Terrorzine Nro 3 - Minicontos de terror

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TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03

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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

São Paulo, Novembro/2008

03

Ano 01. Número Circulação Gratuita

Ademir Pascale

João B. dos Santos

Paulo Noboru

No escuro salão...

O viúvo

Uma tarde e um pouco de...

Adriano Siqueira

Leonardo Brum

Rafael Jordan

Vida de escritor

O salto

Suzana

Almir Pascale

Leonardo Grasel

Renata R. Cezimbra

Lados opostos

Gruta Secreta

Cuidado com o que você...

Carla Ribeiro

Luciana Fátima

Ricardo Delfin

Olhos de fogo

Metempsicose

O reflexo da alma

Daniel Frini

Luciana Muniz

Roberlandio Pinheiro

Calibre 45

Subconsciente

Recuerdo

Diego Piovesan

Marcelo Dias Amado

Roberto Ortiz Falcón

Preparativos de Halloween

O Sono

El origen de los...

Edson Rossatto

Mario C. C. Junior

Rodrigo Araújo

Dever cumprido!

O Invasor

A tampa do caixão

Elenir Alves

Martha Argel

Sergio vel Hartman

A cabana

Oficial responsável

Acto de desagravio

Frodo Oliveira

Miguel Dorelo

Tanya Tynjälä

Mentiras

Servicio

El resucitador de estrellas

Iam Godoy

Miriam S. dos Santos

Vinícius Vieira

Plantas de carne

Do outro lado

Começando pelo olho

James Andrade

Nelson Magrini

Wilson Gorj

Palavras no vento

Reflexões solitárias

Impressão


TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03

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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Editorial

Ademir Pascale e Elenir Alves Chegamos no TerrorZine número 03 com mais 33 excelentes minicontos, novas participações, dicas de livros e uma entrevista especial comemorativa. Em quatro anos de atividades, alcancei a minha entrevista de número 100. Sim, entrevistei exatamente 100 pessoas, entre os entrevistados, grandes escritores, professores, artistas plásticos, cineastas, dramaturgos, ufólogos, filósofos, quadrinhistas, ilustradores, webmasters, circenses, editores, músicos e até um dos membros da Academia Brasileira de Letras (Moacyr Scliar, ocupante da cadeira nº 31). Aprendi muito com todos eles, e digo que não acabou por aí, pois ainda existem centenas para entrevistar, e farei isso até quando Deus permitir. Infelizmente, perdemos um amigo, o quadrinhista e autor alternativo Joacy James (1971- 2006) que, vítima de um aneurisma cerebral, faleceu com apenas 35 anos. Nossa entrevista ficará registrada para todo o sempre (www.cranik.com/entrevista10.html), suas ilustrações, idem. Esta entrevista marcou muito, pois foi através dela que me tornei amigo de Joacy James, tanto em parcerias culturais como em conversas diárias via e-mail. Quando percebi que ele parou de enviar suas rotineiras mensagens, fui atrás e descobri que já tinha falecido. Hoje, alguns dos seus sites ainda permanecem no ar, e por incrível que pareça, até a sua página no orkut. Alguns desavisados ainda tentam entrar em contato com ele, outros tentam adicioná-lo como amigo. Nostalgia: Com três anos de idade, fui incentivado por minha mãe (in memoriam) na criação de uma história em quadrinhos, sendo que a única personagem não apresentava narrativa alguma. Sua cabeça, olhos, nariz e boca, arredondadas, eram completamente desproporcionais ao pequenino e magro corpo. Já na literatura, fui influenciado com apenas quatro anos (1980) por meu pai (in memoriam) com seus incríveis “causos”, sempre salpicados com lobisomens, bruxas, fantasmas, caboclos d’água e outros seres sobrenaturais. Lembro até hoje quando eu e meus irmãos sentávamos ao seu lado, muitas vezes no chão do seu quarto, para ouvir as suas histórias. Com seis anos já lia a coleção enciclopédia Conhecer e HQs, como Conan – O Bárbaro e Heróis da TV, e antes dos dez, era incompreendido pelos professores da escola municipal onde estudava, pois não


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves escrevia ou desenhava nos mesmos padrões dos outros garotos. Lembro que, aos onze anos, minha professora me deixou deveras encabulado: plantou-me na frente dos outros alunos, e fui obrigado a contar uma história que criei, intitulada Mar de Sangue. A história era sobre um soldado que na guerra tinha perdido as pernas em uma explosão, e que devido ao tempo sem tratamento no meio da selva, os vermes começaram a se alimentar de sua carne. A morte seria o seu único alívio, algo que conseguiu com sucesso no último parágrafo, quando que do alto, avistou seu ensangüentado corpo no chão completamente inerte. Ao final da leitura, os pálidos e extasiados alunos me olhavam assustados. A professora me perguntou pela segunda vez se eu era realmente aluno daquela escola, pois os enredos que criava eram completamente diferentes dos demais, mas, agradando ou não os assustados alunos, ganhei um dez da professora. Mas, foi somente em 2004 que comecei a divulgar mais as minhas idéias, e isso, agradeço a nossa querida internet. Conheci inúmeras pessoas através dela, e hoje mantenho contato com praticamente todas, e é por isso que ministro aulas de introdução ao LINUX para uma comunidade carente da região de São Paulo. Sei muito bem da importância da inclusão digital, e fiquei muito bravo quando alguém tentou barrar isso. A idéia era exigir que em cada acesso, o usuário teria que se identificar com o número do RG e CPF. A liberdade de expressão não mais existiria. Fiz uma extensa carta que foi parar nas mãos do jornalista Gilberto Dimenstein da Folha de São Paulo. Enfim, ele publicou a carta em seu site oficial, deixando a mesma exposta por mais de trinta dias. No fim, a idéia foi abolida, pois além de mim, nenhum jornalista ou profissional da internet aprovou. Num tom lastimoso, recordo de algumas passagens da minha vida, mas comemoro por continuar seguindo o sonho de criar e criar cada vez mais, sendo que neste caminho, muitas estradas poderiam ter me desviado. Aguardaremos vocês no próximo TerrorZine. Para participar com o seu miniconto, acesse: www.cranik.com/terrorzine.html. Eu e minha esposa Elenir Alves, organizadora do zine e também colega de trabalho, desejamos uma excelente leitura. Ademir Pascale e Elenir Alves Editores e Organizadores

Foto: Ademir Pascale e Elenir Alves Local: Casa das Rosas (Av. Paulista) Para saber mais sobre Joacy James, acesse: www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1372-1.pdf

Dicas, opiniões, etc., entre em contato: cranik@cranik.com. Teremos prazer em respondê-los.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Índice Ademir Pascale Adriano Siqueira Almir Pascale Carla Ribeiro Daniel Frini Diego Piovesan Edson Rossatto Elenir Alves Frodo Oliveira Iam Godoy James Andrade João Batista dos Santos Leonardo Brum Leonardo Grasel Luciana Fátima Luciana Muniz Marcelo Dias Amado Mario Carlos C. Junior Martha Argel Miguel Dorelo Miriam S. dos Santos Nelson Magrini Paulo Noboru Rafael Jordan Renata Rosa Cezimbra Ricardo Delfin Roberlandio A. Pinheiro Roberto C. Ortiz Falcón Rodrigo Araújo Sergio Gaut vel Hartman Tanya Tynjälä Vinícius Vieira Wilson Gorj Entrevista Livros TerrorZine nº 04

(Frei Joseph)............................................................. (Vida de escritor)....................................................... (Lados opostos)......................................................... (Olhos de fogo)........................................................... (Calibre 45)..................................................................... (Preparativos de Halloween)........................................... (Dever cumprido!)........................................................... (A cabana)........................................................................ (Mentiras)......................................................................... (Plantas de carne)............................................................. (Palavras no vento).......................................................... (O viúvo).......................................................................... (O salto) .......................................................................... (Gruta secreta).................................................................. (Metempsicose)................................................................ (Subconsciente)................................................................ (O sono)........................................................................... (O Invasor)....................................................................... (Oficial responsável)........................................................ (Servicio)......................................................................... (Do outro lado)................................................................. (Reflexões solitárias)....................................................... (Uma tarde e um pouco de medo)................................... (Suzana)........................................................................... (Cuidado com o que você deseja).................................... (O reflexo da alma).......................................................... (Recuerdo)....................................................................... (El origen de los fundamentos)....................................... (A tampa do caixão)........................................................ (Acto de desagravio)........................................................ (El resucitador de estrellas).............................................. (Começando pelo olho).................................................... (Impressão)...................................................................... (Entrevista comemorativa com André Carneiro)............. (Dicas de livros)............................................................... (Saiba como participar do próximo TerrorZine)..............

