Terrorzine Nro 4 - Minicontos de terror

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TerrorZine – Minicontos de Terror nº 04

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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

São Paulo, dezembro/2008

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Ano 01. Número Circulação Gratuita Ademir Pascale Black Angels Agamenon Troyan O Pastor Atormentado Alexandrine Blume O Pó Almir Pascale Nunca Estamos a Sós! Angela Oiticica Aprendizado Angela Schnoor Sob as Leis do Antigo Egito Carla Ribeiro Vampírica Celso Junior O Fogo do Amor Daniel Frini Últimas Palabras Daniele Cardoso A Criatura Dennis Arias Chávez El Eremita Eduardo Oliveira Freire Devorador de Halos Elenir Alves Admiradores de Morcegos Erath Juárez Hernández Ángel de Mi Guarda

Francisco Costantini Amor Imposible Francisco Pascoal Pinto O Atalho Gildson Góes As Rosas Vermelhas Giulia Moon A Casa Amarela Iam Godoy Amor Materno J. P. Balbino Acidente na Estrada James Andrade Onophre João Batista dos Santos Soneto à Eternidade Leonardo Grasel Papai! Luciana Fátima O Mitomaníaco M. D. Amado Hoje eu Passei pela Morte Mario Carlos Carneiro Junior A Loucura Martha Argel Feito em Casa Miguel Angel Dorelo Profundos y Oscuros Miedos

Miriam Santiago dos Santos A Festa Nelson Magrini Reflexões Peculiares Rafael Jordan Vaidade Ricardo Delfin Elegia ao Vinho Roberlandio A. Pinheiro Dia de Visita Roberto Carlos Ortiz Falcón Neurosis Rodrigo Araujo Por Dentro do Ser Rogério Silvério de Farias Abduzido Rúbia Cunha Redenção Samir Mesquita Cárcere Santiago Fernández Subiela Tú Esencia Sergio Gaut vel Hartman Negociación Wilson Gorj Caçada Noturna


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Editorial

Elenir Alves e Ademir Pascale Chegamos no último TerrorZine deste ano, desta vez com 41 excelentes minicontos, dicas de livros e uma entrevista especial com o escritor e editor Edson Rossatto. Na retrospectiva 2008, publicamos uma entrevista com o escritor André Vianco. Este ano foi muito importante para a literatura fantástica, pois notamos um grande crescimento de novos sites, blogs, comunidades, zines, coletâneas e romances publicados do gênero, dos quais tivemos o grande prazer de participar de quase todos os lançamentos em São Paulo. Os destaques, sem dúvida, vão para as editoras: Tarja Editorial, Andross, Giz Editorial, Novo Século, Não Editora, Scarium e DEVIR, das quais agradecemos imensamente pelo apoio, principalmente pela publicação de novos escritores. Os editores Edson Rossatto (Andross), Ednei Procópio (Giz Editorial), Richard Diegues e Gianpaolo Celli (Tarja Editorial), são providos de uma humanidade e profissionalismo sem igual, e acreditando na lei do retorno, inevitavelmente notamos o crescimento do setor com muitas publicações de qualidade, resultando também em mais autores publicados e muito mais leitores. Além dos grandes editores mencionados, agradecemos imensamente todos os que diretamente ou indiretamente acreditaram e colaboraram com o crescimento do TerrorZine – Minicontos de Terror e Portal Cranik (www.cranik.com). Em especial: Almir Pascale, Roberto de Souza Causo, Nelson Magrini, James Andrade, Adriano Siqueira, Helena Gomes, Nazarethe Fonseca, Eric Novello, Danny Marks, Frodo Oliveira, Ricardo Delfin, Giulia Moon, Martha Argel, Z.A. Feitosa, M.D. Amado, André Carneiro, Roberlandio A. Pinheiro, Abel Reginatto, Jonatas Syrayama, Marco Bourguignon, Rodolfo Lima, Vinícius Vieira, Junior de Barros, Renato Alves e todos os escritores e leitores nacionais e internacionais deste zine. Anunciamos também, devido ao crescimento do TerrorZine, um suplemento especial organizado por Elenir Alves. E neste nº 01, apresentamos o conto coletivo Esquecidos de Réquiem, dos escritores da obra Réquiem para o Natal – Contos de terror de Natal (Andross). Coletânea de contos que será publicada em São Paulo no dia 07 de dezembro de 2008. O suplemento especial não terá uma periodicidade mensal como o TerrorZine, mas garantimos que faremos o possível para publicarmos regularmente.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves Os interessados em participar do TerrorZine nº 05 (10/01/09), acessem: www.cranik.com/terrorzine.html. Para disponibilizar o TerrorZine nº 04 para download em seu blog, site ou comunidade, use o endereço: www.cranik.com/terrorzine4.pdf. E para disponibilizar também para download o nosso novo suplemento especial, use: www.cranik.com/suplemento1.pdf. *Para anunciar, divulgar seu livro ou patrocinar o TerrorZine, envie um e-mail com sua proposta para: cranik@cranik.com. Não deixem de enviar seus comentários: sugestões para o TerrorZine e o novo suplemento especial, dicas e críticas construtivas serão sempre bem-vindas. Nosso e-mail: cranik@cranik.com. Desejamos uma ótima leitura, um feliz natal e um magnífico 2009. E que venham muitas publicações...

Ademir Pascale e Elenir Alves Editores e Organizadores

Foto: Elenir Alves e Ademir Pascale.

Dicas, opiniões, etc., entre em contato: cranik@cranik.com. Teremos prazer em respondê-lo.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Uma frase longa não é nada nada mais que duas curtas. Vinicius de Moraes


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Índice Ademir Pascale Agamenon Troyan Alexandrine Blume Almir Pascale Angela Oiticica Angela Schnoor Carla Ribeiro Celso Junior Daniel Frini Daniele Cardoso Dennis Arias Chávez Eduardo Oliveira Freire Elenir Alves Erath Juárez Hernández Francisco Costantini Francisco Pascoal Pinto Gildson Góes Giulia Moon Iam Godoy J. P. Balbino James Andrade João Batista dos Santos Leonardo Grasel Luciana Fátima M. D. Amado Mario C. Carneiro Junior Martha Argel Miguel Angel Dorelo Miriam S. dos Santos Nelson Magrini Rafael Jordan Ricardo Delfin Roberlandio A. Pinheiro Roberto C. Ortiz Falcón Rodrigo Araujo Rogério Silvério de Farias Rúbia Cunha Samir Mesquita Santiago F. Subiela Sergio Gaut vel Hartman Wilson Gorj Entrevista Entrevista Livros TerrorZine nº 05

(Black Angels)............................................................ (O Pastor Atormentado)............................................... (O Pó)........................................................................ (Nunca Estamos a Sós!)................................................. (Aprendizado)................................................................... (Sob as Leis do Antigo Egito)............................................ (Vampírica)....................................................................... (O Fogo do Amor)............................................................. (Últimas Palabras)............................................................. (A Criatura)........................................................................ (El Eremita)........................................................................ (Devorador de Halos)......................................................... (Admiradores de Morcegos) ............................................. (Ángel de mi Guarda)........................................................ (Amor Imposible)............................................................... (O Atalho).......................................................................... (As Rosas Vermelhas)........................................................ (A Casa Amarela)............................................................... (Amor Materno)................................................................. (Acidente na Estrada)......................................................... (Onophre)........................................................................... (Soneto à Eternidade)......................................................... (Papai!)............................................................................... (O Mitomaníaco)................................................................ (Hoje eu Passei pela Morte).............................................. (A Loucura)........................................................................ (Feito em casa)................................................................... (Profundos y Oscuros Miedos).......................................... (A Festa)............................................................................. (Reflexões Peculiares)........................................................ (Vaidade)............................................................................ (Elegia ao Vinho)............................................................... (Dia de Visita).................................................................... (Neurosis)........................................................................... (Por Dentro do Ser)............................................................ (Abduzido)......................................................................... (Redenção)......................................................................... (Cárcere)............................................................................ (Tú Esencia)....................................................................... (Negociación)..................................................................... (Caçada Noturna)............................................................... (Ademir Pascale entrevista Edson Rossatto)..................... (Ademir Pascale entrevista André Vianco)........................ (Dicas de Livros)................................................................ (Saiba como participar do próximo TerrorZine)................

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Black Angels Angels Ademir Pascale

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esta vasta vida de experiências mundanas como detetive de polícia, jamais

imaginaria que eles existissem, se não fosse por um mero acaso do destino, quando após atender uma ocorrência, num beco sujo do centro da cidade de São Paulo, cruzei com um deles: a pele tatuada até a’lma com estranhos hologramas e línguas extintas. Os cabelos vermelhos como velas ritualísticas chamuscavam na noite emoldurando o tempestuoso rosto. Trajava finas roupas de griffe nos tons preto e vermelho. No ar, um leve odor de enxofre mesclado com canela irritavam minhas narinas ao mesmo tempo em que me agregavam um novo vício. Os olhos luminosos revelavam o sobrenatural, mas não saberia dizer se era do bem ou do mal. Nas costas da jaqueta de couro, uma insígnia com duas asas negras bordadas, e no centro, letras brancas formavam os dizeres “Black Angels”... Miniconto de Ademir Pascale baseado em trecho de um capítulo da sua obra “O Desejo de Lilith – Revelações em um diário”. Obra que será publicada em breve.

