Experiência com educação ambiental e adaptação às mudanças climáticas em escolas municipais do Recife
Índice Apresentação............................................................................. 7 Projeto Águas das Chuvas: Como fizemos?............................. 8 Etapa 1 - Mapeamento e seleção das escolas...................................9 Etapa 2 - Oficinas de Educação Ambiental e Intercâmbio de Experiências............................................................ 12 Etapa 3 - Curso de cisterneiro, construção das cisternas, instalação e distribuição do sistema da água...................................18 Etapa 4 - Mutirão de grafite............................................................... 20
Principais resultados do Projeto Águas das Chuvas.............. 22 Percepções e Aprendizados do processo vivido..................... 24 Como construir uma Cisterna de Placa?.................................. 26 Agradecimentos........................................................................ 31
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Publicação da Diaconia Conselho Diretor Presidente - Oscar P. Sanchez MC Clinton Vice-Presidente - Dalcido Gaulke 1º Secretário - Rinaldo Cezar Mendonça de Oliveira 2ª Secretária - Maria Leci Queiroz 1ª Tesoureira - Joana D’Arc Meireles 2ª Tesoureira - Odete Liber Adriano Vogal - Airton Scheunemann Schroeder Suplente - Roseane Chagas C. Lima de Freitas
Colegiado de Assessores (as) Político-pedagógicos (as) Afonso Cavalcanti - Sertão do Pajeú - PE Joselito Costa - Região Metropolitana do Recife - PE Kezzia Cristina - Região Metropolitana de Fortaleza - CE Risoneide Lima - Oeste Potiguar - RN Mobilização de Recursos e Comunicação Clara Cavalcanti Tádzio Estevam Yuri Moscoso
Conselho Fiscal Titular - Jefferson Fabian Kern Titular - Daniel Pereira Bonfim 1º Suplente - João Batista Amaral de Oliveira 2º Suplente - Acácio Gonçalves Coordenações Político-pedagógica - Waneska Bonfim Administrativo-Financeiro - Maria Orlenir Santos
Expediente Organização
Capa e Ilustrações
Joselito Costa
Victor Santos
Texto
Projeto Gráfico
Érika Nascimento
Caique Rago
Revisão
Fotos
Tádzio Estevam
Acervo da Diaconia
Apresentação chuvas com 200 adolescentes e jovens, estudantes da rede pública municipal de ensino do Recife;
Essa publicação sistematiza e socializa a experiência do Projeto ‘Águas das Chuvas: Educação e adaptação às mudanças
• Produzir e publicar cartilhas com a sistematização da experiência para serem distribuídas nas escolas.
climáticas na cidade’, realizado pela Diaconia em parceria com a Prefeitura da Cidade do Recife, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, e o Conselho Municipal de Meio Ambiente do Recife (COMAM). O projeto foi realizado a partir do edital de convocação 001/2014 que aprovou propostas a serem executadas com recursos do Fundo
O projeto foi realizado entre novembro de 2015 e novembro de 2017, e contemplou escolas
localizadas
nas
seis
Regiões
Político-Administrativas do Município. O caminho metodológico escolhido para a
formação
em
educação
ambiental
Municipal de Meio Ambiente.
começou com a realização de oficinas
O objetivo proposto foi construir cisternas
intercâmbio no Sertão do Pajeú; e culminou
de placas com capacidade de captar e armazenar 16 mil litros de água das chuvas em escolas públicas da Rede Municipal de Ensino da Cidade do Recife (PE), e desenvolver processos de Educação Ambiental com adolescentes e jovens estudantes, professoras (es), gestoras (es), e demais integrantes das comunidades
temáticas; seguiu com a experiência de com a preparação e o acompanhamento da construção das cisternas nas escolas, com especial atenção para as definições coletivas sobre a gestão da água captada pela cisterna. Nesta cartilha você poderá acompanhar como se deu a execução de cada uma
escolares.
das etapas do Projeto ‘Águas das Chuvas:
Além da construção das cisternas, outras
climáticas na cidade’; o passo a passo para
metas do projeto foram estabelecidas e cumpridas: • Mobilizar seis (06) escolas públicas da rede municipal de ensino da cidade do Recife aptas para a implantação do projeto;
Educação
e
adaptação
às
mudanças
a construção das cisternas de placas; os principais resultados do projeto; e algumas percepções e aprendizados do processo vivido. Desejamos a você uma boa leitura!