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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Frei Joseph Ademir Pascale

O

s rumores de que o frei Joseph falecera era algo vago e incerto, mas curioso

que sou, visitei sua igreja e, temeroso, procurei pelos sinais da morte, mas ao contrário, encontrei vida em um corvo que fazia questão de me vigiar, até que algo estremeceu minh'alma; ruídos no porão da antiga biblioteca Franciscana que mais se assemelhavam aos dos roedores, mas, no meio dos ruídos, uma medonha voz se fez viva. Corri até próximo do porão, e com certo esforço, levantei o pesado alçapão de madeira. Um forte odor de enxofre invadiu o local, espantando o estranho corvo e deixando minhas narinas deveras irritadas, mas nada se comparava a nova aparência daquele que já fora um pacato e mortal frade: pálido como a cera de uma vela e possuidor de aquosos e vitrificados olhos e de poderosos e pontiagudos caninos. Sim, os rumores eram verdadeiros, frei Joseph já não está mais entre nós...

Ademir Pascale: Lingüista, crítico de cinema, ativista cultural, escritor, professor de informática (LINUX), idealizador do projeto de inclusão social “Vá ao cinema” e do zine TerrorZine – Minicontos de Terror. Administrador do portal Cranik (www.cranik.com) e dos sites (www.oentrevistador.com.br) e (www.divulgalivros.org) é autor do áudio-livro Cinema – Despertando seu olhar crítico. Já publicou seus contos em diversas antologias e está com um romance no prelo. Contato com o autor: ademir@cranik.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Vida de escritor Adriano Siqueira

- Í

ris, passava a noite escrevendo os contos de terror em sua mesinha do

quarto. O Fogo da vela que estava na mesa, dançava com o vento que vinha da janela. A tinta acabou. O vento ficou mais forte, A janela começou a bater. Íris fez o sinal da cruz, se levantou e andou pela casa. Encontrou seu marido jogado ao chão com um machado enfiado nas suas costas. Íris olhou por algum tempo e preocupada, caminhou até o corpo. Ela começou a examinar o corpo, e quanto mais o mexia mais ficava preocupada. Até que finalmente encontrou uma pequena poça de sangue. Respirou aliviada, ela sorri. Pega a sua caneta tinteiro e a carrega com o sangue do seu marido. Logo em seguida dá um beijo no rosto dele e volta para sua mesinha para continuar a escrever os seus contos de terror. Até a tinta acabar...

Adriano Siqueira: é um dos escritores do livro "Amor Vampiro" e criador do fanzine "Adorável Noite" sobre contos de terror e vampiros, que é distribuído em várias casas noturnas e eventos sobre ficção. Faz palestra sobre vampiros e escreve para vários sites sobre o tema. Contato com o autor: Siqueira.Adriano@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Lados opostos Almir Pascale

E

ra tarde da noite quando cheguei ao prédio onde moro e, o encontrei sem

energia elétrica. Iniciei então a subida da escada e, logo após, encontrei sentada em um degrau, uma jovem e belíssima loira, de vestidinho preto e maravilhosas pernas. Ao me ver, a loira sorriu e disse: “Gostaria de viver para sempre ao meu lado?” Surpreso com a pergunta, respondi: “Poderia repetir?” Aceite viver eternamente ao meu lado, me dê sua mão e, iremos para meu lar! Neste momento, uma senhora muito idosa, trajando um vestido branco e um xale azul claro, surgiu ao meu lado: meu filho, me dê sua mão, preciso de sua ajuda! Certamente – respondi! A loira, retrucou: me trocará por esta velha? Vamos, me dê sua mão! Auxiliarei esta senhora até seu apartamento e, logo retornarei – respondi. À seguir, segurei a mão da idosa – senti uma imensa sensação de paz. Contrariada, a loira se ergueu furiosa e desapareceu deixando um rastro de fumaça negra e fétida. Atônito, olhei para a velha senhora que, sorriu e disse: “Obrigada por me ajudar à ajudá-lo!” À seguir, também sumiu, deixando um suave perfume de rosas.

Almir Pascale: São Paulo, 1968, de origem européia (Itália) por parte de mãe, é formado em Gestão Financeira, escritor, participou da Antologia Anno Domini pela editora Andross, e da Antologia Contos Fantásticos 12° volume pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores; autor do miniconto “O Velho Casebre” publicado no TerrorZine nº 01; ativista cultural e colaborador do Portal Cultural Cranik. (www.Cranik.com). Contato com o autor: almir_pascale@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Olhos de fogo Carla Ribeiro

O

fogo dorme nas asas do dragão, como num beijo de Inferno. E ela vê o seu

olhar dentro de si, sorrindo como nas trevas de um cântico adormecido. Sente-o a avançar na sua direcção, lentamente, derramando cinzas à sua passagem, consumindo a menor partícula capaz de se opor à sua busca. E, depois, encontra-a, perdida nos labirintos da sua obscura prisão, ferida e vulnerável, pronta para o alimentar. E desce, no voo mortal das suas asas de obscuridade, incendiando os caminhos do seu desejo para saciar a sua fome.

Carla Ribeiro: estudante de Medicina Veterinária, nasceu em Portugal a 20 de Julho de 1986. Premiada em vários concursos literários, publicou em diversas antologias. Publicou, além disso, os livros “Estrela sem Norte”, “Alma de Fogo”, “Canto de Eternidade”, “Herdeiros de Arasen, vol. I”, “Herdeiros de Arasen, vol. II” , “O Deus Maldito” e “Alma Abandonada”. Contacto com a autora: carianmoonlight@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Calibre 45 Daniel Frini

A

ntes de llegar a la esquina, supo que sin dudas algo lo había alcanzado un poco

más abajo de los hombros y casi al centro de su espalda. Sin embargo, esta certeza no lo asustó tanto como el estampido que le llegó desde atrás unos segundos después de haber sentido el impacto de la bala. Sólo con el envión que traía de su carrera alocada, llegó hasta el cartel azul en el que leyó, apenas de soslayo, "...rmiento 400-500", y se aferró a él con la certeza de que era el último sostén del cual tomarse. Las piernas se le aflojaron y prestó especial atención a cuánto esfuerzo le demandaba quedar de pie. No pensó en su familia. Ni siquiera en la razón de la absurda venganza de la cual le provino la muerte. Sólo pensó: "la pucha, si caigo, ese charquito del piso me manchará el traje?". Dejó de ver en el agua el reflejo azul-marrón de las luces de la calle. Jamás supo de la mancha oscura en su corbata-de-seda-italiana, pero hecha en China, la misma que su viuda atesora como trofeo de guerra en la cómoda que alguna vez fuera suya, en el segundo cajón de la izquierda.

Daniel Frini: Berrotarán (Córdoba, Argentina), 1963. Ingeniero, Redactor y columnista en revistas humorísticas del interior del país. Colaboró en “Axxón”. En 2000 publicó el libro “Poemas de Adriana”. Colabora habitualmente en Químicamente Impuro; Ráfagas,Parpadeos y Breves no tan Breves. Mail del autor: dfrini@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Preparativos de Halloween Diego Piovesan

K

risten contava os dias para tirar sua fantasia de bruxa do armário, comprar

grandes abóboras para criar 'jack-lanternas' e sair correndo pelas casas da vizinhança gritando 'doces ou travessuras?'. Ano após ano a fixação da garota pela festividade só crescia. Até que em um Halloween ela conheceu Josh, um simpático garoto de olhos verde e pele branquíssima. Ela nunca quis ir a festa de jovens, onde o feriado era desculpa para usar fantasias provocativas e ter sexo fácil. Mas, após ter cancelado o convite de Josh por horas a fio, resolveu apareceu na festa para surpreender-lhe. Surpresa a dela, ao vê-lo na cama com outra. Ela pensou em como aquilo iria afetar a lembrança de todos os seus Halloweens divertidos e então arrancou a faca de cima da cabeceira, possivelmente parte da fantasia de algum garoto que esquecera ali e jogou-se contra o casal. A garota saiu correndo e Josh encarou-a. Assobiando ela passou a faca pela garganta do garoto, separando-a totalmente do corpo e foi brincando de tirar olhos e tripas da cabeça. Aquele ano ela não precisaria preocupar-se em comprar abóbora, não mais.

Diego Piovesan: estudante de Jornalismo, escreve desde quando não sabia falar quantos anos tinha sem mostrar nos dedos. Amante de música, filmes e livros de ficção. Perdido em um mundo de loucos maníacos homicidas, mas mesmo assim se diverte. Contato com o autor: diegopiovesan@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Dever cumprido! Edson Rossatto

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omou o ônibus e sentou-se à janela. Ficou a observar as pessoas nas ruas

daquela cidade americana. Chegou em casa, brincou com os filhos, jantou e foi ver tevê. - Como foi seu dia? Sorriu. - Nenhuma novidade! Voltou a assistir ao programa, sem nenhuma lembrança do cheiro de queimado insuportável da eletrocussão realizada por ele nos porões daquele presídio.