Ademir Pascale: Lingüista, crítico de cinema, ativista cultural, escritor, professor de informática (LINUX), idealizador do projeto de inclusão social Vá ao cinema e do zine TerrorZine – Minicontos de Terror. Administrador do portal Cranik (www.cranik.com) e dos sites (www.oentrevistador.com.br) e (www.divulgalivros.org) é autor do áudio-livro Cinema – Despertando seu olhar crítico. Já publicou seus contos em diversas antologias, organizou a antologia Nos Labirintos da Escuridão e está com o romance O Desejo de lilith – Revelações em um diário no prelo. Contato com o autor: ademir@cranik.com.


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O Pastor Atormentado Agamenon Troyan

- S

aia daqui, Satanás! Tu não conseguirás vencer este servo do Senhor. Teu

reino é o submundo, a escuridão, as trevas. Fostes aprisionado neste mundo para que pudestes pagar pelos seus erros. Intrigastes a todos levando-os a grande batalha contra Miguel. Ele o venceu pisando em sua cabeça cortando-a com a sua espada. Tu comandas as hordas negras do abismo levando aos lares ódio e desunião. (ouve-se um gargalhada sinistra e distante...) - Sim, tu podes rir, porém o santo nome do Senhor dos Exércitos o fará engolir sua ironia patética. Suas imundícies lhe serão jogadas na face para que possas sentir o fedor de suas obras. Portanto afaste-te de mim vil serpente! Olhai a sagrada cruz e cuspa todos os seus pecados. Deixe que ela o livre de sua iniqüidade... Subitamente alguém bate à porta e grita: - Pastor Jônatas, pastor Jônatas! A igreja está cheia. Todos estão preocupados... O senhor não vem? um silêncio sepulcral... E finalmente: - Ah, sim... Já vou irmã, já vou. Eu...estava apenas me “concentrando”!

Agamenon Troyan: escritor, poeta e editor do Fanzine Episódio Cultural (Machado-MG). Contato com o autor: carlostvcdr@yahoo.com.br.


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O Pó Alexandrine Blume

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Morte se apresentou:

Alta; severa; seu esqueleto branco e cinza formando uma caveira angulosa, falou à menina que chorava em sua lágrima de sangue: “Vim pra te dizer, menina dos olhos escuros, que minha aparição te fará falecer pra tua missão se cumprir no meu mundo. Vem!” A menina morreu... e carregada nos braços da Morte, ela viu um céu de tempestade. E a Morte proferiu suas últimas palavras: “Que aqui fica a tua alma. Fui a casa do teu coração e carregaste aureola negra pelos chãos que tu passavas. É tua missão a transformação das minhas Trevas; entre os meus esqueletos moribundos, no pó que em vida, tuas rezas transformaram, em almas de sangue e vida profunda.

Alexandrine Blume: nascida no Brasil, cidade Rio de Janeiro. Formou-se em jornalismo mas tornou-se poetisa. Suas poesias vagam entre a sombra e a luz. De conteúdo geralmente denso, acredita que a alma deve transcender o metafísico para encontrar a sua paz particular a cada ser humano. Tem um livro publicado. Contato com a autora: alexandrineblume@gmail.com.


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Nunca Estamos a Sós! Almir Pascale

A

qui estou eu, em frente ao espelho de meu quarto, à vislumbrar esta figura

poderosa e bem sucedida! Para todos, um homem correto, religioso... mas o que faço, ninguém sabe, ninguém vê! Sou tesoureiro de um templo religioso, mas a maior parte dos donativos, vão para o meu bolso, e isto, ninguém sabe, ninguém vê! Ocupo um alto cargo em uma empresa, e lá cheguei, graças às intrigas, mentiras e armações, mas isto, ninguém sabe, ninguém vê! Minha namorada me considera fiel, assim como, as outras três, mas isto, ninguém sabe, ninguém vê!... Ora, que mancha é esta que surge em meu espelho? Ela cresce, ela... está saindo do espelho... um homem...um homem com apenas um metro de altura, finamente trajado em um terno negro, cabelos alinhados e sorridente: quem é você? Aquele que sabe, aquele que vê! Olhos sempre lhe rodeiam, mesmo na mais escura noite, nenhum homem jamais está só! Em desespero, respondo: quem é você? E este fogo, como surgiu ao meu redor? O que são estes seres à gargalhar e girar entre o fogo? Por que se aproximam de mim? O que querem? Me soltem! O chão está se abrindo! Não! Não! Nã...

Almir Pascale: São Paulo, (1968) de origem européia (Itália) por parte de mãe, é formado em Gestão Financeira, escritor, participou da Antologia “Anno Domini” pela editora Andross, e da Antologia “Contos Fantásticos” 12° volume pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores; participou das três edições anteriores do TerrorZine; ativista cultural e colaborador do Portal Cultural Cranik (www.cranik.com). Contato com o autor: almirpascale@ig.com.br.


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Aprendizado Angela Oiticica

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um gesto seu as árvores abriram um caminho na densa floresta. Seu

aprendizado de bruxa lhe custaria um encontro com o Senhor dos Bruxos naquela noite. Adentrou o castelo. A pedra central esperava pelo sacrifício. Seu cabelo longo realçava o brilho da lua em seu rosto jovem. Ela contou treze pessoas encapuzadas a andar em circulo, volteando o local do ritual. A expectativa se dobrara após ouvir passos. O Senhor dos Bruxos se aproximou, tomou a faca e abriu um corte em um cada um dos treze pulsos que se ofereciam em cima da mesa. O sangue jorrava se misturando em uma taça que aparecera. O Senhor dos Bruxos bebeu um gole, após colocar um pingo de seu próprio sangue na taça. O que restou foi oferecido ao circulo de pessoas. Sentiu quando a despiram e a deitaram sobre a mesa, viu o olhar vermelho do Senhor dos Bruxos nos seus, quando ele a possuiu. Acordou... e achou o sonho estranho, olhou os pulsos e viu uma cicatriz em x no pulso esquerdo. Lá fora, os centauros tocavam suas flautas e sorriam para ela agora em pé na janela...

Angela Oiticica: tem três livros publicados: Krikiroa(prosa poética-parceria com José Wagner) Dois romances: Rockyes e Sambaya Blondy Quetzalcoatl.Escreve em Inglês para revista on-line FanStory e tem inúmeras publicações em revistas, jornais e sites da internet, nas comunidades do Orkut, Scarium, Recanto das Letras e outros. Viajou por vários países.


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Sob as leis do antigo Egito Angela Schnoor

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mérito Egiptólogo recebeu autorização do governo para visitar monumentos

históricos do país. No interior da Grande Pirâmide, um sono imperioso o obriga a sentar-se a um canto da sala funerária. Ao acordar, para seu espanto e encanto, o local está vivo. Alimentos, incensos, escravos circulando com salvas e bebidas fazem-no intuir que entrou num portal aberto para a quarta dinastia. Percebe então que está em meio ao funeral de Khufu. Seu espírito inquisidor o faz perder a noção do tempo até que ouve a pedra da entrada ser fechada. Tal como os servidores do faraó, ficará sob a Terra para sempre!

Angela Schnoor: carioca. Colabora com Minguante e Veredas, revistas on line e edita o blogue Microargumentos. Seus minicontos são também editados em Espanha, Argentina, e Itália. Participou de Contos de Algibeira - Ed. Casa Verde-RS, e Entrelinhas, Ed. Andross-SP. Teve seu e-book – Na Barca de Caronte - publicado por Minguante. Contato com a autora: aschnoor@superig.com.br.


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Vampírica Carla Ribeiro

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ente-lhe no amplexo o sorriso sedutor dos filhos do condenado, a alma de Cain

transmutada em olhos de cristal. Na noite, ela sorri como num espelho adormecido na curva do pescoço da sua presa, a fonte de onde jorra o sangue que a rejuvenescerá. Como num pesadelo sem nome nem cores, ele soluça, aprisionado entre a agonia e o prazer, moribundo espectro de uma vida que se esvai por entre os lábios da senhora. E ela enlaça-o, como numa prece macabra, mais perto de si a cada minuto, como se em cada pulsação o sentisse servo renegado, sangue rejeitado. Tomba no solo, inerte, pálido de um cinza funéreo, despido de vida e de alento. As luzes da cidade iluminam a sua mortal alvura, contrastante com o negro das suas vestes góticas. E ela olha-o, quase com piedade, uma última vez. Depois sorri, com toda a crueldade do universo presa naquele único gesto de elegia, e abrindo aos céus as pregas do seu manto, solta-se e voa em direcção aos braços do seu covil.

Carla Ribeiro: estudante de Medicina Veterinária, nasceu em Portugal a 20 de Julho de 1986. Premiada em vários concursos literários, publicou em diversas antologias. Publicou, além disso, os livros “Estrela sem Norte”, “Alma de Fogo”, “Canto de Eternidade”, “Herdeiros de Arasen, vol. I”, “Herdeiros de Arasen, vol. II” , “O Deus Maldito” e “Alma Abandonada”. Contacto com a autora: carianmoonlight@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Fogo do Amor Celso Junior

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ady Josephine vestia seu robe com delicadeza e cerimônia, apreciando cada

detalhe da cena: seu amado, estava ali, finalmente deitado em sua cama. Extasiado pela noite ardente, deixou com que o fizesse esquecer que se casara com sua irmã mais velha. Lembra-se dos olhos da pequena cunhada a lhe seguir pela mansão, de quando o corpo da garota começou a tomar forma, ou de quando seus lábios lhe tomaram os pensamentos. Mas Lady Josephine sabia que seria só por aquela noite. Sabia que seu coração nunca lhe pertenceria de verdade. Observa-o ainda dormindo, e não apercebia as cordas que lhe prendiam os punhos e os tornozelos. Ele acorda tarde da manhã, com as batidas fortes que davam às portas do quarto da garota. Trancas, cadeiras e armários impediam que qualquer um atrapalhasse aquele momento mágico. Na lareira, Lady Josephine acende o candelabro. Com todo amor do mundo ela ateia fogo nas cortinas e a querosene ajuda a espalhar o fogo. Ignorando os gritos do seu amado, a garota se deita novamente por cima do seu corpo. Não se separariam mais. Unidos, eternamente em cinzas espalhadas pelas chamas do verdadeiro amor.