• Capacitar tecnicamente cinco (05) profissionais da construção civil para a construção das cisternas de placas; • Selecionar, formar e desenvolver processos de educação ambiental para o aproveitamento das águas das
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Projeto Ă guas das Chuvas: Como fizemos?
Etapa 1 - Mapeamento e seleção das escolas Mapear e selecionar as seis escolas foi a primeira ação do Projeto. Nessa etapa
estabelecemos
diálogos
com
a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, e com a Secretaria municipal de Educação - através do programa Mais Educação -, a fim de identificarmos, visitarmos e selecionarmos escolas da rede municipal que respondiam aos critérios estabelecidos para o projeto. Para a seleção das escolas foi preciso considerar o desejo e a disposição da comunidade escolar em participar das atividades, mas também foi fundamental realizar um estudo da viabilidade técnica
• Critérios utilizados para escolha das escolas participantes do Projeto: • Sensibilidade e experiência prévia da escola com iniciativas de educação ambiental na vivência escolar; • Dificuldade vivenciada pelas escolas com o acesso e armazenamento de água, ou com os efeitos das chuvas intensas (alagamentos, inundações etc); • Espaço físico suficiente e adequado para a construção da cisterna nas suas dimensões originais; • Altura e inclinação do telhado capazes de garantir uma queda d’água favorável à captação das águas das chuvas.
de implementação da tecnologia de coleta de águas das chuvas nos espaços físicos das unidades de ensino.
PRA SABER MAIS... Cada cisterna de placa tem 3,50 m de diâmetro (de fundo a fundo) e 1,80 m de altura; O local de sua construção não pode ser perto de tubulações e / ou sistemas de esgoto, pois isso pode acarretar em contaminação da água; A queda d’água do telhado deve ter altura e inclinação suficientes para captar as águas das chuvas.
O QUE PODE DAR CERTO: O apoio e envolvimento das Secretarias municipais de Educação e de Meio Ambiente foram fundamentais para o êxito do processo de mobilização e adesão das escolas enquanto parceiras do projeto.
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As escolas selecionadas por RPAs Escola Nadir Colaço
Endereço: Avenida Norte Miguel Arraes, 7123 – Macaxeira Telefone: (81) 3355.3971 Email: nadircolacoem1984@gmail.com Etapas de Ensino: Ensino Fundamental II Número total de estudantes: 347 - Escola de tempo integral Professoras (es) envolvidas (os) no projeto: Rosiane Maria de Araujo Costa; Brindize Ferreira de Lima Estudantes envolvidas (os) diretamente no projeto: Diego Lira da Fonseca; Fábio Joveni da Silva Freitas; Melissa Bruna Marin Arfelli;
RPA 3
Escola Divino Espírito Santo
Endereço: Avenida Caxangá, 127 – Várzea Telefone: (81) 3355.3885 Email: emdivinoespiritosanto@yahoo.com.br Etapas de Ensino: Ensino Fundamental I e II Número total de estudantes: 421 - Escola de tempo integral Professoras (es) envolvidas (os) no projeto: Cynthia Gomes de Lira Estudantes envolvidas (os) diretamente no projeto: Joyce Dherwelly Monteiro Silva; Allysson Fellype Gomes Muniz; Victório Vagner Urgiette de Souza;
RPA 4
RPA 5 Escola Dom Bosco
Endereço: Rua Alvenópolis, 600 – Jardim São Paulo Telefone: (81) 3355.3848 Email: escolamunicipaldombosco@hotmail.com Etapas de Ensino: Ensino Fundamental - II / EJA Número total de estudantes: 498 - Escola de tempo integral Professoras (es) envolvidas (os) no projeto: Eliane Alves Pantaleão Estudantes envolvidas (os) diretamente no projeto: Ellem Priscylla Xavier dos Santos; Letícia Mirelly Venceslau da Silva; Maria Eduarda Nobre de Lima Silva
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Escola Antônio Heráclito do Rego
Endereço: Rua Manoel Silva, Água Fria Telefone: (81) 3355.4229 Email: em.antonioheraclio@educarecife.com.br Etapas de Ensino: Ensino Fundamental II, EJA Número total de estudantes: 470 - Escola de tempo integral Professoras (es) envolvidas(os) no projeto: Millena de Azeredo Lopes Ventura; Maria Iralene Gomes Estudantes envolvidas (os) diretamente no projeto: Matheus Antônio Guimarães Bezerra; Vitória Regina F. De Paula; Matheus Ramos da Silva