Edson Rossatto: nasceu em São Paulo, Capital, em 1978. Formado em Letras, trabalha, atualmente, como editor de livros, além de ser professor, palestrante e roteirista de HQ. Publicou anteriormente os livros Mansão Klaus e outras histórias e Curta-metragem, além de ter organizado várias antologias literárias. Mantém o blog http://edsonrossatto.blogspot.com. Contato com o autor: edson@andross.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A cabana Elenir Alves

R

enato tem 19 anos e Lucas 18, os dois se conheceram na infância. Num

determinado dia, Lucas convidou Renato para acampar na floresta codinome “INVASION”. Seus pais já haviam lhes contado que nesta floresta tem uma cabana assombrada e cheia de armadilhas, e que há 20 anos uma família foi morta e esquartejada por seres totalmente desconhecidos. Mesmo sabendo do caso os jovens não hesitaram, disseram aos seus pais que o perigo fazia parte da adrenalina que eles sentiam ao freqüentar lugares estranhos e assombrados. Três dias depois, lá estavam os amigos acampando na floresta, quando resolveram visitar o local do crime. Ao chegar nas proximidades da cabana perceberam uma placa enorme de aviso “PERIGO NÃO ENTRE”. Renato sentira uma sensação estranha e pediu ao amigo que fossem embora dali, mas Lucas ignorou o aviso e resolveu entrar, deixando seu parceiro do lado de fora. Em questão de segundos, Renato ouviu um barulho muito estranho, olhou em direção a porta e viu pedaços de corpos sendo arremessados numa velocidade extrema de dentro para fora da cabana. Intacto, apenas um grito agudo saiu da garganta de Renato: “Nããão...” E o desejo de diversão se tornou na mais bruta realidade...

Elenir Alves: publicitária e escritora. Colabora regularmente com a revista Caderno Literário da editora Pragmatha, trabalhou 10 anos na área de R.H e trabalha atualmente na assessoria de imprensa do portal Cranik (www.cranik.com), além de organizadora e co-editora do zine TerrorZine – Minicontos de Terror. Contato com a autora: elenir@cranik.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Mentiras Frodo Oliveira

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á alguns anos, fui a uma festa no meio da semana, e no dia seguinte perdi a

hora de ir trabalhar. Para não ter o meu salário descontado, inventei que o meu pai havia falecido. Algum tempo depois, a mentira transformou-se em realidade, mas eu já não podia usar a mesma desculpa para ir ao enterro do meu próprio pai. Matei então a minha mãe. Para o meu desespero, aconteceu novamente. Hoje, sei que devo falar a verdade. Eu não quero que mais ninguém seja vítima das minhas mentiras... Mentira é só uma verdade que ainda não aconteceu.

Frodo Oliveira: é o pseudônimo de Frodovino Lemos de Oliveira, nascido em Recife/PE em 30/12/67 e residente há mais de vinte anos no Rio de Janeiro. Comerciário e acadêmico de Letras da Faculdade Simonsen, participou das antologias Noctâmbulos (2007), Caminhos do Medo (2008) e publicou o livro Extrema Perfeição (2008). Atualmente finaliza o segundo livro, A torre negra. Contato com o autor: frodooliveira@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Plantas de carne Iam Godoy

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ão se sabia desde quando ou por quê eles estavam ali. Estáticos...

Nem o sol ou a chuva ou qualquer outra intempérie abalava a sua determinação. Poças de carne liquefeita formavam-se aos seus pés e uma revoada ensandecida de moscas formavam um cortejo negro e barulhento. A cidade estava em polvorosa. Será que estava acontecendo em outras partes do mundo? Seria ali que se iniciaria aquele capítulo macabro do Livro Sagrado onde dita-se que no Armageddon, os mortos se levantariam para disputar com os impuros o seu lugar rente ao Criador? Ninguém poderia responder aquela questão e a sociedade como a conhecíamos já não existia. Eles já somavam aos milhares e, acumulados como dejetos, aguardavam uma espécie de ordem final onde suas bocas descarnadas se banqueteariam com a carne fresca dos vivos. Mas no momento estavam parados...imóveis como plantas de carne, balanceando à favor do tempo.

Iam Godoy: desenhista, contista e redator do e-zine FUN HOUSE. Juntamente com R.Raven fundou o projeto Ravens House Brasil, que visa a divulgação de trabalhos alternativos do underground em geral. Contato com o autor grendel.2333@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Palavras no vento James Andrade

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úti, com dificuldade, restabeleceu o equilíbrio; aproveitou e acelerou ainda

mais; pouco ajudou. A velha CG125 já estava dando o máximo. “Na güela” – dizia. Estava atrasado, sempre; por isso ia à “toda”. Entregava gás e água; no momento só gás, 4 butijões; cheios. Fez isso a vida toda; daí o apelido. Era um jovem-velho. Pobre é assim; amadurece rápido. Apodrece com a mesma rapidez. Fazer o quê? É a vida. Ele não liga, talvez por não saber que seja assim; ultimamente liga ainda menos. A Nena morreu. Dez dias atrás; num comício que terminou em tiroteio. No São Marcos, quase tudo acaba em tiro; vidas principalmente. Está triste, mesmo assim trabalha. Sem descanso. Para esquecer. Na ladeira tenta recuperar o atraso. O vento invade o capacete com a viseira quebrada; gosta da sensação. Parece estar livre. Voando. - Marcelo... – a voz; nítida, chamou seu nome, o de verdade. Sua pulsação disparou. Conhecia aquela voz. Muito. De sussurros úmidos. Inesquecíveis. Nena. Uma lágrima se formou. Um piscar para que ela rolasse. Não viu o carro que parou abruptamente. Nem ouviu a explosão. Só o vento.

James Andrade: nascido em 25 de julho de 1967; é paranaense de nascimento e paulistano de coração. Com seu livro de estréia “Getsêmani, a verdade oculta”, trilhou os tortuosos caminhos da conspiração e do mistério. Participa, junto com outros autores, do Fontes da Ficção (www.fontesdaficcao.com). Contato com o autor: andrade.james@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O viúvo João Batista dos Santos

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onhou que estava morto.

Cheio de horror, em vão tentou acordar. Não sabia se estava na cama ou no jazigo da família, ao lado da mulher.

João Batista dos Santos: nascido em 1956, é de Londrina/PR, escreve desde criança nos gêneros poesia, contos e humor. Ganhou diversos concursos como poeta e contista. De 1999 a 2001 editou o Jornal Leco e o Surucucu Zine, contendo textos seus e de convidados. Contato com o autor: joaodosssantos@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O salto Leonardo Brum

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EU DEUS eu fiz isso eu posso morrer o que vai ser de mim sinto frio todo

mundo olhando tenho que fazer bem feito a água lá embaixo e se eu cair de mal jeito meu Deus estou caindo mais rápido e se eu bater lá no fundo fratura exposta sangue dor que loucura a água que não chega nunca fiz isso nunca devia ter feito isso a água que não chega e se tiver uma pedra lá embaixo vou quebrar a cabeça dor muito sangue água escura estou mais rápido e se der cãibra a água chegando e agora é agora vem chegando que loucura vou fechar os olhos boca fechada tampar o nariz socorro eles não podem fazer nada vou morrer socorro adeus... -- Ele pulou! – alguém gritou. Então o suspense. Da escuridão das águas chegam espumas que se esparramam sobre a superfície. Depois aparece uma mão. Duas. Um rosto. Uma boca em busca de ar. -- Muito bem! – gritaram todos, batendo palmas. Ao que respondeu, recuperando o fôlego: -- Foi muito fácil. Eu sabia que ia conseguir!

Leonardo Brum: tem 35 anos e é mineiro de Belo Horizonte, e estréia este mês de novembro com o lançamento de sua obra de suspense "Um Mundo Perfeito", publicada pela Editora Novo Século. Reside no Rio de Janeiro e, nas horas vagas, vem dedicando-se à conclusão do segundo livro. Visite o site do autor: www.leonardobrum.com.br. Contato com o autor: leonardobrum.rj@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Gruta secreta Leonardo Grasel

O

tacílio explorava as galerias subterrâneas de uma caverna situada numa

cidadezinha do interior de Minas Gerais. Não havia indicações da mesma em seu mapa, mas tal fato não o incomodava. Julgava ser comum a regiões esquecidas como aquela a incompletude das indicações geográficas. Perambulava a esmo por um semi-denso matagal que ladeava uma construção embargada, quando divisou a entrada em arco de uma gruta escura, profunda, misteriosa. Meteu o capacetelanterna na sua cabeça e seguiu em frente, disposto a levantar dados sobre a constituição mineral de rochas que viesse a coletar. De início, o homem seguiu por um longo corredor, permeado por estalactites e estalagmites que pareciam crepitar no silêncio. Sentindo o ar arrefecer, ele rumou por uma íngreme descida que, a cada momento, tornava-se mais estreita. Cerca de cem metros adiante, Otacílio adentrou numa cripta totalmente escura. Súbito, a lanterna de seu capacete desatou a bruxulear um laranja opaco, até que se apagou por completo. Um rugido terrível explodiu no mesmo instante. Petrificado, ele viu um ser disforme, repugnante, devasso, cintilar ao seu lado, recortando o denso negror.