Celso Junior: Gerente de CPD, formado em processamento de dados e em tecnologia gráfica, autor de O Servidor e Outras Histórias, pela editora Multifoco e participante da antologia de terror Requiem de Natal, pela editora Andross. Tem 32 anos e mora em São Paulo, Capital. Contato com o autor: celsojr2007@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Últimas Palabras Daniel Frini

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weeney Tood está detrás de Jack the Ripper. Sostiene su navaja entre la

garganta y la oreja de Jack, haciéndole inclinar la cabeza y tener una curiosa perspectiva del papel sobre el que escribe. Sweeney quiere que Jack escriba sobre las atrocidades que ha estado cometiendo. Dice que debe escribirlas, o lo liquida. Jack dice que no importa. Tood le aclara que es la última advertencia. Jack le dice que se vaya al carajo y que no va a escribir esa menti.

Daniel Frini: Berrotarán (Córdoba, Argentina), 1963. Ingeniero, Redactor y columnista en revistas humorísticas del interior del país. Colaboró en “Axxón”. En 2000 publicó el libro “Poemas de Adriana”. Colabora habitualmente en Químicamente Impuro; Ráfagas,Parpadeos y Breves no tan Breves. Mail del autor: dfrini@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A Criatura Daniele Cardoso

E

m uma casa humilde, com uma pequena criação de animais, Júlia segue seus

dias cuidando da horta, dos bichos e do avô idoso, único que ainda restara de sua família. Estava escurecendo quando a jovem pegou uma faca de capim, e foi cuidar dos preparativos para a noite. Foi até o canil verificar porquê os grandes Mastins estavam tão irritados e ao mesmo tempo amedrontados. Chamou-os, mas eles se recusaram a chegar à porta. Ao olhar para traz deparou-se com um ser estranho e avermelhado, do qual emanava um cheiro forte de enxofre, e um calor intenso. No susto, Júlia que defendia a casa de todos os invasores, teve uma reação natural: com um golpe fulminante da faca de capim, decapitou a criatura que se desfez em cinzas. Hoje ela conta aos seus netos o que houve, mas eles nunca acreditam na avó.

Daniele Cardoso: Petropolitana, formada em Computação, cursando MBA e uma segunda graduação em Biologia, atuando como professora de informática em Três Rios. Sempre que tem pesadelos, aproveita as idéias fornecidas por seu subconsciente para escrever contos de terror. Fez parte de lista de contos, no passado, mas hoje prefere escrever sem compromisso. Contato com a autora: draculasdaughter@ibest.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

El Eremita Dennis Arias Chávez

A

cércate y recuéstate a mi lado. Notarás mi falta de brazos, así que disculpa que

no pueda abrazarte. Quizás me arrastre hacia ti y pegue mi cuerpo al tuyo. O quizás tenga vergüenza de hacerlo. Acércate, no tengo piernas para ir donde ti. Esta falta de miembros ha hecho que pierda toda voluntad. Pero acércate y déjame ver tus piernas, y tus brazos, y todo. No creas que las envidio, sólo las deseo tocar con los ojos. Acércate que ya se va haciendo tarde y tengo que descansar. El sueño es difícil para alguien como yo, es una tortura; pero aunque lo evite, éste siempre llega a abrigar mi noche. Acércate por piedad y deja que te cuente mis secretos que ansiosos, escapan de mi boca. Eres la única persona en siglos, y claro está, me siento emocionado. Ven, llévate mis secretos y ayuda a mi cuerpo a salir de está habitación en donde me encuentro prisionero. Acércate, cierra la puerta y recuéstate a mi lado para poder decirte que me es difícil correr incluso en mi imaginación.

Dennis Arias Chávez: Nací en Arequipa, Perú. Soy lingüista y escritor aficionado. Me dedicó a la docencia y a la investigación. Soy subdirector de Revista Internacional de Lingüística “PAROLE” y participo en el Taller 7 de Sergio Gaut vel Hartman. E-mail: sidharta3@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Devorador de Halos Eduardo Oliveira

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epois que viu o jardim florido, um dia depois de ser abandonada pelo marido,

ficou bastante feliz. Mesmo que o espelho mostrasse seu rosto encovado e as rugas profundas, permaneceu satisfeita com a beleza do jardim ressequido há um ano, quando conhecera o esposo. **** Um rapaz bem vestido entrega um sorvete à moça, que fica admirada com a polidez do jovem. Ele quando vê o seu halo, lhe dá água na boca.

Eduardo Oliveira Freire: formado em Ciências Sociais e especialização em Jornalismo Cultural. Blog: duduoliva.blog-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?idblog=13757.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Admiradores de Morcegos Elenir Alves

S

ádila, 8 anos, Tamaé, 10 anos, irmãos e admiradores dos morcegos. Toda noite

eles descem até o porão e desligam as luzes para vê-los voando com seus sons estranhos. Diná e Téo, já haviam chamado a atenção das crianças para não descerem no porão, devido que uma das colunas estava com uma enorme rachadura. Como nem sempre os filhos escutam os Pais, os dois desceram até o porão em plena escuridão. De repente, Tamaé, escuta um estrondoso barulho e sente cair sobre o seu corpo respingos de algo. Assustado, acende a luz... Uma infeliz surpresa: debaixo da coluna caída, o corpo de Sádila totalmente irreconhecível sobre uma poça de sangue.

Elenir Alves: publicitária e escritora. Colabora regularmente com a revista Caderno Literário da editora Pragmatha, trabalhou 10 anos na área de R.H e trabalha atualmente na assessoria de imprensa do portal Cranik (www.cranik.com), além de organizadora e co-editora do zine TerrorZine – Minicontos de Terror. Contato com a autora: elenir@cranik.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Ángel de Mi Guarda Erath Juárez Hernández

—Á

ngel de mi guarda —rezó el niño, hizo una pausa. En ese momento se le

había olvidado la oración que su madre le enseñó— Dulce compañía… ¿qué sigue? —No me desampares —se escuchó debajo de la cama. —No me desampares ni de noche ni de día —esta vez la voz del niño se quebró casi al final, a punto de llorar. —No llores, es inútil ¿puedes acabar ya? —insistió la voz. —Quédate conmigo… —continuó, su llanto empezó a ser más fuerte. Se limpió las lágrimas con la sábana. —Hasta que… —la voz le ayudó, apurándolo. —Hasta que me entregues en los brazos de Jesús y de María —terminó. Se hizo un silencio, el niño fue dejando de sollozar poco a poco, hasta que se calmó. Miró con cuidado en ambos lados de la cama y se asomó debajo ¿Se había ido? —Ahora si nos vamos —se escuchó. Una mano cadavérica sujetó al niño del brazo y lo jaló hacia la oscuridad.

Erath Juárez Hernández: vive em la isla de Cozumel, Mexico. Empleado, padre de seis hijos y miembro de los talleres literarios “Taller 7” y “Forjadores” . Há sido publicado em medios electronicos como Axxon, NGC3660, Alfa Eridiani, Minatura, Ediciones Efimeras, Cronicas de la Forja y em papel aparecio em la Revista “Miasma” de España.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Amor Imposible Francisco Costantini

E

l personaje, cabizbajo, se acercó hasta su autor.

— Tengo un grave problema, señor —le dijo—. Estoy enamorado. El hacedor apartó la vista de lo que en ese momento leía, algo molesto por la intromisión. — ¿Y cuál es el problema de eso? —preguntó, cortante. El ser ficticio, los ojos brillosos, respondió: — Que ella es de otro cuento, señor.

Francisco Costantini: nació en Mar del Plata, Argentina en 1983. Está terminando el Profesorado en Letras en la Universidad Nacional de Mar del Plata. Se desempeña como docente de Lengua y Literatura y Prácticas del Lenguaje en dos colegios de Batán, localidad donde vive. Ha publicado cuentos en Axxón y en los blogs de minicuentos Ráfagas parpadeos, Químicamente impuro y Breves no tan breves. También participó de la antología Grageas, cuentos breves de todo el mundo, compilada en 2007 por Sergio Gaut vel Hartman.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Atalho Francisco Pascoal Pinto

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ara cortar caminho Edna, a órfã, tomou um atalho. O que cruzava a linha do

trem. Do outro lado da linha, para sua surpresa e estranheza, esperavam-na de braços abertos a mãe, a avó, o avô e outras pessoas bem mais antigas nas quais ela, angustiada, reconheceu traços de sua própria fisionomia.