Escola Novo Mangue
Endereço Avenida Central, 511, São José – Ilha de Joana Bezerra Telefone: (81) 3355.4536 Email: escmunnovomangue@gmail.com Etapas de Ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, EJA – Supletivo Número total de estudantes: 365 Vice-Diretora: Maria Aparecida de Brito Lira Professora envolvida no projeto: Lorruama Lacerda Estudantes envolvidas (os) diretamente no projeto: Maria Mayara Rodrigues de Lima; Kamila Tavares de Souza; Wevylley Itanhanny Silva de Albuquerque
RPA 2
RPA 1
Escola Karla Patrícia
RPA 6
Endereço: Professor Eduardo Wanderley Filho, 700 - Boa Viagem Telefone: (81) 3355.4040 Email: escolamkarlapatricia@yahoo.com Etapas de Ensino: Ensino Infantil, Ensino Fundamental I e II, EJA Número total de estudantes: 548 Professoras (es) envolvidas (os) no projeto: Nancy Batista Gomes Estudantes envolvidas (os) diretamente no projeto: Lauane Maria da Silva; Everton Francisco da Silva; Everson Leôncio da Silva
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Etapa 2 - Oficinas de Educação Ambiental e Intercâmbio de Experiências O processo formativo teve início com a realização de quatro (04) oficinas temáticas, realizadas com representações de estudantes e professores (as) de cada uma das seis escolas selecionadas. As oficinas aconteceram na sede da Diaconia e possibilitaram ao grupo a experimentação de novos métodos educacionais e o compartilhamento das realidades e das vivências entre estudantes de diferentes escolas e regiões do município do Recife, e também entre os(as) professores(as) sobre as possibilidades e experiências já desenvolvidas nas escolas com a temática da educação ambiental.
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Os grupos participantes se fortaleceram a partir das semelhanças entre suas vivências e de uma noção de pertencimento a uma realidade comum. Cada encontro oportunizou reflexões sobre uma temática diferente de modo que foi possível discutir e construir alternativas sobre os diferentes aspectos da educação ambiental. A proposta formativa previu a replicação das oficinas facilitadas pelos estudantes em suas escolas. Para tanto, o projeto disponibilizou todos os materiais pedagógicos e didáticos necessários.
Temas e conteúdos das oficinas: 1ª Oficina
3ª Oficina
Tema: Escassez de Águas
Tema: Cisterna de Placa
Conteúdos: Os ciclos da água; causas e
Conteúdos: Construção de cisternas (material e
problemas da escassez
tempo de duração); Características da cisterna de placa (forma, sistema de captação,
2ª Oficina Tema: Tecnologias social de Captação de Águas Conteúdos: Tecnologias sociais (cisterna de placas, barragem subterrânea, barragens
tempo de consumo médio por família); Funcionamento das cisternas; Benefícios da construção de cisternas; Diferença entre cisternas de placas e cisternas de plástico.
sucessivas, barramento de pedra e cisterna
4ª Oficina
calçadão); Experiências de outros países de
Tema: Gestão integrada de recursos hídricos
adaptação à escassez de água; Cisterna nas
Conteúdos: Gestão integrada de recursos
escolas
hídricos e gestão das águas das cisternas nas escolas.
Após a realização das oficinas temáticas, os grupos formados por estudantes e professores (as) das escolas viajaram para conhecer algumas experiências no Sertão do Pajeú pernambucano. Para alguns jovens e adolescentes essa foi a primeira oportunidade de saírem de seus territórios e das suas comunidades e vivenciarem outras realidades. Durante três dias eles (as) interagiram com diferentes iniciativas e participaram das seguintes atividades:
1) Visita a propriedades rurais
2) Apresentações Culturais
Na visita aos sítios locais os (as) estudantes
A partir da apresentação do Coral Educação
puderam
mais
do Campo e da peça teatral ‘A galinha dos
da realidade sertaneja e sobre o uso e
ovos de água’, o grupo teve oportunidade
importância das tecnologias sociais para
de refletir sobre as consequências da falta
as famílias (cisternas, biodigestor).