Leonardo Grasel: estudante de Direito pela UFSC, nascido em Florianópolis, em 1982, já publicou um conto na antologia “Caminhos do Medo” da Andross Editora. Outros contos desse autor podem ser visualizados no sítio www.recantodasletras.com.br, onde ele encontra-se sob o mesmo pseudônimo. Contato com o autor: leonardogdf@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Metempsicose Luciana Fátima

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or que aquela inscrição chamava-lhe tanto a atenção? As letras traçadas ali há

mais de um século mexiam de tal maneira com seus sentimentos que cada vez que as lia sentia imensa vontade de desabar em prantos. Um dia, recebeu a notícia da herança inesperada de uma tetravó da qual nem tinha conhecimento da existência. E foi remexendo as coisas abandonadas da falecida que pôde levantar o véu que cobria os olhos de seu passado remoto. O bilhete muito bem dobradinho e escondido sob um pó ancestral era o convite do amado, com a mesma inscrição que estava naquele túmulo tantas vezes admirado: “Quanto te quis!... Que estranho laço fez de nós dois quase um só... Tive em vida o teu regaço. Morto, quero o meu pó junto ao teu pó. Vem! Vamos! Almas trêmulas e unidas... Ainda na morte confundidas, dentro das trevas derradeiras!”

Luciana Fátima: nasceu em São Paulo, no inverno de 1975. Graduada em Produção Editorial, pós-graduada em Língua Portuguesa & Literatura e mestranda em Comunicação. É fotógrafa e escritora. Já publicou contos em várias antologias e em sites literários. Contato com a autora: lucianafatima@uol.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Subconsciente Luciana Muniz

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e repente estava diante dela: uma enorme serpente, com escamas brilhantes e

olhos flamejantes. Seu primeiro impulso foi o de correr para bem longe daquele ser que lhe inspirava tanto medo. Suas pernas ainda tremiam com aquela visão aterradora, quando percebeu que ela preparava o bote, mas não em sua direção. A criatura planejava atacar uma criança que inocentemente sorria para o perigo à sua frente. Dali em diante sentiu pesar na alma o mais terrível dos dilemas: enfrentava seu medo e salvava a criança ou fugia, sendo eternamente perseguido pela culpa da omissão? Em meio à agonia sentiu o coração batendo acelerado dentro do peito, querendo uma solução. O rastejante de sangue frio não o aguardou e atacou sua presa. Foi quando ele acordou.

Luciana Muniz: Analista de Sistemas, graduada em Sistemas de Informação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e como escritora participou de duas antologias: Soltando o Verbo (2006) e Vampirus Brasil: Sedução, Fascínio e Traição (2008). Contato com a autora: lumunizf@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Sono Sono Marcelo Dias Amado

T

enho vontade de escrever, mas o sono tomou conta de mim. Não consigo

raciocinar direito e meus olhos vão fechando e lutando contra a sonolência, que beira o ridículo. Com o notebook no colo, pernas dobradas para apoiá-lo e a cabeça mal acomodada do travesseiro, causando um incômodo no pescoço. Mas eu preciso escrever. É meu último suspiro, minha última vontade. São minhas últimas palavras. O sono veio de forma incomum e sei muito bem o que me espera. Já matei uma personagem dessa forma... talvez duas. Agora meus olhos pesam e não consigo mais ver as teclas... Ainda assim insisto, porque esse é meu único legado. Minhas palavras, minhas idéias, meus pesadelos. Minha mão esquerda já não acerta as teclas. Digito apenas com a direita. Agora já não sinto minhas pernas e vejo o notebook escorreg...

M. D. Amado: é analista de sistemas e programador, mineiro de Belo Horizonte, 39 anos. Começou a escrever contos, em seu site Estronho e Esquésito, onde abre espaço para novos escritores. Teve um conto publicado no livro Necrópole Vol 2 – Histórias de Fantasmas e vários contos espalhados em sites da internet. Atualmente trabalhando no projeto de um livro de contos de sua autoria.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Invasor Mario Carlos Carneiro Junior

J

orge sentiu a pancada no pescoço assim que entrou em casa, quando ia acender

a luz. Rodopiou pelo ar, o tempo se esticando de maneira delirante. Dentre as várias coisas que passaram por sua mente aterrorizada, imaginou qual seria a força necessária para fazer seus 85 quilos voarem com aquela desenvoltura. Embora a dor tivesse sido intensa no primeiro instante, já havia desaparecido antes dele atingir o chão. Rodou alguns metros pelo assoalho até bater na parede. Tentou levantar para fugir do invasor que havia atacado pelas costas, no entanto estava paralisado, não sentia mais o corpo. Será que o golpe tinha sido intenso o suficiente para deixá-lo tetraplégico? A lâmpada foi ligada. A vítima caíra de frente para a porta, então conseguiu ver seu agressor: era o marido da doce Ângela, sorrindo vingativamente enquanto segurava um machado ensangüentado. Antes do resíduo de vida finalmente se esvair do cérebro, Jorge viu seu corpo decapitado caído aos pés do assassino.

Mario Carlos Carneiro Junior: Formado em Direito e Medicina Veterinária, têm quatro contos publicados na Scarium Megazine e outras histórias em sites e fanzines. Continua lutando com seu livro ainda não publicado, mas um dia ele consegue. Contato com o autor: spinossauro@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Oficial responsável Martha Argel

–C

oronel, senhor...

– Fale, Major. – Senhor, esses crimes aqui no quartel... os soldados que aparecem mortos... – O que há com eles, Major? – Os ferimentos no pescoço, os corpos dessangrados... O senhor pode achar que fiquei louco, mas creio que o responsável é... um vampiro! O Major não teve como se defender. O Coronel agarrou-o, rasgou com as presas seu pescoço e, enquanto o rubro sangue jorrava, empapando uniformes antes imaculados, tranqüilizou-o. – Não, Major, não acho que tenha ficado louco!

Martha Argel: é bióloga e escritora. Junto com Humberto Moura Neto, traduziu e organizou O Vampiro Antes de Drácula (Editora Aleph), antologia com 12 contos vampíricos do século XIX, que também traz um estudo sobre a evolução do mito até o surgimento de Drácula, de Bram Stoker. Site: www.marthaargel.com. Lista de notícias: http://br.groups.yahoo.com/group/MarthaArgel.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Servicio Miguel Dorelo

L

o bueno de mi trabajo está, sobre todo, en la satisfacción de saber que estoy

colaborando con designios más allá de la comprensión de la mayoría de los mortales Seguramente, no se comprendan los motivos, pero sé que he sido designado para realizar esta tarea y no soy quién para negarme. No es difícil y creo ser la persona adecuada. —Antes de que cumplan un año —fueron las instrucciones recibidas. Me explicaron que luego de ese tiempo, ya no era posible; que el íncubo sería reemplazado automáticamente. Por suerte, son muy frágiles, solo tengo que apretar; mis manos rodean el pequeño cuello, mientras mis pulgares se hunden lentamente, no sin cierto placer, lo admito, hasta notar que todo atisbo de vida ha abandonado el cuerpecito. Quizás ha algunos les resulte horroroso el pequeño inconveniente que de algún modo atentan contra el perfecto cumplimiento de mi tarea, pero ya vendrá el tiempo en que pueda diferenciarlos mejor y no tenga la necesidad de eliminar a algún inocente. ¡Qué hermoso niño, señora! ¿Cuántos meses tiene?

Miguel Angel Dorelo: Florida, provincia de Buenos aires, 16 de Septiembre de 1959. Radicado en Pergamino, argentina. Miembro de taller 7 de Sergio Gaut vel Hartman. Textos publicados en formato digital en Quimicamente Impuro, Breves no tan breves, Ráfagas y parpadeos y en Los que abandonan Omelas. Mail del autor: mdorelo@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Do outro lado Miriam Santiago dos Santos

C

aminho tranqüilamente por ruas desertas. O silêncio e a escuridão refletem um

mundo a ser desvendado. Penso em minha solidão! Que frescor tem as madrugadas de outono. Epa... Quanta gente correndo em minha direção. Surgiram do nada! São milhares e feios. Rostos sisudos, sujos, tenebrosos! Estão me apontando! Corro pelas ruas, olho para trás, mas eles continuam a me seguir e a gritar! Corto caminho... Parece que os despistei. Avisto o prédio onde moro. Subo os três andares correndo e com o coração a milhão; não paro de tremer e de imaginar aqueles seres horrendos. Do corredor escuto o despertador me chamando. Isso me deixa aliviada e as batidas fortes em meu peito vão voltando ao normal. Entro em casa e caminho até meu quarto. Ao me aproximar do relógio vejo alguém deitada em minha cama... O coração se acelera novamente. Dou a volta e me deparo com meu rosto pálido e triste. O corpo, sem vida. Ao lado dele, um frasco vazio de remédios para dormir.

