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A SAÚDE QUE QUEREMOS Projeto Publieditorial | Revista Diagnóstico Textos e fotos meramente ilustrativos


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A ATUAÇÃO DA ANS E A SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA DE SAÚDE Atuação da Agência Nacional de Saúde vem contribuindo para o equilíbrio de interesses entre operadoras e usuários. Respeito a legislação e o estímulo a tranparência no setor tem sido uma das principais bandeiras do órgão

o

ua questão central da assistência médica. O modelo antigo de atenção à saúde – um sistema reativo que trata doença aguda após o fato – está evoluindo para ser mais centrado no paciente, na prevenção e no gerenciamento contínuo condi-

ções crônicas. Esta evolução é essencial. Em todo o mundo, uma mudança fundamental quanto aos riscos à saúde está ocorrendo, impulsionada pelo envelhecimento da população e o aumento da incidência de doenças crônicas induzidas pelo comportamento. Os sistemas de saúde estão inovando no lado da prestação do serviço para enfrentar este desafio, através de uma crescente ênfase na atenção primária, modelos de cuidados integrados e reembolso pay-for-value (pagamento por valor). No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das condições crônicas. Em uma análise que realizamos dos custos de saúde dos Estados Unidos (que estão agora se aproximando de US$ 3 trilhões por ano), 31% desses custos poderiam ser diretamente atribuídos às condições crônicas influenciadas pelo comportamento. E 69% dos custos totais foram fortemente influenciados pelo comportamento dos consumidores. Somente a baixa adesão à medicação custa aos Estados Unidos mais de US$ 100 bilhões por ano em gastos evitáveis de saúde. A carga que as escolhas dos consumidores representa em países de média e baixa renda

é igualmente impressionante: a Harvard e o Fórum Econômico Mundial estimam que as doenças não transmissíveis resultam em perdas econômicas para as economias em desenvolvimento equivalentes a 4% ou 5% do seu PIB anual. A menos que os sistemas de saúde encontrem formas de levar as pessoas a mudar seu comportamento (tanto em termos de fazer escolhas de estilo de vida mais saudáveis, como de buscar e receber os cuidados preventivos e primários adequados para gerir as suas condições de saúde), eles vão falhar em sua missão de domar os custos de saúde sem prejudicar o atendimento de qualidade ou o acesso. A concepção e a implementação de programas que permitam às pessoas alcançar a mudança de comportamento sustentável são difíceis. Poucos programas tentados no passado alcançaram um impacto sustentado. No entanto, muitas destas intervenções estavam enraizadas no velho modelo de cuidados de saúde, com foco no tratamento de problemas clínicos após um evento agudo. Muitas vezes, as intervenções tiveram má concepção do programa, avaliação de rigor insuficiente e problemas de implementação. As falhas levaram muitos líderes do sistema de saúde a serem céticos sobre se algum programa de mudança de comportamento pode alcançar um impacto a longo prazo. Acreditamos que os programas de mudança de comportamento podem ter sucesso, mas somente se o seu paradigma de projeto for repensado. Este artigo descreve uma abordagem emergente – um paradigma centrado na pessoa, que utiliza uma base comportamental em vez de orientação baseada na doença para promover a mudança de comportamento sustentável. Em


vez de assumir que os indivíduos são totalmente racionais, ele reconhece que a tomada de decisão humana é afetada por sistemáticos desvios cognitivos, hábitos e normas sociais. Em vez de focar exclusivamente na relação médico-paciente, procura-se No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das condições crônicas. Em uma análise que realizamos dos custos de saúde dos Estados Unidos (que estão agora se aproximando de US$ 3 trilhões por ano), 31% desses custos poderiam ser diretamente atribuídos às condições crônicas influenciadas pelo comportamento. E 69% dos custos totais foram fortemente influenciados pelo comportamento dos consumidores. Somente a baixa adesão à medicação custa aos Estados Unidos mais de US$ 100 bilhões por ano em gastos evitáveis de saúde. A carga que as escolhas dos consumidores representa em países de média e baixa renda é igualmente impressionante: a Harvard e o Fórum Econômico Mundial estimam que as doenças não transmissíveis resultam Esta evolução é essencial. Em todo o mundo, uma mudança fundamental quanto aos riscos à saúde está ocorrendo, impulsionada pelo envelhecimento da população e o aumento da incidência de doenças crônicas induzidas pelo comportamento. Os sistemas de saúde estão inovando no lado da prestação do serviço para enfrentar este desafio, através de uma crescente ênfase na atenção primária, modelos de cuidados integrados e reembolso pay-for-value (pagamento por valor). No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das condições