Francisco Pascoal Pinto: nascido em Crateús, Ceará, e mora em São Paulo desde adolescente. É contista e cartunista, e tem trabalhos publicados nos sites das revistas Minguantes (Portugal) e Veredas (Brasil). Mantém o blogue: microrelatosdocheeko.blogspot.com. Contato com o autor: cheekko@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

As Rosas Vermelhas Gildson Góes

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um dia chuvoso um casal andava vagarosamente pelo parque. Camila e Flavio

eram seus nomes. Camila não fazia a mínima idéia do porquê deveriam passear naquele frio, ambos molhados e tremendo, não era o tipo de diversão que ela curtia. É aqui, anunciou ele, O que fazemos aqui, perguntou ela. Havia uma bela roseira branca. As flores não murcharam mesmo sob os pingos de chuva. Uma poderosa planta, pensou Camila, e de uma beleza contagiante também. Flávio catou uma rosa e lhe deu. O espinho da rosa cortou seu dedo. Uma gota de sangue caiu e tingiu a pétala de uma flor, mas esta logo absorveu o sangue, e somente o mais perfeito branco restou. Camila estranhou aquilo. Essa flor representa o amor, que nem mesmo a morte pode abalar, falou Flávio, mesmo morta eu a amo. Mas não estou morta, respondeu Camila. E eu não falava de você, ele olhou para a roseira. Você ama uma roseira? Perguntou ela olhando na mesma direção, mal pôde conter o grito, dentro da roseira havia olhos, de um vermelho faminto, braços ensangüentados a puxaram para dentro, os espinhos rasgaram sua carne e a fizeram verter sangue, mas Camila teve certeza que eram dentes que o sugavam. Quando a chuva passou as rosas estavam vermelhas.

Gildson Góes: nascido em Rio Branco no Acre, escreve desde os 13 anos, já possuí dois livros publicados, Guerreiros da Noite e Mar das Névoas, é formado em Tecnologia do Turismo, pela União Educacional do Norte – Uninorte, e cursa o 3° período de Jornalismo pela Universidade Federal do Acre – Ufac, escreve no blog seringueirovoador.blogspot.com. Contato com o autor: gildson.near@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A Casa Amarela Giulia Moon

S

ão coisas sem brilho, objetos esquecidos. Sombras de salgueiro, finos fios a

cobrir a varanda. Risos e brincadeiras infantis de outrora, gravados como tatuagens nas paredes descascadas. O portão range, adquiriu com o passar dos anos a cor da terra molhada. Ali, um esqueleto: as varetas de uma pipa há muito desfolhada pelo tempo. Aqui, a aranha tece a sua teia, atando a cadeira de vime aos restos da trepadeira. Uma perna de boneca se mostra num raro canto sem mato. Uma roda de bicicleta gira, fenômeno sem causa aparente. Crescem fantasmas das flores lilases que perfumavam o ar nos bons tempos. Um manto de leve nostalgia cobre o jardim solitário. Uma sombra avança. O telhado projeta a sua forma cortante sobre as coisas frágeis que morrem aos poucos de velhice. A casa estremece, regurgita lembranças. Das profundezas de seus alicerces fluem sons há muito enterrados, gemidos de dores sufocadas, de mágoas não ditas. Um leve odor de sangue emana das paredes, vestígio de um crime violento. A casa urra em silêncio. Por um momento, a sensação de dor é muito mais forte do que a da saudade. De repente, um bater de porta. A fechadura, desfeita no pó da ferrugem, escancara a casa e os seus segredos para o mundo lá fora. O passado vai-se para um nunca mais, nunca mais, nunca mais... O sol se põe sobre a velha casa amarela. Ela fica num canto obscuro da minha memória.

Giulia Moon: é paulistana, já foi diretora de arte, ilustradora e diretora de criação em propaganda. Seus livros: Luar de Vampiros (Scortecci, 2003), Vampiros no Espelho & Outros Seres Obscuros (Landy, 2004), A Dama-Morcega (Landy, 2006), Amor Vampiro (Giz Editorial, 2008). Edita o fanzine FicZine e é co-editora da Scarium Megazine. Site: www.giuliamoon.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Amor Materno Iam Godoy

M

aria José sabia dos riscos de uma nova gravidez, mas o desejo de ser mãe era

inabalável. Desde que seu filho morrera num estouro de boiada aquilo tinha se tornado uma obsessão. Ainda escutava os chinelos de couro do guri estalando pelo quintal enquanto corria atrás das galinhas como um diabrete. Antes aquilo era motivo de uma boa sova, mas hoje trazia apenas saudade... Novamente alisava a barriga e um calafrio percorria todo o seu corpo franzino. Sentia o movimento aquático e o raspar que somente as gestantes podem descrever com clareza. Como ele seria? Puxaria os seus olhos...sua boca? Dor. Novamente. Aguda e cruel. Esperava poder amamentar o pequenino antes de padecer, se esta fosse a vontade de Deus. Os médicos a avisaram que extrair o tumor do seu útero acabaria de vez com as chances de se tornar mãe novamente. Os Homens do Espaço disseram o contrário...

Iam Godoy: desenhista, contista e redator do e-zine FUN HOUSE. Juntamente com R.Raven fundou o projeto Ravens House Brasil, que visa a divulgação de trabalhos alternativos do underground em geral. Contato com o autor: grendel.2333@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Acidente na Estrada Estrada J. P. Balbino

Q

uando o carro foi de encontro à árvore, a cabeça de Marta bateu fortemente no

volante. Ela sentiu tontura, abriu a porta do veículo e saiu. Ficou deitada imóvel no chão durante algum tempo. “Maldita árvore”, reclamou em pensamento. Com muito esforço, ela se levantou e olhou os dois lados da estrada. Ninguém vinha para socorrê-la. Súbita e rapidamente uma voz se fez ouvir. Ainda com uma forte dor de cabeça por causa do acidente, Marta caminhou se distanciando do carro. Sua curiosidade sempre aguçada queria saber quem emitira aquele som. Não precisou andar muito. Logo viu um homem escondido em outra árvore. Ela se aproximou. Ele a olhou. Seu rosto estava desfigurado em meio a sangue e carne. Marta gritou. Correu voltando ao carro, mas, ao chegar ao veículo, notou que havia, ao se lado, uma mulher pálida e com marcas de enforcamento no pescoço. Mais ao longe, uma garota sem um dos braços caminhava em sua direção. “Socorro! O que está acontecendo?“ gritou aterrorizada. “Você morreu”, respondeu um dos fantasmas. Viemos para levá-la conosco ao inferno.

J. P. Balbino: nasceu no Rio de Janeiro, capital. Bacharelando em Letras pela UFRJ, músico e estudante de latim e da cultura romana, publicou o livro A Seita do Caos, que une romance policial e ficção científica, pela editora All Print. Atualmente, além de escrever seu segundo romance, ainda sem título, prepara, em co-autoria com três escritores, o livro O Vale, que pretende publicar em 2009.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Onophre James Andrade

—V

ê esposo, divisas as marcas que fizeste em minha tez?

— Puta que pariu, véia! Que susto! De onde tu saiu!? Num tinha te visto. — Vê o sangue que macula minhas madeixas; o olho que, de tão inchado, nada enxerga; os cortes de meus lábios que sangram; meu dente que se perdeu? Vê? Lembra-te? Da sova que me deste? Espancaste-me por motivo algum, que não pela diversão de tua malvada índole. Ah! Onophre, tanto mal tu me fizeste, eu que pouco te conhecia, que de nada sabia até aquele dia. Maldito dia... — Onofre!? Que Onofre é esse, sua véia doida? Meu nome é Tião... — ...Meu pai me forçou ao casamento contigo, logo tu, tão mais velho que eu, tão... asqueroso em tua volúpia... tão... violento... tão... sujo... — Du que tu tá falando, véia, que papo doido é esse? Óia, só entrei pur causa da chuva, se tu mora aqui eu saio, é só passa a chuva. O frio tá pioranu? — ...Tão cobarde em tua sandice sádica; mas que hoje terá fim... — Que faca é essa dona? Fica longe de mim! Óia que eu te machuco... — Não Onophre, tu não podes mais me machucar, nunca mais...

James Andrade: nasceu em 25 de julho de 1967; é paranaense de nascimento e paulistano de coração. Com seu livro de estréia “Getsêmani, a verdade oculta”, trilhou os tortuosos caminhos da conspiração e do mistério. Participa, junto com outros autores, do Fontes da Ficção (www.fontesdaficcao.com). Contato com o autor: andrade.james@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Soneto à Eternidade João Batista dos Santos

Q

uando acordou o caixão ainda estava lá.

Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando Quando Quando Quando

acordou acordou acordou acordou

o o o o

caixão caixão caixão caixão

ainda ainda ainda ainda

estava estava estava estava

lá. lá. lá. lá.

Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá. Quando acordou o caixão ainda estava lá.

João Batista dos Santos: nasceu em 1956, em Londrina/Pr, onde ainda mora. Ganhou vários prêmios como poeta e contista e lançou o Jornal Leco e o Surucucu Zine, em 1999, com trabalhos seus e de convidados. Editou o livro O Descanso do Guerreiro Distraído em 1983. Contato com o autor: joaodosssantos@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Papai! Leonardo Grasel

-P

apai, eu tô com medo!

- O que foi, filho? -Tem alguém do outro lado da porta! - Não tem ninguém filho, vamos dormir! - Tem sim pai, ele tava me chamando, eu juro! - Isso é coisa da sua cabeça, meu f,,,, O homem percebe uma sombra se mover pela fresta embaixo da porta. - Filho, vá para o seu quarto, o papai já vai logo atrás de você! O garoto obedece ao seu pai. - Quem ta aí? – o homem pergunta num misto de medo e coragem. Não houve respostas. - Eu vou chamar a polícia. Uma risada peculiar estoura. Em seguida, uma névoa esbranquiçada começa a adentrar no apartamento pela fresta. O homem, num espanto sem nome, exclama: - Pa...pai?!

