Confusão termina em revisão

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Confus達o que termina em

Revis達o



Texto desenvolvido pelas professoras Adriana Gibbon, Cibele da Costa, Priscila do Amaral e Trícia do Amaral para ser utilizado na disciplina de Língua Portuguesa IV, no curso de Letras Espanhol oferecido pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG.



Confusão Confusão que termina em

E o feitiço vira contra a feiticeira Enquanto o Uso e a Dona Sintaxe tratavam de se acertar, a turma revisava como haviam preenchido as lacunas da poção. Neste mesmo instante, numa caverna escondida no meio da floresta, Cuca observava tudo através de seu caldeirão: - Hahahaha... Eu sabia que eles iriam conseguir! Finalmente vou ter a minha poção da juventude! - Então nos solte logo, sua bruxa má! – Disse Dona Benta. - Isso mesmo! Eu deixei um bolo no forrrrno. Já deve de tá queimado. Humpf. – Falou Tia Nastácia. Cuca estava ansiosa por fazer a poção, mas não tinha certeza se ia dar certo. Ela até confiava na resolução da turma, mas precisava comprovar que as lacunas tinham sido preenchidas corretamente. Por isso, ela disse para a Dona Benta e a Tia Nastácia: - Nãnãninãnãoooo! Só vou soltar vocês quando eu provar da poção e ficar jovem para sempre! Neste exato momento, Cuca fez o feitiço do aparecedouro, e fez toda a turma do sítio aparecer, em segundos, na caverna. Quando se deram conta, Emília, Narizinho, Pedrinho, Quindim, Burro Falante, Uso e Dona Sintaxe estavam, todos, presos junto com Dona Benta e Tia Nastácia. A boneca, furiosa, praguejou à Cuca: - Suaaaaa bruxaaaa! Tira já a gente daqui! Onde está a sua palavra? A gente já decifrou o enigma e já completou o Modo de Fazer da poção. Eu exijo que nos liberte imediatamente!


- Calminha aí, sua boneca que se acha gente! Aproveitando que estamos em uma sexta-feira 13, primeiro prepararei a poção e a tomarei. Se tudo der certo como eu espero, libertarei vocês. Então, Cuca preparou a poção conforme o Modo de Fazer que a turma havia completado com advérbios. Quatro horas depois... - Agora, irei tomar a poção e ficarei jovem para sempre! A turma não estava muito confiante que Cuca iria, mesmo que a poção desse certo, libertar a todos. Foi quando Visconde teve uma ideia: - Senhora Cuca, permita-me fazer uma observação... E Cuca respondeu: - Sim, mas anda logo. Quero tomar esta poção de uma vez. Hoje tem uma festa na floresta e pretendo arrumar um bom partido. Estou de olho no Boi da Cara Preta. Ahhhh... Ele faz cada careta! Adoro! Emília não era o Boi, mas também fez careta. Não podia acreditar no que estava ouvindo. O resto da turma balançou a cabeça com ar de reprovação. Porém, Uso e Dona Sintaxe estavam mais interessados no que Visconde estava tramando. Ele prosseguiu: - Senhora Cuca, apesar de ter plena certeza de que acertamos o preenchimento de todas as lacunas do Modo de Fazer da sua poção, acredito que ela teria um efeito mais promissor se a senhora aumentasse a dose. Penso que esta concha de dragão de Komodo está muito pequena. A quantidade de líquido que cabe nela não é proporcional ao se índice de massa corporal. - Hmmm... Será? – Disse Cuca, um pouco desconfiada, um pouco gostando da ideia. Ela sabia que o Visconde era muito inteligente e que, se ele havia calculado seu índice de massa corpórea, certamente ele estava com a razão. Visconde respondeu: - Lhe asseguro! - Então, pelo sim e pelo não, tomarei o dobro! – Decidiu a bruxa. E assim Cuca fez... Enquanto bebia a poção, repetia mentalmente “Fiat juventus”. Na segunda dose, fez o mesmo. Uma fumaça tornou obscura a visão de todos e, de repente, ouviu-se o barulho da concha de couro de dragão de Komodo caindo no chão. Quando a neblina espessa que havia se formado se dissipou no ar, a turma toda deu um grito: - CUCAAAA! E, no chão da caverna, com um rostinho terno, um corpinho de bebê jacaré e bracinhos pedindo colo, Cuca respondeu: - Cucu, cacá! Cuca, a bruxa malvada, tinha virado um bebê! Emília resmungou tão alto que chegou a fazer eco na caverna inteira: - E A G O R A!? Como a gente vai sair daqui? Este bebê monstrinho nem sabe falar! Que dirá tirar a gente desta caverna! Pedrinho e Narizinho concordaram, preocupados com a situação. Dona Benta tentou acalmar os netos. Quindim perguntou para Tia Nastácia se ela conseguia cozinhar mesmo estando ali trancada. Ela, por sua vez, disse que mesmo que conseguisse, sentiria falta de seu fogão de lenha. O Burro Falante pensava em maneiras inteligentes de conseguir escapar dali. Uso refletia como faria seus dowloads, pois na caverna a internet não pegava muito bem e, mesmo que o sinal ficasse bom, não havia tomada de três pinos para carregar seu smart phone! Dona Sintaxe lembrava do seu bairro, no País da Gramática, e imaginava como suas palavras iriam se comportar nas orações, sem ela para ajudar a estruturá-las.