SEMPRE TEMOS QUE MELHORAR, MAS SE FAZ MUITO. TEMOS QUE CRIAR UMA AGENDA POSITIVA DO QUE SE FAZ NA SAÚDE NO NOSSO PAÍS


RESSARCIMENTO AO SUS: QUESTÃ

Números mostram que atuação da ANS tem sido primordial para que as compensações sejam revertidas em p

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pacientes afetados. Em seguida, combinamos o portfólio adequado dos programas de apoio para cada segmento. Os clíni s incentivos são uma parte crescente da caixa de ferramentas para abordar a mudança de comportamento. Dois terços das empresas americanas, por exemplo, oferecem agora incentivos financeiros aos empregados para encorajar comportamentos saudáveis. O programa Discovery’s Vitality, por exemplo, informa aos seus membros sobre o seu status de saúde, os encoraja a estabelecer objetivos de saúde que dependam de seu comportamento e então os recompensa por atingir esses objetivos. Os membros ganham pontos por comportamentos que vão de se submeter a um exame de taxa de filtração glomerular (TFG) a compras de produtos saudáveis nos supermercados. Em troca, recebem um mix de recompensas de curto e longo prazo, incluindo ingressos para o cinema e descontos em passagens aéreas. A Discovery estima que o programa tenha reduzido em 15% os custos gerais dos participantes com assistência médica. Programas inovadores de bem-estar corporativo, como os oferecidos pela Limeade, também estão ganhando tração.cos gerais foram treinados para identificar quais pacientes pertenciam ao segmento, fazendo algumas perguntas simples e, em seguida, encaminhando-os para a intervenção de mudança de comportamento que melhor atendia às suas necessidades. Esta simples discriminação levou a um aumento de nove vezes na inscrição no programa (de 7% para 63 %) no prazo de seis meses, e, mais importante, a um aumento da taxa de conclusão do programa. Se ater à importância da comunicação ativa ao longo do caminho também é um aspecto relevante, já que o feedback frequente incentiva a mudança de comportamento. Um estudo sobre a perda de peso que realizamos em parceria com economistas especializados em comportamento sugeriu que dar às pessoas frequente feedback, automatizado ou não, ajuda a melhorar seu desempenho. Mensagens de texto estão sendo cada vez mais utilizadas para apoiar pacientes com diabetes ou outras condições crônicas, seja pelo envio de materiais educativos, lembretes de medicação, seja por dicas sobre o manejo da doença. Os resultados preliminares foram animadores. Incentivos comportamentais deveriam ser usados para encorajar a mudança Os incentivos são uma parte crescente da caixa de ferramentas para abordar a mudança de comportamento. Dois terços das empresas americanas, por exemplo, oferecem agora incentivos financeiros aos empregados para encorajar comportamentos saudáveis. O programa Discovery’s Vitality, por exemplo, informa aos seus membros sobre o seu status de saúde, os encoraja a estabelecer objetivos de saúde que dependam de seu comportamento e então os recompensa por atingir esses objetivos. Os membros


ÃO DE JUSTIÇA

prol de uma saúde pública mais justa

jetar programas que eliminem mais eficazmente os obstáculos práticos para a mudança. Por exemplo, a maioria dos programas voltados para usuários frequentes dos “Serviços de Urgência” ou pessoas com altas taxas de admissão hospitalar foca nos pacientes pelo risco da doença ou baseado em análises retrospectivas de episódios de alto custo. Incorporar conhecimentos comportamentais adicionais permite uma abordagem mais sutil. Em um projeto recente para uma grande fonte pagadora dos EUA, usamos demografia, estrutura familiar e dados de compras dos consumidores (por exemplo, a natureza das compras, posse de carro etc.) para a construção de um índice de isolamento social (a variável destinada a medir cada grau de conexão social do indivíduo ) para a população-alvo. Quando combinado com os dados de reclamações, este índice nos permite fazer previsões de forma mais eficaz sobre o universo de pessoas que estariam mais propensas a ter uma entrada de emergência de alto custo ou evento de internação – no caso específico de grupos com equivalentes riscos de condições crônicas. Descobrimos, por exemplo, que os custos hospitalares foram 24% maiores para os indivíduos socialmente isolados do que para os indivíduos socialmente conectados com um nível equivalente de risco clínico. Mais ainda: que indivíduos socialmente isolados também tinham uma menor utilização de medicamentos prescritos. Tais ideias podem ajudar a identificar os principais subgrupos de pacientes antes que episódios de alto custo ocorram ao digitar os nomes dos membros em sistemas de previsão definidos. Seria possível também praticar intervenções direcionadas para estes subgrupos, com o foco correto (por exemplo, serviços extensores baseados em campo e intervenções para a adesão à medicação voltadas a indivíduos socialmente isolados).