Leonardo Grasel: nasceu em Florianópolis, em 1982. Cursa Direito na Universidade Federal de Santa Catarina. Já publicou em antologias da Andross Editora. Outras obras deste escritor amador encontram-se no site www.recantodasletras.com.br, onde ele encontra-se sob o mesmo pseudônimo. Contato com o autor: leonardogdf@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Mitomaníaco Luciana Fátima

Q

uando começou a crescer e a entender um pouco melhor o mundo, todos que o

cercavam convenceram-no de que as criaturas que achava tão reais não passavam de fantasias de sua mente fértil. E quando todos os dragões, duendes, bruxos, faunos, centauros, grifos, quimeras, e tantos outros, voltaram a persegui-lo depois de adulto, o medo do ridículo impediu-o de aceitar aquela realidade tão mais real do que a em que ele próprio vivia. Mas os seres imaginários às vezes são mais fortes e, em determinado momento toda aquela profusão de imagens fantásticas passou a fazer parte de sua realidade. Cansado de lutar, ele penetrou os portais do desconhecido. Foi uma viagem sem volta. Ainda hoje pela manhã, vi-o numa rua movimentada, lutando com seus monstros. O cabelo desgrenhado, a barba imunda, a roupa rasgada, os pés descalços e a mente cheia de seres maravilhosos. Seres que só ele era capaz de ver.

Luciana Fátima: nasceu em São Paulo, no inverno de 1975. Graduada em Produção Editorial, pós-graduada em Língua Portuguesa & Literatura e mestranda em Comunicação. É fotógrafa e escritora. Já publicou contos em várias antologias e em sites literários. Contato com a autora: lucianafatima@uol.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Hoje eu Passei Pela Morte M. D. Amado

A

estrada escorregadia determinava o ritmo mais lento da viagem. A fila seguia

como num cortejo, estando os carros separados apenas por alguns metros de distância. De repente a fila foi encolhendo feito sanfona. Os carros diminuíram e quase pararam. Mais alguns metros e foi possível ver uma carreta no acostamento, perto de um boteco de beira de estrada, na entrada de um vilarejo. Dois policiais controlavam o trânsito enquanto curiosos se amontoavam no local. Todos observavam a moto destruída e o motoqueiro estirado no chão. Curioso como a história do sapato parece não ser apenas um mito. Lá estava o corpo e o pé de sapato jogado ao lado. Sempre sai um pé de sapato. Apenas um pé. Quando passei ao lado, percebi a morte. Ela ainda estava por perto. Pude sentir seu cheiro. Enfim… Olhei para baixo e lá estavam meus dois pés, ambos calçados. Olhei pelo retrovisor e a cena se misturou aos pingos de chuva no vidro traseiro. Acionei o limpador, mas então veio a curva e tudo se acabou. Segui meu caminho e deixei a morte pra trás.

M. D. Amado: analista de sistemas e programador, mineiro de Belo Horizonte, 39 anos. Começou a escrever contos, em seu site Estronho e Esquésito, onde abre espaço para novos escritores. Com um conto publicado no livro Necrópole Vol 2 – Histórias de Fantasmas e vários contos espalhados em sites da internet, atualmente trabalha no projeto de um livro de contos de sua autoria.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A Loucura Mario Carlos Carneiro Junior

V

ocê poderia

pensar que o mundo enlouqueceu

assim

que a

entidade

multitentacular surgiu no céu noturno. Mas não foi assim, ao menos não onde eu me encontrava. Estava no centro da cidade quando alguém apontou para cima, e todos olharam. Pensamos que fosse um balão, um fenômeno meteorológico, qualquer explicação costumeira para aquele tipo de visão. A monstruosidade se retorcia enquanto flutuava em direção à lua cheia, mesmo assim nos apoiamos em nossas conjecturas. Então, uma criança perguntou: - Aquilo vai bater na lua, papai? Soltamos uma risada nervosa. É claro que isso não iría acontecer. A coisa certamente era gigantesca e de fato parecia estar além da nossa atmosfera, mas só podia ser ilusão de óptica. Mesmo assim, seguramos nossa respiração enquanto aquilo chegava mais perto do satélite redondo. No final estávamos corretos, não bateu na lua. Passou por trás dela. Só então o mundo enlouqueceu.

Mario Carlos Carneiro Junior: Formado em Direito e Medicina Veterinária, têm quatro contos publicados na Scarium Megazine e outras histórias em sites e fanzines. Continua lutando com seu livro ainda não publicado, mas um dia ele consegue. Contato com o autor: spinossauro@yahoo.com.br. Site: luamortal.blogspot.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Feito em Casa Martha Argel

U

m golpe violento da vassoura, e a mulher acertou em cheio o rato preto que

perseguia havia quase uma hora. O bicho voou longe. A perversidade natural do destino decidiu sua trajetória no ar, e ele mergulhou de cabeça no panelão de chocolate borbulhante. Um contratempo desagradável, mas ela não se abalou. Com um longo garfo de três dentes, pescou no líquido denso o pequeno cadáver já meio cozido e jogou-o no lixo. Vendeu todos os ovos naquela mesma tarde. Duas semanas depois, a epidemia de peste bubônica já matara quase cem crianças. Aquela páscoa ficou conhecida como a Páscoa Negra.

Martha Argel: bióloga e escritora. Junto com Humberto Moura Neto, traduziu e organizou O Vampiro Antes de Drácula (Editora Aleph), antologia com 12 contos vampíricos do século XIX, que também traz um estudo sobre a evolução do mito até o surgimento de Drácula, de Bram Stoker. Site: www.marthaargel.com. Lista de notícias: br.groups.yahoo.com/group/MarthaArgel.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Profundos y Oscuros Miedos Miguel Angel Dorelo

T

uve miedo a la oscuridad de mi habitación, siendo niño.

—Por favor, mamá, no apagues la luz. — rogué. Los callejones oscuros me causaban pánico en mi adolescencia y realicé largos e imprescindibles rodeos para llegar a mi destino. Ya mayor, me oriné encima, cuando, caminando, me sorprendió la noche en medio de aquella carretera desolada. La oscuridad es solo la falta de luz, me dijeron, no hay nada en ella de que asustarse, solo está en tu mente. Sin embargo, el color negro es un inmenso pozo que amenaza con devorarme. Allí, en la oscuridad, hay algo que despierta en mí tal terror, que ni siquiera me animo a mencionar. Quizás a alguno de ustedes, le está sucediendo en este instante… Y sepa de qué estoy hablando.

Miguel Angel Dorelo: Florida, provincia de Buenos aires, 16 de Septiembre de 1959. Radicado en Pergamino, argentina. Miembro de taller 7 de Sergio Gaut vel Hartman. Textos publicados en formato digital en Quimicamente Impuro, Breves no tan breves, Ráfagas y parpadeos y en Los que abandonan Omelas. E-mail: mdorelo@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A Festa Miriam Santiago dos Santos

-H

oje a noite promete! Nossa não pensei que essa festa fosse ser assim tão

badalada e com tanta gente bonita. - Nem eu. Você notou como tem muito mais garotas do que rapazes? - Sim. Vamos nos deliciar com tantos pescoços macios e suculentos! - Epa, já é quase meia-noite! Meu copo está vazio, vamos para o salão. - Ei, espera aí! Está vendo aquela garota parada lá embaixo encostada no poste? É aquela mesma, com uma boca carnuda e vestido negro. Ela está mirando para cá, acho que conseguiu me ver! A festa pode esperar. Voarei até ela e planarei em seu pescoço, pois não posso perdê-la! - Vou entrar e beber mais vinho e começar atacar a mulherada... ... No dia seguinte, estampada na capa de todos os jornais aparece um jovem morto, de uns 19 anos, todo ensangüentado e com vestes de vampiro. O rapaz se atirou do 17º andar pensando que poderia voar! Ele foi mais uma vítima de bebidas e drogas em uma festa de calouros na Av. Paulista.

Miriam Santiago dos Santos: jornalista, trabalha em Assessoria de Comunicação. Está cursando Letras na Universidade Metodista. Participou de três antologias: “Livro Negro dos Vampiros”, 2007, “A Mulher Japonesa Imigrante”, 2008 e “Histórias de uma Noite de Natal”, 2008. Contato com a autora: mirianmorganuns@hotmail.com/ miriansssantos@gmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Reflexões Peculiares Nelson Magrini

C

hamavam-me de louco, pois colecionava moscas em potinhos, guardando-as no

porão. Resolvi, então, colecionar estrelas, e ninguém mais prestou atenção em mim. Porém, um problema surgiu, não sei como colocá-las nos potinhos e sei que os outros também não sabem. Mas por causa disto, serei mais são ou mais louco que os demais? Não tenho esta resposta e... he he, eles também não. Se for louco, imagino que tenho minha sanidade em meio à minha loucura, mas terão eles a loucura, em meio à sanidade de cada um? Questões e mais questões, contudo, não tenho tempo para me preocupar com bobagens no momento... afinal, como se coloca uma estrela em um potinho?

Nelson Magrini: é engenheiro mecânico e um apaixonado em Física e Mecânica Quântica. Passou a escrever a partir do ano 2000, tendo publicado ANJO A Face do Mal (2004), Relâmpagos de Sangue (2006), e o conto Isabella, na coletânea Amor Vampiro (2008). Seu mais recente livro, Os Guardiões do Tempo, se encontra no prelo. Contato com o autor: nelson_magrini@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Vaidade Rafael Jordan

“E

spelho, existe alguém mais bonita do que eu?”