de água e de longos períodos de estiagem
dialogar
e
conhecer
e sobre a importância da preservação dos recursos hídricos. Foto 11
3) Visita à Escola Baraúnas
5) Caminhada pela reserva da Matinha
Em formato de roda de conversa, o grupo
Nessa
visitante
práticas
nascentes e toda disposição da vegetação
sustentáveis na perspectiva da educação
do bioma Caatinga. Durante a caminhada,
ambiental adotadas pela escola, a exemplo
estudantes e professoras realizaram pe-
do biodigestor e da cisterna, assim como
quenos registros fotográficos e em vídeo.
o seu projeto pedagógico, que já teve
A Reserva da Matinha está localizada no
iniciativas premiadas. Durante a visita,
município de Afogados da Ingazeira e é
o grupo experimentou o almoço feito
uma área de preservação ambiental da
com produtos da agricultura familiar e
Mata Atlântica.
conheceu
outras
atividade
o
grupo
observou
considerou as possibilidades e benefícios da agroecologia também nas escolas.
Além da experiência com outras tecnologias sociais que se relacionam com o meio ambiente de forma consciente e integrada, foi possível destacar outros olhares, compreensões e oportunidades vivenciadas pelo grupo durante o intercâmbio: • Em algumas localidades rurais, as crianças dominam, também, o funcionamento das tecnologias sociais;
4) Oficina de Xilogravura Forte expressão cultural do Sertão do Pajeú, a xilogravura é amplamente utilizada enquanto recurso pedagógico na Escola Baraúnas. A proposta da oficina possibilitou que estudantes do município de São José do Egito pudessem repassar a técnica aos visitantes recifenses. Em duplas, aprendizes e facilitadores construíram processos artísticos e discutiram o tema do meio ambiente a partir dessa linguagem. 12
• A experimentação do espaço rural nas suas diferentes práticas e alternativas de convivência com o meio ambiente pode ser um importante aprendizado para os grupos urbanos; • A vivência das comunidades rurais com a água foi capaz de provocar outra percepção no grupo sobre sua importância. Ganhou destaque os diferentes significados que as chuvas têm nas áreas urbanas e rurais, enquanto nas cidades elas se relacionam com alagamentos, enchentes e outros transtornos; no campo é normalmente associada à produção, fartura e qualidade de vida.
PRA SABER MAIS A Escola Baraúnas está localizada no município de São José do Egito, desenvolve educação contextualizada e conta com a utilização de algumas tecnologias sociais em suas atividades cotidianas. A proposta pedagógica da Baraúnas valoriza os conhecimentos existentes nos territórios rurais e as experiências das famílias e dos (as) estudantes, considerando esses saberes no seu currículo escolar.
Depoimentos: “A cisterna na escola é um passo inicial no sentido de melhoria da situação das escolas da região metropolitana, sendo um dos elementos que somarão para busca de solução dos problemas referentes à educação”. Ellem Priscylla Estudante da Escola Dom Bosco
“Depois do intercâmbio, eu pude saber que as pessoas do Sertão cuidam muito dessa água que jogamos fora sem nenhuma preocupação” Vitória Regina Estudante da Escola Antônio Heráclito do Rego
“O governo poderia investir em cisternas não só nas escolas, mas também em parques e outros lugares públicos. Assim, as águas das chuvas teriam uma boa utilidade, em vez de alagar as ruas”. Melissa Bruna Estudante da Escola Nadir Colaço
“Antes, quando perguntado sobre o que era uma cisterna, eu não sabia responder. Hoje, o projeto me fez entender a importância do método para a economia, captação, e reaproveitamento da nossa água”. Allysson Fellype Estudante da Escola Divino Espírito Santo
O QUE PODE DAR CERTO Para realização do intercâmbio cada escola deverá providenciar com antecedência autorização de viagem dos (as) estudantes contendo assinatura dos pais, mães ou responsáveis.