Instituo de Conhecimento, Ensino e Pesquisa

A maioria dos programas de gestão da doença permanece enraizada em uma visão de mundo baseada na clínica. Por exemplo, eles podem identificar corretamente um paciente com diabetes ou outra condição crônica, mas não podem resolver completamente o fato de que o mesmo paciente também pode estar acima do peso, sofrer de doenças do coração, ter depressão leve ou moderada, desconfiar do seu médico e ser socialmente isolado. Conhecimentos clínicos são fundamentais, mas a nossa experiência mostra que esses programas são mais eficazes quando abordam diretamente as causas e as barreiras à mudança de comportamento e proporcionam interações com o timing e frequência certos para garantir um impacto. Em essência, estes projetos traduzem ideias clínicas em caminhos que apoiam os indivíduos a partir do ponto em que eles decidem fazer mudanças até o ponto em que os novos comportamentos são sustentados. Um exemplo simples demonstra o impacto de orientar os pacientes para as intervenções de mudança de comportamento que são mais adequadas para eles, com base em suas necessidades. Na Inglaterra, trabalhamos com um plano de saúde regional com o objetivo de melhorar o atendimento ao diabetes através da definição de segmentos de comportamento entre os


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A HISTÓRIA DA ANS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A SAÚDE SUPLEMENTAR

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emos problemas? Sim. Mas estão localizados em pontos bem específicos, como o atendimento em áreas de média complexidade ou especializado. Não temos a quantidade de recursos para fazer o SUS como ele foi pensado.

Diagnóstico – Os senhores fazem parte de linhagens partidárias distintas, ainda que lutem pela mesma causa. É possível imaginar que teremos um futuro para a saúde dos brasileiros discutido de forma mais isenta, suprapartidária? O que ainda podemos evoluir sob esse aspecto? Perondi – Como vivemos num sistema democrático, as políticas públicas passam pelos partidos, que precisam ter posição. Estamos no governo, mas estamos discutindo dentro e fora uma proposta para resolver definitivamente o problema de financiamento da saúde. Nós, líderes da base, enfrentamos a equipe econômica. O patrulhamento é muito forte. Costa – Com o Movimento Saúde + 10 recuperamos aquela forma de atuação suprapartidária, pela defesa dos direitos do SUS, que todos os parlamentares e militantes da área da saúde tinham. Espero que essa experiência continue.

Diagnóstico – Os senhores já foram em algum momento usuários do SUS? Como foi essa experiência? Perondi – Nunca fui usuário do SUS, mas fui médico da rede pública na minha cidade durante anos. Passei pela enfermaria do Hospital de Caridade de Ijuí e também fui provedor de um dos maiores hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul, grande parceiro do SUS. Já perdi paciente porque não tinha aparelho suficiente. Tive que fazer “escolha de Sofia” em uma UTI. Um caso marcante foi a visita que fiz recentemente ao Hospital Geral de Aracaju (SE). Um verdadeiro campo de guerra na emergência. Pacientes amontados à espera de atendimento. Presenciei a mesma cena na emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, que é público. Costa – Sim, em várias oportunidades. Desde o acesso às vacinas até atendimento de urgência. Em todas estas oportunidades não tive do que reclamar. É verdade que são áreas onde não estão os gargalos do sistema. Mas, mesmo assim, na parte de urgência, já tive atendimento a contento. Diagnóstico – A bandeira de mais recursos para o SUS vai continuar sendo o norte do mandato dos senhores? Perondi – Enquanto eu for político, vou defender o SUS de forma intransigente, mesmo sabendo que a prioridade no país

