A Turma do Sítio no Parque das Maravilhas

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A turma do no Parque das Maravilhas

Comparação entre coordenadas e subordinadas; o que são coordenadas; critérios para serem coordenadas.



Texto desenvolvido pelas professoras Adriana Gibbon, Cibele da Costa, Priscila do Amaral e Trícia do Amaral para ser utilizado na disciplina de Língua Portuguesa IV, no curso de Letras Espanhol oferecido pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG.



A turma do no Parque das Maravilhas

Após lerem o material sobre sentenças complexas, ouvindo conversas entre o Uso e a Dona Sintaxe, a turma começou a entender como a língua funciona. No entanto, Pedrinho ainda ficava confuso quando comparava o que ouvia com o que aprendia na escola sobre as tais sentenças complexas. Por isso, ele resolveu perguntar para o Uso: - Mas afinal, qual a diferença entre coordenadas e subordinadas? Antes que o Uso pudesse responder, Dona Sintaxe, com seu ar de deboche e soberba, interrompe: - Isso mesmo, Uso! Explique-nos a diferença! Você poderia fazer isso? Aliás, poderia fazê-lo de maneira que todos entendam, valendo-se dos seus infinitos conhecimentos sobre o funcionamento da língua? O Uso, mais que depressa respondeu: - Posso sim, madame! Mas prefiro fazer isso em outro lugar. – E se dirigindo a todos, o Uso fez um convite – Que tal irmos ao parque? - Obaaaaaa! – gritaram as crianças em coro, enquanto o Visconde resmungava: - Não gosto de parques. Lá cozinham milho durante os piqueniques. - Que bobagem! Milhos vestidos de fraque e usando cartola não vão pra panela! – retrucou Emília mais que depressa. Neste clima de alegria misturado com discussões, todos foram até o parque. Bem atrás, andava Dona Sintaxe, altiva e duvidosa de que o Uso pudesse dar uma boa


explicação à dúvida de Pedrinho. Chegando ao parque, após caminharem sob um sol escaldante, todos procuraram uma árvore bem copada, com uma boa sombra para descansarem. Visconde, preocupado com as carrocinhas de milho cozido, procurou se esconder em um buraco do plátano sob o qual todos já se acomodavam, quando foi surpreendido por uma menina saindo dali de dentro. Ambos se assustaram e, juntos, liberaram um grito de pavor: - AAAAAAAAA!!! A turma toda se assustou. Dona Sintaxe quase teve seu lornhão trincado pela sonoridade dos gritos. O Uso acreditou que tinha ficado surdo. Quindim teve quase certeza de que havia borrado suas calças amarelas. O Burro Falante sentiu o coração bater na garganta. Narizinho e Pedrinho se abraçaram ao mesmo tempo em que saltitavam do chão. Já Emília, como era de se esperar, lançou um grito maior ainda, dizendo: - FECHEM AS MATRACAS! Será que todo mundo está maluco? Escutando a boneca e voltando a si, Visconde reparou na menina que, por sua vez, observou a turma toda, pedindo desculpas e dizendo: - Olá! Meu nome é Alice. Estou vindo do País das Maravilhas... Se bem que, olhando pra vocês, agora não estou muito certa de que realmente saí dele... Um sabugo de cartola, um burro de óculos, um rinoceronte de amarelo e uma boneca falante são bem coisas que eu veria por lá. - Pois fique sabendo, sua branquela vestida de azul, que este não é o País das Maravilhas, é o Parque das Maravilhas, que fica no Planeta Terra. Aliás, planeta este que era uma bola de fogo, e tinha o sol, e tudo explodiu e aí vieram os dinossauros. E estes são meus amigos! Entendeu onde está ou quer que eu desenhe? Pedrinho deu um beliscão na boneca, chamando-lhe a atenção: - Emília, onde estão seus modos? Isso não é jeito de falar com uma moça tãaaaao bonita. Emília, vendo que Pedrinho estava com olhos de peixe morto para cima da menina Alice, fez menção de colocar os dedos na goela, como quem precisava vomitar. Com os ânimos menos exaltados, todos se apresentaram devidamente, uns aos outros. Alice fez questão de contar a história que tinha acabado de viver, quando foi mais uma vez interrompida pela enciumada boneca: - Desculpe senhorita branquela de vestido azul, mas viemos até aqui para escutar as explicações do Uso sobre as diferenças entre orações coordenadas e subordinadas. Isso é uma maneira educada de lhe dizer que NÃO TEMOS TEMPO PARA SUA HISTÓRIA!!! Diante da situação, o Uso resolveu iniciar suas explicações: - Bem, a principal diferença é que as coordenadas são independentes, ou seja, apesar de podermos estabelecer relações entre elas, se as separarmos, continuarão fazendo sentido. Por outro lado, não podemos separar as subordinadas, uma vez que estas só têm sentido se acompanhadas da oração principal. Neste momento, vários pensamentos se dissiparam, em silêncio, no ar. Dentre eles, Visconde se imaginou uma oração coordenada, afinal, tinha uma profunda relação com o pé de milho em que nascera, mas, ainda assim, conseguia viver sem ele. Pedrinho, suspirando profundamente, se imaginou uma oração subordinada, pois depois de ter conhecido a Alice, pensou que não poderia mais viver sem ela, sua oração principal. Enquanto isso, Dona Sintaxe, pensando em afrontar o Uso, comentou com ares de superioridade: - Desculpe-me, Sr. Uso, mas esta explicação é básica. Uma boa gramática, com aquele maravilhoso cheiro de prateleira empoeirada, sanaria as dúvidas sobre estes