Onde quer que estivesse, ela sempre fazia essa pergunta em voz alta quando passava por algum dos inúmeros espelhos espalhados pela sua casa. Eles estavam na sala, na cozinha, no corredor, nos quartos... Em todos os cantos! Seu forte narcisismo sempre a fazia parar para vislumbrar se o cabelo estava bem penteado, se os dentes cintilavam de tão brancos ou somente para admirar a cor de seus olhos. Depois de se arrumar para sair, ela foi ao mais bonito espelho que possuía. Por dentro da imensa moldura de bronze, seu reflexo a fitava sereno, como que esperando. Chegando mais perto, ela perguntou: - Espelho, existe alguém mais bonita do que eu? Foi então que, incrivelmente, seu reflexo respondeu numa voz fria: - Se havia não sei, mas agora com certeza não haverá! E o espelho explodiu lançando milhares de pontiagudos pedaços de vidro que atingiram o rosto da mulher. Misturaram-se: sangue e vidro.

Rafael Jordan: nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1992. Publicou na terceira edição do Terrorzine, e terá sua primeira publicação impressa na antologia a ser lançada em dezembro: Réquiem para o Natal – Contos de Terror de Natal, da Andross Editora. Contato com o autor: jordancampos@uol.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Elegia ao Vinho Vinho Ricardo Delfin

C

ondenado à eterna escuridão, tu fostes o brilho da minha existência. Eras na

tua ausência, resta-me apenas a memória. Na solidão da imortalidade, o Sol resplandeceu por um breve instante através de teus olhos.

Ricardo Delfin: publicou contos nas antologias O Livro Negro dos Vampiros, Anno Domini – Manuscritos Medievais, Caminhos do Medo e Réquiem para o Natal. Organiza com Danny Marks a antologia Dias Contados, a ser lançada em 2009. Todas da Editora Andross. Escreve sobre Cinema no site www.cranik.com e na revista eletrônica B12, da Terracota Editora. Contato com o autor: rick.delfin@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Dia de Visita Roberlandio A. Pinheiro

O

trilho da cortina correu devagar, seguido pelo barulho característico de coisa

velha, e a velha, abaixo dele, olhou receosa através do vidro quebrado. “Ele voltou”, pensou ela, “mais um dia, mais um ano, e ele voltou”. Seus olhos cruzaram o quintal e pousaram no galho seco da árvore morta que dominava aquele lugar desolado que chamava de lar, onde um corvo solitário observava o dia ir embora. Estava imóvel, como se esperasse algo, ou alguém. “Veio por mim”, pensou, seus passos levando-a para fora da casa. “E continuará vindo, até que eu vá com ele”. Caminhou descalça sobre as pedras soltas, se esgueirou por entre a cerca semidestruída e parou, olhando para o alto. — Estou aqui, disse ao corvo. Leve-me. A ave girou a cabeça, como se apenas a ouvisse, e a fitou desinteressado. Outro passo, e nada. A velha aproximou-se mais e, num descuido, pisou numa pedra solta. Ambas as coisas, pedra e velha, rolaram ribanceira abaixo, o barulho do corpo contra as rochas disputando a primazia dos sons daquela tarde. O corvo tornou a girar a cabeça displicentemente. Inda não era a hora da viagem, nem do jantar.

Roberlandio A. Pinheiro: nasceu em Piquet Carneiro/CE e mudou-se para SP aos 11 anos. Apaixonado por literatura, aos 15 anos começou a escrever pequenos contos e histórias de ficção e fantasia, cuja reunião deu origem a seu primeiro romance, Lordes de Thargor, O Vale de Eldor, recentemente publicado. Para mais informações, acesse: www.lordesdethargor.com. Contato com o autor: contato@lordesdethargor.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Neurosis Roberto Carlos Ortiz Falcón

E

n su afán de incluir el caso más sorprendente en su último libro, Freud invitó a

Dorian Gray a una sesión de hipnotismo compartido, quien, anhelante de fama, accedió al momento. Así, Freud pudo contemplar el proceso degenerativo del retrato. Ambos se internaron en los escondrijos del Yo y del Superyó. La visión final superó toda expectativa: el siniestro Dorian salió del cuadro y a la velocidad de los sueños estaba tocando la puerta de su primera víctima. Habían comenzado las pesadillas en Elm Street.

Roberto Carlos Ortiz Falcón: nací en Pasco, Perú. Soy Ingeniero de Sistemas y escritor aficionado. Participé en la Antología Ser Abuelo de Editorial Editando's. Actualmente radico en Lima y participo en el Taller 7 de Sergio Gaut vel Hartman y escribo en los blogs Químicamente Impuro y Breves no tan Breves. Mi e-mail es robcof2001@yahoo.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Por Dentro do Ser Rodrigo Araujo

V

iu no desenho animado um bicho branco, fazia barulho de madeirinha batendo.

"– É gente que foi pro céu, meu filho." Na aula de Ciências descobriu, um esqueleto. Aquele monstro, dentro das pessoas, se morresse ele saía. Todo mundo pensava, os egípcios faziam múmias para o faraó ressuscitar. Que nada, tinham medo da caveira. Amarravam com esparadrapo. O sarcófago? Uma prisão bem fechada, só tem como sair no filme. Ele sabia – Atrás de cada sorriso uma caveira –, não falava para ninguém. Não são os dentes a pontinha do iceberg? Quebrou o pezinho. No raio-x viu, lá dentro, bem quietinho, esperando a hora certa. Acordou no meio da noite, cabeça doendo, peito coçando. Era o bicho saindo.

Rodrigo Araujo: Curitibano. Em 2008 publicou o e-book de microcontos intitulado “inferninho”, disponível no site Recanto das Letras. Não gosta que acentuem seu sobrenome, não cursa Letras, não ganhou nenhum concurso, não usa sapatos marrons. Contato com o autor: othenada@yahoo.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Abduzido Rogério Silvério de Farias

F

oi abduzido por alienígenas loiras. Escapou da sogra e da esposa gorda.

Rogério Silvério de Farias: Catarinense, tem participado de sites, fanzines eletrônicos com contos, crônicas e poemas, quase todos com temática fantástica e sombria. Participou da antologia de contos do site Contos Grotescos, em papel (www.contosdeterror.com.br). Escreve por simples prazer.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Redenção Rúbia Cunha

C

hamas tomam conta do lugar. Estarrecidos observavam uma criança gritar.

Tomada por uma coragem impensada, correra às chamas para salvá-la. Alcançando-a, constatara que ambas estavam condenadas. Observou os olhos da criança a implorar. - Faça-os parar! Com um abraço, protegeu-a no abismo ardente que caíram, tomando para si todo o temor presente.

Rúbia Cunha: publicou contos nos livros Anno Domini – Manuscritos Medievais, Sentido Inverso, da Andross Editora, assim como, no Terrorzine n° 2 do Portal Cranik. Expõe suas obras nos sites http://elefantebu.poraki.com.br e http://asasnegrastyr.blogspot.com. Contato com a autora: rubia.cunha@gmail.com


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Cárcere Samir Mesquita

–S

ua outra orelha, comerei ao molho mostarda.

Samir Mesquita: autor do livro de microcontos “Dois Palitos”. Participou das antologias “Contos de Algibeira” (Editora Casa Verde) e “Moscas” (Dulcinéia Catadora”, do especial de microcontos eróticos da Playboy e da Mostra SESC de Artes 08. É um cara de poucas palavras. Contato com o autor: samir@samirmesquita.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Tú Esencia Santiago Fernández Subiela

H

acía meses que intentaba sentirte profundamente. Había pasado mucho tiempo

persiguiendo tu olor (sólo eso me gustaba de ti). Pero siempre lograbas escapar, dejándome las venas casi vacías y mi ser pidiendo a gritos más de tu exquisita fragancia. Me había vuelto adicto a tu perfume. Por suerte ese día no lograste escapar, pues me había asegurado de tapar todo lugar por donde pudieras fugarte. Encendí el horno —además de las cuatro hornallas— y sólo fue cuestión de esperar… Me acosté y respire profundo.

Santiago Fernández Subiela: Nació en 1991 en la ciudad de Mar del Plata, Argentina, por lo que tiene 17 años y está cursando la secundaria. Miembro activo desde Septiembre de 2008 del Taller 7, creado por Sergio Gaut vel Hartman. Usualmente aparecen cuentos suyos en los blogs "Químicamente Impuro", "Ráfagas, parpadeos" y "Breves no tan breves". E-mail: santiagofernandez_91@hotmail.com.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Negociación Sergio Gaut vel Hartman

— E

s tu turno — dijo la Muerte —, pero estoy dispuesta a concederte diez

años extra si no vuelvo a aparecer en tus ficciones. — ¿Por qué? — Preferiría pasar inadvertida, recuperar el perfil bajo de antaño. Estoy negociando con todos los escritores que abusan de este tema. — ¡Acepto, por supuesto! — exclamó el escritor, entusiasmado. La Muerte se retiró sin saludar. El escritor esperó unos minutos, tomó el lápiz, el cuaderno, y escribió esto.