não é a saúde. Mas não podemos desistir. A sociedade está esperando de nós um comportamento firme pelos interesses da saúde da nação. Costa – Sim. Será um dos nortes. A saúde será sempre o principal norte do meu mandato. Sem dúvida, a busca por mais financiamento para área continuará sendo um luta central de todos nós. No entanto, outros temas também são importantes: a responsabilidade sanitária, a instituição de carreiras nacionais para os profissionais de saúde e tantas outras bandeiras essenciais. Diagnóstico – Nos próximos 25 anos a estimativa é a de que o Brasil já será considerado um país de idosos. O Parlamento brasileiro está preparado para se antecipar às questões sobre o futuro da saúde brasileira com mais gastos e menos receita? O que está sendo feito? Perondi – Considero que o governo atual não está preparando o Brasil para o futuro. Um exemplo é a paralisação da reforma da previdência. Quando o governo gasta menos que R$ 2 por dia por cada brasileiro na saúde, menos que o valor de um picolé ou de um bombom, deixa claro que não está se preparando para a maior longevidade do brasileiro, para as doenças degenerativas que vão se impor. As pessoas vão viver mais. Haverá mais velhos e menos jovens e crianças. A janela demográfica, que hoje tem mais crianças e jovens para entrar no mercado de trabalho, daqui a 30 anos será diferente. O governo precisa ter riqueza para enfrentar os gastos da previdência e da saúde. Como o Brasil é um dos últimos países do mundo

SABER QUE POR TRÁS DE UMA ESTRUTURA MODERNA, COM EQUIPAMENTOS DE ÚLTIMA GERAÇÃO, EXISTE UMA INSTITUIÇÃO CENTENÁRIA E DE EXCELÊNCIA AJUDA A CONFORTAR FAMILIARES E PACIENTES


em gasto público na saúde – perdemos até para a média dos países africanos –, fica claro que o país não está preparado. Costa – Tratamos esta discussão quando houve o debate sobre a destinação dos recursos do pré-sal. Apesar da parte destinada à saúde ser bem menor do que a que ficou com a educação, abriu-se uma discussão mais estratégica sobre o financiamento da saúde. E esse é o principal tema. Estamos debatendo o financiamento, e este assunto não vai se esgotar. Certamente, em 2015, vamos retomá-lo e debater a necessidade ou não de instituição de alguma nova fonte de financiamento. Creio que, na medida em que estamos preocupados com o financiamento, estamos pensando no sistema de saúde do amanhã. Diagnóstico – Muitos dos jovens brasileiros que foram às

ruas exigir saúde pública de qualidade para o país provavelmente já terão filhos nos próximos 25 anos. Que país essa geração vai encontrar? Perondi – Se for mantido o mesmo modelo de aposta no consumo, com baixa produtividade, educação precária e continuarmos perdendo janelas de oportunidades para crescer, sou pessimista. Não aposto no pré-sal como salvação. O que resolve é educação. Em se mantendo o atual modelo de desenvolvimento, sou pessimista quanto ao nosso futuro. Costa – Espero que seja um país cada vez mais justo, mais democrático, mais livre. Um país que tenha as políticas públicas como a principal prioridade e, principalmente, que tenhamos uma saúde de qualidade. Se conseguirmos os recursos necessários para o funcionamento do sistema, tenho


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O PAPEL DOS INDICADORES DA ANS

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ua questão central da assistência médica. O modelo antigo de atenção à saúde – um sistema reativo que trata doença aguda após o fato – está evoluindo para ser mais centrado no paciente, na prevenção e no gerenciamento contínuo condições crônicas. Esta evolução é essencial. Em todo o mundo, uma mudança fundamental quanto aos riscos à saúde está ocorrendo, impulsionada pelo envelhecimento da população e o aumento da incidência de doenças crônicas induzidas pelo comportamento. Os sistemas de saúde estão inovando no lado da prestação do serviço para enfrentar este desafio, através de uma crescente ênfase na atenção primária, modelos de cuidados integrados e reembolso pay-for-value (pagamento por valor). No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das condições crônicas. Em uma análise que realizamos dos custos de saúde dos Estados Unidos (que estão agora se aproximando de US$ 3 trilhões por ano), 31% desses custos poderiam ser diretamente atribuídos às condições crônicas influenciadas pelo comportamento. E 69% dos custos totais foram fortemente influenciados pelo comportamento dos consumidores. Somente a baixa adesão à me-