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“Para nós recifenses a água não é importante, porque pensamos que ela nunca vai acabar, mas estamos muito enganados...lá no Sertão, a água é ouro para eles.” Lauane Estudante da Escola Karla Patrícia
“Esse projeto mudou tudo! Meus pensamentos, meu jeito, várias coisas em minha vida, e assim, mudou também como eu me relaciono com as pessoas e com os professores.” Kamila Tavares Estudante da Escola Novo Mangue
“Senti que também sou responsável pelo desenvolvimento e sucesso do Projeto...o quanto ele fará diferença para a comunidade em relação à captação das águas das chuvas e sua utilização. Vamos despertar para um novo horizonte de conscientização.” Maria Aparecida Vice-diretora da Escola Novo Mangue
“Acredito que devemos ensinar nossas crianças, adolescentes e jovens a respeitar o meio ambiente e as águas, cuidando, economizando, evitando poluição e reaproveitando.” Maria Iralene Gomes Professora da Escola Antônio Heráclito do Rego
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“O que aprendemos nos deu esperança para um mundo melhor. Hoje os alunos têm um outro olhar para o mundo.” Eliane Alves Pantaleão Professora da Escola Dom Bosco
“Senti muita satisfação em presenciar os alunos vivendo outras realidades. Sei que jamais esqueceremos tudo o que vivemos. Construímos, desenvolvemos e aprendemos!” Brindize Ferreira Professora da Escola Nadir Colaço
“Com a cisterna a água é captada, a sede é saciada, a comida é cozida, o corpo é banhado, a roupa é lavada, a lavoura é irrigada, os animais são tratados, a vida é mantida e nossa gente é agradecida.” Nancy Batista Professora da Escola Karla Patrícia
“O uso da tecnologia social para aproveitamento da água da chuva, através das cisternas, seja em residências no campo ou na cidade, em instituições públicas ou privadas, tem contribuído bastante para uma melhor qualidade de vida das pessoas que utilizam essa alternativa...Portanto, não seria a instalação de cisterna para aproveitamento da água da chuva uma brilhante ideia? Não seria a utilização de cisterna uma ‘luz’ para solucionar o problema da falta de água?” Cynthia Gomes de Lira Professora da Escola Divino Espírito Santo
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Etapa 3 - Curso de cisterneiro, construção das cisternas, instalação e distribuição do sistema da água A construção da cisterna em cada escola se deu como etapa final do processo educativo.
Estudantes
e
professoras
(es) que participaram das oficinas e do intercâmbio
passaram
a
integrar
um
grupo que acompanhou todo processo da construção e definiu sobre como se daria a gestão da água captada por ela.
Na terceira etapa do projeto foi realizado um curso de cisterneiro que durou uma semana e foi facilitado por um pedreiro do Sertão do Pajeú com vasta experiência na construção de cisternas, e por um técnico de Diaconia especialista na construção e funcionamento dessa tecnologia social. Foram convidadas a participar do curso pessoas que possuíam alguma experiência como pedreiros (as), que fossem moradoras das comunidades onde as escolas estavam situadas, e que tivessem envolvimento com essas escolas. A estratégia de capacitar tecnicamente familiares de estudantes das escolas beneficiadas e contratá-los (as) para a construção das cisternas nas escolas, pretendeu sobre e
na
potencializar
meio
ambiente
comunidade;
movimentação
do
a
formação
nas
famílias
contribuir comércio
para
local
e
possibilitar que a tecnologia cisterna de placa venha a ser replicada em outros contextos e espaços urbanos. 16
O QUE PODE DAR CERTO Uma apresentação prévia dos benefícios e vantagens da experiência de construção da tecnologia ‘cisterna de placa’ pode ajudar a desmistificar a ideia de que não haverá demanda para sua construção nas áreas urbanas. Pode ser agregador destacar a possibilidade de que esses (as) profissionais sejam replicadores (as) dessas técnicas e que a difusão desse serviço nas áreas urbanas pode ampliar a geração de renda. A remuneração desses (as) profissionais já durante o curso de cisterneiro (a) pode ser uma estratégia importante para garantir a adesão e permanência dessas pessoas em todo processo formativo, uma vez que em decorrência da natureza da atividade eles (as) dependem financeiramente das oportunidades esporádicas de trabalho.
“Passei a ter conhecimento através da Diaconia, e hoje estamos fazendo esse trabalho maravilhoso para a comunidade e para os colégios...então, esse sistema de captação da chuva que cai sobre o telhado, e do telhado que cai sobre a cisterna, vai ser muito bom tanto para o colégio, quanto para a população e para a humanidade”. Fábio Damasceno, 37 anos Morador de Joana Bezerra, pedreiro e participante do curso de cisterneiro do Projeto ´Águas das Chuvas’
PRA SABER MAIS A construção de uma cisterna de placa tem custo médio total de R$: 4.100,00 (quatro mil e cem reais).
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Etapa 4 - Mutirão de grafite O mutirão de grafite foi coordenado por um grafiteiro com experiência em processos pedagógicos.