Sergio Gaut vel Hartman: nació en 1947 en Buenos Aires, Argentina. Publica desde 1970 en revistas y antologías. Entre sus libros se cuentan Cuerpos descartables (relatos) y El universo de la ciencia ficción (ensayo). Dirige la revista digital Sinergia, tres blogs de minificciones y ha compilado Los universos vislumbrados 2, Grageas, Desde el Taller y Mañanas en sombras.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Caçada Noturna Wilson Gorj

L

anterna à mão, o caçador perseguia as pegadas da pantera.

Atrás dele, na escuridão da selva, dois olhos acessos também o seguiam.

Wilson Gorj: autor do livro Sem Contos Longos, coletânea de 100 micronarrativas. Do mesmo gênero, participou das antologias Contos de Algibeira (ed. Casa Verde, RS – 2007) e Entrelinhas (ed. Andross, SP – 2008). É colunista do jornal O Lince (www.jornalolince.com.br) e mantém o blog O Muro & Outras Páginas (omuroeoutraspgs.blogspot.com). Contato com o autor: gorj@jornalolince.com.br.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Entrevista Ademir Pascale entrevista o escritor e editor Edson Rossatto.

Ademir Pascale: Primeiramente, digo que é um prazer tê-lo conosco neste bate-papo. Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de Edson Rossatto como escritor e editor. Edson Rossatto: Quando eu era menino, tinha a péssima mania de mentir. Era muito bom nisso! (risos) Como criar histórias era minha especialidade, resolvi canalizar isso em favor de algo benéfico. Foi então que comecei a mentir para o papel. Ademir Pascale: E como surgiu a idéia da criação da editora Andross? Edson Rossatto: Foi na universidade. Eu cursava Letras e um dia pedi para um professor ler um conto que eu havia escrito. Ele gostou tanto que disse que precisávamos publicar. O problema era que não tínhamos uma editora para publicar. Então eu tive uma idéia: pensei em uma espécie de concurso em que cada autor que tivesse um texto aprovado ajudasse na vendagem do livro. Assim, as pessoas que comprassem o livro de um autor acabava lendo também o texto do outro. Quando levei a idéia para o professor, ele aprovou imediatamente. Publicamos dois livros de alunos da universidade. Depois disso, resolvemos expandir essa idéia para fora dos muros da instituição. Foi assim que a Andross surgiu. Ademir Pascale: Quantas antologias a Andross já promoveu e quais delas mais lhe marcou e por quê? Edson Rossatto: Já publicamos 780 autores em 19 antologias. As que mais me marcaram foi as que eu organizei com temática de horror: Caminhos do medo, Noctâmbulos e Réquiem para o Natal. Adoro essa temática de terror e suspense! Ademir Pascale: Em geral, o que você acha dos contos e minicontos? Edson Rossatto: Eu gosto muito desses gêneros. Na verdade, você acertou em cheio na pergunta, pois são meus preferidos. E isso por muitas razões. A principal é que sou um escritor urbano. Escrevo para o leitor urbano. E quer algo mais urbano do que a falta de tempo? Temos de acompanhar nossos leitores. Por isso, prefiro escrever textos curtos, assim aquelas pessoas que não costumam ler têm a oportunidade de fazer isso nos poucos minutos de um café. Ademir Pascale: Quais são as vantagens de um escritor participar de uma antologia pela Andross? Edson Rossatto: A Andross é uma verdadeira família. Mesmo depois que o livro fica pronto, os autores não perdem o contato com os seus companheiros de


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves publicação, e esses contatos são importantes para quem quer iniciar uma carreira literária. Além disso, os textos enviados para participação nas antologias são submetidos à avaliação e só depois publicados. Não é “pagou, passou”. Então os autores podem se sentir seguros pois seus textos estarão cercados de obras de qualidade. Ademir Pascale: Poderia falar um pouco para os nossos leitores sobre a sua obra “Mansão Klaus”? Edson Rossatto: Este livro reúne três contos de suspense de minha autoria. Mansão Klaus é o nome dado à casa de Weber, um homem muito misterioso, presente em dois contos. Ele e mais quatro amigos se reúnem após anos longe um do outro. Aparentemente um simples reencontro, mas que mudaria inexoravelmente suas vidas. Virgem de Nuremberg – conto que abre o livro – narra a história de uma mulher muito atraente que se envolve com Weber, que tem como outro predicado a sedução, numa trama cercada de idéias implícitas, cortesias, atração e enigmas. O último conto do livro é Floreios Carmim. Nele, é exposta a história da doce menina Güinevere que conhece Gabriel num chat. Em meio a uma narração, ora em primeira pessoa, ora em terceira, passamos a ver se ela teria encontrado a real felicidade. Ademir Pascale: E como estão os seus projetos voltados para o mundo das HQs? Edson Rossatto: No início de novembro, a editora Europa lançará uma HQ cujo argumento foi escrito por mim. Trata-se do projeto HISTÓRIA DO BRASIL EM QUADRINHOS, uma HQ didática em que contamos como aconteceu a Independência do Brasil. Ela foi escrita para o público infantil, mas tenho certeza que muitos adultos vão lá dar uma olhadinha... Ademir Pascale: Além de livros e HQs, você também costuma visitar outras mídias? Edson Rossatto: Boa pergunta! Um grupo de estudantes do curso de Rádio e TV da Unesp de Bauru roteirizou e está filmando o meu conto "Cartas a um irmão". A estréia está marcada para 27/11/2008 em um cinema em Bauru mesmo. Eu estarei lá para ver meu filho (o conto!) me dar um neto (o curta!). (risos) Para um escritor, ser publicado em livro já é um grande orgulho. Agora imaginem ter uma obra adaptada para o cinema? Fico arrepiado todas as vezes em que aparece no curta "Da obra de Edson Rossatto"...(risos) Ademir Pascale: No seu ponto de vista como editor, quais são as principais características que uma editora seleciona em um escritor para ser publicado? Edson Rossatto: Geralmente assuntos polêmicos. Sua obra desafia a igreja? Seu texto será um novo Código DaVinci! Você é uma ex-garota de programa? Opa! Mais uma Bruna Surfistinha na parada. Hoje em dia – infelizmente - o que determina se uma obra será publicada ou não é a quantidade de livros que ela vai vender no menor tempo possível. Então está ficando cada vez mais raro os Saramagos da vida conseguirem esse espaço.


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves Ademir Pascale: Como surgiu a idéia inicial para a criação da antologia Réquiem Para o Natal – Contos de Terror de Natal? Edson Rossatto: Sinceramente? Eu perguntei! (rs) Temos uma comunidade no orkut. Coloquei um tópico “Sugestão de novas antologias”. Então alguém sugeriu. No mesmo momento aprovei a idéia. Ah! Essa é mais uma vantagem de se publicar com a Andross: ouvimos os autores. Ademir Pascale: Poderia falar um pouco sobre as últimas antologias que a Andross está promovendo e como os interessados em participar com os seus contos devem proceder? Edson Rossatto: Para 2009, reservamos diversas antologias. Por enquanto, só posso informar as temáticas: contos sobre o fim do mundo, contos de humor, contos fantásticos brasileiros, contos de vampiros... Para saber mais, vocês precisam acompanhar o site da editora: www.andross.com.br nas próximas semanas. Perguntas Rápidas: Um livro: 1808 Um(a) autor(a): Stephen King Um ator ou atriz: Johnny Depp Um filme: Batman – O cavaleiro das trevas (Sou fã do homem-morcego!...risos) Um dia especial: Sinceramente? Cada lançamento da editora. Adoro interagir com os autores. Um desejo: Ter meu sebo no Centro de São Paulo...(risos) Ademir Pascale: Desejo-lhe sempre muito sucesso. Um forte abraço. Edson Rossatto: Grande abraço pra você e muito sucesso, Ademir. Admiro seu trabalho de ativista cultural!


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Entrevista Ademir Pascale entrevista o escritor André Vianco. (Retrospectiva 2008)

Ademir Pascale: Quando teve início sua paixão pelo gênero gótico? André Vianco: Desde a infância lembro de parar na frente da televisão para assistir a filmes de horror e fantasia. O primeiro livro que li era de um monstrinho que comia tudo que aparecia pela frente até que engoliu um lago inteiro e explodiu. Sempre curti as histórias sombrias, na ficção e no mundo real. Ademir Pascale: O gênero gótico é bem abrangente, mas o seu forte são os Vampiros. Por quê? André Vianco: Aconteceu de serem os vampiros. Dentro da ficção, acho que os vampiros são as criaturas que mais chamavam-me a atenção. Daí, no ano 2000, lancei minha primeira história, meu primeiro romance e era justamente “Os sete”, onde narrei a aventura de sete vampiros encalacrados numa caixa de prata em Portugal descobertos no Brasil 500 anos depois. O duro é que a história continuava e, para um escritor estreante, seria difícil publicar logo de cara um livro com 800 páginas. A continuação de “Os sete” foram naturais, vindo “Sétimo” e as histórias do “O turno da noite” em 3 volumes. Ademir Pascale: É verdade que você vai adaptar para as telonas o romance "A Casa"? Caso sim, existe a possibilidade de adaptação de outras obras de sua autoria para o cinema? Se sim, quais? André Vianco: É verdade. “A casa” está em pré-produção, na Estação TV e deve ter as filmagens iniciadas ainda esse ano. Estou escrevendo para cinema e TV, alguns estúdios estão procurando para produzir tanto “Os sete” quanto “Bento”, grandes estúdios de fora já começaram a sondar a possibilidade. Tenho que ser criterioso nesse momento. A obra quando sai do papel para um meio audiovisual pode ser muito broxante para quem acompanhou aquilo página por página. Nesse ponto sou chato, não cedo os direitos sem que se faça um contrato muito bem elaborado. Não vou deixar ninguém destruir uma história só por vaidade, tem que esperar a hora certa para dar esse passo. No momento estou desenvolvendo um projeto de minissérie, uma idéia inédita ainda e também uma peça de teatro que me foi encomendada. Ademir Pascale: É verdade que você passou por dificuldades para conseguir a publicação da obra "Os Sete"? Você encontrou obstáculos no início da sua carreira? André Vianco: Claro que encontrei dificuldades. Acho que todo mundo que está começando sempre tromba com uma pedra aqui e ali. Nenhuma editora queria meus trabalhos na época. Meu livro só saiu da gaveta porque estava decidido a publicá-lo e terminei pagando uma gráfica para ter esse desejo concretizado. Daí passei um ano distribuindo por conta até que a primeira editora topou tocar o