dicação custa aos Estados Unidos mais de US$ 100 bilhões por ano em gastos evitáveis de saúde. A carga que as escolhas dos consumidores representa em países de média e baixa renda é igualmente impressionante: a Harvard e o Fórum Econômico Mundial estimam que as doenças não transmissíveis resultam em perdas econômicas para as economias em desenvolvimento equivalentes a 4% ou 5% do seu PIB anual. A menos que os sistemas de saúde encontrem formas de levar as pessoas a mudar seu comportamento (tanto em termos de fazer escolhas de estilo de vida mais saudáveis, como de buscar e receber os cuidados preventivos e primários adequados para gerir as suas condições de saúde), eles vão falhar em sua missão de domar os custos de saúde sem prejudicar o atendimento de qualidade ou o acesso. A concepção e a implementação de programas que permitam às pessoas alcançar a mudança de comportamento sustentável são difíceis. Poucos programas tentados no passado alcançaram um impacto sustentado. No entanto, muitas destas intervenções estavam enraizadas no velho modelo de cuidados de saúde, com foco no tratamento de problemas clínicos após um evento agudo. Muitas vezes, as intervenções tiveram má concepção do programa, avaliação de rigor insuficiente e problemas de implementação. As falhas levaram muitos líderes do sistema de saúde a serem céticos sobre se algum programa de mudança de comportamento pode alcançar um impacto a

longo prazo. Acreditamos que os programas de mudança de comportamento podem ter sucesso, mas somente se o seu paradigma de projeto for repensado. Este artigo descreve uma abordagem emergente – um paradigma centrado na pessoa, que utiliza uma base comportamental em vez de orientação baseada na doença para promover a mudança de comportamento sustentável. Em vez de assumir que os indivíduos são totalmente racionais, ele reconhece que a tomada de decisão humana é afetada por sistemáticos desvios cognitivos, hábitos e normas sociais. Em vez de focar exclusivamente na relação médico-paciente, procura-se No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das condições crônicas. Em uma análise que realizamos dos custos de saúde dos Estados Unidos (que estão agora se aproximando de US$ 3 trilhões por ano), 31% desses custos poderiam ser diretamente atribuídos às condições crônicas influenciadas pelo comportamento. E 69% dos custos totais foram fortemente influenciados pelo comportamento dos consumidores. Somente a baixa adesão à medicação custa aos Estados Unidos mais de US$ 100 bilhões por ano em gastos evitáveis de saúde. A carga que as escolhas dos consumidores representa em países de média e baixa renda é igualmente impressionante: a Harvard e o Fórum Econômico Mundial estimam que as doenças não transmissíveis resultam Esta


dicação custa aos Estados Unidos mais de US$ 100 bilhões por ano em gastos evitáveis de saúde. A carga que as escolhas dos consumidores representa em países de média e baixa renda é igualmente impressionante: a Harvard e o Fórum Econômico Mundial estimam que as doenças não transmissíveis resultam em perdas econômicas para as economias em desenvolvimento equivalentes a 4% ou 5% do seu PIB anual. A menos que os sistemas de saúde encontrem formas de levar as pessoas a mudar seu comportamento (tanto em termos de fazer escolhas de estilo de vida mais saudáveis, como de buscar e receber os cuidados preventivos e primários adequados para gerir as suas condições de saúde), eles vão falhar em sua missão de domar os custos de saúde sem prejudicar o atendimento de qualidade ou o acesso. A concepção e a implementação de programas que permitam às pessoas alcançar a mudança de comportamento sustentável são difíceis. Poucos programas tentados no passado alcançaram um impacto sustentado. No entanto, muitas destas intervenções estavam enraizadas no velho modelo de cuidados de saúde,

com foco no tratamento de problemas clínicos após um evento agudo. Muitas vezes, as intervenções tiveram má concepção do programa, avaliação de rigor insuficiente e problemas de implementação. As falhas levaram muitos líderes do sistema de saúde a serem céticos sobre se algum programa de mudança de comportamento pode alcançar um impacto a longo prazo. Acreditamos que os programas de mudança de comportamento podem ter sucesso, mas somente se o seu paradigma de projeto for repensado. Este artigo descreve uma abordagem emergente – um paradigma centrado na pessoa, que utiliza uma base comportamental em vez de orientação baseada na doença para promover a mudança de comportamento sustentável. Em vez de assumir que os indivíduos são totalmente racionais, ele reconhece que a tomada de decisão humana é afetada por sistemáticos desvios cognitivos, hábitos e normas sociais. Em vez de focar exclusivamente na relação médico-paciente, procura-se No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das