Os
integrantes
de
cada
escola propuseram os motes e definiram a proposta visual a ser estampada em cada cisterna. A experiência da grafitagem também teve como objetivo provocar a reflexão sobre a importância da arte de rua na requalificação do espaço urbano e valorizar essa forma de expressão das juventudes recifenses.
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O QUE PODE DAR CERTO As atividades de grafitagem nas escolas contaram com todos os equipamentos de segurança necessários.
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Principais resultados do Projeto Águas das Chuvas: Educação e adaptação às mudanças climáticas na cidade
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A primeira experiência de formação em meio ambiente com construção de cisternas de placa em escolas localizadas em território urbano foi bastante exitosa em sua execução. Dentre os principais resultados do projeto destacamos:
24 adolescentes e jovens
sensibilizadas (os) e atuando como multiplicadoras (es) de informação sobre a tecnologia de armazenamento de águas das chuvas;
2.380 estudantes
da rede municipal de ensino conhecendo e interagindo com a tecnologia de armazenamento de águas das chuvas;
10 professoras (es) e gestoras (es)
sensibilizadas (os) e motivadas (os) para fortalecer o trabalho de educação ambiental nas escolas, a partir da implementação das cisternas;
05 profissionais
da Região Metropolitana do Recife capacitados e habilitados para construir cisternas de 16mil/l;
06 cisternas construídas com seus sistemas de distribuição de água instalados;
06 escolas utilizando águas das chuvas em suas atividades escolares.
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Percepções e Aprendizados do processo vivido
A construção de cisterna de placa pode: • Ser considerada uma metodologia possível e viável também para as grandes metrópoles, se desenhando enquanto modelo que pode inspirar políticas públicas de combate à escassez e racionamentos de água nas áreas urbanas; • Significar uma alternativa para diminuição dos alagamentos e inundações nas escolas; • Se configurar como novo campo ou uma especialização das (os) trabalhadoras (es) da construção civil; • Ser feita em uma perspectiva pedagógica com crianças, adolescentes e jovens, e não só como um equipamento de acesso à água;
A experiência apontou: • Que a utilização de recurso público para financiar experiências-piloto pode contribuir para formular e estruturar políticas públicas; • Que a construção, implementação e disseminação de novas práticas ambientais sustentáveis requerem processos educativos; • Que o ambiente escolar é um potencial espaço de fomento da educação ambiental; • Que é possível estabelecer parcerias entre organizações da sociedade civil e poder público na execução e implementação de iniciativas sustentáveis e novas práticas ambientais; • Que os territórios rurais de base agroecológica podem contribuir muito para os aprendizados sobre o meio ambiente e sustentabilidade nos territórios urbanos.
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Como construir uma Cisterna de Placa? Passo a Passo
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Etapa 1 - Confecção das placas e dos caibros Placas da Parede: Material necessário:
• Faça 21 conjuntos de placas e mais 01 conjunto de sobra, ou seja, 66 placas;
• 04 sacas de cimento
• Faça as placas no mesmo dia;
• 36 latas de areia grossa e lavada;
• Molhe as placas 02 ou 03 vezes durante
• 20 carros de mão de areia para forrar o local de fabricação das placas
Como fazer: • Trabalhe com traço de 04 latas de areia para 01 lata de cimento; • Nivele a areia do forro para confecção das placas; • Esfregue a forma na areia para frente e para trás para dar a curva da placa; • Compacte bem o traço na forma; • Faça 63 placas e mais 02 de sobra, sendo um total de 65 placas; • Faça as placas no mesmo dia; • Molhe as placas 02 ou 03 vezes durante o dia
Evite problemas como:
• Mau nivelamento da areia do forro para confeccionar as placas; • Falta de aguação; • Forma com tamanho fora de padrão
Placas do Teto Material necessário: • 18 latas de areia lavada; • 01 saco e meio de cimento
Como fazer: • Faça traços de 06 latas de areia para 01 lata de cimento; • Nivele a areia do forro para confecção das placas;
o dia
Evite problemas como:
• Mau nivelamento da areia do forro para confeccionar as placas; • Falta de aguação; • Forma com tamanho fora de padrão
Caibros Material necessário: • 38 metros de ferro ¼; • 10 latas de areia lavada; • 05 latas de brita; • 01 saco e meio de cimento
Como fazer: • Prepare 21 varas de ferro ¼ com 1 metro e 80 centímetros de comprimento, e vire 3 centímetros em uma das pontas, reforce o meio do ferro com pedaços de ferro que sobram dos cortes; • Trace toda a areia, o cimento e a brita; • Coloque a vara de ferro no centro da forma com distância de 8 centímetros na parte de baixo e 6 centímetros na parte de cima, entre as tábuas, e encha com o concreto; • Faça um bico na massa com a colher no lado do ferro dobrado; • Faça 21 caibros; • Molhe as placas 03 vezes por dia; • Só assente depois de 02 dias.