Miriam Santiago dos Santos: é jornalista e trabalha em Assessoria de Comunicação. Está cursando Letras na Universidade Metodista. Participou de duas antologias: “Livro Negro dos Vampiros”, Andross Editora, 2007 e “A Mulher Japonesa Imigrante”, 2008, ainda não editado. Contato com a autora: mirianmorganuns@hotmail.com / miriansssantos@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Reflexões solitárias Nelson Magrini

N

ada se movia, porém, o barulho era insuportável. Um roçar que começara ao

longe e com o tempo, se aproximara e agora, parecia estar ao meu lado, vindo de toda a parte. A imagem de algo raspando à minha volta, querendo entrar, me veio à mente, mas entrar onde? E o que raspava? E apesar de tudo, este era o menor de meus problemas. A escuridão era de tal monta que não era possível se ver nada. O ar, carregado e abafado, recheado de por um cheiro acre, permeava o ambiente, tornando-o claustrofóbico e assustador, e ainda assim, aquele não era o maior de meus problemas. A questão era a imobilidade. Estava paralisado, não conseguindo me mexer um centímetro, sequer. O desespero e a agonia eram avassaladores, e me consumiam a razão e a vontade, em uma tortura sem fim, que eu só podia torcer para que findasse. E assim fiquei, por horas, dias, meses, até perder a conta, quando por fim, resignado, me pus a dormir e por fim, descansei em paz.

Nelson Magrini: é engenheiro mecânico e um apaixonado em Física e Mecânica Quântica. Passou a escrever a partir do ano 2000, tendo publicado ANJO A Face do Mal (2004), Relâmpagos de Sangue (2006), e o conto Isabella, na coletânea Amor Vampiro (2008). Seu mais recente livro, Os Guardiões do Tempo, se encontra no prelo. Contato com o autor: nelson_magrini@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Uma tarde e um pouco de medo Paulo Noboru

E

la tinha acabado de abrir seus olhos. Se encontrava sentada em um banco na

frente de sua antiga escola. O dia estava nublado. Aqueles dias estavam estranho para ela, seus sonhos menos aterrorizantes do que antes, como se toda aquela essência maléfica de seus sonhos tivesse saído dela. Ela tentava não pensar nisso, suspirou, mas logo se alertou ao perceber que uma mulher tinha se sentado ao seu lado. Cabelos longos, loiros e soltos, parecia linda. Ela tinha vontade de conversar com a mulher, perguntar como estava sua vida, se estava apaixonada. Respirou fundo e virou para a moça. Viu aquele rosto. Vazio, não tinham olhos apenas cavidades negras perdidas nos pesadelos dela, dentes a mostra com aquele sorriso ali mesmo. A criatura chegou perto e disse bem baixinho em seu ouvido: “Já pensou no tamanho da maldade que tem dentro de você?”. Ela fechou os olhos e, ao abrir de novo, viu que estava no mesmo parque de antes e que não tinha nenhuma criatura perto dela, só um pouco de sangue, uma faca e aquele garoto que brincava na gangorra morto ao seu lado.

Paulo Noboru: musico, professor, jovem, perdido em sua imaginação que mistura ambientes sobrenaturais e paixões infinitas. Atraído pela beleza que vê nos casais apaixonados e nos cenários obscuros, que envolvem espiritualismo, tem um fascínio por espíritos. Contato com o autor: pkawanishi@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Suzana Rafael Jordan

O

brilho prateado da lua se refletia em seus olhos assim como eram refletidos os

dizeres talhados da lápide: “Descanse em paz, Suzana”. Era de se admirar que tão poucas palavras lhe causassem tamanha angústia, e indescritivelmente, causavamlhe medo. Uma brisa gelada soprou e um som peculiar passou a ser ouvido. O gramado defronte à lápide se contorcia, embora o vento frio já houvesse passado levando consigo toda coragem que ainda restava ao rapaz. Eis que das profundezas da terra surge um braço ansioso para conter algo em sua mão putrefada. Em um movimento extremamente rápido a garota se ergueu das profundezas e já se encontrava inteiramente sobre a superfície do cemitério. Suas degradadas vestes brancas e sua pele igualmente branca contrastavam com seus longos cabelos pretos caídos sobre o rosto, impossibilitando que seus olhos fossem vistos. Ela estendeu as mãos para o rapaz que jazia petrificado pelo medo. Enquanto isso, eu assistia à horrível cena escondido atrás de uma árvore.

Rafael Jordan: nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1992. Terá sua primeira publicação impressa na antologia a ser lançada em Dezembro: Réquiem para o Natal – Contos de Terror de Natal, da Andross Editora. Contato com o autor: jordancampos@uol.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Cuidado com o que você deseja Renata Rosa Cezimbra

- B

oneca do diabo! - gritava Arnold sempre que via a loiríssima Ulla, a

cheerlader que comandava a torcida de sua escola, pois a detestava como o diabo a cruz, pois ela era fofoqueira, além de cruel com os amigos que tanto ele amava, o que o deixava louco, tão louco que ele desejava que ela virasse a linda boneca que tanto achava que era. Porém, ele esquecia uma coisa: qualquer coisa que ele desejava ele tinha e naquele dia todos comentavam que Ulla não havia aparecido e quando as amigas foram buscá-la, encontraram-na sentada e congelada sobre a cama, com os olhos vidrados, a pele plastificada e os cabelos em fiapos, em suma, uma boneca em tamanho natural. Cora disse olhando o neto que chegava em casa apavorado: - Eu já soube Arnold, por isso sempre te digo: cuidado com o que você deseja, porque no seu caso sempre acontece e pior, da forma mais sinistra possível. Ele sabia o que aquilo significava: mais um dos seus terríveis pesadelos, aonde mais uma vítima viria cobrar dele uma explicação.

Renata Rosa Cezimbra: natural de Porto Alegre, nasceu em 1988 e cursa Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e seus contos trazem personagens históricos ou criações estranhas como um vampiro romeno geneticamente modificado ou um fisiculturista austríaco de mente brilhante, porém muitas vezes perigosa e incontrolável.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O reflexo da alma Ricardo Delfin

E

spelho d'alma são os olhos. A ti, ofereci a minha. Em amargura suportei a

recusa tua. Agora, guardo selado a chaves o reflexo d'anima tua. Pela Eternidade.

Ricardo Delfin: publicou contos nas antologias O Livro Negro dos Vampiros, Anno Domini – Manuscritos Medievais e Caminhos do Medo. Todas da Editora Andross. Escreve sobre Cinema no site www.cranik.com. Contato com o autor: rick.delfin@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Recuerdo Roberlandio A. Pinheiro

E

le retirou cuidadosamente o pesado quadro da parede. Uma fina camada de

poeira cobria o rosto jovem, em cujas tintas se via preservada a beleza de anos já perdidos entre as entranhas do tempo. Aquela pintura era, talvez, a mais bela de suas antigas lembranças, traços aquarelados que lhe recordavam aquele amor que se foi... Amor triste, vil. Amor traído. Quiçá, o penúltimo resquício de sua honrosa vergonha. Ele embrulhou o grande quadro em jornais com notícias de ontem, com a calma e dedicação que a situação exigia, uma derradeira ode-reflexo aos anos dedicados (e, por desgraça sua, perdidos!) àquela que agora não passava de tinta morta jogada no lixo. Na casa, então feita de sombras, quase nada mais dela sobrara. Nem o som, nem o cheiro, nem o riso... Na verdade, o que ainda restava era um único e pequeno pedaço: o coração, prudentemente guardado nos fundos do congelador. No entanto, aquela lembrança, a última, duraria apenas até a hora do jantar.

Roberlandio A. Pinheiro: nasceu em Piquet Carneiro/CE e mudou-se para SP aos 11 anos. Apaixonado por literatura, aos 15 anos começou a escrever pequenos contos e histórias de ficção e fantasia, cuja reunião deu origem a seu primeiro romance, Lordes de Thargor, O Vale de Eldor, recentemente publicado. Para mais informações, acesse: www.lordesdethargor.com ou contato@lordesdethargor.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

El origen de los fundamentos Roberto Carlos Ortiz Falcón

E

l demonio entró en su cuerpo en forma de humano. Al principio, cuando le

salieron las primeras uñas, pensó que era una malformación genética. Pero luego fueron los cabellos, los olores y la cubierta epitelial. Jamás aceptó el hecho de ser el último de su especie. Tenía la esperanza de encontrar un igual. Y ahora, presa de aquella mutación, sabía que el demonio, usando quién sabe qué argucias, se había metido en su elemento. Juró que no lo admitiría así por así. Se arrastró hasta la cima y desde allí contempló a la orgía de sombras entrampadas en el sufrimiento. A medida que avanzaba juró que jamás dejaría de adorarse a sí mismo. Así fue como emergió, del barro, el primer hombre.