com foco no tratamento de problemas clínicos após um evento agudo. Muitas vezes, as intervenções tiveram má concepção do programa, avaliação de rigor insuficiente e problemas de implementação. As falhas levaram muitos líderes do sistema de saúde a serem céticos sobre se algum programa de mudança de comportamento pode alcançar um impacto a longo prazo. Acreditamos que os programas de mudança de comportamento podem ter sucesso, mas somente se o seu paradigma de projeto for repensado. Este artigo descreve uma abordagem emergente – um paradigma centrado na pessoa, que utiliza uma base comportamental em vez de orientação baseada na doença para promover a mudança de comportamento sustentável. Em vez de assumir que os indivíduos são totalmente racionais, ele reconhece que a tomada de decisão humana é afetada por sistemáticos desvios cognitivos, hábitos e normas sociais. Em vez de focar exclusivamente na relação médico-paciente, procura-se No entanto, é preciso fazer mais para reorientar os sistemas de saúde para a prevenção e gestão, a longo prazo, das


Nick Merrick / Divulgação

ASSISTÊNCIA

JUDICIALIZAÇÃO DA JUSTIÇA Rodrigo Sombra

U

ma garota paralisada pelo medo. Essa foi a imagem encontrada por Doug Dietz, designer chefe da GE, quando visitou um hospital para observar como pacientes reagiam ao realizarem exames num scanner de ressonância magnética (MRI) recém-projetado por ele. Aterrorizada pela ideia de entrar no scanner, a garota não dava ouvidos aos pais, esperneava e se recusava a realizar o exame. Esgotado o diálogo, pesados sedativos foram usados para, enfim, “convencê-la” a entrar no túnel daquele aparelho cinza e barulhento. Assistir àquela cena e saber que sedar crianças era prática comum em exames de ressonância magnética abalaram as convicções de Dietz. Descobrir como, além de seu aspecto funcional, o design de um aparelho médico pode gerar uma experiência positiva o levaria a, anos depois, projetar um modelo radicalmente diferente de scanner: o GE Adventure Series. Customizados como submarinos ou navios piratas, os scanners da Adventure Series convidam a uma experiência lúdica em nada parecida àquela de deslizar no interior de um “tijolo com um buraco no meio” – como o próprio Dietz definiu seus antigos aparelhos. Não por acaso, um dos hospitais a adotar o “navio pirata” diminui em 70% o número de crianças sedadas em exames de ressonância magnética. O sucesso do Adventure Series é caso exemplar de como soluções criativas

aplicadas ao ambiente hospitalar podem influenciar a assistência médica. Nos últimos anos, inúmeras pesquisas têm demonstrado como projetos inovadores em arquitetura e design são capazes de não somente amenizar o estresse do paciente, mas também reduzir erros médicos, a chance de quedas e a transmissão de infecções. O entendimento de que o entorno impacta o bem-estar do paciente não é novidade, mas ganhou maior rigor científico nos primeiros anos 90, quando da criação do Center For HealthCare Design (CHD), instituto de pesquisa localizado na cidade de Concord, Califórnia. Interessada em uma abordagem multidisciplinar que integrava design, arquitetura e conceitos de psicologia ambiental e da saúde, a equipe do CHD explorava, então, um novo olhar sobre a importância do ambiente hospitalar. JUNTAR AS PESSOAS CERTAS – O método inaugurado pelo CHD ficou conhecido como “design baseado em evidência” (DBE). Em suma, o conceito define o processo pelo qual mobiliário, instalações e plantas hospitalares são projetados a partir de resultados colhidos em pesquisas científicas. Ainda em meados dos anos 90, ao passo em que as pesquisas do centro evoluíam, crescia também o seu apelo entre os líderes do setor de saúde nos EUA. “A certa altura, alguns executivos cabeça-aberta da indústria hospitalar se aproximaram de nós e disseram: ‘Olha,