• Compacte bem o traço na forma;
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Etapa 2 - Construção da laje do fundo Material necessário: • 04 varões de ferro de ¼; • ½ quilo de arame recozido 8; • 1 saco e meio de cimento; • 18 latas de areia lavada; • 05 latas de brita
Observação:
A cisterna só deve ser
construída em chão firme. Ela pode ter profundidade mínima de 30 centímetros, e máxima de 1 metro e 80 centímetros. Como fazer: • Nivele o terreno; • Faça uma grade de ferro de 03 metros e 70 centímetros de diâmetro;
metros e 50 centímetros; • Assente as placas por fora do risco; • Antes de montar a primeira fileira de placas, divida o risco do diâmetro de modo que fique um espaço de 1 centímetro e meio entre as placas; • Faça traços de 04 latas de areia para 01 lata de cimento; • Assente as placas com ajuda de um prumo; • Coloque a massa nos espaços entre as placas com a ajuda de uma régua; • Escore as placas por dentro e fora com varas.
Evite problemas como:
• Deixar placas fora de prumo
• Coloque a grade no fundo do buraco; • Trace o cimento, a areia e a brita;
Etapa 4 - Amarração das placas
• Encha a grade com o concreto;
Material necessário:
• Compacte bem o concreto com uma altura aproximada de 7 centímetros.
Evite problemas como: • Terreno mau nivelado;
• Terreno com presença de material mole
Etapa 3 - Levantamento das placas da parede Material necessário: • 08 latas de areia lavada; • 01 saco de cimento; • Para escoramento utilize varas: sendo 42 varas de 40 centímetros de comprimento; 42 varas de 01 metro e 10 centímetros; e 42 varas de 01 metro e 60 centímetros.
Como fazer: • Risque o diâmetro da cisterna com 3
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• 30 quilos de arame galvanizado 12
Como fazer: • Meça o tamanho do arame; • Espere no mínimo 01 hora após o assentamento das últimas placas para apertar os arames; • Aperte o arame com o uso de uma caneta de freio de bicicleta; • Amarre arames de baixo para cima da seguinte forma: Na primeira fila coloque 16 voltas de arame; na segunda fila coloque 12 voltas de arame; na terceira fila coloque 10 voltas de arame. • Distribuir as voltas de arame na placa por igual; • Deixar as emendas desencontradas.
dos
arames
Observação:
O aumento de voltas de
Evite problemas como:
arame é preciso para reforçar a cisterna
• Deixar falhas no reboco;
uma vez que ela perdeu a proteção do chão.
• Reboco fino demais.
Por isso que esse modelo tem mais voltas que o modelo tradicional.
Evite problemas como:
• Se amarrar o arame com a massa fresca pode deslocar as placas e comprometer a estrutura da cisterna; • Apertar demais o arame
Reboco do fundo
Material necessário: • 09 latas de areia lavada; • 1 saco de cimento; • Meio litro de vedacit
Como fazer:
Etapa 5 - Reboco da parte de fora Material necessário: • 20 latas de areia lavada; • 02 sacos de cimento
Como fazer: • Fazer reboco desempolado em toda parte externa da cisterna; • Faça o reboco bem distribuído e reforçado; • Cubra bem os arames com a massa.
Evite problemas como:
• Deixar os arames quase descobertos
• Faça o traço de 9 latas de areia para 1 saco de cimento; • Dissolva o vedacit com água e misture bem com a massa; • Corte a massa e desempole; • Reforce os cantos da cisterna na parte do fundo; • Encha bem com massa, corte e desempole corretamente.
Depois de terminar o reboco de dentro da cisterna, pincelar com golda feita com meio saco de cimento e meio litro de vedacit.
Evite problemas como: Etapa 6 - Reboco da parte de dentro Reboco da parede
• Não reforçar os cantos da cisterna no rejunto entre as placas e o fundo; • Reboco fino demais.