Roberto Carlos Ortiz Falcón: nací en Pasco, Perú. Soy Ingeniero de Sistemas y escritor aficionado. Participé en la Antología Ser Abuelo de Editorial Editando's. Actualmente radico en Lima y participo en el Taller 7 de Sergio Gaut vel Hartman y escribo en los blogs Químicamente Impuro y Breves no tan Breves. E-mail: robcof2001@yahoo.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A tampa do caixão Rodrigo Araújo

N

amoro: só ternuras. Um mês casados, tudo nele a irrita. O ronco, a meia usada,

o modo de mastigar, a gargalhada, os horários de comer. Ela entra no banheiro, ele na privada. – Meus deus, que nojo, não foi com você que casei. Tranca essa porta, porco! Se isso a acontecer de novo eu te largo. Juro que te largo! – Eu tranco, mas não a porta. Fecho a tampa do caixão. Não fez a barba, mas usou a navalha.

Rodrigo Araújo: Curitibano. Em 2008 publicou o e-book de microcontos intitulado “inferninho”, disponível no site Recanto das Letras. Não gosta que acentuem seu sobrenome, não cursa Letras, não ganhou nenhum concurso, não usa sapatos marrons. Contato com o autor: othenada@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Acto de desagravio Sergio Gaut vel Hartman

L

o tenía a mi merced.

—¿No sabías que esto ocurriría, tarde o temprano? ¿Tu ciencia infalible te abandonó? Dos lágrimas como gotas de aceite rodaron por sus mejillas. —¡No, por favor! —suplicó—, no me haga nada. Desenfundé el kriss que me había regalado Sandokan. —¿Cómo que no? ¡Por todas las porquerías que tuve que soportar! —Le pinché el pecho con la punta del arma; una flor roja decoró la camisa. —¡No! —mugió. —¡Pobre astrólogo! —hundí el kriss hasta la empuñadura. Los planetas no se movieron de sus órbitas, como si no hubiera ocurrido nada.

Sergio Gaut vel Hartman: nació en 1947 en Buenos Aires, Argentina. Publica desde 1970 en revistas y antologías. Entre sus libros se cuentan Cuerpos descartables (relatos) y El universo de la ciencia ficción (ensayo). Dirige la revista digital Sinergia, tres blogs de minificciones y ha compilado Los universos vislumbrados 2, Grageas, Desde el Taller y Mañanas en sombras.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

El resucitador de estrellas Tanya Tynjälä

E

l Resucitador de Estrellas es un ser abominable. Vaga con aire indiferente por

las bajas esferas, guardando la oscura esperanza de encontrar una estrella herida que al caer, haya perdido su brillo. Cuando ubica a su posible víctima, se aproxima sin mirar y finge gran sorpresa al pisotearla. La recoge cuidadosamente, le quita el lodo con un sucio pañuelo de papel y escucha comprensivo sus quejas. Siempre son las mismas: en un mundo dominado por deslumbrantes luces artificiales ya no hay por quién brillar. El la consuela, le seca las lágrimas, acaricia sus aristas, le habla del amor que aún no ha muerto y que se esconde en algún lugar del alma humana y cuando la estrella resucitada recupera su luz, la utiliza cínicamente como alfiler de corbata.

Tanya Tynjälä: es una escritora de literatura fantástica peruana. Radica en Finlandia. Ha publicado los libros: “La ciudad de los nicatálopes” y “cuentos de la princesa Malva” con la editorial NORMA. En 2007 ganó el premio Francisco Garzón Céspedes en la categoría de monólogo teatral hiperbreve.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Começando pelo olho Vinícius Vieira

I

rá não conseguia desviar os olhos do pequeno gato agachado no canto da sala,

um fio de luz entrava pela veneziana semi-aberta como uma faca e cortava o escuro em uma linha que passava pelos olhos do velho deitado no chão e ia até o gato marrom. Devia ser o Luizinho, o velho não tinha mais certeza de nada. Luizinho, ou qual diabo fosse ele, mergulhou nas sombras enquanto soltava um miado. Irá ainda escutava o outro demoniozinho chafurdando em algum tipo de comida, como um leitão dos infernos. Amaldiçoou a hora, três dias atrás, que tinha resolvido trocar a Lâmpada, logo depois caído de cima da escada. Só se arrependia de ter esquecido de alimentar o Huguinho, o Zezinho e o Luizinho. Pelo menos não sentia nada do pescoço para baixo. Ma o desgraçadinho tinha que ter começado pelo olho, pensou enquanto perdia toda esperanças e Zezinho mergulhava a cabeça dentro de seu abdômen escancarado.

Vinícius Vieira: mesmo sem saber exatamente como fazer uma minibiografia quando se tem pouca experiência, o santista de 27 anos poderia no máximo contar que é formado em Jornalismo e desde lá vem se especializando em crítica de cinema, já tendo escrito para jornais da região, mas que hoje só alimenta seu blogcinemaqui e ainda alguns textos para o site Cranik, sendo essas 12 linhas sua primeira experiência literária, mas que provavelmente não serão as últimas.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Impressão Wilson Gorj

D

o filho que se jogou na frente do trem, só lhe trouxeram o chinelo – um

apenas: o esquerdo. Meses depois, já consolada desta segunda perda familiar, a viúva mandou reformar o quarto do filho, até então trancado pela dor da tragédia. Novo reboco, nova pintura, novo piso. Dia seguinte, a surpresa: no cimento ainda fresco, estavam impressas duas pegadas distintas: a de um pé descalço e a de um chinelo. Direito. In: Contos de Algibeira - ed. Casa Verde, 2007.

Wilson Gorj: autor do livro de Sem Contos Longos, coletânea de 100 micronarrativas. Do mesmo gênero, participou das antologias Contos de Algibeira (ed. Casa Verde, RS - 2007.) e Entrelinhas (ed. Andross, SP - 2008). É colunista do jornal O Lince (www.jornaolince.com.br).


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Entrevista Ademir Pascale faz sua entrevista comemorativa de número 100 com o jornalista, cineasta, fotógrafo, poeta, artista plástico e escritor de FC André Carneiro.

Ademir Pascale: Não poderia deixar de lhe agradecer imensamente por ter aceitado esta importante entrevista comemorativa que atinge a marca de 100 entrevistas que realizei em um período de quatro anos. Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de André Carneiro na literatura. André Carneiro: Infelizmente, não fui influenciado por nenhum parente ou amigo que me incentivasse para as artes e a literatura. Essa circunstancia sempre ajuda e apressa uma carreira. Desde muito criança eu lia muito, de tudo e até revistas argentinas, o portunhol é uma língua que os brasileiros nascem sabendo. Comecei escrevendo crônicas e alguns artigos, só pelo prazer de escrever. Não pensava em publicar. O diretor de um jornal de Bragança (SP), cidade próxima de Atibaia onde eu morava, soube por coincidência e me pediu uma colaboração. Dei uma delas, já pronta. O dono de um jornal de Atibaia soube, pediu-me também. No domingo saíram dois artigos meus, diferentes, um em cada jornal. Daí em diante não mais parei. Ademir Pascale: Como foi publicar e trabalhar no jornal literário TENTATIVA nas décadas de 40 e 50, com os autores Sérgio Milliet, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Vinícius de Morais e outros, além de ser citado em grandes jornais e revistas pelos grandes Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gular, Oswald de Andrade, Bernard Lorraine, etc.? André Carneiro: O poeta e articulista político Domingos Carvalho da Silva “descobriu-me” pela colaboração em Atibaia. Estávamos na ditadura de Getúlio. Felinto Müller, o chefe de Policia, tinha expatriado a mulher do comunista Luiz Carlos Prestes para a Alemanha de Hitler, onde morreu em campo de extermínio judaico. Eu atacava a ditadura com incrível coragem. Domingos impressionado convidou-me para colaborar em um jornal de São Paulo, onde logo conheci os maiores escritores e artistas. Fiquei amigo de Oswald de Andrade. Seja anotado que minha coragem resultava da minha inexperiência e do jornal de Atibaia ser praticamente desconhecido fora. Logo aprendi que a grande imprensa combatia a ditadura debaixo da maior pressão. Meus “corajosos” artigos de Atibaia, eles não tinham condições de publicar. TENTATIVA, o meu jornal literário, nasceu de um conjunto de circunstâncias e coincidências, até um certo ponto provocado pela censura ditatorial cerceando a atividade dos melhores jornais do país. Houve uma grande diminuição dos Suplementos Literários dominicais e as revistas literárias praticamente desapareceram. Eu tinha 27 anos. Junto com um amigo com dez anos menos (César Mêmolo) e minha irmã Dulce Carneiro com 18, lançamos de Atibaia um


