvolvidos itens adicionais como: identidade visual, embalagem e manual do produto (especificações, montagem, manutenção e descarte).

12.1 Identidade Visual Para a peça, intitulada “LEVPET” foi desenvolvida uma identidade visual, que será aplicada nas embalagens e manual de montagem, fortalcendo e divulgando o nome do produto, com uma identidade definida.

Figura 57 – Identidade visual LEVPET

O simbolo faz referência à vista lateral da peça, onde as garrafas pode ser vistas de forma sequencial dando forma ao acento, formando a letra “L”. O nome “LEVPET” diz respeito a duas características essenciais do modelo: sua leveza (LEV) e o uso de garrafas pet em sua estrutura (PET). As cores fazem alusão à garrafa pet (predominantemente verde) e ao meio ambiente, mesclando o verde escuro com o verde limão.

104


13 CONCLUSÃO

O uso de materiais reutilizados se mostrou como matéria prima para o projeto se mostrou bastante eficaz, uma vez que estes foram analizados, definindo as suas propriedades e dimensões, permitindo a reprodução da peça a partir dos desenhos técnicos e especificações.

Quanto aos desafios encontrados, merece destaque a questão da padronização dos materiais descartados, sendo necessário determinar um formato específico de garrafa PET para que suas dimensões fossem constantes durante todo o projeto. Posteriormente há que se estudar soluções para os demais formatos mais comuns no mercado para que isso não se torne uma limitação na aquisição e uso das garrafas.

A percepção de "produto artesanal" também pode ser reduzida, pois cada elemento voi projetado com funções específicas e não somente como elementos estéticos. O cuidado com o acabamento e a preocupação com a ergonomia e conforto do usuário também agregam valor ao projeto. Soma-se a esse elementos ainda, a aplicação de uma identidade que dê uma percepção mais comercial do produto.

Outra ponto importante é a definição destino do produto ao final do seu ciclo de vida. Do contrário, ainda que utilizando materiais reutilizáveis, este seria somente mais um produto e seus componentes retornados para o lixão ou o meio ambiente de forma indevida. Neste processo, está incluso o usuário final, que através do manual e de todo o apelo ecológico do produto é orientado a descartá-lo da forma menos agressiva possivel ao meio ambiente, contribuindo também para a sua conscientização.

O uso de tecnologias rudimentares previstas para a fabricação da peça também constituiu um dos pontos críticos, de modo que as peças não deviam ser complexas demais dificultando a fabricação, visto que o publico alvo enquanto fabricante poderia apresentar baixa escolaridade, tornando-se um dos limitadores do 105


projeto. Em contra-partida tal limitação determinou a construção de uma peça de montagem simples e rápida que pode ser realizada pelo próprio usuário final em cerca de 10 minutos.

Ficam como possibilidades de viabilização da venda da peça a capacitação das pessoas que irão fabricá-la e a futura aquisição de maquinas de corte que permitam execuções mais ágeis ou detalhadas, o que também permitira a inclusão de outros itens reutilizáveis no projeto, além de estender as técnicas de fabricação à outras peças de mobiliário (mesas, camas, cadeiras, etc), conforme previsto inicialmente.

É necessário também um estudo aprofundado quanto aos custos de produção afim de determinar o preço de venda do produto, e a margem de lucro obtida a partir deste. Seria interessante também uma análise completa do ciclo de vida do produto, observando todos os insumos necessarios em sua fabricação (transporte, consumo de água e energia, etc), afim de deixar o seu processo o mais sustentável e/ou ecológico possivel.

106


14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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107


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MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

POLIONDA. Polionda Disponivel em <http://www.polionda.com.br/internas.php?pg=polionda> Acesso em 19 de out. 2011

RECICLOTECA. Passo a Passo. Disponível em <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3> Acesso em 25 ago. 2011.

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The Plastiki Expedition. Diponivel em <http://www.theplastiki.com/> Acesso em 14 set. 2011.

108


109


ANEXO 1 - MATRIZ DE DECISÃO Requisitos do Projeto

Síntese

Abordagens do Ecodesign

ALTERNATIVA 1

Parâmetro/Requisito/Abordagem

ALTERNATIVA 2

ALTERNATIVA 3

Resistência à umidade

Sim

ok

Sim

ok

Sim

ok

Tecnologias acessíveis

Sim

ok

Sim

ok

Sim

ok

Conhecimento para Fabricação

Baixo

ok

Baixo

ok

Baixo

ok

100%

100%

Modularidade

Sim

ok

Sim

Leveza/Mobilidade

Sim

ok

Não. O uso do pallet como base aumenta o peso da peça.

Conforto/Ergonomia

Sim

ok

Sim

Descarte

Facil separação dos componentes.

Reciclagem

Fabricação

Montagem

Componentes 100% recicláveis Manual. Uso de facas de corte para padronização das lâminas. Corte padronizado das garrafas com ferramentas simples. Montagem por encaixes, sendo realizada pelo usuário

ok

ok

Separação dos componentes dificultada pelas amarrações entre as garrafas Componentes 100% recicláveis

ok

Manual. Corte padronizado das garrafas com ferramentas simples.

ok

As garrafas precisam já vir unidas devido a complexidade das uniões.

100% ok

ok

ok

ok

Sim

ok

Sim

ok

Sim

ok

Separação dos componentes dificuldado pela cola entre as lâminas Componentes 100% recicláveis Manual. Uso de facas de corte para padronização das lâminas. Corte padronizado das garrafas com ferramentas simples. Montagem por encaixe.

ok

ok

ok


Uso racional dos materiais

Melhor aproveitamento das lâminas no corte, e uso de menos lâminas para estruturar a peça.

Embalagem e Transporte

Com as peças desmontadas ocupa menos espaço para transporte

ok

Utiliza uma quantidade maior de garrafas.

Utiliza uma quantidade maior de lâminas de polionda para compor o corpo/estrutura da peça

ok

Alguns compentens necessitam ja vir montados, ocupando maior espaço no transporte

As lâminas previamente coladas ocupam grande volume.

44%

66%

100%

Design por Componentes

Possui grupos de componentes reduzidos e bem delimitados

ok

Possui grupos de componentes reduzidos e bem delimitados

Redução do Material

Quantidade menor de material utilizado na fabricação

ok

Utiliza uma quantidade maior de garrafas.

Redução Dimensional

Apresenta redução somente quando desmontado

Reciclagem/Reutilização

Facilidade de separação dos componentes para a reciclagem.

Manutenção Substituição

Fácil substitução das peças que sofrem maior carga

Substituir o objeto por um serviço

Não se aplica

Não se aplica

Não se aplica

66%

33%

33%

ok

ok

A característica de multifuncionalidade permite tamanhos variados à peça A dificuldade de separação dos componentes pode desestimular a reciclagem correta. Necessita desmontagem das amarrações para a substituição das garrafas, dificultando a substituição

ok

ok

Possui grupos de componentes reduzidos e bem delimitados Utiliza uma maior quantidade de polionda para compor acento e encosto.

A colagem das peças lâminas pode inviabilizar a reciclagem.

Fácil substituição das garrafas. As lâminas necessitam ser substituidas por inteiro.

ok

ok



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