conceitos rapidamente. Não precisaríamos ter vindo até aqui para esta “brilhante” explicação de sua parte. Antes que o Uso pudesse responder, Alice chamou a atenção de todos, enquanto apontava para um homem sentado em um banco próximo à arvore em que estavam: - Vejam, pessoal! É meu amigo Humpty Dumpty! Narizinho se deu conta que era o mesmo homenzinho estranho que havia rasgado as folhas na Lan House; enquanto isso, Alice foi ao encontro dele e perguntou: - Por que o senhor está sentado aí, tão sozinho? - Ora essa, porque não tem ninguém aqui comigo! Pensou que eu não saberia responder esta, heim? Pergunte outra. – Responde o homenzinho. - Nossa, o senhor está sempre de mau humor! – Reclamou Alice. O Uso, ouvindo a conversa, comentou: - Na verdade, Alice e demais amigos, este mau humor do senhor Dumpty nos deu um excelente exemplo do que eu gostaria de explicar a vocês, além da explicação “básica” que lhes dei antes, sobre o que diferencia as coordenadas das subordinadas. É certo que, quando as observamos, notamos que há diferença entre elas, que nos permitem traçar alguns critérios nesse sentido. Podemos pensar sob o ponto de vista sintático, sob o ponto de vista da focalização – isto é, do destaque que se dá para os termos que as compõem –, sob o ponto de vista da simetria – ou do sentido das sentenças –, e do processo de derivação morfológica. No entanto, é preciso pensar sobre o papel das conjunções nessas sentenças. - E o que isso tem a ver com o mau humor do amigo da Alice? – perguntou Pedrinho. - Ocorre, Pedrinho, que o Humpty Dumpty, ao responder “porque não tem ninguém aqui comigo”, frustrou a expectativa da Alice, que queria saber a causa de ele estar sozinho, e não que ele explicasse literalmente o que é estar sozinho. Ora, isso é até redundante. Sintaticamente ele deveria ter utilizado uma oração subordinada causal, não uma oração coordenada explicativa. Por isso reafirmo a importância de pensar no papel das conjunções. - Seria mais conveniente classificar as orações por meio das conjunções. Ao pegarmos uma lista de conjunções, saberemos suas classificações e, consequentemente, a relação que estabelecem entre as sentenças. A partir daí, classificamos as orações e ponto final. – Replica Dona Sintaxe, cansada do que ela estava considerando um monte de falácias. O Uso, sem perder o gingado, tratou de responder com um sorriso malicioso no rosto: - A senhora não acha que sua explicação é muito básica? Fácil esse seu jeito de classificar tudo sem pensar na dinâmica da língua, que implica questões bem mais profundas, como os critérios que mencionei antes. Lhe convido a ler outro material que tenho sobre isso. Aliás, todos podemos ler juntos, basta acessarmos a internet! Alice pede desculpas, mas diz que precisa voltar para casa. Humpty Dumpty resolve acompanhá-la. Todos se despedem, exceto Pedrinho, que pede para que ela fique. Alice promete ir visitá-lo no sítio e pede o número do seu telefone. Neste momento, ele se recorda de que nem precisavam ter ido à Lan House para ler o material do Uso, afinal, seu Smart Fone era de última geração e estava com uma internet de 500 giga! Pedrinho anotou o número de Alice, se despediu da menina e entregou o aparelho para o Uso. Imediatamente, Uso acessou a internet e buscou a continuação de seu material para mostrar a todos da turma.


Referências: CARONE, Flávia de Barros. Subordinação e Coordenação: confrontos e contrastes. São Paulo: Ática, 1999. CASTILHO, Ataliba T. de. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Gostaram dessa terceira semana?! Esperamos que vocês estejam se divertindo e aprendendo um pouco mais sobre esse maravilhoso mundo da sintaxe! Que tal continuarmos construindo conhecimento e lermos o material que o Uso mostrou para a turma?! Faça uma ótima leitura!!


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