isso (design baseado em evidência) é algo que nós não compreendemos completamente, mas que queremos incorporar à arquitetura dos nossas instalações. Queremos juntar as pessoas certas e tirar o máximo do conhecimento que vocês têm produzido’”, recordou Debra Levin, atual diretora executiva do CHD, em entrevista à Diagnóstico. “E à medida em que aquelas novas instalações eram construídas e a história se espalhava, vimos que a aceitação do ‘design baseado em evidência’ crescia muito rapidamente”. Passados 20 anos desde a criação do CHD, ideias como “design baseado em evidência” são moeda corrente no setor de saúde americano e em várias parte do mundo. “As pessoas hoje estão muito mais conscientes de quanto o entorno contribui para a cura e o bem-estar”, opinou Hilary Dalke, professora de design da Kingston University, de Londres. Dalke há anos pesquisa os efeitos da cor no interior de instalações médicas e acredita que “um hospital bem projetado pode não curar pessoas gravemente doentes, mas um hospital mal concebido e instalações deprimentes podem definitivamente afetar o tempo de recuperação de pacientes e a autoestima dos funcionários”. Para David Allison, diretor da Escopacta o bem-estar do paciente não é novidade, mas ganhou maior rigor científico nos primeiros anos 90, quando da criação do Center For HealthCare Design (CHD), instituto de pesquisa localizado na cidade de Concord, Califórnia. Interessada em uma abordagem multidisci-


Craig Dugan/FKP Architets

Tom Bonner/CO Architets

Tom Bonner/CO Architets

isso (design baseado em evidência) é algo que nós não compreendemos completamente, mas que queremos incorporar à arquitetura dos nossas instalações. Queremos juntar as pessoas certas e tirar o máximo do conhecimento que vocês têm produzido’”, recordou Debra Levin, atual diretora executiva do CHD, em entrevista à Diagnóstico. “E à medida em que aquelas novas instalações eram construídas e a história se espalhava, vimos que a aceitação do ‘design baseado em evidência’ crescia muito rapidamente”. Passados 20 anos desde a criação do CHD, ideias como “design baseado em evidência” são moeda corrente no setor de saúde americano e em várias parte do mundo. “As pessoas hoje estão muito mais conscientes de quanto o entorno contribui para a cura e o bem-estar”, opinou Hilary Dalke, professora de design da Kingston University, de Londres. Dalke há anos pesquisa os efeitos da cor no interior de instalações médicas e acredita que “um hospital bem projetado pode não curar pessoas gravemente doentes, mas um hospital mal concebido e instalações deprimentes podem definitivamente afetar o tempo de recuperação de pacientes e a autoestima dos funcionários”. Para David Allison, diretor da Esco. pacta o bem-estar do paciente não é novidade, mas ganhou maior rigor científico nos primeiros anos 90, quando da criação do Center For HealthCare Design (CHD), instituto de pesquisa localizado na cidade de Concord, Califórnia. Interessada em uma abordagem multidisciplinar que integrava design, arquitetura e conceitos de psicologia ambiental e da saúde, a equipe do CHD explorava, então, um novo olhar sobre a importância do ambiente hospitalar. JUNTAR AS PESSOAS CERTAS – O método inaugurado pelo CHD ficou conhecido como “design baseado em evidência” (DBE). Em suma, o conceito define o processo pelo qual mobiliário, instalações e plantas hospitalares são projetados a partir de


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A QUALIDADE DOS HOSPITAIS BRASILEIROS

A

rquitetura da Clemson University e eleito pela revista HealthCare Design uma das dez personalidades mais influentes do design hospitalar em 2012, o campo hoje está mais que estabelecido. “Organizações de saúde e designers estão se movendo para além do foco em medidas tradicionais de eficiência funcional e da ênfase em tecnologias adequadas, mesmo que essas preocupações continuem sendo importantes. Hoje, os ambientes de saúde são mais humanizados e menos institucionais”, disse Allison à Diagnóstico. FUNÇÃO CRÍTICA – Grande parte dos estudos que investigam a relação entre design e assistência médica nos EUA é acompanhada de perto pelo Center For HealthCare Design, que atua como o principal agregador de pesquisas do setor. “Em um campo que tem crescido rapidamente, há a necessidade de uma bússola, um sistema de navegação que ajude as pessoas a encontrarem seu caminho. Na minha opinião, o CHD preenche essa função crítica”, opina Upali Nanda, arquiteta e presidente do conselho consultivo do RedCenter da American Art Resources, instituição que estuda o impacto do uso de artes visuais em instalações hospitalares. Mais que um instituto de pesquisa, o CHD funciona como eixo para uma comunidade dedicada a pensar alternativas para o design hospitalar. Arquitetos, designers, médicos e empresários encontram no centro um espaço privilegiado para a circulação de ideias e o desenvolvimento de projetos colaborativos. “O CHD está tecendo um núcleo forte, a fim de unir a crescente rede interdisciplinar que define o design hospitalar. O papel do CHD é essencial para garantir que o que é feito em certas empresas ou ambientes acadêmicos seja comunicado para a indústria em geral”, afirma Nanda. Em 2008, o CHD deu outro passo importante com a criação do Evidence-Based Design Accreditation and Certification (EDAC), programa que confere credenciais a profissionais treinados para usar o método do design baseado em evidência. Desde o lançamento do EDAC, mais de 1.300 profissionais já foram instruídos e credenciados pelo centro. NOVAS TENDÊNCIAS – A forte presença do design na agenda da indústria médica americana durante os últimos anos estimulou a chegada de uma nova onda criativa para setor. Inaugurado em