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves jornal literário com o titulo de TENTATIVA, desenhado pelo grande Aldemir Martins, recentemente chegado do Norte, mas já com bastante prestígio. Quem quiser pesquisar a história de “Tentativa” hoje, pode fazê-lo facilmente. Nas melhores bibliotecas oficiais deste país encontrarão em formato de livro, um fac-simile de todas as edições do meu jornal, feitas pela Imprensa Oficial de São Paulo, trabalho organizado por Araceles Stamatiu, diretora do Museu Histórico de Atibaia, em 2007. Explica-se facilmente a importância logo adquirida pelo jornal. O primeiro número vinha com uma apresentação em manchete de Oswald de Andrade. (A pronúncia correta do seu nome é Oswalde e não Óswald, com acento na primeira sílaba, como no inglês). Em pouco tempo tínhamos correspondentes especiais mandando colaboração de Paris, Lisboa e Buenos Aires, numa tentativa de união com o mundo intelectual sul-americano, fato que, infelizmente não teve nenhuma continuidade até hoje. Tentativa tinha representantes nas principais capitais brasileiras. Nele colaborava a primeira linha dos escritores nacionais, escritores franceses e portugueses. Ademir Pascale: André Carneiro já foi cogitado para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras? André Carneiro: Sim, e na Academia Paulista também. Sempre existe lá o convite de um contemporâneo imortal. O regulamento das duas Academias é semelhante. Tem-se de visitar todos os acadêmicos e pedir um voto a eles. Eu não seria capaz, acho provinciano demais. Ademir Pascale: A maioria desta nova safra de escritores, não trabalhou com as famosas máquinas de escrever. Para você, como foi essa transição tecnológica entre máquina de escrever e computador? André Carneiro: Eu escrevia em uma nova e reluzente Remington 12, que pode facilmente ser vista em qualquer museu. Enfrentei depois o 286, para cada operação havia um código. Acho razoável que alguns se justifiquem não terem agüentado o 286, com muita razão. E na Remington, eu enfiava quatro folhas de papel carbono para conseguir cinco copias iguais... inacreditável. Adoro uma história verdadeira transformada em anedota. Uma jovem desesperada precisava copiar uma centena de paginas da tese de mestrado, cujo prazo vencia no dia seguinte. Por coincidência os computadores da família estavam com defeitos. O velho avô disse: eu ainda tenho minha maquina de escrever, está perfeita. A moça suspirou de alívio, descobriu que o teclado era igual. Passou a noite toda escrevendo. De manhã, abraçou o avô: - O senhor me salvou, está tudo copiado, só não encontrei o botão para imprimir, onde fica? Ademir Pascale: Dentre as inúmeras profissões que você exerceu, foi também fotógrafo artístico, pintor e escultor. Seus trabalhos tiveram grande repercussão internacional. Conte pra gente como foi. André Carneiro: Herdei do meu pai uma loja de material de construção, ferragens, vidros etc. Sou perito cortador de vidros com diamante. Sem isso não existiria a minha Pintura Dinâmica. Desenhei a planta da minha casa de pedra, em Atibaia, pedra bruta de alto a baixo do lado externo sem nenhuma alvenaria. Nessa


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves casa havia, no sub solo um quarto secreto, que se entrava pelo armário embutido do meu quarto. Como era eu mesmo o fornecedor de todos os materiais, sua entrada era absolutamente invisível... e, constituía, durante o golpe militar um segredo que não poderia ser violado. Já contei algumas historias a respeito. Fui publicitário, Diretor de Propaganda do Café Pelé, que lancei. Emerson Fitipaldi, o campeão mundial e um outro, de futebol, eram os contratados da propaganda. Exerci o trabalho de muitas profissões; diretor de edições, jornalista, analista e hipnólogo. Escrevi dois livros a respeito, fiz algumas pesquisas experimentais, como parto com data marcada, junto com o cientista Motaury Moreira Porto, que introduziu no Brasil o chamado “parto sem dor”. Participei de alguns congressos internacionais de Parapsicologia, escrevi teses a respeito. Pintei, entrei em uma Bienal, com minha “Pintura Dinâmica”, de minha invenção, fiz fotografia artística, ganhei prêmios nacionais e no estrangeiro. Cinqüenta anos depois, críticos pesquisaram quais eram os fotógrafos pioneiros do modernismo nacional. Identificaram 24, eu fui incluído. Minha foto “Trilhos” foi comprada até pela Tate Galery de Londres. Houve uma solene exposição em São Paulo e no Rio. Essa coleção dos Pioneiros foi vendida para o Itaú Cultural. Também fiz dezenas de capas de livros e até recentemente fotos abstratas como capas. As 29 ilustrações do meu último livro de contos, Confissões do Inexplicável, (600 páginas, segundo o editor, a maior antologia já publicada no Brasil) são colagens da minha autoria. Ademir Pascale: Além das profissões citadas na pergunta anterior, você também foi cineasta, mas é nítido que dessa pluralidade de profissões, pelo menos no Brasil, você se destacou mais na literatura. Como foi a sua trajetória no mundo da sétima arte? André Carneiro: Fiz Cinema, como autor e realizador. Um filme meu de pesquisa artística representou o Brasil em um festival na Europa. Do conto “O Mudo”, Julio Silveira, fez um filme artístico com astros da televisão. Fiz um roteiro para o grande Carlo Ponti, que alguns conheceram como o marido da Sofia Loren. A história era sobre a vida do mais célebre ladrão brasileiro, Meneguetti, cuja biografia resultou em diversos livros. As aventuras que passei para escrever esse roteiro daria um filme, principalmente minha visita ao célebre presídio Carandiru onde Meneguetti passou 18 anos preso. Fui uma grande promessa no cinema, tinha prestígio como roteirista (fiz trabalhos para Roberto Santos, Walter Hugo Cury, etc.), ganhei prêmios de roteiro. Dei aulas e orientei oficinas. Como experiência de vida foi muito grande, mas não cheguei onde eu gostaria. Não tinha vocação para reunir investidores com muito dinheiro, condição primordial para a realização final, que não pode ficar em patamares abaixo de milhões. Na Espanha um cineasta comprou os direitos de meu conto “Escuridão”, para a realização de um filme. Espero que tenha sucesso. Ademir Pascale: Poderia falar um pouco para os nossos leitores sobre a sua magnífica obra de FC “Confissões do Inexplicável” (Editora DEVIR)? André Carneiro: Uma vez, na França uma entrevistadora pediu-me que falasse do meu país. Eu pensei, começo em Colombo ou no Cabral. Escrevi 600 páginas e percebi que eram “confissões inexplicáveis”. Tenho de tentar algum truque, talvez imaginar que um alienígena fez a pergunta. A coisa mais importante da literatura é o Pacto Ficcional, embora o escritor o mantenha invisível e nenhum leitor ainda o respondeu objetivamente. Todos os romances e contos são inventados. Saem da cabeça do escritor e a verossimilhança é totalmente livre, depende do Pacto. O escritor mostra o livro ao leitor e afirma:


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves esta história, como a de todos os romances é inventada. Você, leitor, sabe que ela saiu da minha imaginação. Entretanto você leitor, vai ler esta história como se fosse absolutamente verdadeira. Vai olvidar completamente que eu a inventei. Você vai desprezar ou talvez odiar algum personagem, mas vai amar um outro, talvez a heroína, vai sofrer com ela suas vicissitudes. Combinado? O leitor sempre responde SIM, mas essa afirmativa crucial de acreditar na história vai depender da qualidade do autor. O romancista precisa convencer o leitor. Nenhum leitor acredita na história, de graça. Para convencer um leitor que uma história inventada é verdadeira, nós escritores, sabemos quanto sacrifício isso exige. Temos de escrever bem, temos de possuir o instrumento. Uma caneta muito afiada, uma tecla de computador capaz de arrancar o botão da blusa da menina leitora e acariciar ali perto do coração, até que uma lágrima pingue no seio nu e provoque um suspiro de emoção da leitora. Ademir Pascale: Quais dos seus livros mais lhe marcou e por quê? André Carneiro: Vejo que não respondi sobre as Confissões. Vou tentar, misturo com a oitava pergunta. Inevitavelmente contos e romances são projeções do autor, ou de sua vida, às vezes muito bem disfarçadas, ou não. Geralmente marcantes para nós são os livros que se basearam em nossa realidade ou em fatos reais. Em Syrene eu me refiro “ao bom burguês” como os jornais apelidaram o alto funcionário do Banco do Brasil que deu um enorme desfalque e o entregou nas mãos do Mr8 que lutava com armas contra o golpe militar. Também em “Seqüestro” descrevi uma inicial exata realidade para depois inventar o meio e o fim. “A Grande Obra” sempre foi o apelido da Alquimia. Como esta palavra não é dita no conto, os que nunca leram sobre os segredos dos alquimistas terão dificuldade para entendê-lo. Em “Cartas Mágicas” descrevo quase inteiramente a vida de um amigo jogador profissional. Não aprecio estas minhas explicações e menos ainda quando resenhadores simplesmente descrevem o enredo de um conto. Felizmente tornam-se raras as sinopses comerciais de filmes, onde histórias complicadas são resumidas em cinco linhas. Ou os romances clássicos que o Reader Digest expreme em três páginas. Ademir Pascale: Nada melhor do que pedir dicas para um grande mestre como você: como os interessados que desejam ingressar na literatura, devem proceder para publicar suas obras? Existe uma receita específica? André Carneiro: Sim, existe uma receita, uma espécie de tempero que carrega um original pelas portas de uma gráfica e deposita as folhas impressas, das livrarias para as mãos dos compradores. Esse tempero mágico chama-se QUALIDADE. Qualidade do assunto, do estilo, do desenvolvimento. Os iniciantes têm de se conformar, esse tempero só se obtém escrevendo bastante, cada vez mais. Graciliano Ramos era prefeito de uma cidadezinha nordestina. No fim do ano mandou para o Rio um relatório sobre a cidade pedindo verbas para melhoramentos. Havia um editor por ali e disse: Este camarada escreve muito bem, deve ter um romance já escrito. Escreveu perguntando. Graciliano tinha. Assim publicou seu primeiro livro, só porque escrevia bem. Por isso quem quer ser escritor, deve escrever bem. O resto é fácil. Para subir de emprego, de prefeito para autor é só pedir verbas para a cidade, muito bem redigidas...


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta? André Carneiro: Sim, muitos. Vivo anunciando o desejo de fazer filmes de pesquisa artística. Até agora não apareceu ninguém para participar. Penso em escrever cada vez melhor. Não me importo, até me esforço para sofisticar. Há leitor que me diz: não entendi nada. Não sou um escritor popular. Segundo Kafka, muitos ficam para fora do castelo. PERGUNTAS RÁPIDAS: Um livro: Um seria uma injustiça. Mas não fica bem citar 20 ou 30. Um(a) autor(a): Exatamente os 30 citados. Um ator ou atriz: Lembro de alguns do cinema mudo e outros do falado. Um dia especial: Lembro de semanas, meses, até anos Ademir Pascale: Amigo, mais uma vez lhe agradeço pela gentileza da entrevista. Desejo-lhe muito sucesso. André Carneiro: Retribuo o seu agradecimento com um espelho belga de alto aumento.


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Livros A SOMBRA DOS HOMENS Roberto Causo Tajarê nasceu e cresceu na Aldeia do Coração da Terra, à beira do Grande Rio - que muito tempo depois seria chamado de 'Amazonas', e por isso fala todas as línguas e conhece todas as crenças e costumes de todos os povos do continente. É o herói escolhido pelas forças mágicas da própria Terra para defendê-la contra a invasão de uma magia alienígena, representada pela sacerdotisa Sjala. Mas Tajarê é um herói relutante, que preferiria viver a vida simples, sem batalhas a travar e inimigos a destruir.

Valor: R$ 17,00 ISBN: 8575321048 ISBN-13: 9788575321041 Páginas: 120 - Devir Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br

TAIKODOM - DESPERTAR J. M. Beraldo Despertar é a história de dois amigos brasileiros — Jorge Santiago e Augusto Carrera — que serviam juntos como piloto e co-piloto na Força Aeroespacial da União do Centro, bloco geopolítico do qual o Brasil fazia parte em meados do século XXI, época em que as mega-corporações já haviam migrado para o espaço interplanetário, e dado início à exploração e à colonização do Sistema Solar. A ação eletrizante do romance se passa na mesma época em que tem início o módulo I do game online. Diversas cenas, ambientações e personagens são inclusive comuns ao romance e ao jogo. Despertar é o primeiro livro desta coleção que apresentará as narrativas literárias do U.F. Seu autor, João Marcelo Beraldo é escritor de ficção científica e game designer do próprio Taikodom. Valor: R$ 35,00 ISBN: 8575323482 ISBN-13: 9788575323489 Páginas: 317- Devir Para adquirir, acesse: www.devir.net


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RELÂMPAGOS DE SANGUE Nelson Magrini Desde quando ela estava tendo aquelas visões? Não sabia de um modo exato, não tinha certeza. Acreditava que tudo havia começado após a viagem de quinze dias que fizera há pouco mais de um mês, mas ela não podia jurar. Na realidade, não se lembrava. E por estranho que fosse, havia várias outras coisas que ela não se recordava, e os lapsos de memória também começaram após aquela viagem. Ela não sabia dizer que coisas eram; apenas sabia que eram importantes e que estavam em sua memória, muito perto, mas não conseguia acessálas. Estavam lá, mas eram fugidias, toscos espíritos que pareciam flutuar sem rumo, ao redor de sua mente, zombando dela, zombando de sua sanidade e de seu medo. Ela apenas sabia que tinha medo, e esse medo, não tinha dúvidas, era real. Valor: R$ 45,00 ISBN: 8576790599 ISBN-13: 9788576790594 Páginas: 456 – Novo Século Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br

LORDES DE THARGOR O VALE DE ELDOR Roberlandio A. Pinheiro Um poder ancestral ressurgiu e dois mundos separados pela guerra e pelo tempo estão novamente ameaçados. Ao encontrar um talismã perdido na colina atrás de sua casa, o jovem Deiv Martins jamais imaginou que, de uma hora a outra, seu mundo viraria de cabeça para baixo. Salvo de um ataque que quase o matou, Deiv é jogado no meio de uma jornada em busca dos Primais, cinco grandes poderes que, unidos, podem salvar ambos os mundos ou destruí-los por completo. Junto com novos amigos, entre eles um poderoso guerreiro de pele azul e um mago-anão imortal, ele vai enfrentar monstros alados e perigos inimagináveis, vai encontrar reinos escondidos atrás de cortinas mágicas e vales encantados e descobrir que seu mundo possui mais faces e mistérios do que ele poderia imaginar. Valor: R$ 57,00 [ou com 35% de desconto do preço de capa (R$ 37,00), através do site do autor www.lordesdethargor.com]. ISBN: 978-85-61590-41-3 Páginas: 328 - 1ª Edição – Biblioteca 24X7. Para adquirir, acesse: www.biblioteca24x7.com.br ou www.lordesdethargor.com


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HISTÓRIAS DO TARÔ Vários Autores O objetivo do livro 'Histórias do tarô' é apresentar a jornada de cada um dos Arcanos Maiores, através de 22 histórias que vão desde o Louco que precede o Mago, até o Louco que segue após o Mundo, abordando as situações que tanto podem surgir em analises psicológicas, relacionadas ao desenvolvimento pessoal, como nas leituras de âmbito divinatório.

Valor: R$ 37,00 ISBN: 8561541024 ISBN-13: 9788561541026 Páginas: 208 – 1ª Edição – Tarja Editorial Para adquirir, acesse: www.tarjalivros.com.br

CONFISSÕES DO INEXPLICÁVEL André Carneiro 'Confissões do inexplicável', com histórias escritas num intenso período de seis anos, é a mais robusta coletânea de um autor brasileiro de ficção científica já publicada. Suas histórias atestam a boa forma de um escritor que contribuiu como poucos para o avanço da ficção científica nacional, numa carreira que se expande desde o final da década de 1950. Autor de obras audaciosas no conteúdo e na forma, André Carneiro expressa suas idéias com poesia, sensualidade, ironia e originalidade reconhecidas no Brasil e no exterior. Seus enredos atmosféricos parecem representar os espaços da mente, tanto quanto o palco físico para a ação dos personagens. Um dos poucos autores brasileiros do gênero com carreira internacional, tem contos e romances publicados nos Estados Unidos, Inglaterra, Argentina, Espanha, Suécia, Japão e outros países. Valor: R$ 44,50 ISBN: 8575322788 ISBN-13: 9788575322789 Páginas: 599 – Editora DEVIR Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br *PEÇA INFORMAÇÕES DE COMO DIVULGAR A SUA OBRA NO TERRORZINE. ENVIE UM E-MAIL PARA: ademir@cranik.com


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® Todos os direitos reservados a Ademir Pascale e Elenir Alves – 2008 Cada autor responde pelo teor do seu miniconto, assim como plágio.


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