Material necessário: • 14 latas de areia lavada; • 1 saco e ½ de cimento; • 2 litros de vedacit
Como fazer:
Etapa 7 - Construção da cobertura Pilar Central
Material necessário:
• Trabalhe traços de 4 latas e meia de areia para 1 lata de cimento;
• O pilar central é feito de caibro de madeira e tem 2 metros e 40 centímetros de altura;
• Dissolva o vedacit com água e misture bem com a massa;
• 01 roda de madeira com 50 centímetros de diâmetro e 3 centímetros de espessura.
• Corte a massa e desempole
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Como fazer: • Coloque o pilar central sobre um pedaço de madeira de 5 centímetros de altura para facilitar a retirada do pilar; • Pregue a roda de madeira no pilar central com prego reforçado.
Como fazer: • Não coloque a massa com força.
Evite problemas como: As placas da cobertura quebrando e afundando.
Observação: O pilar central serve para escorar os caibros enquanto eles estão sendo colocados. Depois de 3 dias da cisterna pronta, o pilar central é retirado. Colocação dos Caibros
Material necessário: • Sobra do arame de amarração da cisterna; • 01 lata de areia lavada; • 06 quilos de cimento; • Meia lata de brita;
Etapa 08 - Colocação da tampa Material necessário: • Massa do reboco da coberta
Como fazer: • Coloque a tampa quando estiver fazendo o reboco da coberta.
Observações:
A tampa de ferro com
cadeado é a melhor solução para evitar que caiam bichos e sujeiras dentro da cisterna. Também evita acidentes com crianças.
Como fazer: • Coloque os caibros um de frente para o outro, encaixando uma ponta no corte das placas e o lado que tem o ferro dobrado em cima da roda de madeira; • Amarre as pontas dos ferros dobrados com 2 voltas de arame 12; • Despeje um balde de concreto no lugar dos ferros amarrados acima da roda de madeira e alise. Colocação das Placas do Teto:
Como fazer: • Encaixe bem as placas nos espaços dos caibros tendo o cuidado para não quebrar a ponta.
Etapa 09 - Colocação da calha Material necessário: • 25
quilos
de
zinco
chapa
de
30
centímetros.
Observação:
A compra do zinco deve
ser feita de acordo com a medição do telhado da escola. Como fazer: • Tome cuidado com desenrolar o zinco;
acidentes
ao
• Faça a calha com uma viradeira de zinco modelo PATAC; • O beiral do telhado deve ficar no centro da
Reboco do Teto:
Material necessário: • 12 latas de areia lavada; • 01 saco de cimento.
calha.
É importante todo telhado com calha. Um metro quadrado sem calha pode desperdiçar de um a três tambores de água de chuva por ano.
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Etapa 10 – Colocação dos canos Material necessário: • 12 metros de cano para esgoto de 75 milímetros; • 02 T e 04 joelhos para esgoto de 75 milímetros; • 02 telas de arame galvanizado de 25 centímetros quadrados.
A quantidade de canos, joelhos e Ts deve ser comprada de acordo com a localização da cisterna. Como fazer: • Coloque os joelhos na boca do cano; • Coloque a tela entre a saída da calha e o joelho do cano; • Coloque forquilhas de boa qualidade para apoiar os canos, caso necessário.
A tela é importante para evitar que sujeiras e bichos como lagartixas caiam dentro da cisterna.
Observações importantes:
• Depois de 24 horas da cisterna pronta, deve-se colocar 03 tambores de água para petrificar o cimento; • A cisterna só deve ser cheia depois de 03 dias de pronta; • Para evitar rachaduras nunca deixe a cisterna secar completamente. Deixe pelo menos 02 tambores de água para manter a umidade dentro da cisterna; • Pinte a cisterna todo ano, pois o branco reflete a luz do sol, diminuindo o aquecimento da água.
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Agradecimentos O projeto ‘Águas das Chuvas: Educação e adaptação às mudanças climáticas na cidade’ foi uma experiência piloto que trouxe para a capital recifense a possibilidade de experimentação de uma tecnologia social
de
captação
e
armazenamento
de água de chuvas já consolidada no Semiárido brasileiro enquanto estratégia de enfrentamento à seca. Essa experiência tão desafiadora só foi possível graças ao empenho, envolvimento, participação e dedicação de diferentes parcerias. Por isso, com muita alegria, queremos
agradecer
a
todas
as
instituições e pessoas que se envolveram e contribuíram para a realização exitosa desse projeto.