TEMOS COMO DESAFIO O PERFIL SOCIOECONÔMICO DA POPULAÇÃO. ESSA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA TEM VELOCIDADE MAIOR QUE NA EUROPA E NOS EUA.POSSÍVEL O EQUILÍBRIO ENTRE O MEIO AMBIENTE E AS COMUNIDADES HUMANAS E TODA A BIOSFERA QUE

Uma garota paralisada pelo medo. Essa foi a imagem encontrada por Doug Dietz, designer chefe da GE, quando visitou um hospital para observar como pacientes reagiam ao realizarem exames num scanner de ressonância magnética (MRI) recém-projetado por ele. Aterrorizada pela ideia de entrar no scanner, a garota não dava ouvidos aos pais, esperneava e se recusava a realizar o exame. Esgotado o diálogo, pesados sedativos foram usados para, enfim, “convencê-la” a entrar no túnel daquele aparelho cinza e barulhento. Assistir àquela cena e saber que sedar crianças era prática comum em exames de ressonância magnética abalaram as convicções de Dietz. Descobrir como, além de seu aspecto funcional, o design de um aparelho médico pode gerar uma experiência positiva o levaria a, anos depois, projetar um modelo radicalmente diferente de scanner: o GE Adventure Series. Customizados como submarinos ou navios piratas, os scanners da Adventure Series convidam a uma experiência lúdica em nada parecida àquela de deslizar no interior de um “tijolo com um buraco no meio” – como o próprio Dietz definiu seus antigos aparelhos. Não por acaso, um dos hospitais a adotar o “navio pirata” diminui em 70% o número de crianças sedadas em exames de ressonância magnética. O sucesso do Adventure Series é caso exemplar de como soluções criativas Uma garota paralisada pelo medo. Essa foi a imagem encontrada por Doug Dietz, designer chefe da GE, quando visitou um hospital para observar como pacientes reagiam ao realizarem exames num scanner de ressonância magnética (MRI) recém-projetado por ele. Aterrorizada pela ideia de entrar no scanner, a garota não dava ouvidos aos pais, esperneava e se recusava a realizar o exame. Esgotado o diálogo, pesados sedativos foram usados para, enfim, “convencê-la” a entrar no túnel daquele aparelho cinza e barulhento. Assistir àquela cena e saber que sedar crianças era prática comum em exames de ressonância magnética abalaram as convicções de Dietz. Descobrir como, além de seu aspecto funcional, o design de um aparelho médico pode gerar uma experiência positiva o levaria a, anos depois, projetar um modelo radicalmente diferente de scanner: o GE Adventure Series. Customizados como submarinos ou navios piratas, os scanners da Adventure Series convidam a uma experiência lúdica em nada parecida àquela de deslizar no interior de um “tijolo com um buraco no meio” – como o próprio Dietz definiu seus antigos aparelhos. Não por acaso, um dos hospitais a adotar o “navio pirata” diminui em 70% o número de crianças sedadas em exames de ressonância magnética. O sucesso do Adventure Series é caso exemplar de como soluções criativas aplicadas ao ambiente hospitalar podem influenciar a assistência médica. Nos últimos anos, inúmeras pesquisas têm demonstrado como projetos inovadores em arquitetura e design são capazes de não somente amenizar o estresse do paciente, mas também reduzir erros médicos, a chance de quedas e a transmissão de infecções. O entendimento de que o entorno impacta o bem-estar do paciente não é novidade, mas ganhou maior rigor científico nos primeiros anos 90, quando da criação do Center For HealthCare Design (CHD), instituto de pesquisa localizado na cidade de Concord, Califórnia. Interessada em uma abordagem multidisciplinar que integrava design, arquitetura e conceitos de psicologia ambiental e da saúde, a equipe do CHD explorava, então, um novo olhar sobre a importância do ambiente hospitalar. JUNTAR AS PESSOAS CERTAS – O método inaugurado


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