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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves projeto adiante. O negócio é não desistir nunca. Se você acredita no seu talento, no seu projeto, siga em frente. Os dias nublados ficarão para trás. Ademir Pascale: Como você se sente em saber que "O Sete" já vendeu mais de 50.000 exemplares? André Vianco: Sinto-me bem. Principalmente porque trabalhar com cultura no Brasil, ser escritor no Brasil é muito complicado. É uma recompensa. Ademir Pascale: Você sente saudades do cargo de redator do departamento de jornalismo da rádio Joven Pan 2? André Vianco: Sinto saudades da dinâmica do lugar. Aprendi muito trabalhando na Jovem Pan 2, foi uma época muito divertida da minha vida. Ademir Pascale: O que você acha da internet para a divulgação do seu trabalho? André Vianco: Fundamental. Graças a internet consigo estar em contato com meus leitores. Gosto muito disso. Troco idéias sem muita frescura. Só não fico escrevendo “venu”, “legau” e “nakele”, coisinhas que infestaram a net. Sem contar que a divulgação, para qualquer escritor é a alma do negócio. Posso falar com leitores de norte a sul sem ter que investir horrores em propaganda ou me deslocar toda semana. Ademir Pascale: Qual foi a repercussão na mídia no início da sua carreira? Em geral, a mídia abre as portas para os escritores brasileiros? André Vianco: O problema com a mídia e os escritores nem é se esse cara é novo ou já tem um tempo na estrada. O que acontece é que literatura tem pouco espaço nos veículos, sejam jornais, revistas, TV ou o diabo. Tirando as publicações e programas especializados os escritores tem que disputar espaços ridículos onde fala-se sobre livros. Hoje divulgam mais meu trabalho, acho que é uma evolução natural quando um profissional está ai, produzindo, e coisa e tal. Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta? André Vianco: Putz. Inúmeros. O lance é que amo mesmo escrever. Então não paro de ter idéias, de criar. Dirigi dois curtas já me preparando para o cinema. Meu maior sonho hoje em dia é rodar um longa-metragem meu. Estou escrevendo para teatro também e minisséries. Queria muito emplacar essas idéias aqui no Brasil porque o que eu produzo tem tudo a ver com nossa terra, nossa gente, nossas idéias. Bem, vamos ver onde tudo isso vai parar. Perguntas Rápidas: Um Um Um Um Um Um

livro: Bando de pardais autor(a): Vitor Hugo ator ou atriz: Pedro Cardoso filme: Brilho eterno de uma mente sem lembranças dia especial: hoje desejo: ser campeão de truco

Ademir Pascale: Foi um imenso prazer conversar com você. Desejo-lhe muito sucesso. Um forte abraço.


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André Vianco: Eu que agradeço. Abraço a todos e leiam muito! Quer conhecer mais sobre André Vianco? Visite meu site: www.andrevianco.net


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Dicas de Livros OS MELHORES CONTOS BRASILEIROS DE FC Roberto de Souza Causo Neste volume estão onze histórias, de Machado de Assis, o maior nome da literatura nacional, até o desconhecido Ricardo Teixeira. De 1882 a 1997, mais de cem anos de ficção científica feita por brasileiros, demonstrando que o gênero teve e tem um papel na representação da 'experiência brasileira', e merece um lugar no cenário das letras nacionais.

Valor: R$ 24,50 ISBN: 8575323032 ISBN-13: 9788575323038 Páginas: 198 - Devir Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br

ZONA MÓRFICA Cleber Pacheco Em 'Zona mórfica', dois garotos conseguem controlar seus sonhos; a tênue linha que aparta o mundo real do espaço onírico pode transformar a descoberta num terrível pesadelo. No conto 'Aemulatores', Daniel desenvolve uma habilidade psicocinética que lhe pode ser útil quando envolto por criaturas? Literalmente? de outro mundo. William, o garoto das mãos ociosas, recebe incentivo de uma ruiva bastante estranha para vingar-se de um professor. Três seres assombrosamente poderosos se digladiam em 'Três bestas'. 'Zona mórfica' reúne nove contos que guiarão o leitor por tramas de suspense, terror e fantasia. Valor: R$ 25,00 ISBN: 8577163830 ISBN-13: 9788577163830 Páginas: 206 Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br ou www.cleberpacheco.com.br


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O PROTOCOLO ANÚBIS O CHAMADO DAS AREIAS DA MORTE William Goldoni O PROTOCOLO ANÚBIS traz Christian, de O Grito da Esfinge, novamente no Egito, agora com terroristas em seu encalço devido ele ter traduzido os papiros conseguidos no Egito e, pior, saber seu verdadeiro significado. A turbulenta fronteira Egito-Sudão é palco de imprevisíveis acontecimentos, onde ocorre hoje o primeiro genocídio do século XXI.

Valor: R$ 35,00 ISBN: 978-85-61541-07-1 Páginas: 300 – Tarja Editorial Para adquirir, acesse: www.tarjalivros.com.br

UM MUNDO PERFEITO Leonardo Brum Em Pedra-Luz, os moradores ansiavam encontrar uma jóia rara que acreditava-se estar escondida na ilha e que havia sido roubada dos piratas mercenários na virada do século XIX. Cercada de inúmeras lendas e mistérios, dizia-se que tal jóia era capaz de realizar os desejos mais secretos das pessoas. Naquela fatídica terça-feira do ano de 1995, ao desembarcar as mercadorias para os comerciantes locais, o encarregado da Central Foods encontrou a ilha completamente deserta. E o que era mais intrigante: todos os pertences pessoais dos moradores haviam sido deixados para trás, como se todos eles tivessem tido uma pressa enorme e incondicional: ninguém fez as malas. Ninguém levou nada. Um carro ainda com o motor ligado, funcionando sozinho na beira da estrada. A comida queimando no fogão em uma das casas. A TV ligada que transmitia apenas uma enigmática tela azul. Para onde teriam ido os 207 moradores que faziam de Pedra-Luz a sua morada permanente? Sua salvação dependia de uma força maior que parecia inexistir em suas vidas, acostumados há tantos anos ao conforto de seus mundos privados, e da descoberta de um segredo familiar guardado a sete chaves, envolto num temor ancestral pelo que poderia acontecer se fosse novamente revelado. Valor: R$ 29,90 ISBN: 978-85-7679-196-6 Páginas: 296 – Novo Século Para adquirir, acesse: www.novoseculo.com.br


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HISTÓRIAS NEFASTAS PAULO SORIANO

Após anos militando no site Contos Grotescos, Paulo Soriano monta seu primeiro livro de contos, em que, da parte alta de Salvador, Bahia, ele mira o outro lado do Atlântico em busca das raízes européias do horror. O que encontra é a tradição do conto gótico e sua arte atmosférica. Soriano deixa claro que conhece em profundidade essa tradição e que possui os recursos literários – descritivos e lexicais – para emular seus efeitos. No gótico, o mundo exterior, seja como construções ou corpos humanos, espelha a decadência moral dos personagens. É exatamente o que vemos no elenco de homúnculos, deformados, anões, fantasmas, lobisomens, vampiros, alquimistas, alienígenas, cientistas loucos, envenenadores e sombras de vida própria. Roberto de Sousa Causo Valor: R$ 21,00 ISBN 978-85-7794-155-1 Páginas: 96 – Editora Corifeu Para adquirir, acesse: www.corifeu.com.br

A SEITA DO CAOS J. P. BALBINO Klaus Lennertz é um médico que, em um futuro nem tão distante, descobre a cura para o Ius, o vírus que aterrorizou a humanidade e reestruturou a ordem mundial. Quase um ano se passou e, quando todos já voltavam a viver confiantes de que o Ius havia sido realmente extinto, Klaus recebe uma misteriosa mensagem em seu celular. Junto a isso, a primeira cobaia que recebera o antídoto contra o vírus volta a apresentar os sintomas e o pior irá ocorrer em breve o Ius vai voltar para todo o mundo. Em alternativas, Klaus decide fazer o que a estranha mensagem pede procurar um homem chamado Leonardo Cass. Mas ele não sabia que, ao iniciar essa enigmática busca, viraria presa de uma seita que utiliza os poderes da Teoria do Caos para reger o mundo há séculos. Valor: R$ 19,90 ISBN: 8577182479 ISBN-13: 9788577182473 Páginas: 184 – ALL PRINT Para adquirir, acesse: www.saraiva.com.br *DIVULGUE A SUA OBRA NO TERRORZINE. SOLICITE INFORMAÇÕES SOBRE VALORES, ETC. ENVIE UM E-MAIL PARA: ademir@cranik.com


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Ademir Pascale

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