O que todos não sabiam, era que Visconde já tinha tudo “mirabolado” em sua cabeça: estando a Cuca transformada em bebê, sem oferecer nenhum risco, ele, que era um sabugo muito inteligente e esguio, conseguiria passar por entre as grades da cela em que estavam; assim, pegaria as chaves e libertaria todos os amigos. E foi o que ele fez. - Viva o Visconde! – Exclamaram e aplaudiram todos, felizes por estarem livres. No momento de deixarem a caverna, o bebê Cuca fez um beicinho de choro de dar dó. Antes que ela pudesse começar a esfregar os olhinhos cheios de lágrima, Dona Benta a segurou no colo e disse: - Ora, ora, Cuca. Não precisa chorar. A vovó vai te levar pro Sítio do Pica Pau Amarelo. Naturalmente, Emília não gostou da ideia. A boneca, além de metida, era muito ciumenta. Mas Pedrinho e Narizinho argumentaram que Cuca não podia ficar ali sozinha. Eles a levariam e a ensinariam a ser uma menina boazinha. - Humpf. Quero só ver... – Respondeu Emília, sem acreditar muito.

Sonhando com os anjos. Ou com a sintaxe? De volta ao sítio, e já findando a jornada, todos resolveram fazer uma grande festa para comemorar. Afinal, muitas coisas precisavam ser festejadas: o retorno pra casa, os aprendizados, as amizades fortalecidas e construídas. Tia Nastácia fez um banquete daqueles. Dona Benta arrumou uma mesa linda, com aquelas louças que só as avós têm. Emília só pensava em música e balões para animar a comemoração, apesar de ficar com o olho comprido e os beiços esticados para as crianças, que brincaram com o bebê Cuca o tempo todo. Uso e Dona Sintaxe conversaram a noite toda e, apesar de suas eternas implicâncias, tornaram-se bons amigos. Junto a eles, Quindim e o Burro Falante, quiseram repassar tudo o que haviam aprendido. Visconde, muito sistemático, anotou cada tema revisado; fez tantos apontamentos, que decidiu criar uma série de exercícios de revisão, que a turma se propôs a fazer, assim que estivessem descansados de tanta aventura. No final da noite, todos acabaram se acomodando por ali mesmo. Até o bebê Cuca ganhou um cantinho especial, no quarto das crianças. Foi um sono tranquilo... Todos tinham certeza de que haviam aprendido muito na aventura que tiveram.

Referências: CASTILHO, Ataliba T. de. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. São Paulo: Brasiliense, 1994.


Queridos alunos! Chegamos ao fim da nossa aventura. Temos certeza que muito ainda precisa ser aprendido... Mas tudo bem, não é? Afinal, como futuros professores de Língua Portuguesa, deveremos, sempre, estar em formação. Então, que tal darmos uma fuçada nos exercícios de revisão criados pelo Visconde?


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